COMUNIDADE BETHÂNIA | MARÇO E ABRIL | EDIÇÃO 11
Palavra do Padre Vicente, bth
Quaresma: EDITORIAL
tempo privilegiado para conformar-se com Cristo “Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do rio Jordão e, no Espírito, era conduzido pelo deserto. Ali foi posto à prova pelo diabo, durante quarenta dias. Naqueles dias, ele não comeu nada e, no final, teve fome” (Lc 4,1-2). Chegamos a mais um tempo forte da graça de Deus. Liturgicamente, o ponto alto do mistério que somos chamados a celebrar. Devemos aproveitar bem, como um verdadeiro Kairós - tempo privilegiado – a fim de que não se torne só mais uma Quaresma, só mais uma Semana Santa. Sobretudo a Quaresma necessita de uma verdadeira preparação, e empenho redobrado de nossa parte. Aliás, uma Quaresma bem vivida nos garante uma Páscoa frutuosa. Diante disso, me aproprio do número 540 do Catecismo para dizer: “A tentação de Jesus manifesta a maneira que o Filho de Deus tem de ser Messias, o oposto da que lhe propõe satanás e que os homens desejam atribuir-lhe”. E por isso, Cristo venceu o tentador por nós: “Pois não temos um sumo sacerdote incapaz de compadecer-se de nossas fraquezas, pois Ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado” (Hb 4,15). A Igreja se une a cada ano, mediante os quarenta dias da Grande Quaresma, ao mistério de Jesus no deserto”. Subli-
Retiro
nho a última frase, o unir-se ao “mistério”. Precisamos aprender com os santos a vivência do nosso ser cristão. O pobrezinho de Assis muito nos ensina. Para ele, a Quaresma, além do aspecto penitencial e de conversão, encontra sentido no desejo de “conformar-se a Cristo” e com a intenção de reviver os mistérios do ano litúrgico. Por isso, ele não se contentou em fazer uma Quaresma, mas cinco quaresmas ao longo do ano. São elas: 1)A Grande Quaresma em vista da Semana Santa; 2) Quaresma do Advento; 3) Quaresma da Epifania ou Quaresma “bendita”; 4) Quaresma de São Miguel Arcanjo; 5) Quaresma da Igreja, que ia da Festa de Pedro e Paulo até a Assunção. Mas, era na “Grande Quaresma” que ele se realizava. Francisco dava tudo de si. Os biógrafos ressaltam que a penitência, a mortificação e oração que São Francisco fazia, tinha o intuito de imitar e conformar-se com o Cristo que, “sendo rico se fez pobre; sendo de condição divina, se desvestiu desta condição e humilhou-se, até morrer na cruz...” (Fl 2,5-8). Conta-se que Francisco, para esta Quaresma, levou somente dois pãezinhos e, durante os 40 dias comeu metade de um deles (1 Fioretti 7). Assim, o desejo maior do nosso coração deve ser em tudo “configurar-se com Cristo”. Evoco mais uma vez o Catecismo no número 1438, que diz: “Os tempos e os dias de penitência ao longo do ano litúrgico (o tempo da Quaresma, cada sexta-feira em memória da morte do Senhor) são momentos fortes da prática penitencial da Igreja. Esses tempos são particularmente apropriados aos exercícios espirituais, às liturgias penitenciais, às peregrinações em sinal de penitência, às privações voluntárias como o jejum e a esmola, à partilha fraterna (obras de caridade e missionárias)”. Desejo a você e a toda família Bethânia, uma Quaresma bem vivida, capaz de nos exercitar na configuração com Cristo. Feliz Páscoa!
Testemunho do benfeitor Por Jussara Andregtoni e Sidinei de Re
Comunidade Bethânia, um sonho de Deus realizado. Padre Léo, um modelo de vida e conversão que nos inspira, por meio do seu legado. Iniciamos nossa caminhada como amigos de Bethânia em 2014, foi um grande presente para nossa família. Foi colaborando e realizando obras de amor, que conhecemos muitos amigos e fortalecemos nossa fé e Jesus Cristo. Aprendemos que precisamos ir ao encontro do próximo e ajudá-los, pois quando, colaboramos com o outro estamos ajudando o próprio Cristo. Queremos continuar ajudando cada vez mais a comunidade, pois ela nos traz para perto de Jesus, e é perto dEle que queremos estar!
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Campanha da Fraternidade 2016 Por Honaycon Gonçalves
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Temos que estar sempre atentos ao sofrimento do outro, cuidar da terra onde Deus nos permite estar. A terra é nossa casa, onde vivemos, onde há muitas pessoas de raças, credos, e necessidades diferentes a serem sanadas. Saneamento básico é a atividade referente ao abastecimento de água potável e o manejo da água pluvial, e ações que visam à saúde das Comunidades independente de suas crenças. A CF nos chama à união entre essas expressões e para a formação de um mundo mais sustentável e acolhedor. Devemos deixar de lado todo o egoísmo, nos tornar mais fraternos. Precisamos aprender a amar e respeitar as opções livres de cada ser humano, porém nunca nos esquecendo dos princípios e valores de fé. Temos o direito de acolher a todos com amor, como diz o próprio Cristo na epistola de Colossenses 3,14: “Acima de tudo, porém, revistam-se do amor, que é o elo perfeito”. O amor é o elo mais perfeito, pois ele é o próprio Cristo. “Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor” (cf. 1 João 4,8). Muitas outras expressões religiosas estão se unindo nessa campanha de amor com objetivo de promover a justiça e o direito ao saneamento básico para todos. Una-se a igreja e promova esse ato de amor: “Casa Comum, nossa responsabilidade”.
GERAL
A Campanha da Fraternidade (CF) acontece sempre no período da Quaresma. Desenvolvida em toda a Igreja Brasileira, a campanha busca despertar a solidariedade, amor ao próximo e a tratar de problemas que afligem a sociedade. Quando colaboramos com nosso semelhante, estamos ajudando o próprio Cristo e vivendo seus princípios. Gálatas 6,2 diz: “Ajudai-vos uns aos outros a carregar os vossos fardos, e deste modo cumprireis a lei de Cristo”. Cristo nos chama a viver em união, pois juntos somos Igreja. A Igreja é formada por vários membros que compõe um grande corpo, também compreendida como o corpo de Cristo. A mesma deve seguir os comandos da cabeça, que é o próprio Jesus. “De fato, o corpo é um só, mas tem muitos membros; e, no entanto, apesar de serem muitos, todos os membros do corpo formam um só corpo” (cf. Coríntios 12,12). Essa é a grande razão da campanha: unir o povo de Deus e tornar a sociedade mais solidária. A Campanha da Fraternidade possui alguns objetivos que são permanentes e de grande importância sabê-las: 1 - Despertar o espírito comunitário e cristão no povo de Deus, comprometendo, em particular, os cristãos na busca do bem comum; 2 - Educar para a vida em fraternidade, a partir da justiça e do amor, exigência central do Evangelho; 3 - Renovar a consciência da responsabilidade de todos pela ação da Igreja na evangelização, na promoção humana, em vista de uma sociedade justa e solidária “todos devem evangelizar e todos devem sustentar a ação evangelizadora e libertadora da Igreja” (cf. CNBB). A Campanha da Fraternidade de 2016 vem com o tema “Casa Comum, nossa responsabilidade” e o lema: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5,24). Tem a meta de promover um diálogo entre as religiões e o direito a recursos básicos para a preservação da vida.
