Revista PORT.COM outubro 2015

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w w w. r e v i s t a p o r t . c o m

2015 . Nº 12 . OUTUBRO . REVISTA MENSAL . PREÇO: 2,50€

SER PORTUGUES no

luxemburgo A preservação da língua portuguesa, a vida profissional, a relação com o desporto e a cultura. Saiba como é que os portugueses vivem no país mais rico da União Europeia

ENTREVISTA

ÁGATA Rainha de Sidney a Joanesburgo

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LEGISLATIVAS

O que muda no panorama político nacional

5 DE OUTUBRO DE 1910 105 anos da Implantação da República

V i s i t e o s i t e w w w. r e v i s t a p o r t . c o m e f i q u e m a i s p e r t o d e P o r t u g a l



SUMÁRIO 4 EDITORIAL

6 PORTUGAL

Passos Coelho vence eleições sem maioria

8 HISTÓRIA O mês em que Portugal se transformou num país novo

12 DESTAQUE

PORT.COM NO LUXEMBURGO

30 Sugestões on line de produtos made in Portugal para começar o outono bem agasalhado

14. Língua portuguesa: de punida a ensinada 18. Portugueses ativos nos eventos culturais 20. Exploração na construção civil (afinal) é rara 23. O turismo não fala português 24. Desporto pobre num país rico

26 NEGÓCIOS Clínica Delille - “A saúde oral dos portugueses melhora de dia para dia”

32 TURISMO

36 ÁGATA em exclusivo

A Revista PORT.COM em reportagem no Grão Ducado: saiba como vivem os portugueses no país mais rico da União Europeia

Os “Óscares do turismo” europeu ganhos por Portugal

42 Receita de Coelho à Caçador

34 CULTURA Entrevista a Ágata: 40 anos de carreira

GASTRONOMIA 38. Portugal, país produtor de Gin 43. Receita de Coelho à Caçador 44. Cervejaria portuguesa em Nova Iorque conquista crítica

46 DESPORTO “Três grandes da Madeira” juntos 24 anos depois

50 DISCURSO DIRETO “Luxemburgo, a melhor resposta para a desmotivação”

38 GIN

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EDITORIAL

FICHA TÉCNICA

REVISTA DE PORTUGAL E DAS COMUNIDADES Edição Mensal - Outubro 2015 www.revistaport.com Nº de registo na ERC: 126526

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pós uma edição exclusivamente dedicada às eleições legislativas, a Revista PORT.COM regressa ao seu formato tradicional, com a informação que interessa a todos os portugueses que vivem e trabalham no estrangeiro novamente alinhada em secções como Negócios, Turismo, Gastronomia, História, Cultura e Desporto.

Rua João de Ruão, nº 12 – 8º 3000-299 Coimbra (Portugal) Tel: (+351) 239 820 688 geral@revistaport.com www.revistaport.com DIREÇÃO Abílio Bebiano direcao@revistaport.com COORDENAÇÃO EDITORIAL Luís Carlos Soares (CP-9959) luis.soares@revistaport.com

LUÍS CARLOS SOARES Coordenador Editorial

Contudo, esta nova edição volta a focar um tema em especial, intitulado: “Ser português no Luxemburgo”. A Revista PORT. COM viajou até ao Grão-Ducado para tomar o pulso à numerosa e abnegada comunidade portuguesa, e assim explicar o seu modo de vida aos compatriotas por todo o mundo. Também explicamos as novidades impostas pelas eleições legislativas. Pedro Passos Coelho continuará, nos próximos quatro anos, a usar um pin verde e vermelho nos seus fatos, cores que derivam de um momento histórico que cumpre agora 105 anos e é recordado nas próximas páginas, a Implantação da República. Uma entrevista em exclusivo a uma das cantoras portuguesas mais apreciadas nas comunidades, a carismática Ágata (aclamada pelos portugueses em Paris, Toronto, Joanesburgo ou Sidney) também faz parte desta edição, assim como a história da rivalidade entre os clubes madeirenses que disputam o primeiro escalão do futebol português, perante o olhar atento da comunidade insular na Venezuela. Seja lida no Luxemburgo, em França, no Brasil, na Venezuela, nos Estados Unidos ou em tantos outros países, são vários os artigos que tornam a edição de outubro da Revista PORT.COM numa edição para guardar.

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PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES

REDAÇÃO Luís Carlos Soares, Márcia de Oliveira, Filipa Marques Colaboradores: Marta Ribeiro PLATAFORMA ONLINE Márcia de Oliveira - Edição de conteúdos marcia.oliveira@revistaport.com DESIGN E PAGINAÇÃO BDMP, LDA www.bdmp.pt ASSINATURAS assinaturas@revistaport.com PUBLICIDADE AJBB Network Rua João de Ruão, 12 – 1º 3000-229 Coimbra (Portugal) (+351) 967 583 072 publicidade@ajbbnetwork.com EDIÇÃO PAPEL: Julho 2015 Tiragem: 20.000 Exemplares Impressão: StudioPrint Depósito Legal: 376930/14 Distrib. nacional e internacional: CTT

EDITOR E PROPRIETÁRIO

geral@ajbbnetwork.com www.ajbbnetwork.com NIF: 510 475 353 A AJBB Network não é responsável pelo conteúdo dos anúncios nem pela exatidão das características e propriedades dos produtos e/ou bens anunciados. A respetiva veracidade e conformidade com a realidade são da integral e exclusiva responsabilidade dos anunciantes e agências ou empresas publicitárias. Interdita a reprodução, mesmo parcial, de textos, fotografias ou ilustrações, - sob quaisquer meios e para quaisquer fins, inclusive comerciais.


A abrir

O MULTIPLICAR DAS AÇÕES DE BOAS-VINDAS

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Revista PORT.COM voltou a receber milhares de famílias de portugueses a residir no estrangeiro que vieram passar as férias de verão a Portugal. Para além de Vilar Formoso, este ano a revista foi distribuída gratuitamente no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Santuário de Fátima, no Dancefloor Leiria e na Feira de São Mateus.

O êxito das ações realizadas em anos anteriores motivou a Revista PORT. COM a multiplicar o número de ações de boas-vindas. Para além de Vilar Formoso (a 1 e 2 de agosto), equipas de jovens portugueses distribuíram a edição de agosto, que contou com uma tiragem de 100 000 exemplares, no Aeroporto do Porto (entre os dias 30 de julho e 2 de agosto), no festival de música Dancefloor Leiria (na noite de 7 de agosto), no Santuário de Fátima (a 12 e 13 de agosto) e na Feira de São Mateus, em Viseu (a 14, 15 e 16 de agosto).

