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Apóstolo Além das Fronteiras, chamado por Jesus

Michael Regnatus Henerico, SDS.

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No Evangelho vemos: “Jesus subiu às colinas e chamou para si aqueles a quem queria, e eles vieram até ele. E ele designou doze para estarem com ele e para ser enviado para pregar” (Mc 3:13-14). Este texto nomeia dois valores significativos e fundamentais: estar com o Senhor e Missão apostólica. O Bem-Aventurado Francisco Jordan anotou em seu Diário Espiritual: “Seja um verdadeiro apóstolo de Jesus Cristo. Não descanse até que você carregue a palavra de Deus aos quatro cantos da terra”. Ele não estava simplesmente querendo alguma tarefa apostólica, mas sim ser apóstolo e, como tal, reconhecer-se corresponsável para a difusão do Reino de Deus em todo o mundo. E foi graças aos Missionários Salvatorianos que me tornei Salvatoriano, para continuar este carisma, bem como o zelo apostólico do nosso fundador, apóstolo além das fronteiras.

Meu nome é Michael Regnatus Henerico, SDS, e nasci em Dar-es-Salaam, na Tanzânia. Foi fácil para eu conhecer os Salvatorianos na Tanzânia, tendo em vista que a paróquia de onde venho é administrada pelos Padres Salvatorianos. Devido ao seu modo de viver como religiosos, fui inspirado pelo seu Espírito missionário e foi daí que tive o desejo de me tornar um missionário salvatoriano. Desde que conheci os Salvatorianos, muitos elementos passaram a fazer parte da minha vocação. Dentre elas, a principal é o que achei mais atraente na missão salvatoriana: “Anunciar a mensagem a todas as pessoas em todos os lugares e em todos os tempos e fazê-lo de qualquer maneira e por qualquer meio que o amor de Cristo nos inspire”.

O ardente desejo de se tornar religioso salvatoriano existe dentro de mim desde os meus 12 anos de idade, quando eu era coroinha na minha paróquia (Mwenge, Dar-es-Salaam) onde os salvatorianos exerciam seu apostolado. Por causa deste espírito missionário, na minha paróquia tinha, na época, a comunidade internacional de salvatorianos com três nacionalidades (Polônia, Estados Unidos e Tanzânia) e, então, o desejo de ser missionário salvatoriano começou e até hoje esta chama permanece acesa.

Deus tem diferentes formas de chamar alguém para servi-lo, eu tinha um grande amigo chamado Emmanuel Msira. Eu costumava passear com ele depois do horário escolar. Seu pai sempre ia à igreja com frequência, e um dia, quando ele foi rezar a missa na paróquia, foi convidado por uma irmã religiosa para convidar seus filhos para um programa da juventude na igreja no sábado. Aconteceu que eu não tinha nenhum programa especial em casa, então resolvi visitar meu amigo para que pudéssemos passear um tempo juntos. Lembro que era tarde, então quando fui à casa dele, ele me disse que não tinha tempo para conversar comigo porque seu pai dissera a ele para participar de um programa para jovens na igreja. Então ele me perguntou se, caso eu quisesse ter um tempo com ele, talvez devêssemos ir juntos ao programa para jovens na paróquia. Demorei a pensar

em aceitar o convite. Porém, depois de um tempinho decidi participar neste programa da Igreja. Ademais, neste tempo eu só participava na missa de domingo e não com muita frequência. Após o término do programa para jovens, recebi convites para mais eventos e, de repente, fiquei mais ativo do que aquele que me convidou para o programa para jovens e foi aqui que tive a chance de conhecer os Padres Salvatorianos.

Foi por causa do Padre Christopher Luoga, SDS, que me convidou para servir como coroinha e depois me apresentou à pastoral salvatoriana no auxílio ao próximo, e fiquei curioso para saber mais sobre os salvatorianos. Meu chamado vocacional não foi tão fácil de responder por causa da minha cultura, pois ninguém em meu clã jamais se envolveu neste tipo de vocação. Todos são dedicados a outras vocações.

A vez que disse aos meus pais que queria ser sacerdote religioso, minha mãe ficou muito feliz, mas fiquei chocado porque nesta altura, meu pai nunca disse uma palavra, apenas olhou para mim e ficou calado. Com certeza ele nunca esperava que eu dissesse isso, porque em nosso clã ninguém tinha uma vocação religiosa. E na época nós morávamos em casas militares, porque meu pai era um soldado militar. Talvez esperasse que eu seguisse o caminho dele. Acredito que milhares de homens muito melhores deram suas vidas à vida religiosa. E suas histórias são magníficas. Eu preferiria dizer aqui precisamente o que pode ser dito por qualquer homem que buscou a vocação religiosa ou viver os conselhos evangélicos. Em suma, o desejo de ser religioso nasce do amor a Deus, o que mostra que a vocação é o dom de Deus para servir aos outros.

Enfim, quando podemos aceitar as limitações de nossa vida e o poder salvador de Deus em tudo isso, então nosso desejo por essa coisa ou essa pessoa ou controle nesta área de nossa vida não precisa nos oprimir. Quando podemos dizer que nossa segurança fundamental não está na riqueza, ou em outra pessoa, ou no poder, mas sim em Deus, então estamos vivendo as virtudes dos votos religiosos, quer os tenhamos professado ou não. Quando vivemos na confiança de um Deus providente, com amor e preocupação por todo o povo de Deus e atenção à direção de Deus em nossas vidas, vivemos no reino de Deus, presente entre nós e preenchendo nossas vidas com tudo o que precisamos. Todos os cristãos são convidados a praticar os Conselhos Evangélicos de pobreza, castidade e obediência. Jesus Cristo era pobre de espírito, casto de coração e obediente em amor à vontade de seu Pai. Os conselhos evangélicos são um apoio útil em nossa busca de viver como religiosos. Os votos não são apenas um sacrifício, mas uma aceitação plena de uma vida dedicada a Deus.

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