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CENTRAL
A Semana Santa deve ser um tempo que proporcione encontro consigo mesmo, um tempo de interiorização para o amadurecimento. Deve ser um tempo que nos leve ao encontro pessoal com o Cristo Ressuscitado. A Semana Santa é o período em que vivemos a liturgia mais importante do ano, porque é a preparação para a maior de todas as festas, a Ressurreição de Jesus, nesse sentido o apóstolo Paulo tinha razão ao proclamar que, se nós não ressuscitamos nossa fé é vã (cf. Cor. 15,14). Esse tempo litúrgico deve provocar-nos a uma leitura de toda a Bíblia, pois só assim compreender-se-á o seu pleno significado. No Velho Testamento víamos um Deus que para colocar Abraão a prova, pediu-o para que sacrificasse seu único filho (cf. Gn. 22,1-18), nessa passagem descobrimos o modelo de um homem segundo o coração de Deus, e posteriormente descobre-se um Deus que nos ama e se preocupa com cada um dos seus. O Novo Testamento relata um Deus humano, que nasceu de uma mulher (Lc 2, 6-7) chorou (cf. Jo 11,35) ficou triste (Mt 26-37), sentiu dor (Mt 18,22), fome (Mt 4,2), alegria (Jo 15,11), e surpreendeu-se (Lc 7,9). Com base na cristologia poderia citar diversas passagens bíblicas que relatam a humanidade
de Cristo. Com isso, pode-se abstrair dos relatos históricos que Jesus era uma pessoa plenamente humana, sujeito a todas as limitações comuns ao ser humano, em tudo se fez igual, menos no pecado. Além de um Deus humano, a Palavra mostra-nos um Deus misericordioso, que acredita no melhor das pessoas, que tem a capacidade de olhar para o sujeito e não para sua condição de pecado, um Deus que olha para o que há de melhor no ser humano. Não é indiferente a dor do outro, um Deus que se amealha aos excluídos e prefere viver no meio dos leprosos, aqueles ignorados e marginalizados pelo seu tempo, um Deus que cultiva amizades. Se no Antigo Testamento tínhamos homens que ofereciam sacrifícios, o Novo Testamento nos apresenta o próprio Deus entregando-se. Esse deve ser o ápice de nossa fé cristã, olhar para todo o sofrimento que Jesus passou em Sua caminhada para cumprir a vontade do Pai e ver que Ele não parou na cruz. Jesus transcendeu a cruz, venceu o pecado, a morte, para que assim todos pudessem ser salvos. Já não seríamos mais chamados de escravos mais filhos Deus (cf. Jo 15,15). Na Semana Santa devemos associar o sofrimento de Cristo aos nossos sofrimentos, tantas famílias hoje desestruturadas, casais divorciando, jovens se envolvendo com drogas por falta de referenciais. Um número de pessoas cada vez maior em depressão sem propósito para seguir o percurso da vida. Jesus foi açoitado, esbofeteado, insultado, cuspido e torturado. Porém nenhuma dessas situações o fez desistir de Sua missão ou cair em depressão, nenhuma dessas situações o fizeram buscar refúgio em drogas ou infidelidades nos seus relacionamentos. E mesmo vivendo todas essas adversidades Jesus teve coragem de perdoar aquela multidão que pedia Sua morte, e gritava para crucifica-lo. Em resposta Jesus disse-lhes: “Pai perdoai-vos eles não sabem o que fazem” (Lc 23,34). Convido-os a viver a Semana Santa com intensidade, com o propósito de olhar para dentro de si, rezar, preparar-se para o momento maior. Saiba que depois de todo sofrimento, viveremos o momento mais sublime da Ressurreição: no Domingo de Páscoa ressuscitaremos homens e mulheres novos segundo o coração de Deus. Por Wellington Jacó
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CENTRAL
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CEJU
Por Comunicação Bethânia
RECANTOS
A dimensão educacional no carisma de Bethânia Em Bethânia, a dimensão educacional tem parte fundamental em nosso carisma. Acreditamos que educar é chegar antes, é prevenir, intervir e cuidar. A educação em nossa Comunidade tem por objetivo formar pessoas a partir de valores que não passam, a fim de dar suporte e formação suficiente para lutar contra a ilusão da dependência química. É um jeito de ajudar a ter esperança de um futuro melhor e escolher a vida plena. No Centro Educacional Juscélia - CEJU, um dos braços institucionais da Comunidade Bethânia, acentua-se que, o processo de educação almejado será sempre resultante do acolhimento
praticado junto às crianças e todos aqueles que se aproximam da instituição. Procuramos educar a pessoa integralmente de forma cordial e alegre, proporcionando um acompanhamento personalizado. Pe. Leo nos ensina que a restauração da integralidade do ser, passa pela escolarização, pois o conhecimento é libertador e nos traz autonomia para as reflexões necessárias dentro vivência cotidiana. Educar é acolher a dificuldade e o potencial que há em cada um de nós, aprendemos com Jesus e sua pedagogia do amor a sermos extensão da misericórdia do Pai.