Fátima

Fronteira de Vilar Formoso

Aeroporto do Porto Leiria Dance Floor

Recorde-se que a edição de agosto (que continua disponível em formato digital no site www.revistaport.com) contou com conteúdos sobre o que havia mudado no país desde o verão passado, para além de sugestões de praias, de festas de verão, de petiscos, de cervejas, entre outros locais e produtos que tornam o regresso a Portugal sempre tão celebrado. O sucesso desta iniciativa fez com que ações semelhantes já estejam a ser preparadas.

Feira de S. Mateus (Viseu)

Saiba mais Reveja os vídeos das várias ações no site da revista: www.revistaport.com


PORTUGAL

PASSOS COELHO VENCE ELEIÇÕES SEM MAIORIA A coligação Portugal à Frente ganhou as legislativas, com Passos Coelho eleito novamente primeiro ministro. Antes de serem conhecidos os resultados nos círculos eleitorais Europa e Fora da Europa, a união entre PSD e CDS somou 104 deputados, mais do que os 85 do PS. O Bloco de Esquerda ficou com 19 deputados, mais dois que a CDU. O PAN foi o único dos “pequenos” a garantir presença no Parlamento.

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uando no final da noite de 4 de outubro ficaram fechados os resultados nas 3 092 freguesias portuguesas, ficando apenas por apurar os resultados dos círculos Europa e fora da Europa (que elegem dois deputados cada), os partidos da coligação já sabiam que tinham ganho as eleições legislativas, mas também que foram os únicos a baixar face às de 2011. Apesar de ter falhado a vitória tão desejada, o PS reforçou a bancada parlamentar, assim como os partidos à esquerda dos socialistas. O Bloco de Esquerda mais do que duplicou o número de deputados, com a CDU também a reforçar a sua votação. Coligação elege 104 deputados com 2 milhões de votos

A coligação Portugal à Frente, constituída pelo PSD e CDS, obteve 36,83% dos votos nas eleições legislativas. Um resultado que lhe permite eleger 99 deputados para a Assembleia da Repú-

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blica. Somando os resultados do PSD na Madeira e Açores (1,51% e 5 deputados), a coligação garante um total de 104 deputados e uma votação de 38,34%. Fica assim distante da maioria absoluta (116 deputados).

Resultados Legislativas 2015 PàF Portugal à Frente PS Partido Socialista BE Bloco de Esquerda

104

CDU Coligação Democrática Unitária

85

Em 2011 o PSD e o CDS (que concorreram separados) conseguiram 50,37% dos votos e 129 deputados. Ou 132 deputados considerando os 3 eleitos nos círculos Europa e Fora da Europa (o outro foi para o PS).

PAN Partido Animais e Natureza

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PS fica a 19 deputados da coligação Mapa político

O PS foi o grande derrotado das legislativas, apesar de ter aumentado a votação face a 2011. O partido de António Costa obteve uma votação de 32,38%, o que garantiu a eleição de 85 deputados. Uma subida de 12 mandatos face aos resultados de 2011 (73 mandatos), mas que ficou ainda assim muito longe dos números da coligação, com menos 19 deputados que o PSD e o CDS juntos.

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Distribuição das maiores forças políticas, por distrito/região PàF Portugal à Frente PS Partido Socialista


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Deputados por eleger

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Assentos Parlamentares Deputados eleitos

Abstenção atingiu o nível mais alto de sempre em legislativas Abstenção 43.07% Apurados: 9.439.711 Não votaram: 4.065.368 VOTOS NULOS: 86.571 (1.61%) VOTOS BRANCOS:112.293 (2.09%)

Freguesias: 3.092 100% apurado

Bloco de Esquerda mais do que duplica presença no Parlamento O partido de Catarina Martins foi um dos grandes vencedores da noite, conseguindo o melhor resultado de sempre. Conseguiu 10,22% dos votos, o que corresponde a 19 mandatos. Em 2011 tinha obtido 5,19% dos votos, o que lhe garantiu na altura oito deputados. Nas eleições de 2009 o Bloco de Esquerda, então liderado por Louçã, conseguiu eleger 16 deputados.

Consulados: 24 Por apurar

PAN foi o único dos “pequenos” a eleger Havia a expectativa de vários pequenos partidos conseguirem nestas eleições a eleição de deputados para a Assembleia da República, mas só o Pessoas Animais e Natureza (PAN) o conseguiu. Com um resultado nacional de 1,39%, foi no distrito de Lisboa que o PAN conseguiu eleger um deputado.

Apenas 56,93% dos eleitores inscritos foram votar, pelo que a abstenção registada foi de 43,07%. A emigração de perto de 500 mil portugueses desde 2011 é um dos fatores que mais contribuíram para este recorde indesejado. A abstenção atingiu o nível mais alto de sempre em eleições legislativas: 43,07%. Para além da tradicional questão dos eleitores fantasma e da necessidade de limpar os cadernos eleitorais, nestas eleições houve outro dado a ter em conta: a emigração. As estatísticas apontam que mais de 485 mil pessoas abandonaram de forma permanente o país nos últimos quatro anos, números vieram engrossar os níveis da abstenção, devido à falta de atualização das moradas e às dificuldades de voto que se continuam a verificar no estrangeiro.

CDU ganha mais um deputado mas passa para quarto A CDU teve um resultado misto. Até ganhou em termos de votos e de mandatos, mas foi superado pelo Bloco de Esquerda. A coligação liderada por Jerónimo de Sousa obteve 8,27% dos votos, garantindo a eleição de 17 deputados. Um resultado superior ao obtido em 2011 (7,94%, 16 deputados).

Esta foi a terceira vez em que a abstenção supera a barreira dos 40% em eleições legislativas: 40,3% em 2009, 41,9% em 2011 e agora 43,07%, naquele que é mais um episódio de uma trajetória crescente e indesejada.

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HISTÓRIA

O MÊS EM QUE PORTUGAL SE TRANSFORMOU NUM PAÍS NOVO Há 105 anos que o Rei deu lugar ao Presidente enquanto chefe de estado nacional, após uma sequência de tumultos que se alastrou durante duas décadas. A implantação da República, a 5 de outubro, promoveu várias mudanças no país, a maior parte das quais ainda hoje em vigor.

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ela terceira vez consecutiva o 5 de outubro não é feriado nacional em Portugal, depois de mais um século em que tal se verificou. Pela primeira vez em muitos anos, o presidente da República não só faltou às comemorações desta data, como não fez qualquer intervenção oficial alusiva à mesma. Mas faça ou não parte do atual calendário dos feriados, o dia de 1910 em que foi implantada a República continua a ser um dos mais decisivos para a forma como hoje em dia Portugal é governado, para o bem ou para o mal.

tugueses passassem a saber de cor versos como “Heróis do mar, nobre povo / Nação valente, imortal”.

