N.º12 ABRIL 2022
BIOHEITOR
REVISTA ESCOLAR DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA BIOLOGIA 12ºANO
Imunidade IMUNIDADE INATA
VACINAS E IMUNIDADE
SARS-COV-2 COVID-19
FICHA TÉCNICA:
Título: BioHeitor Edição: Número 12 Ideia original e Curadoria: Mónica Ramôa monica.ramoa@sapo.pt (+351) 965 103 989
Logótipo: Mélanie Matthey-Doret e Simão Gonçalves Capa: José Pedro Fernandes Fotografia capa: Fernando Zhiminaicela por Pixabay
Apoio técnico digital/informático: Sílvia Martins e José Pedro Fernandes
Responsável científico-pedagógico: Mónica Ramôa Entidade responsável: Escola Secundária Frei Heitor Pinto www.aefhp.pt (+351) 275 331 228 gabinete-diretor@aefhp.pt Autores: Amélia Daniel, Beatriz Santos, Carolina Duarte, Catarina Lopes, Cristiano Gaiola, Daniela Maia, Duarte Amorim, Joana Quelhas, Joana Martinho, João Galvão, Lara Cancelinha, Laura Rodrigues, Leonardo Viegas, Leonor Vicente, Lucas Valezim, Marcos Carvalho, Margarida Saraiva, Maria Antunes, Maria Mendes, Mariana Morais, Martim Raposo, Martim Silva, Miguel Silva, Oriana Ferraz, Raquel Amaral, Sofia Sá, Tomás Rolo, Yuri Assunção. Local: ESFHP - Covilhã Data: Ano letivo 2021/2022 – Abril 2022
Índice Sistema Imunitário: Constituintes e particularidades
4
Carolina Duarte, Margarida Saraiva e Maria Mendes Sistema Imunitário
6
Oriana Ferraz Sistema Imunitário
8
Joana Quelhas e Joana Martinho A Nutrição e o Sistema Imunológico
10
João Galvão e Martim Raposo Sistema Imunitário
12
Martim Silva, Marcos Carvalho e Duarte Amorim Imunidade Inata
16
Laura Rodrigues, Maria Antunes e Raquel Amaral Imunidade – COVID-19
19
Miguel Silva e Cristiano Gaiola Imunidade – O vírus Sars-CoV-2
20
Catarina Lopes, Leonardo Viegas e Lucas Valezim Sars-CoV-2 – COVID-19
22
Leonor Vicente e Mariana Morais Vacinas e Imunidade
24
Tomás Rolo e Yuri Assunção Vacinação COVID-19
26
Sofia Sá A Imunidade – Papilomavírus humano Beatriz Santos e Daniela Maia
28
Sistema imunitário: Constituintes e particularidades Carolina Duarte; Margarida Saraiva & Maria Mendes
Existem dois tipos de imunidade, a imunidade inata e adaptativa, a primeira tem presente uma resposta rápida e adaptativa a um determinado número de estímulos, tendo o papel principal na defesa do organismo (Curvinel, et al, 2010). A imunidade é constituída por barreiras físicas, biológicas, químicas , moléculas solúveis e células especializadas (Curvinel, et al, 2010).
Constituintes do sistema imunitário:
Figura 1- Constituintes do sistema imunitário https://conhecimentocientifico.com/sistema-imunologico/
O sistema imunitário é constituído por tecidos linfóides,conjunto de órgãos,células diversas e vários fatores solúveis que se encontram dispersos no organismo (Carrajola, et al, 2009). A função deste sistema é manter a homeostasia (Curvinel, et al, 2010). Existem dois tipos de órgãos no sistema imunitário, os órgãos linfóides primários, ou seja, a medula óssea e o timo, onde se geram e amadurecem os linfócitos (células que desempenham funções essenciais nos mecanismo de defesa), para além disto também permitem a diferenciação dos linfócitos no sentido específico (Carrajola, et al, 2009). O outro tipo de órgãos são os órgãos linfóides secundários, sendo estes os gânglios linfáticos, o baço e os tecidos linfóides ligados às mucosas (amígdalas, adenóides, e apêndice) aqui acontece a retenção de linfócitos e de substâncias infectantes beneficiando as respostas imunitária (Carrajola, et al, 2009). As células que constituem este sistema podem desempenhar mais do que uma função e estão interligadas umas às outras, desta forma coordenam e amplificam a eficiência das respostas imunitárias (Carrajola, et al, 2009). Exemplos são: os glóbulos brancos e células diferenciadas dos mesmo (Carrajola, et al, 2009).
Principais células efetoras do s. imunitário: Linfócitos B: Estes linfócitos são inicialmente produzidos no saco vitelino, posteriormente, durante a vida fetal, no fígado e finalmente maturam-se na medula óssea (Mesquita, et al, 2010). Têm como função diferenciarem-se em plasmócitos, eles atuam durante a imunidade específica humoral e possuem receptores membranares específicos para antigénios nativos solúveis, os mesmo localizam-se nos tecidos e no sangue periférico (Carrajola, et al, 2009). As moléculas responsáveis pelo reconhecimento de antigénios nos linfócitos B, são as imunoglobulinas de membrana, IgM e IgD (Mesquita, et al, 2010).
Figura 2- Linfócitos B
Figura 3- Os linfócitos T detetam e destroiem as células anormais https://www.preparaenem.com/biologia/sistema-imunitario.htm
Figura 4- Célula natural killer (NK) https://stringfixer.com/pt/NK_cell
4
Linfócitos T: Estes linfócitos dividem-se em três tipos, os LTh (auxiliares), os LTc (citotóxicos) e os LTs (supressores) (Carrajola, et al, 2009). Todos eles entram no córtex tímico pelas artérias e durante o processo de seleção e maturação migram em direção à medula óssea, de onde saem para a circulação e atuam na imunidade específica celular (Mesquita, et al, 2010). Também possuem receptores membranares específicos, mas para antígenos que sofreram processamentos e se localizam à superfície de outras células (Carrajola, et al, 2009). Os LTh são responsáveis por combinar outras células da resposta imune na erradicação patógenos e ajudam também na ativação dos linfócitos b e macrófagos (Mesquita, et al, 2010). Células infetadas por vírus e células tumorais normalmente são reconhecidas pelos LTc, estes, por sua vez, produzem substâncias que as destroem (Mesquita, et al, 2010). Por fim, os LTs, produzem substâncias que anulam respostas imunitárias específicas (Carrajola, et al, 2009). Recetemente, observou-se um estudo para os linfócitos T, como células reguladoras que controlam de forma ativa a função de outras células imunes, impedindo a sua atividade consequentemente, o desenvolvimento de doenças auto-imunes, rejeição de enxerto e combate a células tumorais ( Faria, et al, 2008). NK: As células Natural Killer (NK) têm origem na medula óssea, sendo formadas através de células progenitoras linfóides, as mesmas que formam os Linfócitos T, estão presentes nos tecidos e sangue periférico, constituindo 5% a 20% das células mononucleares do sangue. Têm como função reconhecerem e destruírem células aberrantes infetadas por vírus, bactérias e protozoários, mas também células tumorais (Cruvinel, et al, 2010). Para além destas funções, estas células também são capazes de recrutar neutrófilos e macrófagos e ativar linfócitos T (Cruvinel, et al, 2010). Para além destas células efetoras existem outras, tais como, plasmócitos, monócitos, macrófagos, células dendríticas, neutrófilos, basófilos, eusinófilos e mastócitos (Carrajola, et al, 2009). As células entre si ou entre um meio é feita através de receptores de membrana que quando reconhecem e ligam a compostos específicos sofrem alterações na configuração da porção intracelular, provocando alterações no comportamento das células (Carrajola, et al, 2009). Na presença de determinadas proteínas os receptores membranares migram, crescem, diferenciam-se, suicidam-se ou modificam o seu comportamento (Carrajola, et al,2009).
