Autor Convidado O PÓS-SIMBOLISMO E O NEO-SIMBOLISMO NA CONTEMPORÂNEA POESIA Caio Cardoso Tardelli
Entrevista Flávio Viegas Amoreira
Kazuá das Artes Um dia e duas noites com Pier Paolo Pasolini e a participação do artista plástico Osvaldo Piva
Aquele que cria é autor da sua obra e também de si mesmo Orientamos passo a passo a publicação do seu livro. Saiba como funciona todo o processo – desde o envio dos originais até a distribuição e divulgação – e publique com a Editora Kazuá.
Conselho Editorial: Claudia Aguiyrre, Evandro Rhoden, Laercio Aparecido da Silva, Osvaldo Piva | Editora: Claudia Aguiyrre | Direção de Arte e Projeto Gráfico: Osvaldo Piva | Colaboradores: Caio Cardoso Tardelli, Mateus Araujo, Flávio Viegas Amoreira, Elias Araújo, Leandro Andreo, Osvaldo Piva, Pedro Port, Vinícius Fernandes da Silva, Karine de Mello Freire, Laercio Aparecido da Silva | Editora Kazuá: Equipe Editorial: Claudia Aguiyrre, Evandro Rhoden, Laercio Aparecido da Silva, Osvaldo Piva | Diretor de Arte: Osvaldo Piva | Artistas Convidados da Kaza: Beto Guilger, VJ Scan Zungueira da Kazuá Divulgadora e Distribuidora Revista Entrelinhas da Kaza é uma revista da Editora Kazuá voltada para as artes e a literatura. Esta publicação não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressam apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da revista.
Nesta edição convidamos o poeta e ensaísta Caio Cardoso Tardelli para apresentar a reflexão O Pós-Simbolismo e o Neo-Simbolismo na Contemporânea Poesia. Fruto de pesquisas sobre escritores simbolistas e suas obras, o texto reconhece as inúmeras reverberações desse movimento literário na poética atual, como expressa o autor logo no início de seu ensaio “o Simbolismo, apesar de não ter saído de um aspecto marginalizado em nossa literatura, é um dos movimentos literários que mais se evidenciam em espelhamentos na poesia do hoje”. A entrevista deste número é com o poeta, crítico literário e pensador Flávio Viegas Amoreira e suas relações com a escrita comprometida com ideia de que a poesia e a literatura são poderosos agentes de transformação das condições humanas, principalmente nas grandes cidades. O autor alerta “O quem em mim sente, escreve...”, e como sente! No Kazuá das Artes destacamos a participação do artista plástico Osvaldo Piva na exposição Um dia e duas noites com Pier Paolo Pasolini, que integrou a programação especial para inaugurar o novo horário de funcionamento 24h da Biblioteca Mário de Andrade – BMA, a maior biblioteca
pública da cidade de São Paulo. A sessão Palavraimagem traz o poema Bolha de Vinícius Fernandes da Silva. O conto desta edição é A Promessa de autoria de Elias Araújo, demostrando a versatilidade deste escritor que recentemente lançou o romance Todos os Pecados. A sessão de Estudos Acadêmicos apresenta o livro Design Estratégico para a Inovação Cultural e Social que retrata a trajetória do grupo de Pesquisa Design Estratégico para a Inovação Cultural e Social, que se confunde com a história do programa de mestrado em Design da Unisinos. A crônica desta edição coube a Mateus Araujo que apresenta O Rosa da Hazel Grace, da Barbie e de outras mais de sua coletânea Notas de um pai Grávido. No espaço destinado à poesia dois autores líricos Pedro Port e Leandro Andreo exploram temáticas bem distintas. Em Sírinx – monólogo de um imortal Pedro Port revisita o mito grego da paixão do deus Pan pela ninfa Sírinx e nos apresenta arquétipos do mundo ocidental contemporâneo nos epigramas de Antiface. Leandro Andreo busca na crítica a parte da poesia atual a inspiração para seu livro Muito Veneno e um Pouco e Lirismo. Conheça também as bases do Concurso Nacional de Criação Literária - Prêmio Editora Kazuá!
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O PÓS-SIMBOLISMO E O NEO-SIMBOLISMO NA CONTEMPORÂNEA POESIA — Caio Cardoso Tardelli
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A PROMESSA — Elias Araújo
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Um dia e duas noites com Pier Paolo Pasolini e a participação do artista plástico Osvaldo Piva
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Fragmento do livro (in) contidos, de Vinícius Fernades da Silva
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Leandro Andreo Pedro Port
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Espaço Cultural Kazuá, um lugar singular para encontros inspiradores
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Flávio Viegas Amoreira
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O Rosa da Hazel Grace, da Barbie e de outras mais — Mateus Araujo
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Design Estratégico para a Inovação Cultural e Social
O PÓS-SIMBOLISMO E O NEO-SIMBOLISMO NA CONTEMPORÂNEA POESIA Caio Cardoso Tardelli
Compreender a amplitude do deságue de um movimento literário em um tempo relativamente distante ao que é, normalmente, considerado como a data-finis de sua existência é das tarefas mais complexas. Porém, assim como é evidente que o Romantismo se perpetuou como uma das mais influentes correntes literárias – notando-se em influências em obras contemporâneas –, o Simbolismo, apesar de não ter saído de um aspecto marginalizado em nossa literatura, é um dos movimentos literários que mais se evidenciam em espelhamentos na poesia do hoje. E que se esclareça que não me referencio ao simples uso de símbolos – comum a qualquer tipo de arte, desde sempre –, mas à alegorização dos símbolos, às suas idealizações, ao constante conflito etéreo/urbano presente em muitos poetas contemporâneos, à fluidez sugestiva, hermética dos versos, e, não surpreendentemente, ao retorno da torre de marfim às temáticas contemporâneas. Antes, porém, há de se compreender que o Pós-Simbolismo, independentemente da proporção tomada pelos Modernistas de 1922 e até mesmo dos Concretistas, passou todo o Século XX produzindo poesia da melhor qualidade. Andrade Muricy, que fez parte do movimento com o seu A Festa Inquieta, definiu-o como a escola simbolista surgida em um ambiente literário mais propício para as revoluções propostas pelos franceses e belgas – devido a certo desgaste parnasiano –, consequentemente mostrando ao Brasil versos constantemente livres, assonâncias, um tanto de poesia visual, entre outras palpitações revolucionárias; mas o Pós-Simbolismo, em muitos casos, manteve, ao lado da ousadia, a forma, sendo abundante o uso de sonetos, rimas e métricas precisas. Desses que produziram poesia até um momento mais recente – não limítrofe àquele de transição da ortodoxia do verso simbolista –, há de se citar Gilka Machado, falecida em 1980, Onestado de Pennafort, morto em 1987, Duque-Costa – 1977, cuja obra fora publicada postumamente em 1980 –, e Murilo Araújo, morto em 1980. Isso para não falar de Cecília Meireles, falecida em 1964, mas cuja relevância vem crescendo a cada dia. O Pós-Simbolismo, de certa forma, uma vez fincado em nossa poesia, não deixou mais de influenciar os poetas que surgiram, talvez por sua capacidade de transfiguração entre o formal e o revolucionário. Para se ter uma noção de como se enlaçam as datas da “velha-geração” pós-simbolista e da “nova-geração”, se assim podemos falar (já que não há um grupo especificamente formado, como havia antes, por meio da revista Fon-Fon, por exemplo), o poeta carioca Alexei Bueno, ao lançar, em 1984 (três anos antes do falecimento de Onestaldo de Pennafort), as Escadarias da Torre, deu evidente continuidade a esse movimento, seguindo esta fluência criativa até o Lucernário, publicado em 1993. De Alexei, um poema presente em As Escadarias da Torre:
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AMPULHETA Ser como as gotas d’água nos beirais... Como as folhas que vão pela corrente... Como os mortos, como a estátua jacente Onde os olhos sem céu não ardem mais. Ser absolutamente a própria paz... Como uma arca de velha, como um dente De leite de algum morto, ou como o pente De uns cabelos que estão sob os rosais... E ser assim não sendo eternamente... Livros virgens num quarto doente... Colégio em negras horas hibernais... Quadro antigo com casas sepulcrais... E as portas destas casas, rijamente Marcadas pela mão que as fez reais... Na luz ou na penumbra, sempre iguais, Sob um sol que jamais terá poente... E em seus quartos, no chão da nossa mente, A vida que não foi, e nos varais As roupas de ninguém, e entre os cristais A noite, a noite enfim, a noite ingente.
Abrindo uma exceção para a auto-citação, considero relevante citar a minha poesia como de evidente tonalidade pós-simbolista. Eis um caso: APARIÇÕES … E foi em certa noite desolada, Quando a paz vai ulular outra estrada, Que mais do que o teu vulto observei... Não era o mundo, as regiões do ouro, Que me pulsavam em sorvedouro... Talvez... talvez vi o que jamais saberei. Como em uma amorosa ilusão, Senti súcubo pegando-me pela mão... E tudo era dor, vertiginosamente Rodopiando em torno a mim mesmo... A felicidade passava a esmo, Sombra de minha sombra, cegamente. E os livros, dispersos na estante, Pulsavam, como lúbrica bacante, Os seus próprios abismos no mundo... E além, marchando atrás da janela, A vagarosa, incessante caravela Do meu derradeiro segundo... A lua cantava canções funéreas Para o seu poente... e as etéreas, As estrelas, os portais do infinito, 7
Somente essas brilhavam, sonhando Sob o longo lamento brando Do mais remoto sonho desdito. E o sol... o sol na claridade inferna Queimou-me o olhar nessa noite eterna... Desta terra o primeiro verso Rebentou em meus perturbados ouvidos. Aguçava-me todos os sentidos A harmonia inicial do universo. E tudo, como em um pesadelo, Dormiu sob o auroral selo, Como a mais serena noite comum... Mas, fantasma de mim mesmo, sei, trago Esse eterno lamentar aziago Da universal transfiguração ao Um!
A utilização do Neo-Simbolismo já é mais complexa, pois que pressupõe a criação de um “novo” Simbolismo, não somente a continuidade do movimento com as naturais mudanças que o tempo impõe. Mas a sua existência é evidente – e, assim como o Pós-Simbolismo, não está atrelada a um grupo formado, com ideários, antífonas, mas, sobretudo, com características comuns entre os autores, que não aparecem ao léu do acaso. Não restringido a poesia aos padrões da forma pós-parnasiana e deixando-se influenciar muito mais, por exemplo, pelo Mallarmé do “Lance de Dados” do que do “Prelúdio para uma Tarde de um Fauno”, evidenciando a abertura para novas formas de poesia, o Neo-Simbolismo, muitas vezes, é misturado à toa entre as outras poesias contemporâneas exatamente porque nunca foi definido de maneira clara. Esse “Novo-Simbolismo”, de muitas maneiras, é um retorno a várias temáticas do Decadentismo, entre as quais o Esoterismo, Satanismo, não raramente um Egotismo, e ao conflito entre o ser, natureza e o crescente, impessoal meio urbano. Se no Decadentismo francês havia o clima de fin-de-siècle, há agora uma constante sensação de finitude e brevidade de todas as coisas. Se naqueles autores franceses havia o culto do que não é natural, hoje, em derredor urbano, há a percepção inevitável – positiva ou não – de que nos cinge a inaturalíssima criação. Em termos formais, a única constância é a música, sempre assonante, de um Schoenberg que desaguasse curiosamente para a poesia (ele, que baseou o seu Dodecafonismo na poética do simbolista alemão Stefan George). Não raramente têm esses poetas uma grande capacidade de construção pictórica, beirando a livre-ligação das imagens por meio da supra-consciência vinda de um Rimbaud ou, posteriormente, dos Surrealistas. Mas por que concluir que há um Neo-Simbolismo e não um Neo-Decadentismo? Porque esses poetas têm em seu idealismo a doce subjetividade alegórica do símbolo. Não é surpreendente que surjam, entre nós, vários poetas com essa estética neo-simbolista: vivemos em uma época em que, por meio da tecnologia audiovisual, símbolos de todas as origens, fadados à efemeridade comum ao Capitalismo, são lançados impetuosamente contra os seres, sem a devida e necessária apreciação. A palavra simbologia vulgarizou-se numa das espécimes vocabulares mais comuns ao cidadão contemporâneo. O poeta, instigado em meio a tantos símbolos, muitos dos quais são mais renováveis do que o próprio dia, tem a possibilidade do exercício da Semiótica e da sua aplicação na Arte Poética, nas suas várias formas e possibilidades, tomando normalmente a sua alegoria o caminho da metafísica e de uma fina percepção do tempo. Há de se citar alguns desses poetas que compartilham dessa estética – reiterando que não é um grupo com líderes ou manifestos. Estão, entre eles, a paranaense Andréia Carvalho, autora destes versos em homenagem aos simbolistas de sua terra, 8
CONVITE AO CENÁCULO as cédulas do mate derrubavam meias-águas. casarões brotavam, altos como a glória grega das musas. treinando a nudez para o voyeurismo do google maps. mendigando aristocracias, os poetas vestiram-se com o veludo literário das violetas. pichando signos estranhos pelos nós de pinho. gritando às araucárias: “todo passeio é público”. recusando o anonimato e o pseudônimo, das cartolas lançavam obras impressas. com a melindrosa estética do nanquim. instaurando a tipografia pitagórica pelos cafés de portas móveis. a cidade fez-se luz negra, virtuosa como uma moça parisiense. onde agora sondas contemporâneo. dândi sejas tu, pelo comércio do calçadão. dentro do cio da eletricidade intuirás a sutileza de uma colmeia simbolista. chegarás ao império dos livros. bolorenta e magistral, no púlpito da biblioteca: a esphynge iluminada. repousa no âmbar desta bela época. e digere. volte sempre.