Cianorte/PR Por Nathan Abel
Manifestação da providência Quando nosso coração confia no Senhor, Ele nos confia o Seu Coração. É assim que estamos vivenciando o nascimento de mais um braço acolhedor do Pai: o Recanto Cianorte. Como uma família prepara os aposentos daquele que vai chegar, estamos cuidando de tudo para poder abraçar o Cristo desfigurado que vem até nos na pessoa de cada irmão. Sabemos que os desafios são muitos, que a seara é grande, mas que o amor de Deus é maior. Assim como nosso fundador Pe. Léo nos ensina, queremos viver os sonhos de Deus e acolher a todos que o Pai nos confiar. Por isso nosso sim, para mais um Recanto de acolhimento, de amor, de partilha, de experiências de cura interior, de trabalho e de renascimento. Antes mesmo de começarmos nossas atividades em caráter oficial, Deus já nos da a prova de que Cianorte é vontade do Seu coração. Hoje no Recanto já acontece Grupo de Oração com mais de cem pessoas, muitos pedidos para acolhimento, visitações constantes e nossa percepção não deixa escapar o cuidado do Senhor para conosco em cada detalhe. Em breve estaremos inaugurando o Recanto Cianorte/PR,
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nosso coração se enche de alegria e expectativa para receber aqueles que Deus nos confiar. Contamos com sua oração.
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Reinserção Social Por Tatiane Ventura da Silva
FORMAÇÃO
Falar em reinserção social é mencionar pessoas, que de alguma forma, foram excluídos dos sistemas sociais básicos (família, moradia, trabalho, saúde, educação, dentre outros) e necessitam ser inseridas novamente neste contexto. O uso abusivo de drogas, por sua vez, é uma das causas de exclusão em nossa sociedade. Pensando nestes indivíduos, que se materializam nos filhos e filhas de Bethânia, tem-se refletido dia a dia a respeito de estratégias para superação desta realidade imposta pela dependência química. A reinserção que desejamos tem como enfoque a reconstrução das perdas e a capacitação do indivíduo para exercer o seu direito à cidadania. É fundamental promover o resgate de uma rede social e familiar inexistente ou comprometida pelo período do uso abusivo de drogas. Em 2014, foi criado, sob a coordenação de uma assistente social, o “Grupo Reinserção Social”, com a realização de encontros semanais, estando presentes, filhos e filhas a partir do quinto mês em restauração. Neste espaço socioeducativo, foram trabalhados variados temas, dentre eles, a reflexão sobre a necessidade da construção de um novo projeto de vida, no qual as drogas não estejam inclusas, com objetivos e metas específicos e alcançáveis. O mencionado grupo seguiu durante 2015, momento em que realizou, além dos encontros semanais internos, atividades externas a comunidade. Assim, foi realizada visita ao Centro de Atendimento Psicossocial – CAPS AD, com intuito de transmitir maior conhecimento e informação a respeito da rede de atendi-
mento, rede esta, que se traduz em alternativa para manutenção de uma vida sem uso de drogas fora da comunidade. Também aconteceram atividades de lazer e cultura, como a visita ao Projeto Tamar, Santuário Santa Paulina e a ida ao Cinema. As atividades mencionadas são preciosas fontes de interação, convivência social e proporcionam que nossos filhos e filhas coloquem em prática as suas diversas habilidades socais. Possibilitam também, a aquisição de novos conhecimentos e o aumento do capital cultural dos nossos acolhidos. Eles são a prova empírica de que é possível obter prazer com atividades saudáveis e prazerosas sem o uso de drogas. Diversas foram às conquistas em relação à reinserção social no recanto de São João Batista. No entanto, ainda são muitos os desafios em relação às oportunidades de capacitação profissional, que é também, um forte instrumento para que os nossos acolhidos estejam mais bem preparados para o retorno à sociedade.
Recordando Pe. Léo Trecho do livro Saboreando a vida - Pe. Léo, scj Em todos os lugares deste mundo a que Deus tem me levado, em consequência do meu carisma e pregação, tenho encontrado pessoas que perderam o sentido da vida. São jovens desesperados que acabaram se escondendo no submundo das drogas ou sexo; são adultos reduzidos pelo alcoolismo ou pelos antidepressivos; são pessoas materialmente bem-sucedidas, mas com um vazio imenso no coração... Por isso o homem moderno vive o tempo todo procurando sair de si. Não se encontra. Pior, perde-se e mergulha cada vez mais num abismo sem volta. Não tenho dúvidas de que existe um caminho. Peçamos
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ao Espírito a graça de trilharmos juntos essa fabulosa viagem. Que você tenha coragem de esquecer o que está fora para se encontrar. Para isso é preciso ser um eterno aprendiz.
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