A bandeira, o hino e a Constituição são outros dos filhos da Implantação da República. Foram os acontecimentos dessa data que anteciparam que o verde e o vermelho substituíssem o azul e branco enquanto cores de Portugal, que os por-

Ficava assim desfeito o “mapa cor de rosa”, apenas quatro anos após ter sido ambiciosamente desenhado para que Portugal pudesse exercer soberania sobre territórios nos quais atualmente se situam a Zâmbia, o Zimbabwe e o Malawi.

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Os acontecimentos que tiveram lugar a 5 de outubro de 1910 foram proporcionados pela degradação da imagem da monarquia nacional, com a oposição republicana a começar a reunir mais seguidores duas décadas antes. Em 1890, não faltou gente a ver como uma humilhação a pronta cedência portuguesa às exigências britânicas para retirar as tropas dos territórios entre Angola e Moçambique.

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Outro fator que contribuiu para enfraquecer a monarquia foi a severa crise financeira entre 1890 e 1891, sobretudo devido à queda em 80% das remessas dos emigrantes no Brasil, após a proclamação da República no Brasil. Esse exemplo brasileiro, somado a outros que chegavam de países europeus, contribuíram para o aumento dos defensores da República. O prenúncio do 31 de janeiro O descontentamento face à monarquia foi manifestado de diferentes formas, umas mais radicais do que outras. O escritor Guerra Junqueiro lançou o Finis Patriae, obra que ridiculariza a figura do rei. O explorador Silva Porto imolou-se envolto numa bandeira portuguesa, em Angola. Tudo em 1890.


Ilustração com os principais momentos, como os confrontos, a fuga do rei e finalmente a proclamação

No início do ano seguinte, a 31 de janeiro, um conjunto de revoltosos, constituído principalmente por militares, tomou os paços do concelho da cidade do Porto, com o político republicano Augusto Manuel Alves da Veiga a proclamar a implantação da República em Portugal, enquanto hasteava uma bandeira vermelha e verde.

Mas mesmo tendo fracassado, a revolta de 31 de janeiro de 1891 foi a primeira grande ameaça sentida pelo regime monárquico e um prenúncio do que viria a suceder quase duas décadas mais tarde.

Muitos dos participantes deste movimento foram capturados após confrontos com agentes da autoridade que se mantiveram fiéis ao rei. O resultado foi mais de uma dezena de mortos e mais de duas centenas de condenados a anos de degredo em África.

O maior e mais radical dos sinais de descontentamento face à monarquia acabaria por acontecer alguns anos depois, no primeiro dia de fevereiro de 1908. O rei D. Carlos e o príncipe herdeiro Luís Filipe regressavam a Lisboa provenientes de Vila Viçosa, onde

Regicídio aumenta discórdia

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A QUEDA EM 80% DAS REMESSAS DOS EMIGRANTES NO BRASIL, APÓS A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA NO BRASIL, CONTRIBUIU PARA ENFRAQUECER A MONARQUIA PORTUGUESA

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HISTÓRIA

haviam passado a temporada de caça, quando foram assassinados em plena Praça do Comércio. O país e a Europa ficaram chocados com este atentado, numa época em que eram raros os ataques deste género contra chefes de estado europeus. O regicídio colocou no trono o jovem D. Manuel II, com os partidos monárquicos uns contra os outros, num ambiente de discórdia constante. Estava assim abreviado o fim da monarquia. Confrontos até à proclamação Outubro de 1910 trouxe, depois de duas décadas de tumultos, a mudança definitiva. Cerca de 200 republicanos juntaram-se, no dia 3, na rotunda no topo da Avenida da Liberdade, em Lisboa, que na altura ainda não era conhecida como Praça do Marquês de Pombal. Uma das vozes mais escutadas nesta concentração revoltosa foi a do almirante Cândido do Reis, a quem é atribuída a seguida frase histórica: “A Revolução não será adiada: sigam-me, se quiserem. Havendo um só que cumpra o seu dever, esse único serei eu”. Estava iniciada a revolta. Os confrontos puseram militares e civis em cada um dos diferentes lados da barricada, ou seja, pelos monárquicos e pelos republicanos. Os informadores do rei comunicavam as incidências entre a rotunda e a Praça do Comércio, que estava vigiada pela tripulação favorável à causa republicana a bordo de dois navios de guerra, o Adamastor e o São Rafael. Perante tudo isto, D. Manuel II decidiu partir de Lisboa para Mafra, no dia 4, à espera de notícias mais fa-

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Republicanos festejam triunfo em Lisboa

voráveis. Mas quando o dia 5 amanheceu, o panorama não havia melhorado para o rei, e a República seria proclamada por José Relvas, na varanda do edifício da Câmara Municipal de Lisboa. Ainda nessa manhã, D. Manuel II embarcou num iate real na Ericeira, com o objetivo de rumar à cidade do Porto, com esperança que a rebelião fosse exclusiva a Lisboa. Porém, o comandante do navio persuadiu-o a tomar o caminho de Gibraltar, exílio do qual já não haveria regresso.

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O telégrafo já havia difundido a implantação da República um pouco por todo o país, sem grandes provas de descontentamento por parte da população. Os símbolos da coroa real e os retratos do rei não tardariam a ser suprimidos dos edifícios públicos. Mais direitos civis, menos religião O governo provisório foi constituído logo no dia 6, com a presidência a caber a Teófilo Braga, que durante vários anos havia defendido o republicanismo como a vanguarda identificada com o progres-


Teófilo Braga após uma homenagem aos mortos da revolução republicana

Proclamação da República na varanda da Câmara Municipal de Lisboa

so, a ciência e o bem-estar, em oposição à monarquia e à religião, que apontava como um empecilho ao progresso e responsável pelo atraso científico de Portugal. Desta forma, não estranha que entre as primeiras medidas tomadas tenham constado a expulsão das ordens do clero regular e da Companhia de Jesus, o encerramento dos conventos, a proibição do ensino religioso nas escolas e a laicização do Estado, pela separação entre a Igreja e o Estado. Entre as várias novidades também constaram a legalização dos casamentos civis e a institucionalização do divórcio, a igualdade de direitos entre marido e mulher no casamento, a extinção dos títulos nobiliárquicos, o reconhecimento do direito à greve e a criação da Guarda Nacional Republicana (GNR). Na política fora de portas destaque para a autonomia concedida às colónias,

enquanto províncias ultramarinas, de forma a promover o desenvolvimento destes territórios.

Os “filhos” do 5 de outubro Medidas tomadas pelo Governo Provisório que continuam atuais: Laicização do Estado; Legalização dos casamentos civis; Institucionalização do divórcio; Igualdade de direitos entre marido e mulher no casamento; Reconhecimento do direito à greve; Criação da Guarda Nacional Republicana (GNR).

