4 minute read

Principal

Next Article
Geral

Geral

O primeiro capítulo de nossos estatutos provinciais nos fala de nossa vocação e missão salvatoriana. É o capítulo primeiro de nossas constituições, posto em prática dentro de nossa realidade de província salvatoriana brasileira.

Em um mundo marcado pelo desemprego, por falta de oportunidades de ser útil, ser chamado a um trabalho causa grande felicidade. Deus chama sempre ao homem e à mulher para que se coloquem a serviço dos outros. Cada pessoa é chamada a uma tarefa específica, que é desempenhada com os carismas recebidos para isso. Não somos todos chamados para tudo, porém, todos somos chamados à vida, para dar a própria vida, a fim de que muitos a tenham em abundância. A vocação se dá no tempo, isto é, durante um determinado tempo em que alguém se gasta para o bem dos outros, com gestos “inúteis” e gratuitos. Deixar escapar esse tempo é muito perigoso. Nunca se vive duas vezes a mesma experiência, e jamais nos encontraremos com as mesmas pessoas nas mesmas circunstâncias. A valorização do tempo tem muito a ver com o zelo apostólico. Somos chamados a viver muito em pouco tempo. A passividade é perigosa, quando se trata de expandir o Reino de Deus.

Advertisement

Toda pessoa chamada por Deus é enviada a uma missão. O salvatoriano é um enviado, um embaixador, um representante, um servidor de outros. Jesus o expressou muito bem, quando dizia: “Quem vos ouve a mim ouve” (Lc 10,16). Mas, especificamente, que missão nos deu o Beato Padre Francisco Maria da Cruz Jordan a nós seus filhos espirituais? Acho esta descrição muito completa no número 1 da Carta ou Declaração da Família Salvatoriana: Movido por uma profunda experiência de Deus, pela situação da Igreja e pela realidade de seu tempo, Pe. Francisco Maria da Cruz Jordan foi tomado por um urgente desejo de que todas as pessoas conhecessem o Deus único e verdadeiro e, em Jesus, o Salvador, experimentassem vida em abundância. Sua visão foi de unir todas as forças apostólicas da Igreja para que amem e proclamem Jesus como Salvador de um mundo carente de Deus. Ele incluiu pessoas de todas as idades e níveis sociais, trabalhando juntas em todas as partes e com todos os modos e meios.

E o item 11.6 dos nossos estatutos provinciais nos diz que “a Vida Salvatoriana, no Brasil quer tornar presente a mensagem de Jesus Salvador em nossa terra e para nossa gente. Por isso, nossa Província propõe viver e difundir o Carisma e a Missão Salvatoriana, num contexto de América Latina e em sintonia plena e participativa com os ideais e Planos da Igreja do Brasil. Dentro deste contexto, somos chamados a comunicar, de forma atualizada, os valores evangélicos, em diálogo com as diversas culturas”. Desempenhando nossa missão integrados com os que partilham conosco o mesmo ideal e os mesmos objetivos: Irmãs salvatorianas e leigos salvatorianos.

Portanto, nosso carisma e consequentemente nossa vocação e missão como salvatorianos, nasce do Evangelho: “A vida eterna é esta: que eles te conheçam a ti, o Deus único e verdadeiro, e aquele que enviaste, Jesus Cristo.” (Jo 17,3). Por isso, o primeiro passo como salvatoriano é conhecer a Jesus, fazer a experiência de Jesus em minha vida, me apaixonar por Ele e pelo Reino, tornar-me um autêntico discípulo e segui-lo com fidelidade. Quando meu seguimento a Jesus é verdadeiro e vivencial sou chamado a dar a conhecer o Salvador ao modo, ao estilo dos Apóstolos, a todas as pessoas, em todos os lugares e com todos os meios e modos. Tudo isto me leva a conhecer sempre e cada vez mais ao Deus único e verdadeiro, que nos criou e nos ama com amor sem limites.

Quando, como salvatorianos, desconhecemos nossa vocação específica, e não nos dedicamos com aquilo para o qual fomos chamados, podemos viver uma crise vocacional.

Como dizia um padre em um de seus comentários que o Salvatoriano “típico” de hoje é uma pessoa modesta, bondosa, dedicada ao trabalho, querida pelo povo, sem grandes conflitos, escândalos ou atitudes extravagantes; uma pessoa que alimenta a vida espiritual com orações diárias, frequência aos sacramentos, faz seu retiro espiritual todos os anos e alguns retiros mensais. Ele faz suas férias sem gastar muito dinheiro, lê alguns poucos livros durante o ano e, em geral, exerce seu trabalho pastoral em uma paróquia ou numa escola.

Me pergunto se esta descrição geral coincide com o ideal salvatoriano que Jordan tinha em sua mente e em seu coração. Como Salvatoriano, sou capaz de assumir as tarefas, os objetivos e os projetos que Jordan traçou para a SDS.

Todo tipo de apostolado, exercido pelos Salvatorianos até hoje, merece todo nosso respeito, porque foi realizado com boa vontade, com grande sacrifício e tem produzido muitos bons frutos. Acredito que não podemos perder de vista, ou temos que recuperar a ideia original de Pe. Francisco Maria da Cruz Jordan, para que nossa missão seja mais plena e responda de maneira mais eficiente o que nos compete como Salvatorianos no mundo de hoje.

Tenho a firme convicção de que nós, os Salvatorianos fundados por um líder, por um inovador, um profeta de seu tempo e do nosso tempo, tendo sido concebidos, por Francisco Jordan, não para sermos aves de voos curtos, mas sim para sermos águias, de voos maiores como ele queria:

QUAL ÁGUIA VELOZ, VAI POR TODO O ORBE TERRESTRE E ANUNCIA A PALAVRA DEDEUS!

(PE. JORDAN)

Por Pe. Nelson Barbieri, sds

This article is from: