aínas N°13 . 3/2021
Ciliegi in fiore Ama ogni tua stagione e non voler fermare il petalo che cade la nuvola nel vento l’onda eterna del mare
Giovanni Bernuzzi, Trasparenze
aínas W W W . A I N A S M A G A Z I N E . C O M
AÍNAS Nº13 . 3/2021 www.ainasmagazine.com info@ainasmagazine.com Direttore Bianca Laura Petretto Condirettore Giorgio Giorgetti Responsabile Comunicazione Mariagrazia Marilotti Grafica Gabriele Congia Informatica Michelangelo Melis In copertina l’opera è di Sergio Mauricio Manon: Vera, vida e morte no jardim das máquinas desejantes, 2016 © Aínas 2021 La traduzione, la riproduzione e l’adattamento totale o parziale, effettuati con qualsiasi mezzo, inclusi la fotocopiatura, i microfilm e la memorizzazione elettronica, anche a uso interno o didattico, sono consentiti solo previa autorizzazione dell’editore. Gli abusi saranno perseguiti a termini di legge. is aínas faint is fainas . gli strumenti fanno le opere AÍNAS nº13 © 3/2021, reg. n° 31/01 Tribunale di Cagliari del 19 09 2001, periodico di informazione trimestrale, cartaceo e telematico. Iscrizione n° 372004 al Registro della stampa periodica Regione Sardegna, L.R. 3 luglio 1998, n° 22, ART. 21. ISSN 2611-5271 Editore e Direttore responsabile Bianca Laura Petretto, Cagliari, Quartu Sant’Elena, viale Marco Polo n. 4
B&BArt MuseodiArte contemporanea
Un ringraziamento speciale a Guido Festa Progettazione e costruzione di “GLOVE BOXES” e prototipi per la ricerca farmaceutica e nucleare www.euralpha.it
www.bbartcontemporanea.it info@bbartcontemporanea.com
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AÍNAS Nº13 5 chapter I . the special 6 sculptures to wear . mono giraud 14 jardin das synapses . sergio mauricio manon 15 ana lucia amado 24 distillation solaire . akira inumaru 31 pierre-jaques pernuit
33 chapter II . the new code 34 a concreção da pedra . denise milan 36 alecsandra matias de oliveira
43 chapter III . crossing 44 imperfect journey . lena peres 45 bianca laura petretto
55 chapter IV . portraits 56 occhi chiusi . gianfranco mura 61 ernesto ferrero 62 andrea bizzotto
65 chapter V . pataatap 67 deus ex machina . vincent desiderio
75 chapter VI . swallow 76 equilibrio . giorgio giorgetti
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IHR SCHÖN . Jonas Burgert, 400x690 cm., olio su tela, 2016 ESPIGA . Mono Giraud
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I THE SPECIAL
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SPECIAL
sculptures to wear
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AINAS MAGAZINE
MONO GIRAUD El alma de MONOGIRAUD es el alma de MONO GIRAUD. Quien toma su inspiración desde la necesidad/ lo innecesario, así atravesando y disfrutando la experiencia del proceso de creación logra apropiarse del espíritu de los materiales, generando su impronta. El proceso desde su lado más sensitivo es lo que le da la capacidad de sentir, escuchar y ver todo lo que la rodea, encontrando lo más puro de cada elemento e impregnándolo de su esencia, creando un estilo a través de su mirada, que tiene que ver con el modo de percibir las cosas y la manera de intervenirlas, seleccionando materiales nobles, crudos y orgánicos. La colección atemporal y saludable deja en evidencia la impronta de la naturaleza perdurando en lo fundamental. La esencia de MONOGIRAUD va más allá de las cosas, se encuentra en lo auténtico y lo personal, es puro, libre y contundente. MONOGIRAUD respira.
MONO GIRAUD (she/her) is a multi-disciplinary artist and designer born in Argentina. She started her carrier as a fashion designer for top Jeans brands. Later she took her experience in clothing to create collections for exclusive deco and furniture brands. In 2010, she launched her own project called “Costado”. With a strong and original industrial style, it soon became a hit among Buenos Aires’ deco options. Always in constant evolution, in 2018 she launched “MONOGIRAUD”, her latest and most important project. Mono’s new proposal is defined by the use of natural and organic materials, shapes and colors and invites to a total sensorial experience in the process of dressing spaces. In parallel, Mono started to experiment with photography achieving outstanding results. Her social medias soon collected thousands of fans all over the world. –7–
SPECIAL
“My work is about living the process. And this process has to be healthy, the energy is renewed instead of running out… and simplicity must be felt in each step. I go across the process to finally get to discovery. The travel is about feeling, touching, smelling, breathing, and crossing boundaries. I focus on the journey more than to reach a goal or arrive (at) a destination.”
