Nº3 - JANEIRO 2021
BIO HEITOR
REVISTA ESCOLAR DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA BIOLOGIA 12ºANO
FICHA TÉCNICA:
Ideia original e Curadoria: Mónica Ramôa
Logótipo: Mélanie Matthey-Doret e Simão Gonçalves Capa: José Pedro Fernandes
Apoio técnico digital/informático: Sílvia Martins e José Pedro Fernandes
Responsável científico-pedagógico: Mónica Ramôa Entidade responsável: Escola Secundária Frei Heitor Pinto Autores: Alice Simões, Beatriz Gaspar, Beatriz Timóteo, Beatriz Conceição, Bruna Marques, Bruno Ferreira, Carolina Susana, Catarina Sousa, Célia Pires, Cláudia Gonçalves, Diana Droguete, Fernando Martins, Gonçalo Charro, Lara Lopes, Leonor Gomes, Maria Arsénio, Maria Nogueira, Mélanie Matthey-Doret, Nádia Duarte, Pedro Marques, Rafaela Bernardo, Rodrigo Sousa, Rute Ferreira, Sérgio Morais, Simão Gonçalves, Sofia Esteves, Sofia Pereira, Vanessa Sardinha, Vitória Simão. Local: Covilhã e ESFHP Data: Ano letivo 2020/2021 – Janeiro 2021
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Figura 1- Mulheres de raça negra que tiveram descendentes albinos. https://www.geledes.org.br/tag/albinos/
“Podemos contradizer todo o determinismo genético, porque nada no ser humano está definitivamente escrito” Reuven Feuerstein A genética é a ciência responsável por estudar os mecanismos de hereditariedade, ou seja, os processos organismo para o outro.
O albinismo é uma condição genética classificada no CID- 10 (Classificação Internacional de Doenças) na categoria dos distúrbios metabólicos, (Centro Brasileiro de Classificação de Doenças, 2008). Nesta há a redução ou ausência do pigmento melanina, devido a ausência ou defeito da enzima tirosinase. No albinismo, a função de barreira natural aos raios ultravioleta (UV) da melanina está comprometida, contribuindo para que as pessoas com albinismo estejam mais vulneráveis a queimaduras solares, lesões de pele e câncer (Moreira, 2013). Existem sete tipos de albinismo (Tabela 1), sendo o tipo I subclassificado como OCA IA e OCA IB. O tipo OCA IA é o mais suscetível ao desenvolvimento de tumores na pele por apresentar quantidades insignificantes de melanina (King, R.A.; Olds, D.P,1985)
Tabela 1- Características fenotípicas do albinismo oculocutâneo tipos I-VII. https://portalseer.ufba.br/index.php/cmbio/article/view/6717/6607
Síntese de melanina Podem ser formados dois tipos de melanina: a feomelanina (amarela e vermelha) e a eumelanina (preta e castanha). A formação de algum pigmento em albinos com certos tipos de OCA sugere que a feomelanina é a primeira a ser formada, surgindo a eumelanina muito tempo depois(Iozumik, 1993). Culturas de melanócitos em indivíduos de peles clara e escura demonstraram que a atividade catalítica da tirosinase na eumelanina é maior quando comparada à da feomelanina(Iozumik, 1993; Sturm, A. S.; Box, N. F.; Teasdale, R. D., 2001). Entretanto, apesar dessa diferença, a quantidade da enzima é a mesma(Genetika, 2006; Sturm, A. S.; Bok, N. F.; Teasdale, R. D.,2001). O pH melanossómico provavelmente está envolvido no controle da atividade da enzima(Fuller, B. B.; Spalding, D. T.; Smith, D. R., 2001).
Figura 2: Criança Albina (Não possui a enzima envolvida da produção de melanina e por isso não apresenta pigmentação na pele, nem no cabelo).
