N.º14 JUNHO 2022
BIOHEITOR
REVISTA ESCOLAR DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA BIOLOGIA 12ºANO
Pocket Forest
35 m² de futuro
FLASH INTERVIEW FHP POCKET FOREST: PLANTAR O AMANHÃ
AKIRA MIYAWAKI
FOTORREPORTAGEM: FHP POCKET FOREST
FICHA TÉCNICA:
Título: BioHeitor Edição: Número 14 Ideia original e Curadoria: Mónica Ramôa monica.ramoa@sapo.pt (+351) 965 103 989
Logótipo: Mélanie Matthey-Doret e Simão Gonçalves Capa: José Pedro Fernandes Fotografia capa: Pexels por Pixabay
Apoio técnico digital/informático: Sílvia Martins e José Pedro Fernandes
Responsável científico-pedagógico: Mónica Ramôa Entidade responsável: Escola Secundária Frei Heitor Pinto www.aefhp.pt (+351) 275 331 228 gabinete-diretor@aefhp.pt Autores: Amélia Daniel, Beatriz Santos, Carolina Duarte, Catarina Lopes, Cristiano Gaiola, Daniela Maia, Duarte Amorim, Joana Quelhas, Joana Martinho, João Galvão, Lara Cancelinha, Laura Rodrigues, Leonardo Viegas, Leonor Vicente, Lucas Valezim, Marcos Carvalho, Margarida Saraiva, Maria Antunes, Maria Mendes, Mariana Morais, Martim Raposo, Martim Silva, Miguel Silva, Oriana Ferraz, Raquel Amaral, Sofia Sá, Tomás Rolo, Yuri Assunção. Local: ESFHP - Covilhã Data: Ano letivo 2021/2022 – Junho 2022
Índice Editorial
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Pocket Forest
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Joana Quelhas e Joana Martinho Akira Miyawaki Pocket Forest
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Carolina Duarte, Margarida saraiva e Maria Mendes Pocket Forest
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Laura Rodrigues, Maria Antunes e Raquel Amaral Pocket Forest
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Cristiano Gaiola e Miguel Silva FHP Pocket Forest - Fotorreportagem
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Pocket Forest
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Oriana Ferraz Pocket Forest
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Catarina Lopes, Leonardo Viegas e Lucas Valezim Pocket Forest
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Lara Cancelinha O Método Miyawaki e as Pocket Forests
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Tomás Rolo e Yuri Assunção Pocket Forest
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Duarte Amorim, Marcos Carvalho e Martim Silva Pocket Forest
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Leonor Vicente e Mariana Amorim Pocket Forest
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João Galvão e Martim Raposo Flash Interview - FHP Pocket Forest: Plantar o Amanhã
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João Marques Pocket Forest – Método de Plantação de Miyawaki
30
Beatriz Santos e Daniela Maia Pocket Forest Sofia Sá
32
mais de
1500
Seguidores
AEFHP
mais de
800
Seguidores
AEFHP
Editorial Mónica Ramôa
Pocket Forest: 35 m² de futuro A “FHP Pocket forest” é um projeto dos alunos de Biologia (12º ano) da Escola Secundária Frei Heitor Pinto. Trata-se de uma metodologia ativa de aprendizagem, que no caso concreto, explora formas de consciencializar os jovens para as questões ambientais, levando-os a ações cidadãs de construção de cidades saudáveis e limpas, no sentido de se mitigar os efeitos das alterações climáticas e promovendo a construção de sociedades de baixo carbono. As pocket forest são espaços verdes (florestas) que ajudam a melhorar a saúde mental das pessoas, reduzem os efeitos nocivos da poluição atmosférica e ajudam a regular o fenómeno das ondas de calor, nas cidades. Além disso, são um fortíssimo meio de combate às alterações climáticas. Estima-se que estas miniflorestas possam remover até 10 gigatoneladas de dióxido de carbono até 2050, o que é um sério contributo para a construção de sociedades de baixo carbono. Os alunos, depois de se apropriarem do conhecimento sobre as florestas urbanas e miniflorestas (pocket forest), investigando e discutindo nas aulas de biologia, sobre essa matéria, conceberam uma minifloresta para a cidade da Covilhã, cidade onde residem. Desse estudo e pesquisa resultaram os pósteres que estão nesta “BioHeitor”. Deram a designação, ao projeto, de “FHP Pocket forest”. Fizeram a planificação de toda a atividade. Determinaram a área, espécies autóctones a plantar, distribuição por metro quadrado, local e altura do ano para o fazer. Depois veio a fase de procurar os apoios necessários. Apoios que não foram difíceis de conseguir junto da Câmara Municipal da Covilhã e da empresa municipal ADC - Águas da Covilhã, graças ao facto de ser um projeto inovar e único, a ser desenvolvido por alunos de uma escola secundária, no país. Todo este trabalho obedeceu à metodologia científica e num ambiente inovador de aprendizagem. Esta técnica metodológica parece proporcionar aprendizagens profundas conducentes à transferência das aprendizagens e ao que resulta da sua reflexão. Depois foi a fase de execução. Plantou-se a “FHP Pocket forest” no dia 23 de fevereiro de 2022. Todos participaram nesta tarefa, tal como haviam participado na planificação. Agora a “FHP Pocket forest” é monitorizada, mensalmente, pelos alunos e professora, constituindo um living lab, em plena cidade, fora da escola. Deste modo, foi possível construir um processo participativo, em que a população da Covilhã, graças a este input feito pelos alunos, poderá contar com mais ferramentas de adaptação climática, maior sensibilização e conhecimento sobre os fenómenos ambientais emergentes. São 35 metros quadrados de futuro. Assim, o esperamos! O objetivo agora é continuar a contribuir para a criação de cidades verdes e resilientes, queremos que a Covilhã seja uma cidade com estas características, cuidando e monitorizando a nossa “FHP Pocket forest” (com os alunos pioneiros do projeto e os futuros estudantes de biologia do 12º ano) e replicando o projeto por outras áreas da cidade. Seria bom que todas as cidades de Portugal e do mundo pudessem ter, além das florestas tradicionais, miniflorestas como a nossa “FHP Poket forest”, desta forma construídas!
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POCKET FOREST JOANA QUELHAS & JOANA MARTINHO
Ao longo das últimas décadas tem se assistido globalmente ao crescente fenómeno da urbanização, ao consequente aumento da mancha urbana devido ao acréscimo da população, e, ao elevado número de infraestruturas e serviços criados nos espaços urbanos (Paula, 2004). A estas alterações estão associados grandes impactos negativos e consequentes riscos ambientais. A crescente emissão de gases com efeito estufa e a falta de vegetação nas áreas urbanas são responsáveis pelo aumento da temperatura nas mesmas, pela baixa qualidade do ar e pela diminuição dos recursos naturais (Paula, 2004). As áreas urbanas devem adaptar e alterar diversos aspetos no sentido de proporcionarem ambientes de vida saudáveis e sustentáveis, tanto para os cidadãos como para o planeta (Moreno, 2006). Fig. 1 - Ilha de calor na zona urbana
Uma das medidas de mitigação, para as consequências a nível ambiental devido ao fenómeno da urbanização, mais adotada é a implementação de espaços verdes urbanos. Estes são essenciais para a melhoria da qualidade de vida urbana (Moreno, 2006).
