3 minute read

Espiritualidade

Next Article
Comunicação

Comunicação

Carta aos Gálatas

Advertisement

Por Pe. Décio Siqueira Nantes, sds (Pe. Sam)

O Mês de Setembro é dedicado à Bíblia. Nós, cristãos católicos, nos empenhamos com esmero e maior apreço a lermos e a nos aprofundarmos no conhecimento da Palavra de Deus, para a santificação da Igreja e como Igreja nos aperfeiçoarmos na Missão e na prática da Caridade Evangélica.

Ainda nos adequando à pandemia da Covid-19 (crise humana, distanciamento da comunidade de fé e de Deus), é tempo oportuno de buscarmos a Sagrada Escritura para melhor conhecer Jesus, seu Evangelho e nos afinarmos no caminho da Verdade. Para tanto, a Epístola do Apóstolo Paulo aos Gálatas é uma magna inspiração do Espírito Santo, com uma autoridade permanente que nos ilumina, ajuda a resgatar em nossas práticas espirituais a essência do cristianismo e nos reevangeliza para o verdadeiro seguimento de Jesus Salvador.

A autoria paulina desta carta não fora contestada nos tempos antigos, e a maioria dos estudiosos modernos também não a contesta. Esta carta é endereçada às cidades da Província da Galácia (entre elas Antioquia da Pisídia, Icônio, Listra e Derbe), uma larga área da antiga Ásia Menor, parte central da Turquia moderna. Há uma discussão se Paulo escreveu esta carta para a região norte da Galácia (Galácia étnica, ou teoria da Galácia do Norte), ou para o sul (Galácia do Sul, província política), cujo mérito não nos aprofundaremos aqui, entretanto, há defensores em ambos os sentidos. O livro em estudo também é conhecido como “epístola da liberdade cristã”.

A reflexão dessa epístola aos Gálatas tem como propósito nos lembrar que o Apóstolo Paulo fervorosamente quer evitar que seus leitores (da época e também os de hoje) passassem para um “outro evangelho”, ante a pregação de alguns que diziam que deveriam se circuncidar para serem salvos. É uma epístola da liberdade cristã contra o legalismo judaico. Era uma questão tão delicada a ponto de ser considerada uma perversão do evangelho. Paulo, nesta epístola, defende sua autoridade diante daqueles que contestam seu apostolado. Ele recebeu o Evangelho mediante revelação divina; foi reconhecido como Apóstolo pela igreja de Jerusalém, e exerceu sua autoridade repreendendo a

Pedro. Esta epístola, talvez como nenhuma outra, dá o embasamento teológico para não se aceitar nenhum tipo de sistema religioso que se interponha entre o homem e Deus. Todo sistema religioso que assim o fizer, por melhor que seja, torna-se um escândalo, uma pedra de tropeço, e deve ser veementemente rejeitado pelo cristão.

Sintetizaremos aqui a estrutura da epístola em seus 6 capítulos, para podermos “degustar” seu conteúdo e nos motivarmos à sua leitura orante. O conteúdo mostra a lamentação de Paulo ante o procedimento dos gálatas em relação aos que pregam um Evangelho diferente, pois ele não recebeu o Evangelho de homem algum, mas direto de Cristo para anunciá-lo aos pagãos. Comenta sua viagem a Jerusalém para ter com Pedro e Tiago. Anos mais tarde, regressa para Jerusalém, e o Evangelho que prega é aceito. Lembra que repreendeu Pedro por ter atitudes em relação à fé e à verdade. Os lembra da experiência que tiveram e que receberam o Evangelho pela fé, assim como também Abraão foi justificado por fé, pois a lei não pode justificar. A herança vem pela promessa e não pela lei. A lei foi acrescentada por causa das transgressões, e antes da fé, estavam todos sob sua tutela. Em Cristo não há diferenças e todos se tornam descendentes de Abraão e herdeiros segundo a Promessa. A lei é o vigilante que nos conduziu a Cristo. Por isso, enquanto menores, estávamos sob curadores, mas Cristo nos resgatou e recebemos o Espírito Santo, daí, circuncidar-se é voltar para trás. Argumenta sobre a alegoria de Hagar, mãe de Ismael, liga este à Jerusalém carnal, aos da circuncisão, aos filhos segundo a carne, à escravidão, mas Isaque é filho da promessa, e os da fé, também. Portanto, não devemos nos colocar sob um jugo de escravidão. Quem tenta se justificar pela lei se desliga de Cristo e da Graça decai. Conclui que: o cristão deve andar no Espírito, que sempre sofre oposição da carne.

This article is from: