Monstruário Brasileiro em Cordel - Vol. 2

Page 1

Monstruร RIO BrasilEIRO EM CORDEL

O pequeno catรกlogo de seres, entidades e mitos brasileiros.

volume SEGUNDO



MONSTRVÁRIO BRASILEIRO EM CORDEL

]

O PEQVENO CATÁLOGO DE SERES, ENTIDADES & MITOS BRAZILEIROS.

VOL. II As mais escabrosas criatvras do folclore das terras tvpiniqvins apresentadas em cordel com pvlqvérrimas gravvras dos aprendentes do cvrso para o ofício de projetista de artefatos gráficos da Escola Superior da Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina. Organizado & paginado pelo excelentíssimo mestre catedrático RAFÆL HOFFMANN

W FACULDADE SATC CRESCIUMA - CAPITANIA DE SANTA CATHARINA - BRAZIL SETEMBRO - MMXIX Com todas as licenças necessárias


MONSTRUÁRIO BRASILEIRO EM CORDEL Esse material é resultado de uma atividade da disciplina de Materiais e Processos I do curso de Design com habilitação em Design Gráfico da Faculdade Satc. Inspirado pelos bestiários, catálogos produzidos por monges católicos que reuniam informação sobre animais reais e fantásticos, e pelo livro Monstruário – Invetário de Entidades Imaginárias e de Mitos Brasileiros, de Mário Corso, o “Monstruário Brasileiro em Cordel”. A proposta, além de trabalhar o processo xilográfico, estimula os alunos perceberem e aproveitarem a estética gráfica vinda da impressão artesanal como alternativa criativa. Além do fim didático, a atividade também tem como objetivo estimular a pesquisa sobre a cultura popular brasileira através do cordel e seus seres imaginários. Apresentando um pouco do nosso folclore nascido, em partes, da mistura da cultura europeia com a indígena e negra. Convidamos você a conhecer um pouco dessa pesquisa. Se tiver coragem.

Prof. Rafael Hoffmann

Todas as ilustrações contidas nesta edição foram produzidas através de xilogravura e os verso datilografados em máquina de escrever. Ilustrações e textos tem os direitos reservados aos alunos que os produziram. É expressamente vedada a cópia ou reprodução ou modificação destes materiais para uso ou distribuição comercial, bem como qualquer outra forma dispor de tais materiais sem a devida autorização, estando sujeito às responsabilidades e sanções legais.

02


ÍNDICE Alfazema .........................................................................................04 Boitatá ..............................................................................................06 Bruxa ................................................................................................08 Cabra Cabriola ................................................................................10 Capelobo ..........................................................................................12 Chupa-cabra ....................................................................................14 Comadre Fulozinha .......................................................................16 Diabo .................................................................................................18 Familiá .............................................................................................20 Guaraná ...........................................................................................22 Jaci ....................................................................................................24 Labatut .............................................................................................26 Mãe-do-Ouro .................................................................................28 Mapinguari .....................................................................................30 Matinta Pereira ...............................................................................32 Negrinho do Pastoreio ..................................................................34 Tutu ..................................................................................................36 Velho do Saco ..................................................................................38

P



ALFAZEMA Texto e gravura por RAISSA DE SOUZA BITENCOURT A alfazema é um é uma planta do gênero de lavandula, da família de Lamiaceae. São pequenos arbustos, perenes, incluindo também as anuais e os subarbustos, é uma planta medicinal muito versátil. Conhecida também como lavanda, a alfazema serve para: diminuir a ansiedade e agitação; reduzir a pressão arterial; diminuir a febre; estimular a cicatrização de aftas; estabiliza o batimento cardíaco; promover o relaxamento dentre outros inúmeros benefícios. Há diferentes modos de preparo para a alfazema. O modo mais conhecido é o chá de alfazema, que tem como benefícios: tratar problemas de má digestão, irritações no estômago, enxaqueca, espasmos e asma brônquica. No dicionário folclórico a alfazema é aromática, sedativo, é um tradicional perfume dos enxovais de crianças recémnascidas, conhecida como uma das folhas clássicas para “os banhos de cheiro”. Os romanos usavam alfazema nos seus banhos e ainda nos dias atuais o consumo é geral, especialmente na Europa. No sul da França é planta nativa.

