Nยบ 5 - MARร O 2014
(Des)mistificando
a Praxe
Índice Editorial
DIREÇÃO Direção da Associação de Estudantes do ICBAS EDIÇÃO Joana Marinho Silva Pedro Reis Pereira COLABORADORES Alexandra Xavier de Sousa Ana Paula Cruz André Correia Carlos Diogo Paulo Daniela Barroso Diogo Neves, LBQ Filipe Martins Frederico Rajão Martins Henrique Moreira Inês Rei Joana Santos Joana Soares João Rui Seixas Lisa Teixeira Madalena Cabral Ferreira Mariana Pires Pereira, LBQ Marisa Catita Marta Azevedo Pedro Correia de Miranda Pedro Henrique Almeida Pedro Ribeirinho Soares Raquel Borges Tiago Pais Concepção gráfica Clássica Tiragem 200 exemplares
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«É a Hora!»
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Destaque
Alternativas à praxe
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Fora de Portas
8
Experiência Erasmus no Estrangeiro
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8
Experiência Erasmus
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Receita Estrangeira
11
Os Estudantes e a Crise
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Livros de Estudo Mais Acessíveis
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Os grandes mitos da velocipedia
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Os sítios que deves visitar antes de morrer na crise
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Interno ICBAS
Revisão Curricular do MIM Artigo de Opinião – Pedro Correia de Miranda …
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Investigação Científica no ICBAS
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Sociedade de Debates da Universidade do Porto
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Departamentos da DAEICBAS II AEICBAS Biomedical Congress Economia para Totós
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CMA Rumo a Sul
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Semana do Mar
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Expectativas do antes e depois em CMA
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CÃOMINHADA
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“Ser Mais Buddy”
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A 3° edição do Biomédicas Sem Fronteiras
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VO.U. – Associação de Voluntariado Universitário
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FAMVet
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NEBQUP
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Grupos da casa CICBAS – ENCORE
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29
TFB – Um ano fora de série
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TAB
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NIGHT BEATS
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DARKSIDE
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CLUBE DE COMÉDIA DA U.P.
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O Manual da Felicidade
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AQUELA PÁGINA ALEATÓRIA
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Corino 5ª edição – março de 2014
Editorial Pedro Ribeirinho Soares Presidente da Direção da AEICBAS
«É a Hora!» A década de 60 do século XX marcou uma mudança profunda na forma de estar do movimento estudantil português, tendo sido a audácia daqueles colegas, que se uniam por ideias de liberdade e igualdade e que lutaram contra a opressão do regime, então vigente, que nos devolveram este nosso futuro. A 17 de Abril de 1969, aquando da visita do Presidente da República Américo Thomaz à Universidade de Coimbra para a inauguração do Edifício das Matemáticas, durante a cerimónia o Presidente da Associação Académica de Coimbra, Alberto Martins, pediu a palavra – sendo-lhe negada, e motivando protestos por parte dos estudantes presentes, levando à repressão violenta e detenção imediata de inúmeros por parte das forças policiais. Os colegas, solidários com aqueles que tinham sido feitos reféns do regime, continuaram a contestação, promoveram uma greve geral às aulas – que levou ao encerramento da Universidade de Coimbra - declararam o luto académico e souberam não calar perante o silêncio embrutecido.
daqueles estudantes que acabariam por acender o rastilho do movimento crescente de busca pelos direitos – inalienáveis – do Homem, recuperados em Abril de 1974, na vitória do povo sobre o fascismo. Mas vitória também dos estudantes, dos seus representantes e de todo o movimento associativo estudantil que lhe soube dar voz, defender os seus interesses e lutar pelo que lhe é de direito – alheando a sua família, o seu amanhã (incerto) e a sua própria vida. E hoje, o que pauta parte do Movimento Associativo Estudantil? O que separa as atividades praxísticas destas estruturas, gerando receitas exorbitantes e da qual somos, hoje, reféns? E das juventudes partidárias, que constituem acessos diretos à (única) política que se faz ouvir? «Ninguém sabe que coisa quer. / Ninguém conhece que alma tem, / nem o que é mal nem o que é bem» 1 Que génio é este que tomou parte de algumas estruturas de representação estudantil? Que alma é esta que vive para uma democracia teatral, cravada de interesses pessoais que escravizam o debate? Mas por quem somos, afinal? «Tudo é incerto e derradeiro. / Tudo é disperso, nada é inteiro» 1 Urge refletir sobre o atual paradigma de representação do movimento associativo. Urge olhar com a hombridade devida para os seus valores fundadores, revivendo o que nos trouxe, aquilo que o é e não aquilo que somos.
Pois aquilo que somos perseguirá pelo nosso temNa sequência da crise estudantil então instalada, po, mas as Associações, o Movimento Estudantil e, seguiu-se a demissão do então Ministro da Educação, sobretudo, os Estudantes perdurarão, livres do turvar a mudança do Reitor da Universidade de Coimbra e de Ciências da memória! Associação de Estudantes do Instituto Biomédicas de Abel Salazar da Universidade do Porto culminou no envio dos “estudantes mal comportados” Rua Jorge Viterbo Ferreira, 228 - Edifício A, Piso 4; 4050-313 PORTO 1 para a guerra colonial – que acabou por custar a vida Excertos do poema Nevoeiro de Fernando Pessoa, Tel. 220 995 326 - Tlm. 963 339 528 - geral@aeicbasup.pt - www.aeicbasup.pt - Facebook/Aeicbasup de tantos, tão jovens, por tão pouco. Mas foram alguns in A Mensagem, 1934. |
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Pedro Reis Pereira Editor da Corino
Tive o prazer de ficar encarregue de entrevistar a Professora Corália Vicente para o artigo dedicado à Praxe, nesta edição da Corino. Na curtíssima conversa que tivemos, falamos sobre ser original, perseguir ideais, ter princípios e agir de acordo com aquilo que pensamos em vez de nos movimentarmos em grupo – que o indivíduo deve, antes de tudo, ser verdadeiro e simples perante si mesmo. Estas bases podem extrapolar‑se para outras dimensões a nível profissional e pessoal.
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Concordo que isto pareçam temas batidos – concordo, mas acho que ainda assim às vezes nos deixamos levar pelo comodismo, pelo hábito e pelo dado adquirido. Nessa onda, esta edição da revista da Associação de Estudantes brada por movimentos desensimesmados, capacidade de olhar por outros prismas e dá a possibilidade de conhecer pessoas com pontos de vista diferentes dos nossos, alternativos – oportunidades que jazem em artigos como
aquele escrito pelo André Correia sobre a Utilização Urbana da Bicicleta ou como o artigo sobre as atividades da praxe. Interiorizar o ponto de vista do outro com abertura não é um exercício meramente teórico, distante do plano prático: a sua utilidade vê‑se, por exemplo, quando queremos fazer uma reforma curricular de um curso, como as que decorrem neste momento em Medicina e Medicina Veterinária, no ICBAS. Discutir exige que saiamos de nós mesmos e nos observemos de fora, como espectadores, inseridos num todo – exige que nos despojemos do que pensamos à primeira e pré‑concebemos sozinhos, que escutemos (não que ouçamos – que escutemos!) conceções distintas. Nas reuniões para discutir a Reforma Curricular do Curso de Medicina a que assisti, sou da opinião que nem todos os professores conseguiram fazer este exercício – disse‑se, a dada altura da reunião, que cada um estava ali “a defender o seu quintal”. A mensagem essencial a passar nesta pequena nota editorial – julgo, em plena consonância com os temas essenciais abordados nesta edição da revista – é que, para o que vale a pena, nunca é demasiado tarde nem demasiado cedo para mudar. Os limites cronológicos são ilusórios, auto‑impostos. Num registo mais heróico, dir‑se‑à que só é preciso ter coragem. Termino com um agradecimento ao grupo de colaboradores da revista, estudantes que continuam a praticar aquela máxima do Professor Abel Salazar que ainda está por gravar no Complexo ICBAS‑FFUP...
Destaque
e à cidade. No ISCTE, já é o segundo ano que a AE realiza o
A praxe é um rito académico de integração ao novo aluno
“Welcome Day,” cuja participação o ano passado foi de 300
(caloiro) que existe um pouco por todo o País. No entanto,
estudantes e este ano de 600! Em Belas Artes, há visitas ao
atualmente, só há receções alternativas em poucas faculda-
Museu Soares dos Reis, Rua Miguel Bombarda e outros locais
des e são menos ainda as em que não há praxe. Neste artigo,
de interesse cultural da cidade. Na FLUP, a AE ajuda também
abordar‑se‑á a realidade de três outras faculdades ‑ ISCTE
os novos alunos com as inscrições, através de uma equipa
(Lisboa), FBAUP, FLUP – e posteriormete a da nossa. Apenas
de voluntários, há já 3 anos, o que até então só era feito pela
na FBAUP não há praxe, pelo que os poucos estudantes que
praxe. Nas três faculdades não há confrontos entre ambas
desejam passar por esta tradição se juntam habitualmente
as formas de receção. João Mineiro diz que “haverá certa-
aos da FAUP. Em todas há uma clara associação entre o
mente incómodo pelo facto de muita gente não ir à praxe,
trabalho das Associações de Estudantes e o desenvolvi-
porque já se sente integrada antes desta acontecer. A nossa
mento de receções alternativas aos novos alunos. A Corino
iniciativa faz com que as pessoas se conheçam entre si e à
entrevistou estudantes daquelas instituições: João Mineiro,
faculdade e fazem‑no sem ordens, estruturas hierárquicas
do ISCTE; Marta Calejo, da FBAUP e Luís Monteiro, da FLUP.
ou valores conservadores. Essa tem sido a nossa força.” Luís
Questionados sobre o por quê de fazer estas atividades de
Monteiro considera que “o maior confronto com a praxe é um
receção, referiram a vontade de integrar todos os estudantes,
confronto de ideias. A praxe também é composta por muita
incluindo os que não se reveem na praxe, existindo assim uma
gente diferente, com visões muito diferentes sobre o que é
alternativa real. João Mineiro aponta três grandes motivos:
uma AE e o que é a própria praxe”.
Alternativas à praxe
a interação entre as pessoas, apresentando‑as à faculdade
a representação de todos os estudantes pela AE, devendo
No ICBAS, este ano houve uma receção alternativa
esta ter “uma iniciativa de integração de todos os estudantes
à da praxe, integrada na organização de um conjunto de
e não apenas de parte dos mesmos”; as divisões existentes
eventos do ICBAS e da UP, em colaboração com os órgãos
logo no início entre quem quer ir à praxe e quem não quer e
de gestão do Instituto, e da Reitoria. Segundo Pedro Soa-
o facto de considerar que “a praxe se estrutura através de
res, Presidente da AEICBAS, “A criação de uma recepção
regras, códigos e práticas autoritárias e militarizadas que
alternativa, paralela e não exclusiva, surgiu com o objetivo
não podem ser a única forma de integração no espaço da
de proporcionar o melhor acolhimento possível a todos os
Universidade”. Marta Calejo refere ainda “a obediência acrítica
novos estudantes, independente da sua ligação à Praxe,
e o caráter gerontocrático (ou seja, o mais velho manda e os
funcionado assim como um conjunto de atividades acessí-
mais novos obedecem)” e que os estudantes da FBAUP, no
veis a todos os interessados.” Nesta semana foram realizada
geral, acreditam que “a humilhação não é uma forma salutar
várias atividades, como a Cerimónia de Receção ao Novo
de se integrar ninguém e que além disso, a lição da praxe é a
Estudante, em que estes puderem conhecer os órgãos de
da sujeição dócil de uns indivíduos a outros.”. No entender dos
gestão do ICBAS e a AE. Houve ainda um peddy‑paper
estudantes de Belas Artes, “as instituições de ensino, mais
pelo ICBAS e pelo centro histórico do Porto, atuação dos
do que auferirem graus académicos, devem ser encaradas
grupos da casa e visitas à Estação Litroal da Aguda, às
como espaços de partilha e de formação cívica. Daí haver
Caves do Vinho do Porto e Casa Museu Abel Salazar. Foram
um acontecimento que mais do que ser uma alternativa à
apresentados os Serviços de Ação Social e o Centro de
praxe, é antes uma forma de se dar a conhecer ao novo aluno
Desporto da UP, a AEICBAS, a associação de Voluntariado
a instituição e a cidade onde irá passar os próximos anos da
Universitário (VO.U), a FAP e a biblioteca ICBAS/FFUP. Os
sua vida.” Já Luís Monteiro diz “que acha que faz todo o sentido
novos estudantes puderem ainda visitar as instalações de
haver um espaço de relacionamento e conhecimento que não
Vairão, o que é particularmente relevante para os alunos de
esteja privado aos alunos que não frequentam a praxe”. Frisa
Medicina Veterinária e para os chegam ao ICBAS oriundos
ainda que “o 1º ano é de todos, e não apenas dos que decidem
de programas de Mobilidade/Erasmus. Por mim, houve uma
ser praxados”. Coloca então a questão de uma outra forma:
festa flower power, que “fechou esta semana de receção,
“Por que é a Praxe decide fazer uma receção alternativa à
repleta de emoções fortes, onde os novos estudantes
da AEFLUP?” As atividades desenvolvidas nestas três facul-
puderam vibrar ao ritmo dos anos oitenta!”, diz Pedro So-
dades variam um pouco, mas no geral, trata‑se de potenciar
ares. O balanço feito desta semana foi muito positivo, quer |
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do ponto de vista organizacional, tendo havido uma boa
Comissão de Educação. Gerou debates e confrontos de
relação com o Conselho Pedagógico do ICBAS e com os
ideias interessantes e com contornos muito diferentes. No
colegas da Comissão de Praxe, quer do feedback obtido
estrangeiro, foi exibido em Festivais em Espanha, na Rússia,
junto dos participantes, que a consideraram “fundamental
Croácia, Alemanha, Áustria, EUA e França (neste último,
para a sua adaptação a este novo ciclo no seu percurso
na televisão). As reações foram muito diversas, conforme
académico e estudantil”, afirma Pedro Soares.
