QUANDO A MARÉ BAIXA, AS MINHOCAS FICAM À MÃO DE SEMEAR.
PAULO ALEGRIA
Procurar a isca nas lamas de São Lourenço, do outro lado da Ponte Eiffel, é uma actividade antiga. Quando a maré baixa, as minhocas cam à mão de semear, por assim dizer. Os pescadores da Areia, pois claro, aproveitavam-nas; mas era sempre difícil dar com as melhores e a concorrência era grande. Por trás da capela corre o rio, e a linha que a cidade desenha estica-se até Santa Luzia — o que não é novidade nenhuma. E ainda bem. / Devo todavia alertar que, nos dias que correm, já é difícil comprar isca para os lados da Senhora das Areias — vá lá saber-se porquê! — e também já é difícil ver a ermida de São Lourenço rodeada de água, como acontecia com frequência quando eu era miúdo. / Não faço ideia por que carga d’água estou agora a falar nisto, mas a memória que tenho da isca vem desse singular lamaçal do Cais Novo, em Darque. A vila ca na outra margem e, ao contrário do que muitos pensam, é difícil observarmos a cidade a partir dela. Uma metáfora para os artistas que nos visitam em Dezembro, portanto: na outra margem e com a maré sempre a subir, procurando na lama isca que sgue o estro; e depois, levantando a cabeça para além da capela, ter um vislumbre de uma cidade utópica e universal, como o Kublai Khan de Calvino. Nada mais do que o modelo para a construção de um mundo aceitável (talvez até belo), levantado sobre alicerces como os da nossa ponte de ferro: os alicerces do permanente questionamento.
RAUL PEREIRA
ESGAR ACELERADO Formou-se em Pintura na Escola de Belas Artes do Porto. É dono da editora LowFly Records, onde editou nomes como Bonnie Prince Billy (Will Oldham), Jad Fair, Anomoanon, Clockwork ou US Forretas Ocultos. Assinou os argumentos das pranchas semanais de Superfuzz, no jornal BLITZ, compiladas em álbum pela Devir. Fez ilustrações, BD e design para várias publicações, entre as quais Mondo Bizarre, BLITZ, Luke, Stripburguer, Público, Vozes, Inútil ou 365 e foi presença habitual nos Guias de Ilustração Portuguesa (Bedeteca de Lisboa). Mentor da revista CRU (e do já extinto serviço de BD via e-mail CRU online) foi, também, um dos criadores dos Estúdios ArtVortex. Produziu capas de discos (para editoras de vários países), cartazes, serigra a e pintura. Expôs na Cooperativa Árvore, FNAC, Artes em Partes, Maus Hábitos, Carbono, Plastic, Galeria Zé dos Bois, Salão de BD do Porto, Fantasporto, Festival Intercéltico, Festival de Jazz do Porto, Maison des Arts de Laval, Livraria Index, Livraria Arquivo e Festival de BD da Amadora. Está representado em colecções privadas em Portugal, Nova Zelândia, Estados Unidos, Canadá, Holanda, Japão, Alemanha, Reino Unido e França.
LUÍS SILVA Luís Silva é um ilustrador e artista plástico, natural de Viana do Castelo, com formação em Design Grá co e Ilustração pela Universidade de Hertfordshire, Inglaterra. Actualmente vive em Lisboa, Portugal, onde trabalha como freelancer procurando, sempre, novas exibições, comissões e colaborações. É, também, um amante das tatuagens e entusiasta de design, tanto de produto como industrial, sendo tal resultado da sua área de estudos antecedente. Os seus trabalhos alicerçam-se fortemente no mundo da tatuagem tradicional, tendendo ultimamente também para temáticas exóticas inspiradas na arte indiana e oriental. No seu percurso artístico passou várias vezes por Ponte de Lima e Viana do Castelo, com participações em edições do Mercado das Artes e no projecto Inauguro.
MARIANA BARROTE Nasceu em Fão e viveu em Viana do Castelo a sua juventude. Licenciada em Artes Plásticas pela Faculdade de Belas-Artes do Porto. Tem exposto em Portugal, mas também em França e Bruxelas, tanto em colectivo como individualmente. Esteve como artista residente em residências artísticas (Azores Combo Art Camp, São Miguel; Bienal de Amares 2015 e Carpe-Diem, em Lisboa). Tem uma obra no Museu Municipal de Aveiro, adquirida como 1º prémio do concurso Aveiro jovens criadores. Membro do colectivo grá co Chapa Azul, que promove a obra grá ca através de o cinas e também de residências artísticas.
