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VISÃO GLOBAL

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ESTANTE

ESTANTE

Confiança em Deus

PODEMOS CANTAR DE ALEGRIA, MESMO DIANTE DOS DESAFIOS TED WILSON

Oque faz você feliz? O que enche você de alegria? Embora o sentimento de felicidade possa ser passageiro, a verdadeira alegria é profunda e duradoura. Ela não varia com as circunstâncias, pois enxerga o quadro geral e produz satisfação permanente.

A Bíblia está cheia de alegria: são cerca de 200 versos espalhados pelo Antigo e Novo Testamentos. As Escrituras ressaltam que a alegria vem da confiança em Deus e de seguir Sua vontade, mesmo quando o contexto é desfavorável e terrível.

Podemos aprender algo sobre confiança em Deus e, consequentemente, a respeito de alegria lendo 2 Crônicas 20. Alguns pontos que destaco desse relato: 1. O povo se uniu para “pedir socorro ao Senhor” (v. 4). 2. Todos oraram fervorosamente. Na bela oração registrada nos versos 6 a 12, Josafá reconheceu a grandeza e o poder de Deus, relembrou os atos de misericórdia de Deus para com Seu povo e reivindicou as promessas de livramento contra os inimigos. Ao terminar sua oração, ele reconheceu a própria debilidade e deixou com Deus o julgamento (v. 12).

3. Eles ouviram os profetas de Deus e seguiram suas instruções. Nessa história, Deus levantou o profeta Jaaziel para falar a Seu povo: “Não temais, nem vos assusteis por causa desta grande multidão, pois a peleja não é vossa, mas de Deus” (v. 15). Então, Jaaziel deu instruções específicas de como Judá deveria abordar seus inimigos, assegurando mais uma vez que o Senhor estaria com Seu povo (v. 17).

Determinado a crer na mensagem que Deus deu a Jaaziel e agindo segundo ela, Josafá declarou a célebre frase: “Crede no SENHOR, vosso Deus, e estareis seguros; crede nos Seus profetas e prosperareis” (v. 20). Então, após consultar o povo, ordenou que cantores devidamente ornamentados marchassem à frente do exército (v. 21).

À medida que o povo de Deus avançava pela fé, Ele cumpriu, de um modo maravilhoso, Suas promessas e deu-lhes a vitória. Deus os havia alegrado com aquela grande conquista (v. 27).

A ALEGRIA DO SENHOR

Uma das declarações de alegria mais conhecidas da Bíblia está em Neemias 8:10: “Portanto, não vos entristeçais, porque a alegria do SENHOR é a vossa força.” O contexto dessa declaração não era dos mais favoráveis. Muitos dos israelitas haviam retornado do cativeiro babilônico para Jerusalém e encontraram a cidade em ruínas, o templo destruído e as paredes dele derrubadas.

As paredes do Templo haviam sido destruídas muitas décadas antes. Mas só foram reconstruídas quando Esdras e Neemias voltaram. Mesmo assim, ainda faltava muito por reconstruir. Depois que os muros foram reedificados e os portões colocados em seu lugar, “todo o povo se ajuntou como um só homem na praça, diante da Porta das Águas”, e pediu que Esdras trouxesse o livro da lei (Ne 8:1).

Em pé, sobre uma plataforma de madeira, Esdras começou a ler as Escrituras vagarosa e claramente. Além disso, os levitas foram espalhados entre o povo para ajudá-los a compreender o que estava sendo lido para eles. À medida que o povo ia compreendendo o significado da Lei de Deus, eles começaram a chorar. Reconheceram quanto haviam caído fundo. Convencido do pecado, e com lágrimas de arrependimento, o povo se prostrou e adorou o Senhor.

