OUTUBRO 2016 • NÚMERO 29 • ANO 04 • R$ 15
E agora? Reforma no Ensino Médio e no modelo do Enem gera incertezas sobre os novos rumos da Educação no País
Educação Emocional interpretar os sentimentos melhora a aprendizagem
Exercite o cérebro! Os múltiplos Benefícios de aprender idiomas
Outubro Rosa
Histórias de mulheres que enfrentaram o câncer de mama e se reencontraram
Ciência e doença
Novas tecnologias são aliadas da medicina no diagnostico e na cura
ENTREVISTA JOÃO CARLOS NASCIMENTO_O LIBERAL
“NUNCA DEIXEI DE ME EMOCIONAR” Ginecologista, obstetra e especialista em reprodução humana, Fernando Brandão Campos fala de sua paixão de 40 anos pelo nascimento da vida REPORTAGEM: Karina
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ernando Brandão Campos foi a primeira pessoa com quem tive contato na vida. Afinal, ele foi o médico que realizou o meu parto, há 25 anos. E não hesitou em reafirmar o fato, com orgulho, quando contei que era filha de sua paciente. Mas não é apenas do meu caso que ele se lembra com carinho, mas de todos os partos e crianças que ele trouxe ao mundo, seja como obstetra ou por meio da reprodução humana em laboratório. Seu apego pelos pacientes é visível, basta olhar seu
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consultório decorado com as fotos de recém-nascidos que vieram à luz por suas mãos. Campos não é natural de Americana. Ele nasceu em 27 de janeiro de 1948, na capital Aracaju, no Sergipe. Graduou-se em Medicina pela UFS (Universidade Federal do Sergipe) aos 23 anos. Mudou-se ao Rio de Janeiro para fazer residência, onde conheceu sua primeira esposa, já falecida, que era americanense. Por isso, veio para o interior, em 1975. Novamente casado, com quatro filhos e cinco netas, ele
segue especializando-se. “Estou sempre estudando, assim como todos que fazem Medicina, senão fico desatualizado”, justificou. E o fascínio pela profissão, mesmo depois de quatro décadas de trabalho, continua o mesmo. Muitos bebês que ele colocou no mundo cresceram e hoje o procuram com o desejo de ter filhos. E do outro lado da mesa encontram um homem de voz mansa e sorriso fácil, que desperta a confiança necessária para seguirem em direção ao sonho da maternidade/paternidade.
Quando surgiu seu interesse pela Medicina? FERNANDO BRANDÃO CAMPOS É um sonho de garoto, desde os 15 anos. A vontade de cuidar das pessoas sempre foi um desejo meu. Naturalmente, o médico tem este dom do cuidado. Se você não tem este dom, não fará Medicina. Na família não havia nenhum médico e eu tinha de entrar em uma universidade federal, porque meu pai não podia pagar meus estudos. Ele era um bancário, com quatro filhos, de classe média baixa. Foi difícil, por isso sempre dei aulas à noite, em cursos pré-vestibulares, para comprar meus livros, os quais conservo até hoje!
de três a cinco dias transfi ro o embrião do laboratório para o útero. Após 12 dias, esperamos o teste, e ficamos com os dedos cruzados, pedindo a Deus. Quando dá positivo, é aquela satisfação da mulher ficar grávida.
Como surgiu o interesse em especializar-se em ginecologia? CAMPOS Eu tinha um vizinho que era ginecologista, e que era muito amigo meu. Ele me incentivou a fazer ginecologia, pois me levava para ajudá-lo nas suas cirurgias, nos partos, desde o terceiro ano da faculdade. A obstetrícia é a mais cativante de todas as áreas, porque você é responsável por duas vidas: a mãe e o bebê. Sempre me emocionava muito com o nascimento da criança, principalmente nos partos normais. Nunca deixei de me emocionar. Hoje, já não faço mais partos.
Qual foi o fato mais emocionante da sua vida? CAMPOS Foi um testemunho de fé. Não sou da área de mastologia, mas pude acompanhar de perto uma senhora que estava com câncer de mama em fase terminal. Ela era sozinha, trabalhou por muitos anos como faxineira em um banco, por isso eu era o único que cuidava dela, que ficava internada direto no hospital. Todo dia a via piorando, mas ela me recebia com um sorriso. Ficava morto de vergonha, porque eu ia triste visitá-la, e ela me incentivava na fé, mesmo morrendo, só ‘pele e osso’, com o câncer em um estágio
De uns anos para cá, você passou a se dedicar a área de Reprodução Humana? CAMPOS É algo que completou meu ciclo. Faço a fertilização, o que ainda não havia em Americana. Em 2004, parei para fazer pós-graduação em Ribeirão Preto, depois outra em Santo André, e comecei a atuar. Preparo o bebê antes de colocá-lo no útero. Retiro o óvulo, fertilizo-o com o espermatozoide, depois
Fez o parto de algum dos seus quatro filhos? CAMPOS Fiz dos dois primeiros, um no Rio, e outro em Aracaju. E este último já foi outro médico quem fez. E também fi z o parto de duas netas minhas. O parto sempre emociona, para a mãe, o pai, e o médico também. E também hoje, quando você coloca o embriãozinho dentro do útero também é emocionante.
A vontade de cuidar das pessoas sempre foi um desejo meu. Naturalmente, o médico tem este dom do cuidado. Se você não tem este dom, não fará Medicina
que cheirava mal. Ela me dizia ‘estou muito feliz por estar mais próxima de Deus do que você imagina, e logo vou encontrar com ele’. Isso me tocou, e aconteceu há muitos anos. Conto este caso em todas as minhas reuniões, principalmente quando a pessoa está envolvida em um sofrimento maior, porque é necessário ter fé. Não somos donos da vida. Você vê diferenças no interesse das mulheres engravidarem, em comparação ao passado? CAMPOS A dificuldade das mulheres engravidarem aumentou, porque hoje os casamentos são mais tardios. Por exigência do mercado, da sociedade, todo mundo procura ficar independente fi nanceiramente, ter sua casa, e depois procura ter filhos. E quando passa dos 35 anos já existe uma dificuldade para engravidar só pelo fator idade. Aí elas nos procuram para tratarmos. Cuido das mais idosas, como das mais jovens que têm dificuldades também. Além da Medicina, como você aproveita o tempo livre? CAMPOS Meu hobby são os livros, tenho loucura por livros! Lá em casa tem um quarto inteiro, com todas as paredes com prateleiras de livros, de todos tipos: Medicina, literatura antiga, moderna, gosto de tudo! Gosto de estudar, sempre gostei, esta é minha paixão. Hoje há muita facilidade para pegar os artigos de Medicina pela internet. Sempre procuro me atualizar. Também gosto muito de andar na praia, aos fi nais de semana, quando dá, vou para minha ‘casinha’ na praia. Tenho ‘loucura’ por Americana, mas minha grande dificuldade de morar aqui é pelo fato de não ter praia! REVISTA L | OUTUBRO
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DA EDITORA
Reformar vidas...
76 | depoimentos Mulheres que venceram a batalha contra o câncer de mama contam como a doença mudou o modo de olhar a vida 06 | ENTREVISTA O ginecologista Fernando Brandão Campos compartilha a sua paixão e emoção pelo nascimento da vida
60 | MODA ECOLÓGICA O “faça você mesmo” está entre as maiores tendências fashion em tempos de crise
12 | PRESENTES Brinquedos que mexem com os cinco sentidos são a proposta para estimular criatividade e imaginação
68 | BELEZA Lentes de contato ou facetas? Conheça as diferenças e as vantagens de cada técnica
22 | ESPECIAL EDUCAÇÃO Os benefícios da educação emocional e a migração dos cursos extracurriculares para a grade
72 | outubro rosa Os avanços da ciência a favor do diagnóstico precoce e da eficácia do tratamento do câncer de mama
28 | ENEM 18 ANOS Mudanças na forma de avaliar o desempenho e a reforma do Ensino Médio estão em pauta
78 | ESTÉTICA A ditadura da beleza faz dobrar o número de adolescentes nos consultórios de cirurgia plástica
Empresa Editora O LIBERAL Ltda Rua Tamoio, 875, Santa Catarina, Americana/SP, CEP 13466-250, PABX 19 3471-0300
A reforma do Ensino Médio e do Enem, que em 2016 atinge a maioridade ao completar 18 anos, é mais que uma simples questão de revisar conteúdo. As mudanças a serem colocadas em discussão, envolvendo gestores, entidades do setor e profissionais da área, podem significar a transformação de vidas, apontando para um futuro mais justo e igualitário por meio da qualificação de mão de obra especializada nos mais diversos setores. A educação é o caminho para a formação de cidadãos conscientes de seus direitos e deveres. E o acesso ao Ensino Superior é condição “sine qua non” para essa nova realidade social que se desenha. Mas, enquanto as mudanças permanecem no centro dos debates, as escolas criam estratégias para propagar conhecimentos, estimulando o aluno a ser o agente do próprio processo de aprendizagem e da sua evolução enquanto indivíduo exclusivo em um mundo globalizado. E você, o que pensa sobre os novos rumos do ensino no Brasil?
Revista L Esta é uma publicação especial do GRUPO LIBERAL Outubro 2016 • Número 29 • Ano 04
Presidente Jocelyna Medon Bianco Diretora Financeira Luciana Medon Bianco lucianabianco@liberal.com.br Diretor Comercial Edison Antonio Carone carone@liberal.com.br Diretora Industrial Juliana Medon Bianco Giuliani julianagiuliani@liberal.com.br Gerente de Publicidade Alexandro Cesar Polido polido@liberal.com.br Diretor de Arte Luis Fernando Bianco Giuliani luis@liberal.com.br Editora Leslie Cia Silveira leslie@liberal.com.br Designers Fabiana Pizzo, Fábio B. Natali e Thomaz Fortunato Neto Tratamento de imagem Reginaldo Arruda e Silvio de Oliveira Capa Projetado por Freepik Departamento Comercial 19 3471-0310 comercial@liberal.com.br Sucursal São Paulo Praça Dom José Gaspar, 76, Conjunto 65166, Centro, São Paulo, (11) 3259-6051, oliberalsp@liberal.com.br Impressão Gráfica Paineiras
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ESTIMULANDO OS SENTIDOS No mês dedicado às crianças, a Revista L mostra que alguns brinquedos e presentes podem ajudar no desenvolvimento dos pequenos o ano todo REPORTAGEM: Danilo
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ser humano possui cinco sentidos – audição, olfato, paladar, tato e visão. É através deles que percebemos o mundo ao nosso redor e nos comunicamos com a sociedade. Na infância, são esses
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mesmos sentidos os responsáveis por descobertas de sensações aos bebês e crianças, tão importantes no seu desenvolvimento. A visão, por exemplo, é aguçada com brinquedos de cores fortes. Já o tato, por sua vez, é influenciado pelo
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1 Para a criança aprender a reconhecer os sons que os bichos emitem a dica é o brinquedo “Animais Selvagens” [Capitão Brinquedos] 2 Instrumentos como o tambor e o pandeiro podem criar um interesse pela música [Baú do Brinquedo] 3 Para os pequenos, os chamados “livros sonoros” são pura diversão [Baú do Brinquedo] 4 A música é um estímulo importante para desenvolver a criatividade e a percepção da criançada [Capitão Brinquedos]
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tamanho, forma e material do que o brinquedo é feito. A mesma lógica vale para itens que emitem sons. Até mesmo o paladar e o olfato podem ser estimulados a partir de brincadeiras simples. Confi ra algumas dicas.