As particularidades do sistema imunitário:
Figura 5- Resposta Imunitária a um Transplante ou Enxerto https://www.google.com/search?q=transplante+resposta+imunitaria&tbm=isch&ved=2ahUKEwjaw9e1-bn3AhVagc4BHSdWCJYQ2cCegQIABAA&oq=transplante+resposta+imunitaria&gs_lcp=CgNpbWcQAzoHCCMQ7wMQJzoFCAAQgAQ6BggAEAUQHjoGCAAQCBAeUJQNWMklYLspaABwAHgAgAG9AYgBixqSAQQwLjI wmAEAoAEBqgELZ3dzLXdpei1pbWfAAQE&sclient=img&ei=rDRsYtq9AdqCur4Pp6yhsAk&bih=625&biw=1366#imgrc=5-oLL8FkiNGkcM
Figura 6-Transplante de Coração https://www.google.com/search?q=transplante&tbm=isch&ved=2ahUKEwiu2dP--bn3AhVKexoKHeM3B2oQ2cCegQIABAA&oq=transplante&gs_lcp=CgNpbWcQAzIHCCMQ7wMQJzIHCCMQ7wMQJzIICAAQgAQQsQMyBQgAEIAEMgUIABCABDIFCAAQgAQyBQgAEIAEMgUIAB CABDIFCAAQgAQyBQgAEIAEUO4IWO4IYLsKaABwAHgAgAGxAYgB1AKSAQMwLjKYAQCgAQGqAQtnd3Mtd2l6LWltZ8ABAQ&sclient=img&ei=RTVsYu6iA8r2aePvn NAG&bih=625&biw=1366#imgrc=wfAcGbXzenETaM
Figura 7- Antigénios e os respetivos anticorpos. https://www.mdsaude.com/hematologia/tipos-sanguineos-sistema-abo/
O sistema imunitário apresenta algumas particularidades entre as quais se destacam em transplantes e enxertos e incompatibilidades sanguíneas. (Carrajola, et al, 2009) Quando é necessário um enxerto ou transplante pode surgir uma grande problemática, estes podem ser rejeitados. Esta rejeição é explicada a nível celular, as células recebidas do dador não são completamente iguais ao do receptor (Carrajola, et al, 2009). Perante isto o sistema imunitário atua reconhecendo as células do transplante ou enxerto e ligando-as aos linfócitos Th, estes segregam-lhes citocinas que ativam as células NK e os fagócitos, destruindo as células estranhas (Carrajola, et al, 2009), a este processo dá-se o nome de resposta imunológica (Faria, et al, 2008). Para além disto, a rejeição conta também com componentes inflamatórios juntamente com o aumento de expressão de citocinas próinflamatórias, quimiocinas e os seus recetores (Faria, et al, 2008). Este processo foi descoberto por Medawar e Gibson que após experiências concluíram que enxertos de pele transplantados em animais distintos a nível genético eram rejeitados e identificaram-se alterações necróticas (morte ou degradação de células) (Faria, et al, 2008). Com este estudo também se percebeu que a rejeição do tecido vinha acompanhada com grande especificidade e memória por parte do recetor para o tecido dador (Faria, et al, 2008). Para além disto, os linfócitos também são ativados participando também na eliminação das células, produzindo anticorpos específicos (Carrajola, et al, 2009). Para prevenir esta situação realiza-se um estudo histológico do recetor e dos possíveis dadores, escolhendo-se o mais semelhante, o perfeito dador seria um gémeo univitelino, pois os recetores celulares são iguais (Carrajola, et al, 2009). Após o transplante ou enxerto o recetor terá de ser medicado com drogas imunossupressoras de forma a evitar a rejeição aguda ao aloenxerto (enxerto ou transplante de um dador não geneticamente idêntico) (Faria, et al, 2008), possibilitando a sobrevivência das células do tecido transplantado ou enxertado, minimizando a resposta imunitária (Carrajola, et al, 2009) e preservando o órgão ou tecido (Faria, et al, 2008). Apesar destes cuidados, os recetores ficam suscetíveis a infeções (oportunistas) e têm maior possibilidade de desenvolver cancro (Carrajola, et al, 2009). A outra particularidade, incompatibilidade sanguínea, surge quando o indivíduo recebe uma transfusão de sangue (Carrajola, et al, 2009). As hemácias possuem diferentes antigénios à superfície e face a uma transfusão com o contacto com hemácias antigenicamente diferentes, é provocada a lise celular imunitária (Carrajola, et al, 2009). No sistema ABO, ocorre esta reação uma vez que os seus 3 alelos determinam a presença ou ausência de antigénios na membrana das hemácias (Carrajola, et al, 2009), por outro lado, também se pode contar com a presença ou ausência de anticorpos naturais ou imunes (Benegas, et al, 2006) no plasma sanguíneo, sempre contra o antigénio em falta (Carrajola, et al,2009). Os anticorpos naturais surgem no plasma três a seis meses após o nascimento do bebé e apresentam uma maior quantidade de imunoglobulinas IgM do que IgG (Benegas, et al, 2006), os IgM são capazes de ligar-se ao sistema complemento e também provocar a lise das hemácias (Carrajola, et al, 2009). Por exemplo, uma pessoa com o grupo O, não possui antigénios à superfície das hemácias, logo no seu plasma, tem presente anticorpos anti-B e anti-A (Carrajola, et al, 2009). Estes anticorpos, anti-A e anti-B, são maioritariamente IgM mas podendo também haver IgG, neste exemplo de um indivíduo com o grupo sanguíneo O, os anticorpos são IgG (Benegas, et al, 2006). Devido à presença dos anticorpos no plasma realizam-se transfusões de antigrupos (A, B ou O), quando não for possível realizando transfusões de heterogrupos (AB), de forma a que as hemácias constituídas por determinados antigénios não sejam reconhecidas pelos anticorpos do recetor (Benegas, et al, 2006). Para que não haja incompatibilidade entre os anticorpos e os antigénios e do dador é necessário conhecer o grupo sanguíneo do paciente (Carrajola, et al, 2009), pois uma transfusão incorreta pode levar à morte do paciente por uma reação hemolítica intravascular com consequências como alterações imunológicas e bioquímicas (Benegas, et al, 2006).
Bibliografia:
Figura 8- Transfusão de Sangue
https://www.google.com/search?q=trnsfus%C3%A3o+de+sangue&tbm=isch&ved=2ahUKEwj4_b2h-rn3AhUUhXMKHf-XBLkQ2cCegQIABAA&oq=trnsfus%C3%A3o+de+sangue&gs_lcp=CgNpbWcQAzoECAAQQzoHCAAQsQMQQzoHCCMQ7wMQJzoICAAQgAQQsQM6BQgAEIAEOgQIABAeOgYIABAFEB46BggAEAoQGFC0CVjZI2 CLKGgAcAB4AIABqwKIAeMXkgEGMS4xOC4xmAEAoAEBqgELZ3 dzLXdpei1pbWfAAQE&sclient=img&ei=jjVsYvj-BZSKzgP_r5LICw&bih=625&biw=1366#imgrc=XJwmJDwXpRTiuM&imgdii=nt_tuneKOjs_1M
- Benegas, A. R. (2006). Prevalência da distribuição do Sistema ABO entre doadores de sangue do Hemocentro Regional de Jataí-Goiás. Revista AMRIGS, 50(4), 277-279. - Carrajola, C.; Castro, M.J. e Hilário,T. (2009). Planeta com Vida. Carnaxide: Santillana/ Constância Editora. - Cruvinel, W. D. M., Mesquita Júnior, D., Araújo, J. A. P., Catelan, T. T. T., Souza, A. W. S. D., Silva, N. P. D., & Andrade, L. E. C. (2010). Sistema imunitário: Parte I. Fundamentos da imunidade inata com ênfase nos mecanismos moleculares e celulares da resposta inflamatória. Revista Brasileira de Reumatologia, 50(4), 434-447. - Faria, B. A., Silva, S. M., Abreu, M. T. C., & Napimoga, M. H. (2008). Ação dos linfócitos T regulatórios em transplantes. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, 30, 309315. - Mesquita Júnior, D., Araújo, J. A. P., Catelan, T. T. T., Souza, A. W. S. D., Cruvinel, W. D. M., Andrade, L. E. C., & Silva, N. P. D. (2010). Sistema imunitário-parte II: fundamentos da resposta imunológica mediada por linfócitos T e B. Revista Brasileira de Reumatologia, 50(5), 552-580.