O professor Akira Miyawaki, na década de 80, estabeleceu uma inovadora abordagem de reflorestamento no Japão com o intuito de restaurar os ecossistemas autóctones. O botânico japonês desenvolveu uma técnica denominada the Miyawaki method que ajuda a reconstruir densas florestas nativas (Schirone, 2010). As pocket forests ou florestas de bolso, são um método de cultivo de plantas autóctones em ambiente urbano, baseado no trabalho de Miyawaki. Estas crescem 10 vezes mais rápido, são 30 vezes mais densas, contêm 100 vezes mais biodiversidade e absorvem 16 vezes mais carbono do que as florestas convencionais (SUGI, 2021).
Fig. 2 - Implementação de Pocket Forest em ambiente urbano
A elevada capacidade de biodiversidade deve-se em parte à reduzida idade das florestas. Devido a este fator, as plantas que atingem uma elevada altura ainda se encontram rudimentares, pelo que não vão ser mais altas que os restantes constituintes das poket forests. (The Guardian, 13 dejunho,2020). Assim, a reduzida idade da vegetação permite que haja uma maior incidência da luz solar nas plantas com flores e, será encorajada a libertação dos seus componentes voláteis que, por sua vez, atraem os seres polinizadores. A diversidade também é impulsionada pela plantação de várias espécies que fornecem uma maior variedade de alimentos e abrigo para um maior leque de espécies animais (The Guardian, 13 de junho,2020).
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Fig. 3 - Construção depocket forests
Existem três principais métodos para a plantação das pocket forests. O conhecimento da vegetação natural potencial do local escolhido e, a seleção das plantas autóctones é o primeiro. Para identificar quais as melhores escolhas, há que fazer uma pesquisa prévia da vegetação pré-existente na zona para, assim, conseguir com que a pocket forest seja autossuficiente. “In the plant communities, if the top is authentic, the followers are also real, just like in human society.” (Akira Miyawaki, Creative Ecology: Restoration of Native Forests by Native Trees. Página 16) (Miyawaki, 1982).
Conhecimento da germinação das plantas selecionadas e os respetivos métodos de plantio. As principais espécies de árvores têm, geralmente, raízes mais profundas tornando-as difíceis de transplantar. Para resolver este problema são recolhidas sementes com o intuito de serem germinadas e assim que brotam as primeiras folhas são mudadas de canteiro (Miyawaki, 1982). Prosperar a plantação cuidando do local. A remoção de ervas daninhas e outras espécies invasoras vai ser necessária nos primeiros dois a três anos do cultivo. Normalmente, após isso, não haverá necessidade de manutenção. Através da seleção natural, as plantas irão crescer constantemente com o tempo (Miyawaki, 1982).
As pocket forests são projetadas para regenerar a biodiversidade de locais em menos tempo do que os mais de 70 anos que uma floresta convencional leva para se regenerar por conta própria. A ideia de integrar pocket forestsnas áreas urbanas espalhou-se do Japão e tem vindo a ser adotada com entusiastas holandeses, franceses, indianos, belgas e britânicos (Cleary, 2021). Fig. 4- Colaboração da comunidade
As pocket forests não requerem muito espaço, são de plantação e crescimento rápido e não demandam monitoramento periódico a partir do segundo ano. Estas são soluções viáveis para cidades que procuram mitigar a elevada pegada de carbono pois rapidamente formam um habitat para inúmeras espécies (SUGI, 2021). É essencial que as várias áreas urbanas adotem a implementação de espaços verdes, como as pocket forests. Estes espaços são essenciais para o bem-estar e saúde pública assim como para proteger o impacto da crise climática que o mundo enfrenta nos dias de hoje (SUGI, 2021).
Bibliografia Bobiec, A., Ćwik, A., Gajdek, A., Wójcik, T., & Ziaja, M. (2021). Between Pocket Forest Wilderness and Restored Rural Arcadia: Optimizing the Use of a Feral Woodland Enclave in Urban Environment. Forests, 12(9), 1173. https://doi.org/10.3390/f12091173 Cleary, C. (2021, September 6). Pocket Forests. https://www.pocketforests.ie/new-blog?offset=1627316641609&reversePaginate=true Miyawaki, A., 1982. Bull. Inst. Environ. Sci. Technol. Yokohama Natl. Univ., 11: 107-120. Miyawaki, A., 1975. Entwicklung der Unweltschutz-Pflanzungen and Ansaaten in Japan. In: Tuxen, R. (Ed.) Sukuzessionsforschung. Bericht uber das Internationale Symposium der Internationalen Vereinigung fur Vegetationskunde. Vaduz, Cramer, 237-254. Moreno, M. M.; (2006). Parâmetros para implantação efetiva de áreas verdes em bairros periféricos de baixa densidade. Campinas, Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil). Paula, R. Z. R. (2004) Influência da vegetação no conforto térmico do ambiente construído. Campinas. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) Schirone, B., Salis, A., & Vessella, F. (2010). Effectiveness of the Miyawaki method in Mediterranean forest restoration programs. Landscape and Ecological Engineering, 7(1), 81–92. https://doi.org/10.1007/s11355-010-0117-0 SUGi. (2021).The Miyawaki Method for Creating Forests – Sugiproject.com. https://www.sugiproject.com/blog/the-miyawaki-method-for-creating-forests The Guardian staff reporter. (2020, June 13). Fast-growing mini-forests spring up in Europe to aid climate. The Guardian; The Guardian. https://www.theguardian.com/environment/2020/jun/13/fast-growing-mini-forests-spring-up-in-europe-to-aid-climate#top Urban Forests can Help Cities Adapt to the Impacts of Climate Change – SUGi. (2021).Sugiproject.com.https://www.sugiproject.com/blog/urban-forests-can-helpcities-adapt-to-the-impacts-of-climate-change Who we are — Pocket Forests. (2014). Pocket Forests. https://www.pocketforests.ie/who-we-are
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Akira Miyawaki fotografado por Yoshitomo Tanaka para a Atmos Magazine
