Monstruário Brasileiro em Cordel - Vol. 3

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MONSTRUÁRIO BRASILEIRO EM CORDEL

O pequeno catálogo de seres, entidades e mitos brasileiros. VOLUME

2022/2

TERCEIRO

MONSTRVÁRIO BRASILEIRO EM CORDEL

O PEQVENO CATÁLOGO DE SERES, ENTIDADES & MITOS BRAZILEIROS.

VOL. III

Infindáveis e estupefatas são as criaturas mais escabrosas que vicejam nos recônditos do folclore das terras tupiniquins, agora trazidas à luz sob o formato cativante do cordel. Com a destreza eloquente dos aprendentes do nobre curso destinado à arte do projetista de artefatos gráficos, ministrado com primor na ilustre Escola Superior da Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina, estas criaturas se revelam, sem que faltassem gravuras primorosas a adornar tão ricas descrições. Oh, ávidos leitores, atentai para tamanha maravilha literária que agora vos é apresentada, onde as artes e os segredos mais obscuros do imaginário popular se mesclam de maneira sublime!

Organizado & paginado pelo excelentíssimo mestre catedrático

RAFÆL HOFFMANN

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNISATC

CresCiuma - Capitania De santa Catharina - Brazil

AGOSTO - MMXXIII

Com todas as licenças necessárias

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Esse material é resultado de uma atividade da disciplina de Materiais e Processos I do curso de Design com habilitação em Design Gráfico da UniSatc. Inspirado pelos bestiários, catálogos produzidos por monges católicos que reuniam informação sobre animais reais e fantásticos, e pelo livro Monstruário – Invetário de Entidades Imaginárias e de Mitos Brasileiros, de Mário Corso, o “Monstruário Brasileiro em Cordel”.

A proposta, além de trabalhar o processo xilográfico, estimula os alunos perceberem e aproveitarem a estética gráfica vinda da impressão artesanal como alternativa criativa. Além do fim didático, a atividade também tem como objetivo estimular a pesquisa sobre a cultura popular brasileira através do cordel e seus seres imaginários. Apresentando um pouco do nosso folclore nascido, em partes, da mistura da cultura europeia com a indígena e negra.

Convidamos você a conhecer um pouco dessa pesquisa. Se tiver coragem.

Todas as ilustrações contidas nesta edição foram produzidas através de xilogravura e os versos datilografados em máquina de escrever. Ilustrações e textos tem os direitos reservados aos alunos que os produziram. É expressamente vedada a cópia ou reprodução ou modificação destes materiais para uso ou distribuição comercial, bem como qualquer outra forma dispor de tais materiais sem a devida autorização, estando sujeito às responsabilidades e sanções legais.

Prof. Rafael Hoffmann
ÍNDICE ] Teju Jagua ..................................................................08 O Palhaço do Coqueiro ............................................10 Bicho-papão ..............................................................12 Pé de Garrafa ............................................................14 Peri e Conceição .......................................................16 Acutipupu .................................................................18 Boi da Cara Preta .....................................................20 Sanguanel ..................................................................22 Ipupiara .....................................................................24 Papa Figo ...................................................................26 Perna Cabeluda .........................................................28 Cumacanga ...............................................................30 Uaiuara ......................................................................32 Onça da Mão Tora ....................................................34 Comadre Fulozinha ..................................................36 Jurupari .....................................................................38 Caboclo d’Água .........................................................40 Senhôzinho ...............................................................42 Guaraci ......................................................................44
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TEJU JAGUA

Texto e gravura por

a lan s ilveira D a s ilva

Filho de Tau e Kerana, o deus das cavernas. Vivia em lugares fechados e predominantemente de água doce. Teju, com corpo de lagarto e 7 cabeças de cachorro, era protetor de suas frutas e mel, no qual eram produzidos por abelhas que habitam próximo a criatura. Acredita-se que ele protegia pedras preciosas contidas nas cavernas de sua habitação, e que também, possuía uma pedra incrustada em sua testa.

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O PALHAÇO DO COQUEIRO

Texto e gravura por

C arlos e D uar D o G a B riel s imão

O palhaço do coqueiro surgiu como um filho de um palhaço famoso, que o mesmo tinha muito orgulho de seu pai, e também iniciou na carreira de palhaço, porém diferente de seu pai, ele não conseguia fazer a alegria da plateia. Ele acabou enlouquecendo e fugiu do circo. Após isso todos os dias de lua minguante ele sobe em cima do coqueiro para ver a lua sorrir para ele.

