BioHeitor N.º15 NOVEMBRO 2022

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BioHeitor REVISTA ESCOLAR DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA BIOLOGIA 12ºANO CONTROLO HORMONAL INFERTILIDADE MÉTODOS CONTRACETIVOS REPRODUÇÃO HUMANA N . º 1 5 N O V E M B R O 2 0 2 2
F I C H A T É C N I C A : Título: BioHeitor Edição: Número 15 IdeiaoriginaleCuradoria: Mónica Ramôa monica ramoa@sapo pt (+351) 965 103 989 Logótipo: Mélanie Matthey-Doret e Simão Gonçalves Capa: José Pedro Fernandes Fotografiacapa: Elena Έλενα Kontogianni Κοντογιάννη por Pixabay Apoiotécnicodigital/informático: Sílvia Martins e José Pedro Fernandes Responsávelcientífico-pedagógico: Mónica Ramôa Entidaderesponsável: Escola Secundária Frei Heitor Pinto www.aefhp.pt (+351) 275 331 228 gabinete-diretor@aefhp pt Autores: Afonso Galvão, Ana Rita Sardinha, Augusto Meyrer, Beatriz Amaro, Beatriz Proença, Beatriz Taborda, Beatriz Dias, Bruna Passarinha, Carolina Antunes, Carolina Rato, Duarte Nunes, Francisca Aleixo, Francisco Sousa, Guilherme Silva, Hassan Youssef, Henrique Laia, Inês Freire, Inês Pinto, Isabella Mesquita, Joana Magalhães, João Nuno, Leonardo Russo, Leonor Duarte, Mafalda Gaudêncio, Mafalda Marques, Manuel Silva, Maria Freches, Maria Silva, Maria Manuel Silva, Mariana Massano, Martim Santos, Matilde Alves, Nicole Passarinha, Ricardo Nunes, Rita Lucas, Rodrigo Alves, Rodrigo Sequeira, Rosário Delgado, Sofia Gonçalves Local: ESFHP - Covilhã Data: Ano letivo 2022/2023 – Novembro 2022
Sexualidade Francisco Sousa, Joana Magalhães e Rita Lucas Controlo hormonal Guilherme Silva e Isabella Mesquita Controlo hormonal Carolina Rato e Matilde Alves Controlo hormonal Maria Manuel Silva e Manuel Silva Métodos contracetivos Inês Freire e Mafalda Marques Métodos contracetivos Beatriz Taborda e Beatriz Silva Métodos contracetivos Leonor Duarte e Carolina Antunes Desenvolvimento embrionário Bruna Passarinha e Ricardo Nunes Gestação de substituição Beatriz Dias, Mafalda Gaudêncio e Maria Freches Impacto dos microplásticos na fertilidade Augusto Meyrer, Hassan Youssef e Rodrigo Alves Infertilidade Nicole Passarinha, Rodrigo Sequeira e Rosário Delgado Infertilidade Afonso Galvão e Maria Silva Infertilidade humana Ana Sardinha, Beatriz Amaro e Mariana Massano A infertilidade e a reprodução medicamente assistida Henrique Laia, João Nuno e Martim Santos Tipos e questões bioéticas da reprodução medicamente assistida Leonardo Russo, Inês Pinto e Sofia Gonçalves Índice 4 6 8 10 11 12 15 16 18 20 23 24 26 28 32
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BioHeitor Melhor Trabalho de Ciência no Concurso Nacional de Jornais Escolares 2020/2021 2021/2022 5

CONTROLO HORMONAL CONTROLO HORMONAL

Guilherme Silva & Isabella Mesquita

“Na espécie humana, a reprodução é controlada pelo sistema nervoso e hormonal através do complexo hipotálamo-hipófise O sistema nervoso, e em especial o hipotálamo, influencia uma glândula endócrina situada na sua base, a hipófise, também denominada pituitária Os sistemas reprodutores feminino e masculino são controlados pelo sistema nervoso e hormonal (hipotálamo e hipófise)” (Carrajola, et al, 2009, pp 27)

Hipotálamo

Hipófise posterior Hipófise anterior

O sistema nervoso, para além dos neurónios, é também constituído pelo hipotálamo que se encontra ligado ao lobo posterior da hipófise que produz hormonas (hipotalâmicas) que estimulam a hipófise ou pituitária, que é uma glândula endócrina localizada na base do encéfalo (centro do sistema nervoso em todos os animais vertebrados). As gonodrotopinas, são hormonas produzidas na hipófise, onde controlam a síntese da maior parte das hormonas produzidas nas gónadas (órgãos onde os organismos multicelulares produzem as células sexuais (gametas), necessários para a sua reprodução). As hormonas segregadas pelas gónadas podem ser agrupadas em três grandes grupos que são os androgénios, os estrogénios e as progestinas, todos de natureza esteroide (Moreira, 2015)

Controlo hormonal masculino

A produção de testosterona (principal hormona masculina) nas células de Leydig encontradas nos testículos, acontece ainda no desenvolvimento embrionário, promovendo assim a diferenciação dos órgãos sexuais masculinos por ação da hormona hipofisária LH (Lúteo-estimulina ou do inglês luteinizing hormone) (moreira, 2015)

Na etapa de vida da infância masculina, não há qualquer mudança relativa a nível reprodutor, pois os níveis desta hormona mantêm-se baixas Já durante a puberdade, os níveis de testosterona aumentam, causando assim o desenvolvimento dos órgãos sexuais primários, dos caracteres sexuais secundários e o início da espermatogénese que será produzida de forma contínua (Carrajola, et al, 2009)

Os níveis de testosterona no sangue são controlados pelo funcionamento do hipotálamo e da hipófise, num mecanismo de feedback negativo da testosterona e da inibina, produzidas nas células de Sertoli (Moreira, 2015).

Figura1 Sistemadefuncionamentodohipotálamoedahipófiseatravésderetroacção negativadatestosteronaedainibina htps:/wkciencascasadascencasorgwk ndexphp/Regua%C3%A7%C3%A3oHormona dosSsema sReprodutores 6

A mulher, ao longo da sua vida, vai apresentando diferentes ciclos hormonais que dão início na puberdade e que se estendem até á menopausa, que é quando a ciclicidade acaba Os diferentes períodos do ciclo hormonal feminino são definidos sob o estímulo hipofisário, havendo assim as libertações dos hormônios femininos através dos ovários O ciclo biológico feminino contém hormônios bastante importantes, o estrogênio e a progesterona, porque determinam as características secundárias, a libertação do óvulo, manutenção da gestação e do comportamento feminino (Selbac, et al, 2018)

No sistema reprodutor feminino encontram-se dois ciclos, que são eles o ciclo ovárico e o ciclo uterino ou menstrual, que duram em média 28 dias. Funcionam de forma cíclico, já que no organismo feminino apenas se formará um oócito, diferente do sistema reprodutor masculino que funciona de forma continua (Carrajola, et al, 2009)

O funcionamento cíclico dos ovários e do útero acaba até ao esgotamento dos folículos ováricos, entre os 45 e 55 anos (menopausa), já que nesta altura não existe folículos para a produção das hormonas sexuais, progesterona e estrogénio (Carrajola, et al, 2009).