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Akira Miyawaki Nasceu no Japão, em Okayama, no dia 29 de janeiro de 1928. Faleceu no dia 16 de julho de 2021. Licenciado em Biologia pela Universidade de Hiroshima, em 1952, foi investigador e professor de botânica na Universidade de Yokohama, no Japão. Nos anos 70 do século XX, fundou o Instituto de Ciência e Tecnologia Ambiental da Universidade Nacional de Yokohama. Nos anos 80, desenvolveu, com a sua equipa, o método de reflorestação e recuperação de solos degradados, batizado com o seu nome – Método Miyawaki. Foi várias vezes condecorado pelo Governo nipónico pelo trabalho desenvolvido, tendo-lhe sido atribuído o prémio “Blue Planet Prize pela Fundação Asahi Glass, em 2006, o equivalente ao Prémio Nobel, nesta área do conhecimento. O Método Miyawaki está na base da construção de florestas urbanas, tornando-as ecossistemas complexos, com capacidade majorada de adaptação e equilíbrio com as condições atuais de alteração climática e degradação dos solos. Esta é uma técnica que pode ser utilizada, com bons resultados, em todo o planeta, independentemente do solo e das condições climáticas. Já foram plantadas, com sucesso, mais de 2000 florestas com este método. Com o Método Miyawaki, é possível num curto período, criar um ecossistema florestal desenvolvido. Este método inspira-se nos processos e na diversidade que ocorre na natureza. 15 a 30 espécies diferentes de árvores, arbustos e plantas rasteiras (cerca de 3 andares de vegetação) são plantadas juntas. Como estão juntas, muito juntas, potenciam a sua adaptação às alterações do clima e constroem um ambiente propício ao desenvolvimento. Este habitat assim construído tornar-se-á mais complexo, ao longo do tempo, e desenvolverá, por isso, uma maior biodiversidade. Em pouco tempo, cerca de 20 anos, torna-se numa floresta natural madura, estado que levaria mais de 200 anos a atingir se não se utilizasse o Método Miyawaki. Por ano, estas florestas crescem, no mínimo, um metro, sem quaisquer químicos ou fertilizantes sintéticos. Além de conferirem beleza ao espaço urbano, as Pocket forest assim plantadas, tornam o ambiente mais agradável, melhoram a qualidade do ar, diminuem e regulam o nível de ruído, regulam também a temperatura, mitigando os efeitos das ondas de calor, protegem o solo da erosão e de inundações e aumentam a biodiversidade. Armazenam ainda uma quantidade muito elevada de dióxido de carbono, contribuindo para a possibilidade de termos uma sociedade de baixo carbono. Em resumo, o Método Miyawaki, permite que estas Pocket forest cresçam 10 vezes mais rapidamente, conferem 20 vezes mais biodiversidade, são 30 vezes mais densas, são construídas localmente com espécies autóctones e é um processo participativo – a comunidade constrói a minifloresta.
Bibliografia consultada - Da, L. J., & Song, Y. C. (2008). The construction of near-natural forests in the urban areas of Shanghai. In Ecology, Planning, and Management of Urban Forests (pp. 420-432). Springer, New York, NY. - Frattaroli, A. R., Pirone, G., Di Cecco, V., Console, C., Contu, F., & Mercurio, R. (2017). Beech-wood restoration in the Gran Sasso and Monti della Laga National Park (central Apennines, Italy). Plant Sociology, 54(1), 11-18. - Lewis, H. (2022). Mini-Forest Revolution: Using the Miyawaki Method to Rapidly Rewild the World. Chelsea Green Publishing. - Schirone, B., Salis, A., & Vessella, F. (2011). Effectiveness of the Miyawaki method in Mediterranean forest restoration programs. Landscape and - Ecological Engineering, 7(1), 81-92.
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POCKET FOREST CAROLINA DUARTE, MARGARIDA SARAIVA & MARIA MENDES
CONCEITO
As “florestas de bolso” foram feitas de modo a atenuar os efeitos ambientais da vida urbana, como por exemplo reduzir a poluição atmosférica, desta forma podemos contribuir para a sustentabilidade ambiental com uma pequena floresta que ocupe pouca área de terreno mas que tenha benefícios a longo prazo para a qualidade de vida em ambientes urbano-industriais (Bobiec, et al, 2021).
Para a construção da pocket forest na Covilhã, devemos escolher espécies autóctones, tais como:
TAXUS BACCATA (TEIXO) Taxus baccata, mais conhecido por teixo, caracteriza-se por ser uma espécie autóctone, perenifólia e não resinosa, que atinge no máximo menos de 28m. Caracteriza-se, também, por ser uma gimnoespérmica nativa, normalmente dióica. As estruturas reprodutivas, nascem nas axilas das folhas perto do final do crescimento do verão anterior. O Taxus Bacana, apresenta ainda capacidade de produzir ramos folhosos de ramos velhos ou até de fezes" (Thomas, P, et al, 2003). Todas as partes que compõem o Teixo, exceto seu arilo carnudo, são venenosas, devido à sua capacidade de libertar alcaloides derivados da taxina. A ingestão de uma alta dosagem de teixos, pode levar à morte. (Pinto, A, et al, 2021) Devido ao uso abusivo, por parte do Homem, tem-se registado uma diminuição das populações de Teixo em toda a Europa. (Ruprecht, H., et al, 2010).
QUERCUS ROBUR (CARVALHO - ALVARINHA) Quercus robur, mais conhecido por carvalhoalvarinho, é uma espécie caducifólia que pode atingir os 45 metros de altura (Osório, 2018). São espécies comuns de árvores de folhas largas, na Europa (Eaton, et al, 2016). O carvalho- alvarinho desenvolve-se de forma irregular com ramos retorcidos e possui frutos, denominados bolotas que se encontram frequentemente aos pares, as mesmas são variáveis em tamanho e forma (Eaton, et al, 2016). Necessita de solos profundos e ricos, desenvolve-se habitualmente a altitudes entre os 400-700 m (Figueiral, 2020).
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PRUNOS LUSITANICA L (AZEREIRO)
O Azereiro (Prunus lusitanica L.) é uma espécie autóctone que pertence à família das Rosáceas, á subfamília Prunoideae, ao género Prunus (Antunes, et al, 2007) e ao subgénero Lauroserasus caracterizando-se pelas suas folhas perenes, coriáceas e glabras, mas também pelas suas flores brancas (Ribeiro, et al, 1997). Sendo considerada uma espécie rara, é protegida a nível nacional e comunitário (Antunes, et al, 2007). Na Serra da Estrela, os bosques de azereiro permitiram a instalação de uma diversificada flora, uma vez que eles não sofreram grandes modificações nem uma intensa desflorestação ao longo dos anos, para além disto, nestes bosques há uma menor incidência de incêndios (Sérgio, et al, 2001).