as tradições de cada país. Em entrevista à Corino, Bruno
A Corino sugere o documentário “Praxis” para refletir
Cabral diz que fez este filme porque “sentiu que a praxe se
sobre este tema. Realizado por Bruno Cabral, em 2011, e
tinha generalizado a todas as universidades e que durava
filmado em vários locais, como Lisboa e Alentejo, foi pre-
cada vez mais tempo, passando a estender‑se o ano inteiro
miado no DocLisboa, onde foi considerado a melhor Curta
em vários locais”, pelo que considerou importante retratar
Metragem Nacional. O filme foi exibido em várias faculda-
o fenómeno, para se poder debater sobre o mesmo. O
des (no Porto, na FLUP e na FBAUP)e escolas secundárias
fenómeno retratado tem muitas semelhanças por todo o
por todo o País, e ainda na Assembleia da República, na
País, diz o realizador.
Em segundo lugar, debrucemo‑nos sobre o contexto. Esta tradição surge entre jovens adultos que migravam de suas casas por Portugal fora e iniciavam a sua vida adulta em Coimbra, longe de tudo o que conheciam. Hoje, mesmo no nosso Porto, continuam a chegar centenas de naturais de terras distantes que na Praxe recebem acolhimento dos seus pares. Mesmo para os cá nascidos, estes entregam
Dr. João Rosinhas
‑se, aqui, num verdadeiro ritual de passagem para a vida
Ex-aluno do ICBAS
adulta, que, garanto, nenhuma outra organização, fundação ou promotor de actividades consegue assegurar. Regido sobre o lema “Dura Praxis Sed Praxis”, uma versão jocosa
Passadas as incertezas e inquietudes do acesso ao
do original “Dura Lex Sed Lex”, abraçado pelo tradiciona-
ensino superior, eis que o estudante entra pela faculdade,
lismo e cultura da memória, a Praxe surge sobre a insígnia
triunfante. À sua espera um grupo de indivíduos de preto
de papeis velhos e queimados, letras góticas e coloquiais
trajado perguntam‑lhe: “Queres fazer parte da praxe?”. À
chavões numa nova língua antiga chamada latim macar-
memória vem‑lhe as histórias de irmãos ou primos mais
rónico, cuja sua similaridade com o latim esbarra o quase
velhos, outrora estudantes, uma imagem de um cortejo
cómico, apresentando uma solenidade muito própria, que dá
visto em criança ou simplesmente um aviso de uma tia‑avó
a este jogo do faz‑de‑conta uma importância “avatariana”.
preocupada, avisando‑o para se afastar desses mafarricos
A dureza das provações é do mais natural e básico do que
de capa que matam a sede de sabedoria a copos de vinho.
à natureza humana diz respeito, em tudo semelhante aos
No meio deste turbilhão, salta da sua cabeça a mais difícil
rituais tribais de passagem à vida adulta ou às tropelias
e óbvia pergunta :”O que É a praxe?”.
e troças que os amigos fazem passar o noivo na sua des-
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5ª edição - março 2014
Dissecar esta questão não é fácil e obriga‑nos a um
pedida de solteiro.
pensamento metódico. Assim, comecemos a sua análise
Os seus objectivos, são exaltados nos seus princípios
quanto à origem. Nessa, não me vou alongar quanto à
básicos (respeito, integração, solidariedade e união). O res-
sua origem histórica, datas ou personalidades nela en-
peito será, com certeza o mais falacioso dos princípios. Este
volvidas. Isso obrigaria a uma análise longa e exaustiva,
protegido sobre uma regra de uma hierarquia não meritocrata
que se tornaria maçadora e descontextualizada neste
mas matemática – quanto mais velho, mais manda – faz‑se
tipo de artigo. Portanto, falarei mais do objectivo da
envolver, por vezes, de uma perversão que dos mais velhos
sua origem. Em primeiro lugar atentemos ao seu nome
não será esperado Enfim, o reflexo do homem e a perversão
“Praxe” do latim “praxis”, sede da sua existência eminen-
do poder. A solidariedade e união serão com certeza os seus
temente prática. Tudo em Praxe é baseado na prática e
mais nobres, e o principal objectivo da existência da Praxe.
bom‑senso, e até a sua “legislação” é jurisprudencial,
A Praxe é muito mais que a soma das partes. Esta será
factor que torna toda a sua experiência riquíssima e
uma das tradições com maior e mais multidisciplinar ex-
fruto de criatividade de uma massa académica que se
pressão artística. Desde a música (pelas tunas académicas,
quer intelectualmente produtiva.
grupos de fados [que viram, recentemente, o seu fado de
Coimbra distinguido como património imaterial da humani-
Muito haverá para falar sobre a praxe, e aqui apenas
dade], grupos corais e outros grupos musicais representados
se abordou o que de mais sintético lhe diz respeito. Sobre
pelos orfeões universitários), passando pelo teatro satírico
uma igualdade de um traje uniformizado que, parafrase-
académico até à literatura, onde dezenas de livros desta
ando Antão de Vasconcellos no seu livro “Memórias do
índole já foram publicados, incluindo até alguns escritos na
Mata‑Carochas”, não obriga o casaco gasto do pobre a
sua “língua‑mãe” – o latim macarrónico – como é o caso
inferiorizar ao lustroso do rico, muito mais de ideológico
do “In Illo Tempore” de Trindade Coelho.
e etéreo existe que é impossível explicar a quem nunca
Não podemos, obviamente, separar o pensamento crítico
da Praxe fez parte. Há uma promessa de memória eterna
como uma das suas maiores actividades. A fibra intelectual
e uma saudade que só é possível a quem se pede que
dos estudantes quer‑se fervilhante e, no seio da Praxe, esta
viva uma “pequena vida” de 3,4,5 ou 6 anos, na flor da
tem espaço para se enraizar e encorpar‑se, e, utilizando do
juventude e nada se lhe peça em troca, senão vontade
seu corporativismo, tornar‑se produtiva. Esta expressão
de a viver.
apresenta o seu expoente máximo na sátira apresenta-
Passadas as vivências e crescimento do acesso ao
da no cortejo académico, espaço em que a academia se
ensino superior, eis que o estudante sai da faculdade,
apresenta à cidade.
mudado. À sua espera um grupo de indivíduos de preto
Muito particularmente, na nossa casa, a casa de Biomé-
trajado abraçam‑no ao som de uma serenata. À memória
dicas, a Praxe é também um espaço de homenagem, em que
vem‑lhe as histórias de conquistas, grandes amizades e ,
uma cultura de exortação a grandes nomes da história da
claro, noites de boémia. No meio deste turbilhão, salta da
nossa casa, como o Prof. Nuno Grande ou o Prof. Corino
sua cabeça a mais difícil e saudosa das conclusões :”Já
de Andrade são ecoados em sinal respeito e modelação.
sei o que FOI a praxe “.
Entrevista com a Professora Doutora Corália Vicente, Presidente do Conselho Pedagógico do ICBAS
Quem assistiu este ano à sessão de acolhimento aos novos alunos sabe‑o: a Professora Corália Vicente não é a favor da Praxe – e acedeu (mais uma vez!) em falar para a Corino sobre o que pensa sobre o tema. Encontramo‑la depois do almoço, numa tarde de novembro, a prestar apoio a algumas alunas – e tivemos uma conversa informal de minutos, sentados no chão do piso 4 do edifício 1. A Professora Corália é contra a Praxe “por definição e por princípio”, considera que há formas melhores de integrar os alunos recém‑chegados na Universidade e não entende que, para serem incluídos, os novos estudantes tenham que se submeter à humilhação de estar de quatro e de ser insultados por “supostos doutores”. Para a Professora, somos a “nata da sociedade” e isso dá‑nos responsabilidade, especialmente num cenário de crise como o que se vive atualmente: falamos das dificuldades que
o país atravessa, de como, por exemplo, é difícil as pessoas comprarem medicamentos, do peso que têm os impostos sobre a vida do cidadão comum – impostos esses que servem para ajudar a pagar o Ensino Superior! –, de como é injusto alguém que acaba de gastar a pensão em medicamentos “sair da Farmácia Lemos e ver uma data de estudantes metidos dentro da fonte dos Leões”. “Não gosto de carneirismo”, continua a Dra. Corália, “não gosto de gente a ter que baixar os olhos e ser insultada (...) e perturba‑me que andem com as cores da minha escola a fazer isso na rua”, frisando também que não impõe a sua opinião ‑ e mais, dizendo que prefere ter as atividades praxísticas a acontecer dentro das instalações do ICBAS, porque assim “os outros não vêem o que eles fazem, mas eu vejo”. O que passará pela cabeça de um aluno do primeiro ano que decide ir à Praxe? A Professora Corália entende que, no mundo atual, as pessoas têm exacerbada necessidade se sentir incluídas num grupo, que procuram só, muitas vezes, sensações de proteção. Serão estas inseguranças resultado das alterações nos padrões educacionais que aconteceram nos últimos anos? É que, socialmente, diz a nossa Professora, não queremos que os estudantes sejam carneirinhos, que andem em grupo – queremos gente com valores e princípios, que saiba agir de acordo com aquilo em que acredita e não vá com multidões – fundamentalmente, queremos pessoas originais. |
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A Professora critica ainda a ideia de que as atividades praxísticas sirvam para introduzir aos alunos o funcionamento da UP: “supostamente seria para uma integração dos estudantes na Universidade – eu tenho os alunos do primeiro ano e perguntei‑lhes noutro dia se sabiam o que era o Conselho Geral: não fazem ideia, nem sabem que vai haver eleições! – parecia que estava a falar de qualquer coisa extra‑terrestre”. Outras sugestões para a integração dos estudantes? A Professora tem diversas propostas! – mas confessa que ficou desapontada com os alunos do primeiro ano quando, na semana de receção, puderam escolher participar nas atividades realizadas pela AEICBAS ‑ e a maior parte escolheu ir para a Praxe: “tive pena, tive muita pena que os estudantes do primeiro ano não tenham apoveitado a oportunidade de se demarcar ‑ porque foi‑lhes dada essa oportunidade! – eu disse‑lhes que teriam uma alternativa à praxe que lhes seria dada pelos colegas da Associação de Estudantes, que tinham um programa alternativo para eles”. Raquel Borges Madalena Cabral Ferreira Pedro Reis Pereira
Fora de Portas
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Experiência Erasmus no Estrangeiro
Termino este texto no dia do meu aniversário, em que fazem dois meses e meio que cheguei para iniciar a minha mobilidade de ERASMUS. Escolhi Maribor, uma cidade com cerca de 115 000 habitantes e a segunda maior da Eslovénia. Desde o início que me agradou a ideia de partir para um sítio que até há pouco nem sabia que existia. Há algo de infinitamente aliciante, se de um modo subtil, nos locais sobre os quais não temos ideias pré‑estabelecidas. Não só são menos propensos a desilusões como, por deixarem a mente vazia, permitem que ela se encha só com o que existe mesmo e que é belo só por si. Aqui acorda‑se cedo: nunca depois das 6h30, e às vezes antes. Todos os dias atravesso o Drava pela ponte que liga a margem sul à praça principal no centro da cidade, não longe do castelo onde as tropas de Hitler foram acolhidas quando anexaram esta zona (Austro‑Húngara antes do colapso) à Alemanha Nazi. A ocidente, sobretudo no primeiro dia depois de cho-
ver quando o céu está mais limpo, distinguem‑se os cumes baixos dos Alpes e as encostas serreadas das florestas de faias pintadas nos vermelhos e cobres que trouxe o outono precoce. A cidade é pequena, numa semana conheço‑lhe os sítios e as pessoas, e a relaxada vida noturna. Há duas coisas que se aprendem rapidamente num país onde não se fala a língua local. Primeiro, a sensibilidade dispara a tudo a que não é dito por palavras (ao que é dito também senão pela infrequência de uma sintaxe perceptível) e as nuances do discurso corporal tornam‑se muito mais evidentes. Segundo, paradoxalmente, as circunstâncias exigem que se force por ser visto: na azáfama circadiana é muito fácil gravitar para a visão periférica dos tutores, tanto mais quando estes se veem forçados a pensar ativamente em Inglês. Mas, tentando puxar pela conversa, seguem ‑se discussões intermináveis sobre o país, a crise, o sistema de saúde... Não tão longe de Portugal afinal, mas se calhar estas preocupações nunca se ficam pelas fronteiras.