05



BOITATÁ Texto e gravura por INGRID MAIARA DA SILVA Boitatá, criatura pertencente a mitologia tupi-guarani, são popularmente conhecidos como cobras de fogo extremamente rápidas e com temperamento agressivo, documentadas em 1560 pelo Padre José de Anchieta. Suas aparições são contadas por todo o Brasil, como um “rastro de fogo indo e vindo por entre as árvores, soltando bolas de fogo”. A lenda pode variar dependendo da região, no Sul a lenda conta que o Boitatá é uma alma vagando pela terra, amaldiçoada por pecados que cometeram durante a vida, como morrer sem ser batizado. Em Santa Catarina o Boitatá possui outra forma, dessa vez são descritos como bois que soltam fogo nas patas e nos chifres, para fugir de um ataque do mesmo, as unhas e dentes devem ser escondidos. Nas demais regiões, para fugir de seus ataques é inútil, a única opção é ficar parado com os olhos fechados até que ele vá embora, o motivo dos ataques são formas de proteger a mata já que as vítimas são geralmente incendiárias. O fogo do boitatá é descrito como “mágico” já que o mesmo não apaga embaixo da água e não queima plantas e animais.

07



BRUXA Texto e gravura por MYLENA FELIPE SILVEIRA Se um casal tem seguidamente sete filhas mulheres então a mais nova se tornará uma bruxa. Sendo a única forma de evitar que isso ocorra de fato é fazendo com que as filhas mais velhas batizem as mais novas. Tem quem diga que está mesma filha mais nova se transforma em coruja a noite e entra pelos telhados das casas para atacar as crianças. Um lugar onde se ouve muitas histórias sobre bruxas é a Ilha de Florianópolis, onde elas costumavam assustar os pescadores, roubando seus barcos e brincando com suas tarrafas, além de dar nós nas crinas dos cavalos. Mas apesar de tudo existem maneiras de se proteger e identifica-las. Como por exemplo: Colocar uma camada de sal nas portas e proteger o quarto de crianças com estrelas de cinco pontas. Além disso para reconhece-las é só olhas para a mão que elas cumprimentam, bruxas sempre cumprimentam com a mão esquerda. Uma bruxa também pode ser conhecida por outras maneiras e ter outras funções dependendo do lugar em que se encontra, é o caso das benzedeiras e curandeiras, que ajudam praticando ensinamentos levados por gerações.

09



CABRA CABRIOLA Texto e gravura por VERONICA SHAREN MERCADO BARRIOS Cabriolar é saltar como cabra, é por isso que seu segundo nome é Cabriola. A cabra cabriola é um ser meio bicho, meio monstro, maior que uma cabra normal e fétida como um bode. Sua boca é enorme com dentes equivalentes a navalhas e solta fogo e fumaça pelos olhos, nariz e boca. Ao igual que todas as cabras é uma papona sem limites que têm um gosto excepcional e vorás por crianças travessas. Diz a lenda que ela é astuta como uma raposa e gosta de enganar as crianças para poder entrar em suas casas e devorar as que desobedeciam aos mais velhos, principalmente às mães e também ataca quem anda pelas ruas desertas nas noites de sexta-feira. Quando uma criança escuta algum barulho ou ruído nas noites de sexta, é melhor ficar alerta e se esconder, pois pode ser apenas um barulho qualquer ou a cabra cabriola à procura de mais uma vítima. Mas como você é uma criança muito boazinha e obediente, não precisa se preocupar, a cabra cabriola nem perto de sua casa há de passar.