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OLFATO
5 Bolas podem ser usadas em diversas brincadeiras e modalidades esportivas [Penedo Sports]
9 Nada melhor do que aquele cheirinho de pizza assando; a criança pode participar e brincar com esse “kit chef” [Baú do Brinquedo]
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6 Para quem gosta de jogar como goleiro, as luvas são boa pedida [Penedo Sports]
10 Que delícia o cheiro de terra molhada: a horta também pode ser divertida [Baú do Brinquedo]
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7 Blocos são sempre uma ótima opção e, para os pequenos, os blocos de tecido são uma novidade [Baú do Brinquedo] 8 Destinado aos pequeninos, esse quebra-cabeça dos bichos é ideal para ajudar no desenvolvimento motor [Baú do Brinquedo]
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PALADAR 11 ”Torta na Cara” é um brinquedo divertido e saboroso que usa cremes bem docinhos para lambuzar [Zanini] 12 Cestas com guloseimas e brinquedos agradam tanto os meninos quanto as meninas [Bate Coração]
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13 “Boneca Baby Alive - lanchinhos divertidos” ajuda a entender a importância da alimentação [Zanini]
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14 Para as meninas, joias deixam o visual ainda mais bonito [Madame Madu] 15 O teatro de fantoches mexe, também, com o imaginário dos pequenos [Baú do Brinquedo] 16 Para jogar ping-pong, é necessário agilidade nos olhos e nas mãos [Penedo Sports] 17 Brincos banhados a ouro ou semijoias ajudam a compor o look das meninas [Madame Madu] 18 A luminária de blocos vai deixar o quarto da criança ainda mais bonito [Imaginarium]
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MERCADO DA BELEZA: APRENDIZADO CONSTANTE Publicitário por formação, o empresário Carlos Alexandre Scanholato Lopes encontrou no mercado da beleza a realização profissional MARCELO ROCHA_O LIBERAL
REPORTAGEM: Danilo
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empresário Carlos Alexandre Scanholato Lopes entrou no mercado da beleza e estética por acaso. Formado em Publicidade e Propaganda, especializado em Marketing e em redação publicitária, ele não imaginava “migrar” de área e sair da comunicação, de que ele sempre gostou. “Foi por acaso que acabei mudando de área, não conhecia nada [de estética]”, lembrou ele, num bate-papo com a Revista L. Desde janeiro, ele coordena a Vie Privilège Clinique, criada em parceria com Amarilho Júnior, médico pós-graduado em dermatologia. A clínica busca unir, em um único espaço, uma série de procedimentos, como dermatologia médica e estética, massoterapia e nutrição. A história de empreendedo16
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rismo de Scanholato começou há mais de nove anos, quando ele resolveu abrir uma papelaria em Americana, junto com seu tio. “Eu estava fora do Brasil estudando Publicidade e Propaganda. Fiquei um ano e meio prestando assessoria para empresas, mas eu sempre quis ter uma papelaria”. Depois de algum tempo, ele acabou vendendo a empresa e se viu num momento delicado: voltar à assessoria ou tentar algo novo? “Nesse momento, recebi uma proposta para montar a AmericanFisio”, revelou o empresário. A empresa de representação de equipamentos hospitalares e estéticos deu certo e, pouco tempo depois, começou também a distribuir esses equipamentos, vendendo-os pela internet. “Mas meu sócio ficou doente e veio a
falecer dois anos depois, então, foi um momento que eu tinha que decidir o que fazer. Resolvi me especializar no assunto e fui estudar eletroterapia”, contou. O que começou por acaso, no entanto, acabou virando paixão. A parceria com Amarilho veio dessa época, revelou Scanholato, bem antes da inauguração da Vie Privilège. “Amarilho foi meu consultor nessa empresa e começamos, no meio do ano passado, a conversar sobre montar uma clínica. Eu queria ter uma clínica, mas era complicado porque eu não tinha conhecimento nessa área. Eu precisava de alguém em quem eu confiasse. Então, conversamos e decidimos montar esse espaço. Foi muito rápido, em 45 dias já tínhamos a Vie Privilège”, relembrou.
EMPREEND ED O R
Mercado aquecido Muito tem se falado em crise econômica no Brasil nos últimos anos. O mercado da beleza também passou por dificuldades e fechou 2015 com uma queda de 6% no seu faturamento. No entanto, essa foi a primeira queda em 23 anos seguidos, o que mostra a força do setor. “Tivemos uma pequena queda, mas as baixas nesse setor são quase imperceptíveis”, apontou o empresário. As projeções, entretanto, são as melhores possíveis. “Prevemos crescimento para esse ano e o próximo. A projeção é chegar em 2017 com crescimento de 40% a 50% nos atendimentos. O próprio mercado também prevê aumento, afinal, cada vez mais pessoas querem ficar bonitas, mais magras e mais jovens, então a procura é grande, tanto de homens quanto mulheres”. Os homens, aliás, são quase 50% dos atendimentos realizados na Vie Privilège Clinique. E isso não é exclusividade de Americana. Eles são responsáveis por cerca de 30% do movimento do mercado de estética e beleza, segundo estudo da Associação Brasileira de Clínicas e Spas. Além disso, produtos voltados especialmente para eles movimentaram cerca de US$ 5 bilhões em 2015, segundo a empresa de pesquisa Euromonitor International. É uma alta de 7,1% na comparação a 2014, quando as compras destes produtos somaram US$ 4,7 bilhões. JOÃO CARLOS NASCIMENTO_O LIBERAL
Vie Privilège Clinique investe em equipamentos de última geração
DICAS PARA EMPREENDER A pedido da Revista L, Carlos Alexandre Scanholato Lopes deu algumas dicas para quem quer se tornar empresário e começar seu próprio negócio: Entenda o seu negócio “É mais fácil você esperar seis meses para começar, mas saber de tudo o que está fazendo. E não é só conhecimento técnico, é conhecimento de mercado mesmo, o que de diferente você pode fazer. Se você ficar seis meses sem novidade, o mercado te engole”. Planejamento é a chave “É preciso criar uma linha do tempo com aquilo que você vai fazer no curto, médio e longo prazos. Hoje, se analisarmos as estatísticas, 80% das empresas morrem antes de completar cinco anos, e teoricamente, elas só ficam saudáveis, dando estabilidade, depois do quinto ano. Elas nascem e morrem, muitas vezes, por falta de planejamento”.
FRio na barriga Trocar a comunicação pela beleza não estava nos planos de Scanholato, mas ele acabou se adequando e, hoje, se diz feliz com a decisão. “Assusta bastante no começo, é como se começasse do zero. Gosto de comunicação, até achei que ia ficar muito tempo nisso, mas eu sempre quis ter outra coisa. Nunca me interessei por Medicina e brincava que esse seria o último curso que eu faria, mas hoje mudei de ideia. Se eu tivesse meus 16 ou 17 anos, estudaria para fazer Medicina”, disse. Realizar o sonho da clínica própria, no entanto, não foi fácil. “O mais complexo foi a parte burocrática da área da saúde, você precisa aprender a lidar com ela”, comentou. Apesar das dificuldades, o empresário vê um cenário positivo para quem quer empreender. “O simples fato de começar algo novo é muito interessante. O público sempre tem seu interesse pelas novidades, você tem mais gás e mais vontade de ver seu sonho sendo transformado em realidade. Acho que tem uma crise muito mais política do que econômica, mas tem que começar com os pés no chão, dando um passo de cada vez”. REVISTA L | OUTUBRO
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EDUCAÇÃO EMOCIONAL GANHA ESPAÇO Além das disciplinas tradicionais, professores também ajudam crianças e adolescentes a superar emoções e sentimentos em momentos de conflito REPORTAGEM: Danilo
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escobrir e lidar com sentimentos e emoções pode ser um processo complicado. Justamente para ajudar crianças e adolescentes a passar por esse momento, as escolas da RPT (Região do Polo Têxtil) apostam em um tipo de ensino que vem ganhando força na sociedade: a educação emocional. Através dela, busca-se formar um cidadão com maior poder de decisão, facilitando o aprendizado cognitivo das disciplinas mais tradicionais. A educação emocional tem por objetivo a compreensão dos sentimentos negativos e da formação de um repertório para que a criança possa lidar o mais adequadamente possível com eles. Especialistas são unânimes em dizer que o estímulo à inteligência emocional desde cedo tem um papel importante na criação do indivíduo, encorajando os jovens a lidar com seus sentimentos de forma construtiva. “A própria nomenclatura já diz, é a educação das emoções. Sentimos tristeza, medo, insegurança, frustração, satisfação, tudo isso faz parte do ser humano, a questão é como a criança vai lidar com isso”, explica Érica Resende Nogueira de Araújo, coordenadora pedagógica do Ensino Infantil do colégio Anglo Cezanne. Wilcelena Salati Siqueira, orientadora educacional do colégio Dom Bosco, diz que a criança precisa ter controle emocional na hora de resolver um conflito e que isso só é possível se for trabalhado o que ela está sentindo no momento. “Eu posso sentir raiva, por exemplo, mas o que eu faço com ela é o que eu preciso aprender”, reforça a especialista. O MEC (Ministério da Educação) admite a importância de trabalhar esses aspectos. “Habilidades emocionais podem ser ensinadas e as escolas que investem nisso registram melhores notas e menos agressividade em seus alunos”, diz Joshua Freedman, diretor da organização Six Seconds, uma das mais amplas redes de profissionais e pesquisadores de Inteligência Emocional no mundo.
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Sem ‘separação’ De acordo com Érica Resende Nogueira de Araújo, coordenadora pedagógica do Ensino Infantil do colégio Anglo Cezanne, não é possível separar a educação cognitiva (ligada a construção do conhecimento, do pensamento crítico e reflexivo) da emocional. “O ser humano é biopsicossocial, ou seja, ele é conhecimento, mas é também emoção, tudo em meio a uma convivência em sociedade”, apontou. Segundo ela, um dos desafios dos profissionais da educação é criar uma empatia entre estudante e professor. “Não dá para separar o que é conteúdo de aula do emocional, pois um afeta o outro. Quando você cria esse vínculo, consegue estar próximo desse aluno. Assim, é possível êxito nas outras competências que ele tem de desenvolver”. Uma criança que confia em seu professor, por exemplo, pode absorver determinada disciplina de maneira mais ampla, garantiu a coordenadora.