MARIANA MALHÃO Mariana Margarida Malhão é natural de Coimbra. Licenciou-se recentemente (2016) em Design de Comunicação pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade Porto, cidade onde vive actualmente. Apesar deste curso, o seu trabalho pessoal foca-se no desenho e na produção de objectos 3D, tentando criar um paralelismo entre eles. Representa um universo colorido e um imaginário para crianças e adultos.
PAULO ANSIÃES MONTEIRO Paulo Ansiães Monteiro (PAM) nasceu em Barcelos, mas viveu sempre no Porto. O desenho é a sua ferramenta de eleição: faz a imagem dos concertos de “Bruta”, edita publicações de autor e livros de artista (ex: “Livro-te”, “Errata”). Formou-se em Desenho na ESAP, em Design de Moda e frequentou 3 anos de Direito em Coimbra. Leccionou ainda Desenho na Academia de Moda, Artes e Técnicas, no Porto.
PAULO BARROS Paulo Barros nasceu em Paris, em 1973, e actualmente está a desenvolver uma o cina sobre as técnicas de impressão, na cidade de Viana do Castelo. Concluiu o Mestrado em Desenho e Técnicas de Impressão na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto em 2011 e a Licenciatura em Design e Tecnologias Grá cas na Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha em 2001.
DYLAN SILVA Dylan Simões Silva reside na Marinha Grande, mas é natural da Suíça. Estuda Artes Plásticas na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, na área de Multimédia. Desde cedo que produz peças em aguarela e acrílico. Recentemente, tem continuado este processo de produção com temáticas mais distorcidas (distorção da realidade), sobretudo associadas ao corpo humano e ao rosto.
CLARA NÃO Clara Não, licenciada em Design de Comunicação, é uma ilustradora e escritora, que navega entre dois mundos: o nosso e o dela. Traz consigo elefantes cor-de-rosa e frases estúpidas. Desde 2012 que participa e realiza exposições. Além disso, tem fanzines à venda em diversos locais, como Ó! Galeria, Circus Network, Monstruário Projéctil e House of Illustration. Actualmente, trabalha em projectos pessoais, é freelancer, organiza eventos e estuda Desenho e Técnicas de Impressão — Mestrado na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Foi na mesma instituição que se licenciou, em 2015, tendo-se especializado em Ilustração na Holanda, na Willem de Kooning Academie (em regime Erasmus).
OFI ATALAIA A o cina Atalaia é uma pequena o cina de serigra a artística e artesanal, fundada por Rodrigo Neto, cujo objectivo é a contrafacção de dinheiro e a publicação de poesia. Por lá prestam-se serviços de impressão sobre papel, sobre madeira, sobre tecido, sobre o que o diabo se lembrar.
OFICINA ARARA Fundada em 2010 por um grupo de artistas, designers e um engenheiro, é um estúdio de artes grá cas equipado para trabalhar em serigra a. É projectado como um espaço autónomo e aberto de experimentação em torno da produção de cartazes, livros e outras criações, tentando estabelecer uma relação directa, contínua e ininterrupta entre o acto de desenhar e a impressão de múltiplos. Actualmente, fazem parte do bando: Miguel Carneiro, Bruno Borges, Dayana Lucas, Pedro Nora, Luís Silva, Daniela Duarte e João Alves.
PÉ DE MOSCA Pedro Sim explora técnicas de gravura e diferentes métodos de carimbagem, num extenso vocabulário de formas que lhe abriu espaço à realização de narrativas poético-grá cas em constantes combinações. Colaborou, enquanto membro da cooperativa de artes grá cas “Pé de Mosca”, na criação de livros de edição limitada — como a colecção “O Rato da Europa”, que produziu livros personalizados, em estreita colaboração com escritores e artistas — e participou ainda em exposições e mercados de edições independentes.
PUDIM STUDIO Atelier e Galeria: os ingredientes que compõem a sobremesa mais deliciosa da cidade do Porto. O Pudim Studio saiu do forno em 2015, com a intenção de aplicar a criatividade e competências dos seus fundadores, dentro das áreas da Animação, Ilustração e Artes Plásticas. Em Atelier desenvolvemos receitas de interacção com o cliente, enquanto equipa de trabalho, e expositores na área de Galeria para divulgar o talento de jovens artistas. Colectivo constituído por Carmena, Daniel Roque e Raquel Sem Interesse.