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SABIA Mono Giraud
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APILAR Mono Giraud
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FIBRA VEGETAL Mono Giraud
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COLECCIÓN III Mono Giraud
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AINAS MAGAZINE
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SPECIAL
◀ TROMPO Mono Giraud
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ETERNO Mono Giraud
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DUO Mono Giraud
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BULBO Mono Giraud
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AINAS MAGAZINE
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SPECIAL
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AINAS MAGAZINE
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SPECIAL
jardin das synapses
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AINAS MAGAZINE
SERGIO MAURICIO MANON Nosso elo com as plantas é umbilical e, antes de haver as condições necessárias para nossa recente existência humana, elas já habitavam o planeta há milhões de anos. Sergio Mauricio Manon acredita que somos um experimento dos vegetais e que, um dia, eles nos sonharam. As pinturas de Sergio Mauricio Manon, na série Jardim das Sinapses, propõem uma espécie de perspectivismo vegetal, algo que somente pode ser percebido ao transbordarmos a racionalidade humana, reconhecendo nas plantas a dimensão em que são também protagonistas do mundo. Suas pinturas trazem cenas do universo vegetal, ricas em detalhes que entrelaçam realidade e imaginação. Flagram, por exemplo, a conversa entre as estrelas e uma Embaúba, também chamada a mãe da mata; a sensualidade das flores em suas estratégias para atrair insetos, seus amantes polinizadores; ou a forma surpreendente resultante do movimento imperceptível em que uma folha perfura outra. Com linhas orgânicas e cores vivas, ele contrói sua narrativa poética, buscando expandir os limites do olhar antropocêntrico para imaginar o sonho das plantas, seu espírito e inconsciente emaranhado no caos primordial. Sua obra nos faz perceber que a crença de que somos os únicos seres dotados de inteligência e dimensão cultural não é apenas índice de nossa má consciência, é também uma forma desarmônica de estar no mundo. Hoje, já se sabe que os vegetais processam as informações através de um mecanismo de sinalização elétrica celular e intracelular, semelhante a uma rede neural, estabelecendo com outras plantas um sistema de troca de dados tal qual uma “internet”. O tema das sinapses vegetais tem motivado neurobiólogos em experimentos que confirmam a sensibilidade, cultura, inteligência, competitividade, sistema de defesa e organização das plantas. Essa percepção é central no trabalho de Sergio Mauricio Manon e o mobiliza a buscar formas estéticas de abordar o tema, fomentando a reflexão sobre os sentidos de compartilharmos a Terra com seres tão sofisticados e permeados por mistérios quanto as plantas. A pintura de Sergio Mauricio Manon abre acesso a novas visibilidades. Se, nesse movimento, o artista encontra o belo, isso é consequência de seu foco na harmonia, no equilíbrio e no convívio simbiótico entre os seres. É por isso que a plasticidade de sua obra, ao contrário do que poderia supor um olhar ingênuo, não está na representação ornamental do mundo, mas, sim, na composição estética que nos propõe imaginar o mundo das plantas, seus sonhos e sua inteligência complexa, um mundo conectado ao nosso como uma rede neural. As pinturas de Sergio Mauricio Manon são como janelas abertas na parede, dando acesso a um mundo onde tudo o que existe compartilha a mesma espiritualidade e a mesma consciência. Ana Lucia Amado Pesquisadora e roteirista de cinema, mestre em Literatura na Puc-Rio, bacharel em Antropologia na Unicamp; especializou-se em Filosofia pela Universidade de Brasília
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CARDEAL NO TOPO DO MUNDO . DETAIL Sergio Mauricio Manon 160x100 cm., 2020
SPECIAL
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◀ PARA QUEM NASCEM AS FLORES Sergio Mauricio Manon 160x110 cm., 2016
CARDEAL NO TOPO DO MUNDO Sergio Mauricio Manon 160x100 cm., 2020
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SPECIAL
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AINAS MAGAZINE
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SPECIAL
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AINAS MAGAZINE
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MÁQUINA DO MUNDO Sergio Mauricio Manon 160x100 cm., 2017
◀ SELVAGEM Sergio Mauricio Manon 160x100 cm., 2019
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PERSPECTIVISMO VEGETAL Sergio Mauricio Manon 150x90 cm., 2021
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SPECIAL
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IMANÊNCIA Sergio Mauricio Manon 80x60 cm., 2018
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O CHAMADO Sergio Mauricio Manon 60x80 cm., 2018
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“Das plantas viemos, às plantas retornaremos.” Sergio Mauricio Manon As pesquisas do brasileiro Sergio Mauricio Manon sempre estiveram conectadas ao tema da Natureza, e beneficiaram-se de sua estreita convivência com plantas e animais, e de sua experiência com a criação de abelhas por 10 anos, no Brasil. Já na década de 80, Manon concebeu a pintura monumental “Copacabana na visão de uma mosca” na histórica coletiva “Como vai você, geração 80?”. Participou de exposições individuais e coletivas ao longo dos anos 90 e 2000. Em 2001, foi curador e artista na mostra Geração Digital no Museu Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro. Entre 2008 e 2014, publicou a Santart Magazine Ganhadora do prêmio Benny Award de 2013, em Chicago, na categoria fine art. Entre 2016 e 2017, foi curador e artista do projeto “Máquina do Mundo” que resultou numa mostra coletiva com importantes nomes da arte contemporânea brasileira e internacional. Em 2017, realizou residência artística na Mata Atlântica, e desenvolveu o projeto “Jardim das Sinapses”; em 2018, realizou a exposição “Radiografias do invisível” no escritório de arte Martha Pagy. Em 2019, criou o “Manon Arte, um espaço de arte Biocêntrica” no Armazém do Vale das Videiras e, desde 2020, está imerso em residência artística na Mata Atlântica, região serrana do Rio de Janeiro. Suas obras estão em algumas coleções particulares pelo mundo.
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SPECIAL
distillation solaire
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AKIRA INUMARU La tela, una lente, il sole. Tre ingredienti per dipingere la natura. Distillacion solaire è un gioco con la luce del sole che Akira Inumaru sperimenta per creare il suo prezioso giardino. Il calore dei raggi passa e brucia attraverso la lente trasformando le cose, la materia. Spariscono e appaiono nuove forme e si realizza il processo creativo. Fiori, piante, organismi reali o inventati che hanno il fascino della delicatezza e si muovono flessuosamente in una danza di bellezza e eleganza.
Akira Inumaru (né au Japon en 1984) vit et travaille en France depuis 2008 après des études d’art à Tokyo. Il est également diplômé de l’École supérieure d’Arts et de Design à Rouen en 2013. La lumière est depuis toujours le centre de la recherche d’Akira Inumaru. Depuis plusieurs années, il invite la lumière du soleil dans son travail. A l’aide d’une loupe qui lui permet de concentrer la lumière, les rayons du soleil, il brûle une partie de la feuille de papier où il a dessiné et au-dessous de laquelle il a posé de minces couches de papiers colorés. Ainsi, c’est le soleil qui donne de la couleur à ses créations. Il a appelé ce processus qui invite à une réflexion sur la photosynthèse: la distillation solaire. Des œuvres picturales font écho à cette réflexion.