Quando as nuvens ficam sobre o “sorriso” da lua, o palhaço desce da árvore e procura qualquer pessoa e começa a fazer palhaçadas para ela, caso a pessoa não achar graça, ele a hipnotiza e batia, até que ela sorrir, ou até a nuvem sair da frente do sorriso da lua.

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BICHO-PAPÃO

Texto e gravura por

e sther m anenti r o D ri G ues

O Bicho-papão é uma espécie de “monstro” noturno, que fica no telhado das casas, procurando crianças teimosas da residência. Quando uma criança desobedece a seus pais, ela deve pedir desculpas, caso contrário, segundo a lenda, o bicho-papão irá devorá-las. Nesse sentido, surgiu seu nome, que vem do verbo “papar”, que é sinônimo de “comer”. Além do mais, quando consegue entrar no quarto, ele fica embaixo da cama, atrás da porta ou dentro do armário para assustar as crianças enquanto elas dormem. Sobre sua aparência, não há um consenso. Para alguns é um monstro muito grande e gordo com olhos vermelhos, outros imaginam que sua aparência se assemelha a da “Cuca”. Existem até versões que afirmam que o personagem tem a capacidade de sofrer mutações e, portanto, mudar para diferentes formas de animais. De qualquer maneira, se uma criança for malcriada, o bicho-papão vai aparecer para buscá-la.

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PÉ DE GARRAFA

Texto e gravura por

De acordo com a lenda, Pé de Garrafa é uma entidade que vive nas florestas do Paraná e dificilmente é visto por pessoas. Os poucos que viram e ouviram esse ser, descrevem que seu grito é amedrontador, e que muitas vezes pode ser confundido com o grito de uma pessoa agonizando.

As pessoas que tiveram contato descrevem ele com extremidades circulares e maciças, deixando um rastro redondo e profundo que lembra perfeitamente o fundo de uma garrafa.

De acordo com o Dicionário do Folclore Brasileiro, Sebastião Alves fez uma breve descrição da criatura: “tem a figura de um homem, é completamente cabeludo e só possui uma única perna, onde termina em um casco em forma de fundo de garrafa”.

Algumas pessoas informam que os seus gritos soam como pedido de ajuda, mas que nunca devem ser respondidos, pois ele seguirá a pessoa pela mata, e não se sabe ao certo se essa criatura mata para sobreviver ou se é inofensiva.

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PERI E CONCEIÇÃO

Texto e gravura por

A lenda se passa na ilha de Florianópolis, onde um índio chamado Peri e uma bruxa chamada Conceição se apaixonam.

Porém as bruxas que ali viviam não permitiam que Conceição namorasse um índio. A aldeia de Peri, por sua vez, não permitia que ele namorasse uma bruxa. E dos dois lados houve o pedido para que o casal apaixonado se separasse e não voltasse a se encontrar, mas mesmo assim o casal continuou juntos perdidamente apaixonados.

As bruxas acabaram descobrindo e lançaram uma grande maldição: o índio Peri é transformado em uma lagoa de água doce – a Lagoa do Peri, no Sul da Ilha, mas o laço entre os dois era tão forte que a lagoa acabou ficando com o formato de coração. E ao perder o seu amor, Conceição é acometida por uma tristeza profunda, ela chora tanto que suas lágrimas se acumulam e formam a Lagoa da Conceição cuja água é salgada, porém do outro lado da ilha. E assim a maldição das bruxas separaram o casal para sempre.

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ACUTIPUPU

Texto e gravura por

J osé m i G uel i zquier D o r o D rí G uez

Acutipupu é uma lenda originária da Serra do Japó, que seria uma referência à Serra do Japi em São Paulo, essa lenda conta a história de uma entidade que viveu nas montanhas e mudou sua forma de mulher para homem de acordo com seu oposto. Todos se apaixonaram por Acutipupu porque ela tomou formas femininas muito bonitas e deu à luz filhos belos. Por outro lado, ao se encontrar com o corpo masculino, fecundava as mulheres e estas pariam meninos fortes e valentes. Um dia, sob forma de mulher, Acutipupu teve uma filha de um índio e a menina se chamou Erem. O índio quis fazer amor com sua própria filha, mas ela se recusou e fugiu para escapa. Foi acolhida por uma tribo chefiada por Cancelri e os dois terminaram se casando. No entanto, O pai da Erem não abandonou seu objetivo e declarou guerra a Cancelri. Nesta luta, morreram todos desta tribo e Acutipupu perdia tristemente sua filha

Erem.