Tinha decidido antes de vir que iria ficar num dormitório. Recusar o meu ninho de sossego não foi uma decisão tomada ao de leve, mas acreditava que a longo prazo ia compensar. Não estava errado. O bazar verde de quatro andares tornou‑se num mercado de relações entre espanhóis, franceses, alemães, finlandeses, eslovenos, polacos, bósnios, montenegrinos, turcos e quem sabe quantos mais que ainda irei conhecer. Partilho o quarto com um catalão. Inevitavelmente, tornamo‑nos bons amigos. Viajo sempre que posso, normalmente com um grupo fixo de amigos, abraçados pela dose certa de loucura que algumas pessoas têm a sorte de ter. Maribor fica a poucas horas de várias capitais (Ljubljana, Viena, Zagreb, Budapeste) e não é difícil arranjar transporte para sítios mais distantes. Saltar fora do Schengen a meio da noite como um bando de refugiados tem o
Experiência Erasmus
seu travo de romantismo (vá lá, nas primeiras duas vezes...). Já demoro uns minutos a correr mentalmente todos os sítios que visitei nestes meses e sinto‑me bastante afortunado por causa disso. Sei que nem todos os que aqui estão o podem fazer. Por vezes, mais do que pensava, a saudade aperta como uma asfixia subletal e no meio de tanta gente fica sempre um resquício de solidão. Mas são, felizmente, momentos raros, rapidamente abafados no riso, ou subterrados no abraço amigo da camaradagem. E fica sempre a uma viagem à boleia quem faz mais falta. Na verdade, é difícil compactar tudo que sinto e todos a quem homenageio (porque é preciso) numa só página. Mas acho que o melhor que a experiência ERASMUS oferece é como materializa a desconstrução do quotidiano. Ao mesmo tempo que se deixa a residência física e se despem as vestes que vêm com ela, desabitamos também a nossa Casa pessoal. O desprendimento toma forma na distância quilométrica entre dois países. Somos mendigos da saudade, mas tal como a ausência de ideias pré‑formadas, abre‑se o espaço para que coisas novas aconteçam, boas e más, mas que dão mais intensidade à vida. E é bom que assim seja. Pedro Almeida
L: E quando nos falaram do Porto disseram que era uma cidade bastante acolhedora, com tudo perto, muito aca-
Aline 24 anos Medicina Veterinária, São Paulo,
démica e com boas infraestruturas.
sudeste (A) O que já conheciam de Portugal antes de virem? Luísa 22 anos Engenharia e Gestão Industrial, Belo Horizonte sudeste (L)
A: Já conhecíamos Fernando Pessoa, é espetacular! E Saramago, o filme do Ensaio sobre a Cegueira foi gravado em São Paulo.
Porquê Portugal, porquê Porto?
L: Principalmente a literatura portuguesa, falámos muito
A: Em primeiro lugar, a universidade exige um nível de conhe-
dela no liceu. E da história também.
cimento da língua do país para onde vamos então para aqui era mais fácil. Para além disso tinha amigos que já tinham
Diz‑se que Portugal se caracteriza por “Fado, Futebol e Fátima”
vindo para cá e que falaram muito bem da parte prática do
A: Ainda não ouvimos fado, não está por todo o lado.
curso de Veterinária.
Gostava de ouvir ao vivo. |
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L: Eu já fui ver um jogo do Porto, gosto muito de futebol.
mente a dar indicações na rua, preocupam‑se imenso se
Achei que as torcidas não eram tão animadas, têm menos
percebemos e em explicar tudo. Na minha turma também,
músicas. Gritam só: “Porto, Porto, Porto”. Mas no Brasil
integraram‑me logo.
somos muitos fanáticos por futebol, há uma música para
L: E os funcionários públicos! Fui à companhia de eletrici-
cada momento. A Fátima já nos disseram para ir. Queremos,
dade e ajudaram‑me com tudo mesmo, a funcionária até
só ainda não calhou.
estava a tratar de uma tarefa que não era a dela para eu conseguir resolver a minha situação. Ajudam imenso!
Como foi a vossa chegada e adaptação? A: Relativamente à linguagem, a forma de falar é diferente,
Sentem ”a Crise” que tanto se fala por cá?
as expressões são diferentes, mas não foi difícil adaptar.
A: Acho que sente quem está vivendo, nós nem por isso.
Dizer “Onde é a casa de banho?” em vez de “banheiro” é
L: Vemos muitas lojas fechadas e lojas de compre e venda
um exemplo.
ouro, mas eu reparo mais pelos meus colegas. São muito
L: Quando chegámos deram‑nos logo uma lista de palavras
competitivos entre eles, e têm‑se a sensação que querem ser
proibidas. A cultura é bastante similar. Quanto ao clima,
melhores que os outros porque estão a disputar o emprego.
acho que varia, já senti muito calor e muito frio!
Gostam da gastronomia?
A: No início foi mais di-
A: Não é assim muito diferente. Os produtos de supermer-
fícil, mas falar com a
cado são muito parecidos, então como gosto de cozinhar,
família ajuda muito.
posso fazer os meus cozinhados habituais. Mas gostei da
E estarmos juntas,
Francesinha, se bem que é muita carne.
e pormos o apar-
L: O que tenho mais dificuldade é só que não gosto de peixe
tamento à nossa
e aqui é muito bacalhau ou outros. Mas não varia muito e
maneira, agora já
até na cantina cá já comi “Feijoada Brasileira”. E estava boa!
tem mais “vida”.
Para além disso, adoro Pastéis de Belém!
L: Sim, quando passámos uma semana fora já dizíamos que queríamos voltar para “casa”. Aqui já é o nosso espaço, temos as nossas coisas.
O que foi o melhor desta experiência? L: Crescemos imenso, somos mais independentes, antes era capaz de ter sempre alguém para fazer tudo comigo. A: Sim, aqui não vamos ligar aos pais para nos resolver os problemas e acabamos por arranjar nós uma solução.
O que fazem no vosso tempo livre?
Pensam voltar?
L: Não somos bem o típico Erasmus, não temos saído muito
A: Quando tiver o meu emprego e dinheiro, vou querer
à noite, vamos às aulas todas.
viajar e voltar cá.
A: Mas temos conhecido e passeado bastante a pé, no
L: Sim, claro!
Porto. Há lugares muito legais na baixa e gostamos de conhecer as pessoas de cá.
“quem converte, não se diverte”
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mos para conhecer outros países europeus. Repara‑se em
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E, como o pessoal que vem de outro continente, aproveita-
estão em todos os metros. No Brasil todos iriam sem pagar.
imensas coisas. Por exemplo, a população de cada país é muito parecida entre si, mas muito diferente de país para país! No Brasil é mais multicultural, em todo o lado. O que existe cá, que não existiria no Brasil? L: Este sistema de pagamento de metro seria impossível, tem pouco controlo, mesmo com os inspetores, que não
Qual é a vossa opinião dos portugueses? A: Disseram‑nos que as pessoas eram mais fechadas, mas até agora têm sido muito simpáticas e prestáveis. Especial-
Marisa Catita
Receita Estrangeira De Nápoles, os nossos amigos Erasmus italianos recomendam a verdadeira …: PIZZA MARGHERITA!!! Ingredientes: Base:
Conteúdo:
1 kg de farinha
Polpa de tomate
1/2 l de água
Azeite
1 cubo de levedura de cerveja
Sal
50 ml de azeite
Alho q.b.
Sal qb
Manjericão q.b.
Preparação: Começa por colocar o cubo de levedura em água aquecida. Numa tigela, vai adicionando progressivamente a farinha à água com a levedura, mexendo com um garfo. Depois junta o azeite e o sal. De seguida tens de bater a massa com as mãos para que a farinha se misture. Podes ter de adicionar mais farinha ou água, para que fique no ponto e deves continuar a bater até que a massa fique macia. Agora cobres a massa com um pano húmido e aguardas até que fique com o dobro do tamanho. Guarda‑a num lugar quente ou cobre com uma manta. A seguir, unta uma forma de alumínio e coloca lá a massa. No topo coloca a polpa de tomate, um pouco de sal, alho, azeite e manjericão. Só falta colocares no forno aquecido a 180ºC e esperar até a pizza ficar dourada. buon apetito! Marisa Catita
Os Estudantes e a Crise A crise em Portugal parece que veio para ficar, e agravou‑se com a chegada da troika, em 2011. Os cortes e os despedimentos têm‑se sucedido, e com estes a diminuição dos rendimentos das famílias. Neste cenário, há vários setores da sociedade afetados, como o Ensino Superior. Este artigo versará o modo como a crise económico‑social que o País atravessa tem afetado os Estudantes, fazendo‑se primeiro um diagnóstico da situação e posteriormente apresentando soluções diferentes para superar estes problemas. Os cortes no Orçamento de Estado para o Ensino Superior têm‑se sucedido, e os docentes e investigadores apontam‑os como um entrave à qualidade do Ensino e da Investigação. Estes manifestaram ‑se no passado dia 23 de novembro, em Lisboa. O Ministério da Educação e Ciência pretende ainda
reorganizar a rede do Ensino Superior, o que tem levantado preocupações, sobretudo por parte dos Institutos Politécnicos do Interior. O Presidente do CRUP (Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas) demitiu‑se, e as relações entre esta entidade e o Ministério encontram‑se tensas. O Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) solidarizou‑se com o CRUP, pelos mesmos motivos. Quanto aos Estudantes, o cenário é grave e tem piorado: houve cortes na ação social e o acesso às bolsas e às residências universitárias é cada vez mais difícil (e estas últimas não têm lugar para todos). Como consequência, muitos Estudantes têm abandonado o Ensino |
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Superior e outros, findo o Secundário, já nem se candidatam às faculdades. Os números deste novo fenómeno são escassos e encontram‑se dispersos entre várias entidades, pelo que é difícil fazer uma estimativa real. Estabelecido este cenário, a pergunta que fica no ar é óbvia: o que fazer? Pode contrair‑se um empréstimo estudantil, mas no geral as pessoas tentam evitá‑lo, porque não querem começar a trabalhar já com dívidas (para além de que as atuais escassas perspetivas de emprego tornam esta hipótese ainda menos apelativa). Recentemente, houve algumas ações em relação a este tema, como as “Quintas‑feiras negras no Ensino Superior” e uma manifestação em Lisboa no passado dia 19 de novembro. A primeira ocorreu nas 5ª‑feiras de outubro e foi promovida pelas Associações Académicas a nível nacional, nomeadamente a FAP (Federação Académica do Porto). Foram dadas a conhecer 20 propostas para resolver os problemas atuais do Estudantes, como impedir que seja negado o direito à bolsa por uma dívida contributiva ou tributária do agregado familiar e dar mais condições aos trabalhadores‑estudantes. Foi entretanto agendada uma reunião no dia 16 de outubro com os representates dos Estudantes e o Secretário de Estado do Ensino Superior, José Ferreira Gomes. Já a manifestação do dia 19 de novembro, independente das Associações Académicas e com o apoio
de algumas Associações de Estudantes ao longo do País, teve a participação de algumas centenas de Estudantes, que se concentraram na capital, em frente à Assembleia da República, contestando os cortes financeiros previstos no Orçamento de Estado para 2014. O PCP e o BE manifestaram‑se solidários com a luta dos Estudantes. Paralelamente a estas ações a nível nacional, tem havido outras a nível local, no âmbito de cada Universidade ou até mesmo de cada faculdade. Estas iniciativas focam‑se mais na solidariedade, tentando angariar fundos para ajudar os Estudantes mais carenciados, incentivando a troca de materiais, etc. No caso do ICBAS, já houve a “Feira do Livro Sublinhado”, no início do 1º semestre, em que se venderam livros e sebentas usadas e haverá ainda mais iniciativas solidárias ao longo do ano, como o “I Café‑Concerto Solidário”, o “Move‑te – I Corrida Solidária”, a “Cãominhada e Workshop de Treino Canino” e uma recolha de alimentos, brinquedos e roupas. Por fim, é ainda de destacar a tendência atual dos Estudantes de levar o almoço e o lanche de casa e de tentar poupar o máximo possível em fotocópias, o que permite, sem dúvida, reduzir os gastos, tornando a frequência do Ensino Superior economicamente mais suportável.