5
6
7
Sistema Imunitário Joana Quelhas & Joana Martinho O sistema imunitário é uma organização de células e moléculas com funções especializadas na defesa contra agentes patogénicos. Este é responsável pelo impedimento da disseminação de infecções, habitualmente associadas com alto índice de mortalidade (Silverstein, 1989). Existem dois tipos fundamentalmente diferentes de respostas aos micróbios invasores. As respostas inatas (naturais) ocorrem na mesma extensão, independentemente do número de vezes que o agente infecioso é detetado, enquanto que, as respostas imunológicas adquiridas (adaptativas) melhoram com a exposição repetição a uma determinada infecção (Medzhitov, 1997). As respostas imunológicas inatas utilizam células fagocitárias (neutrófilos, monócitos e macrófagos), células que libertam mediadores inflamatórios (basófilos, mastócitos e eosinófilos), e células assassinas naturais. Os componentes moleculares das respostas inatas incluem proteínas de fase aguda e citocinas (Abbas., 2016).
As respostas imunológicas adquiridas envolvem a proliferação de células antígeno-específicas. Células especializadas exibem o antígeno aos linfócitos e colaboram com eles na resposta ao antígeno (Medzhitov, 1997).
O sistema imunitário pode parecer menos substancial do que um órgão como o coração ou o fígado. No entanto, em conjunto, a imunidade consome enormes recursos, produzindo um grande número de células das quais o organismo depende para funcionar devidamente. Após a infância, a maioria das células imunitárias são produzidas a partir da medula óssea. Algumas das células passam por uma educação secundária muito significativa antes de serem libertadas para patrulhar o corpo (Foster, 1970).
TRÊS NÍVEIS DE DEFESA Para estabelecer uma infeção, o agente patogénico deve primeiro superar inúmeras barreiras de superfície, como enzimas e muco, que são diretamente antimicrobianos ou inibem a fixação do micróbio. Como nem a superfície queratinizada da pele nem as cavidades do corpo revestidas de muco são habitats ideais para a maioria dos organismos, os micróbios devem romper o ectoderma. Qualquer organismo que ultrapasse essa primeira barreira encontra dois níveis adicionais de defesa, as respostas imunes inatas e adquiridas (Abbas, 2016).
RECONHECIMENTO IMUNE
Potencialmente, o corpo pode responder a quase tudo que pode ser ligado pelos receptores do sistema imunitário inato ou adquirido. Moléculas reconhecidas por receptores em linfócitos são genericamente chamadas de antígenos e podem variar de pequenas estruturas químicas a moléculas altamente complexas (Lasky, 1995). Anticorpos, moléculas solúveis, ligam-se firmemente a um alvo (antígeno) e sinalizam as células imunes. Os anticorpos são divididos em várias famílias diferentes, chamadas de isótipos, e a sua produção é um processo cuidadosamente regulado que envolve interações célula-célula que controlam quais anticorpos são produzidos (Novotny,1983).
8
Figura 1. Estrutura do anticorpo. Os desenhos de anticorpos são frequentemente desenhados em forma de Y, como na esquerda. Esta imagem representa uma molécula IgG (imunoglobulina), feita de duas cadeias pesadas idênticas (vermelho e azul) e duas cadeias leves idênticas (amarelo e verde). http://portlandpress.com/essaysbiochem/article-pdf/60/3/275/478686/bse0600275.pdf
Os anticorpos ativam o sistema imunitário com rapidez e especificidade. A sua sensibilidade excepcional facilita uma resposta rápida e direcionada, que pode interromper uma infecção antes que ela provoque qualquer sintoma (Novotny,1983). Os primeiros sinais solúveis, libertados no sangue em resposta à infecção, estimulam o aumento da produção de células na medula óssea e a libertação de fagócitos na circulação sanguínea, onde podem ser detetados como um sinal de infeção por exames de sangue que medem o número de glóbulos brancos. Essa mobilização precoce pode retardar a propagação de patógenos, prendendo-os localmente e dificultando seu crescimento (Tonegawa,1983).
Os anticorpos interrompem a transmissão dos vírus ligando-se às proteínas de superfície necessárias para a entrada na célula. As diferentes estratégias que os vírus usam para entrar nas células dependem do reconhecimento molecular específico. Interferir nesse processo de ligação específico interrompe o vírus nas suas trilhas. Esse tipo de neutralização também é eficaz contra toxinas proteicas, como a toxina da difteria, que se ligam a um receptor na superfície da célula como primeiro passo no seu ataque (Slifka, 1998)
Figura 2. A resposta imune adaptativa à infeção http://portlandpress.com/essaysbiochem/articlepdf/60/3/275/478686/bse0600275.pdf
Os anticorpos interrompem a transmissão dos vírus ligando-se às proteínas de superfície necessárias para a entrada na célula. As diferentes estratégias que os vírus usam para entrar nas células dependem do reconhecimento molecular específico. Interferir nesse processo de ligação específico interrompe o vírus nas suas trilhas. Esse tipo de neutralização também é eficaz contra toxinas proteicas, como a toxina da difteria, que se ligam a um receptor na superfície da célula como primeiro passo no seu ataque (Slifka, 1998) A resposta imune é fundamental para a defesa contra a maioria dos agentes infetantes. Nos últimos anos foram acumuladas evidências de que em muitas doenças infeciosas os principais aspectos patológicos não estão relacionados com uma ação direta do agente patogénico, mas sim com uma resposta imune anormal (Medzhitov, 1997). Figura 3. Visão geral do processo imunitário. Uma resposta imune passa por várias etapas. Começa por reconhecer que existe uma ameaça de uma infecção. A resposta é controlada e direcionada por uma série de mecanismos de verificação que otimizam o sistema em paralelo com mecanismos efetores que visam, limitam, danificam ou destroem a ameaça. Para conter o dano contínuo, o mecanismo regulador pode amortecer as respostas, promover a memória e estabelecer um estado de tolerância. http://portlandpress.com/essaysbiochem/articlepdf/60/3/275/478686/bse0600275.pdf
A imunidade funciona de forma coordenada para responder a inúmeras ameaças do ambiente. É essencial para uma boa saúde, desde o momento da concepção, quando o sistema imunitário da mãe começa a proteger o bebé em crescimento, até a velhice (Paul, 2015). À medida que a medicina progrediu, os médicos aprenderam lentamente como aplicar uma compreensão dos fundamentos da imunologia para reforçar e redirecionar a resposta imune, proporcionando maior proteção contra infecções e cancros. A imunoterapia vem melhorando a saúde humana, como a vacinação, e terá muito mais a contribuir no futuro (Paul, 2015). Bibliografia : Novotny J, Bruccoleri R, Newell J, Murphy D, Haber E, Karplus M. (1983) Molecular anatomy of the antibody binding site. J Biol Chem. Garcia KC, Teyton L, Wilson IA. (1999) Structural basis of T cell recognition. Annu Rev Immunol. Medzhitov R, Janeway CA Jr. (1997) Innate immunity: impact on the adaptive immune response. Curr Opin Immunol. Biron CA, Nguyen KB, Pien GC, Cousens LP, Salazar-Mather TP. (1999) Natural killer cells in antiviral defense: function and regulation by innate cytokines. Annu Rev Immunol. Lasky LA. (1995) Selectin-carbohydrate interactions and the initiation of the inflammatory response. Annu Rev Biochem. Porter RR. (1973) Structural studies of immunoglobulins. Science 1973.
Tonegawa S.(1983) Somatic generation of antibody diversity. Nature. Slifka MK, Ahmed R. (1998) Long-lived plasma cells: a mechanism for maintaining persistent antibody production. Curr Opin Immunol. Abbas, A.K., Lichtman, A.H. and Pillai, S. (2016) Basic Immunology: Functions and Disorders of the Immune System. Foster, W.D. (1970) A History of Medical Bacteriology and Immunology. Paul, W.E. (2015) Immunity, Johns Hopkins University Press, Baltimore. Silverstein, A.M. (1989) A History of Immunology, Academic Press, Cambridge.
9
A nutrição e o sistema imunológico João Galvão & Martim Raposo A nutrição é um determinante crítico das respostas imunes e a desnutrição a causa mais comum de imunodeficiência em todo o mundo. É aceite que a nutrição é um fator determinante das respostas imunes do organismo humano ( Beisel ,1982). Dados epidemiológicos e clínicos sugerem que as deficiências nutricionais alteram a imunocompetência e aumentam o risco de infeção. Falta de saneamento e higiene pessoal, superlotação, alimentos e água contaminados e inadequado conhecimento nutricional contribuem para essa suscetibilidade (Chandra, 1977). Vários estudos realizados nos últimos anos confirmaram que o comprometimento da imunidade é um fator crítico adjuvante na infeção associada à desnutrição. Este conceito aplica-se não apenas a crianças pequenas em países em desenvolvimento, mas também a todas as faixas etárias em todas as populações do mundo, incluindo idosos, pessoas com transtornos alimentares e pacientes com uma variedade de doenças debilitantes primárias (Serimshaw, Taylor, Gordon,1968).