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ESTABELECER LIMITES Principalmente na primeira infância, os alunos ainda são egocêntricos em suas atitudes, buscando realizar tarefas, escolher brincadeiras e utilizar diferentes objetos pensando apenas em si mesmos. Na escola, entretanto, encontram uma grande diversidade de opiniões e vontades que divergem das suas preferências, o que pode ocasionar o surgimento de conflitos em sala de aula. Para isso, segundo Érica Resende Nogueira de Araújo, coordenadora pedagógica do Ensino Infantil do colégio Anglo Cezanne, é importante impor limites. “Içami Tiba já dizia que ‘quem ama educa’, e a gente precisa educar e ser educado em todos os sentidos”, aponta. “Muitas crianças se opõem, fazem birra, quando suas vontades não são sanadas e os pais ou professores dizem ‘não’. Por isso a empatia é importante. Quando você está mais próxima da criança e disser ‘não’, ela vai entender que isso é para o bem dela. O professor quer sempre o bem dessa criança”, completa Érica. JOÃO CARLOS NASCIMENTO_O LIBERAL
Para Wilcelena Salati Siqueira , orientadora educacional do colégio Dom Bosco, apostar na educação emocional resulta em adultos mais resilientes, que conseguem conversar de maneira mais tranquila e negociar com os demais, condutas que acabam gerando uma sociedade mais ética. Porém, não se pode esperar resultados imediatos. “Esse é um processo que vai se dar ao longo do trabalho, dos anos. Os frutos disso nós não vamos colher agora, vai ser lá na frente. É um trabalho de formiguinha, uma formação contínua”, afirma Wilcelena. A coordenadora pedagógica Érica Resende Nogueira de Araújo, observa que se uma criança trilhar a infância de uma forma bem amparada, a possibilidade dela se tornar um adulto mais bem posicionado na vida é muito maior. “Ela vai saber lidar com as situações adversas e com os desafios. Se ela passa por uma insegurança na vida e os adultos tomam a decisão por ela, sendo tolhida desse processo de enfrentar essa insegurança, ela será um adolescente ou adulto mais temeroso, cheio de dúvidas até na vida profissional.” 24
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Colhendo frutos a longo prazo...
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FOTOS: DENER CHIMELI_O LIBERAL
EDUCADORES ANALISAM MUDANÇAS Profissionais da Educação comentam as prováveis alterações anunciadas pelo governo federal na aplicação do Enem e na grade curricular do Ensino Médio REPORTAGEM: Débora
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Educação no Brasil ganhou os holofotes após declarações do MEC (Ministério da Educação) sobre a necessidade de mudanças na grade curricular do Ensino Médio e na aplicação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) que, em 2016, chega à maioridade com “crise de identidade”. Aos 18 anos, o Enem levanta críticas sobre sua real função: o exame está longe de ser uma ferramenta de avaliação do ensino brasileiro – tal qual se propôs em 1998 – para se adequar aos moldes dos grandes vestibulares. “A proposta inicial do Enem era mostrar como o aluno está aprendendo, o que está sendo desenvolvido; apontar os acertos e as falhas. A partir dessa avaliação seria possível mexer nessa fase da educação básica visando a melhoria do aprendizado. Mas esse foco foi perdido”, diz a coordenadora pedagógica do Ensino Fundamental II e Médio do Colégio Cezanne, Elisania Fábia de Sousa Azanha.
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Em 2009, o Enem se tornou um dos principais meios de ingresso à universidade, passando de qualificatório para classificatório; ou seja, em vez de avaliar a qualidade do aprendizado e do ensino, exige uma lista de conteúdos por disciplinas de modo a peneirar, ao máximo, o número de candidatos (igual a um vestibular tradicional). “O Enem é hoje uma prova muito conteudista; se preocupa demais com técnica e de menos com as habilidades aprendidas
O professor é uma peça chave nesse processo que deve viabilizar as mudanças anunciadas pelos gestores do Enem, bem como no Ensino Médio, instigando o jovem a construir o conhecimento” Cláudia de Campos, coordenadora
pelo aluno na vida escolar. E nós, professores, ficamos engessados, porque não dá para fugir muito daquilo que a prova pede. O professor prepara uma aula superlegal, abre para discussão, debate e depois, tem que voltar à lousa para ensinar fórmulas e regras, porque é isso que o Enem pede”, diz Elisania. “Voltamos às aulas de 50 anos atrás. O aluno é obrigado a decorar conteúdo e isso não funciona mais”, critica. Para os educadores, o exame deve ser uma ferramenta para o ingresso no Ensino Superior, porém é necessário adequá-lo ao cotidiano dentro de sala de aula, ir além das fórmulas e avaliar outras competências. “O aluno de hoje é conectado no mundo. Ele tem acesso a todo tipo de informação, mas precisa saber como transformar isso em conhecimento. Este deve ser o foco das escolas e deveria ser também do Enem”, analisa a coordenadora do Ensino Médio do colégio Dom Bosco, Cláudia Caveagna Presotto de Campos.
aMpliar o focO de avaliação Além de mudanças na abordagem do Enem, Cláudia Caveagna Presotto de Campos , coordenadora do Ensino Médio do colégio Dom Bosco, defende a necessidade de considerar outras atividades, realizadas fora da sala de aula, para ingresso nas universidades como trabalho voluntário, desempenho nos esportes, participação e títulos em olimpíadas do conhecimento, bem como o histórico escolar do candidato. “Às vezes, aquele aluno que é excelente e teve uma vida escolar brilhante, por nervosismo ou ansiedade, acaba não passando na prova. É preciso avaliar e valorizar o todo, não só o dia do exame”, ressalta.
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CONTEÚDO Elisania Fábia de Sousa Azanha , coordenadora pedagógica do Colégio Cezanne, chama a atenção para a quantidade de questões do Enem. “Mudar a forma de avaliação aumentaria o acesso ao Ensino Superior. A prova poderia ser mais enxuta e as questões interdisciplinares. Hoje são 180 questões, com enunciados enormes, para serem resolvidas em um final de semana, além da redação. O Enem é uma prova de resistência e, desse modo, ele não é capaz de avaliar de fato o aprendizado”, critica Elisania. A presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), Maria Inês Fini, admite que o Enem é um “seletor” para o Ensino Superior, porém terá sua estrutura alterada – acarretando em transformações no Ensino Médio.
enquanto a reforma não vem, professores criam estratégias A necessária reforma do Ensino Médio é, por enquanto, apenas uma proposta - afinal Arte, Educação Física, Sociologia e Filosofia serão ou não disciplinas obrigatórias? -, e em relação à evasão escolar: quais os caminhos para impedir que cerca de 1,3 milhão de estudantes brasileiros deixem a escola entre os 15 e 17 anos, anualmente? Enquanto essas importantes questões permanecem sem resposta, cabe ao professor transformar o conteúdo das disciplinas em algo que tenha significado para o jovem de hoje, que é hiperconectado e imediatista. “É preciso contextualizar a sua disciplina com outras áreas do conhecimento, trazer aquilo para o dia a dia dele”, fala o professor de Química, Elias Severo da Silva Júnior . “Ele precisa saber que a Química não existe só na escola, no vestibular, ela existe no cotidiano. Por exemplo, isomeria [fenômeno de dois ou mais compostos apresentarem a mesma fórmula molecular] parece algo tão distante, mas não é, ela está no xampu e no perfume que a gente usa, no vinho e nas frutas que consumimos. Se eu ficar falando só de isomeria, das regras, ninguém se interessa”, pondera. “Interdisciplinariedade é a palavra para o ensino hoje. Uma coisa puxa a outra e é importante que o professor saiba fazer essa transição, contextualizar. E aí estamos falando de atualização e cursos extras, de políticas públicas que ajudem o profissional a acompanhar esse movimento. Por isso, espero que essas mudanças previstas para o Ensino Médio venham para de fato melhorar o ensino no País e não para reduzir custos ou por desavenças políticas”, comenta Elias.
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A ARTE DE APRENDER
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Aulas extracurriculares assumem o papel de disciplina no currículo para melhorar o aprendizado; a robótica é uma das mais cativantes REPORTAGEM: Débora
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las chegaram para ficar. Música, teatro e robótica, atividades até então consideradas complementares, assumem status de disciplina nas escolas. Preencher o tempo do aluno sim, mas com qualidade! “Essas disciplinas são fundamentais para desenvolver as múltiplas consciências do aluno, fazendo a ligação com todas as áreas do conhecimento, do tradicional ao que ainda está por vir”, observa a diretora do NEI (Núcleo de Educação Integrada) da Fundação Romi, Luciana Bueno Bruscagin. “São atividades que trabalham a autonomia da criança. Ela se vê parte de um projeto, capaz de criar e dar forma às suas ideias; ela erra, acerta, ganha vivência e isso melhora sua autoestima. O ‘faça você mesmo’ mostra que ela é capaz de mudar o meio a sua volta e elas mudam. Se tornam mais engajadas na escola, em casa; têm mais iniciativa e interagem melhor com os outros”, comenta o engenheiro de automação e fundador do Little Maker, Diego Thuler. Outra vantagem é a descontração. A aula, muitas vezes, fica com cara de brincadeira. Ao aluno é permitido experimentar materiais, interagir com os colegas e participar ativamente das aulas, debatendo ideias e criando novas maneiras de se expressar e construir o saber. A avaliação do aluno acontece durante todo o processo, fi nalizando com relatórios e apresentações em equipe. Os jovens também participam do processo atribuindo nota a si e aos colegas do grupo, de acordo com a performance de cada um. “Os professores devem ser especialistas na área para que haja a construção do saber. Muitas escolas colocam um professor sem especialização e o aprendizado é superficial”, observa Luciana.
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A ROBÓTICA É.. Se há uma disciplina que se destaca entre a garotada, é a robótica. A matéria inclui conhecimento em informática, linguagem de programação e confecção de protótipos interativos ou autônomos, desde um robô a uma maquete animada ou um colete para ciclista com acionamento de luzes que indicam em qual direção ele vai. A robótica educacional desperta a curiosidade, a parte lógica (cálculos, programação, raciocínio) e criativa (criação e construção do protótipo), além de desenvolver a inteligência emocional. “Estimula o interagir com o outro para troca de ideias, o manuseio das peças, as tentativas e a satisfação do produto final. Isso faz com que os alunos se sintam capazes, realizados e parte de uma equipe que cria, executa e produz com autonomia”, destaca a diretora do NEI.