Madalena Cabral Ferreira
Livros de Estudo Mais Acessíveis Achas que os preços de livros de estudo são demasiado elevados para a tua carteira? És a pessoa que procura sempre estratagemas para conseguir estudar de forma mais acessível? Um Harrison a 20 euros ou um Bates a 18 era o teu sonho de criança? Se sim, dá uma vista de olhos nalgumas destas dicas, porque são para ti. É possível aceder a livros de estudo universitários mais baratos do que o preço de editora ou de revenda comercial de várias formas, por exemplo, pertencer a um grupo de livros usados online ou simplesmente encomendar livros de sites especializados ou mais gerais, como o OLX, eBay ou a Amazon. Esta última alternativa requer que se procurem: Livros em segunda mão ‑ o facto de serem usados é o que mais diminui o preço. É possível escolher livros em bom estado, muito bom estado, quase novos e estado aceitável. Os revendedores costumam ser exigentes com este parâmetro, o que significa que até os livros em estado aceitável costumam ter apenas algumas páginas sublinhadas. Livros de edições mais antigas ‑ Em certas disciplinas menos mutáveis, como Anatomia ou Semiologia, pode compensar grandemente não adquirir a edição mais actual e sim uma mais antiga. A edição mais actual é sempre a mais dispendiosa e as alterações que possui relativamente à anterior são maioritariamente de formato, adição de imagens e adição de pouco ou nenhum conteúdo. Em disciplinas mais dinâmicas, como a Farmacologia ou a Imunologia, não é tão recomendável uma edição mais antiga. Ninguém quer estudar por um livro desactualizado! Edições Internacionais ‑ Vários livros possuem duas versões, uma para venda na Europa, Estados Unidos e Austrália, outra para venda nos restantes países, chamada de edição internacional. Esta última possui alterações mínimas no formato e capa. As imagens a cores na edição normal podem passar para preto e branco na internacional. A principal diferença, no entanto, é no preço, uma vez que estas edições são destinadas a países onde o poder de compra é muito menor. Assim, é possível encontrar livros a preços
diminuídos com poucas ou nenhuma alteração na qualidade de conteúdo e impressão. Livros em Inglês ‑ Pois é, este parâmetro é fundamental. A tradução para português é, muitas vezes, o que fica mais caro no livro. Livros em inglês compensam pela diminuição do preço e não só: são uma óptima forma de treinar esta língua, cada vez mais importante no mundo científico. Conhecer os nomes de órgãos, patologias, fármacos ou tecidos em inglês é sempre uma mais‑valia. Além do mais, muitos destes nomes são derivados do latim, e portanto muito parecidos com os utilizados em Portugal, o que facilita a aprendizagem. Não ficar pela primeira página do primeiro site ‑ Algum livro interessante? Pode haver melhor num outro local da internet. Dica: copiar o ISBN do livro encontrado e pesquisar num motor de busca por esse ISBN, juntamente com os parâmetros que procuras (“used”, “international edition”, entre outros). Todos os resultados vão ser relativos a esse livro, preferencialmente com os parâmetros procurados. Atenção, aquilo que se pretende pode não estar na primeira página! Ler as críticas de outros compradores ‑ Se há dúvidas entre livros diferentes, uma boa ajuda pode ser a leitura das críticas de pessoas que já os utilizaram. Vários sites disponibilizam esta opção. O livro que procuras provavelmente não vai corresponder a todos estes parâmetros mas apenas a alguns. Quantas mais características que baixem o preço conseguires juntar melhor será. Posto isto, boa sorte na tua demanda! Raquel Borges
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Os grandes mitos da velocipedia
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MITO, do grego mythos. s. m. 1. Coisa ou pessoa que não existe, mas que se supõe real. 2. Coisa só possível por hipótese. Coisa inacreditável, fabulosa. 3. Facto ou particularidade que, não tendo sido real, simboliza não obstante uma generalidade que se deve admitir. MITO 1 – DA GRANDE METRÓPOLE “As distâncias são demasiado grandes para andar de bicicleta” “A velocidade da bicicleta é demasiado baixa para o dia‑a‑dia” Como premissa base, vamos lembrar‑nos que, comparando com outras cidades europeias onde se pedala muito, o Porto é mínimo. Fazendo contas, dentro da cidade, a velocidade média da bicicleta e do automóvel são semelhantes, ganhando o automóvel vantagem se falarmos em distâncias maiores. Contabilizando o tempo porta a porta, e tendo em conta o trânsito, a procura de estacionamento e a deslocação a pé do estacionamento até ao destino, a bicicleta sai como a opção mais vantajosa dentro da cidade. Os dados que chegam da CE indicam que 50% das deslocações em automóvel na Europa são inferiores a 5 kms. Ora, acrescento eu, e qualquer pessoa que experimente, deslocações num raio de 5 a 10 kms são perfeitamente realizáveis em termos de esforço físico. Em casos em que as distancias sejam realmente grandes, a bicicleta é um excelente complemento aos transportes públicos. Falando da área urbana do Porto, a bicicleta anda de metro a qualquer hora ( Aulas em Vairão? 40 minutos de leitura até ao Mindelo, café na estação e 10 minutos de bike até às vacarias. De regresso ainda evitas o trânsito da entrada na cidade.) e de comboio de Braga a Aveiro, também a qualquer hora. Autocarros, se tiveres uma dobrável, também são opção. MITO 2 ‑ DAS MONTANHAS “No Porto não se pode andar de bicicleta porque tem muitas subidas” Na verdade, a cidade do Porto tem 3 ou 4 grandes cotas – a marginal, a baixa da cidade e o Marquês – nas quais se desenvolve. Esta questão dos declives só se põe quando queremos passar de uma destas cotas a outra.
Quando circulamos a pé não fazemos os mesmo percursos do que quando circulamos de carro. Da mesma forma, quando nos deslocamos de bicicleta podemos e devemos escolher o melhor caminho a tomar. Aí temos em conta, entre outras coisas, os declives que vamos encontrar pela frente e as formas de lhes dar a volta. Eu não preciso de subir a rua 31 de Janeiro para ir da Praça a Santa Catarina. Posso subir os Aliados e virar na rua Formosa. No final, ainda que no meu percurso eu não consiga evitar uma subida mais agreste, Ei! O pior que me pode acontecer é na minha deslocação de 7 kms de casa ao ICBAS eu ter de subir uma rua a pé. Dizem que só se pode andar de bicicleta em cidades planas. E que todos queríamos que o Porto fosse plano e, só porque não é, não fazemos como na Holanda. ( Quem é que não experimenta uma Dutchie quando passa pelos Países Baixos?) [In]felizmente o Porto não é a montanhosa Trondheim, na Noruega ‑ considerada uma das cidades mais cicláveis do mundo ‑, a declivosa São Francisco, nos EUA – que entra nas mesmas listas ‑, ou Basileia ou Berna, cidades suíças – onde 23% e 15% das deslocações se fazem em bicicleta, respectivamente, frente aos 20% de Amesterdão. Ainda, e para finalizar o capítulo das montanhas, qualquer bicicleta hoje tem para cima de uma dúzia de mudanças exactamente para serem usadas nestas situações. Conforme não subo o Marão em 5ª, também não se espera que eu suba a Restauração com uma mudança alta. MITO 3 ‑ DAS INTEMPÉRIES “É que no Porto há muita chuva e não dá” Aqui tenho o trabalho facilitado. Em Copenhaga, na Dinamarca, em Amesterdão, nos Países Baixos, ou em Berlim, na Alemanha, chove quase todos os dias do ano. Estes países são varridos por ventos
violentos frequentemente e ali neva todo o Inverno. Será que preciso de escrever mais? Se esse fosse o maior drama, deixávamos a bicicleta em casa no Inverno e ainda tínhamos 9 meses para pedalar por aí. Mesmo assim, por cá temos poucos dias por ano em que chove verdadeiramente – mesmo no Inverno. Nesses dias, deixa‑se a menina em casa. Noutros dias, o que temos são aguaceiros de 10 minutos. Planear a viagem, adaptar a bicicleta e escolher bem a roupa, e estão resolvidos os problemas desses dias. O pior? Esperar 10 minutos para sair. Os Holandeses costumam dizer com razão: “Chove? E daí? Não sou feito de açúcar, não derreto.” Continuava pelas próximas páginas a apresentar‑vos as desculpas mais fre... desculpem, os mitos mais frequentemente desenhados, mas já deu para ver que nem tudo o que parece é. Exemplos como as grandes sudações ( Mudanças na bike, escolha do percurso, gestão do esforço, evitar mochilas às costas), a preparação física ( Aqui digo‑te, experimenta!), o não saber andar (As crianças aprendem. Acho que tu também és capaz.), computadores, fotocópias, livros, compras (Mochilas e alforges.) são muito facilmente desconstruídos. A escolha é tua se queres acreditar ou não. MITO – ALEGORIA; ENIGMA; FÁBULA; LENDA; MISTÉRIO; QUIMERA; SÍMBOLO; UTOPIA. A iniciativa Sexta de Bicicleta partiu da MUBI – Associação para a Mobilidade Urbana em Bicicleta que desafia os portugueses a deslocarem‑se de bicicleta, às sextas‑feiras. Pedalar para o trabalho, para a universidade, para as compras, para o jardim ou para o café com amigos ao fim do dia. A ideia é mostrar que é possível viveres a tua cidade. Sabe mais em www.sexta debicicleta.mubi.pt André Correia
Os sítios que deves visitar antes de morrer na crise Antes que o desencanto da crise nos retire o encanto de viajar, vou encantar‑te com estes (en)cantos do mundo que deves visitar e desfrutar. Se um dia pensaste que o paraíso é só para ricos e estrelas de Hollywood com título de Miss/Mister contentor amarelo, então é porque nunca te aventuraste num simples click ou numa simples conversa com um viajante que não goste de agências de viagem/marcações/hotéis “enfarta burros”. Sim, leste bem: quando vamos a uma agência eles perguntam: “Praia ou neve?”; se praia: Caraíbas se gostas de andar pelos ares, e se tens medo do avião (curioso que morrer na estrada é 16 vezes mais provável que num avião): Sul de Espanha e Algarve; se neve: Andorra, Suíça ou Escandinávia; em comum é um hotel num local definido (tipo “vedação de gado”) onde conhecer um país passa a ser conhecer um hotel! Ora, sendo apologista da aventura e descoberta, vou‑me debruçar nos locais de praia e compras que estão no meu “top”. Praia: já ouviste falar de Boracay? Não me parece Ora trata‑se de uma ilha nas Filipinas. É um paraíso de águas cristalinas (sem coisas a boiar nem bicharada), de areia branca e macia com imensos hotéis para |
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todas as carteiras e habitantes muito acolhedores e genuínos. Se quiseres andar de táxi, andas é de motinha como as dos ciganos (digo já que é muito divertido!). O mais barato é viajar pela Lufthansa (via Frankfurt) e apanhar a Cebu Pacific Air em Singapura. E da ilha Phi phi? Ora bem é uma ilha do país do nosso querido professor Anake Kijjoa. Se dizem que os portugueses são muito hospitaleiros, o que dizer dos tailandeses? São simplesmente impecáveis! Ora, a praia é estrondosa tal como a de Boracay e o comércio tradicional é entrar num labirinto de tendas de objectos interessantes. Só o facto de termos de nos deslocar num barco pequeno de madeira com motor estranho e barulhento durante 20 minutos (de krabi para a ilha phi phi) já dá indícios de uma aventura a começar precocemente. O mais barato é viajar para Bangkok e apanhar voo para Krabi (Tailândia).
uma Gucci, uma Chanel, uma MontBlanc, uma Rolex onde as pessoas fazem fila para entrar e comprar! É o local de passagem obrigatória dos asiáticos extravagantes que querem gastar os seus troquinhos em algo exclusivo ao melhor preço possível (apesar de continuar a ser caro ). Se és amante de automóveis de luxo, basta te sentares na explanada de um café numa avenida e ver arrancadas de Lamborghini, Ferrari, Rolls Royce, Nissan GTR, BMW M5, Mercedes‑Benz SLS 63 AMG, enfim nem vale o esforço de expressar a excitação de ouvir aqueles incríveis motores (nem tempo de recuperação temos entre as várias excitações do sistema simpático provocadas pelos roncos!).