DESNUTRIÇÃO PROTEICO-ENERGÉTICA A desnutrição energético-proteica está associada a um comprometimento significativo da imunidade mediada por células, função do fagócito, sistema complemento, concentrações secretoras de anticorpos de imunoglobulina A e produção de citocinas (Suskind, 1977). A deficiência de nutrientes individuais também resulta em respostas imunes alteradas: isso é observado mesmo quando o estado de deficiência é relativamente leve. Os micronutrientes, zinco; selênio; ferro; cobre; vitaminas A, C. E, B-6, e ácido fólico têm influências importantes nas respostas imunes. A supernutrição e a obesidade também reduzem a imunidade (Watson, 1984). Bebés de baixo peso ao nascer têm um comprometimento prolongado da imunidade mediada por células que pode ser parcialmente restaurado fornecendo quantidades extras de zinco na dieta. Nos idosos, a imunidade prejudicada pode ser aumentada por quantidades modestas de uma combinação de micronutrientes (Watson, 1984). A atrofia linfóide é uma característica dramática da desnutrição energético-proteica. O tamanho e o peso do timo são reduzidos. Histologicamente, há uma perda de diferenciação corticomedular; há menos células linfóides, e os corpos de Hassall são aumentados, degenerados e ocasionalmente calcificados. Essas alterações são facilmente diferenciadas dos achados na deficiência de imunidade primária (Keusch, Wilson, Waksal, 1983). No PEM, a maioria dos mecanismos de defesa do hospedeiro está prejudicada. As respostas cutâneas de hipersensibilidade tardia, tanto à recordação quanto a novos antígenos, estão marcadamente deprimidas. Não é incomum ter alergia completa a uma bateria de antígenos diferentes. Essas mudanças também são observadas em deficiências moderadas. As reações cutâneas são restauradas após terapia nutricional apropriada por várias semanas ou meses (Keusch, Wilson, Waksal, 1983).
10
A nutrição altera a capacidade dos linfócitos T de responder adequadamente às citocinas. Há pouco trabalho sobre o efeito da desnutrição na integridade das barreiras físicas, na qualidade do muco ou em várias outras defesas imunológicas inatas. Por exemplo, as concentrações de lisozima são diminuídas em grande parte como resultado da redução da produção de monócitos e neutrófilos e aumento da excreção na urina (Gershwin, 1984). A adesão de bactérias às células epiteliais é um primeiro passo essencial antes que a invasão e a infeção possam ocorrer. O número de bactérias que aderem às células epiteliais respiratórias é superior quando há PEM (Gershwin, 1984).
-A proporção de dois subgrupos de linfócitos T. Há uma redução acentuada na proporção de células indutoras auxiliares CD4+ em crianças desnutridas (P < 0,001). -As diferenças entre os dois grupos para células supressoras de citotoxie CD8+ são menos sinalizantes (P < 0,05). Chandra RK. (1990) McCollum Award Lecture. Nutrition and immunity: lessons from the past and new insights into the future.
O impacto da nutrição na imunidade levou a várias aplicações práticas. Estes incluem o uso de testes imunológicos como índices prognósticos em pacientes submetidos a cirurgia, o uso de métodos imunológicos para avaliar o estado nutricional e julgar a adequação da terapia nutricional, a melhoria da resposta imunológica e a eficácia protetora das vacinas.
Finalmente, este conhecimento permitiu o desenvolvimento de fórmulas alimentares com ingredientes seletivos em quantidades especificadas; essas fórmulas alimentares demonstraram reduzir o risco de infeção em modelos animais e em hospedeiros imunocomprometidos. Conclui-se que a nutrição e imunidade têm em conjunto uma influência significativa e crucial na saúde pública e na dieta clinica.
Bibliografia Beisel WR.(1982) Single nutrients and immunity. Chandra RK, Newberne PM.(1977) Nutrition, immunity and infection, Mechanisms of interactions, New York; Plenum. Chandra RK. (1990) McCollum Award Lecture. Nutrition and immunity: lessons from the past and new insights into the future Gershwin ME.(1984) Beach RS, Hurley LS. Nutrition and immunity. New York Keusch GT. Wilson CS. Waksal SD. (1983) Nutrition, host defenses, and the lymphoid system. Arch Host Defense Mech. Serimshaw NS. Taylor CE. Gordon JE.(1968) Interactions of nutrition and infection. Geneva; World Health Organization. Watson RR. (1984) Nutrition. disease resistance, and immune function. New York: Marcel Dekker.
11
Sistema Imunitário Um sistema imunitário que funcione corretamente desencadeia mecanismos de defesa sempre que é adicionado um sinal de perigo, sempre que é atacado por agentes estranhos, ou sempre que reconhece células próprias modificadas. O sistema imunitário defende-nos de inúmeros microrganismos patogénicos que potencialmente nos podem infetar. De entre todos, as bactérias e os vírus são os que têm mais frequência de nos infetar (Carrajola, Castro & Hilário, 2009).
Bactérias As bactérias (seres procariontes), apresentam uma célula simples na qual é possível observar um único cromossoma circular constituído por DNA sem histonas sempre associado a uma proteína. As bactérias possuem metabolismos próprios e a grande maioria não é patogénica. Podem originar uma infeção no hospedeiro facilmente, o que se deve essencialmente a dois fenómenos associados: a rapidez com que se reproduzem e a capacidade de produzirem substâncias com diferentes níveis de toxicidade (Carrajola, Castro & Hilário, 2009).
12
Martim Silva, Marcos Carvalho & Duarte Amorim
Vírus Os vírus não são considerados seres vivos pois não possuem uma maquinaria enzimática própria, ou seja, precisam de uma célula hospedeira para se expressarem. Os vírus introduzem o seu material genético na célula hospedeira que pode ser específica de um ser vivo. Assim o seu material genético (DNA ou RNA) quando chega ao interior do hospedeiro, inicia de imediato a expressão ou integra-se no material genético do mesmo, assegurando desta forma a ação dos ácidos nucleicos virais. Mais tarde forma cópias do vírus que sairão da célula para invadirem as outras células (Carrajola, Castro & Hilário, 2009).
Principais Constituintes do Sistema Imunitário:
Órgãos: Órgãos linfoides primários- medula óssea e timolocais onde se geram e/ou amadurecem os linfócitos (células que desempenham funções importantes nos mecanismos de defesa). Órgãos linfoides secundários- gânglios linfáticos, baço e tecidos linfoides associados às mucosas- locais onde ocorre a retenção de linfócitos e de substâncias infetantes (Carrajola, Castro & Hilário, 2009). Células: As células efetoras do sistema imunitário são glóbulos brancos ou células deles diferenciadas (Carrajola, Castro & Hilário, 2009).
Figura 1- Linfócito B
Figura 2- Gânglio linfático
De que maneira o sistema imunitário nos defende O sistema imunitário atua de duas formas distintas entre si: os mecanismos de defesa não específicos e os mecanismos de defesa específicos (Delves PJ, 2000)
Defesas não específicas/Inatas: -Barreiras físicas: pele, mucosas e flora normal. -Fagocitose -Resposta inflamatória -Febre -Sistema complemento -Interferão (Medzhitov R, 2000).
Defesas Específicas/Adquiridas A imunidade específica caracteriza-se pela sua especificidade e também pela memória (após uma primeira infeção, o organismo «memoriza-o» e num segundo ataque a resposta imunitária é muito mais rápida). As características desta imunidade são também a capacidade de distinguir o próprio do não próprio bem como a capacidade de atuar perante a diversidade de agentes infeciosos existentes. A imunidade específica desencadeia-se sempre que o sistema reconhece um antigénio (Abbas AK, 2003).
13
Imunidade Imunidade Não Específica: A resposta é independente do antigénio, por sua vez a resposta também é imediata e máxima. É não específica ao antigénio e a sua exposição ao agente patológico não resulta da memória imunológica (Medzhitov R, 2000).