11



CAPELOBO Texto e gravura por MATHEUS DOS PASSOS VIEIRA O Capelobo tem várias formas, alguns dizem que ele é parecido com uma anta gigante com focinho de cachorro ou porco, mas sua versão mais conhecida é a que ele aparece como humanoide, tem a cabeça de tamanduá e as patas em formato de fundo de garrafa que se assemelham a cascos. Essa criatura tem hábitos noturnos, vive em regiões de várzea e uiva para desnortear as vítimas em meio à floresta, têm pelos por todo o corpo e come os cérebros das pessoas que o encontram com a sua grande língua, além de beber o sangue delas. Sua dieta também inclui filhotes de cachorros e de gatos. As formas de se tornar um Capelobo são um mistério até hoje, mas acredita-se que velhos índios se transformem em um quando estão prestes a morrer, ganhando uma nova vida. Apesar de sua força, o Capelobo possui uma fraqueza que é o seu umbigo, sendo necessário um tiro nele para matá-lo. Uma curiosidade é que o seu nome Capelobo deriva das palavras Cape, que quer dizer osso quebrado, e lobo que representa o próprio animal lobo. Por isso e por sua alimentação ele geralmente é confundido com vampiros e lobisomens.

13



CHUPA-CABRA Texto e gravura por CAIO SILVA O chupa-cabra é um ser que muitos acreditam vir do espaço sideral, outros preferem acreditar que é uma criatura incompreendida da natureza. As histórias desse predador noturno rodeiam por toda américa latina e tem origem na américa central, essa criatura foi batizada de chupa-cabra após vários incidentes sistemáticos rurais que ocorreram onde foram encontrados os corpos dos animais mortos e sem sangue. Hoje o chupa-cabra além de fazer parte da mitologia latina, se tornou um ser bastante presente na cultura pop. Hoje diversos grupos de ufólogos ainda investigam o caso do chupa-cabra, porém ainda sem nenhum êxito de confirmar a existência de tal criatura.

15



COMADRE FULOZINHA Texto e gravura por AMANDA CRISTINA GOMES Comadre Fulozinha é uma criatura do Folclore Brasileiro, responsável por cuidar dos animais e das plantas, acredita-se que quando criança se perdeu na floresta e faleceu procurando o caminho de casa, desde então sua alma vaga na floresta. Sua aparência é de uma cabocla, de longos cabelos pretos, que cobrem todo o seu corpo, mas quando furiosa seus cabelos se tornam chamas, perseguindo e chicoteando com seus cabelos flamejantes aquele que maltratar os animais ou as plantas de sua floresta. Ela possui a capacidade de sumir por alguns segundos, como também usa seu assobio para confundir os caçadores, de maneira que quanto mais baixo o som do assobio, mais próximo ela está de sua vítima. Para aqueles que passam pela floresta, Comadre Fulozinha gosta de assustar ou fazer travessuras, como criar nós nas caudas dos cavalos, que são impossíveis de desfazer, a não ser que à presenteie com mingau e doces que são suas oferendas favoritas. A origem desta lenda surgiu nas matas da região nordestina, principalmente em Pernambuco, Paraíba e Bahia.

17



DIABO Texto e gravura por BRANDON MACHADO DA SILVA O Diabo é uma figura folclórica muito difundida no Brasil, mas que não possui características muito diferentes daquelas definidas pela crença católica em outras partes do planeta, é uma lenda de fácil assimilação e que teve bastante destaque em nosso período colonial, já que não poderia deixar de ser mencionado nas catequizações. Um ser que personificaria todo o mal, geralmente retratado como um homem alto, magro, com chifres e a parte inferior de bode, características muito similares ao deus grego Pã. Praticamente qualquer pessoa poderia entrar em contato com o mesmo, desde que seguisse certo protocolo. As encruzilhadas, por exemplo, são lugares popularmente conhecidos como palco para os pactos com o “coisa-ruim”, onde a alma de qualquer pessoa poderia ser trocada por alguns anos de “boa vida” na terra. Como temia-se até mesmo a pronúncia de seu nome, surgiram variações para se referir ao mesmo, como: capiroto, coisaruim, tinhoso, chifrudo, cão, demo, sete-peles, e várias outras.

