COMUNIDADE BETHÂNIA | MARÇO E ABRIL DE 2015 | EDIÇÃO 5
Palavra do Padre Vicente, bth
EDITORIAL
Acolhimento, solidariedade e compaixão
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“Eram, na verdade, os nossos sofrimentos que Ele carregava, eram as nossas dores, que levava às costas... Mas estava sendo transpassado por causa de nossas rebeldias, estava sendo esmagado por nossos pecados. O castigo que teríamos que pagar caiu sobre Ele, com seus ferimentos veio a cura para nós” (Is 53,4-5). A passagem nos remete ao servo sofredor. Lendo com atenção percebemos em Jesus e Sua Paixão, a expressão máxima de acolhimento, solidariedade e compaixão. Jesus é aquEle que nos acolheu, se solidarizou conosco e cheio de compaixão sofreu em nosso lugar. Jesus é aquEle que fez de Sua cruz, a árvore da vida a dar sentido à nossa existência. Eis a cruz de Cristo! Eis a árvore da cruz que dá sempre renovados frutos de salvação. Olhamos com confiança para ela, haurindo do seu mistério de amor a coragem e o vigor para caminhar com fidelidade nas pegadas de Cristo crucificado e ressuscitado. Chegamos ao tempo maior. Nele, queremos nos revestir da mensagem da cruz, e permitir que ela entre em nossos corações e transforme nossa existência. É hora da “Ciência da Cruz”, como lembra Santa Edith Stein, a nossa Tereza Benedita, ensinar que na cruz Jesus não apenas sentiu conosco, mas em nosso lugar, verdadeira compaixão. Solidariedade total, acolhimento perfeito. Padre Léo sempre valorizou sobremaneira o tempo de Quaresma, Semana Santa e Páscoa em Bethânia. Todos os recantos se preparam com esmero, pois é hora de rezar mais, jejuar mais e intensificar nossa caridade. A Campanha da Fraternidade nos coloca em comunhão com a Igreja do Brasil. Esse ano ela nos convida a servir do jeito de Jesus (cf. Mc 10,45). A Via-sacra é momento oportuno para sentir com Jesus e com a Igreja. Na Sexta-feira Santa não há como não se emocionar com a encenação da Via-sacra feita pelos nossos filhos. No sábado e domingo somos convidados a, como Maria Madalena, ir cedo e às pressas ao encontro do Ressuscitado, pois a promessa é de vida nova. Venha participar do retiro da Semana Santa conosco. É emocionante e renova realmente nossa fé. Envolvido neste clima chega até você a nossa Viver Bethânia. Que ela ajude você e sua família a experienciar um verdadeiro “tempo favorável” para o encontro com Deus e os irmãos. A todos uma santa “Semana Maior” e uma feliz Páscoa! Aproveite a revista e boa leitura. Estamos juntos, rumo aos 20 anos! Minha bênção! Viva Bethânia!
Retiro para casais Deus, quando nos criou homem e mulher, concedeu-nos o dom de amar e a capacidade de exteriorizar esse amor de várias maneiras. Umas delas é o sexo. Mas a experiência da sexualidade é uma bênção, apenas quando aprendemos a vivê-la do modo certo e compreendemos a dimensão da expressão “entregar-se inteiramente ao outro”. Hoje, infelizmente, os meios de comunicação têm banalizado o sexo, transformando o prazer num ato individualizado, meramente carnal, em que homem e mulher pensam apenas em sua satisfação pessoal, e não nas necessidades e nos sentimentos do outro. Novelas, filmes, músicas expõe o sexo de forma suja e obscena. A mídia nos bombardeia a todo instante com cenas pornográficas, com sexo sem amor e sem respeito, fazendo com que essa inversão de valores pareça natural e correta. E para mostrar o verdadeiro sentido do “entregar-se um ao outro”, Bethânia realiza nos dias 22, 23 e 24 de maio, o retiro Sede Fecundos. Para inscrição e mais informações, entrar em contato pelo número: (48) 3265-4416, ou pelo e-mail: retiro@bethania.com.br. Venha participar conosco. Deus tem muito a realizar no seu relacionamento!
Testemunho Por Kátya Zunino
“Ser amiga de Bethânia é uma grande bênção. Sou muito grata a Deus por tudo que Ele fez e ainda faz por mim, especialmente pela graça da Salvação por meio de Jesus Cristo. Poder retribuir um pouquinho desse amor me doando e servindo a Deus através de Bethânia é muito especial. Cada oportunidade que tenho de pisar neste solo sagrado, de conviver com os que lá vivem, de levar um pouco de carinho, atenção e amor, sinto-me abundantemente agraciada, amparada e abraçada por Deus. Em Bethânia, sinto muito forte o agir e a restauração de Deus em minha vida.”