Imunidade Específica/Adquirida: A resposta é dependente do antigénio, existe um período de latência entre a exposição e a resposta máxima. è específica ao antigénio e a sua exposição ao agente patogénico resulta da memória imunológica (Medzhitov R, 2000).
Bibliografia Abbas AK, Lichtman AH: Cellular and Molecular Immunology. 6th ed. Saunders 2003. Carrajola, C., Castro, M. J., Hilário, T. (2009). Planeta com Vida, biologia. Santillana. Barcarena Delves PJ, Roitt D. The Immune System – First of two parts. N Engl J Med 2000; 343:37-50. Medzhitov R, Janeway C Jr. Innate immunity. N Engl J Med 2000; 343:338-44.
14
BioHeitor Melhor Trabalho de Ciência no Concurso Nacional de Jornais Escolares 2020/2021
15
O sistema imunitário é constituído por uma rede de órgãos complexa, células e moléculas. Tem por finalidade manter a homeostase do organismo, combatendo as agressões em geral. A função imunológica tem sido conceitualmente dividida em imunidade inata e imunidade adaptativa (Cruvinel, et al., 2010). A imunidade inata é a defesa predominante durante os estágios iniciais da infecção e não requer uma experiência imunológica prévia (Carneiro, et al., 2009). O sistema inato é o mais ancestral em termos evolutivos. Efetua o patrulhamento de todos os tecidos reconhecendo os invasores através de padrões comuns e promove uma resposta inflamatória local relevante para o controlo da agressão e para a reparação dos tecidos (Sousa, 2020). As respostas inespecíficas estão presentes no local da infecção ou são ativadas rapidamente por numerosos estímulos e não aumentam pela exposição repetida ao mesmo agente etiológico (Carneiro, et al., 2009).
Figura 1 e 2- Ilustração de imunidade Fonte:http://popmed.net.br/2020/09/03/como-melhorar-a-imunidade-em-te mpos-de-pandemia-no-mundo/ http://fapes.net/medicina-saude/relacao-entre-vitamina-d-e-imunidade/
A imunidade inata é representada por barreiras físicas, químicas e biológicas, células especializadas e moléculas solúveis presentes em todos os indivíduos, independentemente de contacto prévio com imunógenos ou agentes agressores e não se altera qualitativa ou quantitativamente após o contato. As principais células efetoras da imunidade inata são: macrófagos, neutrófilos, células dendríticas e células Natural Killer (Cruvinel, et al., 2020). Os monócitos e macrófagos são células importantes na imunidade inata devido às suas características dinâmicas. Essas células fazem parte do sistema mononuclear e agranular, originam-se na medula óssea e modificam-se dependendo do tecido. Os monócitos são células antecessoras aos macrófagos, apesar disso as mesmas são excitadas pelos próprios macrófagos a migrarem para o sítio de inflamação. Essas células são jovens e não especializadas, os macrófagos ativados efetuam diversas funções que servem coletivamente para eliminar os micróbios ingeridos, produzindo uma espécie de oxigênio reativo e enzimas lisossômicas (Saturno, et al., 2015).
16
O sistema imunitário apresenta um papel importante na pandemia da COVID-19, pois está envolvido na patogénese e no agravamento da doença. O sistema imunitário inato corresponde à primeira defesa do organismo, porém é necessário um equilíbrio para obter efetividade contra o invasor sem afetar excessivamente o hospedeiro. Especula-se que a neutrofilia seja uma importante fonte para a formação excessiva de NET (Neutrophil Extracellular Traps), levando ao aumento da resposta inflamatória e evolução desfavorável da doença. As NET também estão associadas à tempestade de citocinas, outro mecanismo relacionado à gravidade da COVID-19. Por isso, estratégias que envolvam a imunomodulação podem ter um papel importante no controle desta doença (Sordi, et al., 2020).
Figura 3- Vírus
Figura 4- Coronavírus
Fonte: https://pixabay.com/
Fonte: https://theconversation.com/coronavirus-where-donew-viruses-come-from-136105
» TER UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
» TER HIGIENE
» PRATICAR EXERCÍCIO FÍSICO
» BEBER ÁGUA
BIBLIOGRAFIA Carneiro, D. M. V. F., Domingues, P. F., & Vaz, A. K. (2009). Imunidade inata da glândula mamária bovina: resposta à infecção. Ciência Rural, 39(6), 1934-1943. Cruvinel, W. D. M., Mesquita Júnior, D., Araújo, J. A. P., Catelan, T. T. T., Souza, A. W. S. D., Silva, N. P. D., & Andrade, L. E. C. (2010). Sistema imunitário: Parte I. Fundamentos da imunidade inata com ênfase nos mecanismos moleculares e celulares da resposta inflamatória. Revista Brasileira de Reumatologia, 50(4), 434-447. Saturno, R. D. S., Galdino Junior, L., Oliveira, Y. K. C. D., Santos, S. L. F. D., & Arraes, M. L. B. D. M. (2015). IMUNIDADE INATA: UMA REVISÃO DAS CARACTERISTICAS GERAIS DE MONÓCITOS E MACRÓFAGOS. Sordi, L. H. S., Magalhães, I. S. O., Casselhas, D. A., & Andrade, M. C. (2020). O Papel da Imunidade Inata na COVID-19. Revista Ciências em Saúde, 10(3), 5-8. Sousa, A. E. (2020). Imunologia. Revista de Ciência Elementar, 8(3).
17
mais de
1500
Seguidores
AEFHP
mais de
800
18
Seguidores
AEFHP
Imunidade COVID-19
Miguel Silva Cristiano Gaiola
Coronavírus é um vírus zoonótico, um RNA vírus da ordem Nidovirales, da família Coronaviridae. Os tipos de coronavírus conhecidos até o momento são: alfa coronavírus HCoV-229E e alfa coronavírus HCoV-NL63, beta coronavírus HCoV-OC43 e beta coronavírus HCoV-HKU1, SARS-CoV , MERS-CoV e SARSCoV-2, um novo coronavírus descrito no final de 2019 após casos registrados na China. Este provoca a doença chamada de COVID-19. (Lima, 2020)
Vacinas A vacina ChAdOx nCoV 19, mais conhecida pelo nome de seus desenvolvedores e produtores: a Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca (Oxford AstraZeneca), é produzida utilizando o modelo de vetor viral. (Knoll 2021).
A CoronaVac, Uma dose é composta por 0,5 mL cont
endo 600 SU do antígeno do vírus inativado SARS nCoV 2 cada e deve ser administrada via intramuscular.(Knoll 2021) A CoronaVac (desenvolvida por Sinovac Life Sciences, Pequim, China) é apresentada na forma de suspensão injetável, podendo ser monodose ou multidose (com duas ou com dez doses). Uma dose é composta por 0,5 mL contendo 600 SU do antígeno do vírus inativado SARS CoV 2 cada e deve ser administrada via intramuscular.(Oliver, 2020) Produzida pelo laboratório norte americano Pfizer, em parceria com o laboratório alemão BioNTech, a vacina Pfizer BioNTech COVID 19 (BNT162b2) é uma nanopartícula lipídica formulada, de mRNA modificada com nucleosídeo que codifica a glicoproteína de pico de pré-fusão do SARS CoV 2, causador da doença COVID 19. (Oliver, 2020).
Bibliografia de Sá Vilela Filho, A., Bianchetti, B. M., Peixer, C. M., Cordón, M. S., Rocha, M. D. O. F., & Vasconcelos, V. C. R. (2022). Vacinas para Covid-19: Uma revisão de literatura. Brazilian Journal of Development, 8(1), 1880-1901. 8, nº 1, pág. 1880-1901. Lima, C. M. A. D. O. (2020). Informações sobre o novo coronavírus (COVID-19). Radiologia Brasileira, 53, V-VI.
19
CATARINALOPES.LEONARDOVIEGAS.LUCASVALEZIM
IMUNIDADE –
O VÍRUS SARS-COV-2 A imunidade é um mecanismo de defesa do organismo que é ativado no combate a infeções provocadas por microrganismos ou outras substâncias estranhas de caráter hostil, designadas por agentes antigénios. O sistema imunitário é constituído por uma complicada rede de órgãos, células e moléculas, e tem por finalidade manter a homeostasia do organismo, combatendo as agressões em geral (Cruvinel et al., 2010).