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Novo hino, nova bandeira, nova moeda O Governo Provisório esteve em funções até à eleição do primeiro Presidente da República, Manuel de Arriaga, a 24 de agosto de 1911. Três dias antes havia entrado em vigor a Constituição Política da República Portuguesa, a quarta constituição portuguesa a ser redigida e logicamente a primeira republicana. Iniciava, assim, oficialmente a Primeira República, com o país ter uma nova bandeira (com o verde da esperança da nação e o vermelho do sangue daqueles que morreram a defendê-la), um novo hino (“A Portuguesa”, adotada oficialmente a 19 de julho de 1911) e uma nova unidade monetária (o escudo, equivalente a mil réis). Para o bem ou para o mal, o país nunca mais seria o mesmo desde que a República foi implantada a 5 de outubro de 1910.

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NO LUXEMBURGO


ESPECIAL

SER PORTUGUÊS NO LUXEMBURGO A Revista PORT.COM viajou até ao Grão-Ducado para dar a conhecer aos portugueses de todo o mundo como é que os seus compatriotas vivem no país mais rico da União Europeia. Das questões linguísticas à vida profissional, das atividades desportivas às culturais, conheça o novo mundo encontrado entre a França, a Alemanha e a Bélgica. TEXTOS E IMAGENS: LUÍS CARLOS SOARES, NO LUXEMBURGO

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Luxemburgo é o país mais rico da União Europeia. É também o mais pequeno, com uma área que é, por exemplo, metade da do distrito de Portalegre. Mas o Grão-Ducado tem cinco vezes mais população do que este território alentejano, e um número semelhante de portugueses. Com mais de 110 000 representantes, a comunidade portuguesa constitui 18% do total da população do país, sendo a maior comunidade estrangeira. Situado entre a França, a Alemanha e a Bélgica, recebe todos os dias mais de 100 000 trabalhadores oriundos destes três países, sobretudo para as empresas do setor financeiro. Desta forma, não é de estranhar que um território tão pequeno tenha três línguas oficiais, o francês, o alemão e o próprio luxemburguês. Apesar de não gozar de um estatuto oficial, a língua portuguesa não é menos falada nem ouvida do que estas.

Fora do horário laboral, a comunidade lusitana também faz notar a sua presença no quotidiano luxemburguês, sobretudo no desporto, mas também cada vez mais na cultura. Na maior parte dos supermercados luxemburgueses são vários os produtos alimentares lusitanos, desde os habituais vinhos, azeites, conservas, sumos e pastéis de nata, até ao arroz, farinha, marmelada e até tremoços, quase todos a um preço semelhante ao praticado em Portugal.

mais fácil do que há uns anos, porque a comunidade é muito maior e há muito mais estruturas de apoio”. Joaquim Prazeres, do Instituto Camões, concorda, mas deixa uma ressalva: “A integração é mais difícil do que a adaptação, há que saber encontrar o equilíbrio entre a cultura e os costumes portugueses e luxemburgueses”, ou seja, saber utilizar as raízes para que o sucesso faça parte da nova realidade.

Adaptação agora mais fácil

Até porque apesar de o Luxemburgo ser um território onde o dinheiro é mais abundante do que em Portugal, segundo dados recentes divulgados pelo ministério do Trabalho luxemburguês, os portugueses representam cerca de 33% do total dos desempregados, a maior parte dos quais com falta de qualificação.

Na viagem ao Luxemburgo, a representante sindical Liliana Bento contou-nos que “hoje em dia só não se adapta quem não quiser, agora é muito

Não é nenhum sonho nem nenhum pesadelo. Nas próximas páginas mostramos-lhes como é ser português no Luxemburgo.

Nas caixas destes supermercados costuma haver quem fale português, assim como em muitos bancos, estabelecimentos de restauração e até no sistema de saúde.

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DESTAQUE \\ PORT.COM NO LUXEMBURGO

LÍNGUA PORTUGUESA: DE PUNIDA A ENSINADA O ensino do português nas escolas para os mais novos constitui uma evolução. Apesar de ser uma língua enraizada no Luxemburgo há mais de 30 anos, recentemente jovens alunos foram castigados por falarem como Camões. Mais gente interessada na escrita e na leitura é uma meta que ainda está por alcançar.

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língua portuguesa vai ser ensinada no Luxemburgo nas escolas do primeiro ciclo, ou seja, no pré-escolar e na “primária”, a partir de 2017. A garantia foi dada pelo ministro da Educação luxemburguês, Claude Meisch, no início do novo ano letivo, que no Grão-Ducado aconteceu a 15 de setembro. A novidade encerra definitivamente uma questão que fez correr muita tinta no final do ano passado, a de que o governo local estaria contra a presença do português nas instituições de ensino. A polémica começou quando, em novembro, a ministra da Família e da Integração do Luxemburgo, Corinne Cahen, defendeu, no Facebook, a promoção da aprendizagem de várias línguas “desde o ensino precoce” [equivalente luxemburguês à escola primária]. Se este ponto de vista parece ir de encontro às funções da governante, o que se seguiria seria mais controverso. Uma mãe respondeu com o seguinte comentário: “Na turma do 7.º ano da minha filha, 14 dos 20 alunos são portugueses, e o diretor de turma

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Joaquim Prazeres é o coordenador do ensino da língua de Camões no Luxemburgo

decidiu que não podem falar português nas aulas, mas que o luxemburguês é obrigatório”. Ainda no mesmo post Facebook, a resposta da ministra foi: “Decisão acertada do diretor de turma”. Durante vários dias, a punição de crianças por falarem a língua portuguesa no Luxemburgo foi comentada por diversos interlocutores. Pais, alunos e até funcionários escolares expuseram casos semelhantes, um dos quais com uma criança que foi obrigada a escrever 200 vezes em lu-

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xemburguês a frase “eu não falo mais português”. A polémica amainou quando o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal publicou uma nota oficial a informar que “as autoridades luxemburguesas têm reiterado a política de diversidade linguística em vigor no sistema educativo público daquele país, incluindo o ensino da língua portuguesa. O recurso à língua materna dos alunos continua, deste modo, a ser incentivado como elemento de integração e facilitador de aprendizagem”.