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Novos conteúdos vieram para ficar Disciplinas que passaram a integrar o currículo de algumas escolas TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação) Engloba a linguagem de programação Logo, informática e robótica. A primeira estimula a capacidade de concentração e o trabalho em grupo, desenvolve o raciocínio e a criatividade. Quanto a robótica, o foco é a autonomia e o desenvolvimento das múltiplas inteligências a partir da construção de um protótipo automatizado. Música – teoria e prática com aulas de canto e coral Além de uma forma de expressão, a música contribui para o desenvolvimento cognitivo (memória, concentração, raciocínio); estimula a autoestima, a criatividade, a consciência rítmica e estética, e ameniza as tensões Expressão Corporal Permite o contato com etnias e culturas por meio da dança, teatro e desenhos. Estimula a criatividade, a autoestima e reduz a timidez. “O adolescente é inseguro sobre seu corpo. Muitos se retraem nessa fase e isso pode atrapalhar os estudos. A expressão corporal veio para que ele se solte e possa desenvolver outras formas de se expressar”, pontua Luciana Bueno Bruscagin da Fundação Romi. Filosofia e Sociologia Promovem o debate filosófico e social a partir de temas polêmicos. Estimulam a construção de novos pensamentos, da criticidade, a percepção de mundo e o gosto pela pesquisa. “A criança não pode ter só teorias abstratas, ela precisa ser integral, olhar para si mesmo e para os outros”, explica Luciana. REVISTA L | outubro
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NOVO IDIOMA: EXERCÍCIO PARA O CÉREBRO Aprender uma nova língua melhora a concentração, amplia a percepção de mundo e torna o aprendizado mais fácil em todas as áreas do conhecimento
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prender um novo idioma traz inúmeras vantagens para o cérebro – além de contar alguns pontos no currículo. Assim como o exercício físico beneficia o corpo, o aprendizado de uma língua estrangeira mantém o cérebro ativo, melhora a concentração, a criatividade, a memória e traz autoconfiança. Uma boa notícia para o pessoal da terceira idade: contribui na prevenção de doenças degenerat iva s como Alzheimer. Os benefícios podem ser sentidos em todas as fases da vida. “É como se o nosso cérebro aprendesse a trabalhar com duas máquinas e não apenas uma como estamos acostumados, e isso influencia em tudo na vida, na percepção de mundo, na vida social. A pessoa que aprende um novo idioma tem maior poder de concentração e isso ajuda em todas as outras disciplinas e atividades que venha a desenvolver”, comenta a coordenadora pedagógica da escola bilíngue Maple Bear, Vanessa de Souza e Silva. Isso acontece porque o aprendizado estimula a atiREVISTA L | outubro
de Souza
vidade cerebral e as ligações neurais. Quanto mais complexa é a rede neural – formada pelas inúmeras conexões entre os neurônios – maior será sua capacidade de armazenamento e percepção de mundo, até porque, aquele que aprende um novo idioma, aprende também sobre a cultura por trás das palavras e sons, bem como da construção do pensamento de um povo. “É impossível ficar inerte à cultura. Quando você entra em um curso de idioma, mas não aprende a cultura que esse idioma carrega consigo, você não aprende, porque são esses ‘detalhes’ que vão ajudar a entender a língua de fato”, ressalta a professora e coordenadora pedagógica da Aware Idiomas, Ana Tomazeli. “E isso te abre um leque enorme de possibilidades de interação com o meio. Quem são as pessoas de sucesso? Aquelas que sabem se expressar, que têm eloquência de pensamentos, e aquele que domina mais de um idioma tem mais chances de atingir um número maior de pessoas, de compreender o outro. O mundo está de olho nessas pessoas”, completa.
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As fases do aprendizado O inglês é ensinado, ao longo da vida, com estímulos auditivos (conversação e música) e visuais (textos, figuras...) Infância. O lúdico está presente em todas as aulas através de jogos de memorização, quebra-cabeça, música, dança, brincadeiras que estimulam a imaginação e interação com outras crianças. A partir dos 6 anos é hora de reconhecer letras, palavras e a fonética de cada uma delas. Tem início a alfabetização do inglês. Aos 8 anos entra a gramática e a construção de frases e textos; leitura, conversação, expressão de ideias e pensamentos.
Aprendizado da linguagem e da cultura do país caminham juntos
INGLÊS ONLINE Além dos cursos tradicionais, existe a opção de estudar pela internet por meio de cursos online ou mesmo aplicativos. Outra vantagem é o contato com professores nativos através de videoaulas. Funciona da seguinte maneira: a plataforma disponibiliza uma lista com diversas aulas e horários. O aluno escolhe o assunto/tema de seu interesse de acordo com o horário que lhe for melhor. Daí basta conectar o computador, tablet ou smartphone e participar da aula que acontece ao vivo. O aluno pode interagir com o professor a qualquer momento. E além das videoaulas, tem acesso ao conteúdo teórico e atividades (corrigidas pelos professores). A ferramenta “Ask” permite tirar dúvidas sobre as tarefas a qualquer momento. “Sim é possível aprender inglês só pela internet”, afirma a diretora da escola Michigan Idiomas, Sonia Zanin Sandin. O curso online é recomendado a partir dos 14 anos porque, apesar da praticidade, exige organização e comprometimento do aluno, uma vez que o processo nos estudos depende única e exclusivamente dele.
Jovem. O que teve início aos 8 anos, continua ao longo de toda a vida, agora com textos mais complexos, exercícios com música e filmes com o intuito de ampliar o vocabulário do aluno, refinar a audição e compreender a construção da fala. Há exposição de trabalhos individuais e/ou em grupos e debates sobre assuntos diversos. Adulto. O método é semelhante ao aplicado com os jovens, a diferença aqui é para o número de alunos por turma. É comum as aulas VIPs, seja por causa de algum bloqueio pessoal (vergonha de errar, por exemplo) ou necessidade específica (negócios ou turismo). O próprio estudante imprime o ritmo da aula conforme são apresentadas suas dificuldades e facilidades. Terceira Idade. As aulas variam de VIP a turmas com dois ou mais alunos; o conteúdo é mais flexível, mesclando o lúdico da infância a temas mais específicos como negócios e viagens. O aprendizado da nova língua leva mais tempo para acontecer, mas o processo é essencial para manter o cérebro jovem e prevenir doenças degenerativas. REVISTA L | outubro
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VANTAGENS DE UMA NOVA LÍNGUA 1
Aumenta a concentração Estudar um segundo idioma traz controle emocional e é um ótimo exercício para quem tem dificuldades de concentração na escola, no trabalho...
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Desenvolve a memória Quem domina um ou mais idiomas amplia a capacidade de armazenamento do cérebro e fortalece o raciocínio, ajuda nos cálculos mentais, interpretação de texto e a ter foco.
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Melhora a saúde mental É mais uma forma de manter a mente ativa e prevenir contra doenças degenerativas como demência e Alzheimer.
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facilita A aprendizagem de outros idiomas Pessoas bilíngues tem mais facilidade para aprender uma terceira, quarta língua, isso porque desenvolvem meios próprios de melhorar seu processo de aprendizagem.
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CÉREBRO FICA MAIS ATIVO Quando se aprende uma nova língua, o cérebro é exposto a diversos estímulos sonoros, verbais e visuais, mantendo-se em plena atividade, como um campo fértil a ser preencher com outros conhecimentos.
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Habilidade de multitarefas O cérebro se torna capaz de alterar mente e físico entre uma tarefa e outra; cria maior flexibilidade cognitiva e a pessoa se torna mais receptiva a mudanças bruscas ou atividades simultâneas.
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Traz autoconfiança Dominar uma língua não é para qualquer um e quando a pessoa percebe que é capaz de se expressar em outro idioma, sua autoconfiança dá um salto, ela se sente mais segura de si e deixa de lado medos antigos.
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Amplia os horizontes Falar uma língua e conhecer toda uma cultura por trás das palavras amplia a visão de mundo do estudante de idiomas, além de estimulá-lo a vencer novos obstáculos na vida. FONTE: MIGUEL LUCAS_ESCOLAPSICOLOGIA.COM
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Qual a idade certa? Na verdade, não existe uma idade certa para aprender um segundo idioma, porém, não há dúvidas de que as crianças assimilam a nova língua muito mais rápido que jovens e adultos – a rede neural está a pleno vapor na infância. Não à toa, muitas escolas hoje sugerem a imersão total do pequeno no idioma, ou seja, da porta para dentro tudo é falado, ouvido e escrito em inglês. “Com 1 ano, 1 ano e meio de idade eles absorvem muito rápido, em questão de 30 dias eles já associaram o inglês a língua materna”, diz Vanessa de Souza e Silva , da escola bilíngue Maple Bear. E a forma como isso acontece é brincando e conversando. “As coisas que ensinamos na escola bilíngue são as mesmas que ensinam nas outras escolas. Ela vai cantar, brincar, aprender a lavar as mãozinhas tudo igualzinho às outras escolas, mas aqui ela falará e ouvirá tudo em inglês”, explica. A imersão, associada à competência do educador, contribuem para o domínio do novo idioma, livre de vícios ou sotaques. “A pronuncia do professor é fundamental nessa fase da vida. O que ela aprende na infância jamais será esquecido. Por isso, os pais devem ficar atentos à qualidade da escola e do profissional. A criança é uma ‘esponjinha’, se ela aprende a pronuncia errada agora, ela falará errado depois”, observa Ana Tomazeli da Aware Idiomas.
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SEM MEDO DO VESTIBULAR Ainda dá tempo de se preparar para os vestibulares; Revista L ouviu especialistas e traz dicas para você se dar bem nas provas REPORTAGEM: Danilo
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final do ano vai chegando e, com ele, o período mais esperado e assustador para muitos estudantes: a época dos vestibulares. Se preparar de maneira adequada para as provas é importante, já que é nessa fase da vida que o jovem decide o seu futuro profissional e a carreira a seguir. Entretanto, a pressão é tamanha que, muitas vezes, criar um plano de estudos eficaz e ter tranquilidade para assimilar os conteúdos mais importantes solicitados nas provas, pode se transformar em uma dor de cabeça. Para ajudar os vestibulandos, a Revista L ouviu diversos especialistas e reuniu dicas valiosas. Desde a realização de atividades físicas e alimentação, até manter a leitura sobre notícias do dia a dia, tudo pode afetar o desempenho do estudante no momento da prova. “Estipule regras de estudo”, aponta Eryvelton Baldin, gerente de marketing da FAM (Faculdade de Americana). “Faça uma programação diária de estudos de acordo com as suas necessidades pessoais”, completa. Além disso, é importante manter o foco. “Não é hora de ficar nas redes sociais. Organize-se para não se distrair no momento dos estudos”, salientou Baldin. Outro ponto relevante é o ambiente no qual o estudante passará boa parte do tempo estudando. Iluminação, ventilação, silêncio - ou não, dependendo do estilo de estudos de cada um, já que há pessoas que se concentram melhor ouvindo música -, são quesitos importantes. “Deixe o ambiente de estudo com boa iluminação e sempre organizado. Não deixe muitos livros e cadernos ao redor, e evite passar a madrugada estudando”, recomenda. REVISTA L | outubro
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Na hora de escolher Antes mesmo de se inscrever para as provas, o jovem precisa estar consciente da seriedade do momento de definir o curso. “Escolher uma profissão não é somente decidir o que fazer, mas principalmente, quem ser. Escolher uma ocupação é escolher um estilo de vida, um modo de viver. Raramente os adolescentes se dão conta de que essa decisão abrange muito mais que a escolha de um simples título”, explica Regiane Rossi Hilkner, coordenadora dos cursos de pós-graduação em Educação do Unisal (Centro Universitário Salesiano de São Paulo), unidade Americana. Para a especialista, é importante que o jovem conheça o local de trabalho da profissão escolhida, as atividades realizadas, a rotina e as exigências. Com base nisso, ele poderá analisar se o real corresponde às projeções. “O conhecimento, a análise e a integração de todos esses fatores é essencial para que se tome uma decisão madura e consciente. Se mesmo assim sentir-se indeciso busque a ajuda de profissionais que atuam com orientação profissional”, orienta Regiane. A família é peça fundamental nesse período da vida. “Compreendemos os desejos dos pais de almejarem uma profissão ao filho que lhe garanta realização financeira, posição, reconhecimento e projeção. No entanto, escolher uma profissão não é somente decidir quanto se vai lucrar”, ressalta. Por isso, uma dica da profissional ao aluno é que ele escolha, antes de tudo, uma atividade que lhe proporcione prazer. O sucesso na profissão virá a partir desse passo.