19



FAMILIÁ Texto e gravura por LARISSA MENEGARO NOGUEIRA A lenda do Familiá (ou Famaliá) traz a história de um diabinho preso em uma garrafa, que garante a seu dono seus desejos. Uma de suas versões conta que, para consegui-lo é preciso fazer um pacto com o diabo e procurar, durante a quaresma, um ovo preto de galinha. Outra versão, diz que é preciso dois olhos de gato preto e dois olhos de galinha preta, e com eles, fazer uma espécie de ritual. O que elas têm em comum é o fato de que do ovo, nascerá o diabinho, que deverá ser colocado imediatamente em uma garrafa. Acredita-se que a origem dessa criatura tenha se dado na Europa, e foi trazida ao Brasil pelo folclore Português. O alcance dos poderes desses seres é incerto, porém existem relatos de que eles eram muitas vezes utilizados para criar moedas de ouro.

21



GUARANÁ Texto e gravura por GENIFER ROMANHA Um casal de índios Sateré-Mawé que viviam há muitos anos juntos, sentiam-se incompletos pela falta de um filho. Certo dia, resolveram clamar a Tupã, Deus do trovão, que lhe desse uma criança. Tupã como Deus bondoso que era, atendeu aquele pedido, dando-lhes um menino. Quando cresceu, tornou-se um jovem lindo e generoso. O menino era apaixonado pela mata e sempre saía para colher frutas e trazer para o resto da aldeia, por conta disso era muito amado por todos. Jurupari sentia muita inveja da paz, tranquilidade e bondade que o menino transmitia. Em um certo dia quando o menino foi colher frutas na floresta, Jurupari, Deus da escuridão, se transformou em uma cobra venenosa e picou o menino, matando-o na mesma hora. A triste notícia se espalhou rapidamente na aldeia, e então o céu escureceu, dele desciam relâmpagos e escutava-se fortes estrondos de trovões. Triste e chorando, a mãe do menino acreditou que aquilo era um sinal de Tupã para que ela plantasse os olhos da criança no chão da tribo. Os índios então, atenderam seu pedido. E neste lugar nasceu uma planta que dava energia para a aldeia, cuja as sementes imitavam com clareza olhos humanos. Nasceu então o Guaraná.

23



JACI Texto e gravura por TAINARA MICHELS AMÉRICO Jaci, filha de Tupã deus do trovão, era considerada a deusa da lua e dos amantes. Reza a lenda tupi-guarani que Jaci foi criada por Tupã para iluminar a escuridão enquanto o deus do sol Guaraci, dormia. Guaraci então teria se apaixonado por ela, e toda noite, tentava acordar para observar sua beleza, mas então, Jaci tendo cumprido seu dever, voltava a se esconder, por isso, se tornará a deusa dos amantes. Guaraci então criou Ruda, o deus do amor, assim ele conseguia dizer o quanto amava ela enquanto dormia. Além disso, os tupi-guarani acreditavam que Jaci era responsável por plantar a saudade de casa e de suas esposas no coração dos guerreiros. Acreditavam também que Jaci, por vezes, levava virgens aos céus para se tornarem estrelas. Certa lenda conta que uma índia chamada Naiá teria se apaixonado por Jaci e sempre tentou encontrar Jaci onde ela buscava suas virgens, porém acabava adormecendo antes mesmo de alcança-la. Com isso, Naiá teria acabado definhando pela paixão de Jaci e pela fraqueza da mente, se jogou na água em busca do reflexo de Jaci. A deusa da lua teria decidido então que Naiá se tornaria mais uma estrela, mas não nos céus, e sim nas águas, criando assim a vitória régia.