A 2.ª língua materna mais falada Um projeto-piloto do ensino do português no primeiro ciclo está a ser levado a cabo já este ano letivo, em cerca de vinte escolas do Luxemburgo. Para o ministro Claude Meisch, já era tempo de “harmonizar” o sistema luxemburguês com o ensino do português, que no Grão-Ducado é feito por outras vias há mais de 30 anos. “Queremos apoiar desde cedo a aprendizagem de diferentes línguas, como o luxemburguês, o francês e também a língua materna das crianças. Não podemos ter um sistema escolar em que alunos tão diferentes estejam sujeitos aos mesmos esforços para terem os mesmos resultados. Isso é impossível, portanto é preciso mais diversidade na nossa oferta escolar, diferentes modelos para acolher a grande diversidade de alunos no Luxemburgo”, justificou o governante. “Acolher a grande diversidade” é um tema por vezes fraturante tanto no quotidiano social como no parlamento luxemburguês. “Os luxemburgueses não aceitam que os portugueses não falem luxemburguês, mesmo que falemos francês ou alemão”, conta Belina Bóia, portuguesa que há 12 anos trocou a Figueira da Foz pelo Luxemburgo. Segundo dados do Ministério da Educação do Luxemburgo, o português é a segunda língua materna mais falada nas escolas do país, com 28,9% de falantes, a seguir ao luxemburguês, com 39,8%. O mais impressionante é estar à frente, nesta contabilização, dos outros dois idiomas oficiais do GrãoDucado, o francês (11,9% de falantes) e o alemão (2%).

O domínio do português é essencial nalgumas profissões, como as do setor bancário

“OS LUXEMBURGUESES NÃO ACEITAM QUE OS PORTUGUESES NÃO FALEM LUXEMBURGUÊS, MESMO QUE FALEMOS FRANCÊS OU ALEMÃO” BELINA BÓIA Número de alunos fica aquém Basta um breve passeio pelo Luxemburgo para se notar a presença da língua portuguesa, ouvida um pouco por todo o território luxemburguês, nas ruas, nos estabelecimentos comerciais, nos espaços de lazer ou nos

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transportes públicos. Mas se com a preservação da oralidade não parece haver constrangimentos, o panorama muda no que toca à escrita e à leitura. No quiosque em que a Revista PORT. COM falou com Belina Bóia, no centro da cidade do Luxemburgo, esta portuguesa pôde atender todos os clientes que recebeu na sua língua-materna, dado que eram compatriotas ou lusodescendentes. Porém, à volta não havia um único jornal escrito em português, mas sim nos restantes três idiomas. O ensino da língua portuguesa contempla obviamente escrita e leitura, mas o número de alunos inscritos nos cursos de Ensino do Português no Estrangeiro (EPE) não tem aumentado em solo luxemburguês. “O número de alunos inscritos tem vindo a diminuir nos últimos anos, embora

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DESTAQUE \\ PORT.COM NO LUXEMBURGO

O português é falado por toda a parte: nas ruas, nos estabelecimentos comerciais e nos espaços de lazer, como na feira anual Schueberfouer

em comparação ao ano passado tenha estabilizado”, aponta Joaquim Prazeres, coordenador do Ensino de Português no Luxemburgo, por parte do Instituto Camões. No presente ano letivo existem cerca de 3 200 alunos inscritos em cursos de língua portuguesa, cerca de 2 000 no ensino integrado e perto de 1 200 em regime paralelo. Entre uma comunidade de portugueses tão extensa, estes números ficam aquém dos desejados pelos responsáveis pelo ensino do português. Entre as razões para a baixa afluência, “para além do pagamento da propina de 100€”, Joaquim Prazeres lamenta que “infelizmente os pais dos alunos que não frequentam os cursos não se apercebam da importância das componentes da leitura e da escrita, sem as quais a língua portuguesa não constitui verdadeiramente uma mais-valia, que

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até pode ser importante para o futuro profissional dos seus filhos”. Desde que entrou em vigor um novo programa de ensino de língua e cultura portuguesa para o estrangeiro, chamado QuarEPE, os alunos de português por todo o mundo passaram a poder ser avaliados. No último ano letivo foram 164 os alunos que se propuseram a avaliação, e consequentemente foram chamados a participar numa entrega de certificados nos diferentes níveis de proficiência, do A1 ao C1. Quando o luxemburguês foi reconhecido como idioma oficial do país, em 1984, já há um par de décadas que milhares de portugueses tinham levado o seu idioma para o Grão-Ducado. Com as punições postas de parte, o sistema de ensino do Luxemburgo está a dar passos importantes para uma melhor integração da sexta língua mais falada no mundo, a língua portuguesa.

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Mesmo o vernáculo de Bordalo Pinheiro pode ser encontrado, como no mercado agroalimentar realizado em frente à autarquia da cidade do Luxemburgo

“INFELIZMENTE OS PAIS DOS ALUNOS QUE NÃO FREQUENTAM OS CURSOS NÃO SE APERCEBEM DA IMPORTÂNCIA DAS COMPONENTES DA LEITURA E DA ESCRITA, SEM AS QUAIS A LÍNGUA PORTUGUESA NÃO CONSTITUI VERDADEIRAMENTE UMA MAIS-VALIA” JOAQUIM PRAZERES



DESTAQUE \\ PORT.COM NO LUXEMBURGO

PORTUGUESES ATIVOS NOS EVENTOS CULTURAIS A União Europeia promove há 30 anos a iniciativa Capital Europeia da Cultura. Desde então, já foram nomeadas mais de meia centena de localidades do Velho Continente com este título anual, mas apenas uma por duas vezes: a cidade do Luxemburgo, em 1995 e 2007. A comunidade portuguesa participa cada vez nas atividades culturais da capital do Grão-Ducado.

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s museus predominam entre os espaços de cultura da cidade do Luxemburgo, mas a música, o teatro e o cinema também têm estruturas próprias com excelentes condições. Num país em que metade da população é estrangeira, as manifestações artísticas com diferentes ascendências surgem com naturalidade, com os portugueses a não constituírem exceção.

“Existem portugueses e lusodescendentes que desenvolvem atividades artísticas, como na pintura e na música, em instrumentos como o piano e até a harpa”, descreve Joaquim Prazeres, elemento ligado ao Instituto Camões no Luxemburgo. No mês passado, o artista plástico lusodescendente Steve Veloso expôs os seus quadros na Galeria Nosbaum Reding, espaço localizado ao lado do Museu Nacional de História e Arte do Luxemburgo. Uma outra iniciativa cultural que evidencia as ligações entre Portugal e o Luxemburgo teve recentemente lugar na praça Guillaume II, onde durante várias semanas houve uma exposição pública de fotografias de Guimarães, em frente à autarquia da cidade do Luxemburgo. A iniciativa da associação Amitié Portugal –

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Uma associação portuguesa promoveu uma exposição de fotografias de Guimarães na cidade do Luxemburgo. Ambas as localidades já foram Capital Europeia da Cultura

Luxembourg inspirou-se na aproximação entre duas capitais europeias da cultura, rótulo que a cidade portuguesa recebeu em 2012. Entre os principais eventos culturais realizados anualmente no Luxemburgo, que contam com representação portuguesa, Joaquim Prazeres destaca o Festival das Migrações (encontro de partilha da cultura dos estrangeiros no Luxemburgo, que se realiza há mais de 30 anos),

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TODOS ESTES EVENTOS SÃO OPORTUNIDADES PARA MOSTRAR AO LUXEMBURGO UM PORTUGAL JOVEM E COM VITALIDADE, UMA IMAGEM DIFERENTE DA DEIXADA PELA VAGA DE EMIGRAÇÃO DA DÉCADA DE 70” JOAQUIM PRAZERES


a Primavera dos Poetas (celebração da poesia que reúne autores provenientes de toda a Europa) e a Quinzena do Cinema Português (durante a qual são exibidos filmes portugueses).