o paulista Leonardo Chioda, ANUNCIAÇÃO DO FIM DA MANHÃ quem não tem pérgola que tempeste os ladrilhos tempere com guelra & paz pérola de sangue cerúleo tuas artérias à boca chove nas calçadas trinca a plumagem, o logus gotas & lutas solamente solanáceas verdeja perpétua erva que seja o telhado ouro brujo mas o corpo anil tempo oratório têmpora no etrusco da folhagem ranúnculo temporal que inaugura o templo meio dia adiante
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o paulista Rubens Zárate, VÊNUS AMORIS: BELA, APHRODISEA... Vênus amoris : bela, aphrodisea, labial : naturalis, divinal, imagini magi : perversa, polimorfa, bárbara, arcana, gótica picatrix : putana, poma floresque in manu dextra (occulta) : & in sinistra erecti ignem flores : faminta, ofídica, felídea curvilínea : bestia domina, encantatrix, bruxuleante: obscoenum splendor solis, uivante, rubentium fumus : vita coelita, ctônica, floral, cunnilíngua : necromântica, cosmética : Alucinógena Máxima : plutônica, úmida, cálida fenestra : arrogante, amorosa, barroca virgo violata : vagabunda, adorada, phoecunda : venérea venerada Nigra sed pulchra:
e com muito destaque na poesia do gaúcho Luiz Gustavo Pires: O LABIRINTO é aqui o provisório abismo este rosário de calêndulas ? pálido pêndulo de asas horizonte de estrelas donzelas – calendários – é aqui o solitário pórfiro este imaginário de istmos ? dilúvio desvio de lírios rios de urânios píncaros – imagismos – é aqui o purgatório cósmico este estrelário de brilhos ? luxúria lunária de chumbo solventre de escamas agônicas – estribrilhos –
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Este ensaio tem, sobretudo, o intento de abrir uma discussão: e ela não paira na simplória categorização de um poeta no Pós-Simbolismo ou no Neo-Simbolismo, mas na percepção de um complexo sintoma: a identificação de poetas contemporâneos com as temáticas e estéticas simbolistas em um país em que sequer se leu devidamente o Simbolismo. O que se percebe é que todo o movimento simbolista, nos fins do Século XIX, já operava certo vaticínio ao retesar ao limite as relações do poeta com o ser urbano, principalmente com a imagem da Torre de Marfim, na qual o poeta, separado da cidade, podia ter a possível paz para produzir a sua obra; hoje temos uma geração urbana que é extremamente isolada em suas tecnologias - apesar da perpétua sugestão de presença alheia que estas trazem -, egos e sonhos malogrados. A turris eburnea simbolista, não tomada literalmente, nem somente para produção poética, é uma das metáforas perfeitas de nossa época. E não à toa, portanto, que a estética que perambulou pelos versos de Cruz e Sousa, Verlaine, Mallarmé e tantos outros está, de forma renovada, ganhando relevância na contemporânea poesia.
Caio Cardoso Tardelli é poeta e ensaísta; entre outras obras, publicou a “Poética das Quimeras” livro de poesia lançado pela Futurarte, em 2012, “A Torre Invedada – Vinte Ensaios Sobre o Simbolismo Brasileiro” (Maçã de Vidro, 2015) , e “Perfumes que Ficam” obra poética lançada pela Editora Kazuá, 2015. 11
A PROMESSA Elias Araújo
Quando fez a promessa, Anamaria já não acreditava muito nas coisas do céu, da terra e do inferno. Fez como o náufrago que se agarra à última tábua do navio soçobrado. Aos 43 anos ainda se mantinha solteira. Não por vontade própria. Mas uma sucessão de incidentes incontroláveis afugentou os poucos pretendentes. Entretanto, apesar de sentirse pouco à vontade para continuar acreditando em coisas de igreja, um desejo secreto levou -a a visitar a capela de Santo Antônio e se ajoelhar diante da imagem. Algo angustiava seus pensamentos. As palavras que usou foram simples e diretas. E este foi o ápice de sua fé, o momento em que mais acreditou em algo, apesar de o gesto ser mais um reflexo do que a mãe e as tias beatas fizeram tempos atrás. Ela conversou com o santo como se fossem velhos conhecidos. – Pois é, Santo Antônio, aqui tô eu encruada e mais titia do que nunca. Você arrumou marido pra minha mãe e pras mi12
nhas tias. Não foram lá grandes coisas, né, mas elas casaram aqui na sua igreja. Tá meio caída sua igreja, né, Santantônio? Mas vai servir pra casar. Eu tô aqui pra fazer uma promessa. Não vou prometer arrumar sua igreja não, porque existem coisas mais importantes pra se prometer, né? Se você me arrumar um marido, eu prometo... Virgem Maria, Santantônio! Na verdade nem pensei no que vou prometer. Deixa ver... Ah! Essa é boa, quero ver você não me arrumar marido agora. Santo Antônio, eu prometo, sabe aquele orfanato ali no final do meu bairro? Então, eu prometo visitar o orfanato uma vez por mês, depois que sair meu pagamento e ficar lá um dia inteiro com as crianças. Ah! E tá incluído no pacote os doces e as balas. Se der, eu compro uns brinquedinhos também, mas de 1 e 99, senão não dá. Mas preste atenção, Santo Antônio... Ah, me desculpe por estar enfiando o dedo na sua cara. Santo Antônio, eu não quero homem: eu quero mari-
do. Amém? Então tá, amém pra você também. Saiu da igreja como se tivesse feito a coisa certa. Sorria sozinha naquela manhã de domingo, andando pelas ruas do seu bairro. Todos a conheciam e cumprimentavam-na alegremente. Depois cochichavam uns com os outros sobre o sorriso de boba alegre. O fato é que Anamaria flagrou-se, de repente, feliz com a promessa feita. Começou a andar nas ruas olhando para todos os lados. Todo homem que se aproximava parecia enviado por Santo Antônio para tirá-la daquela solteirice aguda. Sentiu-se tola e tratou de se controlar mais. Afinal, não estava tão desesperada assim. Ou será que estava? Fazer a promessa para Santo Antônio não era a última esperança das solteironas? Depois disso, ela se comportou mais adequadamente, como convinha a uma mulher decente prestes a se sacrificar com órfãos tão logo arrumasse um marido. Foi então que ela começou a
pensar melhor na promessa, fazer planos para dividir seu tempo entre o trabalho, o marido e o orfanato. Mesmo porque não poderia trabalhar demais e visitar orfanatos sem entrar em atrito com o marido. Não, precisava planejar muito bem para manter a felicidade e a harmonia matrimoniais. Um marido não gostaria de ver sua esposa correndo de um lado para o outro e deixando-o sozinho em casa. Tinha que cuidar do que era seu, senão corria o risco de perdê-lo. – Anamaria, você tá ficando biruta! – exclamou para si mesma no meio do expediente da Secretaria de Agricultura Municipal. – Não arrumou nem namorado ainda e já virou Amélia. Mesmo assim, continuou a planejar melhor sua promessa. E três meses após sua ida à igreja, voltou lá para negociar com o santo. – Bom dia, Santo Antônio. Sou eu de novo. Fiquei pensando no nosso acordo. Eu tô com medo de atrapalhar meu casamento, meu marido pode não gostar das minhas saídas pra ir