JUNIPERUS COMMUNIS L. (ZIMBRO)
O Zimbro (Juniperus communis L.) é uma planta gimnospérmica, sendo um arbusto perene da família Cupressáceas que cresce sobretudo em regiões montanhosas na Europa Mediterrânea (Bacém, 2018). Caracteriza-se como um pequeno arbusto com folhas em forma de agulha e bagas, estas últimas têm múltiplas utilizações como em perfumes, cosméticos, tempero de comida, bebidas alcoólicas (Bacém, 2018) e em fármacos devido às suas capacidades diuréticas, estomáquicas e antissépticas (Falcão, et al, 2018). É um arbusto com grande tolerância à seca e ao frio que exige luminosidade (Anjos, 2017).
BACCHARIS TRIMERA (CARQUEJA) A carqueja (Baccharis trimera) é um membro da família Asteraceae e é a espécie mais estudada farmacologicamente entre o gênero Baccharis. É uma planta amplamente distribuída na América do Sul e tem uso tradicional na população. Alguns estudos indicam que esta planta é capaz de crescer em solos pobres em fósforo, nitrogênio e potássio. Além disso, o seu crescimento não responde a fertilizações ricas em nitrogênio e minerais , mostrando que não é uma planta que apresenta alto valor nutricional (Rabelo, et al, 2018). Além disso, Baccharis trimera é uma planta usada como chá e na medicina é utilizada no tratamento de doenças gastrointestinais e processos inflamatórios ( Oliveira, et al, 2012).
BIBLIOGRAFIA Anjos, R. M. D. (2017). Avaliação da bioatividade da espécie mediterrânica Juniperus sp (Doctoral dissertation). Antunes, J., & Ribeiro, M. M. A. (2007). O Azereiro (Prunus lusitanica L.): uma monografia. Agroforum: Revista da Escola Superior Agrária de Castelo Branco, 33-36. Bacém, I. (2018). Composição química e atividade biológica de bagas do Zimbro (Juniperus communis L.) (Doctoral dissertation). Bobiec, A., Ćwik, A., Gajdek, A., Wójcik, T., & Ziaja, M. (2021). Entre a região selvagem da Floresta de Bolso e a Arcádia Rural Restaurada: Otimizando o Uso de um Enclave de Floresta Feral no Ambiente Urbano. Florestas , 12 (9), 1173. Carecho, J. M. B. S. (2006). Percursos Investigativos: uma abordagem para a sua implementação em escolas da região da Serra da Estrela e na Formação Contínua de Professores (Doctoral dissertation, Tese de Mestrado em Biologia Animal. Faculdade de Ciências e Tecnologia–Universidade de Coimbra, Coimbra, 1- 37). De Oliveira, CB, Comunello, LN, Lunardelli, A., Amaral, RH, Pires, MG, Da Silva, GL, ... & Gosmann, G. (2012). O extrato fenólico enriquecido de Baccharis trimera apresenta atividades antiinflamatórias e antioxidantes. Molecules , 17 (1), 1113-1123. Eaton, EGSDJ, Caudullo, G., Oliveira, S., & De Rigo, D. (2016). Quercus robur e Quercus petraea na Europa: distribuição, habitat, uso e ameaças. Atlas europeu de espécies de árvores florestais , 160163. Falcão, S., Bacém, I., Igrejas, G., Rodrigues, P. J., Vilas-Boas, M., & Amaral, J. S. (2018). Avaliação da composição química e atividade antimicrobiana do óleo essencial de bagas de zimbro (Juniperus communis L.). XIV Encontro de Química dos Alimentos. Figueiral, I. (2020). Mamoas 1 e 2 do Alto da Portela do Pau (Castro Laboreiro, Melgaço): resultados preliminares do estudo antracológico. Trabalhos de Antropologia e Etnologia, 35(3). Osório, J. M. P. (2018). Definição da Aptidão Florestal para diversas espécies arbóreas numa zona do Centro de Portugal Continental (Doctoral dissertation). Pinto, A., Lemos, T., Silveira, I., & Aragão, I. (2021). Intoxicação por Taxus baccata: sol após a tempestade elétrica. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, 33, 172-175. Rabelo, ACS, & Costa, DC (2018). Uma revisão das atividades biológicas e farmacológicas de Baccharis trimera. Interações químico-biológicas , 296 , 65-75. Ribeiro, M. M. A., & Antunes, A. (1997). Enraizamento de estacas de azereiro (Prunus lusitanica L. ssp. lusitanica) após realização de ferida e aplicação de auxina. In I Congresso Florestal HispanoLuso (pp. 527-532). Ruprecht, H., Dhar, A., Aigner, B., Oitzinger, G., Klumpp, R., & Vacik, H. (2010). Structural diversity of English yew (Taxus baccata L.) populations. European Journal of Forest Research, 129(2), 189198. Sérgio, C., Cros, R. M., Brugués, M., & Garcia, C. (2001). A brioflora de enclaves com Prunus lusitanica L. no Parque Natural da Serra da Estrela. Bol. Soc. Esp. Briol, 18(19), 5-14. Thomas, P. A., & Polwart, A. (2003). Taxus baccata L. Journal of Ecology, 91(3), 489-524.
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BioHeitor Melhor Trabalho de Ciência no Concurso Nacional de Jornais Escolares 2020/2021
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POCKET FOREST LAURA RODRIGUES, MARIA ANTUNES & RAQUEL AMARAL
As pocket forest têm o objetivo de contribuir para o aumento de áreas verdes na cidade. Concentra grande biodiversidade e massa arbórea numa pequena área, e é uma solução ambiental importante para a cidade, pois combate ilhas de calor, humidifica e purifica o ar, preserva espécies vegetais nativas ameaçadas de extinção, resgata a biodiversidade local e fornece abrigo para polinizadores e pássaros. Além disso, são pensadas para espaços reduzidos, podendo ser implementadas em áreas a partir de 15 m2. Espaços urbanos residuais estão assim capacitados a abrigar novos usos promovendo a construção de uma rede de micro benefícios no âmbito da cidade a um espaço que atualmente é árido num local agradável para a população frequentar (Castanheira, 2017).
Fig. 1 - Pocket Forest Fonte:https://www.standard.co.uk/news/london/rewilding-pont-street-chelsea-forestcadogan-harrods-b960476.html
A importância da complexidade estrutural em ecossistemas florestais para a diversidade de ecossistemas tem sido amplamente reconhecida. Estruturas de microhabitats de árvores como indicadores de biodiversidade, raramente têm sido o foco de pesquisas sobre diversidade, embora sua ocorrência esteja altamente correlacionada com a abundância de espécies florestais e funções do ecossistema (Michel, et. al., 2009).
Copas ultradensas filtram transportados pelo ar.
Apenas uns metros quadrados podem ser transformados numa pocket forest de luxo.
poluentes
CO2 é capturado enquanto o oxigénio é emitido
A água da chuva é processada pelas árvores e pelo chão da floresta processos e métodos 100% naturais e orgânicos.