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Amar servindo, acolhendo, sem perder o referencial: a proposta do Evangelho Por Pe Lucio Tardivo, bth
GERAL
Iniciamos nessa Quarta-feira de Cinzas um tempo forte de penitência e conversão. Tempo proposto pela Igreja para que possamos voltar o olhar para nossa necessidade de rever nossos passos e projetos. É na Quaresma que nos defrontamos com os três pilares evangélicos que nos auxiliam no nosso processo de conversão: o jejum, a esmola e a oração. O jejum proporciona um encontro conosco mesmo, nos ajuda a moldar os desejos e nossa vontade, onde mais do que deixar de comer algo, nos ajuda a sermos senhores de nossas vontades. O jejum nos direciona para Deus. A esmola nos faz ir ao encontro do irmão, nos deixa interpelar pela presença do outro em nossa vida. A caridade nos impulsiona a abrir nossos olhos à necessidade da pessoa que Deus coloca em nossa vida. Enfim, a oração que nos põe em sintonia com Deus, satisfaz nossa necessidade de encontro com o Criador. É na oração que nosso coração se põe em atitude de escuta da Palavra de Deus e nos anima na prática e vivência da mesma. E no Brasil, de modo especial, a Quaresma é um tempo no qual somos chamados a viver também a Campanha da Fraterni-
dade, que este ano nos traz uma proposta concreta da vivência da caridade, com o tema “Igreja e Sociedade” e o lema “Eu vim para servir” (Cf. Mc 10, 45). Nos faz um apelo por uma Igreja que saiba acolher, que tenha as portas abertas, sem medo de amar. Viver o mandato de Jesus é servir sem ter medo de se fazer solidário com aquele que sofre, o desvalido, os preferidos de Deus. É olhar o irmão como o rosto do próprio Cristo que nos interpela e nos dá uma oportunidade de fazer o bem, praticar a caridade. Viver uma Igreja pobre para os pobres. Neste ano a Igreja propõe que sejamos verdadeiramente cristãos, vivendo este mandamento do amor concretamente em nossos relacionamentos. Precisamos ser uma Igreja acolhedora que se alegra com a volta dos seus filhos pecadores. Assim contemplamos o ministério de Cristo Eucarístico que se doa a todos sem exceção. Nas palavras do Papa Francisco, precisamos ser uma Igreja aberta aos desafios da modernidade. Amar servindo, acolhendo, sem perder aquilo que é o nosso referencial: a proposta do Evangelho. Toda Igreja é chamada a gratuitamente estar a serviço da vida, iluminada pela justiça e pelo direito. Uma Igreja que não se nega a garantir vida digna para todos, que esteja sempre em luta para resgatar o ser humano de suas prisões e muitas vezes subjugado pelos poderosos. Uma Igreja servidora que tem sua origem na Sagrada Escritura e que nela fundamenta sua práxis.
Um olhar Bethânia para a Campanha da Fraternidade Esta Campanha da Fraternidade tem muito a contribuir para a vivência concreta de toda Comunidade Bethânia. Ao enfatizar que a Igreja deve viver o acolhimento como serviço do Evangelho, nos reafirma em nossa missão, assim como nos ensinou Pe. Léo, somos e existimos na Igreja para acolher cada um como o próprio Cristo. Em Bethânia, também lutamos pela justiça buscando resgatar aqueles que foram colocados de lado, que se deixaram escravizar pelas drogas e pela prostituição. Nosso olhar Bethânia nos faz sempre seguir evangelicamente o “Eu vim para servir”. Nossos padres, consagrados, vocacionados, voluntários e também nossos funcionários estão ai justamente para servir o Cristo no rosto de nossos filhos, que chegam até nós muitas vezes desfigurados. Somos chamados a ser em nossos recantos uma esperança alegre para aqueles a quem a vida muitas vezes mostrou apenas o seu lado triste. Em nossa missão não podemos ficar de braços cruzados esperando que Deus faça tudo, somos interpelados a colocar a “mão na massa”, por isto todos em Bethânia têm suas atividades voltadas para a restauração de nossos filhos e filhas. O abraço que oferecemos é a expressão do apelo de acolhida que sentimos em nosso coração, como nos escreve o Papa Francisco em seu livro ‘A Igreja da Misericórdia’: “Uma Igreja que sabe abrir os braços para abraçar a todos, que não é casa de poucos, mas de todos, onde todos podem ser renovados, transformados e santificados pelo Seu amor: os mais fortes e os mais fracos, os pecadores, os indiferentes, os que se sentem desanimados e perdidos”. Isto é Viver Bethânia!