ao orfanato. Vai que ele pense que eu sou uma qualquer que tá traindo ele. Não, isso não, que eu sou mulher direita, porque o que tá certo tá certo, o que tá errado tá errado. Então, Santantônio, vim propor mais um acordo, ou melhor, incluir uma cláusula... Você sabe o que é cláusula, né? Não vai confundir cláusula com a sua clausura! Então, eu vim propor o seguinte: vou começar a pagar minha parte, primeiro. Assim, enquanto não arrumo marido, vou visitando o orfanato, uma vez por mês conforme o combinado, ajudo as crianças, dou até beijinho nelas, se você quiser. Aí, quando você me arrumar um marido, eu já paguei a conta. Amém? Amém pra você também. E saiu da capela, feliz com o novo acordo. “Ainda bem que o Santo Antônio é compreensivo.”, pensou intimamente. Na rua, olhou mais uma vez para a igreja, onde voltaria somente mais uma vez pelo resto da vida. Porque ela não era muito de acreditar em coisas de céu,
inferno, religião. Embora convicta de não acreditar plenamente, Anamaria cumpriu sua promessa com fidelidade de beata diante de um rosário. Quando explicou para a diretora do orfanato o trabalho que ia fazer, não mentiu, porque não era disso, mas omitiu a parte da promessa. Assim, todos a elogiaram pela grande bondade de seu coração generoso ao se oferecer para amenizar a tristeza daquelas crianças. As lisonjas germinaram em sua consciência uma frágil semente de vergonha e constrangimento. Porque algumas amigas e os companheiros de trabalho exaltavam sua benevolência de se dedicar um dia do final de semana aos órfãos. Pensaram outros que estivesse ficando louca ou usasse o orfanato para fugir da solidão da própria casa, já que a usava apenas para tomar banho, fazer as refeições e dormir. Desde a morte dos pais morava sozinha. Os irmãos abriram mão da sua parte, de modo que Anamaria teve a casa passada em 13
seu nome. E a solidão também. Mas agora ela parecia feliz. Principalmente porque encontrou em seu caminho pessoas que a ajudaram no desprendido trabalho aos órfãos. No primeiro dia em que entrou no mercadinho do bairro, o dono do estabelecimento atendeu-a pessoalmente. – Dona Anamaria, que surpresa a senhora por aqui! Quase não vem. – Muito trabalho, seu Clóvis. – Que lista é esta, dona Anamaria? Só tem doces e bolachas. – perguntou, sorrindo uma surpresa no branco dos dentes. – Ah, seu Clóvis, é pro orfanato! Como eram muitas coisas para uma mulher carregar, Clóvis foi ajudá-la no transporte, usando a caminhonete do mercado. Ficou surpreso com a felicidade das crianças ao verem chegar alguém diferente naquele lugar triste. Depois, com o tempo, ele se uniu a ela nos gastos e acabou doando uma boa parte dos comes, bebes e vestimentas que Anamaria passou a adquirir para suas crianças órfãs. As crianças esperavam-na ansiosamente nos finais de semana. No princípio pelas guloseimas que levava. Depois os doces foram postos em segundo plano e os órfãos aguardavam os beijos, os abraços e os cuidados que Anamaria lhes dava. Ela os cativou como o Pequeno Príncipe cativou a raposa na estória que lhes contou. Mesmo regressando somente após um mês, Anamaria lembrava-se da dor ou da febre de cada um e perguntava 14
como estavam, se tinham se curado. Muitas vezes nem a própria criança se lembrava. Então riam e a abraçavam muito. Às vezes ela se lembrava da promessa e se sentia bem consigo mesma, porquanto estava cumprindo sua parte. No mais, esperava pacientemente a boa vontade de Santo Antônio, afinal ele devia ter muitas solteironas para atender. Mas um dia ela quis apressar as coisas, pagar a dívida mais rapidamente, pois as pessoas ao redor estavam se casando e ela ficando no banco de reserva. Até mesmo Clóvis parecia ter encontrado a carne da sua unha. – Dona Anamaria, uma pessoa tão bondosa precisa de um amor pra ver as estrelas na velhice. – disse ele uma noite. – Ah, seu Clóvis! O que é meu tá guardado. Assim, o que antes era mensal tornou-se quinzenal e em menos de um ano Anamaria estava indo ao orfanato todos os finais de semana. Aquilo lhe dava mais esperanças. E alegrias: de dona Anamaria e depois tia, em dois anos já a estavam chamando de mãe. Ou madrinha, no caso dos adolescentes. Foi madrinha de casamento de muitos deles, pois ela não mediu esforços para encaminhá-los, com a ajuda de Clóvis (este dera emprego a dois egressos do orfanato) quando saíam da instituição. Quando se aposentou da Secretaria, Anamaria teve uma sensação indefinível de liberdade. Não que se sentisse tolhida
a um serviço que não gostasse. Pelo contrário, a trabalheira burocrática da Secretaria davalhe prazer. Mas agora poderia descansar e ao mesmo tempo dedicar-se mais ao orfanato. E assim quitar algumas parcelas de sua promessa. – É, meu Santo Antônio, deve estar mesmo difícil arrumar um cavaleiro capaz de encarar este dragão. Fazia tantos anos que às vezes ela esquecia que o orfanato era só uma promessa. A primeira coisa que fez após receber seu Fundo de Garantia foi caminhar lentamente até o mercadinho e convidar Clóvis para acompanhá-la até uma loja de brinquedos, onde comprou presentes para todas as crianças e também para os funcionários do orfanato. – Oba! Já é Natal, mãe Anamaria? – perguntavam as crianças. – Não, claro que não, meus queridos. – sorriu ela, e pensou por um momento. – É apenas um dia como outro qualquer, um dia pra ser feliz. De repente, enquanto os funcionários tentavam fazer a rotina voltar ao normal, uma garotinha veio correndo com sua boneca na mão e abraçou as pernas de Anamaria e de Clóvis. Depois começou a correr de volta, mas parou no meio do caminho e fitou-os com olhos galhofeiros. – Mãe Anamaria, por que você não se casa com o pai Clóvis? Eles começaram a rir da inocência. E de repente seus olhos encontraram-se no ar, enroscaram-se no espaço curto entre
eles, mesclaram-se na distância do tempo que passaram juntos sem perceberem nada. Casaram-se menos de um ano depois, ela com 56 anos, ele com 55. Esta foi a última vez que Anamaria entrou na Capela de Santo Antônio. Enquanto caminhava para o altar, sorriu para a imagem do seu velho conhecido. E murmurou: “É, Santantônio, você demorou, mas cumpriu sua parte. Antes tarde do que nunca... tarde... tarde...” Olhou para Clóvis. Olhou para o santo. Anamaria não era muito de acreditar em coisas de santo, igreja, céu, inferno... Sinopse Elias Araújo viabiliza em seu romance Todos os Pecados a concepção da religião servindo de condutor para a exploração dos grandes dramas da vida, na fluência de personagens dotadas de grande capacidade de amar, e de nunca perderem a fé em Deus. Sua mensagem é transmitida imparcialmente, e com verdadeira autonomia sendo que este livro não se trata de uma obra religiosa, sendo objeto puramente literário e tendo nisto seu mérito maior.