E para finalizar, se puderes ir tomar uns banhos na piscina no último andar do Hotel Marina Bay Sands vais ter a sensação única de estares a cair sobre a cidade! É incrível! Bem, eu até me podia alongar mais, mas o meu amigo Pedro ainda me manda mas é vender rifas para pagar à tipografia o excedente. Até à próxima edição se Deus quiser ou para os não crentes, se o universo me deixar!
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Tiago Pais
Cidade para compras: Sem dúvida a melhor é Singapura. É um país/cidade que simplesmente é constituído por lojas (das marcas mais caras e mais extravangantes possíveis, às mais simples e acessíveis) do tamanho de autênticos shoppings. Em cada rua à uma Louis Vuitton, uma Prada,
Interno ICBAS Henrique Moreira Vice Presidente para Relações Externas da DAEICBAS
Revisão Curricular do MIM O plano curricular do Mestrado Integrado em Medicina do ICBAS tem sido largamente discutido, tanto nos corredores, pelos estudantes, como nos laboratórios e gabinetes dos muitos professores que connosco partilham esta casa. Passaram vários anos desde a sua última revisão, que, de facto, só passou pela adequação ao processo de Bolonha, com que nos deparamos em 2007. Era então há muito desejada, por todos os intervenientes neste curso, uma reformulação dos conteúdos abordados, da sua organização e dos métodos de ensino e avaliação com os quais nos debatemos agora. A proposta de revisão curricular surge então no meio duma acesa discussão que tem passado um pouco por todas as escolas médicas do país ‑ a Faculdade de Medicina da U. Porto, por exemplo, está agora a implementar o seu novo plano. Em junho do passado ano de 2013, a Direção do MIM submete a proposta, encabeçada pelos Professores Doutores António Sousa Pereira, Álvaro Moreira da Silva, António Martins da Silva e Artur Águas, aos diferentes órgãos de gestão do ICBAS (Conselho Científico, Conselho Pedagógico, Conselho Executivo), aos responsáveis pelo Ensino Pré‑Graduado do CHP, aos diversos Departamentos do ICBAS e aos Estudantes (AEICBAS). É nesta altura que se constitui, no seio da AEICBAS, o Grupo de Trabalho para o Acompanhamento do Plano de Estudos de Medicina (GTAPEMed), constituído pelo Núcleo de Gestão e GTEP da Direção da AE e pelos estudantes que têm lugar nos diferentes órgãos de representação. O GTAPEMed trabalhou
então em propor as mais diversas alterações ao documento inicial, baseando‑se nos vários problemas que há muito assombram o curso, assim como em contribuições e sugestões de vários estudantes, ao nível dos conteúdos programáticos e aos métodos de ensino e avaliação. A discussão relativa às famosas Químicas ou Farmacologias não, ficou, obviamente de fora, tendo este grupo, proposto maneiras de abordar o problema e tornar estas matérias, que, por si, são difíceis, em algo mais fácil de ensinar e aprender ‑ juntando‑as a outros conteúdos, que podem ajudar ao promover um enquadramento forte dos conhecimentos. Após vários meses em discussão, esta proposta veio então a público, tendo a Direção do ICBAS e do MIM feito um extraordinário esforço para abrir o processo a todos os estudantes e docentes, promovendo reuniões públicas, onde se ouviram as opiniões e contribuições dos presentes. Chegando, agora, ao fim deste processo de discussão, a proposta terá de ser aprovada em Conselho Científico do ICBAS, passando depois para análise e aprovação pelas entidades reguladoras da ensino superior em Portugal, como, por exemplo, a Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES). Esperamos ansiosamente todos os desenvolvimentos e trâmites deste processo complexo, que tem ainda muitas etapas por percorrer. Da parte dos estudantes haverá sempre uma grande abertura para o diálogo ‑ pelo que todos podem contar connosco para discutir e contribuir! Fiquem atentos! |
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Artigo de Opinião – Pedro Correia de Miranda sobre a Revisão do Plano Curricular do Mestrado Integrado em Medicina
Pedro Correia de Miranda
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5° MIM
A arte de ser médico é ensinada, de diferentes modos, há mais de dois mil anos. Quatro séculos antes de Cristo, Hipócrates definiu como passo essencial desta formação, a transmissão do conceito “do no harm”. Ao longo da história, a ciência evoluiu, muitas vezes sem saber bem em que sentido. O seu ensino, consequentemente, andou também muitas vezes “à deriva”. O ensino da medicina não foi nunca exceção, e a progressão foi tudo menos um processo pouco conturbado. O ensino da medicina espalhou ‑se pelo Mundo, e tentou‑se sempre que andasse a par e passo da evolução da própria ciência. Hoje, isto revela‑se um desafio constante pois a velocidade do desenvolvimento da ciência e da tecnologia é difícil de se acompanhar. A sociedade atual, cada vez mais competitiva, estabelece regras, normas, e parâmetros para tudo. Também o ensino está cada vez mais sujeito a esta tendência, e as escolas médicas rumam cada vez mais nesse sentido. Criaram‑se órgãos de acreditação, federações de educação médica, conselhos de fiscalização, entre tantas outras instituições. Toda, com uma mesma missão: garantir o melhor ensino de Medicina possível. Neste contexto, a tão falada “reforma de programas curriculares” já não pode ser encarada como uma notícia. A “reforma do programa curricular do mestrado integrado em medicina do ICBAS”, essa sim, é uma enorme notícia. Sem que seja uma novidade. Há muito tempo que figuras ilustres se debruçam sobre este assunto: agenda‑se enormes reuniões, constituem‑se formalíssimas comissões (de estudo, de análise, de implementação, de acompanhamento ), e produzem‑se extensos relatórios. Todos pretendem, recorrendo a malabarismos de criatividade, responder à questão “qual deve ser o novo programa curricular do MIM do ICBAS”?
Desafio‑vos a uma outra questão: que médico quer o ICBAS formar? Um programa curricular é como que uma estrada: segue um caminho, de formação, que só faz sentido se tiver um destino definido. Parece‑me pouco sensato (tentar) definir as curvas da estrada, sem se avaliar onde vai ela chegar, e que montes e vales irá ter de atravessar. Somos todos peritos a dar nomes aos montes e vales. Algumas placas de sinalização da estrada já nem precisam de lá estar, pois não há estudante de medicina no ICBAS que não saiba o nome dos (inescaláveis) montes Química Biológica, Histologia, Farmacologia entre tantos outros Mas em vez de discutirmos como pode a estrada dar a volta a estes montes, discutamos se é sequer pertinente que a estrada passe por estes montes! Depois também há aquelas placas de sinalização de advertência: estamos habituados a ser advertidos acerca de curvas apertadas, rampas de grande inclinação, condições climatéricas adversas. Mas também qualquer caloiro no ICBAS se familiariza, rapidamente, com estas placas: má distribuição de créditos, excesso de carga horária, métodos de avaliação desajustados. Uma vez mais: se queremos desenhar uma nova estrada, temos que nos esforçar para desenhar uma sem curvas apertadas, rampas inclinadas ou riscos de geada, senão rapidamente estaremos a por “placas de sinalização de obras”. Qual queremos, então, que seja o destino desta estrada? Não sou perito em geografia nem engenharia, por isso seria muito pouco humilde, e até prepotente, ter a ousadia de dar uma resposta a esta questão. Mas creio poder sugerir algumas ajudas para definir este caminho. A primeira creio que deva ser consultar os condutores. O engenheiro pode desenhar uma estrada incrível, mas se o destino for inútil, ninguém a utilizará. Este estudo está a ser feito: em colaboração com a Professora Doutora Corália Vicente, lancei um inquérito, dirigido a atuais e antigos estudantes do ICBAS! Pretendemos precisamente avaliar, com real conhecimento de causa, três questões: para onde ruma esta estrada, para onde gostaríamos que rumasse, e quais as placas de sinalização que existem. Os resultados estão aí à vista, e a sua avaliação exaustiva, parece‑me essencial! De seguida, parece‑me essencial avaliar os recurso que temos à nossa disposição: em tempos de crise não
podemos construir obras faraónicas, pelo que temos que orçamentar cuidadosamente esta empreitada: avaliar os recursos que já temos à partida é por isso essencial. Seria um desperdício não contratar empregados como a proximidade de um hospital distrital, a investigação que se faz, alguns docentes que temos, a dinâmica da componente prática do ensino. Estes recursos existem, mas estarão porventura subutilizados. Mas em tempos de ginástica orçamental, fazer uma realocação de recursos tendo em vista a obtenção do maior rendimento possível é essencial! Desenhada a estrada, preparada a obra, há que avaliar como decorrerá a obra: Quando será construída? Por quem? Com que prazo? Sob controle de que entidade? A primeira premisse para uma construção de qualidade é não a fazer à pressa: senão facilmente teremos paredes rachadas e tetos que metem água. Se não queremos fazer a obra à pressa, avaliemos quais são as (potenciais) fontes de pressão para conclusão de obra. Na construção da estrada do programa curricular, há quem ache que está no fundo uma temível entidade que a impor que a obra esteja concluída. Acho essencial que a administração da empresa de construção civil não se deixe assustar pelas autoridades de inspeção e de acreditação. Por uma razão simples, as autoridades já lá estavam antes de a obra começar, estão lá agora, e vão estar lá
no fim. E as autoridades, como órgãos burocráticos que são, demoram tempo a avaliar e a concluir seja o que for. Ou seja, se a autoridade disser (que disse!) ao conselho de administração: daqui a um ano vamos ver quão bem a sua empresa está a trabalhar, irão avaliar os últimos (vários) anos da sua atividade, e não os últimos meses. Urge pois que a administração se dedique a avaliar isso mesmo, mais do que a querer, à pressa, mudar a sua forma de trabalhar! Porque se todas essas mudanças (prementes e até necessárias) forem feitas à pressa, vão ser inseguras, e presidente do conselho de administração terá, forçosamente, a voz a tremer quando as anunciar aos fiscais. Mas, se o Conselho de Administração disser, sem medo e com verdade, que considerou que talvez a estrada esteja a ficar velha, com demasiados buracos, e por isso a precisar de obras, parece‑me que a autoridade não mais dirá do que “força nisso, terão o nosso apoio e todo o tempo que precisarem!”. A reforma do programa curricular é de facto necessária (será mesmo?), mas paremos para pensar: reformular é mudar de forma: é preciso pois saber qual a forma que temos atualmente, e qual a forma que queremos vir a ter! Não construamos uma nova estrada sem consultar os condutores e sem avaliar o orçamento da obra, amedrontados pela inspeção de (mais) uma autoridade!
Investigação Científica no ICBAS Participar no desenvolvimento é estar pre‑ sente e actuante nas diversas iniciativas que se desenvolvem no sentido de dar resposta ao direito à contemporaneidade que não se verifica num imenso número de seres humanos. – Professor Doutor Nuno Grande O ICBAS é uma das Unidades Orgânicas que representa por excelência a investigação científica desenvolvida dentro da Universidade do Porto. Em colaboração com várias instituições nacionais e internacionais e financiamento externo (Fundação para a Ciência e a Tecnologia, Fundação Calouste Gulbenkian, Comunidade Europeia, etc.) os laboratórios contam com a participação de mais de 20 docentes e 40 alunos dos diversos ciclos de estudos. É de salientar então a existência de dois departamentos com intensa prática investigativa: o Departamento de Anatomia e o Departamento de Imuno‑Fisiologia e Farmacologia. Situado no Edifício 1, o Departamento de Anatomia
Diogo Neves
Mariana Pires Pereira
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é dirigido pelo Professor Doutor Artur Águas. Desde o papel do nervo vago e de algumas hormonas na ingestão alimentar até ao estudo do tecido adiposo em infecções pelo protozoário Neospora caninum, passando pela avaliação dos marcadores imunocitoquímicos em tumores do cortéx da supra‑renal ou pelo estudo do calicivírus e doença hemorrágica do coelho, este departamento ocupa‑se de um vasto conjunto de experiências seguindo as metodologias mais adequadas para a obtenção de resultados cada vez mais promissores de ano para ano. Já o Departamento de Imuno‑Fisiologia e Farmacologia é dirigido pelo Professor Doutor Paulo Sá e constituído por três laboratórios principais distribuídos pelos Edifícios 1 e 2 da Faculdade. O laboratório de Farmacologia está, neste momento, a desenvolver projectos de investigação na área da neurobiologia das purinas, focando‑se também no estudo dos mecanismos moleculares envolvidos na modulação interactiva da transmissão neuromuscular. Esta linha de trabalho está integrada no seio da Unidade Multidisciplinar de Investigação Biomédica em colaboração com outros laboratórios de investigação farmacológica espalhados pelo país. Por sua vez, o Laboratório de Fisiologia encontra‑se a estudar os fenómenos de biomineralização (mecanismos moleculares e celulares de calcificação) e de transporte iónico em
bivalves. Um segundo grupo tem como tema científico de interesse o estudo da fisiologia dos gâmetas e biotecnologias reprodutivas e um terceiro grupo orientado para a investigação da endocrinologia do crescimento e reprodução de crustáceos, em parceria com laboratórios de biologia marinha da região. Por fim, o laboratório de Imunologia centra ‑se no estudo da resposta imunológica a infecções nomeadamente de proteínas imuno‑moduladoras de origem microbiana como factores de virulência e da sua aplicabilidade como antigénios vacinais ou na prevenção/terapia da autoimunidade. São usados modelos experimentais animais para caracterizar a resposta imunológica a infecções por bactérias (micobactérias, estreptococos, estafilococos), fungos (Candida albicans) e protozoários (Neospora caninum). Além de contribuírem para o conhecimento fundamental, estes estudos visam também desenvolver novas estratégias imunoterapêuticas e de vacinação contra doenças infecciosas. Finalmente, é importante referir que para além das características de investigação descritas anteriormente, os laboratórios são também reconhecidos pelo auxílio prestado no ensino de algumas Unidades Curriculares das licenciaturas de Medicina, Medicina Veterinária, Ciências do Meio Aquático e Bioquímica, bem como outros cursos de ciclos de estudo superiores.