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BOI DA CARA PRETA

Texto e gravura por

l eonan p ossamai m anenti

O Boi da Cara Preta surgiu como uma canção de ninar na intenção de as mães fazerem seus filhos dormirem cedo, similar ao bicho-papão, surgiu no Brasil em específico no maranhão. Basicamente é um Boi com a sua característica marcante, cara preta. A sua origem ainda é um mistério, mantendo-se somente sua canção de ninar como registro.

Fiz a escolha desse mito por fazer parte da minha infância no qual minha mãe cantava para mim, felizmente eu não sentia medo e apenas gostava.

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SANGUANEL

Texto e gravura por

l uiz h enrique C ampos p azinato

Sanguanel é um mito gaúcho trazido pelos imigrantes italianos, ele é uma criatura vermelha, uma espécie de duende. Sanguanel vive no topo de pinheiros, e é la que ele leva as crianças que ele rapta, deixando os pais destas preocupados, geralmente elas são encontradas sonolentas e sem muitas lembranças, lembram apenas da figura vermelha do Sanguanel, ele não fazia nem um mal as crianças, apenas alimentava elas com mel e água. Sanguanel as vezes só devolvia as crianças em troca de mel e água. Sanguanel não se envolvia muito com adultos, ocasionalmente pregava peças em bêbados, preguiçosos e não religiosos.

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Texto e gravura por

m anuela a lves s era F im

O Ipupiara, conhecido como homem-marinho, pertence à mitologia de povos tupis no século XVI que viviam no litoral brasileiro. De acordo com o que é descrito, ele foi visto na praia da Vila de São Vicente em 1564 e atacava e comia partes dos corpos de pessoas. Um dos relatos mais populares conta que uma mulher indígena estava passeando pela orla da praia quando avistou o Ipupiara caminhando no local.

O homem-marinho emitia sons bizarros fazendo assim a mulher correr e clamar por Baltazar Ferreira, o qual era filho do chefe da vila, e mesmo não colocando muita crença no relato da índia, comoveu-se dado a aflição da moça, buscou sua espada e partiu para o local, onde viu a silhueta do monstro.

Ao tentar chegar mais próximo da criatura, o monstro tentou fugir para o mar, mas antes que isto acontecesse, Baltazar perfurou seu abdome, jorrando muito sangue e berros, incluindo a tentativa de abocanhar o adversário.

Dada a situação, o povo que ali morava ouviu e logo se aproximaram para observar o ocorrido. Assim, o levaram até a praça, deixando-o exposto por dias, mostrando a todos aquele corpo imenso e pavoroso e deixando claro para a população de que o monstro realmente havia morrido.

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IPUPIARA
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Texto e gravura por

m aria e D uar D a r amos F ran C o

Diz a lenda, que o fígado é a fonte da vida, da cura, da juventude e para se ter tudo isso, algumas pessoas são capazes de qualquer coisa. Diz-se que no nordeste brasileiro, um velho rico e leproso alimentava-se de fígado com a esperança de curar-se.

O fígado era quase mítico para ele, tinha como significado algo maior, algo que pudesse talvez cura-lo, mas tinha um porém, precisava ser jovem e saudável.

A partir de então, crianças estavam em pânico, diz-se que o velho contratava homens para sequestrar tais crianças, e assim retirar do jovem o órgão. A partir deste momento, muitos nomes foram criados, Negro Velho, Homem do Saco, Lobisomem.... não importa como era chamado, a lenda se tornou popular.

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PAPA FIGO
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PERNA CABELUDA

Texto e gravura por

m ariana D emetrio F ran C is C oni

De um gênero ordinário no Nordeste brasileiro, a lenda urbana da ‘’Perna Cabeluda’’ nasceu no Recife dos anos 70. Com os pés grosseiros, unhas podres e longas, a Perna Cabeluda aguardava o momento exato para ter como cúmplice de seus ataques, a mudez das noites mornas nordestinas. Habitando os pesadelos de quem residia a capital Pernambucana, espreitava-se entre suas vítimas e misturava-se entre as árvores. O boato que se espalhou nos rádios e televisões fez com que a população acreditasse que a lenda em meio aos saltos, desse rasteiras e chutes em quem passava desacompanhado pelas vielas nas madrugadas boêmias.

Sua origem ainda revela confusão, enquanto o jornalista Raimundo Carreiro diz ter escrito a primeira crônica no jornal Diário de Pernambuco, o radialista Jota Ferreira afirma ter feito a primeira matéria na rádio. A história de Raimundo fala de quando um amigo chegou em casa e viu uma perna cabeluda embaixo da cama. Já a versão de Jota Ferreira, conta que a lenda nasceu por falta de notícias a serem contadas, então, resolveu inventar uma narrativa: ‘’vítima de agressão física acaba de dar entrada no hospital da Restauração, o agressor? A Perna Cabeluda!’’