Fig. 1 - Vetor do Coronavírus 2019ncov e Vírus Com Células Da Doença Covid19 Surto De Vírus Corona e Conceito de Risco de Saúde Médica
TIPOS DE IMUNIDADE A ciência considera dois tipos de imunidade são elas Imunidade Inata e Imunidade Adquirida. Imunidade Inata significa algo com a qual a pessoa nasce. Responde imediatamente aos invasores, sem precisar de aprender a reconhecê-los. A primeira defesa do organismo para enfrentar um dano dos tecidos envolve diversas etapas intimamente integradas e constituídas pelos diferentes componentes desse sistema (Cruvinel et al., 2010). Quando a imunidade inata não destrói em poucos dias o agente patogénico, o organismo ativa a chamada imunidade adquirida, que é mais específica e varia conforme as experiências do indivíduo com microrganismos patogénicos, criando uma memória imune. A imunidade adquirida é uma resposta imunológica que se desenvolve após a primeira exposição ao agente patogénico, que resulta na diferenciação e expansão dos linfócitos, com o objetivo de produzir anticorpos que mantêm a memória desde o primeiro contacto e, como resultado, numa exposição posterior a resposta imunitária é mais rápida e eficaz (Pierry, 2005). A imunidade adquirida envolve tanto anticorpos, produzidos pelas células ou linfócitos B – a chamada imunidade humoral – quanto aos linfócitos T, a imunidade celular (Delves e Roitt, 2000).
O vírus é uma minúscula partícula infeciosa que só se pode reproduzir se infetar uma célula hospedeira. São pacotes de ácido nucleico e proteína (Castelli et al., 2021). Os anticorpos do tipo imunoglobulina M (IgM) são produzidos na fase aguda da infeção e os do tipo imunoglobulina G (IgG) aparecem depois, quando em tese a pessoa já estaria protegida – para cada agente patogénico diferente que ataca o organismo são produzidos anticorpos (IgG, IgM etc.) específicos para aquele invasor. Existem, ainda, três outras classes de imunoglobulina: IgA, IgE e IgD. Dependendo do tipo de vírus, os níveis de IgG permanecem detetáveis por meses ou anos (Cruvinel et al., 2010).
20
Estudo de Caso – O VÍRUS SARS-CoV-2 (Lucas, C. et al, 2020) A primeira resposta do sistema imunitário contra a infeção pelo Sars-CoV-2, assim como por novos vírus e bactérias, vem da chamada imunidade inata, que é mais genérica e nasce com todo ser humano (Castelli et al., 2021). O novo coronavírus SARS-CoV-2, responsável pela doença Covid-19, foi identificado pela primeira vez em janeiro de 2020 na China, na cidade de Wuhan. Este novo agente nunca tinha sido previamente identificado em seres humanos, tendo causado um surto na cidade de Wuhan, que se disseminou em poucos meses à escala global. No caso do Sars-CoV-2 – algumas pesquisas apontaram que os níveis de IgG podem desaparecer em duas ou três semanas, em vez de permanecem detetáveis meses ou anos, como seria de esperar.
ESTUDO:
CONCLUSÕES:
observação da resposta imunológica ao vírus e a trajetória clínica de cada um.
é importante focalizar o controle do vírus, e também o controle da resposta inflamatória excessiva.
As duas principais conclusões foram a de que um quadro clínico mais grave está associado não só à carga viral mais intensa e prolongada, mas a uma disfunção da resposta imune, que num primeiro momento é mais lenta para controlar o Sars-CoV-2 e depois acaba ativando uma resposta inflamatória exagerada; e que há marcadores imunológicos presentes no sangue já na fase inicial da doença capazes de predizer a trajetória clínica.
COMO SE ADQUIRE IMUNIDADE?
CONCLUSÃO
AMOSTRA: 103 pacientes positivos para a Covid-19, comparando com 108 indivíduos para controle, negativos para a doença.
OBSERVAÇÕES:
As vacinas são uma forma eficaz de imunidade adquirida, conseguida pela administração de anticorpos específicos. A utilização de vírus atenuados é usada na vacinação em humanos há bastante tempo, como por exemplo no caso do sarampo, papeira e rubéola (Vilanova, M., 2020). Bibliografia Castelli, E. C., de Castro, M. V., Naslavsky, M. S., Scliar, M. O., Silva, N. S., Andrade, H. S., e Zatz, M. (2021). Immunogenetics of resistance to SARS-CoV-2 infection in discordant couples. medRxiv. Cruvinel, Wilson de Melo, et al. "Sistema imunitário: Parte I. Fundamentos da imunidade inata com ênfase nos mecanismos moleculares e celulares da resposta inflamatória." Revista Brasileira de Reumatologia 50.4 (2010): 434-447. Delves, P. J., e Roitt, I. M. (2000). The immune system. New England journal of medicine, 343 (1), 37-49. Lucas, C., Wong, P., Klein, J., Castro, T. B., Silva, J., Sundaram, M., e Iwasaki, A. (2020). Longitudinal analyses reveal immunological misfiring in severe COVID-19. Nature, 584 (7821), 463-469. Mesquita Júnior, Danilo, et al. "Sistema imunitário-parte II: fundamentos da resposta imunológica mediada por linfócitos T e B." Revista Brasileira de Reumatologia 50.5 (2010): 552-580. Pierry, A. G. (2005). Uma abordagem de detecção de intrusão inspirada no sistema imunológico humano e redes neurais artificiais. Vilanova, M. (2020). Vacinas e imunidade. Revista de Ciência Elementar, 8 (2).
A imunidade e a disseminação dos vírus estão intimamente ligados. Tanto a inata como a adquirida pretendem responder a agentes patogénicos nocivos ao organismo. Com o SARS- Cov-2 que provoca o COVID 19 não foi diferente, a comunidade científica a nível mundial, em 2 anos conseguiu dar uma resposta para tentar obter imunidade através de vacinas. No entanto, esta imunidade global ainda está longe de ser adquirida devido à falta de administração de forma igualitária à escala global.
21
SARS-COV-2 COVID-19 Leonor Vicente & Mariana Morais
INFORMAÇÃO SARS-CoV-2, o agente casual do COVID-19, surgiu pela primeira vez no final de 2019 na China. Desde então infetou mais de 870,000 indivíduos e causou mais de 43,000 mortes em todo o mundo (Amanat & Krammer,2020).
De acordo com Neto et al (2020), a infecção por SARS-CoV-2 é causada pela ligação da proteína spike da superfície viral ao receptor da enzima conversora de angiotensina 2 (ECA-2) humana após a ativação da proteína spike pela protease serina 2 transmembrana (TMPRSS2).
Figura 1- http://blog.cardioaula.com.br/artigos-cardiologia/posicionamentoda-sbc-sobre-uso-de-antiplaquetarios-e-anticoagulantes-no-contexto-decovid-19/
22
SINTOMAS Sintomas mais comuns: febre tosse cansaço perda de paladar ou olfato Sintomas menos comuns: dores de garganta dor de cabeça tensão e dores musculares diarreia irritações na pele ou descoloração dos dedos das mãos ou dos pés irritação ou vermelhidão ocular Sintomas graves: dificuldade respiratória ou falta de ar perda da fala ou capacidade motora, ou confusão dor no peito
PREVENÇÕES Vacinar-se quando uma vacina adequada estiver disponível. Manter uma distancia segura Usar uma máscara devidamente ajustada quando o distanciamento físico não for possível ou quando estiver em ambientes mal ventilados. Escolher espaços abertos e bem ventilados em vez de fechados. Abrir uma janela se estiver dentro de casa. Lavar as mãos regularmente com água e sabão ou limpar com álcool em gel. Cubrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar. Se sentir sintomas, ficar em casa e isolar se até recuperar.
VACINAS As vacinas funcionam com as defesas naturais do nosso corpo para que este esteja pronto para combater o vírus se formos expostos.