No ciclo ovárico existem duas fases que são a fase folicular e a fase luteínica, influenciadas pelas hormonas FSH E LH (Carrajola, et al, 2009)

Na fase folicular, pode ser estimulado a formação de cerca de 15 a 20 folículos (por influência da hormona FSH), no entanto apenas um destes atinge a maturação enquanto os restantes degeneram (Moreira, 2015).

A fase luteínica inicia-se após a ovulação com a formação do corpo lúteo, que degenera caso não haja fecundação (Moreira, 2015)

No ciclo uterino ou menstrual existem três fases, a fase menstrual, a fase proliferativa e a fase secretora, controladas pelas hormonas estrogénios e progesterona (Moreira, 2015)

A fase secretora ocorre em simultâneo com a fase ovárica luteínica Após a ovulação o endométrio, altamente vascularizado, atinge cerca de 5 a 6 mm de espessura e desenvolve glândulas que segregam um muco rico em glicogénio, preparando-se para receber o embrião caso tiver ocorrido fecundação (Moreira, 2015)

A fase menstrual acontece devido a diminuição dos níveis de estrogénios e de progesterona no sangue dando-se a descamação da parede uterina, consequência de uma diminuição do corpo lúteo (isto tudo caso não ocorra fecundação) A menstruação são restos de mucosa que se juntaram a uma hemorragia que foi provocada pela rutura de vasos sanguíneos que irrigam o útero causando a destruição da maior parte do endométrio (Carrajola, et al, 2009)

A fase proliferativa ocorre em simultâneo com a fase ovárica folicular Nesta fase há aumento dos estrogénios na fase folicular o que provoca a regeneração do endométrio, tendo uma maior espessura (de cerca de 3 a 4 mm) e maior vascularização (Carrajola, et al, 2009).

Bibliografia:

·Moreira, C., (2015) Regulação Hormonal dos Sistemas Reprodutores

·Carrajola,C., Castro, M.J. e Hilário, T. (2009). Planeta com vida. Carnaxide: Santilha/Constancia editora

·Selbac, M. T., Fernandes, C. G. C., Marrone, L. C. P., Vieira, A. G., Silveira, E. F. e Morgan-Martins, M.I. (2018) Mudanças comportamentais e fisiológicas determinadas pelo ciclo biológico feminino – climatério à menopausa

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Controlo hormonal feminino

C O N T R O L O H O R M O N A L

A reprodução, nos seres humanos, é controlada pelo sistema nervoso e hormonal através da comunicação do complexo hipotálamo-hipófise e das gónadas. As hormonas segregadas pelas gónadas têm natureza esteroide e são produzidas quer pelo homem quer pela mulher (Moreira, 2015)

FEMININO

F E M I N I N O

A regulação hormonal na mulher é mais complexa e bastante diferente da do homem O desenvolvimento embrionário dos órgãos sexuais primários é estimulado pelos estrogénios, estes na puberdade são responsáveis pela evolução dos carateres sexuais secundários, como por exemplo a regulação do ciclo sexual O sistema reprodutor feminino funciona por sincronização dos ciclos ovárico e uterino (Moreira, 2015)

Em relação à espermatogénese, a oogénese e fenómenos associados ocorrem em ciclos periódicos de 28 dias, desde a puberdade até à menopausa (Moreira, 2015). A oogénese é o conjunto de processos que assimila o desenvolvimento e diferenciação das células germinativas primordiais até à formação e fecundação do oócito II (Adona et al, 2015)

Figura 1- representação dos ciclos ovárico e uterino

No ciclo ovárico ocorre a maturação de um folículo, em duas fases distintas separadas pela ovulação sendo elas a fase folicular e a fase lútea, influenciadas pelas hormonas hipofisárias FSH e LH (Moreira, 2015)

Na fase folicular, alguns folículos primordiais desenvolvem-se, mas geralmente apenas um atinge a maturação enquanto os outros se degeneram (Moreira, 2015)

A fase lútea, que acontece após a ovulação, é iniciada pela formação do corpo lúteo que retoma na ausência da fecundação (Moreira, 2015).

O ciclo uterino, relaciona-se com as modificações do endométrio do útero que são introduzidas pelas hormonas ováricas. Estas alterações subdividem-se em três fases: fase menstrual, fase proliferativa e fase secretora (Moreira, 2015)

Se não ocorrer fecundação, na fase menstrual, o corpo lúteo atrofia, impedindo a produção de progesterona e estrogénio, o que irá provocar a desagregação da maior parte da camada funcional do endométrio, ocorrendo hemorragias (menstruação) (Moreira, 2015).

A regulação hormonal dos ciclos ocorre de forma a que o crescimento do folículo e a ovulação estejam sempre sincronizados Quando há fecundação do oócito II são envolvidas as hormonas hipotalâmicas como a RH ou GnRH, hipofisárias como a LH e a FSH e as ováricas como os estrogénios e a progesterona (Moreira, 2015).

C a r o l i n a R a t o e M a t i l d e A l v e s
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A principal hormona masculina é a testosterona, produzida durante o desenvolvimento embrionário Esta hormona é produzida pelas células de Leydig através da hormona hipofisária lúteo-estimulina LH, que é responsável pela diferenciação e desenvolvimento dos órgãos sexuais O sistema hormonal masculino tem um controlo por feedback negativo da testosterona e da inibina sobre o hipotálamo e a hipófise. (Moreira, 2015)

As hormonas que se destacam são a FSH e a LH. O hipotálamo, por sua vez produz as designadas hormonas de libertação, RH ou GnRH, que atuam na hipófise estimulando a produção da FSH e LH (Moreira, 2015)

Quando atingida a puberdade os níveis de testosterona aumentam fazendo com que sejam desenvolvidos os órgãos sexuais primários e secundários e dá-se o início da espermatogénese (Moreira, 2015)

Espermatogénese- É um processo no qual ocorre a formação de espermatozoides, dentro dos túbulos seminíferos, a partir de células germinativas percursoras

Figura 2- Mecanismos na regulação hormonal masculina (Casa das ciências)

Os espermatogónios dividem-se por mitose e formam novos espermatogónios (multiplicação). Estes aderem as paredes dos túbulos seminíferos, onde maturam e por mitose se transformam em espermatócitos (crescimento), sofrendo uma sequência de meioses originando espermatídios (maturação), que sem sofrer divisões se transforma em espermatozoides, ocorrendo um processo de diferenciação celular (Becher et al, 2019)

Bibliografia

MASCULINO
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Moreira, C. (2015). Regulação Hormonal dos Sistemas Reprodutores. Revista de Ciência Elementar, 3(3). Becher, R , do Espírito Santo, R , Muhlenhoff, B , Estegges, J J , De Souza, D D , Prudente, F M A N A , & Igreja, P. C. (2018). ESPERMATOGÊNESE. Anais do EVINCI-UniBrasil, 4(1), 193-193. Adona, P. R., Monzani, P. S., Guemra, S., dos Santos Miranda, M., & Ohashi, O. M. (2013). Ovogênese e foliculogênese em mamíferos Journal of Health Sciences, 15(3)
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MÉTODOS CONTRACETIVOS

INTRODUÇÃO:

O poder de escolha é primordial para a regulação da fecundidade. Cada mulher deve ter acesso a informação sobre todos os métodos contracetivos para puder escolher o que melhor se adequa às suas caraterísticas e condições de vida (Almeida, 2011)

O QUE SÃO MÉTODOS CONTRACETIVOS?