Sociedade de Debates da Universidade do Porto Fundada por estudantes da U.P. em agosto de 2010, a Sociedade de Debates da Universidade do Porto (SdDUP) é uma organização sem fins lucrativos, liderada por alunos de quase todas as Faculdades da U.P., que se dedica ao debate nas mais diversas áreas como forma de promoção de competências de comunicação, capacidade de improviso, análise crítica e tolerância intelectual. A SdDUP organiza dois debates regulares por semana (às terças e quintas‑feiras), nas diferentes faculdades dos três pólos universitários (Campo Alegre, Centro Histórico e Asprela). Terrorismo, se5ª edição - março 2014
medicina e entretenimento foram apenas alguns dos temas discutidos ao longo deste semestre. Em
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gurança pública, história de Portugal, política nacional e europeia, feminismo, arte, religião, ciência,
participação de professores especialistas, tendo o primeiro decorrido no ICBAS e o segundo na FEP.
outubro a SdDUP levou oito equipas ao torneio nacional Open de Lisboa, com uma das equipas a ganhar o prémio de melhor equipa e melhor oradora e em novembro dois oradores participaram no torneio internacional Oxford IV. Em novembro foi também organizada uma simulação da Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) sobre o tema “Alterações Climáticas” com a participação especial da eurodeputada Marisa Matias. Além disso, a SdDUP organizou também um debate especial na FCUP com os Núcleos de Estudantes de Biologia e Bioquímica da U.P. sobre o acesso à investigação científica e também dois debates VIP sobre “Racionamento de Medicamentos” e “Capitalismo” com a Para o próximo semestre está previsto a continuação dos debates regulares e VIP e a participação em mais competições nacionais e internacionais, nomeadamente o Torneio Nacional de Debates Universitários (TORNADU) em Braga e o International Debating Camp (IDC) no Porto.
Departamentos da DAEICBAS
II AEICBAS Biomedical Congress Após a primeira edição do AEICBAS Biomedical Congress, a Direção da Associação de Estudantes do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar compromete‑se a realizar uma segunda edição em abril de 2014 (dias 24, 25 e 26). Para os estudantes mais distraídos ou, para os que pela primeira vez estão nesta faculdade, o AEICBAS Biomedical Congress teve a sua primeira edição em abril de 2013 e surgiu da ideia de regressar aos primórdios da criação do nosso Instituto. A filosofia da interdisciplinaridade inerente às Biomédicas e associada ao Professor Doutor Nuno Grande, tornou‑se assim um desafio para a criação deste congresso, desafio este aceite pela DAEICBAS 2012‑2013. Com este projeto pretendemos por um lado, salientar a proximidade inerente aos diversos cursos lecionados na nossa faculdade, demonstrando a cada um dos estudantes que determinadas áreas correspondem a interesses comuns abordados quer numa perspectiva diferente por cada curso ou, apesar de não fazerem parte de todos ou de nenhum dos planos de estudo, são um interesse global. Por outro lado, vivendo numa sociedade cada vez mais exigente e que dá primazia ao estudante e profissional
multifacetado pretendemos que, numa época em que os cursos lecionados se encontram cada vez mais divergentes se aproximem e que a contribuição de todos eles, crie este tipo de estudante/profissional. Assim, com uma reformulação da imagem e ideias inovadoras queremos mais uma vez, com esta segunda edição, chegar a todos os estudantes que compõem os cinco cursos lecionados no ICBAS: Medicina, Medicina Veterinária, Ciências do Meio Aquático, Bioquímica e Bioengenharia. Após uma reflexão crítica sobre a primeira edição, a Comissão Organizadora começou os preparativos desde o inicio deste ano letivo, e já com algumas novidades para ti! Acreditamos que a Ciência é, sem dúvida, a área do conhecimento que promove a união e proximidade que pretendemos, sendo a nossa preocupação para enfoque durante as manhãs deste segundo congresso. Tendo por base este pressuposto, escolhemos para Presidente da Comissão Científica o Professor Doutor João Coimbra que, entre uma biografia extensa e notável, foi professor catedrático de fisiologia no ICBAS desde a sua criação, lecionando posteriormente outras unidades curriculares, neste momento aposentado. Mas, porque temos consciência que cada curso possui as suas especificidades, pretendemos que estas também sejam exploradas, proporcionando aos participantes ciclos de conferências, sessões teórico‑práticas e práticas durante as tardes. E para as quais terás novidades em breve! Curioso? Mantem‑te atento a todas as novidades através do nosso site e página de facebook! http://aeicbasup.pt/iiabc/pt www.facebook.com/AeicbasBiomedicalCongress E caso tenhas alguma dúvida, contacta‑nos: aeicbasbc@gmail.com E não te esqueças das datas, marca já na tua agenda e vem fazer história connosco nesta segunda edição! Marta Paula Sá de Azevedo, Presidente da Comissão Organizadora do II AEICBAS Biomedical Congress |
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Economia para Totós
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5ª edição - março 2014
No passado dia 6 de novembro, a AEICBAS teve a primeira edição deste ano da nossa atividade “Cenas para Totós” e escolhemos a área de Economia para estrear esta caminhada de sete sessões alusivas a ideias inovadoras ou a temas que pensamos não serem do leque geral de um típico estudante do ensino superior. Para esta primeira sessão: “Economia para Totós” foi convidada a Joana Torres, estudante do 4º ano do Mestrado Integrado em Medicina do nosso Instituto, já licenciada em Gestão e Contabilidade e com uma pós‑graduação em Gestão de Unidades de Saúde. A Joana amavelmente aceitou o desafio por concordar, tal como a AEICBAS, que o conhecimento da maioria dos estudantes sobre contabilidade e economia, se encontra muito aquém daquele que será o esperado para a entrada no mercado de trabalho. Nesta sessão foram abordadas ao pormenor duas temáticas consideradas de elevada relevância nesta área de alargado conhecimento: IRS (Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares) e a Segurança Social. Várias e de elevada pertinência foram as questões realizadas pela plateia de 40 estudantes. Assim, concordamos que o balanço final desta atividade foi positivo, mais uma vez alertando para a falta de conhecimento associado a esta área verificada nos estudantes do ICBAS. Esta falha é mais notória no Mestrado Integrado em Medicina onde está a ser equacionado para o nosso Plano Curricular a integração de uma disciplina associada a Economia/ Gestão. Mas, enquanto não é integrada e seja do conhecimento geral este défice nos estudantes do ICBAS, a AEICBAS tentará realizar mais iniciativas associadas a este leque de conhecimento. Regressando ao inicio deste artigo, a atividade “Cenas para Totós” terá no total sete sessões. Para os mais distraídos a próxima será “Ciência Politica para Totós”. O que sabes tu sobre ideologias politicas e o que gostarias que te fosse esclarecido? Não percas esta próxima sessão e vem ser um totó connosco!
Francisco Ferreira 1º CMA
Expectativas do antes e depois em CMA Entrar para a faculdade é um marco na vida de um jovem e representa o início de uma etapa muito importante no percurso de vida de alguém, daí nos sentirmos muitas vezes pressionados sobre o curso que vamos optar e, acima de tudo, se vamos entrar efetivamente nesse curso. No meu caso, desde cedo soube que queria algo relacionado com as ciências e investigação, mas nunca pensei que algum dia viesse a estudar no ICBAS em Ciências do Meio Aquático. Ao início estive um pouco reticente e com algum receio se iria gostar ou não do curso, se me iria integrar, se iria tirar ter sucesso academicamente, etc. E, apesar de me sentir um pouco deslocado e, de certo modo, reservado perante os outros e perante o ambiente novo que me rodeava, desde logo consegui “adaptar‑me” ao novo ambiente e às pessoas e, passados 2 meses, posso claramente afirmar que estou a adorar o curso, que conheci pessoas e docentes fantásticos e que, no geral, estou a adorar esta nova experiência que é a faculdade. Faculdade não é só sinónimo de “muito estudo” e “praxe”, vai muito para além disso. É um misto de emoções, experiências e vivências com toda a comunidade da faculdade, desde doutores a colegas, professores a funcionários, estudo a divertimento e por isso, recomendo vivamente a todos os jovens que estejam interessados em ingressar no ensino superior, que não hesitem. Ter a destreza para aceitar novos desafios é um grande atributo e privilégio, portanto aceitem este desafio como uma experiência e uma viagem que vos mudará a vida para sempre. A minha ainda agora começou.
CMA Rumo a Sul Marta Azevedo Coordenadora Executiva da DAEICBAS
Não podes desperdiçar esta aventura rumo ao conhecimento, adrenalina e socialização, que o Departamento de Ciências do Meio Aquático da AEICBAS te proporciona.
Com realização datada de 14 a 16 de abril de 2014, inclui as visitas ao Oceanário de Lisboa e IPIMAR, e a oportunidade de fazer kart à vela, um passeio, em pleno, de barco na companhia de golfinhos, entre outras experiências imperdíveis. As inscrições abrem dia 3 de fevereiro de 2014.
Em suma, foi um encontro singular e enriquecedor, que se poderá repetir nos próximos anos. Lisa Moutinho Teixeira 3º CMA
Departamento de CMA
Francisca Ribeiro 3º CMA
Expectativas do antes e depois em CMA Semana do Mar A Semana do Mar foi recheada de histórias, integração, curiosidade e de milhares de seres marinhos preenchidos de personalidade. Uma atividade que se realizou de 7 a 11 de outubro, dinamizada pelo Departamento de Ciências do Meio Aquático da AEICBAS, e contou com a presença de cerca de 40 participantes. Iniciou‑se com “Oceano de História”, onde se vivenciaram experiências com o desvendar mágico do nascimento do curso pelas entidades que o presenciaram, nomeadamente, o Diretor do curso Alexandre Lobo da Cunha, e os professores António Afonso, Gerhard Michael Weber, José Fernando Gonçalves e Paulo Vaz Vires. A Semana continuou com o “Oceano de Experiências”, uma viagem em retrospetiva do que foi o futuro de antigas alunas de Ciências do Meio Aquático, Ana Reis, Lúcia Barriga Negra e Sónia Rocha, atuais investigadoras, e do que poderá ser um dia o nosso. “Dentro de um peixe” foi uma palestra conduzida pelo professor António Afonso, reveladora de muitos mistérios desapercebidos à desatenta visão humana. O terminar, em excelência, deu‑se com a visita ao Sea Life e aos seus bastidores, que maravilhou o olhar com múltiplas cores e formas da vida marinha, desde o frágil cavalo‑marinho, a assustadores tubarões e simpáticas raias.
