UNIÃO METROPOLITANA DE EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO E CULTURA FAS - FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DA SAÚDE
FERNANDO TADEU DE SOUSA SILVA
PERFIL DO VO2 EM ATLETAS DA CORRIDA DE AVENTURA
LAURO DE FREITAS - 2011
FERNANDO TADEU DE SOUSA SILVA
PERFIL DO VO2 EM ATLETAS DA CORRIDA DE AVENTURA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à União Metropolitana de Educação para o Desenvolvimento da Educação e Cultura (Faculdade de Ciências Agrárias e da Saúde) como requisito parcial à obtenção do título de bacharel em Educação Física.
Orientador: Prof. Dr. Maurício Maltez Co-orientadora: Prof. Ms. Camila Paraschiva
LAURO DE FREITAS – 2011
RESUMO As atividades de aventura vêm sendo muito praticadas como lazer das pessoas no meio urbano. Este prática, em crescimento inclusive na área empresarial, vem a aproximar o homem da natureza e fazendo-o explorar novos desafios. O presente trabalho tem como objetivo geral, traçar o perfil de VO2 entre os atletas que participaram da Corrida de Aventura Carrasco (Cravo e Canela), entre 25 e 27 de novembro no ano de 2011, na cidade de Ilhéus, estado da Bahia. O VO2 foi avaliado por meio da realização do teste submáximo segundo o protocolo de Katch e McArdle (1984) Foram submetidos ao teste 15 pessoas, todos do sexo masculino, com idade entre 24 e 43 anos. Entre os atletas avaliados, 12 possuíam mais de 5 anos no esporte e 3 menos que 3 anos. Foram encontrados valores de VO2 entre 47,8 ml/kg/min e 74,7 ml/kg/min, obtendo a média de 63,32 ml/kg/min. O objetivo deste estudo foi traçar o perfil do VO2. Mesmo não sendo o objetivo, foi feito uma comparação se o valor encontrado influenciaria na ordem da chegada entre os competidores avaliados. Com os dados obtidos podemos verificar o perfil do VO2 dos participantes, avaliados, da Carrasco 2011 e também que não houve influência do percentual do VO2 entre os competidores, pois alguns que apresentaram maiores níveis de VO2 não concluíram a prova, na frente dos demais avaliados.
ABSTRACT The adventure activities are being practiced much as leisure of people in urban areas. This practice, including the growing business area, has to approximate thenature of man and making him explore new challenges. This paper aims to generallyraise the VO2 among athletes who participated in the Adventure Race Carrasco, in 2011, the state of Bahia, checking for influence in the list of graduates of proof and thus detect whether graduates were those with the highest values of VO2. The VO2was evaluated by testing according to the protocol of submaximal Katch and McArdle (1984). Were tested 15 people aged between 24 and 43 years. Among the athletesstudied, 12 had more than five years in the sport and 3 less than 3 years. Values were found between VO2 47.8 ml / kg / min and 74.7 ml / kg / min, giving an average of 63.32 ml / kg / min. The objective of this study was to profile the VO2. Although not the goal, a comparison was made to influence the value found in the order of arrival among the competitors evaluated. With these data we can see that there was no influence of the percentage of VO2 in the field, as some competitors who had higher levels of VO2did not finish the race in front of the others evaluated.