São métodos que impedem uma gravidez indesejada, impossibilitando que os gâmetas penetrem, evitando a reprodução e a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis (Almeida, 2011).

Os métodos contracetivos podem evitar uma gravidez indesejada, atuando em, pelo menos, uma de três etapas fundamentais:

Bloqueio da ovulação; Interferência na fecundação; Interferência na nidação

MÉTODOS CONTRACETIVOS HORMONAIS

Elevada eficácia, regularização dos ciclos menstruais e prevenção de algumas doenças (Carrajola et al, 2009)

DESVANTAGENS:

Pílula: Pode ocorrer alteração de eficácia em determinadas situações de saúde ou de ingestão de outros medicamentos, requer toma diária, possui algumas contraindicações e os efeitos adversos são pouco frequentes e transitórios (Carrajola et al, 2009).

Selo: Implica substituição semanal, possui algumas contraindicações e os efeitos adversos são pouco frequentes e transitórios (Carrajola et al, 2009)

Anel vaginal: aplicação mensal na vagina, possui algumas contraindicações e os efeitos adversos são pouco frequentes e transitórios (Carrajola et al, 2009).

Injetável: podem surgir irregularidades no ciclo menstrual, pode haver demora na recuperação da fertilidade e os efeitos adversos são pouco frequentes e transitórios (Carrajola et al, 2009).

Implante: podem surgir irregularidades no ciclo menstrual, tem de ser colocado e retirado por um técnico de saúde e os efeitos adversos são pouco frequentes e transitórios (Carrajola et al, 2009)

B E A T R I Z T A B O R D A E B E A T R I Z S I L V A
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VANTAGENS:

MÉTODOS NATURAIS (DO CALENDÁRIO, DA TEMPERATURA, DO MUCO CERVICAL, SINTOTÉRMICO)

VANTAGENS:

Não têm efeitos secundários nem contraindicações a nível da saúde física (Carrajola et al, 2009).

DESVANTAGENS:

Baixa eficácia, requer observação e registo diário de dados, exige longos períodos de abstinência sexual, frequentemente requer a intervenção inicial de um profissional de saúde, para aprender os procedimentos a realizar e contribui para elevar o nível de stress em algumas mulheres (Carrajola et al, 2009).

MÉTODOS BARREIRA

VANTAGENS:

Masculino: bastante eficaz, não tem efeitos secundários nem contraindicações, pode ser utilizado em qualquer idade e protege contra as DST (Carrajola et al, 2009).

Feminino: não requer a intervenção de um profissional de saúde, pode ser utilizado em qualquer idade e em simultâneo com outro método e protege contra as DST (Carrajola et al, 2009)

DESVANTAGENS:

Masculino: pode provocar reações alérgicas e tem de ser colocado antes de qualquer contato do pénis com a vagina (Carrajola et al, 2009)

Feminino: a sua eficácia é menor que a do preservativo masculino e deve também ser colocado antes de qualquer contato entre o pénis e a vagina (Carrajola et al, 2009)

MÉTODOS QUE IMPEDEM A NIDAÇÃO (DIU, SIU)

VANTAGENS:

De longa duração e elevada eficácia e assegura contraceção por 3, 5, 7 ou 10 anos (Carrajola et al, 2009).

DESVANTAGENS:

Tem de ser colocado e retirado por um profissional de saúde e o SIU modifica o ciclo menstrual, não sendo algo prejudicial para a saúde da mulher (Carrajola et al, 2009)

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ESTERELIZAÇÃO

(VASECTOMIA, LAQUEAÇÃO DAS TROMPAS)

VANTAGENS:

Eficácia permanente, não tem efeitos secundários nem contraindicações e a intervenção médica é realizada num único ato (Carrajola et al, 2009)

DESVANTAGENS:

É irreversível e tem de ser realizado por um médico, sendo necessária anestesia (Carrajola et al, 2009)

CONTRACEÇÃO DE EMERGÊNCIA (PÍLULA DO DIA SEGUINTE)

VANTAGENS:

Elevada eficácia, sem contraindicações e venda livre (Carrajola et al, 2009)

DESVANTAGENS:

A toma deve ser efetuada logo após a relação sexual sem proteção (Carrajola et al, 2009)

CONCLUSÃO

Há vários métodos contracetivos e cada um tem prós e contras na sua utilização, devendo cada pessoa utilizar o que melhor se adeque às suas necessidades O preservativo é o único método que protege contra as DST, além de proteger contra uma gravidez indesejada.

BIBLIOGRAFIA

Almeida, L C (2011) Métodos Contracetivos: uma revisão bibliográfica Carrajola, C., Castro, M.J e Hilário, T. (2009). Planeta com Vida. Carnaxide: Santillana/Constância editora p.51-60. Mesquita, L. F. (2016). Métodos contracetivos hormonais (Doctoral dissertation). @sketchify

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DE

DE

Entende-se por gestação de substituição, comummente denominada “barriga de aluguer”, quando uma mulher carrega e dá à luz um bebé, a maior parte das vezes de outro casal, mediante acordo prévio Assim, poderá ser uma última opção para casais inférteis, casais homossexuais e outros de terem um filho. Enquanto que para uns será o único modo de terem um descendente biologicamente, outros escolhem esta alternativa à razão de diversos fatores, como a idade, a saúde, ou mesmo a baixa probabilidade de aceitação na adoção [1]

Segundo Nakash e Herdiman (2007) existem 2 tipos de gestação de substituição:

O método tradicional, quando o oócito secundário que é fecundado

1 (pelo espermatozóide oriundo do pai) pertence à mãe que carrega o bebé. Este processo ocorre via inseminação artificial [1].