“All this time I was finding myself, and I didn’t know I was lost” é a frase que melhor define o meu percurso em CMA. Ao contrário da maioria dos alunos de Ciências do Meio Aquático, as minhas expectativas no início do primeiro ano não eram muito altas, uma vez que estava a frequentar um curso que não tinha sido a minha primeira opção e que, à partida, só faria o primeiro ano para não estar parada, tentando depois entrar naquele curso que dizia ser o meu sonho.Acontece que os meses foram passando e a “brincadeira” até correu melhor do que aquilo que eu esperava. Ao longo desse ano e do seguinte fui‑me envolvendo em atividades relacionadas com CMA e à medida que tinha mais cadeiras, fui‑me apercebendo do quanto eu gostava desta área, e que um dia me via a trabalhar na mesma. Agora que cheguei ao 3º ano sinto‑me como um aluno que chega pela primeira vez à faculdade: cheia de expectativas, com vontade de aprender e de trabalhar, realizar projetos e prosseguir os estudos nesta área. Acima de tudo quero acreditar firmemente que tanto eu como os meus colegas teremos futuro quando acabarmos o curso e que iremos trabalhar numa área que gostamos. Acho que posso falar por todos os meus colegas de curso, dizendo que uma das nossas expectativas/ objetivos é desmistificar um bocadinho a ideia de que estamos a frequentar um curso inferior e que não tem futuro, pelo contrário queremos mostrar que temos muito para dar enquanto futuros biólogos marinhos. Ao longo destes três anos descobri algo que não sabia de que gostava e passei a pensar num futuro totalmente diferente daquele que eu imaginava antes de entrar para a faculdade, no fundo, encontrei em CMA um porto de abrigo. |
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CÃOMINHADA Sempre quiseste fazer um passeio completamente dedicado ao teu cão? Gostavas que o teu cão tivesse contacto com outros? Tens dúvidas sobre como educar o teu animal?
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O Departamento de Veterinária da Associação de Estudantes do ICBAS está a organizar uma cãominhada para o próximo dia 18 de maio de 2014. Não, não leste mal, é mesmo CÃOminhada! Trata‑se de uma caminhada por um percurso programado e que está pensada para que o teu amigo especial seja o centro das atenções. Contamos com a presença de associações de animais, com um especialista em comportamento canino e ainda com muitos brindes. À chegada, os participantes poderão recolher os brindes para o seu animal e depois podem seguir para um Workshop sobre Comportamento Animal, onde poderão aprender algumas dicas e sinais que anteriormente lhes passavam despercebidos e ainda colocar as dúvidas que não tenham sido abordadas durante o Workshop. Após esta actividade os participantes são convidados a fazer um percurso de cerca de 5Km todos em conjunto, para depois voltar ao ponto inicial. Com esta actividade pretendemos promover uma boa relação dos donos e seus cães, assim como uma razão para o convívio e partilha de experiências entre os donos e entre animais. Como se não bastasse, será também uma ajuda da educação o cão, uma vez que será promovido um passeio calmo em que o animal segue ao lado do dono e que teremos a presença de uma treinadora que poderá dar conselhos sobre alguns problemas comportamentais durante o passeio. Inês Rei Departamento de Medicina Veterinária da DAEICBAS
“Ser Mais Buddy” Este projecto “Ser Mais Buddy” surgiu pela necessidade de integrar os alunos ERASMUS que vêm para a nossa faculdade durante um semestre / um ano, visto que notávamos nos anos anteriores que existia um lapso em termos da vivência deles e interacção com os restantes estudantes. Assim sendo, de modo a potencializar ao máximo a ajuda que cada aluno, que se voluntariou para ter um Buddy‑Erasmus, poderia dar, cruzamos as informações sobre o curso, ano e cadeiras inscritas e atribuímos o aluno de ERASMUS com as características mais adequadas possíveis. Mas o apoio dado é muito diverso, desde onde é a reprografia ou como estudar para certa cadeira até ao sítio onde se sai à quinta‑feira no Porto ou que destino do nosso país que não podem deixar de visitar! Neste momento temos cerca de 29 “parcerias”, número que
tenderá a aumentar, esperamos nós, no 2º semestre com a chegada de novos alunos. A base é simples, é levar muito a sério o lema “mi casa es tu casa”, e se a nossa Casa, o nosso ICBAS, vai ser a casa destes alunos pelo menos durante uns meses, então é mais do que nossa responsabilidade enquanto dirigentes associativos, mas principalmente, como estudantes, saber integrá‑los, ajudá‑los, fazê‑los sentir que são bem ‑vindos e tornar esta estadia cá inesquecível. Porque eles eventualmente terão de voltar para os seus países de origem, mas as memórias e coisas que viveram também ficam por cá, e é nessas pequeninas coisas que, pensando que não, vamos fazendo a diferença. Ana Paula Cruz
A 3° edição do Biomédicas Sem Fronteiras ocorreu no fim‑de‑semana de 15 a 17 de novembro, em Rilhadas – Fafe
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VO.U. – Associação de Voluntariado Universitário Nesta edição falamos do VO.U Socorrer ‑ um dos projetos da VO.U (Associação de Voluntariado Universitário) ‑ que pretende ter maior implementação neste novo ano letivo. O que se pretende é, tal como o próprio nome o sugere, realizar cursos de primeiros ‑socorros direcionados a jovens a partir dos 12 anos. Isto porque, nas palavras dos coordenadores do projeto Luís Guimarães e Rita Filipe, “acreditamos que transmitem informação de extrema importância, que não se encontra, atualmente, suficientemente difundida na população”, salientam os dois, bastante familiarizados com o tema, não fossem ambos estudantes de medicina. Genericamente, o curso incide na divulgação de informação sobre a organização do Sistema Integrado de Emergência Médica, a transmissão correta de dados ao Centro de Orientação de Doentes Urgentes, sobre os Princípios Gerais de Socorrismo e também sobre como atuar em situações específicas, mais ou menos comuns. Tem uma carga horária de 15 horas,
dividida em 8 sessões consoante a disponibilidade de ambas as partes (voluntários e beneficiários), com espaço para muita participação e dinamismo face à sua forte componente prática. O objetivo principal é alertar os jovens para a importância de se manterem informados sobre o impacto que gestos simples podem ter nas situações de doença súbita e trauma, atribuindo‑lhes competências práticas e concretas neste campo. Atualmente o projeto conta com cerca de 30 voluntários ativos, sendo que pretende crescer e atingir a proporção suficiente para cumprir com os seus objetivos em grande escala. Para os que ficaram interessados no projeto, existe uma informação importante a reter: é necessário ter formação (certificada ou não) em Suporte Básico de Vida (SBV) para integrar o projeto. A partir desta base, é apenas necessário acrescentar uma boa dose de motivação e empenho! Voluntariado da Universade do Porto
FAMVet No fim de semana, de 23 de novembro de 2013, em Évora, reuniram‑se os órgãos de gestão da recém nomeada FAMVet, Federação Académica de Medicina Veterinária. Desta fazem parte as faculdades de Veterinária das universidade de Trás os Montes e Alto Douro, Lusófona, Évora e claro o nosso caríssimo ICBAS! Das quatro assembleias gerais realizadas no mesmo dia faziam parte das ordens de trabalho os seguintes temas principais: apresentação do relatório de actividades e orçamento da comissão gestão (em
funcionamento até á tomada de posse da direcção neste mesmo dia) e dos membros do concelho fiscal e disciplinar (nomeados pelas DAE pertencentes á federação) assim como a aprovação do seu regulamento interno, apresentação e votação das listas candidatas aos órgão de gestão (Direcção e Mesa |
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da Assembleia Geral), aprovação dos regulamentos internos das mesmas e tomada de posse. Foram ainda apresentados e votados o Plano de Actividades e Orçamento da nova Direcção e os regulamentos de quotas e da Assembleia Geral. Do Plano de actividades para 2013/2014 fazem parte uma breve explicação da existência dos diferentes departamentos dentro da direcção e do objectivo destes seguido da apresentação dos eventos pelos quais são responsáveis. FAMVet, como membro da IVSA (International Veterinary Students Association), proporciona já neste mesmo ano a participação dos alunos nos intercâmbios clínicos ou de investigação da mesma!! Uma nova actividade denominada VetForm foi também recebida com entusiasmo, será um encontro com sessões de formação prática e teórica para todos os interessados no associativismo estudantil! Outra opção para os interessados em aproveitar o verão são os CEMVEFs, pequenos estágios em centros de prática veterinária profissional que são uma oportunidade para contactar com a realidade do trabalho de dia‑a‑dia em veterinária e pôr em prática os nossos conhecimentos, a tanto
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NEBQUP O Núcleo de Estudantes de Bioquímica da Universidade do Porto, NEBQUP, surgiu há dois anos, oficialmente, como um dos grupos da Faculdade de Ciências em colaboração com o ICBAS, com o objectivo de informar e ensinar. Através de actividades direcionadas a diferentes vertentes do percurso académico de cada estudante da UP tem vindo a destacar‑se principalmente em actividades com alguns nomes major da ciência e industria em Portugal. Representa alunos e ex‑alunos, representa um curso com décadas de história e representará de certeza futuras décadas de uma ciência em constante evolução.
custo adquiridos! Não pudemos, claro, deixar de referir o ENEMVet, uma actividade anual de diversão com outros alunos de veterinária a nível nacional! A FAMVet irá incidir ainda na revisão dos planos de estudo dos diferentes cursos de medicina veterinária do país, na divulgação do importante papel do médico veterinário na saúde pública e na valorização do animal como entidade própria. A próxima Assembleia Geral da FAMVet está agendada para os mesmos dias do VetForm e será em Lisboa. Para além de todas as actividades em que poderás participar, a FAMVet irá também procurar incluir alunos de Medicina Veterinária, mesmo exteriores ás direcções das associações de estudantes, nas comissões organizadoras das diferentes actividades por isso fiquem atentos! Alexandra Xavier
Neste semestre, até há data, já contou com três actividades diferentes. A primeira, um grupo de cinema, com o filme “Dead Man Walking”, com o objectivo de juntar os estudantes num clima mais informal e diário. Numa colaboração com o Núcleo de Estudantes de Biologia da UP e a Sociedade de Debates da UP, foi realizado um debate com o tema “Divulgação Científica” foram argumentadas as diferentes formas de publicação científica e o seu peso académico investigadores da Universidade do Porto, e o acesso gratuito e pre‑ mium a que cada investigador está intitulado. Numa vertente mais cultural, foi desenvolvido um Bookclub, um clube onde podem ser ser debatidos os gostos literários de cada participante. Na primeira edição desta actividade, entrou‑se na comédia científica de Douglas Adams com a obra “Á Boleia pela Gálaxia”. Carlos Diogo Paulo
Grupos da casa
CICBAS – ENCORE
No ano em que o Coral de Biomédicas (CICBAS ‑UP) comemora 35 anos de existência, um grande evento volta à cidade do Porto, após 10 anos de interregno – Encontro de Coros Académicos: ENCORE. O auditório da Fundação Engenheiro António de Almeida foi pequeno para a multidão que fez questão de asistir a mais um evento de sucesso organizado pelo CICBAS. Com a ajuda inestimável do Coro Misto da Universidade de Coimbra e do Coro da Faculdade de Economia (eCOROmia) celebrou‑se a música coral e o que melhor se faz nas academias portuguesas. Desde ritmos latino‑americanos como “A Banda” de Chico Buarque e “Verano Porteño” de Astor Piazolla até “All I ask of You” de Andrew Lloyd Webber, nenhum campo da música foi ingnorado numa noite memorável de voz académica. Nestes 35 anos de história, o Coro sempre se apoiou em ti, estudante, e contigo foi mais longe. Vem conhecer um novo mundo ‑ vem conhecer o Coral de Biomédicas. Ensaios 2ªs e 5ªs às 18h, Complexo ICBAS‑FFUP Esperámos por ti na nossa Digressão Internacional (novidades em breve).