Oração da Campanha da Fraternidade
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Ó Pai, alegria e esperança de Vosso povo, Vós conduzis a Igreja, servidora da vida, nos caminhos da história. A exemplo de Jesus Cristo e ouvindo Sua Palavra, que chama à conversão, seja Vossa Igreja testemunha viva de fraternidade e de liberdade, de justiça e de paz. Enviai o Vosso Espírito da Verdade, para que a sociedade se abra à aurora de um mundo justo e solidário, sinal do Reino que há de vir. Por Cristo Senhor nosso. Amém!
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CENTRAL
A paz é exatamente para onde aponta a Semana
Jesus pelo caminho da trilha da cura.
Santa que vivemos em Bethânia. Lembro-me de como
Nossos filhos já estão empenhados e motivados
o Padre Léo amava fazer o retiro da Semana Santa aqui
com a organização do recanto, com a preparação da
na comunidade.
Encenação da Paixão de Cristo, por isso afirmo: é be-
De todos os retiros não tenho dúvidas em afirmar,
líssima.
este, de fato, era o que o Padre Léo mais amava. Nesta
Você poderá contemplar de uma maneira fantástica
semana ele chegava no recanto (comunidade), coloca-
toda a beleza e riqueza das celebrações do Tríduo Pas-
va seu carro na garagem e de lá o carro só saia depois
cal. Poderemos, juntos, soltar o grito de vitória em Cristo
da Páscoa. As chaves ficavam esquecidas num canto da
sobre a morte, contemplaremos o sepulcro vazio e tere-
gaveta. Era hora de “tirar o pé do acelerador” e colocar-
mos a certeza de que a morte pode até passar por nos-
se a caminho, passo a passo na trilha da cura. Rezar a
sa história, deixar suas marcas e lembranças (Jo 20,6-7),
Semana Santa em Bethânia tem sido desde então, para
mas ela não tem a palavra final.
cada filho e filha, para cada um dos consagrados padres
No domingo de Páscoa nos certificaremos que o se-
e todos aqueles que vem rezar conosco, um grande mo-
pulcro está vazio. Vazio para que nós estejamos cheios,
mento para contemplar a Paixão, morte e Ressurreição
cheios de vida e vida plena.
do nosso Senhor Jesus Cristo. Uma oportunidade que
É hora de lançar no fundo do coração de Jesus as
Deus tem nos dado para saborear a vida, rezar a nossa
“chaves dos veículos” que nos levam para longe deste
história ter a certeza que as correrias do dia a dia tem
caminho de cura interior que é a Paixão de Cristo. E nos
nos impedido de perceber que a via-dolorosa percorrida
colocarmos passo a passo, abraço a abraço, perdão a
por Jesus é para nós uma trilha de cura interior.
perdão rumo ao nosso lugar conquistado por Jesus nos-
Por isso procuramos seguir fielmente a inspiração que Deus plantou no coração do Padre Léo.
so Senhor. Só chegaremos a paz do ressuscitado se trilharmos
E você que vier rezar conosco poderá certificar-se
o caminho do crucificado. Venham rezar conosco, cele-
que a cada momento; a cada dia aqui vivido; a cada ce-
brar a vitória. Semana Santa em Bethânia, semana de
lebração; a cada adoração; a cada intercessão; a cada
cura e libertação!