2 O método de fertilização in vitro, quando a mãe gestacional carrega o filho genético de outro casal Assim, os gâmetas são provenientes do pai e da mãe, e o bebé não tem qualquer tipo de ligação genética à mãe de gestação [1]

Legislação portuguesa:

A permissão ao acesso à gestação de substituição, Lei n º 25/2016, terá sido consentida em Conselho de Ministros a 26 de junho de 2016, vindo refutar, até então, a vigente Lei n º 32/2006 Esta lei veio, de certo modo, permitir o acesso das mulheres à gestação de substituição Contudo, este método continua a ser "limitado e subsidiário", visto que apenas é permitido a mulheres que "comprovarem possuir problemas de infertilidade ou portadoras de doenças graves", mas que "não confere a possibilidade dos casais escolherem entre o método biológico e o científico" [2, p19]

Assim, "a maternidade de substituição não é um meio alternativo de reprodução", posto que a "lei proíbe que as mulheres recorram a “barrigas de aluguer”, por motivos profissionais, estéticos ou simplesmente por capricho, apenas por não quererem passar por todo o processo que envolve uma gravidez" [2, p19]

Para além disto, este processo tem de ser de carácter gratuito [3], sendo apenas permitido o pagamento de despesas médicas e/ou de transporte, caso isto não se verifique é considerado crime levando a uma punição de até dois anos de prisão [2].

Acrescentando, a mulher que aceite ser gestante "não poderá ser a doadora de ovócitos e terá que renunciar aos poderes e deveres próprios da maternidade, logo a criança será filha dos respetivos beneficiários" [3, p34]

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Beatriz Dias & Mafalda Gaudêncio & Maria Freches, 12ºB

Pelas palavras de Souza (2010), “partindo dos significados de Bio = Vida e Ética = Moral, pode-se definir bioética, a grosso modo, como o estudo das dimensões morais das ciências da vida e do cuidado com a saúde” [4, p17]

Segundo Frati & La Russa, a falta de regulamentação sobre a gestação de substituição, tanto regional como global, em países de baixa renda pode minar a dignidade e os direitos das mulheres, pois mesmo uma compensação económica modesta determina um poder de compra significativo Como recurso, Frati & La Russa apontam que um acordo internacional forneceria uma base legal sólida para a proteção de mulheres gestantes substitutas. Para limitar os interesses económicos ligados ao turismo procriador, de modo a proteger verdadeiramente a saúde global e os direitos das mulheres, é necessária, portanto, uniformidade legislativa entre os vários estados [5]

Já Parks (2010), critica a prática da gestação de substituição por parte dos casais que se irão encarregar da criança, geralmente de nações ricas, e os contratados para fazer o seu trabalho reprodutivo, habitualmente de origem socioeconómica baixa. Parks (2010) pretende “controlar os danos, colocando a prática da barriga de aluguer comercializada à luz da ética do cuidado”, argumentando que as situações instáveis em que nascem as crianças fruto de acordos globais de barrigas de aluguer são simbólicas da crise ético-moral que a prática suscita [6, p1]

Conclusão:

A gestação de substituição é uma opção para muitos casais por diversas razões, tenham estas que ver com o grau de fertilidade do casal, o difícil processo de adopção ou até mesmo por motivos estéticos No entanto, vale notar que a prática envolve inúmeras questões ético-morais, entre elas o rótulo como um atentado à dignidade e aos direitos das mulheres, assim como o seu papel na acentuação de diferenças sociais.

[1] Nakash, A., & Herdiman, J. (2007). Surrogacy. Journal of Obstetrics and Gynaecology, 27(3), 246-251

[2] Moreira, C D J (2021) A maternidade de substituição (Doctoral dissertation)

[3] da Silva, S D V III CURSO PÓS-GRADUADO EM BIOÉTICA FDUL/CIDP, 2017 GESTAÇÃO DE SUBSTITUIÇÃO–UMA MUDANÇA DE PARADIGMA

[4] SOUZA, M. C. D. (2010). As técnicas de reprodução assistida. A barriga de aluguel. A definição da maternidade e da paternidade Bioética Revista da EMERJ, 13(50), 350-351

[5] (Frati, P & La Russa (2021) Bioethical issues and legal frameworks of surrogacy: A global perspective about the right to health and dignity. European Journal of Obstetrics & Gynecology and Reproductive Biology, 258, 1-8)

[6] (Parks, J A (2010) Care ethics and the global practice of commercial surrogacy Bioethics, 24(7), 333-340)

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Impacto dos microplásticos na fertilidade humana

Augusto Meyrer, Hassan Youssef & Rodrigo Alves

Consequência da industrialização/produção de plásticos

Uma das principais consequências da industrialização é a produção, uso e descarte de diversos poluentes ambientais que podem resultar como danosos para animais, humanos e saúde Ambiental. Muitos poluentes ambientais podem atuar como desreguladores endócrinos (DE), mimetizando a atividade dos hormônios esteróides endógenos e interferindo no sistema endócrino funções com diferentes mecanismos [1,2,3,4,5,6,7,8,9].

Qualidade do esperma ao longo da vida

A reprodução bem-sucedida depende da produção de gametas de alta qualidade. Dentro do humano, a produção de espermatozóides ocorre ao longo da vida a partir da puberdade e requer uma sucessão ordenada de proliferação mitótica, divisão meiótica e eventos de diferenciação dentro do testículo e uma outra fase no trato reprodutivo masculino e feminino para fazer com que os espermatozoides adquiram motilidade e capacidade fertilizante. O complexo endócrino, parácrino e autócrino redes de sinalização são responsáveis pela produção de espermatozóides de alta qualidade e pelo processo, é suscetível à modulação pelo estilo de vida e fatores ambientais [4,5,6,10,11,12,13,14,15,16].

Estilo de vida e fatores ambientais como tabagismo, consumo de álcool, estresse, dieta composição, vida sedentária, poluentes ambientais, DE, metais pesados ou abuso de substâncias ilícitas, interferem na espermatogênese levando à má qualidade do esperma e infertilidade com possíveis consequências na prole [3,4,5,6,16,17,18]. Curiosamente, o potencial alterar da assinatura epigenética dos gametas (ou seja, metilação global do DNA alterada ou estado aberrante de metilação do DNA em locus de genes específicos, mudanças na arquitetura da cromatina e a produção desregulada de RNA não codificante) surgiu com efeito adverso sobre fertilização e desenvolvimento embrionário inicial e possíveis efeitos transgeracionais e suscetibilidade à carga de doença na prole [4,14].

Tabagismo: Vilão da ereção e da fertilidade

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Influência dos plásticos na qualidade do esperma

A exposição ao plastificante BPA(Bisfenol A) afeta central e localmente espermatogênese, modula a biossíntese de esteróides, induz a apoptose das células germinativas e de Sertoli, interfere na primeira rodada da espermatogênese, prejudica a formação da barreira hematotesticular e afeta os perfis de expressão no RNA não codificante e na qualidade do esperma [4,19,20,21].

No entanto, diferentes resultados sobre a reprodução masculina têm sido relatados em relação à via de exposição, doses, duração e estágio de vida. Estudos em humanos compararam níveis de BPA aos parâmetros do sêmen, fornecendo evidências de possível associação de BPA com pior qualidade do sêmen [22,23,24].

Por exemplo, Pollards e colaboradores [23] revelaram maior exposição ao BPA em associação com a morfologia anormal da cauda do esperma em uma coorte de 161 homens com idade entre 18 e 40 anos sem subfertilidade conhecida.