Corpo e mente Uma boa dica é reservar um tempo maior para as matérias em relação as quais os alunos encontram mais dificuldade de assimilação. Ler, ler e ler para manter-se atualizado nas disciplinas e cuidar bem do cérebro são imprescindíveis nesse processo de preparação. Mas é preciso também cuidar do corpo para enfrentar a maratona de provas. “Durma de sete a oito horas para estar bem-disposto no dia do vestibular. Além disso, tenha um tempo para realizar esportes. Faz bem para a saúde e tira o estresse nos dias que antecedem os exames”, destaca Eryvelton Baldin , da FAM. A atenção do estudante deve estar voltada ainda para a alimentação. O cardápio ideal para o dia da prova inclui alimentos leves, nutritivos e que sejam fontes de fibras para ajudar na sensação de saciedade. “Evite alimentos gordurosos e pesados.” REVISTA L | outubro
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Atenção à redação!
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Assim como as questões que formam as provas, a redação merece uma atenção especial por parte dos vestibulandos. Segundo João Batista Júnior , professor de redação do colégio Objetivo de Americana, a elaboração do texto exige competências e a compreensão dos estudantes sobre os mais variados assuntos. “Normalmente, a prova apresenta informações, gráficos ou até mesmo um texto para situar o aluno no contexto criado para a proposta da redação”, aponta o professor. De acordo com Júnior, o pré-requisito básico para quem quer fazer uma boa redação é a leitura. “Ler muito ajuda, já que a gente nunca sabe qual será o tema da redação. O tema nunca é divulgado justamente porque eles querem saber como o candidato está atualizado”, comenta. O especialista reforça que, na avaliação, vários pontos são analisados, desde a estrutura de texto montada pelo vestibulando até os argumentos expostos. A pedido da Revista L, o professor elencou alguns pontos importantes que devem ser trabalhados na redação do vestibular, além de apontar erros comuns a serem evitados pelo candidato: Observe a estrutura “É preciso apresentar uma estrutura muito bem elaborada, com uma dissertação em prosa, em terceira pessoa, em que o aluno exponha de forma clara e objetiva toda ideia que ele tem sobre o tema, apresentando uma tese definida, argumentos que comprovem essa visão e a proposta de intervenção.” Evite confusões “Muitos alunos confundem opinião de análise crítica. Na dissertação, ele tem que escolher um lado da tese e defendê-la, além de apresentar também soluções para ela, de forma hipotética, claro. Também é necessário prestar atenção à letra, que precisa ser legível para que o avaliador não se confunda.” Menos é mais “Os estudantes devem evitar coloquialismos, já que temos uma geração que usa muito a internet. Além disso, deixe os clichês de lado, como ‘dinheiro não traz felicidade’, ‘a pureza das crianças’ ou ‘a sabedoria dos mais velhos’, por exemplo. Isso tudo é senso comum e enfraquece o texto. A linguagem muito rebuscada também. E jamais escreva coisas como o hino do Palmeiras ou receita de macarrão, pensando que a prova não vai ser corrigida, pois ela vai ser sim.”
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ACERTE NO MOMENTO DA ESCOLHA “É necessário que o profissional não busque apenas um bom emprego com salário e benefícios, mas um trabalho que valorize o talento natural e tem mais apego à própria carreira do que à segurança e estabilidade”. A frase é da master coach Andrea Deis. Especialista em gestão de carreiras, ela defende que a escolha da profissão leve em consideração as habilidades e os talentos naturais da pessoa para que os rendimentos financeiros venham acompanhados do prazer em atuar em uma área com a qual se tem afinidade. “Com a mudança dos preceitos de vida da geração atual na era da informação, muda-se também a maneira de enxergar o emprego. Não basta um bom emprego com salário e benefícios, tem que me proporcionar prazer e reconhecimento”, observa. Ela comenta que buscar um emprego a curto prazo pode resolver um desafio, mas a médio e longo prazo não agrega valor para o profissional. “O emprego é aquele que paga as contas do dia a dia, que nem sempre tem a ver com a vocação, enquanto o trabalho está de olho na carreira, ele transcende a sobrevivência, é realizado com amor, com uma visão de legado, de referência, de futuro”. Segundo ela, quem consegue atuar na área de vocação, o faz com menos esforço se comparado com àqueles que têm de desenvolver as habilidades exigidas em determinado cargo ou função. “O talento nato reflete a paixão pelo resultado e a recompensa financeira chega naturalmente, pois a entrega é garantida. Enquanto cumprir metas traz apenas o salário no final do mês”, pondera a coach.
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FANTASIA A SERVIÇO DO SABER Profissionais falam do poder que a contação de histórias tem de encantar, transformar, educar, socializar e acalmar, principalmente os pequenos
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ão há brilho de joia que se equipare aos olhos de uma criança ao ouvir uma história. E este encantamento passa de geração a geração, por meio da contação de histórias. Entretanto, o que poucos sabem é que este caminho para a aprendizagem, que tem ganhado cada vez mais espaço na literatura infantil nos últimos anos, é um hábito que faz parte da comunicação humana muito antes do desenvolvimento da escrita, há milhares de anos. “As histórias são uma das maneiras mais significativas que a humanidade encontrou para
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REPORTAGEM: Karina
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expressar experiências que nas narrativas realistas não acontecem. Desde aqueles tempos remotos e ainda hoje, a necessidade de exprimir os sentidos da vida, buscar explicações para nossas inquietações, transmitir valores de avós para netos têm sido a força que impulsiona o ato de contar, ouvir e recontar histórias”, observam os graduandos de Pedagogia da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Minas Gerais no artigo “A Importância da Contação de História como Prática Educativa na Educação Infantil”. Ainda segundo o artigo acadêmico, a contação de histó-
rias passou a ganhar um caráter mais infantil a partir do século 18, quando as crianças deixaram de ser reconhecidas como pequenos adultos e passaram a ser tratadas como indivíduos que necessitam de cuidados diferenciados, até por conta da ascensão da burguesia. Hoje, a contação de histórias ocorre de forma profissionalizada, nas escolas, em espaços culturais, feiras e eventos literários, até em hospitais e instituições especializadas no atendimento infantil; colaborando para a formação de valores e o desenvolvimento do hábito da leitura.
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Os profissionais da área defendem que as histórias transformam. “É importante para a formação da criança. Dramatizá-las, inventálas e vivenciá-las é abrir-se para o mundo, no sentido de realização da própria experiência simbólica de conhecer a si mesmo e o outro”, enaltece Vanessa Aranha Morimoto, há 12 anos na área. Foi ouvindo Vanessa que sua prima Gabriela Guedes , decidiu especializar-se e, há uma década na profissão, ela atende mais de 200 crianças pelo projeto Gostinho de Leitura, no Parque Ecológico de Americana. “Com a contação, a criança desenvolve o lúdico, interpreta a história da sua maneira”, diz Gabriela. A veterana Bete Almeida, com mais de 20 anos de atuação, cita o incentivo à leitura. “Fiz uma contação em uma praça, onde o pai chegou com seu bebê e ficou lendo para ele. Fiquei encantada com este gesto, porque faz toda a diferença para a criança, que vai conhecer desde cedo a importância dos livros”.
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Humanização para um público especial Motivada pelo desejo de levar a contação para o máximo de ouvintes, Bete Almeida criou o projeto “Conta Outra Vez”. A partir dele, ela realiza contações em instituições voltadas ao atendimento de pessoas com necessidades especiais, em hospitais e em abrigos de idosos. “A hospitalização na infância pode se configurar em uma experiência traumática, afastando a criança da sua vida cotidiana, fazendo aflorar precocemente sentimentos de culpa, punição e medo da morte”, observa a contadora na apresentação de seu projeto. Bete entende que o lúdico é um canal direto ao “mundo da criança” e auxilia em diversos tratamentos, visando a diminuição do trauma da internação. Ela ressalta que, no caso do público infantil, é importante não deixar que este perca o direito de brincar. “O poder regenerador dos contos e seus elementos simbólicos cria uma ponte com o inconsciente, propiciando à criança conforto e consolo emocional”. Vanessa Aranha Morimoto concorda com a possibilidade de transformação da contação. “Enquanto as crianças escutam as histórias, são transportadas para o mundo da imaginação e conseguem trazer para o mundo real uma solução para os problemas que estão vivendo. Por isso, é comum as crianças pedirem para ouvir várias vezes a mesma história, para que possam abstrair cada detalhe, buscando solução e diversão para suas vidas”, exemplifica. ADONIS_DIVULGAÇÃO
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Vanessa Aranha Moremoto encanta as crianças com a contação de histórias no Parque Ecológico
Bete Almeida leva seu projeto “Conta Outra Vez” para instituições que cuidam de crianças especiais
UMA EXPERIÊNCIA MARCANTE Para a contadora de histórias Gabriela Guedes, um dos casos mais emocionantes de sua carreira aconteceu pelos caminhos da humanização. “Estava em um trabalho voluntário de contação no [Centro Infantil] Boldrini, contando a história ‘O Belo Sorriso’. Ao final, uma das crianças atendidas pelo hospital deu um sorriso, e a mãe começou a chorar. Fiquei sem reação e ela explicou que fazia mais de um mês que o seu filho não sorria”, relembra.