◀ LE PORTRAIT DES PLANTES / PASSION A Akira Inumaru 120x80 cm., mix-média sur papier, brûlure du soleil, 2017 – 25 –
◀ LE PORTRAIT DES PLANTES / PASSION B Akira Inumaru 120x80 cm., mix-média sur papier, brûlure du soleil, 2017
SPECIAL
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BOTANIQUE / SAXIFRAGA ROTUNDIFOLIA B Akira Inumaru 140x140 cm., mix-média sur toile, 2018
LE PORTRAIT DES PLANTES / JARDIN DE MR. CARDIN Akira Inumaru 150x140 cm., mix-média sur papier, brûlure du soleil, 2016
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SPECIAL
◀ LE PORTRAIT DES PLANTES / AIL EN FLEUR Akira Inumaru 180x100 cm., mix-média sur papier, brûlure du soleil, 2017
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BOTANIQUE / ASARUM EUROPEAUM A Akira Inumaru 140x140 cm., mix-média sur toile, 2018
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LOBARIA PULMONARIA Akira Inumaru 200x73 cm., distillation solaire, mix-média sur papier, brûlure du soleil, colorant végétal, 2018
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INDIGOFERA TINCTORIA Akira Inumaru 200x73 cm., distillation solaire, mix-média sur papier, brûlure du soleil, colorant végétal, 2018
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SPECIAL
Dans cette nouvelle série, s’inscrivant dans la suite de ses récents travaux au Jardin des Plantes de Rouen, Akira Inumaru (né en 1984 à Ibaraki, Japon) puise à nouveau dans le répertoire des formes botaniques. Au-delà de la traditionnelle relation de la peinture à la nature comme « réservoir des formes », Akira Inumaru voit bien plus qu’un dictionnaire formel dans ce qu’il nomme le « langage des plantes ». Si chaque toile incorpore les tracés délicats de fleurs et de feuilles trouvées dans les pages d’anciens herbiers, il ne faudrait pas pour autant résumer sa peinture à la simple imitation des contours morphologiques des végétaux. Car sa pratique dialogue avec la nature par d’autres voies, des voies plus élémentaires. Si la peinture d’Akira Inumaru peut être qualifiée ainsi, c’est bien qu’elle est en tous points conforme aux différents sens du terme « élémentaire ». Elle entre en dialogue avec les forces naturelles, avec les « quatre éléments » que sont la terre, l’eau, l’air et le feu, mais elle explore également « ce qui vient en premier » dans la nature, à savoir la lumière et l’espace qu’elle traverse. Ce qu’Akira Inumaru lit dans les herbiers centenaires à partir desquels il compose ses toiles, c’est la trace d’une manifestation lumineuse révolue. A la manière de la dendrochronologie, il y devine une preuve de plus de l’incroyable capacité d’enregistrement du temps dont la nature semble capable. Cette possibilité, celle de recueillir l’état du monde à une époque donnée, trouve son essence dans la lumière. Lorsque l’on décrira la peinture d’Akira, le sens ancien du terme « médium » (celui que la biologie utilise encore de nos jours, à savoir le médium comme le milieu de culture des végétaux et des cellules) semblera un outil conceptuel fort à propos. Le caractère élémentaire de sa peinture joue de la possibilité de tout envisager – 30 –
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à partir de ce médium premier, de cet espace traversé de rayons de lumière qui pour Newton est le milieu dans lequel les phénomènes physiques surgissent et se déploient. Chez Akira Inumaru, la lumière devient médium. Elle pénètre la toile, détruit sa prétendue matérialité, ouvrant à une transparence révélatrice. Si notre expérience quotidienne rend le médium élémentaire invisible (excepté peut-être les jours de brouillard qui semblent révéler une forme de matérialité de l’environnement), l’originalité de la peinture d’Akira est qu’elle en fait son thème principal. Au-delà de l’opacité moderniste du plan pictural, on assiste chez Akira Inumaru à une ouverture poétique vers un régime de transparence, comme un rêve de dépassement des dualités philosophiques qui opposent le matériel au spirituel. Si le regardeur croit lire dans la peinture d’Akira Inumaru la confirmation de croyances métaphysiques, d’une dialectique de la clarté et de l’obscurité à l’œuvre dans la spiritualité occidentale – de cette moralité qui tranche dans la complexité du réel entre « bien » et « mal » –, il semblerait cependant que la lumière, ce grâce à quoi Akira Inumaru compose ses toiles et ce qu’il considère comme un moyen pictural tende plutôt à révéler la nature dans sa réalité la plus vaste et la plus élémentaire, en tant qu’elle est l’espace premier de la création du sens, le médium de toutes les médiations. On pourrait ainsi affirmer en paraphrasant Ralph Waldo Emerson que la peinture d’Akira Inumaru n’est jamais « divorcée de la superstructure du beau », jamais coupée d’une nature entendue donc comme un cadre de référence, un arrière-plan ou encore un « médium », dans le sens ancien du terme. Pierre-Jaques Pernuit Critique d’art – 31 –
BANQUETE DA TERRA . Denise Milan vidro, cristal, amonita, pirita, resina, alumínio e bronze, 160x160x160 cm., 2018 UNBREAKABLE . Women in glass, 2021, exposição Earth Banquet Fondazione Berengo Art Space, Venezia. Curadoria: Nadja Romain and Koen Vanmechelen Ph. Studio Sergio Coimbra
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II THE NEW CODE
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THE NEW CODE
a concreção da pedra