Omran e colaboradores [24] relataram um resultado negativo em associação dos níveis urinários de BPA com níveis de antioxidantes e qualidade do sêmen em termos de motilidade, morfologia e concentração e uma correlação positiva com danos no DNA, e peroxidação lipídica do plasma seminal. Por último, uma possível correlação entre BPA/ftalatos metabólitos na urina e parâmetros espermáticos foram investigados, sugerindo uma maior exposição a DE em indivíduos hipoférteis em comparação com a população geral [25].

Conclusão

Conclui-se então que evidências sobre a toxicidade e epidemiologia dos microplásticos estão surgindo. Os dados ainda são preliminares, mas sugerem que os microplásticos ingeridos se bioacumulam em tecidos de mamíferos, incluindo testículo, com impactos na qualidade do sêmen.

Os efeitos dependem do tamanho e da estrutura molecular dos microplásticos, portanto, atenção deve ser dada à avaliação de seus riscos para os seres humanos e o meio ambiente. Além disso, as características morfológicas dos microplásticos podem torná-los um veículo ideal para poluentes ambientais adicionais, e esses efeitos aditivos são ainda mal compreendidos. Microplásticos, foram detectados em fezes humanas, amostras de câncer e placenta, destacando o possível risco de carga de doenças, gravidez bem-sucedida e no útero, transmissão aos descendentes. Além disso, a alta suscetibilidade dos espermatozoides a espécies reativas de oxigênio ao longo da vida, a produção dependente de microplásticos de espermatozoides de baixa qualidade e os distúrbios metabólicos detectados na prole de microplásticos, apontam que em mamíferos, pelo menos, é possível que a transmissão epigenética parental de assinatura epigenética desregulada possa ocorrer.

Logo, sabe-se que espermatogênese é altamente sensível a poluentes ambientais e a qualidade do esperma é afetada por microplásticos, exposição, pelo menos em modelos animais. A este respeito, os possíveis riscos para a saúde reprodutiva devido aos microplásticos não devem ser ignorados.

I m a g e m : C a n v a I m a g e m : C a n v a
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1. Singh, S.; Li, S.S. Epigenetic effects of environmental chemicals bisphenol A and phthalates. Int. J. Mol. Sci. 2012, 13, 10143–10153.

2. Ho, S.M.; Cheong, A.; Adgent, M.A.; Veevers, J.; Suen, A.A.; Tam, N.N.C.; Leung, Y.K.; Jefferson, W.N.; Williams, C.J. Environmental factors, epigenetics, and developmental origin of reproductive disorders. Reprod. Toxicol. 2017, 68, 85–104.

3. D’Angelo, S.; Scafuro, M.; Meccariello, R. BPA and nutraceuticals, simultaneous effects on endocrine functions. Endocr. Metab. Immune Disord. Drug Targets. 2019, 19, 594–604

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Infertilidade

Afonso Galvão & Maria Silva

Introdução

Nas últimas décadas do século XX assistimos a mudanças significativas no âmbito da saúde reprodutiva (Remoaldo, et al, 2004). Apesar disso, é notório o crescente aumento do número de casais inférteis (Padeiro, 2014).

O que é infertilidade?

Apesar da maioria da população ser fértil, a infertilidade tem aumentado, atingindo 1015% dos casais e 9-10% a nível nacional. Infertilidade é designada como a incapacidade de um casal conceber após 12 meses de relações sexuais (Jorge, 2013).

Para alguns indivíduos ter um filho é o principal objetivo da vida e quando esse não é alcançado podem‐se gerar consequências na existência dessas pessoas, o que afeta ambos os sexos, é ivenciado de maneiras distintas com relação às dificuldades decorrentes desse problema e de seu tratamento (Cordeiro & Gomes, 2013).

Sobre a infertilidade feminina as principais causas deste são alterações estruturais, desequilíbrio hormonal, distúrbios imunológicos, baixo peso ou excesso de

Fig. 1 Útero

peso, endometriose, trompas de falópio bloqueados ou deficientes, entre outros (Pereira, et al, 2009).

Endometriose

A endometriose é caracterizada pela presença de tecido endometrial fora da cavidade, sendo considerada como uma doença ginecológica inflamatória (Tadini, et al, 2022). Acredita-se que esta está presente entre 5 a 15% das mulheres na idade reprodutiva e 3 a 5% na fase pósmenopausa (Bellelis, et al, 2011).

A endometriose é uma das grandes causas de dor e de aumento de risco de uma gestação ectópica (Cacciatori, et al, 2016). Esta também tem como sintomas, dispareunia e dismenorreia, existindo por vezes alguns casos de pessoas assintomáticas (Tadini, et al, 2022). A origem desta condição ainda permanece desconhecida (Duarte, 2021).

Útero normal vs afetado por endometriose
Fig. 2 24

Como a infertilidade é tratada?

O tratamento de infertilidade depende da causa, quanto tempo tem o problema, e sua idade. Pode-se tentar alcançar a fertilidade através de medicamentos ou cirurgia e a outra é usar tecnologias reprodutivas assistidas (Cedars & Jaffe, 2005).

Doenças como trompas de falópio obstruídas ou endometriose podem ser ter como opção quanto à causa de infertilidade é a cirurgia (Cedars & Jaffe, 2005). Podem também ser usadas medicação de fertilidade quando se trata de um tratamento primário para quem tem distúrbios de ovulação (Cedars & Jaffe, 2005). Em termos de tratamento de tecnologia reprodutiva assistida existe fertilização in vitro, doação de oócitos, de embriões e injeção de espermatozóides no oócito II (Cedars & Jaffe, 2005).

Conclusão

Infertilidade é a incapacidade de um casal gerar após 12 meses de relações sexuais (Jorge, 2013).

Globalmente, apesar de existir maior percentagem de pessoas férteis, há aparentemente um crescente aumento do número de casais inférteis (Padeiro, 2014).

Apesar disto, existe, dependendo de vários fatores, tratamento da infertilidade (Cedars & Jaffe, 2005).

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I
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Conceito de Reprodução e de Infertilidade

A reprodução é um processo que faz parte do ciclo vital de todas as formas vivas, sem quaisquer exceções. O próprio conceito biológico de vida pressupõe a existência de um processo que permita a produção de descendentes por parte de uma entidade, de forma a garantir a continuidade da espécie, de modo a que a própria evolução ocorra a favor da procriação (Félis & Almeida, 2016).

Desde os primórdios da humanidade que a fertilidade é muito valorizada aparecendo sempre associada à prosperidade e às mais típicas divindades, o que torna a sua carência igualmente significativa (Maringá, 2005).

Uma característica que pode ser observada em todas as diferentes civilizações ao longo da História é a de que as mulheres eram sempre retratadas como símbolo da fertilidade, ganhando assim repercussão outra questão, esta que os dados científicos informam que está a crescer, e, diz respeito à incapacidade de um casal de ter filhos, condição que recebe o nome de infertilidade e introduz a necessidade de intervenção através de tratamentos artificiais que resolvam o problema (Who, 1992).