Sobre o autor
O romance Todos os Pecados é o primeiro livro do autor Elias Araújo, premiado em diversos concursos com contos e crônicas. 15
Um dia e duas noites com Pier Paolo Pasolini e a participação do artista plástico Osvaldo Piva
A Biblioteca Mário de Andrade – BMA preparou uma programação especial para inaugurar seu novo horário de funcionamento 24h. As homenagens foram para Pier Paolo Pasolini (1922-1975) e Michel Lahud (1949-1992) e reuniram diversas expressões artísticas para abordar a vida e a obra deste poeta, cineasta, romancista, crítico literário, ensaísta e jornalista. O encontro aproveitou o marco de quarenta anos da morte desse artista italiano para lembrá-lo com um ciclo de debates e um pouco de sua instigante e variada produção. No mesmo encontro foi feita uma homenagem a Michel Lahud, um dos primeiros nomes a falar sobre Pasolini no Brasil. Uma das atrações do evento foi a exposição Pasolini e seus universos, com instalações dos artistas Lourival Cuquinha, Mônica Piloni e Osvaldo Piva ocupando o hall de entrada principal da biblioteca. Osvaldo Piva é artista plástico e Diretor de Arte da Editora Kazuá. Ele criou a instalação D. P., sobrepondo imagens que representam algumas das diversas inspirações de Pasolini. 16
Pode descrever a técnica empregada nesta instalação? A instalação utiliza imagens que foram trabalhadas digitalmente e impressas e recortadas em tamanho natural de um ser humano. A montagem dispõe os objetos, que são bidimensionais, em distâncias diferentes, para causar uma sensação tridimensional. Fale um pouco sobre os elementos utilizados na composição? A ideia é ao mesmo tempo um altar e uma janela. Ao fundo há uma imagem do filme “Decameron”, de Pasolini. Do fundo em direção à janela há uma imagem de Pier Paolo Pasolini, depois “Os Músicos”, de Caravaggio e um homem nu. Todos olham pela janela para o espectador. É uma homenagem e uma fusão de três gerações diferentes de artistas. Pasolini por Osvaldo Piva. Um artista preocupado com a humanidade e o mundo.
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Fragmento do livro (in) contidos, de VinĂcius Fernades da Silva
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Espaço Cultural Kazuá, um lugar singular para encontros inspiradores O Espaço Cultural Kazuá é um ambiente para a realização de cursos e oficinas culturais e artísticas, seminários e workshops, exposições de arte e eventos literários como lançamentos, saraus e performances. O local também abriga a nova sede da Editora Kazuá e da Zungueria da Kazuá – Distribuidora e Divulgadora. A proposta surgiu a partir da constatação de que experiências vividas em processos culturais são vitais para a formação e o despertar da diversidade das sensibilidades humanas. O Espaço Cultural Kazuá constitui não apenas um espaço físico, mas uma ideia de que a arte e a cultura são elementos inequívocos da ampliação da experiência do viver.
Qorpo-Santo Espetáculos teatrais inspirados em peças do dramaturgo, poeta, jornalista, tipógrafo e gramático gaúcho José Joaquim de Campos Leão, mais conhecido como Qorpo-Santo. As montagens demostram a atualidade dos conflitos e te24
máticas que a dramaturgia de Qorpo-Santo aborda em suas peças, apesar de terem sido escritas no século XIX, e porque este criador foi considerado por muitos críticos teatrais como um precursor do Teatro do Absurdo. Os textos reúnem personagens inusitados em situações que fogem da trivialidade e do pensamento linear. A Cia. de Bonecos Urbanos encenou a obra “Certa Entidade em Busca de Outra”. A Santa Cia. montou o texto “As Relações Naturais”, espetáculo que reúne diversas linguagens em torno desse texto.
O Andarilho, da trilogia teatral Casca de Noz “O Andarilho” é uma apresentação teatral que compõe a trilogia Casca de Noz, com concepção cênica e atuação de Dionízio Cosme do Apodi, na qual um homem passa a vida preparando-se para ser padre. No dia de sua ordenação um encontro com uma realidade distante o aproxima de um mundo desconhecido, levando-o a assumir a identidade de andarilho.
Samba de Boneco O “Samba de Boneco” é um espetáculo musical onde o ritmo é homenageado e cantado por personagens criados pela Cia. de Bonecos Urbanos, para interpretações caricaturais de sambistas da velha guarda. A Cia. Bonecos Urbanos é grupo referência no teatro de animação e na criação e manipulação de bonecos para espetáculos, programas de televisão e outras atividades, cujo principal objetivo é promover o teatro de animação, a partir de diversas técnicas de elaboração e manipulação de bonecos.
Sarau Performático na inauguração do Espaço Cultural Kazuá
ce periodicamente entre autores de todas as tribos, vertentes e gêneros de criação, moldando o conceito de TranZmodernidade a partir dum work in progress performático com leituras e debates. As discussões são pautadas pelo escritor, poeta e crítico literário Flávio Viegas Amoreira, considerado umas das mais inventivas vozes da nova literatura brasileira.
Da poesia à prosa, a resistência aos paradigmas, um não caso de vanguarda nos novos autores da literatura nacional – Performance In-Arte da Palavra lida ao Verbo-Sonoro. A proposta deste sarau foi uma performance literária coletiva para evidenciar como os novos autores nacionais, cada qual com suas particularidades e concepções distintas, se posicionam frente ao modelo estabelecido desde o modernismo como referência de aceitabilidade da criação literária.
Yérétété – oficinas de dança de ritmos da Guiné-Conacri A oficina se propõe a divulgar a dança como representação artístico-cultural da Guiné Conacri. O evento contou com os bailarinos guineenses, Mariama Camara (Ballet Les Africaines), Aboubacar Sidibé (Ballet Bagatai) e Mohamed Ifono (Ballet Les Marveilles). E contou com a participação do senegalês Assane Mboup, para coordenar as rodas de conversa sobre a história e cultura do Oeste da África.
Sarau TranZmoderno Kazuá Na busca de convergência pela literatura e reestruturação anímica da urbe pela poesia Este encontro literário aconte25
Flávio Viegas Amoreira Este irreverente autor que é considerado umas das mais inventivas vozes da nova literatura brasileira e seus escritos transcendem a categorização por gêneros e apresentam a experimentação linguística como forma de se relacionar com o mundo. O livro O vazio refletido na luz do nada, lançado recentemente pela Editora Kazuá, trouxe a criação poética do escritor, dramaturgo, jornalista e crítico literário Flávio Viegas Amoreira, autor considerado umas das mais inventivas vozes da nova literatura brasileira. Chamado também de guru da tranZmodernidade e reconhecido como artista da literatura do estilhaço, o autor define sua escritura como algo que faz parte de seu DNA “desde que me entendo, sinto, penso. O quem em mim sente, escreve: amadureço por percepções, cresço por estreita interação com a linguagem”, diz Amoreira. Os adjetivos atribuídos e até cunhados para descrever a experimentação linguística de Amoreira estão apoiados na trajetória do autor, que, como bem comenta o escritor Marcelo Ariel: “tem se caracterizado por uma desmedida caminhada pela floresta do barroco, paradoxalmente por um barroco carregado de um estra26
nho corte e de uma rigorosa concisão”. Dai surgem termos como transfinito, usado no prefácio da obra pelo escritor Carlos Pessoa Rosa, na tentativa de definir a autoria daquele que “... atrai para si toda a crise do presente (se é que há alguma), atuando a resistência, a discórdia e a cisão sem lançar mão de modismos transquímicos ou alquimias medievais, rivotris ou fluoxetinas”, escreve Rosa. Flávio Viegas Amoreira é santista e transita entre o mar paulista e o Baixa Augusta. Já lançou trabalhos de poesia, conto, romance e ensaios que mereceram o reconhecimento no círculo crítico nacional e internacional. O autor é também objeto de estudo em academias estadunidenses e tem sua obra incluída em antologias portuguesas e latino-americanas de poesia, entre elas a Seven Faces-Brazilian poetry since modernism da University of Florida. Na apresentação do livro o escritor e psicanalista Renato Tardivo reitera a percepção de que o autor transcende tempos e espaços, tradições, modismos, e se configura como uma voz, e mais do que isso, um corpo, que apresenta novos sentidos para pensar a expressão poética no contemporâneo. “Flávio Viegas Amoreira é escritor em sentido pleno... no trânsito entre
o mar e Sampa, transfiguram o mundo. Nestes versos de: O vazio refletido na luz do nada, a palavra é pele – e Flávio faz da pele, música”, escreve Tardivo, enquanto o compositor e maestro, Gilberto Mendes fala de um “... cantor de outros mares nunca dantes navegados, palavras palavras palavras sobreviventes de um afogamento de velhos significados emergindo agora serra acima em praias com pressa de cimento...” referindo-se ao autor como a voz de “outra Paulicéia sempre desvairada”. Sobre seu estado permanente de criação o autor pondera que a poesia surge incessante “feito curtição da linguagem: rebobino, depuro, translitero, traduzo o absurdo, o simbólico, o Real lacaniano, por meio de conteúdos oníricos e desejantes através dum ‘torneio/ burilamento’ da escritura. Sou um escritor absoluto: escrevo de ouvido, intuitivo e intelecto, num relacionamento siderado com sentimentos transtornados em frases que escapam da impossibilidade de serem explicadas”. Na seguinte entrevista o autor comenta seu processo criativo, menciona inspirações e comprova porque é conhecido pela inventividade linguística.