INTRODUÇÃO
As atividades de aventura vêm sendo muito praticadas como lazer, das pessoas no meio urbano. Esta prática em crescimento, inclusive na área empresarial, vem a aproximar o homem da natureza e fazendo-o explorar novos desafios. A corrida de aventura é uma modalidade esportiva relativamente nova, que compõem os esportes de natureza. “A ideia inicial é misturar em uma mesma competição, esportes diversos, de acordo com o tipo de terreno e a dificuldade a ser imposta na prova” (ROMANINI, 2002, p. 134). A Corrida de Aventura é uma modalidade multiesportiva, tendo como modalidades principais trekking (caminhada ou corrida, conforme estratégia da equipe, em terrenos variados), mountain bike (deslocamento em bicicleta, passando por estradas de barro ou asfaltada e até mesmo em trilhas na mata. Pode ser que durante um trecho no percurso, o atleta precise carregar a bicicleta), orientação (associada às demais modalidades, pois é com a utilização de mapa e bússola que o atleta sabe para onde deve ir) e canoagem (deslocamento em rios, lagos ou mar sobre canoas ou caiaques rígidos ou infláveis). A disputa pode ser em quartetos, duplas e em alguns casos, solo. Quando há a formação em quartetos, é necessário que tenha pelo menos um atleta do sexo oposto aos demais e quando em duplas, podem ser mistas (um homem e uma mulher) e não mistas. Embora exista como característica a orientação, não é permitido a utilização de GPS (Global Positioning System). As provas chegam a durar horas ou dias e podem ser praticadas por pessoas em vários níveis de condicionamento físico. Romanini e Umeda (2002) dizem que esportes de aventura apresentam diversos objetivos, como o contato com ambientes naturais, o bem estar proporcionado pela atividade física e a superação pessoal, perante os limites físicos e mentais dos quais todos praticantes são expostos. No meio empresarial, a corrida de aventura é utilizada para desenvolver ou aguçar capacidades em funcionários, geralmente os de cargos mais altos. As capacidades como liderança, trabalho em equipe, tomada de decisão, iniciativa e comunicação, são bem exploradas em atividades assemelhadas as corridas de aventura ou até mesmo na própria corrida adaptada ao meio empresarial. A corrida de aventura Carrasco é uma prova realizada na Bahia, desde 2005, onde em 2011 ocorreu entre os dias 25 e 27 de novembro, na cidade de Ilhéus,
tendo as categorias quartetos, duplas e aventure-se. Esta prova teve a extensão de 150 km, sendo composta pelas modalidades de mountain bike, rapel (descida de um ponto mais alto, através de cordas, até um ponto mais baixo), trekking, canoagem e natação. Por ser um esporte multiesportivo, a corrida de aventura e composta por outras modalidades nas quais seus competidores precisam desenvolver habilidades. É comum em corridas de aventura, encontrar atletas que também competem em provas de mountain bike, canoagem, corrida rústica ou cross-county, natação e triatlhon. Por este motivo, os atletas acabam desenvolvendo um alto percentual de VO2, pois estas modalidades possuem, prioritariamente, características aeróbicas e são básicas na composição de uma corrida de aventura. A prática desta modalidade esportiva, que não depende apenas de preparo físico, mas também da orientação como função principal para o deslocamento do atleta e equilíbrio emocional para suportar as condições adversas nas quais os atletas se submetem, pode sofrer ou não influência, na lista dos concluintes da prova quando confrontamos o condicionamento físico e a orientação. O presente trabalho tem como objetivo, verificar os valores de VO2 entre os atletas que participaram da Corrida de Aventura Carrasco (Cravo e Canela), no ano de 2011, realizada no estado da Bahia, porém, mesmo ser o ser o objetivo, foi feito uma comparação entre os concluintes e suas colocações.
METODOLOGIA
Amostra
Como amostragem, foram utilizados 15 indivíduos do sexo masculino, abordados durante o chek-in da prova (local onde o inscrito na corrida apresenta a documentação completa para participar da prova e o mesmo retira o “ktt” da prova) e que foram selecionados mediante critérios de inclusão. Todos que não preencheram estes requisitos foram excluídos da amostra. Os critérios de inclusão foram: indivíduos maiores de 18 anos e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (anexo), estar inscrito na corrida Carrasco 2011 e ter participado da largada da prova.
Instrumentos
Foram usados um metrônomo do software Metronome Plus versão 2.0.0.2 em computador, um cronômetro da marca OXER modelo Stop Watch BSH200 e um banco de madeira, revestido em fórmica com uma base de 1cm de espessura emborrachada para evitar deslizes.
Procedimentos
Para coleta dos dados, feito um dia antes da prova, foram utilizados a anamnese para coleta de nome, idade, sexo, tempo de prática no esporte e peso. Também foi utilizado o teste submáximo, protocolo de Katch e McArdle (1984) apud Pitanga (2008), onde, em um banco de 40 cm de altura, o testado deve, durante 3 minutos, subir e descer numa frequência de 24 passos/minuto (homens) e 22 passos/minuto (mulheres), ou seja, o mesmo que 96bpm (homens) e 88 bpm (mulheres) em um metrônomo. Ao final do terceiro minuto do teste, o testado permanece de pé e após 5 segundos, será medida sua frequência cardíaca. De posse dela, substituir na fórmula: Homens = 111,33 - (0,42 x FC do final do teste ) e Mulheres = 65,81 (0,1847 x FC do final do teste ). Este teste foi o escolhido, por não haver restrição para utilização em atletas e não atletas. A corrida de aventura Carrasco 2011 (Cravo e Canela), foi realizada de 25 a 27 de novembro na cidade de Ilhéus, sul da Bahia.