O crescimento rápido permite que o ecossistema se estabilize rapidamente e a biodiversidade floresça sem necessidade de manutenção
Medidas diretas que ajudam o meio ambiente local, o ecossistema e a saúde da comunidade
Cria um refúgio para abelhas e outros polinizadores
Fig. 2 - Benifícios de uma Pocket Forest (Adaptado) Fonte: https://www.sugiproject.com/pocketforest
Grandes parques urbanos situados nos centros industriais do século XIX foram pensados para melhorar a higiene de vida da classe trabalhadora pobre. Uma das florestas urbanas mais famosas do mundo pode ser considerada o Central Park da cidade de Nova York, projetado e desenvolvido entre 1850 e 1860. Este bloco retangular de 341 hectares de infraestrutura verde é visitado anualmente por 40 milhões de visitantes, proporcionando-lhes uma oportunidade de recreação e descanso em uma bela paisagem arborizada no meio de Manhattan (Bobiec, et. al., 2021).
Bibliografia Bobiec, A. Cwik, A., Gajdek, A., Wójcik, T., & Ziaja, M.2021) Entre a região selvagem da floresta de bolso e a arcádia rural restaurada: Otimizandoo o uso de um enclave de floresta selvagem no ambiente urbano. Florestas 12 (9). 1173 Castanheira, E. B. (2017). Cidade, Apropriação e Micro Intervenções Michel AK. & Winter, S. (2009) Estruturas de microhabitats de Arvores como indicadores de biodiversidade em florestas de pinheiros de Douglas de diferentes idades e históricos de manejo no noroeste do Pacifico, EUA. Forest Ecology and Management, 257 (6). 1453-1464_
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Pocket Forest CRISTIANO GAIOLA E MIGUEL SILVA
O que são as "pocket forest"? As "Pocket Forest" são pequenos espaços de terra onde são plantadas árvores nativas do local. (Lagariya & Kaneria, 2021)
Quais as vantagens de utilizar este método?
As "Pocket Forest" foram criadas com o objetivo de aumentar a velocidade de recuperação, de florestas e vida vegetal do local pretendido. (Lagariya & Kaneria, 2021)
Acer Pseudiplatanus Uma das arvores nativas da Covilhã, a qual pode atingir os 35 metros de altura, é muito utilizada para fins ornamentais.
Crataegus Monogyna Árvore nativa da Covilhã, de baixo porte, mais conhecida como arbusto pode, contudo, atingir os 15 metros de altura e ter trocos de até um 1 metro de diâmetro. É bastante conhecida pelos seus "frutos" venenosos.
Bibliografia Lagariya, V. J., & Kaneria, M. J. (2021). Ethnobotanical Profiling and Floristic Diversity ofthe Miyawaki Plantation in Saurashtra University Campus, Rajkot. Journal of Drug Delivery and Therapeutics, 11(2), 87-99.
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FHP t s e r o F t e k c Po
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POCKET FOREST ORIANA FERRAZ Segundo Silva (2021) as pocket forest são métodos de plantar árvores nativas, arbustos e flores silvestres em pequenas áreas urbanas baseado no trabalho do botânico japonês Akira Miyawake, porém Gamaro (2016) definiu pocket forest como uma metodologia que foi desenvolvida para criar espaços de mata atlântica em lugares pequenos e que contenham a mesma densidade de uma floresta numa serra.
BENIFÍCIOS O crescimento rápido permite que o ecossistema da floresta se estabeleça rapidamente e a biodiversidade floresça virtualmente sem nenhuma manutenção necessária (Maragon, 2020).
Filtros de dossel ultradensos poluentes são transportados pelo ar (Maragon, 2020).
Apenas alguns metros quadrados podem ser transformados numa Floresta de Bolso (Maragon, 2020).
https://www.sugiproject.com/poc ketforest
Adote medidas diretas que ajudem o seu meio ambiente local, ecologia e saúde da comunidade. (Maragon, 2020).
Segundo Machado (2012) as árvores predominantes na região da Beira Baixa são a Azinheira e o Sobreiro. Já as espécies arbustivas da Serra da Estrelasão o Teucrium salviastrum e o Zimbral (Lopes, 2014).
Azinheira www.plantamus.pt/azinhe ira-azinheiracarvalho-de-folhas-estreitas-quercus-ilexbd18/
Sobreiro https://brigadadafloresta.abae.pt/sobreiro/
Teucrium Salviastrum
Zimbral
www.cise.pt
www.cise.pt
As espécies rasteiras predominantes na Serra da Estrela são o Silene e o Azinhal (Lopes, 2014).
Silene www.cise.pt
Azinhal
www.cise.pt
Bibliografia Gamaro, S. (2016). Blogdearquetitetura. Lopes, G (2014). CISE, Flora e vegetação- SerradaEstrela. Machado, P. (2012). CISE, Flora e vegetação- Serra daEstrela. http://www.cise.pt/pt/index.php/serra-da-estrela/flora-e-vegetacao Maragon, H. (2020). BetweenPocket Forest Wilderness andRestored Rural Arcadia. Silva, D. (2021). Revista do meio ambiente.
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POCKET FOREST CATARINA LOPES, LEONARDO VIEGAS & LUCAS VALEZIM
INTRODUÇÃO Em todas as cidades deveriam estar contemplados espaços verdes de preferência com espécies autóctones. As áreas verdes são importantes para a qualidade ambiental, já que assumem um papel de equilíbrio entre o espaço modificado para o meio urbano e o meio ambiente. (Lima e Barroca, 2009) O desenvolvimento das grandes cidades é fundamentado na condensação de processos sociais e espaciais, em que a escassa prioridade da dimensão humana deu origem a padrões urbanísticos inadequados, e consolidados por um planeamento pouco estruturado. (Amato- Lourenço, et al, 2016) Neste sentido e para colmatar o desinteresse nos projetos paisagísticos de urbanização aparece um novo conceito, o Pocket Forest ou “Floresta de Bolso” para dar e devolver a sustentabilidade aos espaços urbanos, bem como trazer inúmeros benefícios até então perdidos no tempo.
Figura 1 - Floresta
CONCEITO O conceito Pocket Forest é uma metodologia de restauração florestal desenvolvida para criar pequenos espaços verdes de espécies autóctones em áreas urbanas. Segundo Castanheira (2015) esta técnica desenvolvida pelo botânico Ricardo Cadim concentra grande biodiversidade e massa arbórea numa pequena área, e é uma solução ambiental importante para a cidade.
A IMPORTÂNCIA DAS POCKET FOREST Ainda segundo Castanheira (2015) as Pocket Forest ou Florestas de Bolso são pensadas para espaços reduzidos podendo ser implementado em áreas a partir de 15 m2. As Pocket Forest têm benefícios, para a sociedade no que respeita a uma vida mais sustentável. Estas proporcionam vantagens, para além de transformar a paisagem urbana, restabelece as ligações essenciais da população com a natureza natural da cidade (Castanheira, 2015).