CAL A CAL, Comunidade Artística Limiana, é uma associação sem ns lucrativos, de carácter cultural e artístico, criada a partir de uma iniciativa privada, que pretende intervir no município de Ponte de Lima. Esta associação propõe-se a contribuir para o desenvolvimento cultural e artístico da vila, onde há ainda uma signi cativa carência, no que diz respeito ao acesso que a população tem a conteúdos e eventos, nestas áreas especí cas. Sendo assim, face à necessidade e vontade que este grupo de pessoas apresenta, em desempenhar um papel mais pró-activo, na melhoria da qualidade de vida da sua comunidade, surge uma união de forças em forma de associação, que visa desenvolver as suas actividades em prol de Ponte de Lima e dos seus habitantes.
OBJECTOS MISTURADOS A Objectos Misturados nasceu em 2008 e foi criada pela Susana Jaques e pelo Helder Dias. O ponto de partida era a partilha de um conjunto de interesses comuns, que tocavam áreas como o design, a criação de peças de autor, o desenho e a ilustração. Em Novembro de 2010 abrimos um espaço físico, que acaba por re ectir esta diversidade. Reunimos no mesmo local o nosso atelier, uma galeria, uma loja que comercializa as nossas criações, objectos misturados por outros autores e algumas marcas com que nos identi camos. No futuro próximo, queremos expandir a nossa actividade e ter uma componente do nosso trabalho centrada na investigação e no desenvolvimento. Interessa-nos particularmente a utilização de processos generativos, aliados a sistemas de fabricação.
FLANZINE Quando o projecto FLANZINE teve início, em Maio de 2013, tinha tudo para correr mal mas, contrariando as leis de Murphy e Keynes, a revista acabou por se materializar. Uma revista inspirada nos velhos fanzines, idealizada no Facebook, por dois amigos virtuais, João Pedro Azul e Luis Olival, unidos na ressaca de uma geração que resiste, sobrevivendo através de humor negro. Com alguma ousadia, foram contagiando um conjunto de autores e artistas de diferentes quadrantes e linguagens que se foram juntando à FLANmília (literatura, ilustração, cinema, música, fotogra a, poesia, teatro). Desde o conceito retro proposto por Filipa Campos, passando pelas mãos de Alex Gozblau, agora é a dupla Lina & Nando quem concebe o design da Flanzine.
OLD JERUSALEM O projecto Old Jerusalem iniciou actividade em meados de 2001, tendo gravado um registo de apresentação em Dezembro desse ano, em conjunto com os Alla Polacca (a demo Old & Alla). Este registo de estreia do projecto marca também o início da actividade pública de Francisco Silva – o mentor da banda – enquanto escritor de canções. Depois de alguns concertos e de participações em várias compilações, o projecto Old Jerusalem lançou em Janeiro de 2003 o álbum de estreia, “April”, produzido por Paulo Miranda e editado pela Bor Land. Desde aí, Old Jerusalem tem mantido um nível de actividade regular entre concertos, edição de novos registos – “Twice the humbling sun” (2005), o split-EP “Splitted” (2006) em conjunto com Puny e Bruno Duarte, “The temple bell” (2007) e, mais recentemente “Two birds blessing” (2009) – e colaborações com outros artistas, não só como músico/intérprete (The Unplayable Sofa Guitar, Green Machine, The Neon Road, entre outros), mas também como autor, tendo desenvolvido, a este título, trabalho com artistas tão diversos quanto Carlos Bica, Bernardo Sassetti, Alla Polacca, Mandrágora ou Kubik.
OSSO VAIDOSO Ana Deus e Alexandre Soares começaram as suas colaborações musicais nos Três Tristes Tigres. Para trás caram os GNR e os Ban. Osso Vaidoso foi o nome sob o qual voltaram a trabalhar, em 2010. Editaram “Animal”, em 2011, pela Optimus discos. Canções simples de guitarra e voz com poemas de vários autores, como Alberto Pimenta, Regina Guimarães e Valter Hugo Mãe. Depois de 5 anos de vários projectos a solo ou com outros músicos, voltam a editar em conjunto. “Miopia” é um disco mais trabalhado e sónico, com vários instrumentos, gravados pelo próprio Alexandre, mas que ao vivo, vai ter a colaboração do antigo colega dos Tigres, João Pedro Coimbra. As canções têm poemas de Natália Correia, Gastão Cruz, Jorge Luís Borges, Jesus Lizano, Sá de Miranda, Nicolau Tolentino e Rainer Maria Rilke.
16 17 18 DEZ 2016
VIANA DO CASTELO ANTIGOS PAÇOS DO CONCELHO