Editora Kazuá: Como a escrita literária surge em sua vida? Flávio Viegas Amoreira: A escritura, a literatura está no meu DNA desde que me entendo, sinto, penso. O quem em mim sente, escreve: amadureço por percepções, cresço por estreita interação com a linguagem. Gênese espontânea? Moto contínuo? Não sou um contador de histórias, um fabulador. Se isso ocorre é desdobramento do essencial: a fruição epidérmica dos signos carregados de novos significados. Penso “literariamente”. Vocação, destino, dom: não curto essa metafísica generalizante. Minha coordenação motora deve ter sido toda direcionada para os neurônios de “acariciamento” dos termos, conceitos, sons através da concatenação de novas formas de expressão. Literatura para mim é erotismo com o verbo: ação através da criação: jorro, esperma de significados, orgasmos fluídos de ressignificação. A Poesia então surge incessante feito “curtição da linguagem”: rebobino, depuro, translitero, traduzo o absurdo, o simbólico, o Real lacaniano por meio de conteúdos oníricos e desejantes através dum “torneio/ burilamento” da escritura. Sou um escritor absoluto: escrevo de ouvi-
do, intuição e intelecto, num relacionamento siderado com sentimentos transtornados em frases que escapam da impossibilidade de serem explicadas. Sou escritor mix de Chagall e Francis Bacon: buscando o infinito, eviscerando minhas sensações e o mundo que me pela, suga, tateia, a vida que me usa para ser entendida pelos poros de minha locução.
Isabel Carvalhaes
EK: Diversos colegas de ofício caracterizam sua escrita como transgressora, transfiguradora e constituidora de novos caminhos literários. Outros pares lhe qualificam como autor transfinito... Ou-
tros ainda lhe chamam de neobarroco, estabelecendo assim um diálogo com parte da tradição das letras. O termo tranZmoderno comportaria esta diversidade de “definições”? As tentativas de definição de sua escrita não estariam elas próprias buscando um alcance que seus escritos não se propõem a ter no sentido transgressor que sua linguagem parece buscar – entendendo a transgressão em seu sentido mais amplo, no qual transgrediria inclusive aos enquadramentos que todas as definições agregam? FVA: Minha literatura nasce duma premente necessidade: primeiramente é intelecção eivada de extrema sensibilidade: não existe “forçação de barra” para soar diferente, hermético. Ela sai sem arremedo de molde prenhe: sem intermediação ou esboço preconcebido, ainda que numa extrema elaboração anímica: minha obra é um desnudamento do mundo por mim. Parto por sodomia deleuziana: não germina, mas semeia. Inclassificável, só sinto familiaridade quando leio Bataille e Clarice Lispector ou como diz meu colega Marcelo Ariel, Lezama Lima. Não sou nada primitivo, ainda que entregue à erudição e ao meu sexo pensante: falam tanto em mim os 27
pré-socráticos, Ezra Pound, Blanchot, Barthes, quanto a estética de David Lynch ou atmosfera de Pina Bauch. Transito, experiencio: estilhaço formulas. Inconcebível vanguarda sem tradição: “centrifugo/ regurgito” o que li, vi, amei: milito na “regurgitofagia”( termo criado pelo colega Michel Melamed). Faço poesia e prosa misturadas: “proesia” num lance de dados “pós -antropofágico”. Rumino, expilo, refaço percursos/veredas: necessito dizer para silenciar. Sou Rimbaud, Artaud e Qorpo-Santo cibernético: como citas: em transe: tranZmoderno. Não me catalogo: renego panelas, escolas, preceitos. Sou concretista, beatnik, neogongórico/romântico: solipsita/um ET verborrágico: idioleto/transo o nexo invertido das coisas e palavras. EK: Pode comentar como recebe nomenclaturas como “Literatura do Estilhaço”, por exemplo? FVA: Sigo caminhos literários e os nomeio feito balizas para sucessão de indagações que são meu rumo enquanto crio: “regurgitofagia” é um termo, enfatizo, que compartilhei do poeta e ator carioca amigo Michel Melamed. “TranZ28
modernidade” surgiu de conversas estéticas com o maestro e compositor Gilberto Mendes, um dos papas da vanguarda musical da América Latina, conceito que adaptei para à literatura e à intertextualidade pendular com outras artes e conhecimentos derivados da reflexão e criatividade. Eu sou um “pensador da criação”, um peregrinador do ofício, navegante dos oceanos que recrio: expresso elaborando cartas náuticas que delineiam a intersecção obra e existência. Não sei criar sem pensar a arquitetura da práxis: dai elaborei manifesto e normatização fluída de uma característica de meus textos: esquadrinhamento duma epistemologia da incerteza, da inquietude tentando reunir ainda que num exercício móvel de reconhecimento ideias que faço do meu tempo e espaço. “Literatura do Estilhaço” herdeira de Walt Whitman em sua acumulação de sensações ou marcenaria criativa de poetas experimentais que sugerem caminhos convergentes num caleidoscópio de sentimentos perante sua contemporaneidade. Atiro para todos os lados na tentativa de flagrar perceptos, sintagmas, sinapses poderosas:
poemas, contos, “proesia” que contenha “baias” flutuantes norteando a partir dum só farol: a tentativa heterodoxa sem síntese. Literatura simultaneísta: “tudo-todo-mesmo-tempo”. EK: O escritor Marcelo Ariel se refere aos seus escritos como CANTOS que “... dialogam com a tradição literária dos chamados ‘Poetas do Mar’, no sentido cosmogeográfico”, pode falar um pouco desta relação? FVA: Minha literatura tem um forte acento oceânico: literalmente sou um poeta impregnado de sentimento atlântico do mundo. Nasci em Santos e com ancestralidade toda judaico-ibérica em torno de portos de mar, cidades costeiras e ligação atávica com cosmopolitismo marítimo. O mar é meu elemento telúrico: influências todas passam pela contiguidade com esse útero ampliado: Oceano-Mar. Gregos, lusitanos, meus autores preferidos dividem-em entre essa ponte mar e erotismo das ondas: Whitman, Rimbaud, Verlaine, Fernando Pessoa, Lorca e Genet. Da mesma forma orgulha-me seguir passos de poetas marítimos brasileiros: Vicente de Carvalho,