25



LABATUT Texto e gravura por GUSTAVO TRENTO DE SOUZA

O Labatut é uma lenda difundida no sertão nordestino, mais especificamente na Chapada do Apodi, uma região montanhosa na divisa do Rio Grande do Norte com o Ceará. É um ogro humanoide gigantesco, com apenas um olho no meio da testa e presas que saltam de sua boca, similares a de um javali. Tem cabelos longos e o corpo coberto por pelos emaranhados. Durante as noites de Lua cheia ou ventania sai à caça de humanos para se alimentar, tendo preferência por crianças e sua carne mais mole. O diferencial do Labatut é sua origem agarrada na realidade. O nome do monstro é baseado no general francês Pedro Labatut, conhecido pela brutalidade e a frieza, que durante o período Imperial brasileiro espalhou o terror pelos revoltosos regionalistas nordestinos. É o retrato do medo e da crueldade humana transformados em mito, quando a força ainda dominava o ser.

27



MÃE-DO-OURO Texto e gravura por LARISSA DA ROCHA BARBOSA A lenda da Mãe-do-Ouro tem origem lá pelo final do século XVII, início do ciclo do ouro. Os relatos das aparições são em sua totalidade nas zonas rurais, no interior de estados como o Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais. Quem a viu conta que ela aparece na forma de uma bola de fogo percorrendo os céus especialmente em noites escuras. A luz que dela emana ora é muito forte, ora muito fraca. Ao chegar perto você pode se queimar. A Mãe-do-Ouro protege os tesouros escondidos e as jazidas de ouro para que elas não sejam exploradas. Por esse motivo, também é conhecida como protetora da natureza. Os garimpeiros sabem que o local onde a Mãe-do-Ouro é avistada é também onde estão escondidos esses tesouros, porém ninguém ousa tirar proveito disso e desrespeitá-la. Todos sabem que quem não a obedece é atraído até uma caverna e lá é preso, nunca mais sendo libertado. Outra versão da lenda diz que a Mãe-do-Ouro também se transforma em uma mulher de cabelos longos e dourados e vestido branco de seda. Ela atrai os maridos que maltratam suas esposas e também os prende nas cavernas, de onde eles nunca mais saem. Depois disso, ela arranja uma outra pessoa que vá fazer a mulher feliz.

29



MAPINGUARI Texto e gravura por NATALIA DAGOSTIM GAVILAN O Mapinguari é uma lenda que tem origem indígena e é muito conhecida na região Amazônica. O mito diz respeito a uma espécie de monstro de mais ou menos dois metros de altura, possui uma pelagem comprida e escura, grandes garras nas mãos, um único olho e um boca aterrorizante que fica debaixo do nariz e vai até o estomago. Os caboclos contam que o Mapinguari emite gritos pela floresta, que são semelhantes aos gritos dos caçadores, caso algum caçador o responda ele vai ao seu encontro e o engole com a sua enorme boca. Ele possui uma grande força por isso é muito difícil detê-lo, mas seu ponto fraco é o umbigo, caso um tiro o acerte neste lugar ele será destruído. Muitos dizem que esse monstro dorme a noite e caça durante o dia, com o único objetivo de matar a sua fome.

31



MATINTA PEREIRA Texto e gravura por LIANDRA REINERT DA COSTA A lenda de Matinta Pereira é originária do norte do Brasil, sendo uma personagem representada pela uma mulher idosa de vestes escuras, que também possui a capacidade de se transformar em um pássaro. Conta a lenda que Matinta Pereira, passa a noite vagando e assoviando pelas ruas e casas, afim de amedrontar pessoas. De acordo com a lenda, uma forma de afastar Matinta Pereira, seria se ouvisse-a passar teria que chamar por seu nome (Matinta) pedindo para passar no dia seguinte, para oferecer na manhã seguinte fumo (tabaco) ou algum tipo de alimento, em que Matinta passaria para buscar em sua residência, no entanto deixaria de assustar a pessoa. Caso contrário, tornaria a assustar e assoviar nas noites seguintes.