De acordo com FIilho et al (2021), existem diversas tecnologias de vacinas possíveis em todo o mundo em diferentes estágios de desenvolvimento, as quais apresentam uma ampla gama de tecnologias, como: RNA mensageiro, baseado em DNA, nanopartículas, partículas sintéticas e modificadas como vírus, entre outras
A pandemia COVID-19 tem nas vacinas a esperança mais promissora e ansiosamente esperada. A garantia de imunidade nos permitirá menor preocupação com o distanciamento social e todas as suas grandes implicações socioeconômicas ( Lima et al, 2021)
A pandemia de COVID-19 vem produzindo repercussões não apenas de ordem biomédica e epidemiológica em escala global, mas também repercussões e impactos sociais, econômicos, políticos, culturais e históricos sem precedentes na história recente das epidemias. Dessa forma, será de extrema relevância que se tenha um plano nacional de vacinação para organizar toda a logística de execução da campanha, visando a que ela seja exitosa independentemente de que instrumentos ou fontes de recursos sejam utilizados para a aquisição de todos os tipos de vacinas que estarão disponíveis no território nacional ( Domingues, 2021).
BIBLIOGRAFIA Amanat, F., & Krammer, F. (2020). SARS-CoV-2 vaccines: status report. Immunity, 52(4), 583-589. Figueiredo Neto, J. A. D., Marcondes-Braga, F. G., Moura, L. Z., Figueiredo, A. M., Figueiredo, V. M., Mourilhe-Rocha, R., & Mesquita, E. T. (2020). Doença de Coronavírus-19 e o Miocárdio. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 114, 1051-1057. Lima, Eduardo Jorge da Fonseca, Amalia Mapurunga Almeida, and Renato de Ávila Kfouri. "Vacinas para COVID-19-o estado da arte." Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil 21 (2021): 13-19. https://www.who.int/health-topics/coronavirus#tab=tab_3 da Paz Silva Filho, P. S., de Sousa Silva, M. J., Júnior, E. J. F., Rocha, M. M. L., Araujo, I. A., de Carvalho, I. C. S., ... & Mesquita, G. V. (2021). Vacinas contra Coronavírus (COVID-19; SARS-COV-2) no Brasil: um panorama geral. Research, society and development, 10(8), e26310817189-e26310817189. Domingues, C. M. A. S. (2021). Desafios para a realização da campanha de vacinação contra a COVID-19 no Brasil. Cadernos de Saúde Pública, 37.
23
24
25
Vacinação COVID-19 Sofia Sá Introdução ao tema: Os coronavírus são um diferenciado conjunto de vírus com capacidade de provocar infeção em distintos animais e com consequente infeção respiratória leve ou grave nos humanos quando transmitidos a estes. Em dezembro de 2019, em Wuhan (China), surgiu uma nova síndrome respiratória aguda grave provocada pelo coronavírus 2, denominada SARS- CoV-2, que provoca a doença atualmente mais discutida em todo o mundo devido à sua elevada transmissibilidade: doença coronavírus 2019, ou COVID-19 (Silva & Almeida, 2021, referindo Hu, 2020). A infeção pode ser assintomática ou apresentar uma diversa gama de sintomas, desde ligeiros (tosse seca e febre) a graves na doença fulminante (dispneia, sépsis e infiltração pulmonar bilateral) e inclusive tornar-se fatal. Cerca de 5 a 20% dos doentes com COVID-19 que necessitam de cuidados hospitalares apresentam sintomatologia grave e carecem de cuidados intensivos. (Wiersing,2019). As vacinas são um estratagema de prevenção de infeções bastante eficaz, compostas por várias substâncias sensibilizadoras do organismo que produzem respostas imunitárias eficientes. Podem ser clássicas com vírus inativados, atenuados ou partículas semelhantes a vírus ou de próxima geração com RNA, DNA ou vetores. Como representado na figura 1, estas podem ser divididas em clássicas, que englobam vacinas de vírus inativado, atenuado, de subunidades e partículas semelhantes a vírus (VLPs); ou de Próxima-Geração, que contemplam as vacinas de vetor viral e nucleicas (DNA e RNA). Os coronavírus possuem um genoma de RNA de cadeia simples com sentido positivo, de elevado tamanho (30 kb), composto por um nucleocapsídeo helicoidal (N) e um envelope externo composto pela proteína de matriz (M), proteína de envelope (E) e proteínas de pico (S, spike), que contém o domínio de ligação ao recetor (RBD) responsável pela ligação à enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2) e consequente entrada na célula. A proteína S (spike), é o principal antigénio-alvo para o desenvolvimento de vacinas pelo fato de conseguir induzir anticorpos neutralizantes, comparando com todas as proteínas estruturais (Silva & Almeida, 2021, referindo Koirala, 2020). Desde o surgimento da SARS-CoV-2 tem existido uma exponencial dedicação na elaboração de estratégias que consigam evitar a disseminação do COVID-19 e o desenvolvimento de medicamentos e vacinas seguras e eficazes (Filho, et al, 2022).
Figura 1 - representação das distintas plataformas de vacinas clássicas e de uma última geração utilizadas contra SARS-Cov-2. Fonte: Modificado de Karpinski et al. (2021)
26
Tipos de Vacinas: Nos dias de hoje já existem várias farmacêuticas com potenciais vacinas contra a COVID-19 em desenvolvimento nas diversas etapas do processo. Algumas ainda em ensaios clínicos enquanto outras já se encontram em distribuição e aplicadas na comunidade. Existem diferenciadas estratégias que podem ser consideradas para a vacinação contra SARS-CoV-2, sendo que todas se regem pela necessidade de segurança e eficácia contra a doença coronavírus-19 (Silva & Almeida, 2021, referindo Wang, 2020).
Vacinas clássicas: Vacinas inativadas e vacinas vivas atenuadas: A maioria das vacinas virais atualmente autorizadas e aplicadas em humanos consiste em vírus inativado ou atenuado e usam todo o vírus como alvo da vacina, descritas como vacinas de vírus “morto”. Existem várias limitações associadas a esta estratégia, no entanto, prevalecem por serem os tipos de vacinas mais imunogénicas (Silva & Almeida, 2021, mencionando Dai & Gao, 2020).
Vacinas de subunidades e Vacinas de partículas semelhantes a vírus (VLPs): As vacinas de subunidades de proteínas compreendem apenas peptídeos ou proteínas virais chave que podem ser fabricados in vitro em células de mamíferos, insetos, leveduras, mas principalmente em bactérias. Por ser uma vacina recombinante com nanopartículas permite uma resposta mediada por anticorpos mais forte do que vacinas de ácidos nucleicos ou vetoriais. No entanto, possuem reduzida imunogenicidade, necessitando de um adjuvante (Silva & Almeida, 2021, referindo Yoo J-H et al, 2021).
Vacinas Próxima-geração: Vacinas de ácidos nucleicos: As vacinas de ácidos nucleicos, como DNA e mRNA, destacam-se imediatamente das restantes pela possibilidade de fabrico contra patógenos emergentes como a SARS-CoV-2 de forma muito rápida. Nas vacinas de DNA, plasmídeos de DNA recombinantes codificam antigénios virais por tradução sequencial em células hospedeiras e permitem indução de células T e produção de anticorpos. Em oposição, as vacinas de mRNA produzem antigénios virais no citoplasma por tradução direta de proteínas in vivo ao serem sintetizadas por transcrição in vitro. Representam uma alternativa promissora relativamente às vacinas convencionais pela possibilidade de rápida elaboração, elevada potência e baixo custo de fabrico, mas que suscitam duvidas quanto à segurança e eficácia devido às propriedades físico-químicas que influenciam a transferência celular (Silva & Almeida, 2021, citando Dai & Gao, 2020).