meu conterrâneo, e Jorge de Lima. Minha apaixonante ligação com São Paulo é também ela marinha: vejo a geografia de Sampa, a megalópole sinuosa como imenso elemento oceânico. A capa desse novo livro assim revela: o Copan ondeado e os meandros dessa cidade-planeta, orbitado de seres-ilhas, istmos-afetivos e arquipélagos de interpretação e interpenetração de pessoas e desejos. EK: Como surge a ideia para seu livro e que recurso usou no seu desenvolvimento? Fale um pouco sobre a escolha do tema. FVA: Meus livros surgem primeiro “dum não fazer ideia”: percurso meus caminhos, enveredo-me por meus motivos de necessidade de expressão fundamentais. No caso do livro O vazio refletido na luz do nada a inspiração veio de reflexões sobre alteridade, troca e ambientes/atmosferas. A solitude, a impossibilidade do amor pleno, a impenetrabilidade das almas, o esgotamento existencial que nos fortalece para resistir em novas lutas através de universos como o mar e São Paulo. Já elaborava esse livro faz 6 anos, inspirado por lei-
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turas de Heidegger, Deleuze e da poética de Roberto Piva. Para mim é um livro divisor de águas: tem o peso e a delícia de ser criado no zênite de minha maturidade: lanço-o no ano de meu cinquentenário e já com vários projetos de outros livros em prosa e dramaturgia. EK: Para você, qual é o papel que a expressão artística no mundo de hoje? FVA: Num mundo “dessacralizado” e vilipendiado por um capitalismo idiotizante, a Arte, ao lado da Ciência, representa grande fronteira de resistência ao utilitarismo, consumismo e perda dos sentidos do mito; Arte como modo de vida, Arte além do mercado, Arte expressando a rebelião de Thoreau contra a massificação e tendo como dístico a pregação de Deleuze: “criar é resistir”. O papel da Arte é infinito, seu poder ilimitado, ainda que elaborado por poucos “monges do encantamento” na sagração da imanência através dum niilismo positivo, sem ter crenças fossilizadas, mas acreditando no ofício ele mesmo ressignificando o mundo. 30
Sinopse O vazio refletido na luz do nada Nesta obra esteticamente experimental de poesia tranzmoderna intitulada O vazio refletido na luz do nada Flávio Viegas Amoreira exerce com esmero e consciência crítica a alquimia poética da transcriação imagética, resultando numa densa poética simbólica.
Isabel Carvalhaes
Sobre o autor “Flávio Viegas Amoreira é escritor em sentido pleno. Seus textos transgridem a categorização por gêneros, ao mesmo tempo em que as narrativas, no trânsito entre o mar e Sampa, transfiguram o mundo. Nestes versos de: O vazio refletido na luz do nada, a palavra é pele – e Flávio faz da pele, música.” Renato Tardivo (psicanalista e escritor) 31
O Rosa da Hazel Grace, da Barbie e de outras mais Mateus Araujo
Tenho andado um tanto quanto fresco com esse lance de paternidade. Além de tudo o que essa condição envolve, as manifestações de algumas pessoas me comovem e me confundem. No começo da coisa, havia vários questionamentos. Será menina? Caso seja, vai precisar de um vestido rosa. Se for ele, vai vestir uma camiseta azul ao sair da maternidade. Ela vai ser magra e delicada; ele, forte e valente. Que bom se ele for atlético e não agir como uma garota, que bom se ela for meiga e não agir como um garoto, e por aí vai. Meninos são sinônimos de azul e meninas, de rosa. Vou ser pai de uma menina, então batemos o martelo pelo rosa. Naturalmente, meninas me lembram cabelos compridos, bonecas, delicadeza, essas coisas. E rosa, muita coisa rosa. Fiquei com essa marca: roupa rosa, calçado rosa, mochila rosa... Tudo para uma menina deve ser rosa! Como as roupas e a maioria das coisas da Barbie e seus finais felizes. Aliás, o rosa (e o que ele às vezes representa) poderia ter feito diferentes vários outros finais de histórias, lembrando alguns filmes que marcaram época pra mim. Não que o filme da Barbie esteja na lista dos que marcaram época pra mim tchê, que fique claro! Mas ele tem rosa, bastante rosa. E essa deve ser a cor que as meninas mais devem usar. Ou não. 32
Adorava (e ainda adoro) os livros e gibis do Edgar Rice Burroughs. Noutros tempos, eu enlouqueci vendo os filmes das obras dele. Queria pular de árvore em árvore, ter pele branca e os olhos azuis, distribuir porradas em gorilas e leões, ser sempre fidalgo e fortão tipo o Gordon Scott ou o Johnny Weissmuller. Assim como o Tarzan que eu via nas telas, sonhava em ser mais poderoso que os negros do continente africano. E claro: ter uma namorada loira e de pele clara como a Maureen O’Sullivan que, mesmo quando, na pele da Jane, morava no meio do mato, em cima de uma árvore, permanecia meiga e delicada. Sem usar rosa, a Jane (e o Tarzan) eram para mim uma referência do certo no lugar errado em alguns filmes da década de 80. Aí, na década de 90, vem a Fiona. Verde. Bom, o que dizer de um ogro feio, gordo e com péssimos hábitos, que salva a princesa que foi condenada a viver aprisionada num corpo magrinho, sarado e de pele clara? Ela, uma vez liberta, volta a ser ogra, gordinha e feia, sua real identidade. E verde, nada de rosa. Nem na Fiona, muito menos no Shrek. Assim como nada de rosa também em Olive e na sua família doida, lá por 2006 no “Pequena Miss Sunshine”. Título de Miss é sinônimo de ser premiada em algum segmento, normalmente de beleza. Mas, como ser sinônimo de beleza quando se
é feia? Uma garotinha sonhadora e desengonçada, incentivada por uma família composta por um avô drogado, um tio gay, um irmão adolescente rebelde e pais “certinhos” e frustrados que buscam a glória que, pra ela, é inglória. Qual cor a Olive usa no dia do desfile do concurso? Vermelho. Vai ver, foi por isso que perdeu o concurso. Mas pelo menos acabou o filme bem feliz com as pessoas que ela amava. E também não foi rosa que a Hazel Grace usou com o Augustus Waters no recente filme “A culpa é das estrelas”. Com a maioria do tempo usando um cilindro de oxigênio azul (mesma cor da capa do livro), Hazel é uma adolescente com câncer, metástase nos pulmões e sem motivação nenhuma para a vida. Conhece e se apaixona por Augustus, um adolescente perneta e com osteosarcoma, e sua vida se transforma após isso. História de amor e suas complicadas manifestações, mas nada de rosa para as meninas, mais uma vez. Sinceramente, continuo não entendendo que cor minha filha vai ter que usar. Será que o rosa? Se o rosa da Barbie é exemplo de menina, acho que a Jane também deveria ter usado e ela não o fez. Que bom que a Fiona, a Olive e a Hazel não usaram essa cor, fazendo jus ao ditado que diz que a vida não é um mar de rosas. Prefiro definir o que usar e o que é ser menina (ou menino) com os versos de Manoel de Barros: “Meu fado é o de não entender quase tudo. Sobre o nada eu tenho profundidades...”. Melhor que seja colorida, assim como é a vida!