VANTAGENS DAS POCKET FOREST - Combate ondas de calor; - Humidifica e purifica o ar; - Preserva espécies vegetais nativas ameaçadas de extinção; - Resgata a biodiversidade local; - Fornece abrigo para polinizadores e aves; - Transformará um espaço que atualmente é desagradável, num local agradável para a população frequentar. Fonte: Itens idealizados pelos próprios autores com base na pesquisa do site https://arvoresdesaopaulo.wordpress.com/florestasdebolso/ (Acesso em: 1 dez. 2021)
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PROJETO POCKET FOREST Segundo Locatelli (2018) as cidades impõem o mais severo e complexo conjunto de modificações no meio físico e biótico, apoiando-se numa base ambiental com fortes efeitos negativos sobre a biodiversidade. Quando as infraestruturas verdes são planeadas adequadamente, esses maus efeitos são minimizados, devolvendo a qualidade de vida às pessoas e a conservação da biodiversidade urbana. (Locatelli, 2018) Assim nasceram vários projetos implementados na cidade de São Paulo. A iniciativa teve início com o financiamento do governo, de associações e de voluntariado, que objetivam a restauração de biomas da Mata Atlântica e do Cerrado, respetivamente, por meio de plantação de espécies autóctones em parques, praças, áreas residuais de ocupação e pequenas áreas verdes privadas e públicas. (Locatelli, 2018)
Fig. 2 - Pocket forest no Bairro de Chelsea, centro de Londres https://www.timeout.com/london/news/a-mini-forest-is-being-planted-in-the-middle-of-chelsea-102121
AÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO DAS POCKET FOREST NA CIDADE DE SÃO PAULO
Ricardo Cardim, botânico idealizou o projeto para a implementação das Pocket Forest na procura de recuperação da biodiversidade local, devolvendo população local de São Paulo espécies autóctones colmatando a falta de biodiversidade.
Fig. 4/5/6/7 - Projeto de implementação de pocket forest em São Paulo Fonte: http://institutoecoacao.blogspot.com.br/2016/03/sao-paulo-vai-ganhar-sua-primeira.html (Acesso em::1 dez. 2021)
CONCLUSÃ O -A metodologia Pocket Forest tem vários benefícios, proporcionando à sociedade uma vida mais sustentável. Os espaços verdes proporcionam vantagens reais, que além de transformar a paisagem urbana, oferece serviços eco importantes, restabelecendo as ligações essenciais da população com a natureza de origem da cidade, proporcionando uma melhoria na paisagem, mas sobretudo à população. Esta investigação pretendeu dar a conhecer sobretudo este conceito e a forma como se operacionaliza na cidade de São Paulo.
BIBLIOGRAFIA Amato-Lourenço, L. F., Moreira, T. C. L., Arantes, B. L. D., Silva, D. F. D., & Mauad, T. (2016). Metrópoles, cobertura vegetal, áreas verdes e saúde. Estudos Avançados, 30, 113-130. Castanheira, E. B. Cidade: Apropriação e Micro Intervenções. Academia 5 IV Seminário Internacional. Academia Portuguesa. Belo horizonte. 28 de Abril. Lima, I. G. D., & Barroca, B. B. (2009). Influência do telhado ecológico com plantas verdes no conforto ambiental. Locatelli, M. M. Ecologia da paisagem para o planejamento da infraestrutura verde da cidade de São Paulo, SP (Doctoral dissertation, Universidade de São Paulo).
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Pocket Forest
DUARTE AMORIM, MARCOS CARVALHO & MARTIM SILVA
Descrição do projeto A Pocket forest é um projeto que tem como intuito sensibilizar as pessoas a terem mais cuidado com a natureza, pois ela é essencial para a nossa sobrevivência. Criando zonas verdes em zonas urbanas, para além disso é uma solução ambiental para as cidades (Castanheira 2015).
Em que é que consiste? É um projeto que consiste em plantar árvores em sítios urbanos, como por exemplo, árvores nativas, arbustos e flores silvestres. De modo a se criar um ecossistema florestal biodiverso. É uma plantação de baixa manutenção e rápido crescimento que deverá manter-se ao fim de 3 anos. Essas florestas podem ser 100 vezes mais biodiversas do que um relvado (Sebbenn, 2002).
Quais as vantagens da Pocket Forest? - Reflorestação de zonas ardidas ou que sofreram desflorestação (Cordeiro 2003). - Promover a biodiversidade em zonas urbanas, onde a emissão de gases provoca mais consequências (Cordeiro 2003). - Purificação do ar (Cordeiro 2003).
Espécies a usar... Castanheiro
Azereiro
Zimbro
Bibliografia Castanheira, E. B. Cidade: Apropriação e Micro Intervenções. Cordeiro (2003), B. Biodiversidade e Turismo: as Plantas Invasoras como Fator de Ameaça. Análise a Partir de um Percurso Pedestre na Serra da Lousã29. Geocaching e Percursos Pedestres, 126. Sebbenn, A. M. (2002). Número de árvores matrizes econceitos genéticos na coleta de sementes para reflorestamentos com espécies nativas. Rev. Inst. Flor" São Paulo. v, 14(2), I15-132.
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Pocket Forest LEONOR VICENTE & MARIA MORAIS Pocket Forest (florestas de bolso) é uma iniciativa cujo objetivo é contribuir para o aumento de áreas verdes numa cidade (Castanheira, 2017). Consiste numa pequena área onde diferentes espécies autóctones (arbustivas, árvores e espécies rasteiras) são plantadas, ajudando assim o ecossistema local. Esta ação ajuda não só o ecossistema como também promove a relação da população com a natureza.
Pocket Forest na Covilhã Espécies Arbustivas / Rasteiras O Zimbro (Juniperus communis L.) apresenta-se geralmente como uma pequena árvore ou arbusto, muito variável em tamanho, sendo frequentemente um arbusto baixo/pequeno, mas que ocasionalmente pode atingir 10 m de altura (García et al., 1999). O zimbro tem uma boa adaptação as condições quentes e secas do interior. Esta árvore (Crataegus Monogyna), Fruteira Silvestre, é uma planta bravia que fornece frutos edíveis. Visualmente classifica-se como uma nano ou microfanerófito ramosa, cuja altura pode atingir os 10 metros e de copa arredondada (Moura, 2013).
Árvores de grande porte Segundo Gonçalves (1991), o Castanheiro Europeu (Castanea Sativa) é considerado uma árvore de grande porte e longevidade, com crescimento rápido até aos setenta, oitenta anos. Árvore mais vulgar nas regiões frias do interior com necessidade de água da ordem dos 700 mm por ano.