Vacinas vetoriais: As vacinas de vetor são vírus recombinantes vivos projetadas para transportar um gene ou antigénio relevante do vírus a partir de um vírus portador como o pox ou adenovírus aos tecidos do hospedeiro alvo. O vetor imita a infeção causada pelo vírus autêntico o que permite uma resposta imune celular mais forte que a vacina recombinante, mas pode causar eventos adversos pelo que a atenuação é essencial para a segurança da vacina (Silva & Almeida, 2021, referindo Karpinski et al, 2020). As Vacinas Comirnaty® e a Moderna®, utilizam ácido ribonucleico mensageiro (mRNA) veiculado em nanopartículas lipídicas, que entra nas células do hospedeiro induzindo-as a codificar transitoriamente a proteína S (Spike) do vírus SARS-CoV-2, o que vai induzir uma resposta imunitária humoral e celular. As outras duas vacinas, Vaxzevria® e a Janssen® possuem um adenovírus recombinante, não replicante, modificado de modo a induzir a expressão local transitória da glicoproteína S do vírus SARS-CoV-2, estimulando a produção de anticorpos e a resposta imunitária celular (Ordem dos Farmacêuticos, 2021). As vacinas são uma estratégia de prevenção de infeções bastante eficaz. São compostas por várias substâncias que sensibilizam o organismo, através do sistema imunitário, e o capacitam para respostas de defesa eficientes BIbliografia: Filho, A. S. V., Breno, M. B., Carolina, M.P., Matheus, S. C., Mayara, O. F. R., Vinicius, C. R. V. (2022). Vacinas para Covid-19: Uma revisão de literatura. Acedido em abril 28,2022: https://www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/article/view/42433 Ordem dos Farmacêuticos. Acedido em maio 03, 2022 https://www.ordemfarmaceuticos.pt/pt/artigos/vacinas-contra-a-covid-19-aprovadas Silva, T., Almeida, E. (2021) .SARS-COV-2 Vaccines: Main Characteristics and Future Perspectives- Literature review. Acedido em abril 04,2022 em: https://repositorio.ipcb.pt/handle/10400.11/757 Wiersinga, W.J., Rhodes, A., Cheng, A.C., Peacock, S.J., Prescott, H.C. (2020). Pathophysiology, Transmission, Diagnosis, and Treatment of Coronavirus Disease 2019 (COVID-19). Acedido em Abril 12, 2022: https://jamanetwork.com
27
A IMUNIDADE - PAPILOMAVÍRUS HUMANO Beatriz Santos & Daniela Maia
INTRODUÇÃO [1]:
•
O HPV é responsável pela doença sexualmente transmissível mais comum do planeta e estima-se que pelo menos 75% da população sexualmente ativa já tenha sido exposta ao vírus [2].
•
Apesar de este vírus ser capaz de acometer homens e mulheres, ainda existem poucas informações a respeito da infeção em indivíduos do sexo masculino [3]. Estudos indicam que o homem pode ser um importante agente transmissor e propagador do vírus, contribuindo indiretamente para o alto número de neoplasias cervicais. Além disso, tal como acontece com as mulheres, os homens podem experimentar significativa morbidade e potencial mortalidade nas doenças relacionadas ao HPV [4].
COMO SE TRANSMITE/SISTEMA IMUNITÁRIO [5]:
•
•
•
•
28
Para que se desenvolva a infeção, o vírus deve integrar o seu material genómico no hospedeiro a fim de conseguir replicar-se. Desta forma, o vírus do papiloma humano necessita de infetar as células basais do epitélio escamoso (células estaminais). Assim, o vírus começa por infetar as células basais que são indiferenciadas, e só depois produz novas partículas virais em células diferenciadas nas camadas superiores do epitélio [6]. As células basais não se encontram, no entanto, à superfície, pelo que o vírus tem de ser capaz de infetar células das camadas superiores, por exemplo através de micro lesões, para chegar até às basais [7]. Depois de se ter estabelecido a lesão, estas células podem entrar em ciclo celular, quer seja para promover a proliferação celular, ou para proporcionar a reentrada em ciclo celular nas camadas mais superiores do epitélio, e com isto, assegurar a amplificação genómica [8]. Normalmente as infeções costumam ser eliminadas pelas células do sistema imunitário, apesar de os tipos de HPV 16 e 18 demorarem mais tempo a ser erradicados, permanecendo mais tempo no organismo comparando com outros HPVs de alto risco. A erradicação da doença conta com a resposta imunitária por determinadas células especializadas e por conseguinte dá-se a inativação de genes virais [5]. [19] Modelos esquemáticos das várias etapas de infeção, regressão, latência e reativação
Porém, muitas infeções por HPV não são detetadas pela resposta imunitária inata, uma vez que o ciclo replicativo é intraepitelial e por isso não gera virémia, nem lise celular ou apoptose, assim como também não está associada a uma resposta inflamatória. O tempo entre o início da infeção e o aparecimento de lesões nem sempre é constante e pode levar semanas ou até mesmo meses, o que demonstra que o vírus consegue fugir ao sistema imunitário do hospedeiro [5]. Desta forma, compreende-se que o vírus é muito eficiente em evitar o reconhecimento pelo sistema imunitário [9], através da supressão da resposta mediada por citocinas pró-inflamatórias, nomeadamente do interferão do tipo I, pelo comprometimento dos queratinócitos em despoletar uma resposta inata, uma vez que, em condições normais, os queratinócitos conseguem detetar patógenos assim como conseguem responder à lesão celular, promovendo a resposta imunitária [10]. Por fim, se o vírus for capaz de escapar ao sistema imunitário durante bastante tempo, pode desenvolver-se cancro invasivo. Um estudo provou que doentes que desenvolveram cancro do colo do útero têm uma diminuída ou até mesmo inexistente capacidade de resposta por parte dos linfócitos T face aos antigénios virais [11][12].
CONSEQUÊNCIAS [13]:
•
O cancro do colo do útero é o cancro mais comum relacionado com o HPV, com cerca de 570.000 novos casos e 311.000 mortes em 2018 [14]. Na maioria dos estudos epidemiológicos, dois α-HPVs de "alto risco", HPV16 e HPV18, são responsáveis por aproximadamente 70% dos cancros do colo do útero [15] . A infeção pelo HPV também está associada a cancros não anogenitais, sendo o ADN integrado do HPV detetável em cerca de 60% dos cancros orofaringe (OPC) [16]. Curiosamente, embora a incidência de outros cancros da cabeça e pescoço tenha diminuído nas últimas três décadas, a incidência de OPC está a aumentar em todo o mundo [16]. Isto pode estar associado ao risco aumentado de infeção por HPV oral sexualmente adquirido.
[20] Progressão oncogénica do cancro do colo do útero
PREVENÇÃO [1]: VACINAÇÃO:
• •
•
Atualmente estão disponíveis duas vacinas para vacinação de meninas entre 11 e 15 anos de idade e para mulheres entre 16 e 26 anos de idade que não tenham sido previamente vacinadas. A vacinação em homens ainda é discutida e um dos seus objetivos seria uma maior redução da incidência de cancro cervical e seus precursores, uma vez que reduziria as chances de um homem infetado transmitir o vírus. As vacinas contra o HPV são preparadas a partir de partículas semelhantes aos vírus, produzidas por tecnologia recombinante. Ensaios clínicos demonstraram que as vacinas são altamente imunogénicas, seguras e bem toleradas e bastante eficazes na prevenção de infeções incidentes e persistentes, incluindo o desenvolvimento de lesões pré-malignas. Por outro lado, apesar das atuais vacinas serem eficazes na prevenção de lesões pré-neoplásicas causadas pelo HPV, estudos clínicos indicam que elas não têm efeito terapêutico, ou seja, indivíduos já infetados com tipos oncogénicos ainda estão em risco de desenvolver cancro.
Outros tipos de prevenção são o uso de preservativo durante as relações sexuais e a circuncisão masculina; um estudo realizado com 5.534 pacientes em Uganda mostrou que a circuncisão reduziu significativamente a prevalência de infeções pelo HPV com eficácia de 35%.
TRATAMENTOS [1]:
•
Dentro dos métodos não invasivos disponíveis atualmente, existe uma toxina com chamada podofilina [16] e o ácido tricloroacético, um agente cáustico que combate verrugas anogenitais por meio do contato [17]. Um dos métodos invasivos mais confiáveis para a remoção de lesões únicas ou múltiplas na região infetada por HPV em homens é o método cirúrgico. O tratamento com laser apresenta eficácia entre 60% e 77%, no entanto é um método de custo elevado e que pode libertar DNA viral na vaporização das lesões durante o procedimento [18]. A criocirurgia é outra medida utilizada em verrugas genitais, levando à necrose da epiderme e, ocasionalmente, da parte superior da derme. É um método fácil, acessível e sem complicações graves, porém a recorrência das verrugas, segundo alguns autores, é de até 75% dos casos [17].
BIBLIOGRAFIA
É possível encontrar a bibliografia aqui. [19] e [20] Gravitt P. E. (2011). The known unknowns of HPV natural history. The Journal of clinical investigation, 121(12), 4593–4599. https://doi.org/10.1172/JCI57149 29