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dos 15 sujeitos avaliados, pode-se verificar a faixa etária entre 24 e 43 anos. A maioria pratica corrida de aventura a mais de 5 anos ( o esporte foi iniciado no Brasil em 1998). Os valores de VO2 encontrados foram entre 47,8 ml/kg/min e 74,7 ml/kg/min, tendo como média o valor 63,32 ml/kg/min (conforme Tabela 1). Com estes dados coletados, pode-se perceber que o perfil dos atletas participantes da corrida de aventura Carrasco 2011, apresentam um VO2 bem acima da média o que nivela, de acordo com a faixa e não com o valor do VO2, todos os competidores. Percebe-se um público adulto entre os competidores e uma variada participação entre atletas amadores e profissionais. Alguns têm como objetivo, a vitória, outros apenas desejam completar a prova, mas em comum todos buscam um desafio trabalhando seus limites. Entre os concluintes da prova, não foi detectado que os competidores que apresentaram o maior VO2, concluíram a prova nas melhores colocações em relação aos demais avaliados. Embora seja muito importante, o condicionamento físico não é mensurado apenas pelo esforço despendido em se locomover em direção ao término da prova. Durante a corrida, o condicionamento físico também contribui na privação do sono. Segundo Antunes (2008) A maioria dos estudos que investigaram o binômio exercício físico e privação de sono focou os efeitos no desempenho aeróbio. Embora ainda haja controvérsias, os estudos apontam para pequena ou nenhuma alteração desse parâmetro quando as duas situações se fazem presentes. Existe também outro fator importante para a conclusão de uma corrida de aventura, o trabalho em equipe. De acordo com Ferreira (2003) Nas corridas de aventura as ações compartilhadas possuem um valor positivo, pois acentuam a necessidade de perceber o outro como complemento e de experimentar os limites individuais, porém observando o conjunto (a equipe). Não há possibilidade de sucesso na corrida se não houver o trabalho em equipe. Tanto os prazeres como os desprazeres são compartilhados entre os atletas. O equilíbrio psicológico também é um fator relevante para se obter sucesso em uma corrida de aventura. De acordo com Togumi (2004), nas corridas de aventura, os atletas submetem-se aos mais extravagantes exageros físico-mentais. Para tanto, completar uma corrida de aventura depende muito de como o indivíduo está preparado física e
psicologicamente. Passar horas andando, pedalando, remando, exige muito de cada um. O participante deve ter autocontrole para não desistir da prova, superar a dor, a fadiga e a privação de sono. Além disso, a atividade exige decisões rápidas e precisas para evitar acidentes ou mudança de caminho. Embora haja esta observação, existem corridas de aventura onde o participante pode completá-las sem sofrimentos físicos, mas fazendo valer a presença de autocontrole e a tomada de decisões. Considerado um esporte de endurance, devido a necessidade de possuir uma capacidade aeróbica para longa duração , mantendo contrações musculares por um período prolongado, existe um aumento no número e tamanho das mitocôndrias melhorando as capacidades funcionais relacionadas ao transporte de oxigênio. De acordo com Holderbaum (2011), o treinamento contínuo executado por uma hora ou mais é comum entre trotadores e outros entusiastas da aptidão física, assim como entre atletas competitivos de endurance. Uma das vantagens do treinamento contínuo está no fato de permitir que o atleta treine quase com a mesma intensidade da competição real. Como o recrutamento das unidades motoras apropriadas depende da intensidade do esforço, o treinamento contínuo pode ser mais adequado para atleta de endurance, em termos de adaptações em nível celular. Para Sleivert & Rowlands (1996) apud Holderbaum (2011), para um bom desempenho em provas de endurance é necessário um alto nível de VO2máx, gestos técnicos precisos visando a economia de energia no movimento e um alto limiar anaeróbico e de lactato. A determinação desses critérios por meio de testes específicos e fidedignos realizados em laboratórios permite a avaliação e prescrição do treinamento de forma mais adequada. Mesmo com esta observação de Sleivert & Rowlands (1996), na corrida de aventura o nível de VO2máx pode ser um critério para a conclusão de uma prova, mas devido a interferência da orientação e condições psicológicas, pode não determinar o resultado da prova. Traçando-se o perfil dos atletas participantes da Carrasco 2011 (Cravo e Canela), pode perceber-se isto, pois os maiores percentuais de VO2máx, não foram os que, em totalidade, terminaram em melhores colocações. O objetivo deste estudo foi traçar o perfil do VO2 nos participantes da corrida de aventura Carrasco 2011(Cravo e Canela). Observou-se que os atletas avaliados apresentaram um nível de VO2 bem acima da média, o que é importante, para estimar o condicionamento físico médio para um competidor concluir uma prova com
características semelhantes. Foi feito uma comparação se o valor encontrado influenciaria na ordem da chegada entre os competidores avaliados. Com os dados obtidos podemos verificar que não houve influência do percentual do VO2 entre os competidores, pois alguns competidores que apresentaram maiores níveis de VO2 não concluíram a prova, na frente dos demais avaliados. Este resultado secundário do estudo serve para mostrar a diferença de uma corrida comum, onde existe um caminho demarcado entre a largada e chegada, e uma corrida de aventura, onde a equipe, ou o atleta, tem apenas o conhecimento de onde deve chegar mas é de sua responsabilidade escolher o caminho que o levará ao ponto final. Neste caso o VO2 determina apenas a condição física para concluir a prova e não é determinante para apontar um provável vencedor.