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LANCHEIRA: A COMPANHEIRA DO RECREIO
Bolsinha térmica As Meninas [Imaginarium - preço sob consulta]
REPORTAGEM: Débora
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Lancheira térmica Os Vingadores, acompanha pote e garrafinha [Papelaria Derli, preço sob consulta]
A linda mochilinha Barbie Rock’n Royals vem com um microfone [Zanini]
Para os maiores, bolsa térmica com dois compartimentos, disponível em três cores (fracos não acompanham) [Papelaria Derli, preço sob consulta]
Lancheira térmica Luxo Hello Kitty, acompanha frascos e talheres [Papelaria Derli, preço sob consulta]
Lancheira de um dos personagens mais famosos do universo infantil Max Steel [Zanini]
Para as menorzinhas, lancheira térmica Minnie, acompanha pote e garrafinha [Papelaria Derli, preço sob consulta]
FOTOS: DENER CHIMELI_O LIBERAL
Para abrir o apetite, vale investir nos temas infantis como super-heróis e carros para os meninos, princesas Disney e Hello Kitty às meninas. Mas além dos personagens, os pais devem estar atentos para a qualidade da lancheira; as térmicas ajudam a manter o frescor da fruta e suco, a maciez do bolinho e pãozinho caseirinho
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VOCÊ É O QUE COME! Consumir os alimentos certos ajuda a manter a saúde do corpo e da mente; aposte na linha natural e fitness, exercitando o bom hábito de ler os rótulos REPORTAGEM: Débora
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er uma alimentação saudável é essencial para uma maior qualidade de vida, isso porque, tudo o que comemos influencia no bem-estar físico e mental, e protege contra doenças infecciosas, além de contribuir para recuperação mais rápida de pacientes. Sabe aquela história do “você é o que você come”? É exatamente isso. “[A alimentação saudável] deve ser composta basicamente pelos macronutrientes [carboidratos de
baixo índice glicêmico, proteínas e gorduras] e micronutrientes [vitaminas e minerais], e ainda deve ser saborosa, colorida, nutritiva e equilibrada”, recomenda a nutricionista Camila Guimarães Pupo, da Coisas da Terra. Para atingir seu objetivo, além de saudável, a alimentação precisa atender as necessidades individuais, desde o estilo de vida (se ativa ou sedentária) a preferências pessoais. Ou seja, a pessoa que tem um estilo de vida ativo
deverá consumir porções maiores e ricas em proteína e carboidrato (no caso dos atletas) se comparada a uma pessoa sedentária. Lembrando que saudável não é sinônimo de comida cara. As oleaginosas e frutas secas saem mais em conta se compradas a granel; as hortaliças geralmente são mais baratas se adquiridas na horta. Outra dica para economizar é aproveitar os dias de promoções nos supermercados para encontrar preços mais acessíveis.
O mercado dos saudáveis
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É cada vez maior a quantidade de produtos da linha natural, light e fitness nas prateleiras dos mercados e lojas especializadas. Por outro lado, para se manterem fresquinhos até o dia de serem consumidos, é inevitável a adição de conservantes. Nesse caso, a nutricionista Camila Guimarães Pupo sugere ficar de olho nos rótulos, mais especificamente nos ingredientes que compõem cada produto. O foco deve ser primeiro na quantidade de gorduras, sódio e fibras, que é determinante da qualidade de um alimento. “Já sabemos que a quantidade de calorias de um produto não é o único determinante de qualidade. Diversos outros componentes determinam o resultado da sua saúde e emagrecimento”, diz a nutricionista. No rótulo, os ingredientes aparecem sempre na ordem decrescente de quantidade. Portanto, se procura um item integral, veja se o primeiro ingrediente é realmente a farinha integral. “Tenha atenção especial quando o açúcar e as gorduras constarem no topo da lista”, ressalta Camila.
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UPCYCLING: A REVOLUÇÃO DA MODA Roupas únicas e exclusivas com um toque pessoal: transformar peças do vestuário vira realidade na moda e propõe um mergulho criativo entre tecidos e retalhos em favor da autoestima
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REPORTAGEM: Débora
inderela agora usa vestido de brechó, reformado e com aplicação de pedrarias feitos por ela própria (ou costureira de confiança). Garimpar armários e brechós atrás de inspirações é a nova tendência da moda, batizada pelos estilistas de upcycling. O termo inglês é usado para denominar o processo de transformação de matérias “inútes” em itens de maior valor; ou seja, aquela saia que você não usa há tempos (e se recusa a se desfazer dela) pode virar um novo vestido de festa ou modelito soltinho para o Verão. O upcycling é um desafio em busca da inovação. Além de contar com uma roupa nova no armário, as chances de conseguir uma peça única e exclusiva é de 100%. “A moda tem esse papel fundamental e mara-
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vilhoso de identidade, de você se reconhecer em uma peça de roupa e isso é muito legal. Ela mexe com a autoestima então, porque não usar isso em benefício próprio?”, comenta a estilista Gabriela Mazepa, idealizadora do projeto Re-Roupa e que, recentemente, esteve no Senac Americana para falar sobre as “Novas Formas de se Pensar e Fazer Moda”. “[O upcycling] é um convite ao processo criativo. É a pessoa descosturar, abrir a peça e ver a calça se transformar em blusa e a blusa em calça ou saia. É exercitar a criatividade e experimentar combinações”, ressalta. Gabriela estudou textile na Ecole des Art Deco, na França, foi vencedora do British Council Fashion Awards representando o Brasil e é embaixadora do Fashion Revolution no Brasil.
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Re-roupa vence preconceito Roupas de “segunda mão” e retalhos dão origem a camisas, vestidos, calças e shorts nas mãos de Gabriela Mazepa . O projeto Re-Roupa, criado há sete anos, deu origem a uma grife exclusiva de roupas com venda online e ao projeto de mesmo nome junto às cooperativas da Grande São Paulo. Se ela encontra resistência? Muita! “Na Europa, usar roupas de brechó é muito comum, mas aqui no Brasil isso ainda é visto como ‘alternativo’. Entendo que essa moda não é para todo mundo, mas fico contente em ver que esse conceito tem crescido entre os jovens”, diz. A matéria-prima para seu trabalho ela encontra no chão das indústrias e nos depósitos de grandes redes varejistas. Retalhos, sobras de tecido e peças com defeito são obtidos através de doações ou adquiridos por quilo – o preço depende de cada indústria, mas a estilista garante sair bem mais em conta do que uma compra no shopping. “Sai mais barato sim e qualquer pessoa pode conseguir, mas é importante frisar que os retalhos vêm todos embolados da indústria e é preciso lavar”, comenta. MARCELO ROCHA_O LIBERAL
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FAÇA VOCÊ MESMO Em sua visita pelo Senac Americana, Gabriela deu algumas dicas de como iniciar no upcycling e sair na frente de muitos modistas e blogueiras. Confira: ROUPA Quanto mais tecido melhor! Uma saia longa pode facilmente se transformar em uma saia ou vestido de comprimento midi ou curto, uma calça, camiseta ou bata, etc. Por outro lado, uma saia menor dificilmente se tornará um vestido. A partir dela será possível criar uma blusinha, cropped, um shorts, uma faixa de cabelo – a não ser que tenha mais tecido disponível para criar uma peça maior. COMBINAÇÕES Combinar cores e estampas exige prática. Antes de passar a tesoura, sobreponha os tecidos e tente visualizar a obra por completo. Gostou? Aposte! A ideia é experimentar e abusar. CORTE Na hora de cortar a peça, certifique-se que o tecido está liso (sem dobras ou amassados). Respeite a padronagem do tecido para não dar a impressão de que a roupa está torta. Obedeça o sentido das listras. Se a estampa é geométrica ou floral, procure costurar as laterais e/ou extremidades de modo que a estampa se complete, obedecendo as devidas proporções do desenho – desse modo você evita estampas picotadas ou sem sentido na roupa nova. TECIDO Tecidos que se desfazem com facilidade devem ser cortados com uma boa margem para a costura. Essa margem dará barra (ou dobra) suficiente para fechar as extremidades da roupa. Reforce a costura. COSTURA Para quem não tem familiaridade com a agulha ou máquina de costura, a sugestão é pesquisar sobre o assunto na internet. Existem tutoriais no youtube que ensinam a costurar à mão e como usar a máquina. SEJA FELIZ Pense em peças que de fato você vai usar (mais de uma vez). Criar, mas não usar está definitivamente longe do conceito upcycling. Para entender mais dessa tendência e buscar inspirações, Gabriela sugere consultar: • Projeto Re-Roupa – http://www.reroupa.com.br • Coletivo Roupa Livre – http: www.roupalivre.com.br/coletivo • Fashion Revolution – http://fashionrevolution.org • Modefica - http://www.modefica.com.br • The True Cost – http://truecostmovie.com (documentário a respeito da política social e ambiental envolvida na moda) 62
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Entre tecidos, linhas e pedrarias... A autoestima também ganha fôlego através da descoberta de elementos que agradam e empoderam a pessoa dentro de uma determinada peça e/ou look. “O que não pode faltar em nosso guarda-roupa são peças que nos fazem sentir bem. Todo o processo de criação vai na contramão do mercado, é uma nova consciência de consumo e de si mesmo. Ele te faz prestar atenção naquilo que te faz feliz, esteja essa roupa na moda ou não”, enfatiza. E mesmo quem nunca pegou numa agulha pode se aventurar na moda, garante a estilista. “Todo mundo é capaz de imaginar uma roupa, idealizar algo que faz bem para si e que gostaria de vestir. Fazer moda de acordo com as preferências pessoais”, convida. Agora, se além de sugerir o modelo você queira, de fato, meter a mão na massa, a sugestão é pedir dicas para a vovó, se inscrever em um curso de corte e costura ou se aventurar pelos tutoriais disponíveis no youtube (sim, tem gente ensinando a costurar pela internet!). É o “faça você mesmo” voltando com força entre as fashionistas.
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Malhação colorida A moda fitness é cheia de charme e valoriza a liberdade de cores. Aliás, quanto mais vibrantes, melhor! Chegaram na Penedo Sport vários modelos para mulheres e homens que desejam fazer bonito na academia, na caminhada pela avenida ou nas aulas funcionais em pleno Jardim Botânico. Este conjunto de top e bermuda da Elite está um arraso. Tênis e acessórios esportivos também podem ser encontrados na loja. A Penedo Sport fica na Praça Basílio Rangel, 19, no calçadão de Americana. O telefone é 3461-7232.
Conjuntinho fashion Com a chegada do calor, é hora de encurtar as peças e valorizar as curvas. Este conjunto em renda e texturas permite um passeio casual, seja durante o dia ou à noite. A blusa de cava americana é uma forte tendência desta temporada. Já o short-saia é charmoso e permite liberdade ao caminhar. Estas peças da Chocoleite estavam no desfile de lançamento da loja Bela Maria Moda Feminina e dão uma demonstração de que a coleção de Verão estará concorridíssima. A Bela Maria fica na Rua Presidente Vargas, 423, Vila Medon, Americana. O telefone é o 9.9462-6000.