Inspiração para folhetos de cordel, e músicas da banda Nação Zumbi, em sua veracidade ou não, a perna cabeluda até hoje povoa o imaginário brasileiro.

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CUMACANGA

Texto e gravura por

m árili C ristine m en D es B or G es

Cumacanga (ou Curacanga) é uma lenda do folclore brasileiro, conhecida principalmente no Pará e na baixada ocidental do Maranhão. Cumacanga é uma mulher amaldiçoada que, nas noites de sexta-feira, sua cabeça se desprende do corpo e voa pelos ares, envolta em chamas. Durante a noite, a cabeça com fogo oscilante assusta a todos que encontra pela frente e, ao primeiro cantar do galo, retorna ao seu corpo.

Existem duas versões para esta lenda: uma, que esta é uma mulher amaldiçoada por se envolver com um padre; e a outra, que é a sétima filha de qualquer mulher. Conta-se que, para evitar que a sétima filha se torne uma Cumacanga, é preciso tornar a sexta filha madrinha da sétima.

Para descobrir a identidade da Cumacanga, basta oferecer uma agulha virgem no momento em que se depara com ela. No dia seguinte, a mesma irá voltar em sua forma humana para buscar a agulha, revelando sua identidade.

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UAIUARA

Texto e gravura por

n atália D os s antos D e B iasi

Vindo do tupi-guarani, é considerado pelos indígenas como um espírito mau, mostrando-se à meia-noite como uma fera “canina-duende” com orelhas grandes de abano, ou até mesmo como um homem pequeno assombroso que ainda mantém algumas características caninas. O Uaiuara é considerado entre a divisão dos espíritos maus (Jurupari, Curupira), um demônio inferior, e foi registrado apenas por Von Martius, em 1819, que, em seu livro, “Reise in Brasilien” (“Viagem pelo Brasil”), chegou a compará-lo com o lobisomem europeu.

Acredita-se que seu nome provavelmente significa “aquele que chega de repente”, “assombração” ou “irrupção de alguma calamidade”.

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ONÇA DA MÃO TORA

Texto e gravura por

p e D ro B erto C irio D e C astro

A Onça da Mão Tora é uma onça enorme, rajada e que tem a pata dianteira tora. Ela é enfeitiçada e, por mais que a atirem, não sofre nada. Isto porque a onça é a alma penada de um vaqueiro velho. Este vaqueiro foi muito ruim, tendo cometido toda sorte de crimes. Matava, roubava e perdia moças. Enfim, era muito mau. Um dia, o vaqueiro, já velho, morreu. Imediatamente, nas matas próximas, começou a aparecer uma onça grande, esquisita, que tinha a mão torta. Os caçadores, encontrando-a, tirotearam longo tempo a fera. Porém, sem resultado algum, pois as balas batiam nela e caíam no chão. E ela se retirou calmamente para o interior da mata. Todo mundo acredita que essa onça seja encarnação da alma do vaqueiro, que, castigada, anda errando pelas florestas da região de Goiás.

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COMADRE FULOZINHA

Texto e gravura por

r a F aela r i B eiro D os s antos

Em suma, há muitas variações para a lenda da Comadre Fulozinha, mas a mais comum delas a descreve como uma mulher jovem e cabocla (fruto de miscigenação entre o homem branco e a mulher indígena ou sertaneja) com longos cabelos lisos e negros que cobrem seu corpo todo. Muito ágil, ela vive em meio a matas e florestas.

Uma das lendas descreve a Comadre Fulozinha como uma protetora da natureza e dos animais, uma criatura que usa seus longos cabelos como arma para proteger o meio ambiente. Aos caçadores que a agradam com mel, fumo, confeitos e papa de aveia, ela retribui facilitando a caça.

Apesar disso, a lenda conta que, mesmo quando recebe agrado, Comadre Fulozinha tem uma personalidade zombeteira e costuma fazer muitas peripécias para irritar aqueles que se embrenham na floresta. Para assustar e se divertir ainda mais, ela costuma gargalhar no escuro da floresta.

Na literatura de cordel, gênero literário surgido no Nordeste e bastante popular naquela região, a Comadre Fulozinha aparece bastante não só como vilã e monstro aterrorizante, mas também como heroína e protetora das matas contra aqueles que tentam promover destruição.