De acordo com Santos (2005), o Carvalho Negral (Quercus Pyrenaica) é uma espécie muito bem adaptado ao clima interior continental português. Apresenta um porte diversificado desde 1-2m de altura até 25m de altura.
Espécie rasteira Segundo Patro (2014), a Aubrietia ( Aubretia Deltoidea) é uma planta de porte muito pequeno com cerca de 15-20 cm de altura, desenvolve-se muito bem em solos húmidos e climas frios.
Bibliografia - Castanheira, E. B. (2017) Cidade: Apropriação e Micro Intervenções. academia, 5.IV Seminário Internacionalmente Academia Portuguesa. Belo Horizonte - Garcı́a, D., Zamora, R., Hódar, J. A., & Gómez, J. M. (1999). Age structure of Juniperus communis L. in the Iberian peninsula: conservation of remnant populations in Mediterranean mountains. Biological Conservation, 87(2), 215-220. - Gonçalves, J. C. D. D. (1991). Influência de alguns factores na micropropagação do castanheiro (Castanea Miller) (Doctoral dissertation, UTL. ISA). - Moura, R. J. P. (2013). Validação do método analítico para a determinação da atividade antioxidante do fruto do Crataegus monogyna (Doctoral dissertation, [sn]). - Patro, R. (2014). Aubretia Deltoidea. Jardineiro.net
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POCKET FOREST
JOÃO GALVÃO & MARTIM RAPOSO
O que é uma pocket forest?
Uma pocket forest tem como objetivo contribuir para o aumento das áreas verdes de uma cidade. Esta técnica consiste numa grande concentração de biodiversidade e massa arbórea numa pequena área de terreno. Esta é uma solução ambiental essencial para qualquer meio urbano pois combate ilhas de calor, purifica o ar, preserva espécies naturais da região que estão em risco de extinção, conserva a biodiversidade local e por vezes pode fornecer abrigo para os pássaros. Além disso, transforma um espaço desabitado e sombrio em um local agradável que toda a cidade pode visitar (Castanheira,2017).
Como realizar o projeto? Estas florestas estão pensadas para espaços pequenos, podendo ser plantadas em áreas entre os 15 e os 25 m2, ou então em áreas maiores em projetos de restauração florestal na zona rural (Castanheira, 2017).
Importância no meio urbano Devido ao crescimento mundial da população citadina há um crescente interesse da sociedade pelas florestas urbanas por causa das características do meio (densidade populacional muito alta, poluição, ruído e calor) espera-se que estas florestas atenuem as desvantagens ambientais da vida urbana (Bobiec et all, 2021).
Benefícios das mini florestas Estas florestas crescem dez vezes mais rápido, tornam-se trinta vezes mais densas e cem vezes mais biodiversas do que as que são plantadas por métodos convencionais, este resultado é obtido devido às espécies nativas que estão adaptadas às condições locais. Uma grande variedade de espécies autóctones é plantada para recriar as camadas de uma floresta natural. Segundo cientistas estes ecossistemas são essenciais para atingir as metas climáticas, estimando que estas florestas naturais podem armazenar até quarenta vezes mais carbono do que as plantações de uma só espécie (Guardian, 2021). O aumento da biodiversidade deve-se em parte à abertura das florestas, isto permite que mais luz solar alcance as plantas com flor que atraem os polinizadores. A diversidade também é impulsionada pela plantação de várias espécies, que fornecem maior variabilidade de alimentos e de abrigo para uma maior heterogeneidade de seres vivos (Guardian, 2021, referenciando Ottburg, 2021).
Bibliografia Bobiec, A. Cwik, A., Gajdek, A., Wójcik, T., & Ziaja, M.2021) Entre a região selvagem da floresta de bolso e a arcádia rural restaurada: Otimizandoo o uso de um enclave de floresta selvagem no ambiente urbano. Florestas 12 (9). 1173 Castanheira, E. B. (2017). Cidade, Apropriação e Micro Intervenções. Academia 5. iVSeminário Internacional. Academia de escolas de arquitetura e urbanismo de língua Portugues. Belo Horizonte. 28 de Abril. The guardian staff reporter. (2020 june, 13). Fast-growing-mini-forests spring up in europe to aid climate. Theguardian.
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Flash João Carlos Izidoro Marques *
Plantar o Amanhã BioHeitor - Como acolheu este desafio de "construir” uma Pocket Forest?
Interview
FHP Pocket Forest:
João Marques (JM) - Quando a professora Mónica Ramôa nos apresentou o projeto FHP Pocket Forest ficámos desde logo interessados e foi com muito gosto que demos os passos necessários para a sua execução. O facto de podermos criar, num espaço reduzido e em plena zona urbana, uma pequena floresta que, pela sua organização e diversidade, possui um rápido crescimento - contribuindo para a captura de dióxido de carbono, para produção de oxigénio e para a filtragem de poluentes, entre outras vantagens para o ambiente - é de extrema importância, mas que assume maior relevância no momento em que envolvemos os jovens no processo. A consciencialização dos jovens para as questões ambientais é uma prioridade social, pelo que nós, Águas da Covilhã, ficámos muito satisfeitos com a construção desta Pocket Forest. BioHeitor - Como conheceu o conceito da Pocket Forest?
JM - Pessoalmente já tinha ouvido falar do conceito, mas tinha apenas um conhecimento vago. Com a apresentação do projeto e algum estudo posterior, pude compreender a sua efetiva importância. Bio Heitor - Considera viável a replicação deste projeto noutros locais da cidade?
JM - Entendo que este tipo de projeto deve ser replicado em vários locais da cidade, dado o seu contributo para o ambiente local. Tem, contudo, de ser explicado aos nossos concidadãos, porque é uma floresta e tem que se deixar crescer sem grande intervenção, o que pode ser mal interpretado por falta de conhecimento. O que se pretende é ter um espaço com um conjunto de árvores e arbustos autóctones, que promovam a biodiversidade e a formação de um ecossistema, pelo que não carece de manutenção. BioHeitor - Que aspetos considera mais importantes no projeto FHP Pocket Forest ?
JM - Para além da divulgação das Pocket Forest e dos benefícios e vantagens da sua existência em meio urbano, penso que o aspeto mais importante é o facto de este projeto envolver cerca de três dezenas de jovens, dando-lhes a oportunidade de implementar na prática o conhecimento que adquiriram em ambiente escolar, direcionando-os para a importância da preservação do nosso ambiente.
* - João Carlos Izidoro Marques é atualmente Presidente do Conselho de Administração da Águas da Covilhã (ADC). Licenciado em Gestão de Empresas, Mestre em Gestão de Unidades de Saúde e Doutorando em Gestão foi deputado à Assembleia da República e Vice-Presidente do Grupo Parlamentar do Partido Socialista para o Ambiente e Ordenamento do Território no XXI Governo Constitucional.