Xutos & Pontapés

O representante do Instituto Camões considera que “todos estes eventos são oportunidades para mostrar ao Luxemburgo um Portugal jovem e com vitalidade, uma imagem diferente da deixada pela vaga de emigração da década de 70, com o folclore e o saudosismo ainda muito presentes”. Até ao final do ano estão previstos vários espetáculos com artistas portugueses no Luxemburgo, principalmente oriundos do mundo da música. A Revista PORT.COM apresenta-lhe alguns destes eventos.

Mariza

David Fonseca

Mariza esgota em menos de uma semana Mariza vai atuar na cidade do Luxemburgo no início da noite de 14 de novembro, na Philharmonie. A conceituada sala de concertos celebra este ano o 10.º aniversário da sua inauguração, tempo suficiente para que esta seja a 4.ª vez que convida a fadista portuguesa. Os bilhetes para os 1 500 lugares da sala foram postos à venda a 17 de agosto, mas demoraram menos de uma semana a ficar esgotados. Outubro começa com concerto de Miguel Araújo Antes de Mariza, foi a vez do cantor e compositor portuense atuar na Philharmonie, no final da tarde de 1 de outubro. O Luxemburgo é o 3.º território internacional a conhecer ao vivo canções cantadas em português como “Os maridos das outras” e “Quem és tu miúda”, depois de Espanha e de Macau.

Miguel Araújo

David Fonseca estreia-se no Luxemburgo O músico leiriense vai atuar pela primeira vez em solo luxemburguês, concretamente no Casino 2000, na cidade do Luxemburgo. A entrada em palco do antigo vocalista dos Silence 4, que a solo se notabilizou com canções como “Someone that cannot love” e “Kiss me, oh kiss me”, está marcada para a noite de 21 de novembro. Xutos & Pontapés regressam à Rockhal A maior banda portuguesa de rock vai voltar a atuar na sala de concertos localizada em Esch-Belval, na noite de

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7 de novembro. Trata-se não só de um regresso ao Luxemburgo como à Rockhal, que tem capacidade para mais de 6 500 pessoas e onde teve lugar a 4.ª e última presença dos Xutos em palcos luxemburgueses. O primeiro concerto de Tim, Zé Pedro e companhia no Grão-Ducado foi em Ettelbruck, no já distante ano de 1988. Quatro anos depois, em 1993, atuaram em Limpertsberg.

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DESTAQUE \\ PORT.COM NO LUXEMBURGO

EXPLORAÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL (AFINAL) É RARA Apesar de se ter tornado numa temática bastante abordada, os casos de trabalhadores explorados no Luxemburgo não só não têm aumentado, como até têm diminuído. O setor da construção civil continua a apreciar e até a valorizar a mão de obra portuguesa. A qualificação profissional é o melhor caminho para o sucesso.

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ano 2015 tem assistido a várias notícias sobre casos de exploração, algumas vezes até apontados como “escravatura”, de trabalhadores portugueses da construção civil no Luxemburgo. Os casos foram assinalados por sindicatos, tanto portugueses como sediados no Grão-Ducado, que também são os mesmos a indicar que “mesmo assim são casos pontuais, em número muito reduzido face à totalidade dos trabalhadores”. Liliana Bento, responsável pelo setor da construção no LCGB, o sindicato de todos os trabalhadores no Luxemburgo, é a autora destas palavras, às quais acrescenta que “agora até há menos do que sempre existiu”. Porém, deixa uma ressalva: “Nem que fosse só um caso, valeria sempre a pena torná-lo público, para defesa dos trabalhadores, que é para isso que os sindicatos existem”.

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Poucas são as ruas nas quais não se encontra uma obra

A portuguesa aconselha os trabalhadores compatriotas a contarem ao sindicato quando se sentem exploradas, lamentando “que apenas o façam em último caso, isolando-se ou apenas contando a um amigo ou vizinho, por não dominarem a língua do país, não conhecerem os sistemas ou não estarem minimamente integrados”.

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Março e junho foram os dois meses em que estes casos foram mais falados. No primeiro foi mesmo o LCGB a denunciar casos de portugueses a trabalhar sete dias por semana e com salários muito abaixo do mínimo luxemburguês, que ronda os 1 922 euros para trabalhadores não qualificados. Ao coincidir com uma visita


Várias gruas na zona histórica do Luxemburgo simbolizam a constante renovação e preservação do património edificado

“CÁ NO LUXEMBURGO OS TRABALHADORES PORTUGUESES SÃO VISTOS COMO MUITO HONESTOS, MUITO DEDICADOS E MUITO BONS NAQUILO QUE FAZEM” LILIANA BENTO ao Luxemburgo de representantes do Sindicato da Construção Civil português, a divulgação destes dados gerou muitas notícias em Portugal. Em junho foi a emissão de uma reportagem feita por um canal televisivo luxemburguês a trazer novamente o tema à baila. A peça mostrava vários trabalhadores a viverem em condições indignas, nos casos mais extremos a dormirem em carrinhas. Chegam mais trabalhadores do que partem Apesar desta mediatização negativa, Liliana Bento assegura que o número de portugueses que chegam ao Luxemburgo para trabalhar na construção civil “é maior do que o daqueles que partem”. Por outras palavras, pode-se dizer que a crise em Portugal, tanto neste setor de atividade como noutros, vence a recessão que nos últimos anos também tem afetado o Luxemburgo. No primeiro semestre deste ano, o LCGB contou “57 falências de empresas do setor da construção, meia dúzia delas de média dimensão, as outras todas muito pequenas”. Mas por todo

o Luxemburgo não faltam obras, tanto públicas como privadas. “Quando recebemos o presidente e o vice-presidente do Sindicato da Construção Civil português, ficaram muito admirados com a quantidade de gruas que eram visíveis. Para mim já é normal ver duas ou três obras em cada rua que passe”, descreve Liliana Bento, que deixou Portugal há apenas três anos: “Há muita construção, mas os meus colegas até me contam que nos últimos anos há menos obras públicas”. No final de 2014, o Luxemburgo contabilizava 3 522 empresas da cons-