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DENISE MILAN O itinerário de Denise Milan1 tem a pedra como tema e material. As rochas, os geodos, os cristais de quartzos, as ametistas, os fósseis de amonitas e outros minérios convertem-se em atributo e essência de suas obras há quase 40 anos. O reino mineral de origem brasileira é foco de sua pesquisa artística desde 1986. Distante de uma abstração da pedra, Milan nos convoca à sua concreção, isto é, se abstrair é isolar o objeto de fatores que notadamente lhe são conexos na realidade, a operação é a inversa: a partir da pedra a artista convoca afinidades que envolvem a história, o natural e o sagrado. Nos seus trabalhos, as pedras trazem mensagens sobre perenidade, origens, mitos, e, acima de tudo, sobre o relacionamento do humano com as formas instintivas da natureza. Em todas as obras, a questão perturbadora: o que as pedras nos contam? São diversas e simultâneas as narrativas, mas excluindo a preocupação de hierarquia desses discursos, elas confirmam que “somos poeira de estrelas”, então, a matéria do Universo, da Terra e, por consequência, das pedras está em nós. Essa condição nos reconecta à criação e, ao mesmo tempo, à sensação de mútua-pertença. Igualmente, as pedras descrevem os subterrâneos do planeta e o mistério da beleza guardada nas profundezas. Assim, essas esculturas com alquimia própria liberam as energias que nos alinham com o divino. Ventre Oceânico (2016), ConCentração (2016), OrDeNaçào: o DNA da pedra (2018), Ilha Brasilis (2018), Banquete da Terra (2019) e A casa de todos (2020) são exemplos de suas últimas exposições e sobre o tipo de reflexão que a artista nos oferece2 . Nos trabalhos mais recentes, a artista faz uma leitura das pedras e cria uma cosmogonia, cercada de valores simbólicos, que por sua vez, dão novas acepções às esculturas. A partir de método poético, Milan busca por uma simetria no que, aparentemente, seria o caos. Ela provoca o encontro de formas complementares em objetos improváveis. Aviva em nós o imaginário da Terra. Transforma, por exemplo, um dos principais salões da Bienal de São Paulo, em rio de pedras que nos cura da errônea noção do que é valioso: “porque preciosos somos nós”. A artista entende que “somos átomos na gestação do mundo”.
1. Denise Milan (São Paulo, 1954) inicia sua relação com o mundo da arte através da dança, música e poesia, tendo colaborado com o Haroldo de Campos em muitas ações. Trabalha com esculturas, foto-colagens e outros meios. Já expôs em instituições brasileiras e em cidades, tais como, Chapingo, Chicago, Hakone, Hannover, Londres, New York, Osaka, Paris, Taiwan e Washington. 2. ConCentração/ConCentration, 2016, Galeria Lume, São Paulo, curadoria de Marcello Dantas; Ventre Oceânico/Oceanic Womb, 2016, Emerson Elemental Do-Fest, COP 22, Marraquexe, Marrocos; orDeNAção: o DNA da pedra/orDeNAtion: the DNA of the stone, 2018, Galeria Lume, São Paulo, curadoria de Marcello Dantas; Ilha Brasilis/Brasilis Island, 2018 (instalação na 33ª Bienal de São Paulo, Afinidades afetivas), curadoria de Gabriel Pérez-Barreiro; Banquete da Terra/Earth Banquet, 2019, Fondazione Berengo Art Space, Glasstress, Veneza, curadoria de Vik Muniz e Koen Banmechelen e, A Casa de todos, 2020, Casa Cor/Galeria Dan, curadoria de Marcello Dantas.
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Em outra instalação, Milan alude ao Banquete, diálogo platônico, escrito por volta de 380 a.C, e, basicamente convida: “desfrutem o Banquete da Terra!”. Na verdade, um chamamento à discussão sobre a natureza e as qualidades do amor. A ambientação do contêiner é de uma caverna para receber a obra, que tem como destaque uma grande mesa de vidro escuro repleta de oferendas do mundo natural, tais como, cristais, amonitas, piritas, resinas e bronzes3. Originalmente, exposta em Veneza, a instalação recebeu nova versão, no ano passado, em A casa de todos. Nela, estavam os mesmos “alimentos”, mas o ato de se reunir e de se sentar à mesa ganhou nova abordagem a partir da pandemia. Hoje, o contêiner integra a coleção da Usina de Arte Pernambuco e cumpre o destino de muitas obras de Denise Milan, que desbravadora da arte pública, tem seus trabalhos em diferentes locais do mundo.
Alecsandra Matias de Oliveira Doutora em Artes Visuais (ECA USP). Professora do CELACC (ECA USP) Pesquisadora do Centro Mario Schenberg de Documentação e Pesquisa em Artes (ECA USP) Membro da Associação Brasileira de Crítica de Arte (ABCA)
PÃO PLANETÁRIO Denise Milan 46,5x46x13 cm., geodo de quartzo, resina e ferro cromado, 2020 JANELAS DA CASACOR 2020 Banquete em frente a DAN Galeria Curadoria: Marcello Dantas Ph. Sergio Guerini
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Por todo o seu percurso e, particularmente, na produção mais atual, o trabalho de Denise Milan nos proporciona a descoberta da pedra, das suas relações circundantes e, sobretudo, nos diz sobre a condição metafísica da vida humana. É um exercício de soma; nunca de subtração. Os saberes orientais, filosóficos e, científicos unem-se à imaginação e ao poder das terras brasileiras – uma esperança na sobrevivência. A cor, a transparência, a luz e o formato das suas peças dizem sobre o indizível e despertam confluências inesgotáveis.
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3. A grande mesa de vidro escuro também esteve em exibição no Unbreakable: Women in glass, com curadoria de Nadja Romain e Koen Vanmechelen, no espaço de Arte Fondazione Berengo, Campiello della Pescheria, Murano.