“Para os que estão convictos do pecado e carregados com o senso de sua indignidade, há lições de fé e encorajamento neste relato”, escreveu Ellen G. White. E a pioneira adventista completa: “Toda conversão verdadeira ao Senhor produz permanente alegria na vida. Quando um pecador se rende à influência do Espírito Santo, ele vê sua própria culpa e mácula em contraste com a santidade do grande Pesquisador dos corações. Ele se vê a si mesmo condenado como transgressor. Mas não deve, por causa disso, entregar-se ao desespero; pois seu perdão já está assegurado. Ele pode alegrar-se na certeza do perdão dos pecados, no amor de um perdoador Pai celestial. É a glória de Deus a envolver os seres humanos pecadores arrependidos nos braços do Seu amor, a ligar suas feridas, a purificá-los do pecado e a vesti-los com os vestidos da salvação” (Profetas e Reis, p. 6 68). Que razão para se alegrar! A alegria do Senhor é nossa força! A ALEGRIA DO E qual é a alegria do Senhor? É a promessa do perdão, de purificaSENHOR TEM ção e de restauração. É a maneira de nos alinhar novamente com Sua vontade para nossa vida. A QUE VER COM alegria do Senhor é algo que podemos receber agora, na expectativa A PROMESSA do que será a eternidade. Ellen White escreveu também DE PERDÃO, que, por meio de Jesus, todos os filhos decaídos de Adão podem se PURIFICAÇÃO E tornar filhos de Deus, pois todo que é nascido de Deus vence o mundo RESTAURAÇÃO, (1Jo 5:4). “São estes os frutos da conversão e santificação bíblica; COM O e é porque os grandes princípios da justiça apresentados na lei de REALINHAMENTO Deus são com tanta indiferença considerados pelo mundo cristão DA NOSSA VIDA que esses frutos são tão raramente testemunhados […] É ao contemplar que somos transformados. [...] COM A VONTADE É somente à medida que se restabeleça a lei de Deus à sua posição DELE exata que poderá haver avivamento da primitiva fé e piedade entre o Seu povo professo” (O Grande Conflito, p. 478). E o que Deus coloca em nosso coração, à medida que nos conectamos diariamente a Ele, produzirá nossa maior alegria pela eternidade – tudo por causa Dele! ]

TED WILSON é presidente mundial da Igreja Adventista. Você pode acompanhar o líder por meio das redes sociais: Twitter (@pastortedwilson) e Facebook (fb.com.br/ pastortedwilson)

Provados pelo fogo

COMO A IGREJA SOBREVIVEU E SERVIU EM MEIO AO INCÊNDIO FLORESTAL HISTÓRICO QUE DEVASTOU UMA COMUNIDADE DA CALIFÓRNIA NO ANO PASSADO STEPHEN CHAVEZ

Dan e Linda Martella já haviam treinado uma fuga de emergência. Eles moravam em Paradise, Califórnia (EUA), no sopé das montanhas de Sierra Nevada, lugar sujeito a incêndios florestais.

“Dois anos antes, algumas casas a três quilômetros de distância da nossa precisaram ser evacuadas. Por isso, dessa vez carregamos o carro com nossos pertences e ficamos prontos para sair, caso fosse necessário”, lembra-se Dan. Aquele acabou sendo um ensaio para o futuro.

Dan é um dos pastores da Igreja Adventista de Paradise e Linda trabalhava para o Sistema Adventista de Saúde Feather River, maior empregador naquela comunidade de 30 mil pessoas.

Na manhã de 8 de novembro de 2018, os Martellas e todos moradores de Paradise tiveram de fugir do que ficou conhecido como “camp fire” (fogueira de acampamento), considerado o incêndio florestal mais mortal e destrutivo da história da Califórnia (EUA).

Steve Hamilton é o pastor sênior da Igreja de Paradise. Ele havia sido transferido do Colorado, onde atuou como líder do departamento jovem da Associação das Montanhas Rochosas. Hamilton, a esposa, Delinda, e seus três filhos, Katie, Ashley e Andrew, haviam se mudado para Paradise cinco dias antes de o fogo destruir quase 19 mil edificações (74% delas eram residências) e desabrigar milhares de pessoas. O que fazer quando um desastre sem aviso deixa você numa situação em que quase todos os seus bens cabem no seu carro?

RESPOSTA IMEDIATA

Steve Hamilton se lembra: “Foi uma luta manter o controle do nosso pessoal e tentar descobrir um local para abrigá-los.” Os membros da igreja que tinham propriedades nas comunidades vizinhas ofereceram o terreno para que as pessoas estacionassem seus veículos de férias, como trailers e motorhomes.