33



NEGRINHO DO PASTOREIO Texto e gravura por DOUGLAS VIEIRA FRASSON A lenda fala que nos tempos de escravidão existia uma fazenda com um estancieiro muito bravo com seus empregados. Nela existia um menino negro que adorava cavalos. O estancieiro pediu para o menino ir pastorear o seu cavalo baio e outros cavalos, o menino obedecendo seu estancieiro partiu para a floresta. Quando o menino volta do pastoreio, conta ao dono da fazenda que perdeu o seu cavalo baio, então o estancieiro manda o menino voltar e procurar o cavalo baio perdido. Já era a noite e fazia muito frio, o menino pega uma vela e vai procurar o cavalo. O menino até achou o cavalo, porém a corda quem estava presa no mesmo se rompe e ele volta para fazendo sem o mesmo. O estancieiro bravo, pune o menino deixando ele preso em uma árvore naquela noite fria. Ao amanhecer o estancieiro vai ver o menino, chegando lá encontra ele desamarrado em pé ao lado da Virgem Nossa Senhora e o cavalo baio e o resto da tropa, o estancieiro se ajoelha e pede mil desculpas, mas o menino não responde nada. Desde então quando uma pessoa perde um objeto no campo, é só acender uma vela próximo a uma árvore e falar, "Foi por aí que eu perdi... Foi por aí que eu perdi... Foi por aí que eu perdi...". Se ele não achar, ninguém mais acha.

35



TUTU Texto e gravura por GEAN LUCCA MILIOLI Tutu possui muitos nomes, Tutu-Moringa, Marambá, Marambaia, Zambê, Cambê, Zambeta e Tutu-do-mato. Ele é o senhor dos terrores noturnos infantis, que há muito tempo povoa as histórias africanas. Adora comer carne de crianças arteiras, principalmente aquelas que não querem dormir. Ele se esconde atrás das portas das casas, para assim poder raptar a criança chorona e a leva para as profundezas da floresta. Pouco se sabe sobre sua aparência, muitos não se atrevem a descrever a menor alusão a sua forma física. Os que tiveram coragem, e ousaram falar algo, dizem que sua aparência é de um monstro alto e feio, de orelhas grandes, com pelos negros e pés muito pequenos para o seu tamanho. Além disso, Tutu também possui outras formas, como a de uma grande sombra negra de olhos brilhantes e dentes afiados. Na Bahia, Tutu deixa de ser uma sombra e assume a forma de um caititu ou porco-do-mato. Tutu se popularizou aqui no Brasil no período colonial, pelas cantigas de ninar que as amas cantavam à noite, para fazer as crianças dormirem. Até hoje mães cantam para seus filhos, basta uma simples menção ao seu nome que as crianças rapidamente fecham os olhos com medo e procuram adormecer logo.

37



VELHO DO SACO Texto e gravura por JOÃO JACY FERNANDES DA SILVA Aquelas crianças sozinhas que perambulam solitárias pelas ruas, são alvo do temido Velho do Saco, um homem que carrega em suas costas um grande saco sem fundo. Ele sequestra crianças e as devora como refeições. Uma lenda conhecida em vários lugares do planeta, não há conhecimento sobre seu local de origem, mas acredita-se que muitas crianças começaram a ter medo de idosos que perambulam sozinhos na noite, por causa dele. A lenda é usada pelas pessoas como meio de manter seus filhos/dependentes longe de pessoas estranhas. Em alguns lugares do Brasil, é conhecido também como “Papa Figo”, um homem com um problema de saúde que só poderia melhorar comendo o fígado de crianças e adolescentes.

39



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.