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POÇÃO DO MAGMA Denise Milan 47,5x46x28 cm., formação de quartzo cristalizado, vidro, ferro cromado, 2020 JANELAS DA CASACOR 2020 Banquete em frente a DAN Galeria Curadoria: Marcello Dantas Ph. Sergio Guerini
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ILHA BRASILIS (DETALHE) . Denise Milan 2,1x12x30 mt., geodos de ametista, quartzo, geodos ágata, basalto, 2018 33ª Bienal de São Paulo . Curadoria: Gabriel Pérez-Barreiro Ph. Thomas Susemihl
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◀ COLHERADA CRISTALINA Denise Milan 51,5x46x17 cm., cristal de quartzo fumê, vidro e ferro cromado, 2020 JANELAS DA CASACOR 2020 Banquete em frente a DAN Galeria Curadoria: Marcello Dantas Ph. Sergio Guerini
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CALDA COM LÁGRIMA DA ALMA Denise Milan 46,5x46,5x19 cm., ágata, vidro, alumínio, ferro cromado, 2018 Exposição orDeNAção, Galeria Lume Curadoria: Marcello Dantas Ph. Sergio Guerini
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Le fotografie da pag. 42 a pag. 53 sono di Lena Peres©
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III CROSSING
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imperfect journey
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LENA PERES Un portone spalancato sulle nuvole bianche di un cielo azzurro. Sagome di un uomo e una donna che guardano lontano, una macchia viola su una spiaggia solare e lo sguardo di una giovane donna con gli occhiali griffati. Non comprendiamo se siamo spettatori o protagonisti. La fotografia di Lena Peres ha il respiro grande della terra Brasiliana e la forza intimista di chi ritrae l’attimo che passa. Nello scatto c’è il non detto, l’intimità di una coppia, la ferocia della povertà, la curiosità di uno spazio nascosto, il fremito di una emozione. Le sue forme richiamano le enigmatiche foto in bianco e nero di Hiroshi Sugimoto, essenziali e minimaliste, dove gli esseri viventi sono assenti per lasciare spazio al vuoto, al tempo, alla memoria. Se in Hiroshi vi è un ritorno al passato per decodificare i segni visivi in idee, in Lena nasce la necessità di non appartenere a nessuna definizione, a non essere catalogata, inserita in uno schema. Il rigore governa la composizione, ma l’errore diviene significato. Non esiste la ricerca di una memoria da trasferire e comprendere, esiste il divenire. L’artista vive quello che accade, nel tempo, nel luogo, nelle persone. Proprio li, scorre la vita. Non ferma l’attimo, la sua fotografia fluisce, si espande, trasborda e tutto diviene parte di quell’immagine viva che è sottile, necessità di esistere e, talvolta, di scomparire. Lena Peres non cattura l’essenza, non restituisce l’errore o la sfuocatura per erodere o per esprimere concetti astratti, la sua è l’impellente esigenza di esserci nella vita. Di divenire gioia, leggerezza, afflato, rudezza, disillusione, ferocia. Le sue fotografie viaggiano in un pianeta riconoscibile. La pazienza e la compassione sono compagne di viaggio amorevoli che tracciano cammini dove le affinità si incontrano. Bianca Laura Petretto
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CROSSING
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...credo che l'unica vita che possiamo veramente cambiare sia la nostra. La sola persona che ciascuno può sforzarsi di migliorare, se è in buona fede, è se stesso. Se ci riesce, il suo amore e il suo esempio sono il modo più concreto per aiutare qualcun altro a fare altrettanto. Quante più persone ne saranno capaci, tanto più cambierà il mondo. (Giovanni Bernuzzi, Andante con bici)
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A door wide open to the white clouds of the blue sky. Silhouettes of a man and a woman looking away, a purple spot on a sunny sea and the look of a young woman with designer glasses. We do not understand whether we are spectators or protagonists. Lena Peres photography has the great breath of the Brazilian land and the intimate force that portrays the moment that has passed. In the plan is the unspoken, the intimacy of a couple, the ferocity of poverty, the curiosity of a hidden space, the thrill of an emotion. Its forms refer to the enigmatic black and white photos of Hiroshi Sugimoto, essential and minimalist, where living beings are absent to leave space for emptiness, and time for memory. If in Hiroshi’s there is a return to the past to decode visual signs into ideas, in Lena’s there is a need not to belong to any definition, not to be cataloged, or inserted in a scheme. Strictness governs the composition, but the error becomes meaning. There is no search for a memory to be transferred and understood, there is becoming. The artist experiences what happens in time and place, in people. Right there, life flows. She doesn’t stop for the moment. Her photography flows, expands, overflows and everything becomes part of this image that is subtle; the need to exist and, at times, to disappear. Lena Peres does not capture the essence, does not return the error or the blur to corrode or express abstract concepts. It is the urgent need to be present in life, to become joy, lightness, inspiration, harshness, disappointment, ferocity. Her photos travel to a recognizable planet. Patience and compassion are loving travel companions who chart paths where affinities meet. Bianca Laura Petretto
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Mais que eu vivo, mais que eu encontro a certeza de que minha conexão e entusiasmo pela vida se estabelecem através da transposição para o outro. A empatia é meu movente e assim eu sinto a vida; “o estar viva.” Não tenho poderes contra as injustiças, nem posso enxugar as lágrimas dos tantos seres desconhecidos. Não posso sarar todos os corações despedaçados, nem acalentar almas doloridas e injustiçadas. Posso vê-las, registrá-las, trazer a essência e as súplicas escondidas para o olhar dos que me acompanham, através de minha empatia, tão descontrolada, que se abre para aqueles que me deparo ou convivo, intensamente. Uma empatia que, de tão grande, me assola, me desloca e me desfoca de mim. Um erro e um acerto. Lena Peres
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COLUI CHE SUONA I PREZIOSI VIOLINI DI CREMONA TUTTE LE MATTINE 7 PER . Gianfranco Mura Le fotografie da pag. 52 aALLE pag. 59 sono diMEZZORA Gianfranco Mura
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IV PORTRAITS
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PORTRAITS
occhi chiusi
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GIANFRANCO MURA Ci sono ritratti di scrittori che valgono un saggio critico, perchè riescono a cogliere l’essenza segreta di un personaggio, a renderla miracolosamente trasparente. Penso ad esempio a quelli di Tullio Pericoli, che ci predispongono a meglio intendere grandi autori del Novecento: Kafka, Beckett, Proust, Gadda... La stessa operazione può essere fatta con la fotografia, ma risulta ancora più difficile, perchè la capacità di deformazione dell’immagine, cioè la libera interpretazione, è minore, rispetto alla libertà espressiva di cui gode un pittore. Un tratto allusivo o caricaturale può dire molto. In ogni caso tra fotografo e fotografato deve scattare quell’intesa, quella sintonia che a un certo punto consente al fotografo di rubare l’anima al fotografato. E’ un esercizio di sensibilità e destrezza, qualcosa di non dissimile dalle tecniche predatorie dei grandi rapaci, che all’improvviso chiudono le ali per fiondarsi sul bersaglio. La mobilità, l’elusività di un volto è persino maggiore di quella di una qualsiasi preda in movimento.