https://za.pinterest.com/pin/21321798222266079/ A genética do albinismo O albinismo oculo cutâneo (mais comum) é uma herança autossómica recessiva, ou seja, uma pessoa para ser albina, tem de receber dois alelos recessivos (aa) um do pai e outro da mãe. A incidência do albinismo no mundo é relativamente baixa, pois cerca de 1 em cada 20000 pessoas sofre com esta doença, porem existem locais no mundo onde esta doença genética é mais frequente e os índices de albinismo são bem mais elevados, devido ao casamento entre familiares (ex. primos), como por exemplo no Panamá, na comarca de Kuna Yala, onde existem 1 em cada 100 indivíduos albinos. (https://www.biologianet.com/doencas/albinismo.htm)
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Consequências da baixa produção de melanina Quando a pele é exposta a uma significativa dose de radiação ultravioleta, ocorre inflamação caracterizada por eritema, edema e possivelmente dor e queimadura. Pigmentos visíveis são sintetizados pelos melanócitos e armazenados em vesículas conhecidas como melanossomos, localizadas dentro dos queratinócitos (Sturm. R.A.; Rodham, D.; Teasdale, N.F.B., 2001). Cuidados de saúde a ter com os indivíduos albinos (https://www.biologianet.com/doencas/albinismo.htm)
Figura 3- Molécula de DNA vista no miscroscópio. https://www.futurebehind.com/microsoft-armazenou-202megabytes-dados-adn/
Uso de protector solar (50+); Uso de óculos e roupa escuros para haver a protecção das radiações; Uso de um chapéu; As crianças não devem em momento algum estarem expostas ao sol sendo que brincar ao ar livre só em períodos nocturnos; Uso da suplementação de vitamina D; Realização de consultas periódicas ao médico, para fazer exames e para ver se houve surgimento de lesões relacionadas com o cancro.
Centro Brasileiro de Classificação de Doenças. Centro Colaborador da OMS para a Classificação de Doenças em Português Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo/Organização Mundial de Saúde/Organização Pan-Americana de Saúde.2008. Fuller, B. B.; Spalding, D. T.; Smith, D. R. Regulation of the catalytic activity of pre-existing tyrosinase in block and Caucasian human melanocyte cell cultures. Exp Cell Res, v. 262, p. 262, p. 197-208, 2001. Genetika. 11 nov. 2006. Iozumik, K. et al. Role of tyrosinase as the determinant of pigmentation in cultured human melanocytes. J invest Dermatol, v. 100, p. 806-11, 1993. King, R.A.; Olds, D.P. Hairbulb tyrosinase activity in oculocutaneous albinism: suggestions for pathway control and block location. Am. J. Med. Gene., New York, v. 20, p. 49-55,1985. Moreira, S.C. et al. Associação entre a suscetibilidade à exposição solar e a ocorrência de câncer de pele em albinos. Rev. Ciênc. Méd. Biol. Salvador, v. 12, n. 1, p. 70-74, jan./abr. 2013. Stern, C. Genética humana. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1982. Sturm, A. S.; Box, N. F.; Teasdale, R. D. Human pigmentation genes: identification, structure and consequences of polymorphic variation. Gene, v. 277, n. 1-2, p. 49-62, 2001.
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As Mutações Genéticas e O Cancro Mélanie Matthey-Doret n°22 12°B O cancro, ou neoplasia, é uma das principais doenças que afeta a população mundial hoje em dia, tendo uma elevada mortalidade para a maioria dos pacientes. Por exemplo, em 2018, foi verificado no mundo, um total de 18.1 milhões de casos diagnosticados com cancro, dos quais, 9.6 milhões perderam a vida [1]. A origem desta patologia não é totalmente conhecida, o que dificulta a sua prevenção. No entanto, existem agentes causadores que favorecem o aparecimento das neoplasias sendo alguns dos quais, fatores genéticos [1]. Daí a realização deste trabalho, com objetivo de explicar os efeitos das mutações no desenvolvimento de doenças oncológicas.
O que é uma mutação genética? Uma mutação é uma alteração repentina e irreversível da informação genética de uma célula, sendo alterada uma sequência de nucleótidos de um determinado gene e podendo ocorrer em qualquer momento do ciclo celular [2]. Existe dois tipos gerais de mutações; A mutação somática, que ocorre, como o seu nome indica, nas células somáticas, propagando-se nos tecidos e órgãos por divisão celular, sendo esta não hereditária [3]. A mutação germinativa, ocorrente nas células dos órgãos reprodutores, ou seja, onde são produzidos os gâmetas, é desta forma transmissível para a descendência [3].
Imagem do microscópio de uma parte do DNA. (Farakos/Istock)
O aparecimento de uma mudança genética pode ocorrer em consequência de vários fatores ambientais, como a exposição a poluição, radiação, produtos químicos, como também do estilo de vida do indivíduo, se o mesmo apresenta um consumo de tabaco, álcool, drogas ou uma alimentação pouco saudável [2].