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trução civil, o que perfazia 11,6% das empresas locais. É o 3.º setor de atividade com mais empresas, apenas atrás da reparação e comércio automóvel e das empresas que operam nos domínios científicos e técnicos. Supera, por exemplo, as atividades que mais distinguem (e enriquecem) o Luxemburgo, as do setor financeiro. Reconhecimento da mão de obra portuguesa A maior parte dos trabalhadores portugueses saídos das empresas que abriram falência na primeira metade deste ano já arranjou trabalho. “Para quem tem qualificação própria é re-

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DESTAQUE \\ PORT.COM NO LUXEMBURGO

lativamente fácil arranjar emprego. Os trabalhadores de pesados, por exemplo, foram para outras empresas passado dois ou três dias”, conta a dirigente sindical. Qualidade é um adjetivo associado à mão de obra portuguesa. “Cá no Luxemburgo os trabalhadores portugueses são vistos como muito honestos, muito dedicados e muito bons naquilo que fazem. Há cada vez mais trabalhadores de leste a virem para cá, a oferecerem-se por preços mais reduzidos, mas as empresas continuam a preferir os portugueses”. No que toca aos empresários e gestores, o cenário é semelhante, com “muitas empresas do setor com portugueses que se conseguem distinguir na sua estrutura”. Como não há regra sem exceção, “também há portugueses que acabam por falhar, tanto entre os recém-chegados como nos que já estão cá há alguns anos e que decidem ir em aventuras para as quais não estão preparados”. Planear antes de emigrar As má-aventuranças a que Liliana Bento se refere “têm a ver sobretudo com falta de preparação”. A dirigente sindical indica que “é mais do que desejável o número de portugueses com um défice de qualificação para gestão de empresas, e sei que isso também se passa noutros setores”. Particulariza com casos com que tem sido confrontada: “Não é por um indivíduo ter sido pedreiro durante uma década que fica habilitado a abrir uma empresa e arrastar consigo 20 ou 30 empregados. Depois acabam por ir

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à falência. Tivemos um caso gritante, com uma empresa que durou apenas quatro meses”. E não é só para abrir uma empresa que é necessária qualificação: “Chegam cá muitas pessoas à procura de trabalhos na construção, apesar de nunca o terem feito, sem qualquer planeamento, informação ou contactos prévios, o que eu desaconselho completamente”. Os motivos para este conselho têm a ver não só com a adaptação ao trabalho, como à vida fora deste. A começar pela procura de alojamento, “que é muito difícil no Luxemburgo, porque o parque habitacional ainda não está assim tão desenvolvido, apesar de haver muita construção”.

“QUANDO RECEBEMOS O PRESIDENTE E O VICE-PRESIDENTE DO SINDICATO DA CONSTRUÇÃO CIVIL PORTUGUÊS, FICARAM MUITO ADMIRADOS COM A QUANTIDADE DE GRUAS QUE ERAM VISÍVEIS. PARA MIM JÁ É NORMAL VER DUAS OU TRÊS OBRAS EM CADA RUA QUE PASSE”

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Liliana Bento recomenda aos seus compatriotas, que estejam a pensar emigrar para o Grão-Ducado, que “se informem junto dos organismos próprios, como a embaixada e o consulado, e procurem contactar os sindicatos e algumas associações, até porque hoje em dia não custa nada mandar um e-mail ou fazer um telefonema”. A crise no setor da construção civil em Portugal, aliada à procura de contratos chorudos, perspetiva a emigração para o Luxemburgo como a solução para os problemas de muitos portugueses. Mas esta é uma história que também tem alguns finais menos felizes. Informação e qualificação ajudam a aumentar as hipóteses de sucesso.

A portuguesa Liliana Bento, responsável pelo setor da construção no sindicato LCGB, ajuda os compatriotas a encontrar soluções para a vida profissional


O turismo não fala português

A zona histórica da capital luxemburguesa, fundada em 963, é a mais procurada pelos turistas

Os bairros antigos e as fortificações da cidade do Luxemburgo estão inscritos na lista de Património Mundial da Humanidade da UNESCO. Uma lusodescendente é protagonista num dos atrativos turísticos mais visitados. Mesmo assim, os turistas portugueses são escassos.

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Luxemburgo não surge no pensamento imediato da maior parte dos portugueses em Portugal ou espalhados pelo mundo, na hora de marcarem uma viagem de lazer. O sol não abunda, não tem mar nem montanhas com estâncias de ski. Mas o património histórico vale bem a deslocação. Nas imediações das fortificações inscritas na lista de Património Mundial da Humanidade da UNESCO, uma placa colocada pela reputada entidade internacional justifica a decisão revelada em dezembro de 1994: “A cidade do Luxemburgo, fundada em 963, tem desempenhado um papel importante na história da Europa ao longo dos séculos. Preservou os restos das suas impressionantes fortificações e os seus bairros antigos num excecional ambiente natural”.

Durante todo o ano são vários os grupos de turistas na zona histórica da cidade a tirar fotografias a locais como o Palácio dos Grandes Duques ou a Catedral de Notre-Dame. Neste segundo espaço está sepultada Maria Ana de Bragança, uma pretendente ao estatuto de infanta de Portugal que se tornou grã-duquesa do Luxemburgo, atualmente celebrada como a protagonista da conversão do Grão-Ducado ao catolicismo. Apesar da vasta ligação entre Portugal e o Luxemburgo, tanto histórica como atual, os autocarros turísticos da cidade disponibilizam guias em cerca de uma dezena idiomas, mas nenhum

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Nos transportes turísticos raramente se fala português

deles é a língua portuguesa. Esta despreocupação é partilhada pela generalidade dos agentes turísticos locais.

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DESTAQUE \\ PORT.COM NO LUXEMBURGO

DESPORTO POBRE NUM PAÍS RICO A comunidade portuguesa mantém o entusiasmo em terra em que o desporto não é rei. O futebol é a modalidade que move mais emoções, seja dentro das quatro linhas, nas bancadas ou em frente ao televisor. Até há equipas que equipam à Benfica e são patrocinadas por marcas portuguesas.

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Luxemburgo é um país com pouca tradição no desporto. Apesar de contar com várias infraestruturas bem equipadas para a prática desportiva, apenas por duas vezes atletas locais conseguiram ganhar duas medalhas olímpicas (no halterofilismo e no atletismo), a última das quais no já longínquo ano de 1952. A comunidade portuguesa ajuda a compor as equipas locais, principalmente de futebol, embora também sem resultados extraordinários. O desporto-rei é a modalidade desportiva onde há mais praticantes portugueses e lusodescendentes. Até existe uma equipa chamada Hamm Benfica, que também equipa de encarnado e tem uma águia no símbolo, sobre a inscrição “E pluribus unum”. Na última temporada conseguiram uma ansiada promoção ao primeiro escalão do futebol luxemburguês.