TFB
Um ano fora de série
Como é sabido pela comunidade ICBASiana, a Tuna Feminina de Biomédicas não recusa uma aventura. A verdade é que adoramos viver no limite, e por isso, decidimos organizar uma Digressão fora do nosso habitual. Achamos que o conceito adaptado de um mini intrarail em Tuna era realmente o que necessitávamos. Portanto, no final de julho, fizemos as malas, atolamos os carros até ao infinito, e partimos estrada fora, a conhecer novamente locais onde estivemos em crianças, com a escola, com os pais ou com amigos dos quais nem do apelido nos lembramos. Estivemos na Figueira da Foz, em Lisboa e em Sintra com o intuito
Frederico Rajão Martins Coral do Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar (CICBAS)
de ganharmos uns trocados e de nos preparamos para um ano sui generis: mais que juntar uns trocos, mais que treinarmos umas canções, precisávamos de desfrutar de uns dias intensivos de Tuna. Claro está que acabamos a viver peripécias variadas, incluindo bombeiros, padres, noivas, despedidas de solteiro, melancias, pasteis de Belém, empregados de bares, criancinhas de infantário curiosas e Dux Jubilatus no geral. Conciliamos o ócio clássico de uma tarde de praia, ao suor e cansaço de um dia abrasador a cantar ao sol em frente ao Mosteiro dos Jerónimos. Deliciamos com as nossas músicas autocarros inteiros de turistas curiosos por conhecerem a nossa cultura e admirados pela vida académica que um estudante universitário adota. E, acreditem ou não, encaixamos toda a Tuna (com contrabaixo incluido) numa charrette que normalmente se passeia pela Praça do Império. |
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O ano letivo propriamente dito começou de coração apertado e com muito stress à mistura. À medida que se aproximava a entrada dos caloiros na Faculdade, íamo‑nos despedindo das nossas meninas que nos íam abandonando por escaldantes praias brasileiras, mágicas e deliciosas praças italianas, e gélidos castelos checos, envergando por essa enorme aventura que é ir de Erasmus... E íamo‑nos habituando à falta que elas faziam e adaptando musicalmente aos instrumentos que ficavam por tocar. Com este espírito de desenvencilhanso, atuamos na Semana de Receção ao Caloiro com o nosso repertório quase na totalidade, e com duas bailarinas de amarelo, olhos inchados e coração na boca, que trocaram de lado durante a Semana de Receção. Comemoramos também, no dia 30 de setembro, o nosso X Aniversário ao organizarmos uma semana musical intensa, que depois de workshops, jantares e churrascos, culminou no primeiro Encontro Solidário de Tunas organizado em conjunto com a Tuna Académica de Biomédicas. De entre diversas atuações e festivais que tivemos durante estes meses, destaca‑se o 8º Tun’elas,
o festival da TESUNA, Tuna Feminina do ESTSP, que se realizou no Teatro Sá da Bandeira no dia 16 de novembro. Preparamos um espetáculo adequado ao tema, que era terror, e acabamos por conquistar não só o prémio de ScaryTuna (cedido à Tuna que melhor tivesse adequado o tema à sua apresentação), e o prémio de melhor Pandeireta, que nos deixou extasiadas, uma vez que as nossas pandeiretas exibiram o esquema do nosso Instrumental pela primeira vez. Também durante estes meses, além de termos acolhido as nossas novas caloiras, começamos a preparar a nossa música de solista que vai completar o nosso repertório. Sem querer ser spoiler, é uma música que vai arrepiar até a pele mais insensível, e deixar a lágrima no canto do olho a todos os amantes de música portuguesa. A TFB continua a ser para nós a melhor forma de sairmos da Faculdade com muito mais do que um diploma. Saímos com uma família, com uma experiência, e com intermináveis histórias para contar.
TAB
o 3ª Melhor Tuna. Também em 2013 demos uma escapadela até aos Açores. Mais do que isto, vocês já conhecem o esquema: ensaios, música e boémia, tradição académica e espírito tunante, amigos e companheirismo, serenatas, brindes e jantaradas. É isto que nos define! Aos corajosos: segundas às 21 horas e quintas às 18 horas no edifício ICBAS‑FFUP são os nossos ensaios, o convite para uns anos bem passados na faculdade está feito! E que venham os próximos 10 anos!
A Tuna Académica de Biomédicas fez no dia 30 de setembro 10 anos de existência. Um belo de um marco que mereceu a realização, em conjunto com a Tuna Feminina de Biomédicas que também festejou o mesmo marco, de uma semana de workshops, um churrasco de convívio e uma atuação de cariz solidário. O que se fez nesta tuna ao longo dos 10 anos? Um CD, de seu nome “Memórias de um Tuno” editado; 6 festivais por nós organizados (o vosso conhecido TABernal); várias digressões europeias, tendo corrido Portugal, Espanha, França, Itália…; centenas de festivais por todo o nosso país, outros tantos prémios arrecadados… Dos mais importantes festivais que a nossa jovem tuna teve o prazer de participar ocorreram nestes últimos 2 anos, um passado muito recente, tendo pisado o palco do Coliseu do Porto por 3 ocasiões: em 2012, pela primeira vez, no XXV FITA Festival Ibérico de Tunas Académicas, onde arrecadamos o prémio de Tuna+Tuna, no XXVI FITU “Cidade do Porto” Festival Internacional de Tunas Universitárias e, já em 2013, no XXVII FITU “Cidade do Porto”, tendo conquistado
Tuna Feminina de Biomédicas
Tuna Académica de Biomédicas (TAB)
NIGHT BEATS Muitas bandas citam o psicadelismo vindo do Texas nos anos 60 como uma influência para o seu som, mas raramente conseguem captar a essência que tornou 13th Floor Elevators ou The Golden Dawn especiais. Felizmente existem os Night Beats. Oriundos do Texas, mas actualmente a viver em Seattle, Lee Blackwell e companhia não se deixaram influenciar pela cidade do grunge. Com um estupendo trabalho de guitarra e da secção rítmica, fuzz e reverb q.b., transformam os acordes e as progressões convencionais numa mistura de sons que viajam entre a Soul e o Garage. Editaram em meados de Setembro o segundo álbum, Sonic Bloom, pela Reverb Appreciation Society e continuam a soar os mesmo estupores filhos de um cowboy maníaco que eram em 2011, com um registo sem pressas, mais espaçado, a explorar os lados mais negros do psicadelismo. Destaque: Puppet On A String, H‑Bomb, Love Ain’t Strange (Everything Else Is)
DARKSIDE Nicolas Jaar é um produtor de música electrónica que vem ganhando nome desde 2008 com inúmeros remi‑ xes, uma batelada de EP’s e até o álbum Space Is Only Noise em 2011, muito bem recebido pela crítica. Contudo, apesar da discografia extensa, Nicolas sempre andou na estética techno minimal, com um som peculiar. Estudou Literatura Comparada na Universidade Brown e é durante esse período que conhece Dave Harrington. Como Darkside lançam um EP com três músicas em 2011 e, este ano, finalmente sai Psychic, “a coisa mais parecida com rock & roll que alguma vez fiz”, como disse Nico numa entrevista. O som de Psychic é meticuloso e melado, com batidas variadas e criativas a cargo de Nico e um toque bluesy impresso pela guitarra de Dave. 45 minutos de uma atmosfera quase alienígena que não cansam nem um segundo. Destaque: Paper Trails, Golden Arrow, Heart Filipe Martins |
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CLUBE DE COMÉDIA DA U.P.
O texto que se segue é uma parte da reunião do CCUP, quando os seus elementos sou‑ beram que a revista “Corino” queria a sua colaboração. Joana: “Pessoal, temos esta tarefa para realizar. Escrever algo para apelar às pessoas para entrarem no CCUP, que irá ser publicado na revista Corino.” João: “Corino? Mas isso é algum osso?” Pedro: “Não João, é aquele filme, o “Gran Corino”, do Clint Eastwood!” Um minuto de silêncio por estas almas
E agora, um momento de ternura: a carta do Martim para o Pai Natal.
Querido Pai Natal, Hoje escrevo‑te para te contar mais uma coisa boa que fiz é bom que não te esqueças quando chegar o Natal. Ia a caminho da escola quando vi um cãozinho abandonado e ao frio. Como tive pena dele levei‑o para casa. A minha mãe não queria animais em casa, porque temos tapetes novos, mas disse ‑me que o nosso vizinho ia gostar de ter um cão. O meu vizinho ficou muito contente com o cãozinho e para me agradecer trouxe‑me um bocadinho do jantar que estava muito bom e a carne era muito tenrinha. Fiquei muito feliz por Sr. Yun‑Lian ter ficado com o cãozinho.
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Martim
Junta‑te ao CCUP, visita o nosso facebook! Temos bolachinhas! (Não temos. Mas podes trazer.)
O Manual da Felicidade Imagina que podias ter à tua disposição uma fonte de inspiração… Imagina que podias ter alguém que te ajudaria a colocar em palavras aquilo que precisas de dizer, pensar, fazer, interpretar para conseguires atingir aquilo que queres ser. Imagina que a tua vida dava um filme e que és tu que decides o argumento. E, se decides o argumento, então podes decidir o teu futuro. Este projecto destina-se a orientar as pessoas a serem os actores da sua própria vida, levando-as a construir o seu Manual da Felicidade. Um escritor vai escrever para ti um texto como um alfaiate faria para ti um fato à medida. Esse texto será feito para a tua voz, para a tua sensibilidade, para o teu corpo e potenciará aquilo que queres atingir. Depois disso, serás dirigido por um director de actores que te ajudará a interpretar o texto com
o máximo de congruência, verosimilhança e verdade, e, à medida que representas aquela pessoa que queres ser, transformas-te nela. E esse director de actores dará lugar a um coach que te ajudará a pegar nesse texto e a usá-lo positivamente nos desafios da tua vida. Em síntese, vais ter um texto escrito para ti, um amigo que te vai ajudar a interpretá-lo, um coach que te dará opções e as transformações são aquelas que tu quiseres. O Manual da Felicidade é a arte de mudar a tua vida para aquilo que queres que ela seja. João Negreiros http://joaonegreiros.blogspot.pt/ Daniela Barroso
“A bicicleta que brota do húmus no coração do pinhal” – Cruzeiro Seixas. |
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Esta é aquela página aleatória cujo tema é qualquer
A Travessia Aérea do Atlântico
um. Aleatória, pois os assuntos aqui presentes ganharam
Muitos tentaram a travessia do oceano pelo ar, sem sucesso.
o direito de o estar por puro acaso. Esta página é ou uma
Apresenta-se em baixo a lista das principais viagens de aviação
sorte ou um acidente. A primeira será com certeza destino.
bem-sucedidas na travessia do Atlântico. Já os primeiros a
A segunda, azar.
atravessar o Atlântico de avião sem escalas foram os britânicos Arthur Whitten Brown e John Alcock, num bombardeiro, entre
A Grande Mancha de Lixo do Pacífico e a Platisfera A Grande Mancha ou Vórtex de Lixo consiste numa área do
St. Jonhn’s, Newfoundland, Canadá e Clifden, na Irlanda. O voo teve lugar a 14 de Junho de 1919.
Pacífico Norte na qual a concentração de plástico e compostos
A primeira travessia aérea do Atlântico Sul (com escala
químicos derivados é excecionalmente elevada. Apesar da sua
nas Canárias, Cabo Verde e Fernando de Noronha no Brasil)
densidade e tamanho, a mancha não é observada por satélite,
foi realizada pelos portugueses Gago Coutinho e Sacadura
já que consiste principalmente em partículas suspensas micro
Cabral no contexto do primeiro centenário da independência
e macroscópicas. As estimativas de área vão de 700 000 quiló-
do Brasil, 1922. A viagem fez-se de Lisboa ao Rio de Janeiro
metros quadrados a mais de 15 000 000 quilómetros quadrados
e foi também a primeira travessia com o auxílio apenas de
(ou quase duas vezes a área dos Estados Unidos da América).
navegação astronómica a partir do aeroplano.
Esta área corresponde grosseiramente ao Giro do Pacífico Norte, um sistema de quatro correntes marinhas rotativas.
Charles Lindbergh, americano, ficou conhecido pelo primeiro voo solitário transatlântico sem escalas. Partiu de Nova Iorque
A Grande Mancha foi prevista em 1988 pela National Ocea‑
a 20 de Maio de 1927 em direcção a Paris, onde chegou no dia
nic and Atmospheric Administration e observada em 1997 por
seguinte. O avião, “The Spirit of St. Louis”, ficou tão famoso
Charles Moore, que, navegando pelo Giro do Pacífico Norte,
como o tripulante. Apenas 23 dias antes, o brasileiro João
se apercebeu que a água se encontrava cheia de pedaços de
Ribeiro de Barros havia realizado a travessia do Atlântico
plástico, que, como confetti, se encontravam logo abaixo da
Sul no hidroavião Jahú, com dois co-pilotos, um mecânico
superfície. Após o alerta estimou-se que na área existiriam 5.1
e um navegador. Partiram de Génova com destino a São
quilogramas de plástico por quilómetro quadrado. Em muitas
Paulo, fazendo escalas em Espanha, Gibraltar, Cabo Verde e
zonas, a concentração de plástico foi quantificada e dada maior
Fernando de Noronha.
que a concentração de zooplâncton. As correntes oceânicas
A primeira mulher a atravessar o Atlântico, como tripulante, apesar de aviadora de profissão, foi Amelia Earhart. A viagem ocorreu em 17 de Junho de 1928, de Newfoundland,
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5ª edição - março 2014
no Canadá, ao País de Gales.
Amelia Earhart transportam os detritos da América do Norte para o Giro em seis anos, e do Este Asiático para o Giro em menos de um ano. O plástico não é biodegradável, mas mantém-se na biosfera enquanto polímeros de cada vez menor tamanho. Em última análise, torna-se pequeno o suficiente para ser ingerido por organismos aquáticos. Aproximadamente um terço das crias de albatroz morre por serem alimentadas com pedaços de plástico. Os pedaços de plástico são ainda colonizados por biofilme, dando origem a um novo ecossistema denominado platisfera.
Raquel Borges
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