PORTRAITS
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Esiste una correlazione tra il volto di un autore e la sua opera? Si possono leggere meglio Le occasioni se un pittore o un fotografo è riuscito a sorprendere per un istante Eugenio Montale fuori dal suo guscio protettivo, dal suo carapace? Che cosa ci vuol far sapere, poniamo, Edoardo Sanguineti, offrendosi all’occhio indagatore dell’obbiettivo? E’ possibile che in un volto stiano inscritti segni che possono rivelare a un interprete di talento l’immagine segreta, l’identità interiore dell’effigiato? Quante cose stanno scritte in un volto? Chi le scrive? La vita, come voleva Céline, che si preoccupa di modificare senza soste, arbitrariamente, l’hardware del codice genetico? Un volto ci aiuta a capire, o è invece una maschera, la persona dei latini? Un dato è certo: il fotografo è essenzialmente un decrittatore, un disvelatore, un ‘traduttore’ che ibrida linguaggi diversi. Con i suoi magistrali ritratti, Gianfranco Mura entra a buon diritto anche nella speciale categoria dei traduttori che danno vita a nuove creature. Diceva Calvino che ‘scrivere è sempre nascondere qualcosa in modo che poi venga scoperto’. Non diversamente opera la fotografia. Sembra tutta esibita, facilmente catturabile e decodificabile, in realtà lavora a nascondere per rivelare. Scava nell’ombra per portare un fascio di luce, il raggio-bisturi di un laser. La sfida di ogni ritratto sta qui. Diventa ancora più complessa se investe il gioco tra volto e testo, tra immagine e parola scritta. Naturalmente non offre risposte univoche e valide per tutti. Ogni lettore/osservatore elaborerà le sue. Di certo uscirà arricchito dal confronto. Capirà meglio l’autore, i suoi testi e se medesimo, il lettore-autore che con la sua interpretazione (proprio in senso musicale) è chiamato a dar vita a un testo o un’immagine che altrimenti resterebbero inerti, sequenza di segni neri impressi su un foglio bianco. Ernesto Ferrero
MICHAEL ZADOORIAN SCRITTORE Gianfranco Mura
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ANDREA OSVART ATTRICE Gianfranco Mura
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ALBA DONATI POETA Gianfranco Mura
TATANIA Gianfranco Mura
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AICHA Gianfranco Mura
◀ CRIS L’ORSA ARTISTA Gianfranco Mura
PORTRAITS
Saper ascoltare non è sempre semplice e si passa più velocemente al sentire. L’ascolto esige attenzione, comprensione, silenzio, concentrazione. I ritratti di Gianfranco Mura raccontano l’ascolto attraverso i volti con gli occhi chiusi di uomini e donne o di paesaggi che dirigono la propria attenzione verso l’altro. Compiono un atto di silenzio per comunicare. Sono dialoghi collettivi che fanno parte di un’unica partitura, sono armonie corali. La musica, il canto non c’è ma attraverso le posture, le impercettibili espressioni corporee, i ritratti emotivi e senza sguardi di Gianfranco Mura partecipiamo a un concerto universale che unisce l’umanità attraverso l’arte. Così, in punta di piedi, l’acquerello di un dettaglio del piede e la pittura del potente corpo epico di Andrea Bizzotto indaga la necessità individuale di esprimere l’ascolto. E gli occhi chiusi di un semidio elevano lo spirito dell’uomo a una concreta realtà della vita.
ANDREA BIZZOTTO Andrea Bizzotto è un artista italiano che svolge la sua attività creativa con lo sguardo attento alla figura umana. Ha sempre coltivato l’interesse per il disegno e dagli anni 2000 si è avvicinato alla pittura come strumento per indagare la mimica e la gestualità dei corpi maschili e femminili. “Lavorare sulla figura significa tentare di conoscere la persona che ritraggo, studiarne il carattere, la personalità, le inclinazioni e i timori attraverso i segni, i pieni e i vuoti delle sue forme, lungo le linee già tracciate dal trascorrere del tempo”. Andrea Bizzotto nei suoi corpi di donna e di uomini si sofferma sui dettagli, sulla materia, sul colore, la sua densità, la viscosità, la durezza per sperimentare i pigmenti sulla tela. Costruisce per smontare e rimontare il corpo, per imprimere il ricordo, la sensazione: “i miei lavori sono ritratti, solamente incidenti avvenuti lungo il viaggio esplorativo della creatività e della sperimentazione”. – 62 –
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PIEDE . AUTORITRATTO Andrea Bizzotto 25x35 cm., caffè, acquerello, 2017
ERACLE . SERIE MYHTOS Andrea Bizzotto 280x210 cm., olio, matita, catrame, ruggine su tela rovescia, 2019
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UN’ ISTORIA . Vincent Desiderio 60x108 in., oil on canvas, 2011 Le immagini da pag. 62 a pag. 71 sono gentilmente concesse dall’artista e da Marlborough Gallery, N.Y.