Do que se sabe atualmente, a infertilidade é provocada por uma série de fatores que podem ser enunciados e divididos de acordo com a sua origem, podendo ser fatores externos e fatores biológicos.

Fatores externos ambientais

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Estes tipos de fatores podem ser físicos e químicos. Como fatores físicos temos o calor, as radiações, os ruídos e as vibrações e como químicos as exposições prolongadas a pesticidas, a metais como o arsénio, cádmio e mercúrio, a solventes orgânicos, a agentes citotóxicos e a gases anestésicos (Pinheiro, 2017) A exposição a alguns destes exemplos leva à diminuição da qualidade dos parâmetros espermáticos para além de que caso a mulher seja exposta durante a gestação podem haver alterações no desenvolvimento do feto. Isto tudo porque, os metais pesados, especialmente, são substâncias que dificilmente são excretadas pelo organismo e que possuem um efeito particularmente prejudicial no aparelho reprodutor pois, afetam glândulas importantes como o complexo hipotálamohipófise podendo causar síndrome dos ovários policísticos e endometriose (Souza, 2017)

Fatores externos psicossociais

A crescente busca por técnicas de reprodução assistida ocorre, na maioria dos casos, em consequência do adiamento da primeira gravidez (Lenharo, 2013), o que se verifica cada vez mais devido a uma maior aposta nos estudos e à grande importância atribuída a uma vida profissional independente e estável, traduzindo-se isto num crescimento dos índices de infertilidade conjugal a partir dos 35 anos, já que a idade é um fator determinante na fertilidade pois, as mulheres, sofrem um declínio acentuado na capacidade de engravidar a partir dos 35 anos, havendo um decréscimo na qualidade e quantidade dos ovócitos (Cousineau & Domar, 2007). No caso dos homens, não existe uma idade definida a partir da qual são incapazes de gerar descendência, mas a partir dos 45 anos verificam-se alterações hormonais, disfunções sexuais e alterações na espermatogénese, resultando uma alteração da qualidade do esperma Para além do fator idade, existem outros, tais como o uso prolongado de métodos contracetivos que podem afetar a saúde reprodutiva, o início precoce da vida sexual que resulta num maior número de parceiros, na maior facilidade de adquirir doenças sexualmente transmissíveis e em muitas gravidezes indesejadas e consequentes abortos (Farinati, 2006).

O estilo de vida e as alterações hormonais também podem ser causas de infertilidade. Algumas substâncias como álcool, tabaco, cafeína, drogas, anabolizantes e a e a prática de dietas desequilibradas ou mal elaboradas e prejudiciais à saúde podem interferir no ciclo reprodutivo e na função sexual de homens e mulheres, para além de estarem relacionadas às alterações hormonais e à diminuição no sucesso do tratamento da infertilidade (Queiroz & Waissmann, 2006)

INFERTILIDADE HUMANA
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Por Ana Sardinha, Beatriz Amaro, Mariana Massano

Fatoresbiológicosdeorigemfeminina

A infertilidade pode ser justificada por um défice na produção de hormonas, nomeadamente quando este afeta a regularidade dos ciclos menstruais e os níveis de FSH e de LH sofrem demasiadas alterações, impossibilitando assim a ovulação (Martins, 2006)

Para além disto a infertilidade pode-se verificar também quando os ovários estão danificados d cirúrgicos ou tumores, impedindo assim a maturação dos folículos e a consequente libertação do oócito; quando as trompas de Falópio sofrem anomalias estruturais que impedem o contacto entre o oócito, recolhido do ovário, e os espermatozoides depositados na vagina; ou aquando da endometriose pois esta contribui para o aparecimento de anomalias nas trompas de Falópio, visto que caso o tecido endometrial cresça e descame para fora do útero inflamará a pélvis (Kussler & Coitinho, 2008)

Alterações na posição do útero e a não coincidência dos fenómenos, que lá ocorrem relacionados com a textura clara e elástica do muco cervical e a altura da ovulação, podem causar também infertilidade Para além disto, em certos casos, o sistema imunitário da mulher produz anticorpos antiesperma, que reagem contra os espermatozoides, destruindo-os e impedindo qualquer tipo de fecundação (Bhagavath & Layman, 2007)

Fatoresbiológicosdeorigemmasculina

A infertilidade masculina afeta cerca de 10% dos homens em idade reprodutiva, e pode diversas causas, tanto genéticas como não genéticas, sendo classificadas como pré-tes ou pós--testiculares (Mclachlan, 2005).

As falhas genéticas estão associadas com as causas pré-testiculares, e estão relacionadas, principalmente, com microdeleções nas regiões codificadoras do cromossoma Y que são responsáveis pela azoospermia, resultando várias modificações responsáveis pela infertilidade como criptorquidia (descida incorreta dos testículos) ou hipospadia (má formação do meato urinário) (Mclachlan, 2005). São as mutações nos genes que controlam o eixo hipotálamo-hipofisário-gonadal, neste são produzidos estímulos hormonais (FSH e LH) que posteriormente dão origem à produção de testosterona Qualquer alteração neste ciclo hormonal onde as hormonas atuam em conjunto, pode levar a falhas e até mesmo à ausência de produção de esperma (Fernandes, 2002)

Já as alterações pós-testiculares estão associadas à presença de antigénios nos espermatozoides, que provocam um desenvolvimento de anticorpos anti espermatozoides que tem como consequência a redução da produção e a perda de aderência do espermatozoide ao óvulo (Neves & Rodrigues, 2002)

Em relação à ejaculação podem ocorrer também anomalias: quando o esperma é encaminhado para a bexiga e nâo para a uretra, quando se dá a disfunção erétil e consequentemente os casos de impotência e até mesmo a obstrução dos vasos deferentes, impedindo assim a circulação dos espermatozoides do local de produção e maturação para o exterior, não ocorrendo portanto a fecundação (Guyton & Hall, 2006)

Por fim, podem ocorrer varizes nos testículo, o fenómeno varicocele, que podem causar dor e infertilidade também (Pereira, 2020)

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Ováriospolicísticos

A INFERTILIDADE E A REPRODUÇÃO

MEDICAMENTE ASSISTIDA

Laia, João Nuno e Martim Santos

A infertilidade é medicamente conhecida como a incapacidade de ter um filho ou de levar uma gravidez continua após um ano de relacionamento sexual regular e sem utilização de métodos contracetivos (Who, 1992) Contudo apenas um dos membros do casal é geralmente alvo do diagnóstico de infertilidade, mas este deve ser reconhecido como um problema de ambos (Gameiro, Silva & Canavarro, 2008) Alguns autores sugerem que a literatura científica tem ignorado o impacto da infertilidade nos homens, ao direcionar as suas investigações essencialmente nas mulheres, e vários estudos têm demonstrado que os homens também são prejudicados pela infertilidade (Gameiro, Silva & Canavarro, 2008) Com este artigo pretende-se abordar o impacto da infertilidade nos casais e no homem, em particular, salientado também aspetos relacionados com a infertilidade masculina e o recurso a dador de esperma (Gameiro, Silva & Canavarro, 2008).