Os adventistas de comunidades mais próximas, como Chico, abriram suas casas e hospedaram desabrigados nos quartos que não estavam utilizando. “Minha família de cinco pessoas ficou em uma quitinete por quatro meses”, disse Hamilton. O desastre afetou também a vila de Chico, mas a comunidade dizimada pelo fogo foi a de Paradise.

No sábado seguinte ao incêndio, os membros das igrejas adventistas de Paradise e Chico se reuniram para oferecer apoio e socorro às vítimas. Adventistas de toda a Costa Oeste dos Estados Unidos doaram alimento, água potável, kits de higiene pessoal e roupa de cama para os sobreviventes. Uma das congregações providenciou uma refeição para 700 pessoas após o culto.

“Centenas de pessoas estavam lá e eu conhecia muitas delas. Fui de mesa em mesa ouvindo suas histórias. Foi quando me ocorreu que aquelas pessoas tinham perdido tudo e ainda nem sabiam o que isso significava”, relata Ed Fargusson, assistente do presidente da Associação do Norte da Califórnia.

Significava que 385 famílias adventistas haviam perdido suas casas no incêndio. Em Paradise, apenas 10% das residências ficaram em pé. Reconstruir tudo isso seria um processo lento e frustrante. Para se ter uma ideia, até março não havia sido autorizado o pedido feito pelo pastor Hamilton para retirar de Paradise os

COMO UM DESASTRE DESSA ESCALA PODE TER SENTIDO? COMO É QUE SE COMEÇA A JUNTAR OS PEDAÇOS NOVAMENTE?

escombros da igreja e da escola. Não tendo para onde ir, algumas famílias adventistas se mudaram para outras partes do estado e regi- ões do país. Os que escolheram permanecer ali já preveem meses ou anos para que sua vida possa retornar ao normal.

DEUS AINDA DIRIGE

Como um desastre dessa escala pode ter sen- tido? Como é que se começa a juntar os pedaços novamente depois de perder tudo? Para Steve Hamilton, esse não é o momento para duvidar da direção de Deus. “Estamos confiantes de que o Senhor nos trouxe até aqui. Não acredi- tamos que Seu chamado para nossa vida mude quando as coisas ficam difíceis ou diferentes do que planejamos.”

Portanto, isso significa avançar. E a Associa- ção do Norte da Califórnia tornou as igrejas de Chico e Paradise um distrito pastoral de duas igrejas, nomeando Hamilton para liderar ambas as congregações. A igreja de Chico cedeu um espaço para que o Colégio Adventista de Para- dise funcionasse até o término do ano escolar, enquanto a Escola Adventista Chico Oaks con- tinua atendendo a alguns metros de distância.

Foi criada uma comissão para iniciar os estudos de como reconstruir a presença adven- tista em Paradise – uma presença que, antes do incêndio, consistia de uma igreja com 1.300 membros, uma escola com ensino fundamen- tal e médio e um dos maiores hospitais adven- tistas do norte da Califórnia (para saber mais, acesse mypaa.net).

“O prédio da igreja tinha seguro”, diz Hamil- ton. “Haverá outra igreja em Paradise. Mas qual será sua aparência e como será a comunidade que a igreja foi chamada a servir é algo a ser processado durante os próximos dois anos”, projeta o pastor. Esse processo envolve não apenas a reconstrução da igreja, mas também da comunidade. Além da destruição das casas e prédios, perdeu-se muito da infraestrutura do local, como empresas, escolas, igrejas e serviços públicos.

Dan Martella prefere a palavra “jornada” a “processo”. “Não esta- mos nem perto do fim dessa jor- nada. Esse é um desafio que nunca tivemos antes. E é difícil dizer se já temos solução para tudo”, com- plementa o outro ministro.

Martella mencionou alguns dos elementos essenciais que ajudaram ele e a esposa a sobreviver e contou como foram apoiados pela família quando começaram a reestruturar a vida. “Estamos com vida. Temos as fotografias de nossa família. Temos uns aos outros.” Ele tam- bém mencionou a importância de a igreja ser uma família (uma das 85 vítimas fatais do incêndio era adventista). “Estamos nos prepa- rando para a possibilidade de que metade da nossa congregação deixe esta região.”

Se houve algum lado positivo nesse evento catastrófico, Ed Far- gusson considera a maneira pela qual a comunidade adventista daquela região se uniu para ajudar a comunidade a recomeçar a vida.