partilha; estaremos seguindo a passos firmes; não mais
Para inscrição e mais informações, entrar em conta-
uma via-dolorosa, pois esta o Senhor já percorreu, mas
to pelo número: (48) 3265-4416, ou pelo e-mail: retiro@
estaremos sim caminhando no compasso do coração de
bethania.com.br. Por Ney Lima
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CENTRAL
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Italva - RJ Ampliação do Recanto RECANTOS
Por Ulisses Carlos Nunes Lima
Nos dias 23, 24 e 25 de fevereiro tivemos a visita do nosso Formador Geral Pe. Elinton Costa, bth, no Recanto de Italva. Ele celebrou missas em Campos dos Goytacazes, Italva e Itaperuna como forma de divulgação da Comunidade Bethânia. Aproveitamos esses momentos celebrativos para captar recursos para a construção de uma nova casa. Hoje a casa tem condições de acolher cinco filhos. Nota-se a necessidade de ampliar nosso recanto para melhor atender a realidade local, que é exigente e urgente. A droga, os vícios, são a Lepra do nosso tempo. Precisamos unir forças para continuar a Por Padre Elinton Costa batalha contra essa realidade que destrói a dignidade da pessoa e arruina a vida da família. A nova construção já está em andamento. Nela já conseguimos organizar uma padaria para preparar o pão de cada dia e também preparar a venda nas missas, como forma de arrecadar fundos para manter a comunidade. Por isso, precisamos de você para que essa obra possa ser finalizada. Contamos com sua generosidade espiritual intercedendo por nossos consagrados e filhos, como também, com sua generosidade nos ajudando a terminar esta construção para melhor acolher o próximo como o Cristo que nos bate a porta. Entre em contato conosco, veja as possibilidade de como colaborar: (022) 99866-0140
Uberlândia - MG
Missão Monte Alegre
Vocacionados para amar! Por Daniel Amaral O Recanto de Uberândia realizou nos dias 7 e 8 de fevereiro, o retiro de iniciação às etapas formativas da Comunidade de Aliança e Vocacional de vida em Bethânia. Estiveram presentes nas missas e pregações, Frei Flávio e Padre Robson. Rezemos como comunidade para que o Coração de Jesus os fortaleça nessa caminhada. E que Deus possa nos orientar e instruir em nosso chamado vocacional.
Consagrados, filhos e missionários do Recanto de Uberlândia realizaram no dia 22 de fevereiro, um dia de evangelização em Monte Alegre-MG, a convite do Padre José Oslei, da Matriz São Francisco das Chagas. Vocacionados, aspirantes e consagrados partilharam do carisma de Bethânia junto àquele povo maravilhoso.
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Conversando um pouco sobre a prevenção ao uso de drogas Por Kamily Peixer Gatis - Assistente Social
FORMAÇÃO
Por algum tempo, a prevenção do uso de drogas se limitou a folhetos impressos que alertavam os jovens sobre o perigo que estas substâncias causavam, com pouco ou nenhum impacto sobre o comportamento destes jovens. Atualmente a ciência nos permite contar uma história diferente. Com base em evidências científicas, as estratégias de prevenção trabalhadas com famílias, escolas e comunidades, podem garantir que crianças e jovens, principalmente os mais marginalizados e pobres, cresçam e permaneçam saudáveis e seguros até chegarem a vida adulta e a velhice. Para cada dólar gasto em prevenção, pelo menos dez podem ser economizados em custos futuros com saúde e programas sociais, nos informa o documento Diretrizes Internacionais sobre a Prevenção do uso de Drogas, publicado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime no Brasil, em novembro de 2014. Este documento nos traz evidências de que é preciso buscar o desenvolvimento seguro e saudável de crianças e jovens, de forma que percebam seus talentos e potenciais, tornando-os
membros que contribuam para o bem de suas comunidades e sociedade. Um trabalho eficaz de prevenção do uso de drogas contribui significativamente para que crianças, jovens e adultos participem de forma positiva nas atividades familiares, escolares, comunitárias e no ambiente de trabalho. As ações de prevenção deverão ser realizadas nos mais diversos contextos: famílias, escolas, locais de trabalho, espaços de entretenimento, e também na comunidade, dependendo do público a ser atingido. Assim as estratégias se dão nas diversas fases da vida. Iniciam-se na primeira infância (até dois anos), onde as interações são propriamente as familiares. Crianças podem encontrar riscos ao interagir com pais ou cuidadores que falham na criação de seus filhos. É preciso construir, através de um atendimento voltado a famílias e cuidadores, um ambiente seguro, vínculos saudáveis, uma comunicação adequada, distante de agressões, negligências e qualquer forma de violência. Já na infância (três a cinco anos), é o período em que a criança passa mais tempo longe da família. E a maior parte do tempo se passa na escola com colegas da mesma idade. A família continua a ser o principal agente de socialização. No entanto, a socialização também cresce na escola, nos grupos e colegas. Nesse contexto, fatores como normas da comunidade, cultura escolar, e a qualidade da educação se tornam cada vez mais importantes para um desenvolvimento social, cognitivo e emocional que seja seguro e saudável. Durante a adolescência e vida adulta, na medida em que os adolescentes crescem, as ações deverão ser em diferentes contextos como locais de trabalho, setores de saúde, locais de entretenimento e na comunidade, onde deverão ser abordados atendimentos individuais para aqueles que já fazem um uso abusivo do álcool ou drogas. Em Bethânia, por meio do Centro Educacional Juscélia (CEJU) conseguimos atingir as crianças e seus familiares tirando o foco da droga ou das intervenções morais, com ações para o desenvolvimento de habilidades sociais e de vida que consistem em: habilidades para resolução de problemas; habilidades para lidar com as emoções; construção de projetos de vida; expressão de sentimentos; reflexão crítica; ambientes favoráveis ao diálogo baseados na cultura da não violência e participação comunitária.