INFERTILIDADE NOS HOMENS

Entre 10 a 15% dos casais não conseguem ter filhos após um ano de relações sexuais desprotegidas “Cerca de 50% das causas de infertilidade são de origem masculina” (Souza, et all, 2000, pp 1). As alterações espermáticas são a condição mais frequente (Souza, et all, 2000, pp 1). A infertilidade masculina foi originalmente considerada como uma condição de difícil tratamento (Souza, et all, 2000, pp 1) Novos estudos na área da genética têm encontrado mutações em grupos de genes que podem explicar a infertilidade nesses pacientes (Souza, et all, 2000, pp 1). O grande avanço no tratamento destes casos reside nas técnicas de reprodução medicamente assistida, que tiveram a sua grande evolução após o desenvolvimento da tecnologia da micromanipulação de gametas (Souza, et al, 2000)

Dando seguimento à infertilidade masculina, reconhecesse que esta vem ganhando uma posição de destaque nos dias de hoje, envolve também aspetos psicossociais que precisam de ser mencionados (Félis, et all, 2016). A avaliação do fator masculino é obrigatoriamente feita na primeira consulta, de forma não invasiva e de baixo custo (Félis, et all, 2016) Ressalta‐se que em geral um em cada seis casais tem problemas de infertilidade e que a infertilidade masculina como causa primária, ocorre em 50% desses casos (Félis, et all, 2016) Assim a avaliação do fator masculino é obrigatória e definida pela análise do histórico clínico, do exame físico, da avaliação do sêmen e do perfil hormonal (Félis, et all, 2016).

Ao longo da vida os homens podem ter a sua capacidade reprodutiva diminuída, devido à idade ou a diversos outros fatores, como, por exemplo, distúrbios na ejaculação ou penetração, deficiência nos hormônios folículo estimulante, luteinizante e testosterona, anomalias urogenitais congênitas ou adquiridas, infeções do trato urogenital, aumento da temperatura escrotal, uso de finasterida, anomalias genéticas, fatores imunológicos e abuso de álcool, fumo, drogas e exposição ocupacional a substâncias químicas, como pesticidas, metais, compostos de cloro (Félis, et all, 2016)

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Sobre a infertilidade feminina identificam‐se que alguns agentes podem ser observados por alterações estruturais, alterações ovulatórias, distúrbios imunológicos e endometriose (Félis, et all, 2016) Além desses, a infertilidade pode sofrer outras influências, como a idade da mulher, uma vez que o aumento da idade leva ao declínio reprodutivo a partir dos 30 anos e após os 40 anos caem para metade as taxas de gestação, bem como a frequência de relação sexual, do peso corporal da mulher, do tabagismo, entre outros fatores associados (Félis, et all, 2016) Ressalta‐se ainda que a infertilidade está presente em 70% das mulheres com síndrome dos ovários policísticos e pode da (Félis, et all, 2016)

REPRODUÇÃO MEDICAMENTE ASSISTIDA

A reprodução humana medicamente assistida era considerada algo inalcançável, mas com a evolução da ciência e tecnologia passou a ser possível. Muitas coisas se alteraram desde o início até os dias de hoje, novas tecnologias surgiram e novas técnicas foram criadas, fazendo com que a reprodução assistida ganhasse visibilidade, abrindo assim portas para novas discussões e novas pesquisas Hoje um ser humano com problemas de infertilidade tem acesso a muitos meios especializados neste tipo de incapacidade, estes meios podem oferecer várias técnicas diferentes tratando cada caso como se fossem únicos de acordo com a necessidade de cada casal, por isso muitos têm procurado se informar mais sobre as técnicas às quais serão submetidos (Pereira, et all, 2016)

INSEMINAÇÃO INTRAUTERINA (IIU)

A inseminação intrauterina é definida por Borges (2003): “Como parte integrante das técnicas de reprodução assistida, a inseminação intra-uterina propicia boa terapêutica que pode ser indicada para um grupo seleto de casais”. A inseminação intra-uterina é utilizada, no tratamento de pacientes com disfunção ovulatória, fator masculino leve a moderado, fator cervical, infertilidade de causas não aparentes e endometriose. Este procedimento ocorre durante o período ovulatório da mulher Nesta técnica é colhido o sêmen do marido e o mesmo é preparado em laboratório e depois é introduzido no interior do útero com o auxílio de cateter específico Este método consiste em depositar os espermatozoides capacitados em laboratório, seja ele do parceiro ou doador no útero, utilizando um cateter sem anestesia ou internamento (AVELAR, 2008). E a indução da ovulação seguida de IIU é considerada um tratamento simples, e com poucas complicações, no qual apresenta taxa de gestação satisfatória, quando bem indicado

INJEÇÃO INTRACITOPLASMÁTICA DE ESPERMATOZÓIDES (ICSI)

Este procedimento (ICIS) é indicado para casais cujo homem tenha uma quantidade pequena ou nula de espermatozoides, ou quando existem alguns problemas de motilidade dos gametas, pacientes que tenham feito vasectomia e não seja possível a reversão e alguns homens que sofreram traumas na medula que tenha ocasionado problemas de ereção e ejaculação. A ICSI é uma técnica de reprodução medicamente assistida, na qual a fertilização também ocorre in vitro; entretanto, não ocorre espontaneamente. É a micro manipulação dos gametas esta técnica faz uso de microscópio e micro manipuladores ICIS consiste em injetar o espermatozoide diretamente dentro do óvulo, este procedimento é feito em laboratório, por um embriologista

INFERTILIDADE NAS MULHERES
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A fertilização in vitro é definida como, uma técnica de reprodução assistida que visa a manipulação de ambos os gametas (espermatozóides e óvulos) em laboratório, procurando obter embriões de boa qualidade A obstrução tubária é a indicação clássica para FIV, outras indicações possíveis são: infertilidade devido ao fator masculino; infertilidade sem causa aparente; todas as causas que não responderam a outros tipos de tratamento (CORRÊA, 2001)

A taxa de sucesso pode variar entre 30% e 35% em mulheres com até 35 anos e, a partir dos 40 anos, a taxa de gravidez cai para 15% (AVELAR, 2008). Na fertilização in vitro, é necessário colher os gametas do casal (espermatozóide e o óvulo), e em laboratório o espermatozóide é colocado em uma placa de Petri junto com o óvulo, a fertilização ocorre de forma natural, porém no laboratório. Os ovócitos fertilizados são transferidos para o útero, na intenção de obter-se uma gravidez, este método ficou conhecido como técnica bebê de proveta As chances de gravidez através da FIV dependem de vários fatores, entre eles, a idade da mulher, a qualidade dos embriões produzidos e a causa da infertilidade Etapas da fertilização in vitro e transferência de embrião resume-se em: Indução da ovulação; monitorização do crescimento folicular; colheita de óvulos; colheita do sêmen; inseminação in vitro; transferência de embriões para o útero; suporte da fase lútea e diagnóstico de gestação