Poucas horas após o incêndio, a Administração Federal de Geren- ciamento de Emergências procurou a Associação do Norte da Cali- fórnia para perguntar se a igreja poderia prover abrigo para os pró- prios membros, a fim de aliviar a demanda do sistema público.

“Soube que vários voluntários apareceram e fizeram gratuita- mente o que algumas pessoas não podiam pagar para ser feito”, tes- temunhou Fargusson. “Essa é a beleza da igreja. Quando temos uma necessidade como essa, pode- mos ligar para as pessoas e em seguida temos um exército nos apoiando.” ]

STEPHEN CHAVEZ é editor-assistente da Adventist World

O livro de Savka

A EXPERIÊNCIA DO CASAL UCRANIANO QUE DESCOBRIU SOZINHO DIVERSAS VERDADES BÍBLICAS LENDO SOZINHO DIVERSAS VERDADES BÍBLICAS LENDO ESCONDIDO AS ESCRITURAS

DICK DUERKSEN ˝ O Senhor é o meu pastor.” Savka Vaselenko lê cuidadosamente as palavras, ouvindo o ruído nítido das consoantes e os sons suaves e macios das vogais. “E nada me faltará.” Savka leu as palavras em voz alta, sussurrando as frases que embaçavam o ar frio do seu quarto. “Mamãe”, disse baixinho o fazendeiro à mulher ao seu lado, “Deus é nosso pastor.” A mamãe de seu fi lho sorriu. Era seu trabalho vigiar os vizinhos, a polícia, o padre ou qualquer outra pessoa que estivesse se aproximando da fazenda. O casal não podia ser surpreendido lendo a Bíblia.

Porém, todos sabiam que eles tinham uma Bíblia. Todos tinham ouvido Savka falar da alegria que sentiu quando tocou as palavras impressas com letras grandes e por ter ouvido o Criador falar com ele em seu próprio quarto.

A polícia já havia vasculhado sua casa algumas vezes. Tinham procurado individualmente e em grupos, mas ninguém conseguiu encontrar nada além de casacos, batatas, colchões cheios de palha, pilhas de cobertores rústicos, alguns livros escolares antigos e um fogão a lenha. Nunca a Bíblia.

O livro sagrado era grande, cheio das palavras de Deus escritas em ucraniano popular. Uma linguagem de consoantes grosseiras e vogais turvas, do modo como os agricultores e os pastores da Ucrânia falavam. Gente como as pessoas que moravam na aldeia de Savka.

A CONVERSÃO DA ESPOSA

Ele não havia contado nem à esposa, Fadora, onde tinha conseguido a Bíblia. Savka apenas segurou o livro sagrado junto ao peito e sorriu o sorriso contente de alguém que tinha descoberto os sons do amor de Deus.

Na tarde em que nasceu seu primeiro fi lho, Savka estava no campo, trabalhando a terra, longe do choro do recém-nascido. Fadora implorou para a mulher que a ajudou no parto para levar o menino à igreja, a fi m de que o padre desse ao bebê o nome que Deus queria, antes que o pai do garotinho voltasse para casa.

A parteira obedeceu, e um pequeno grupo de mulheres foi com ela à igreja onde o padre (um homem muito mais poderoso que o próprio prefeito) deu ao bebê o nome de Ulas, que signifi ca “fi lho de um herege”.

Ulas. Até o som desse nome deixou Fadora furiosa. Por que Deus gostaria que seu fi lho se chamasse assim? Com esse nome, ele nunca poderia frequentar a escola, entrar na igreja ou conseguir um bom emprego. Seu fi lho com Savka, o herege que acreditava que Deus fala diretamente com qualquer um

que leia Sua Palavra, estava sendo amaldiçoado. Fadora só se questionava como poderia ser essa a vontade de Deus.

A indignação dela em relação à sua antiga tradição religiosa se intensifi cou quando o padre decidiu reunir um bando de homens enfurecidos para matar Savka. Fadora escondeu-se com o fi lho Ulas no quarto. Ela ouviu os homens se aproximarem da fazenda, seus gritos exaltados quando encontraram Savka próximo à cerca e o som dos chicotes, paus e ferramentas golpeando a carne de seu marido.