Como se desenvolve o cancro?
Imagem do microscópio de células cancerígenas. (Dr Raowf Guirguis, Wikimedia Commons)
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Uma alteração genética pode tornar uma célula normal numa célula cancerígena, a mesma é reconhecida devido a não respeitar os sinais de divisão celular, não ter um crescimento normal e possuir um núcleo de tamanho e forma anormal. A mesma começa a dividir-se constantemente, produzindo substâncias químicas que formam vasos sanguíneos, fornecendo oxigénio necessário ao tumor. Desta maneira, a massa de células consegue matar as células vizinhas, invadindo posteriormente os outros tecidos e órgãos passando pelos vasos sanguíneos e linfáticos para realizar as mesmas ações. As invasões de tecidos e órgãos por células neoformadas são chamadas de metástases [3].
Existem genes específicos que causam o cancro? A oncogénese, causas e mecanismos que originam as neoplasias, depende de dois tipos de genes celulares; os oncogenes e os genes supressores de tumores (ou também chamados antis oncogenes) [4]. Oncogenes Alguns protos oncogenes estimulam o funcionamento da divisão celular, sendo inativos quando estes não estão em fase de proliferação. Os mesmos controlam os fatores de crescimento e outros a apoptose da célula [3]. A ocorrência de uma mutação torna esses genes em oncogenes, sendo que, as células aumentam a sua proliferação, dividindo-se constantemente e levando a uma incapacidade de sofrer apoptose, o que faz com que as células desnecessárias deixem de ser eliminadas [1].
Explicação da ativação do oncogene. (National Cancer Institute)
Antis oncogenes Os genes supressores de tumores são reguladores negativos da proliferação celular [4], codificando proteínas que vão inibir a divisão celular, bloqueando determinadas fases, para que a célula sofra apoptose. Quando o anti oncogene sofre mutação, torna a proteína inibidora inativa, deixando a célula sofrer apoptose, o que leva ao desenvolvimento de uma nova doença oncológica [3].
Explicação da inativação do anti oncogene. (Pearson Education)
Em suma, as mutações não são sempre nocivas para o organismo, existem algumas favoráveis para a evolução humana, mas as alterações dos genes causadores do cancro são um problema bastante difícil a resolver, pelo o facto de que também não é necessário haver genes mutados para ocorrer o desenvolvimento de um tumor. No entanto, existem hábitos que o indivíduo pode evitar, como não consumir tabaco ou drogas, não beber excessivamente álcool e ter uma alimentação saudável, diminuindo assim as probabilidades do aparecimento de uma neoplasia.
Bibliografia
[1] Feliz, I. (2019). A Suscetibilidade Genética No Cancro, Cancro da Mama. Universidade de Lisboa, Portugal. [2] Düsman, E; Berti, A; Soares, L; Vicentini, V. (2012). Principais Agentes Mutagênicos e Carcinogênicos de Exposição Humana. Universidade Estadual de Maringá, Brasil. [3] Carrajola, C; José Castro, M; Hilário, T. (2009). Planeta com vida. 1°Edição Santillana. Barcarena, Portugal. Constância. [4] Monier, R. (1989). Proto-ongenes et Anti-ongenes. Institut Gustave-Roussy, France.
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Professor organizador: Professora Mónica Ramôa
Célia Pires, Sofia Pereira e Vanessa Sardinha
Rosalind Franklin desenvolveu trabalhos empíricos fundamentais para a construção do modelo da dupla hélice do DNA de Watson e Crick.