Acessórios na moda praia Este biquíni pink de corte diferenciado e ornamentado com acessório na tanga e top é uma das novidades da Primicia e esteve recentemente na passarela, durante o lançamento da nova coleção beachwear Tropicalíssima, que leva a assinatura desta marca genuína de Americana. A cartela de cores está surpreendente, assim como as estampas enaltecendo a flora brasileira. A aplicação de crochê e metais aparece como destaque em várias peças. Toda coleção, incluindo bolsas e saídas de praia, pode ser conferida na loja da fábrica, que fica na Avenida São Jerônimo, 1750, Santa Maria, Americana. O contato é 3408-0883. 66
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Azul, o poder celestial Deixe os maxi acessórios iluminarem o seu look trazendo o glamour das pedras para o dia a dia da mulher chique. Você pode até usar um pretinho básico ou aquele nude discretinho. Porém, ao escolher um brinco poderoso e um anel charmoso, o visual salta do casual ao elegante em um piscar de olhos. Esse conjunto da Madame Madu é uma tentação. O anel e os brincos são ornamentados com cristais blue sky e zircônias, com um brilho natural e status de joia. A loja fica na Galeria Boullevard Donnelaith, na Rua Tuiuti, 1.065, Vila Santa Catarina, Americana. O telefone é 3648-8488.
Clima zen com estilo
Estampas para surpreender
Luminária , aromatizador e umidificador, tudo em um único produto e com visual “estiloso” . Só mesmo a Imaginarium para criar um aparelho versátil e bonito ao mesmo tempo. Para os adeptos da cromoterapia, o aromatizador Inspire Seus Dias traz uma seleção de cores que ajudam a acalmar e irradiar boas vibrações ao ambiente. Esta e outras novidades podem ser conferidas na Imaginarium. A loja fica na Rua dos Bambus, 642, Jardim São Paulo, Americana. O telefone é 3648-3365.
A loja Encantos Boutique sabe muito bem o que as mulheres gostam e a nova coleção, focada na Primavera/Verão 2016, reúne elegância sob medida. As estampas estão em alta nesta temporada e este vestido é o exemplo claro disso. Com corte alongado, o colorido salta aos olhos despertando o desejo por esta peça da Charry. Destaque para o luxo da estampa ousada que traz o animal print e o floral unidos para valorizar um tubinho chique. A Encantos Boutique fica na Rua Florindo Cibin, 110, em Americana. O telefone é 9.7107-6947. REVISTA L | outubro
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CONQUISTE UM SORRISO PERFEITO As lentes de contato são o “trunfo” da Odontologia Estética para alinhar a arcada dentária, eliminar manchas, reparar fraturas e sorrir com confiança REPORTAGEM: Débora
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que George Clooney e Ronaldinho Gaúcho têm em comum? O sorriso. Sim, cada um com suas características, mas ambos recorreram às lentes de contato para corrigir imperfeições dos dentes. A técnica é usada para reparar pequenas fraturas, alinhar a arcada dentária e eliminar manchas nos dentes. De acordo com o cirurgião dentista e diretor presidente do Núcleo Ortodôntico de Americana, Othon Sahm Paggiaro, as lâminas são feitas sob medida, a partir de moldes de silicone ou escaneamento dos dentes do paciente. O procedimento leva de 15 a 30 minutos e a aplicação é realizada em um único dia. Além dos benefícios estéticos, o procedimento dispensa o desgaste dos dentes e uso de anestesia, como acontece na aplicação das facetas, material semelhante à lente de contato. “A indicação da faceta é basicamente quando há a necessidade de uma espessura maior, como exemplo um dente que esteja mais afastado do outro ou com uma curvatura que necessite ser corrigida o qual a lente de contato dental não pode fazer”, explica Paggiaro. Se faceta ou lente de contato, caberá ao profissional avaliar “após uma análise das expectativas do paciente e a deficiência dental a ser corrigida”, completa. Via de regra, as lentes de contatos não são indicadas em casos de grandes fraturas, esmaltes defeituosos ou pouco esmalte nos dentes, para pessoas com hábitos de roer unhas, apertamento excêntricos (bruxismo) e em dentes muito cariados. O investimento no sorriso com lentes de contato sai a partir de R$ 1 mil, cada dente, e varia de acordo com o tipo de material utilizado e correção a ser feita.
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Vantagens e cuidados • Uma vez colocada, está pronta para o uso, não havendo necessidade de ficar horas sem comer ou ingerir líquidos • Se bem cuidada, a lente de contato pode durar até 15 anos • Evite fumo, refrigerante, goma de marcar, alimentos muito ácidos, duros ou com corantes artificiais • Abandone os hábitos de roer unhas e usar palito de dentes • A higienização em casa deve ser feita com auxílio de fio dental e escovas macias • Atenção para o enxaguante bucal: evite aqueles que possam produzir alguma coloração nos dentes (geralmente a língua muda de cor) • O retorno ao dentista para limpeza profissional, polimento e selamento deve ser a cada 6 meses
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Lente de contato dental Indicação: usada para mudar a forma e a cor dos dentes, para pequenas correções de giro dentais, preenchimento de espaços entre os dentes, esconder pequenos defeitos de formação do esmalte dentário, proporcionar uma estética desejada e o sorriso dos sonhos. Espessura: entre 0,2 a 0,4 mm Material usado: Porcelana Feldspática e Emax - dissilicato de lítio Faceta dental Indicação: basicamente quando há a necessidade de corrigir um espaçamento maior entre um dente e outro ou uma curvatura que exija uma espessura maior, os quais a lente de contato dental não pode fazer. Para melhor adesão, é necessário o desgaste do dente e, dependendo da sensibilidade do paciente, é aplicada anestesia local. Espessura: 1 mm Material usado: porcelana REVISTA L | Maio
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NOVAS TECNOLOGIAS A SERVIÇO DA VIDA Cirurgia robótica, tomossíntese mamária e a elastografia estão revolucionando o diagnóstico e, principalmente, o tratamento dos casos de câncer de mama REPORTAGEM: Danilo
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s números que envolvem o câncer de mama no Brasil são assustadores. De acordo com dados do Inca (Instituto Nacional de Câncer), esse é o tipo mais comum da doença entre as mulheres no País e corresponde a cerca de 25% dos novos casos a cada ano. O instituto estima que, só em 2016, cerca de 58 mil mulheres serão diagnosticadas com a doença. A incidência desse tipo de câncer é registrada em brasileiras a partir dos 35 anos, mas cresce progressivamente,
especialmente após os 50 anos. A boa notícia, no entanto, é que na última década o tratamento da doença avançou no âmbito da tecnologia, o que pode garantir maior sucesso em casos de intervenção cirúrgica. “O tratamento cirúrgico é cada vez mais conservador, resultando em uma maior preservação dos órgãos”, afi rma Ademar Lopes, vice-presidente do A.C.Camargo, referência em oncologia. “A cirurgia robótica, com caráter minimamente invasivo, diminui a dor, o sangramento e a necessidade de medicação
analgésica. O que ainda limita a adoção da técnica em todas as cirurgias é o custo”, explica. Umas das mudanças mais importantes e que merecem destaque é a medicina personalizada, em que muitos médicos passaram a estudar o perfi l biológico do tumor. Pacientes que tratavam do câncer de mama, por exemplo, recebiam o mesmo tipo de tratamento após a cirurgia do que os que passavam por doenças em outras áreas. Hoje, as terapêuticas adotadas são diferentes em função do perfi l genômico do tumor.
MÉTODOS DISPONÍVEIS NO MERCADO Clássicos e novos métodos de diagnóstico se unem no momento de identificar nódulos e tumores cada vez menores. Especialistas são unânimes em dizer que o diagnóstico em uma fase precoce do câncer está associado a um tratamento menos agressivo e a um melhor prognóstico para a cura. A mamografia é o método mais usado para diminuir a taxa de mortalidade da doença. Mesmo assim, o exame ainda pode deixar dúvidas em determinados casos. Para sanar essa questão, existem outros caminhos, como a ressonância magnética, a tomossíntese mamária e a elastografia. A ressonância possui alta sensibilidade na detecção de pequenos focos do tumor e é um importante método que se consolidou como ferramenta no diagnóstico precoce. A tomossíntese mamária é uma aplicação avançada da mamografia digital, que permite uma avaliação tridimensional da mama. Tem o potencial de refinar a caracterização dos achados mamográficos, reduzir o número de lesões benignas que serão submetidas à biópsia e, principalmente, de aumentar as taxas de detecção do câncer de mama em mulheres com mamas densas (com pouco tecido adiposo). Enquanto isso, a elastografia ultrassonográfica consiste de um aparelho de software acoplado ao aparelho de ultrassom convencional, que permite a avaliação dos diferentes tecidos conforme a variação de sua compressibilidade e elasticidade. Parte do princípio de que as lesões benignas são mais moles, enquanto a maioria das lesões malignas são mais rígidas. 72
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CAUSAS DO CÂNCER DE MAMA Não existe uma única causa para o câncer de mama; o fator genético e o hereditário correspondem a cerca 5% a 10% do total de casos da doença no Brasil. Obesidade. Entre os fatores naturais que podem ajudar no surgimento da doença, estão a obesidade e o sobrepeso após a menopausa, sedentarismo, consumo de bebida alcoólica e a exposição frequente a radiações ionizantes (raio x) Comportamento. Não ter tido filhos, ter a primeira gravidez após os 30 anos, ou não amamentar. Menopausa. Parar de menstruar após os 55 anos, fazer uso de contraceptivos hormonais e ter feito reposição hormonal pós-menopausa por mais de cinco anos. Genética. Histórico familiar de câncer de ovário ou de mama antes dos 50 anos. (*) Especialistas apontam que a mulher com um ou mais desses fatores tem risco elevado para o câncer de mama. Porém, a presença deles não significa que a mulher terá, necessariamente, a doença.
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OUTUBRO ROSA Comemorado em todo o mundo, o movimento chamado de Outubro Rosa começou nos Estados Unidos em 1997, com ações isoladas referentes ao câncer de mama e a mamografia. Com a aprovação do Congresso norteamericano, outubro tornou-se o mês nacional no país de prevenção do câncer de mama. A partir daí, o movimento começou a ganhar o mundo. Já o símbolo da campanha – o laço rosa –, foi feito inicialmente pela Fundação Susan G. Komen, também nos Estados Unidos, e distribuído na primeira corrida pela cura do câncer de mama em 1990. O laço rosa popularizou-se e passou a enfeitar locais públicos e outros eventos que lutavam pela causa. A primeira iniciativa no Brasil em relação ao Outubro Rosa aconteceu em 2002, com a iluminação em rosa do monumento Mausoléu do Soldado Constitucionalista, mais conhecido como o Obelisco do Ibirapuera, na capital paulista.