TABELA 1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA INDIVIDUAL INDIVÍDUO
IDADE PESO TEMPO DE ESPORTE
VO2
COLOCAÇÃO
1
39
92
6
47,8
6º
2
35
64
2
54,5
6º
3
30
72
8
73
1º
4
24
63
6
66,3
1º
5
41
93
8
52,9
11º
6
27
64
2
62,9
1º
7
25
84
2
71
5º
8
41
77
8
74,7
9º
9
34
74
8
74,7
7º
10
40
84
2
59,6
12º
11
34
85
6
61,3
12º
12
43
75
6
62,9
1º
13
43
71
8
59,6
1º
14
33
68
8
73
1º
15
32
77
6
55,61
2º
MÉDIA
34,73
76,2
5,73
63,32
DESVIO PADRÃO
6,35
9,72
2,49
8,59
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após traçar o perfil do VO2 dos atletas da corrida de aventura na Carrasco 2011 (Cravo e Canela), concluiu-se que o maior percentual de VO2 não foi determinante para a conclusão da prova, uma vez que existe a influência direta de fatores adversos como a orientação e o equilíbrio emocional. Mesmo com esta observação, percebeu-se a importância de se obter um bom condicionamento cardiorrespiratório pra poder concluir a prova, sem levar em consideração a colocação final. Este trabalho vem a fim de mostrar valores médios para a conclusão de uma prova de corrida de aventura, para aferir o percentual de VO2 em seus participantes e explanar sobre o que é uma corrida de aventura. Ainda assim, existe a necessidade de novos estudos sobre o tema.
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Hanna Karen M.; ANDERSEN, Monica L.; TUFIK, Sergio and DE FERREIRA, Luiz Fabiano Seabra Corridas de aventura: construindo novos significados sobre corporeidade, esportes e natureza / Luiz Fabiano Seabra Ferreira. – Campinas: [s.n.], 2003. HOULDERBAUM, Guilherme Garcia Treinamento de endurance e consumo de oxigênio. Disponível em http://www.ativo.com/Canais/Pages/Treinamentodeenduranceeconsumodeoxig%C3 %AAnio.aspx. Acesso em dez. 2011. PITANGA, Francisco J. G. Testes medidas e avaliação em educação física e esporte – 5ª Ed. – São Paulo: Phorte, 2008. ROMANINI, V.; UMEDA, M. Esportes de aventura ao seu alcance. São Paulo: Bei Comunicação, 2002. TOGUMI, W. Corrida de aventura no Brasil. Adventuremag: Informativo sobre corrida de aventura. Disponível em http://www.adventuremag.com.br. Acesso em: nov. 2011. TOGUMI, Wladimir 10 anos de corrida de aventura no Brasil: do zero para a sede do mundial 2008. Disponível em http://www.adventuremag.com.br/noticias/5/2078. Acesso em: 27 nov. 2011.
ANEXOS
1 - Anamnese 2 - Termo de consentimento livre e esclarecido 3 - Fotos
ANAMNESE
Nome:__________________________________________ Data de nascimento: ___/___/___ Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino Peso:_____kg Idade:____anos Tempo no esporte: ______________ Equipe________________________
Projeto de Pesquisa O curso de Educação Física da UNIME - União Metropolitana de Educação e Cultura, por intermédio do aluno Fernando Tadeu de Sousa Silva, pretende elaborar a pesquisa titulada: Nível de VO2 dos atletas de corrida de aventura, do sexo masculino, na Carrasco 2011, cujo objetivo é identificar o nível de VO2 entre os atletas, do sexo masculino, que participarão da corrida de aventura Carrasco 2011. Os resultados da pesquisa serão divulgados. Entretanto, a identidade dos participantes será preservada.
Termo de Consentimento Eu,_____________________________________________, RG ________________, Estou ciente de todas as informações acima descritas e quero participar da pesquisa: Nível de VO2 dos atletas de corrida de aventura, do sexo masculino, na Carrasco 2011, do autor Fernando Tadeu de Sousa Silva
____________________________________________ Assinatura do participante
Ilhéus,_____/______/_______
FOTOS
Local do Briefing e chek-in da prova
Realizando o teste