Por que Franklin que dispunha dos dados empíricos produzidos por ela mesma, não decifrou a estrutura do DNA? (Ferreira,2003) Watson sugere que Franklin não teria nenhuma inclinação teórica para a representação do DNA, fazendo trabalho estritamente experimental. (Ferreira,2003)
Em 1952, Franklin obteve imagens de raios X de forma B. A imagem mais celebre fico conhecida como foto 51. (Ferreira, 2003) Estas imagens foram uma das contribuições decisivas para o desenvolvimento da ideia de Watson e Crick. No entanto, eles obtiveram acesso a esses dados sem o conhecimento de Rosalind. (Maddox, 2002 & Sayre, 1975)
Fica evidente que pelo facto de Watson e Crick terem tido acesso aos dados experimentais sem o conhecimento de Franklin, sem a posse dessas informações, a dupla dificilmente teria chegado á conclusão de que o DNA poderia ser representado por meio de uma estrutura em dupla hélice. (Silva, 2007)
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Fig. 1: Rosalind Franklin
Com base nisso, “como Rosalind estava bastante próxima de chegar a essa conclusão, pode-se questionar boa parte do mérito de Watson e Crick em sua realização científica”. (Silva, 2007)
Fig. 2: foto 51
No início da década de 50 do século XX, foram produzidos trabalhos que conduziram à descoberta da estrutura da molécula de DNA. (Matias & Martins, 2017)
Por um lado, as análises químicas, realizadas por Chargaff em diversas espécies de seres vivos, permitiu verificar que a razão entre a Adenina (A) e a Timina (T) e entre a Citosina (C) e a Guanina (G), nas várias células, é aproximadamente igual a 1. E, consequentemente, a soma das purinas é sempre igual à soma das pirimídicas. (Matias & Martins, 2017) Por outro lado, Maurice Wilkins e Rosalind Franklin, utilizando a difração de raios X, bombardearam amostras de DNA cristalizado, tendo obtido padrões que permitiram concluir que a molécula deveria ter uma estrutura helicoidal. (Matias & Martins, 2017) Em 1953, com base nos resultados das experiências anteriores, James Watson e Francis Crick, investigadores da Universidade de Cambridge, apresentaram o modelo da dupla hélice para o DNA. Segundo este modelo, cada cadeia de DNA é formada por duas cadeias polinucleotídicas enroladas helicoidalmente em volta do mesmo eixo, como uma escada de caracol. (Matias & Martins, 2017)
Fig. 3: Difração de raios x no DNA
Pode-se agora compreender que, sendo o DNA o suporte da informação Desta estrutura do DNA salienta-se: genética, os genes não são mais que segmentos de cadeias polinucleotídicas ❖ Os lados da molécula que são formados por grupos que codificam determinada fosfato alternados com desoxirribose (açúcar), enquanto característica. Cada gene pode ser os degraus da escada, ao centro, são pares de bases composto por milhares de pares de azotadas ligadas entre si por pontes de hidrogénio; nucleótidos. Nos quase dois metros de ❖ As bases azotadas emparelhadas nos degraus são DNA presente no núcleo de cada célula complementares, ou seja, a adenina liga-se a timina por humana, existem milhares de genes. duas pontes de hidrogénio, e a citosina liga-se à guanina (Matias & Martins, 2017) por três pontes de hidrogénio; ❖ As duas cadeias polinucleotídicas desenvolvem-se em sentidos opostos – cadeias antiparalelas -, cada uma iniciando-se numa extremidade 5’ e terminando numa extremidade 3’. (Matias & Martins, 2017) Fig. 4: Molécula DNA
Bibliografia:
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1678-31662010000100004&script=sci_arttext&tlng=pt http://www.abrapecnet.org.br/enpec/x-enpec/anais2015/resumos/R1219-1.PDF
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CANCRO HEREDITÁRIO Rafaela Bernardo e Bruna Marques 12ºB
Cancro de mama hereditário:
Introdução A pesquisa tem como foco principal estudar a hereditariedade mais concretamente o cancro, o que é, como ocorre e quais a forma de ter um diagnostico precoce. O que são cancros hereditários? Os cancros hereditários são caracterizados pela presença de mutações em genes de suscetibilidade que conferem um risco elevado de desenvolvimento de cancro, pela transmissão vertical através da mãe ou do pai, bem como pela associação a outros tipos de neoplasia (crescimento desordenado de células no organismo). As neoplasias podem ser classificadas como malignas ou benignas, sendo que as neoplasias malignas se diferenciam das benignas por terem capacidade de invadir estruturas vizinhas e de se metastizar até locais mais distantes do organismo Este tipo de tumores tem frequentemente uma idade de início mais precoce do que os cancros esporádicos e exibe maioritariamente um padrão de transmissão autossómico dominante (Grijó, 2014) .