OS MAIS INCIDENTES O câncer de mama é o mais comum entre as mulheres em todo o mundo. O Inca (Instituto Nacional de Câncer) estima que, em 2016, serão 57.960 casos. Abaixo, a distribuição proporcional dos dez tipos de câncer mais incidentes estimados para 2016 em mulheres: LOCALIZAÇÃO PRIMÁRIA Mama Cólon e reto Colo do útero Traqueia, brônquio e pulmão Estômago Corpo do útero Ovário Glândula tireoide Linfoma não Hodgkin Sistema nervoso central 74
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NOVOS CASOS 57.960 17.620 16.340 10.890 7.600 6.950 6.150 5.870 5.030 4.830
% 28,1% 8,6% 7,9% 5,3% 3,7% 3,4% 3,0% 2,9% 2,4% 2,3%
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O CÂNCER MUDOU A MINHA VIDA... No mês em que se combate o câncer de mama, a Revista L ouviu histórias de mulheres que superaram a doença e encontraram mais força para viver REPORTAGEM: Danilo
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câncer de mama é uma doença que afeta quase que exclusivamente as mulheres. Segundo estudos, apenas 1% dos casos é diagnosticado em homens. “O momento em que você recebe a notícia é o pior de todo o processo”, afi rmou a dentista Kelly Divaine Scursoni Paro, de 46 anos. Ela recebeu o diagnóstico de câncer de mama há seis anos, e passou por duas cirurgias, que incluíram a retirada total das mamas. Hoje, está curada. “A doença te faz ver a vida com outros olhos”, conta. Otimismo, apoio da família e força de vontade, além do tratamento médico, são essenciais na luta contra a doença. A Revista L ouviu depoimentos de mulheres que enfrentaram o problema com coragem e venceram a batalha contra o câncer. Elas falaram dos temores e dificuldades, além de tudo o que mudou após a confi rmação e a superação da doença.
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valor às coisas Pequenas “Todo ano, eu marco os meus médicos e exames de rotina. No ano passado fui fazer uma mamografia e foi tudo tranquilo. Três dias depois, eles pediram para eu refazer o exame e, com esse resultado, uma biópsia. Mesmo sem a confirmação, eu já sabia que eu estava com a doença. Foi tudo muito rápido. No dia 20 de novembro eu recebi a confirmação. Iniciei uma bateria de exames e passei por cirurgia no mês seguinte. Já faz um mês que eu terminei a radioterapia e dois meses que encerrei a quimioterapia. Descobri a doença no início, então isso me ajudou muito. Eu não sentia dor alguma, não sentia o nódulo no autoexame. Por isso falo sempre da importância da prevenção e da consulta regular, além do autoexame. Temos que ter atenção para o nosso corpo. Quando você passa por isso, começa a dar valor às coisas pequenas, que antes não pareciam importantes e passa a olhar diferente para a vida, os amigos, a família. Aos poucos, a vida vai voltando ao normal. Tem que levar tudo com muito otimismo”. Kelli Cristina Mendes de Melo, 42, professora REVISTA L | outubro
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‘Fiquei muito mais seletiva’
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“Em fevereiro de 2011 eu fui fazer um check-up e descobri um nódulo na mama direita. Receber a notícia foi bem traumatizante, porque alguns médicos dão a notícia com muita frieza. Na hora, passa um filme na cabeça, você lembra dos filhos, tudo o que você ainda tem para fazer. Confesso que abre um buraco sobre seus pés e você só pensa em quanto tempo ainda tem de vida. Depois da doença, fiquei muito mais seletiva, mais ‘chata’ no sentido de não fazer nada para agradar outras pessoas. Vivo das minhas escolhas e ouço primeiro a mim, depois os outros. Um recado que eu sempre dou às mulheres: elas não são as primeiras nem as últimas a passar por esse problema. Hoje em dia, o acesso a bons médicos e tratamentos está mais facilitado. Além disso, a pessoa tem de ter a disciplina do exame periódico, além do autoexame, isso é muito importante. Eu faço todo ano e foi graças a isso que descobri a doença no começo. Se eu tivesse esperado mais, talvez eu não teria passado por ela”. Eliana Pigatto, diretora do instituto que leva seu nome
‘ME ENCONTREI DEPOIS DA DOENÇA’ “Há cerca de dois anos eu estava pescando e tive vontade de vir embora, senti que algo estava errado. Cheguei em Americana e marquei um mastologista, que disse que eu não tinha nada. Fiz um ultrassom e ele diagnosticou o câncer. Foi uma surpresa. Eu tenho mamografia de dezembro de 2013 que não mostrava nenhum problema e em março de 2014, quando refiz os exames, a doença foi diagnosticada. Fiz a cirurgia para retirada no mês seguinte. Eu digo que me encontrei depois da doença. Hoje eu estou mais humana e mais família. Antes, eu trabalhava demais, não ligava muito para mim mesma e isso mudou. Fiz quimioterapia durante um ano e nove meses e 45 sessões de radioterapia, então, acabei conhecendo muita gente, muitas histórias, e você acaba formando uma nova família. Uma mulher ajuda a outra, conversa, orienta, fala que existem lados positivos até. Muitas pessoas se entregam à doença, mas o certo é lutar, ser feliz. A doença torna a gente mais forte. Quando você descobre o câncer, o primeiro pensamento é que você vai morrer, mas a gente não pode desanimar, se entregar”. Vilma de Aquino Veiga, 58, do lar 76
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Olhar o câncer de igual para igual “Eu nunca imaginei passar por isso. Eu tinha 40 anos, sempre tive uma vida saudável e não fazia parte do grupo dito de risco. Um dia fui passar o protetor solar e senti o caroço na mama. Como amamentei meu filho durante três anos, eu achei que era leite empedrado. Fui no médico e fiz um ultrassom, mas o exame não mostrou nada. Fiz uma ressonância magnética e foi aí que tive a confirmação. Foi o pior momento. A boa notícia é que estava no começo. Cheguei em casa chorando, mas minha família me apoiou muito. Fiz a cirurgia em que tirei parte da mama, mas o resultado histopatológico voltou sem margem de segurança e tive que fazer uma mastectomia. Porém, acabei descobrindo um tumor benigno na outra mama também. Tirei as duas mamas e fiz a reconstrução logo em seguida. Você tem que olhar o câncer de igual para igual. Ele não é mais forte do que você e você tem que acreditar que vai enfrentar e vencer. É preciso se amar e se cuidar. Nesses casos, o apoio da família, do marido, é muito importante. Tento ver o lado bom de tudo que eu passei. Eu amadureci, dou mais valor para a família, fico mais com meu filho. As coisas simples têm muito mais valor”. Kelly Divaine Scursoni Paro, 46, dentista JOÃO CARLOS NASCIMENTO_O LIBERAL
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PLÁSTICA DOBRA ENTRE ADOLESCENTES O número de cirurgias plásticas entre jovens de 14 a 18 anos é cinco vezes maior que em adultos, aponta a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica REPORTAGEM: Débora
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adolescência é o período de transição entre a fase adulta e a infância. O corpo passa por uma série de mudanças e a insegurança bate à porta. Até aí nenhuma novidade, correto? Por outro lado, a preocupação com a estética fez o número de cirurgias plásticas entre adolescentes de 14 a 18 subir de forma alarmante. Segundo a SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica), em apenas quatro anos, o índice mais que dobrou: saltou de 37.740 procedimentos em 2008 para 91.100 em 2012 (141% a mais). No mesmo período, o total de plásticas em adultos subiu 38,6% (de 591.260 em 2008 passou para 819.900 procedimentos em 2012). Quando comparados os dados, percebe-se que as cirurgias no público jovem cresceram em um ritmo 3,5 vezes maior. O fenômeno está diretamente ligado à maior exposição dos jovens às redes sociais, reforçando o desejo por um corpo perfeito. O amadurecimento sexual precoce potencializado pelas mídias e o fácil acesso aos aplicativos de paquera têm sua parcela de culpa, afirma o otorrinolaringologista e cirurgião plástico facial, Mário Ferraz. “Algumas características são muito marcantes e causadoras inclusive de impacto psicológico ou bullying como um nariz grande e torto ou orelhas de abano”, diz ele que é representante brasileiro na Federação Internacional de Plástica Facial. “Sempre ponderamos os riscos e benefícios dos procedimentos, e caso haja alterações como as que citei, a cirurgia será bem-vinda”, completa. Os exames pré-operatórios são os mesmos para adolescentes e adultos. A diferença está no preparo psicológico. A cirurgia é indicada àqueles com maturidade para entender que o procedimento é definitivo e não está isento de riscos. “Temos que fazer o adolescente entender que eles não estão comprando um produto, um telefone ou computador”, ressalta Ferraz. “Já tive casos em que o paciente tinha a indicação para a cirurgia, mas não tinha a maturidade e entendimento adequados. Nestes casos me recuso a fazer o procedimento. Oriento os pais e solicito que retornem em alguns anos, quando o jovem estiver mais certo do que quer e tiver maturidade para isso”. O cirurgião plástico comenta que os adolescentes, de modo geral, são mais ansiosos e imediatistas e querem o resultado logo. Entretanto, o resultado depende do procedimento, podendo demorar alguns meses para ser obtido. CONSULTORIA: CLÍNICA MÁRIO FERRAZ
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esté ti ca
Lipoaspiração é A mais procurada O Brasil é o segundo País do mundo em número de cirurgias plásticas, atrás apenas dos Estados Unidos. A lipoaspiração ocupa o primeiro lugar no ranking, seguida do implante de silicones nas mamas. Quanto aos meninos, a ginecomastia (redução das mamas) e a cirurgia para corrigir as orelhas de abano são os procedimentos mais procurados. Embora não haja uma idade mínima para se submeter à cirurgia plástica, a recomendação é que o procedimento seja realizado quando o corpo tiver atingido a maturação (parado de crescer). Nas meninas, isso acontece entre dois a três anos depois da primeira menstruação. Nos meninos, identificar o início da puberdade é mais difícil, por isso, os exames pré-operatórios são essenciais para avaliar o nível de crescimento e maturação de cada paciente. O procedimento é o mesmo também para plásticas mais “comuns” na adolescência como rinoplastia e otoplastia (correção das orelhas). Entre os 13 e 16 anos - época do “estirão” do crescimento – é comum o jovem perceber modificações no nariz. Isso acontece devido ao crescimento do septo nasal, principal “guia” do desenvolvimento facial. Em alguns casos, o septo aumenta rápido demais e pode deformar o nariz, seja pelo crescimento da giba (ossinho do nariz) ou aumentar o seu tamanho em demasia (rinomegalia). A correção é feita através da rinoplastia (plástica no nariz), recomendada após o “estirão”.
plásticas preferidas Procedimentos mais comuns aplicados em pacientes menores de 18 anos nos centros de cirurgia plástica 1º Lipoaspiração 2º Silicone nas mamas 3º Ginecomastia (redução das mamas) 4º Otoplastia (correção das orelhas) 5º Rinoplastia (correção do nariz) FONTE: SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA PLÁSTICA
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