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Texto e gravura por

JURUPARI s ara D onato v elho

A primeira versão da lenda de Jurupari, começa com sua mãe, Ceuci, comendo um fruto que era proibido para moças em período fértil, o mapati. O suco da fruta escorreu sobre o corpo da índia e alcançou suas partes íntimas, assim fecundado a moça. Ceuci foi exilada por seu povo, pelo pecado de comer a fruta proibida. A criança na verdade era enviada pelo deus Sol Guaraci, para cuidar e reformar os costumes do povo. Com 7 dias de vida, já parecia ter 10 anos e por sua sabedoria e pelos ensinamentos do deus Sol, passou a ser um tipo de “legislador”, alterando leis dos povos e ensinados novos costumes.

Uma segunda versão, contada pelos jesuítas, retratava Jurupari como deus da escuridão que visitava os índios nos sonhos e os assustava com pesadelos e presságios de horror. Impedia que os índios gritassem e às vezes os causava.

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CABOCLO D’ÁGUA

Texto e gravura por

s o F ia C ân D i D o m a C ha D o

Este é uma das nove criaturas das lendas adaptadas por Flávio de Souza em nove monstros perigosos e poderosos do Brasil.

O Cabloco D’água é tido como um protetor do Rio São Francisco. Sua aparência se resume a cabelos compridos pretos, e dentes pontiaguados, a sua moradia são as partes mais profundas do Rio que o mesmo protege.

Mas o Cabloco não guarda apenas isto, sendo ele também um protetor dos peixes que pertecem a todo Rio São Francisco. Normalmente ele arrasta para o fundo do rio e engole embarcações, aterrorizando pescadores que pescam sem necessidade e que pertumbam os seus.

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Texto e gravura por

SENHÔZINHO v anessa r omanha p izzolatto

A lenda escolhida foi a do senhôzinho, um homem simples, pequeno e mudo, intitulado pelo povo como frei ou até curandeiro, já que com seu terço andava pelas ruas da cidade abençoando, benzendo e curando os necessitados, um pedaço da história do município de Bonito.

A escolha foi feita por conta de história local se manter viva até hoje, os moradores do local sempre falam sobre ele, sobre seus milagres e muitos até hoje oram para o homem que prendeu uma cobra gigante numa gruta da cidade, e após isso desapareceu sem deixar pistas.

De acordo com os moradores, a cobra ainda vive no subsolo de Bonito MS, contam que se a cruz for retirada a serpente se soltará e devorará aqueles que não cuidam da natureza, real ou não a história permanece viva e ainda é passada de geração a geração.

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Texto e gravura por

Y sa D ora s ilva

Guaraci é o Deus do Sol que representa a pureza e a verdade. Ele é capaz de manipular a luz e o calor. E ao lado do seu Pai, ele criou os seres vivos. Nomeado como o “Guardião do Dia”, uma das suas funções é proteger os índios guerreiros nas batalhas, pois ele possui a capacidade de intervir nas lutas. Ele vigia e cuida de todos os seres vivos durante esse período, enquanto sua irmã-esposa Jaci cuida durante a noite.

Sua origem é desconhecida, mas existem histórias sobre como Guaraci e Jaci se conheceram. Um dia cansado de trabalhar eternamente, Guaraci decidiu dormir para descansar. Ao fechar os seus olhos o mundo caiu em trevas. Para iluminar a escuridão Tupã criou a Jaci “Deusa da Lua”, que com sua luz despertou Guaraci, que logo se apaixonou por ela. Para continuar a vê-la, o Deus do Sol voltou a dormir depois de trabalhar. Mas toda vez que ele acordava, tudo voltava a se iluminar e a Lua ia descansar. Por conta disso, Guaraci pediu para que Tupã criasse Rudá, o amor e seu mensageiro, já que o amor desconhece a luz ou a escuridão, assim unindo o sol e a lua durante a alvorada. Agora durante a alvorada, as esposas buscam proteção para os maridos que vão caçar e lutar nas batalhas.

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GUARACI

: versão digital em: bit.ly/monstruario3

Estas augustas páginas foram insculpidas com esmero nas oficinas do apoio didático da venerável Escola Superior da Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina e destinadas ao mui nobre curso de Projetista de Artefatos Gráficos, culminando sua impressão no distinto mês de agostoo do ano de 2023.

Na engendração deste feito literário, firmado em letras que desabrocham como flores de eloquência, lançou-se mão das ilustres tipografias: Lusitana, de Ana Paula Megda; Original Olinda Style, de autoria de João Paulo Angelim; e Xilo Cordel Literature IV, de Galdino Otten.

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