Cancro benigno
O cancro da mama hereditário é uma doença maligna, está relacionado com a existência de suscetibilidade herdada, ou seja, envolve diversas mutações germinativas em determinados genes, como por exemplo, em genes supressores de tumor. Geralmente, este tipo de tumores tem frequentemente uma idade de início mais precoce do que os cancros esporádicos e exibe maioritariamente um padrão de transmissão autossómico dominante (Feliz, 2019). O cancro da mama resulta de múltiplas etapas e pode envolver dezenas, até centenas, de genes, por meio de Mutações genéticas. Do total das mutações conhecidas que aumentam o risco de cancro da mama, as mais importantes são as mutações nos genes Breast Cancer Early Onset Gene 1 e 2 (BRCA1 e BRCA2), ambos de alta penetrância. Estas mutações são responsáveis, só por si, por 7% dos cancros da mama e 14% dos cancros do ovário diagnosticados de novo, e por pelo menos 40% dos casos de cancro da mama hereditário (Grijó, 2014). O gene BRCA1 encontra se no cromossoma 17q no ano 1990, e codifica uma fosfoproteína nuclear de 1863 aminoácidos. Por sua vez o gene BRCA2 encontra-se no cromossoma 13q e foi descoberto em 1994, codificando uma fosfoproteína de 3418 aminoácidos. (Grijó, 2014).
Cancro maligno
Figura 1– neoplasias Figura 2 - células cancerosas
Fases do cancro: Em todos os tipos de cancro, existe uma proliferação anormal de células disfuncionais (material genético danificado) que inicialmente vai dar origem à formação do tumor (iniciação). Estas células imortalizadas que ultrapassaram os mecanismos de morte celular, continuam a proliferar de uma maneira não controlada (progressão), até que passam a invadir outros tecidos (metastização), sendo característico nos últimos estádios da doença. Inicialmente quando as células dividem-se rapidamente formam um tumor benigno, já que este é localizado e pode ser removido com cirurgia de rotina. Se as células tumorais crescerem continuamente, eventualmente adquirem a capacidade de se desprenderem do tumor primário, invadindo a circulação periférica. Passam então a invadir outros tecidos, sendo este tipo de tumor, já considerado um tumor maligno. Quando o cancro possui transmissibilidade vertical (hereditário), significa que a mutação inicial que o originou situa-se numa das células da linha germinativa estando, portanto, presente em todas as células do corpo. ( Ciorici, 2019).
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Diagnóstico (Testes Genéticos) segundo criorici (2019) Os testes genéticos para a predisposição do cancro hereditário representaram um importante avanço para a área da saúde. São exames que utilizam uma amostra biológica e analisam a existência ou ausência de mutações num gene em específico ou num conjunto de genes (p.ex: sequenciação, painéis genéticos). Desempenham atualmente um papel fundamental na deteção do risco e no possível diagnostico de uma determinada patologia. Na área da oncologia, os testes genéticos são utilizados maioritariamente para:
Identificação de defeitos nos genes que aumentam a predisposição de um individuo para o cancro e avaliação de outras variações genéticas de baixo risco, com testes que normalmente utilizam sangue ou saliva;
Confirmação de um diagnóstico caso seja identificada uma mutação tipicamente associada a uma determinada patologia;
De forma preditiva ou pré sintomática se existe um histórico familiar de um cancro com elevada incidência, permitindo analisar se a pessoa apresenta risco de vir a desenvolver a patologia numa perspetiva futura;
Determinação das características genéticas de um determinado cancro quando este já está instalado, permitindo caracterizá-lo e sequenciá-lo, implementando uma terapêutica mais orientada e eficaz.
Impacto do teste genético:
Figura 3 - Molécula DNA
Figura 4– Cancro da mama
Antes de decidir a realização ou não do teste genético é necessário ponderar acerca do impacto emocional que este poderá ter na vida de uma pessoa e possibilitar o acesso ao apoio psicológico. A incerteza da possibilidade de ser portador de mutações associadas a uma maior predisposição para o desenvolvimento de cancro hereditário, poderá levar a sentimentos de vulnerabilidade. Por um lado, a realização do teste genético põe fim a essa incerteza. No entanto, se o resultado do teste determinar a existência de mutações em genes específicos, conhecidas por aumentar o risco do aparecimento de cancro, levará a consequências negativas a nível do estado psicológico, tanto no portador como na sua família (Feliz, 2019).
Conclusão: Os portadores de mutações em genes que aumentam a predisposição para o cancro devem procurar aconselhamento individual de modo a obter medidas de rastreio e de redução de risco adequadas, tendo em conta a sua história familiar. Além disso, quando possível, os membros da família que poderão também apresentar determinada mutação devem realizar o teste genético.