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POCKET FOREST MÉTODO DE PLANTAÇÃO DE MIYAWAKI Beatriz Santos & Daniela Maia
O QUE É O MÉTODO DE PLANTAÇÃO DE MIYAWAKI? [1]
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O método de plantação de Miyawaki (introduzido pelo botânico japonês Dr. Akira Miyawaki) pode ser definido como a plantação aleatória e densa de espécies de plantas nativas de uma determinada região. Esta metodologia de restauração inovadora tem sido extremamente bemsucedida em todo o mundo para restaurar os fragmentos de minifloresta ou pocket forest, mesmo em ambientes urbanos. O método de Miyawaki promove este restauro plantando uma densa combinação de espécies de plantas nativas que irão originar um ecossistema com uma diversidade compatível com as características daquele ambiente. As árvores nativas das pocket forests crescem vigorosamente sendo dez vezes mais rápidas e absorvendo trinta vezes mais dióxido de carbono do que as da floresta natural.
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A vegetação desempenha um papel fundamental no meio urbano ao apoiar diversos subsistemas fundamentais como o balanço de gases atmosféricos, ciclo biogeoquímico, ciclo hidrológico, o clima envolvente, etc., portanto o desenvolvimento de áreas verdes contribui para melhorar as condições ambientais urbanas.
Akira Miyawaki - Fonte: [8]
PLANTAS AUTÓCTONES Plátano-bastardo - Acer pseudoplatanos
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Espécie localmente abundante no clima oceânico do Noroeste integrando os carvalhos caducifólios. [2] Pode atingir grandes dimensões (megafanerófita), sendo comum apresentarem alturas entre 20–35 m na maturidade; tem copa larga em forma de abóbada e ramagens abertas. [3] A espécie floresce cedo na primavera, produzindo flores hermafroditas de cor amarelo-esverdeado e o fruto é formado por duas sâmaras unidas. [3]
Plátano-bastardo
Pereira brava - Pyrus bourgaeana
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A pereira brava ibérica (Pyrus bourgaeana D.) é uma árvore rara, de frutos carnudos, restrita a montados e florestas esclerofilas perenes do Mediterrâneo no sudoeste da Península Ibérica. Produz frutos saborosos e folhas atrativas a diferentes grupos de espécies, desempenhando um importante papel trófico nas redes ecológicas dos ecossistemas mediterrânicos [4]
Pereira brava - Fonte: https://flora-on.pt/Pyrus-bourgaeana_ori_xnjd.jpg
PLANTAS AUTÓCTONES (CONT.) Sobreiro - Quercus Suber
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O sobreiro é uma espécie com uma distribuição mundial muito restrita. A maior área contínua encontra-se na Península Ibérica a sudoeste. Não tolera solos calcários ou muito húmidos, raramente se encontra a altitudes superiores a 800 m. [5]
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Tem grande variedade de aplicações que se relacionam com a existência de diferentes tipos de uso de solo associados ao sobreiro. Os povoamentos densos são usados principalmente para a produção de cortiça, fazendo parte de um sistema agroflorestal chamado montado, que gera: cortiça, lenha, e forragem providenciada pelas bolotas, folhagem e uma garantia de proteção do solo. [5]
Sobreiro
Pilriteiro - Crataegus monogyna
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Pilriteiro - Fonte: https://www.wilder.pt/wpcontent/uploads/2021/01/Crataegus_monog yna_subsp._monogyna_sl4-1024x768.jpg
O pirliteiro é um arbusto que pode alcançar os 10 m de altura. Tem um tronco simples ou muito ramificado desde a base, formando uma copa muito variável. As folhas são compridas, obovadas, apresentando uma tonalidade verde-escura brilhante na página superior, sendo claras e baças na página inferior. As flores são brancas róseas reunidas em corimbos e os frutos (bagas) são globosos ou ovóides, brilhantes de cor vermelha ou de cor castanho avermelhado e a afloração ocorre de Abril a Maio. [6]
Medronheiro - Arbutus unedo
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Da família Ericaceae, apresenta porte arbóreo, e encontra-se bem adaptado a solos pobres e a condições ambientais extremas. É nativo da bacia do Mediterrâneo e em Portugal, é mais abundante na Região Central. Ajudando a manter a diversidade da fauna e evita a erosão dos solos. Os frutos podem ser consumidos frescos ou transformados em marmeladas, compotas e conservas e as folhas tem fins medicinais. [7] Medronheiro - Fonte: https://m.planfor.pt/Donnees_Site/Produit/Imag es/2168/medronheiro_PT_500_0000183.jpg
BIBLIOGRAFIA [1] Lagariya, V. J., & Kaneria, M. J. (2021). Ethnobotanical Profiling and Floristic Diversity of the Miyawaki Plantation in Saurashtra University Campus, Rajkot. Journal of Drug Delivery and Therapeutics, 11(2), 87-99. [2] Pinho.J., Santos.C., Sampaio.G., 2020 Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, I. P. [3] e Interior, P., & Tapete, R. Acer pseudoplatanus. [4] Arenas-Castro, S., Fernández-Haeger, J., & Jordano-Barbudo, D. (2016). Population structure and fruit production of Pyrus bourgaeana D. are affected by land-use. Acta Oecologica, 77, 91-99. [5] Silva, S. J., & Catry, F. (2006). Incêndios Florestais em Povoamentos de Sobreiros (Quercus Suber L.) em Portugal. International Journal of environmental Studies, 63(3), 235-257. [6] Costa, J. F. S. D. (2011). Crataegus sp., uma planta com interesse terapêutico (Doctoral dissertation) [7] Dias, V. L. A. (2014). Estruturas secretoras em Medronheiro (Arbutus unedo L.): caracterização morfológica, estrutural e histoquímica e avaliação da atividade proteásica da secreção (Doctoral dissertation) [8] https://www.hypeness.com.br/2020/07/metodo-miyawaki-pequenas-florestas-estao-sendo-plantadas-pela-europa-para-restaurar-a-biodiversidade/
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Bibliografia Bobiec, A., Ćwik, A., Gajdek, A., Wójcik, T., & Ziaja, M. (2021). Between Pocket Forest Wilderness and Restored Rural Arcadia: Optimizing the Use of a Feral Woodland Enclave in Urban Environment. Forests, 12(9), 1173. Pimentel,C.A.B. (2010). Modelação da Influência da Vegetação Urbana na Qualidade do Ar. Dissertação apresentada à Universidade de Aveiro para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Engenharia do Ambiente. Ribeiro,F. A.S. M. (2019). Parque urbano de Monte Penedo: Projeto para uma área florestal de recreio e lazer. Relatório de estágio. Mestrado em Arquitetura Paisagista. Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território.
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