Sinopse Neste livro de crônicas intitulado Notas de um pai Grávido o autor Mateus Araujo trata da gestação do ponto de vista do homem. Mostrando a sua experiência sobre a paternidade relacionada ao seu universo pessoal. 33
A Revista Literária Entrelinhas da Kaza convoca os autores a enviarem seus escritos para seu suplemento especial de final de ano. Se você tem contos, crônicas, poemas, encaminhe seus arquivos a partir do site da Editora Kazuá através do Contato. Aguardamos seu envio!
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Design Estratégico para a Inovação Cultural e Social
O livro Design Estratégico para a Inovação Cultural e Social organizado pela pesquisadora Karine de Mello Freire, objetiva retratar a trajetória do grupo de Pesquisa Design Estratégico para a Inovação Cultural e Social – que estabelece uma conexão histórica com o programa de mestrado em Design da Unisinos, com o intuito centrado na perspectiva de desenvolver um espaço de pesquisa transdisciplinar, construindo uma rede de conhecimento a partir das perspectivas do Design, Comunicação, Arte, Engenharia, Administração e Arquitetura, propondo identificar novos olhares sobre os processos socioculturais relevantes para a Inovação Cultural e Social, nesta labuta empreendida acentua-se a relevância de além de compreender a complexidade dos saberes envolvidos, estabelecer propostas de soluções para processos sociais e comunicacionais pela metodologia do design estratégico, é notório que no contexto nacional da área, o trabalho do grupo destaca-se por identificar o caráter estratégico do design, o que permite o uso de métodos e ferramentas que ampliam a perspectiva metaprojetual possibilitando a co-criação e o desenvolvimento de soluções sistêmicas. (Sobre a organizadora) Karine Freire é doutora em Design pela PUC-RJ e possui mestrado e graduação em Administração. Atua na Escola de Design Unisinos desde 2007, tendo desenvolvido projetos importantes e inovadores nos cursos de graduação, especialização e mestrado, além de ter experiência como coordenador do curso de Bacharelado em design, um dos melhores cursos do Brasil. Atualmente sua pesquisa está relacionada a design de serviços e inovação social e os projetos aplicados preconizam o impacto social e a perspectiva lúdica de aprendizagem. Em 2014 participou do desenvolvimento do jogo SOS Criativo, o qual foi premiado na 5a edição do prêmio Bornancini de Design na categoria Design Estratégico. 35
Com o objetivo de promover a literatura contemporânea em âmbito nacional e difundir novos talentos da literatura nos gêneros de Romance, Contos e Crônicas, Poesia, Dramaturgia e Literatura Feminina, a Editora Kazuá torna público o Regulamento de seu Concurso Nacional de Criação Literária. Para tanto a Editora Kazuá Ltda. torna público o regulamento e o período de inscrições para o Prêmio Editora Kazuá. Regulamento 1.
Do Objetivo
A iniciativa destina-se à premiação de um original em cada gênero proposto, configurando cada um deles uma categoria e totalizando cinco originais premiados. A premiação consiste na publicação das obras premiadas. Todos os gêneros oferecerão também menções honrosas a critério da comissão julgadora.
3. Da Participação 3.1. Serão considerados aptos a participarem do presente Concurso os autores estreantes (sem obras publicadas) ou autores com obras publicadas (desde que o original apresentado seja um livro inédito, que não tenha sido impresso e não apresente vínculo contratual com qualquer outra editora). As inscrições devem ser feitas por categoria, sendo a premiação e as menções honrosas oferecidas para cada categoria por separado. 3.2. Não há restrição quanto à temática abordada ou a extensão, desde que o original seja escrito em língua portuguesa. 3.3. Cada original deve apontar o gênero/categoria em que está se inscrevendo na folha de rosto. Esta caracterização deverá ser colocada na página inicial do original inscrito segundo definição de categorias abaixo.
3.4. A folha de rosto também deve conter as seguintes informações obrigatórias: endereço completo do autor postulante e telefone fixo Cada autor poderá concorrer com um número ilimitado ou contato de Skype. de originais inscrevendo cada qual no seu gênero específico. As inscrições serão consideradas abertas no dia 11 Definição das categorias: de novembro de 2015 com encerramento no dia 11 de março de 2016, até às 23:59h, horário de Brasília. Prêmio Pavão de Romance. 2.
Das Inscrições
As inscrições deverão ser feitas através do site da Editora Kazuá no espaço “Seja Autor! – Envie seu original”. www.editorakazua.com.br
Prêmio Tatu de Contos e Crônicas. Prêmio Peixe de Poesia.
Prêmio Passarinho de Literatura Feminina. Ou mediante envio de envelope lacrado, com Aviso de Recebimento – AR da empresa de Correios e Telégrafos Prêmio Serpente de Dramaturgia. do Brasil (para efeitos de efetivação da inscrição será considerada a data de envio do carimbo dos Correios), 4. Das Etapas do Concurso para o seguinte endereço: O concurso será disposto em duas etapas classificatórias, Rua Ana Cintra, 26, Santa Cecília a saber: São Paulo, CEP: 01201-060 4.1. Fase Inicial: serão classificados todos os candidatos 36
considerados aptos para um processo de produção editorial para os originais do Concurso. (não será estipulado um número específico de concorrentes). 6.4. O resultado dos Vencedores em cada Categoria 4.2. Fase de Aperfeiçoamento e Criação Literária: os e das Menções Honrosas será anunciado em 11 de decandidatos classificados na Fase Inicial receberão de um zembro de 2016. orientador o auxílio comentado sobre sua obra e durante esse período poderão efetivar modificações nos ori- 7. Da Premiação ginais e aplicar todas as mudanças que o autor entenda necessárias para o melhoramento textual e conceitual O primeiro colocado em cada categoria será comtemda sua obra. Cabe ressaltar que a revisão é de responsa- plado com a publicação do original apresentado e recebilidade do autor ou de profissional contratado. berá o valor de R$1.000,00 em exemplares, caso o autor assine contrato editorial vigente na Editora Kazuá, ou re5. Do Julgamento cebera o valor de R$500,00 em exemplares, caso assine um contrato de cessão de direitos autorais. A Editora Kazuá nomeará os membros da comissão julgadora que definirão os vencedores de cada categoria e A premiação consiste em receber a publicação do orias respectivas menções honrosas. ginal inscrito, com o acompanhamento profissional em todas as etapas do projeto literário. O original terá di6. Do Resultado reito a ser retrabalhado, incorporando as modificações e melhorias textuais desenvolvidas na Fase de Aperfeiçoa6.1. A classificação na Fase Inicial será anunciada em mento e Criação Literária. até 30 (trinta) dias após a inscrição do original. A fase se considerada encerrada no dia 11 de abril de 2016. 8. Das Disposições Gerais 6.2. O resultado dos classificados para a Fase de Aper- Todos os classificados da Fase Inicial receberão um parefeiçoamento e Criação Literária será anunciado em 11 de cer classificatório individualizado, num prazo de até 30 maio de 2016. (trinta) dias, a contar da efetivação da inscrição, e serão contemplados com uma orientação editorial gratuita. 6.3. Em 11 de novembro de 2016 se dá o encerra- Cabe ressaltar que a revisão é de responsabilidade do mento da Fase de Aperfeiçoamento e Criação Literária autor ou de profissional contratado.
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