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VINCENT DESIDERIO . deus ex machina La Dolce Vita, Federico Fellini’s postmodern masterpiece, begins with a statue of Christ dangling from a helicopter. It’s being transported to the Vatican. In mid flight the crew and their journalist passenger pause to flirt with a group of girls sun bathing on the roof of their Roman apartment building but when they try to exchange telephone numbers their voices are drowned out by the sound of the whirling propeller. Like the infamous razor sliced eyeball of Buñuel / Dali’s An Andalusian Dog, Fellini’s opening salvo is a shot fired above our heads - an advisory to the unsuspecting viewer that the subsequent narrative constitutes a significant departure from normal cultural expectations. Whereas the earlier film underscores a requisite “blindness” as a prelude to insight into the oneiric realms of the unconscious, the great Italian’s narrative begins at the limits of classical resolution, thus the bizarre appearance of a deus ex machina at the film’s inception. What follows is a disturbing portrayal of the world in free fall - of modernity spiraling into a carnival of ambivalence. The themes are so familiar that the film could have been made yesterday: the obliteration of innocence and with it any hope of achieving an authentic unmediated response to life, the loss of self, the collapse of communication, the worship of celebrity and the unrelenting intrusion of the commercial media. Where art stands in all of this is apparent in the disquieting interaction between Marcello Mastroianni’s character and his former university professor, the troubled intellectual, Steiner. Steiner admonishes Marcello to realize the promise of his youth and replenish the emptiness of his life by seriously committing himself to his writing, but the way back is virtually impossible. And when it is discovered that his mentor has committed suicide after putting his own two children to death, all hope fades for Marcello. By the end of the film the protagonist has succumbed to the alienating draw of glamour’s endless night. The almost iconic presence of the clear eyed radiant young girl who meets the writer as he tries to resume his work and whose beautiful face fills the last frames of the film, is the embodiment of a life force no longer accessible to Marcello. We are left with a gnawing suspicion that we too have lost access to that life force. The despair is a familiar theme in our culture. It is, I believe, the central theme in art today. The conditions of post modernity – 67 –
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BRIDE Vincent Desiderio 75x53 in., mixed media and oil on canvas, 2011 Ph. Bill Orcutt
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THE WHEEL Vincent Desiderio 74x70 in., oil on canvas, 2006
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MOURNING AND FECUNDITY II Vincent Desiderio 81x107 in., mixed media and oil on canvas, 2011
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COCKAIGNE Vincent Desiderio 108x156 in., oil on canvas, 1993-2003
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are linked to the failure of the modernist critical project to bring about positive social or political change. That coupled with the ubiquity of advanced capitalist models transposed to all manners of activity have created an almost unbridgeable gulf between art and any aspiration to its former greatness. In spite of the plethora of theoretical responses to the issues, we are no closer to a substantial replenishment of artistic purpose. Nor has the artist risen to the task, choosing instead to bask in the “radiance of pure and empty form” in complicity with the forces of fashion and commercialism. In the absence of any overriding purpose “every trait” as Baudrillard claims gets “raised to the superlative power” and is enveloped in a “vertiginous over- multiplication of formal qualities.” The resulting profusion of values has clogged the channels of meaningful discourse. We thus dwell in a state of suspended animation incapable of momentum in any direction. Transfixed by privilege and complacency we can do nothing but gawk at the array of “ecstatic forms” which inundate us. Slack jawed, in awe, like Marcello Mastroianni finding Anita Ekberg in the Trevi Fountain, we watch as every mediocrity is raised to the level of “greatness.” The wide swing of postmodernism’s call for the total repudiation of modernism’s high aesthetic code has clearly assumed the central role in todays culture. In regard to the visual arts this has opened the door to chaos in regard to the substance and value of work itself. What originally began as a tremendous opportunity for the inclusion of voices previously eclipsed by modernism’s critical authority has turned into a morass of inaudible utterances drowned in their own solipsisms. To stand apart from these impotent sonorities requires a delicate but purposeful turn of mind. Chaos of this nature is clearly an opportunity for those who would benefit most from its perpetuation - the way that civil wars, social polarization and the general obfuscation of language and verifiable information benefit totalitarianism. As Habermas and other modernists have pointed out postmodernism’s skepticism of metanarratives is itself a metanarrative - a trap of circular reasoning. Despite the spectacle of its critical autonomy, the postmodern is the gnomon of the modern - fundamentally rooted to modernism’s theoretical tools, applying the instruments of reason to its speculative irrationality. When Baudrillard wrote: “The more art tries to realize itself, the more it hyperrealizes itself, the more it transcends itself to find its own empty essence” he was speaking from within a perceptual enclosure that denied him and other celebrated postmodernists access to an exit strategy. Perceptual prisons of this kind are not unique to the Modernist/Postmodernist conundrum. The history of painting is famous for “bursting asunder” entrapments of this nature. Painting is, in fact, a practice that is particularly well suited to this goal. Of course, the fact that it has been relentlessly denigrated since the rise of conceptualism rendering it all but powerless doesn’t help matters. The challenge of building a new kind of program for the education artists has preoccupied many of us for quite some time. If it can be done, I feel that it must be born of immersion into the methods and practice of the studio. The brilliance of studio thought, when operating at its highest level of preparedness, offers the greatest hope of circumventing the categorical trappings of these times. Change will come, as it has before, by the stunning example of individuals who are brave enough and strong enough to fly in the face of it all and, with a counter intuitive madness, follow the directives of their hearts.