Ela gritou e eles pararam, surpresos ao vê-la ali e ainda mais surpresos com o fato de que havia ordenado que parassem. Ela se levantou, fumegando como um trem a vapor saindo da estação, até que os homens partiram, como um bando de lobos que tinham matado e saído antes de estar satisfeitos.

“Como Deus pode ter mandado o padre reunir homens maus para espancar e quase matar meu marido?”, ela pensou. “Meu Savka nunca participaria de uma multidão como aquela! Ele é o homem mais manso, gentil e generoso de toda a aldeia.” Naquele dia, Fadora decidiu tornar-se uma herege como Savka. Durante dias ela cuidou de seu marido até que ele recuperasse as forças. Água morna e fria, sopa quente, cantando baixinho. Bom remédio.

MUDANÇA PARA OS ESTADOS UNIDOS

Desde então, Fadora fi cou encarregada de esconder a Bíblia. Pensaram em como fariam isso. O monte de esterco de vaca seria uma opção, mas concluíram que não fi cariam muito confortáveis em colocar a Palavra de Deus ali. Juntos, fi nalmente defi niram três lugares seguros. Um deles era no fundo do saco de lona que guardava farinha, ao lado do fogão. Outro seria o cashuk rústico de Savka, o casaco pesado que ele sempre usava para trabalhar ao ar livre. A peça era grande e, quando pendurada ao lado da porta, havia espaço para esconder a Bíblia dentro da manga esquerda.

O terceiro lugar era o preferido de Fadora. Ela tinha encontrado um pequeno saco de pano, da cor da massa de pão, no qual o livro cabia perfeitamente. Se alguém estivesse por perto, ela esconderia a Bíblia no saco e o colocaria dentro da massa. Então ela cantaria suas canções enquanto sovaria a Escritura junto com o pão de cada dia.

O casal só lia a Bíblia durante o dia, pois era quando podiam ver se alguém estava vindo. Liam o livro diariamente, linha por linha e página por página, colorindo de vermelho as palavras que tocavam seu coração.

Um vizinho os procurou, perguntando por que o livro era tão importante, e se ele também podia ouvir suas palavras. Depois outros, até que um grupo de “hereges” passou a se reunir regularmente na cozinha, todos ansiosos para conhecer a bondade, gentileza e esperança que Savka e Fadora encontraram no livro. Com o tempo, eles ensinaram o pequeno Ulas a ler com eles. O fi lho de herege também era fi lho de Deus.

Quando Ulas fez oito anos, a família imigrou da Ucrânia para a Dakota do Norte, nos Estados Unidos, onde a terra vazia e cinzenta era parecida à que eles conheciam. Savka e a esposa construíram uma casa simples feita de terra e

NAQUELE DIA FADORA DECIDIU SE TORNAR HEREGE COMO SAVKA

pedra, e a encheram de amor. Na primavera plantavam uma roça de trigo e outra de feno, e enchiam a horta com batatas, beterrabas, cenouras e cebolas.

Certa vez, na loja da cidade, Savka falou da sua preciosa Bíblia e compartilhou algumas das descobertas que havia feito enquanto a lia. “Você sabia que o sábado é o dia do Senhor? Que, quando as pessoas morrem e são sepultadas, ficam ali deitadas até a grande ressurreição? Que, ao ser batizado, você precisa ser mergulhado na água, não apenas aspergindo um pouco de água na cabeça? E o melhor de tudo: que Jesus está voltando para levar Seus fi lhos para casa?”

Savka testemunhou com poder e paixão, da maneira como sempre viveu. O vendedor escutou e fez perguntas, assim como vários outros homens na loja. Enquanto Savka colocava suas compras na carroça, um jovem se aproximou dele e perguntou onde havia aprendido sobre o sábado.

“Ora, está bem ali na Palavra de Deus”, respondeu ele. “No livro de Êxodo, onde Moisés é descrito recebendo a lei de Deus no topo da montanha.” O jovem perguntou se ele sabia que havia outras pessoas que também acreditavam daquela maneira.

“Não!”, Savka respondeu. “Quem são elas? Onde posso encontrá-las?” O jovem respondeu que isso seria fácil. “São membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia e muitos deles vivem a poucos quilômetros daqui. O senhor quer conhecê-los?” ]

DICK DUERKSEN é pastor e mora em Portland, Oregon (EUA)

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