Recordando Pe. Léo Trecho do livro Seja feliz todos os dias - Pe. Léo, scj Segundo a tradição egípcia, Fênix era uma ave fabulosa que vivia por muitos séculos e, se queimada, renascia das próprias cinzas. O termo “fênix” é usado também para falar de pessoas ou coisas raras. Eu gostaria de olhar para essa ave fabulosa como um sinal daquilo que pode e deve acontecer com aquele que deixa Deus curar seu coração. Algumas pessoas se derrotam antes mesmo das batalhas. Acreditam que vão perder e, lógico, acabam perdendo. O medo do fracasso é o fracasso antecipado! Por isso é preciso eliminar as emoções reprimidas, do contrário é impossível vencer os desafios que a vida vai nos oferecendo. Normalmente não se consegue ficar tranquilo diante de uma agressão ou injúria, justamente pelo fato de a pessoa ofendida ter emoções retidas, princi-
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palmente se forem do mesmo gênero. Por exemplo: uma criança fica traumatizada porque na escola os colegas sempre zombam dizendo que ela é feia e tem pernas finas, além disso a mãe também disse um dia que ela era mais feia que a irmã. Com o passar do tempo, essa criança torna-se uma jovem, uma mulher e se ainda tiver com aquele trauma, qualquer alusão negativa que alguém lhe faça sobre sua beleza ou sobre suas pernas finas lhe doerá muito. Ela fica triste, angustiada, talvez até se sinta derrotada ou desprezada. É que a ofensa atual mexeu com a emoção que ficou retida desde a infância.
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Sempre achei que ir para a Terra Santa fosse um sonho inalcançável. Pensava ser muito difícil de realizá-lo, embora dissesse para todo mundo que o desejo de ir àquele lugar brotou no meu coração desde a minha fecundação, com tamanha vontade de um dia estar ali. Pedi muitas vezes a Deus que esse sonho fosse realizado no tempo dEle. E no Seu tempo pude ver todas as graças por essa espera. Surgiu a oportunidade tão sonhada. Afirmava a todo o instante: o tempo chegou! Uma alegria inexplicável tomou conta do meu coração durante o período que antecedeu a viagem. Era um misto de gratidão e amor que invadia meu ser. Muitas coisas lindas aconteceram naquela viagem. Experimentei o cuidado amoroso de Deus em cada detalhe, em cada lugar, em cada Eucaristia recebida. Voltei tão extasiada que todos chegaram e parecia que eu havia ficado, mas na verdade, a Terra Santa veio comigo. Chegar a Jerusalém no dia da Páscoa foi uma emoção tão grande que percorre até hoje os sentimentos mais nobres do meu coração. Quando desci do ônibus e pisei naquele lugar, passou um filme da minha história diante dos meus olhos. As lágrimas não puderam ser contidas. Fizemos uma oração e beijamos aquele solo por onde pisaram tantas vezes os pés de Jesus, e agradecemos a Deus pelo presente tão especial. A missa de Páscoa... Ah, aquela Missa. Nunca vamos esquecer!
O Evangelho na Terra Santa tomou vida. Belém, Nazaré, o Mar da Galiléia, Caná, o Monte Tabor, o Rio Jordão, o Cenáculo, o Jardim das Oliveiras, o caminho do calvário. Em cada lugar Deus visitava o nosso coração e reconstruía a nossa história. A Terra Santa foi um divisor de águas em minha vida. Nunca mais fui a mesma. Encontrei-me como ser humano, mulher e filha de Deus. Naquele lugar os nossos olhos e as nossas mãos tocaram materialmente tudo o que o nosso coração experimentava pela fé. Agradeço especialmente ao Padre Vicente, que por meio da sua orientação espiritual me fez crescer e galgar o caminho de uma espiritualidade cristã capaz de moldar a minha vida. A sua presença fez a diferença. Suas palavras nos aproximaram ainda mais de Deus. A Terra Santa existe! Reconhecê-la e observála sob diferentes ângulos, trazendo o Cristo para dentro de nós, foi o que mais aprendi. Hoje posso afirmar: encontramo-nos na Terra Santa porque lá nos encontramos com o Santo da terra. Por Kelly Karine Batista Bellei