TRANSFERÊNCIA DE EMBRIÃO CONGELADO

Esta técnica é uma das mais novas e tem ganhado espaço devido a sua taxa de concretização Desde o surgimento da vitrificação a TEC tem ganhado espaço no tratamento de infertilidade pois a taxa de preservação embrionária é muito boa. Esta técnica costuma ser indicada para casais inférteis, ou seja, casais que não podem ter filhos biológicos. As principais vantagens são aumento das taxas de implantação e das taxas de gravidez; diminuição taxas de aborto; menor risco de parto prematuro; bebês com maior peso ao nascimento; menor chance de sangramento na gestação "Em estudo realizado em Nova Iorque (EUA), tiveram 36 76% de gravidez em ciclos naturais de transferência de congelados, para 22 99% de gravidez com reposição de hormônios" (MOZOROV, 2007). O restante dos embriões não podem ser descartados e por isso acabam sendo congelados através de uma técnica chamada de vitrificação

BIBLIOGRAFIA

Alves, S. M. A. L., & Oliveira, C. C. (2014). Reprodução medicamente assistida: questões bioéticas. Revista Bioética, 22, 66-75. Carrajola, C, Castro, MaI e Hilano, T. (2009). Planeta com Vida. Carnaxide: Santillana / Constância Editora Martinez, Stella Maris (1994). Manipulación genética y derecho penal. Buenos Aires: Editorial Universidad Moser (2004), A. Biotecnologia e Bioética Para onde vamos? Petrópolis: Editora Vozes Shiva (2001), Vandana. Biopirataria: a pilhagem da natureza e do conhecimento. Petrópolis: Vozes. Félis, K. C., & de Almeida, R. J. (2016). Perspectiva de casais em relação à infertilidade e reprodução assistida: uma revisão sistemática. Reprodução & Climatério, 31(2), 105-111.

Gameiro, S., Silva, S., & Canavarro, M. C. (2008). A experiência masculina de infertilidade e de reprodução medicamente assistida. Psicologia, Saúde e Doenças, 9(2), 253-270.Souza, C. A. B. D., Facin, A. C., Cunha Filho, J. S. L. D., Salazar, C. C., Freitas, F. M. D., & Passos, E. P. (2000). Infertilidade masculina. Revista HCPA. Porto Alegre. Vol. 20, n. 2,(2000), p. 143-149. Pereira, K. K. P. C. S., & de Fátima, O. D. F. A. (2016). As principais técnicas de reprodução humana assistida. Saúde & Ciência Em Ação, 2(1), 26-37.

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FERTILIZAÇÃO IN VITRO (FIV)
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B I O É T I C A S D A R E P R O D U Ç Ã O M E D I C A M E N T E A S S I S T I D A

Introdução

De acordo com Bento et al(2019), a reprodução humana medicamente assistida é um conjunto de técnicas , usadas por médicos especializados, cujo principal objetivo consiste em viabilizar a gestação em mulheres que, por meios naturais, são incapazes de engravidar. Tal proporciona que pessoas inférteis alcancem a maternidade/paternidade (Bento et al, 2019).

TiposdeRHMA

Segundo Carrajola et al (2009) existe uma multiplicidade de opções para quem pretende uma reprodução medicamente assistida. Tais como:

-indução da ovulação (IO)

-inseminação artificial (IA) -fertilização in vitro (FIV)

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- injeção intracitoplasmática de espermatozóides (ICSI) -Transferência intratubárica de zigotos(ZIFT)

QuestõesBioéticas

Começando pelo desdobramento da palavra, bio = vida e ética = valores morais, a bioética pode ser definida como o estudo dos aspetos morais das ciências da vida, no caso concreto, das ciências relacionadas com a saúde.

Um dos desafios éticos relativos às tecnologias modernas de reprodução artificial, e talvez um dos mais óbvios, diz respeito à injustiça que envolve a distribuição do acesso a cuidados médicos. O facto de “as barreiras económicas significativas para estes métodos ”( Brezina & Zhao, 2012, pp 3) serem uma realidade bem presente em muitos países resulta numa “disponibilidade preferencial destas tecnologias para casais com posses financeiras”( Brezina & Zhao, 2012, pp 3).

T I P O S E Q U E S T Õ E S
• Leonardo Russo, Inês Pinto e Sofia Gonçalves•
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Um problema ético que diz respeito ao uso de gametas doados é o que defende que a anonimidade do doador deve ser preservada. A questão da anonimidade ''está carregada emocionalmente na medida em que se relaciona com o gameta e embrião” ( Brezina & Zhao, 2012, pp 4). De facto, a habilidade que o ser humano tem para conhecer o seu passado genético é universalmente importante para a construção da sua própria identidade. “Os doadores de oócitos e esperma podem escolher ou não serem anónimos,embora que a vasta maioria de ambos os grupos geralmente prefira a anonimidade" (Brezina & Zhao, 2012, pp 4).

O recurso a técnicas de reprodução assistida com fim a selecionar o sexo ou qualquer outro traço biológico do futuro filho, exceto quando se tratar de evitar doenças genéticas, deve ser altamente evitado. Segundo Brauner (2003), quer-se evitar a seleção de seres humanos segundo as suas características hereditáriaseugenia, sem um motivo relevante.

Conclusão

A bioética é um assunto que apresenta uma evolução contínua em todas as áreas, mas principalmente no campo das ciências biológicas. A humanidade já passou por muitas mudanças nas quais foi necessário o estabelecimento de certos limites no uso do conhecimento com fim a clarificar que não se pode fazer o que quisermos sem respeitar o direito à existência e a dignidade de outros.

BIBLIOGRAFIA

Bento, L. A., Radaelli, M. R., Hoffmann, E., Plocharski, M., Alievi, G. J. P., & Neto, B. M. (2019). Bioética e reprodução humana assistida homóloga post-mortem. Revista Uningá,56(2),215-227.

Brezina, P. R., & Zhao, Y. (2012). The ethical, legal, and social issues impacted by modern assistedreproductivetechnologies. Obstetrics andgynecologyinternational,2012.

Carrajola C., Castro J.M., Hilário T. (2009). Planeta com vida.Carnaxide;Santillana/ ConstânciaEditora Franco, M. L., & Santo Mendes, N. B. D. E. (2019). Bioética aplicada a reprodução humana assistida. Biológica-Caderno do CursodeCiênciasBiológicas,1(1). Souza, M. C. D. (2010). As técnicas de reprodução assistida. A barriga de aluguel. A definição da maternidade e da paternidade. Bioética.RevistadaEMERJ,13(50),350-

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