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My ideal postmodernist author neither merely repudiates nor merely imitates either his twentieth-century modernist parents or his nineteenth-century premodernist grandparents. He has the first half of our century under his belt, but not on his back. John Barth . The Literature of Replenishment
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SLEEP Vincent Desiderio 52x252 in., oil on canvas, 2010
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THEATRE . COMPAGNIA TEATRALE . Gianfranco Mura La fotografiaEN è diVOL Gianfranco Mura
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L’uovo sta in bilico sulla sua contraddizione. L’umanità che dondola non ha altra raffigurazione se non di quell’Humpty Dumpty che oscilla sul muretto di Alice, che crolla rovinosamente al suolo nelle filastrocche di Mamma Oca. Quello che tutti gli uomini e tutti i cavalli del re non riuscirono a rimettere insieme. È tutto un problema di temperatura, come al solito: il tuorlo coagula a 65 °C, l’albume a 84. Una dicotomia inaccettabile: se lo si cuoce con eccessivo rispetto, una parte si rassoda, l’altra resta cruda. La violenza è parsa spesso l’unica soluzione concepibile: sbatterlo, strapazzarlo, rassodarlo nell’acqua bollente. Oppure dividerlo, scinderlo, eliminando il problema alla radice: o si usa il tuorlo, o si usa l’albume. E se volessimo rispettare la sua fragilità? Dopo tutto, l’uovo è come la vita: un instabile equilibrio tra le forze dell’universo, che in modo inaspettato sboccia in qualcosa di unico. C’è qualcosa d’ecologico nella cottura di un uovo intero… I cuochi, nel tempo, hanno accolto molto spesso la sfida, inventandosi mezzi diversi per risultati diversi. Ma strafare è del tutto inutile: nella sua semplicità, l’uovo al tegamino ci mette davvero alla prova e c’insegna, ogni volta, che cosa significhi delicatezza, rispetto, attenzione, amore. Non c’è nulla, dopo tutto, di più fragile della vita. È sempre un problema di temperatura, si sa. Per questo la fretta non ha senso. Il paragone può apparire ridicolo, ma cuocere un uovo all’occhio di bue è come prendersi il tempo per annusare un fiore, bearsi di un paesaggio, perdersi in qualcosa che si ama. Si parte dal burro. Non è un vezzo se è burro e non olio. L’olio si scalda con foga e l’albume rischia di bruciacchiarsi. Il burro, invece, si fonde al momento giusto. L’uovo, poi, si deve rompere in un piatto. Equilibrio, equilibrio… se Humpty Dumpty cade dal muro, non basteranno tutti gli uomini del re per rimetterlo insieme! Nel piatto si può far attenzione, si può evitare che il tuorlo si spanda irrimediabilmente. Appena il burro è caldo (non deve sfrigolare. La temperatura giusta è qualche attimo prima, quando si è appena sciolto del tutto), si versa l’uovo. Con delicatezza. Il fuoco deve esser basso e poco importa se hai da fare. Se hai premura, apriti una scatoletta di tonno. La grande difficoltà la daranno le calaze, quella zona d’albume più densa del resto, che avvolge come in un abbraccio il tuorlo e non coagula mai. Pazienza. Pazienza e rispetto. Se sei abile (ma abile davvero), con uno stuzzicadenti o uno spiedino puoi tentare di sbatterle un poco, per spezzarne la fibra. Ma devi avere il polso leggero, poiché sono così vicine al tuorlo che è un attimo bucarlo e distruggere tutto. Se non ti va di rischiare, armati solo di pazienza… Come in ogni sfida, c’è chi bara, chi ancora una volta scinde il bianco dal rosso. Ma, se lo fai anche tu, che sfida è? Poiché, alla fine, è la pazienza che vince. Se il fuoco resta basso, l’albume pian piano si rassoda, proteggendo il tuorlo dal calore diretto. Conta quattro minuti, massimo cinque. Copri con un coperchio per meno di un minuto. Sala un pochino soltanto sull’albume. Un pizzico di pepe. Servi subito. Se tutto è andato bene, l’albume sarà cotto e solo un pochino scivoloso in prossimità del tuorlo, caldo ma ancora liquido e gustoso. Non c’è bisogno di essere artisti, per l’uovo al tegamino perfetto. Basta la consapevolezza di trovarsi davanti all’equilibrio che crea la vita e che, in fin dei conti, regge l’universo. L’unica arte che un cuoco deve imparare è la modestia. Giorgio Giorgetti – 77 –
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Giovanni Bernuzzi Andante con bici
Il viaggio di una vita alla ricerca di verità e bellezza, narrato con amore in uno stile semplice e trasparente, libero.
Giovanni Bernuzzi
Andante con bici
A vent’anni, a Milano, il mio grande sogno era di vivere in un’isola greca con una giapponese. Trent’anni dopo la vita ha scelto per me la Sardegna, e ha scelto bene.
Giovanni Bernuzzi
Andante con bici
L’opera in copertina Demoiselle Dragonne (travail en cours octobre 2018) è di Jean-Claude Borowiak E 14,00
Grafica di Amelia Verga
Happy Hour to the Happy Few Ainas ospita una originale iniziativa editoriale. Happy Hour Edizioni è una collana edita dal 2020 da Bianca Laura Petretto e diretta dallo scrittore e poeta Giovanni Bernuzzi, che l’ha creata nel 2010. Pubblica pochi titoli all’anno prevalentemente di classici moderni e contemporanei e propone in copertina un’opera di artisti internazionali che fanno parte di Ainas. Piccoli e intensi volumi attentamente selezionati e realizzati con estrema cura, puntando sulla qualità etica ed estetica di una proposta editoriale innovativa con vocazione internazionale. I classici Happy Hour Edizioni sono disponibili in tutte le librerie e sui siti di vendita online. per consultare il catalogo: https://ainasmagazine.com/happy-hour-edizioni/
La fotografia è di Lena Peres©
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Happy Hour Edizioni
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FÉRTIL Mono Giraud
Finito di stampare nel mese di aprile 2021
ISSN 2611-5271 € 33.00
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