Bibliografia: Ciorici, V (2019). Suscetibilidade Genética No Cancro. https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/43418/1/MICF_Victor_Ciorici.pdf Feliz, I (2019).Suscetibilidade Genética No Cancro. https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/43358/1/MICF_Ines_Sofia_Feliz.pdf Grijó, L (2014). Reconhecimento e Abordagem do Cancro da Mama Hereditário. https://ubibliorum.ubi.pt/ bitstream/10400.6/4854/1/3251_6615.pdf
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ESCOLA SECUNDÁRIA FREI HEITOR PINTO
BIOHEITOR
TRANSMISSÃO DE CARACTERES HEREDITÁRIOS Diana Droguete & Sofia Esteves | 12ºA
COMO SÃO TRANSMITIDAS AS CARACTERÍSTICAS DOS PROGENITORES À DESCENDÊNCIA? Muitos aspetos do nosso corpo, como o funcionamento dos órgãos, fisionomia, cor dos olhos entre outras, são transmitidos por hereditariedade, isto é, já nascem connosco. Cromossomas, ADN e os diferentes genes são os principais responsáveis pela transmissão destas características de pais para filhos (Hershey, 1970). Sabemos que os descendentes pertencem sempre à mesma espécie dos progenitores contudo, entre indivíduos de uma mesma espécie é possível observar diferentes características que os distinguem uns dos outros. FIGURA 1.
MENDEL – O PAI DA GENÉTICA E HEREDITARIEDADE Gregor Mendel é considerado, por muitos cientistas, como o pai da genética (Allen, 2003; Fisher, 2012). Ele estabeleceu as leis básicas sobre hereditariedade através do estudo da ervilha Pisum Sativum. Esta é uma espécie fácil de cultivar, apresenta características bem definidas, produzem um elevado número de descendentes e sendo as flores bissexuais, reproduzemse predominantemente por autofecundação e possuem, desta forma, linhagens puras (Fisher, 2012). Mendel estudou estas ervilhas por achar que algum fator teria de ser responsável pelas características das sementes e resolveu cruzar as plantas puras usando a parte masculina de uma planta com sementes amarelas e a feminina com as sementes verdes (Allen, 2003; Biffen, 2009).
Destas experiências nasceram a 1ª Lei de Mendel – A lei do monoibridismo ou Segregação Fatorial e a 2ª Lei de Mendel – A lei do Diibridismo ou Segregação Independente (Figura 1). Na geração F1, todas as ervilhas apresentavam as sementes amarelas, designadas por Híbridos. Mendel realizou a autofecundação de uma dessas sementes híbridas e o resultado encontrado na segunda geração foi 75% de sementes amarelas e 25% de sementes verdes. Desta forma, Mendel concluiu que o fator para amarelo seria o dominante e o fator para verde o recessivo. Posteriormente fez experiências com duas características cruzando ervilhas amarelas e lisas (dominantes) com sementes verdes e rugosas (recessivas) (Stern, 1959). Daqui, concluiu que a herança da cor era independente da superfície da semente e que as sementes puras, lisas e amarelas possuíam genótipo VV (amarelo) RR (liso), ou seja, VVRR (dominante) enquanto que as puras verdes e rugosas possuíam genótipo vvrr (recessivo) (Stern, 1959). Estas duas leis explicaram, utilizando regras simples de probabilidade, as diferentes variações existentes na transmissão de caracteres hereditários. Para além disso, serviram como base para o aumento do conhecimento genético e compreensão correta da hereditariedade (Allen, 2003).
BIBLIOGRAFIA: Allen, G. E. (2003). Mendel and modern genetics: the legacy for today. Endeavour, 27(2), 63-68. doi: https://doi.org/10.1016/S0160-9327(03)00065-6; Biffen, R. H. (2009). Mendel's Laws of Inheritance and Wheat Breeding. The Journal of Agricultural Science, 1(1), 4-48. doi: 10.1017/S0021859600000137; Fisher, R. A. (2012). XV.—The Correlation between Relatives on the Supposition of Mendelian Inheritance. Transactions of the Royal Society of Edinburgh, 52(2), 399-433. doi: 10.1017/S0080456800012163; Hershey, A. D. (1970). Genes and hereditary characteristics. Nature, 226(5247), 697-700. doi: 10.1038/226697a0; Stern, C. (1959). Variation and Hereditary Transmission. Proceedings of the American Philosophical Society, 103(2), 183-189.
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