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No recinto desportivo do Hamm Benfica, que atua na primeira divisão luxemburguesa, cabem bem menos pessoas do que no Estádio da Luz

Um dos patrocinadores do Hamm Benfica é uma das duas maiores cervejeiras de Portugal, mas curiosamente não é a que apoia o Sport Lisboa e Benfica. A equipa presidida por Luís Filipe Vieira é a que move mais paixões entre a comunidade portuguesa no Luxemburgo, “talvez até mais do que a seleção nacional”, conta Jorge Fernandes à Revista PORT.COM.

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Não é só o nome que tem inspiração portuguesa. Os jogadores também vestem de encarnado e apresentam uma águia ao peito


Breves

“OS PORTUGUESES GOSTAM DE VER O FUTEBOL NO CAFÉ, A COMENTAR COM OS AMIGOS”

Mica Pinto abre as portas à seleção luxemburguesa

O café-bar de que é coproprietário há três anos enche sempre que os jogos dos principais emblemas do futebol português são transmitidos na televisão, mesmo perante a concorrência das centenas de parabólicas que dão acesso aos canais de desporto lusitanos: “Os portugueses gostam de ver o futebol no café, a comentar com os amigos”, conta o lusodescendente de 30 anos, com raízes em Braga. O presidente português e o internacional lusoluxemburguês Outro clube com forte ligação à maior comunidade estrangeira no Luxemburgo é o Union 05 Kayl / Tétange, que para além de também costumar contar com jogadores e patrocinadores com raízes lusitanas, na última década foi presidido pelo português José Gonçalves. Este responsável anunciou que irá deixar o cargo em janeiro de 2016, decisão tomada depois de ter sido insultado por adeptos do clube, que exigiam que trocasse o treinador português por um luxemburguês. A seleção de futebol do Luxemburgo continua a ser presença habitual no fundo das tabelas classificativas das

O lusodescendente Jorge Fernandes é dono de um café-bar que enche durante transmissões televisivas dos principais jogos do futebol português

fases de qualificação para campeonatos da Europa e do mundo. Perdeu 42 dos últimos 47 jogos disputados, mas a 5 de setembro causou surpresa ao derrotar a Macedónia, por 1-0. O luso-luxemburguês Daniel da Mota participou neste raro triunfo, ele que há vários anos é apontado como uma das principais referências locais. Os vários jovens lusodescendentes que evoluem nos clubes do Grão-Ducado podem ser a esperança para um futuro com mais vitórias da seleção luxemburguesas, com golos de jogadores que cresceram a admirar estrelas portuguesas como Cristiano Ronaldo, Nani e Bernardo Silva.

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Apesar de ter representado as seleções jovens de Portugal, o futebolista luso-luxemburguês mostrou-se recetivo a tornar-se internacional AA pelo Luxemburgo, numa entrevista ao jornal Contacto. O jovem lateral de 22 anos nasceu em Diekirch, onde viveu até há uma década. Atualmente representa os espanhóis do Recreativo de Huelva, por empréstimo do Sporting, onde cumpriu os escalões de formação.

Bruno de Carvalho visita Differdange O presidente do Sporting vai participar na inauguração oficial da sede do Núcleo do Sporting Clube de Portugal de Differdange, entre os dias 9 e 10 de outubro. Para a primeira noite está marcado um jantar convívio com os adeptos sportinguistas no Luxemburgo, no restaurante português O Forno, em Esch-sur-Alzette.

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NEGÓCIOS

“A SAÚDE ORAL DOS PORTUGUESES MELHORA DE DIA PARA DIA” A ciência já comprovou que “a saúde começa pela boca”. A Clínica Delille, liderada por Francisco Delille, apresenta-se como uma das maiores referências nacionais nas novas técnicas da Medicina Dentária e dedica-se, também, a ajudar os portugueses espalhados pelo mundo a sorrir. ENTREVISTA: MÁRCIA DE OLIVEIRA

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ma boa saúde oral favorece a mastigação, a digestão, a fala, a aparência e contribui para a ausência de dor e desconforto, melhorando a saúde geral. Além disso, hoje, com as novas técnicas, é possível conquistar o sonho de ter dentes bonitos e sobretudo funcionais. Francisco Delille é médico dentista há 22 anos e já transformou muitos sorrisos em sorrisos de sonho. Com uma média diária de 14 horas “à cadeira”, o profissional de Medicina Dentária falou com a Revista PORT.COM sobre as novas técnicas que está a desenvolver, a saúde oral dos portugueses, e as vantagens no tratamento dentário para os pacientes que estão em Portugal apenas por períodos curtos. A medicina dentária tradicional está a desaparecer e a dar lugar a novos tempos que privilegiam novos métodos de tratamento com tecnologia de ponta e transformam o dentista num autêntico artista. A Clínica Delille

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identifica-se com esta nova abordagem da Medicina Dentária? Eu acho que os bons dentistas antigamente eram também um pouco artistas. O trabalho de Medicina Dentária sempre foi um trabalho manual, artesanal, que exigia treino e habilidade manual por parte do profissional. O que acontece atualmente é que o dentista tem de lidar com muito mais tecnologia, tem muito maior necessidade de atualização permanente dos conhecimentos e tem um paciente com um nível de exigência maior. O que é que diferencia a Delille de outras clínicas dentárias? Aquilo que nos distingue da maior parte das clínicas dentárias é o nível de desenvolvimento do trabalho de equipa multidisciplinar, já que temos dez gabinetes dentários a trabalhar nas diferentes especialidades da Medicina Dentária. Temos, por exemplo, uma sala cirúrgica exclusivamente dedicada a todos os tratamentos de cirurgia oral, desde a

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extração de dentes inclusos até às grandes cirurgias de enxertos ósseos e implantes com sedação assistida por anestesista. Temos um total de 16 médicos dentistas que trabalham, cada um, exclusivamente na sua área da medicina dentária e duas higienistas orais permanentes. “Os preços das consultas estão mais acessíveis” Quais são os tratamentos mais procurados pelos portugueses? Penso que continuam a ser os de primeira necessidade, relacionados com cáries, dores de dentes ou perda de dentes que causam graves problemas estéticos. No entanto, a procura de tratamentos mais evoluídos, como por exemplo os periodontais avançados, tratamentos ortodônticos especializados, reabilitações orais com implantes e tratamentos estéticos, tem crescido muito, o que obriga a nossa equipa a evoluir tanto no nível de exigência do trabalho como na articulação entre os diferentes profissionais.


Como está a boca dos portugueses?

Perfil Francisco Delille é médico dentista (Cédula Profissional da Ordem dos Médicos Dentistas n.º 887) e diretor clínico na Clínica Delille. Licenciado em 1993 pelo Departamento de Medicina Dentária da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, exerce prática clínica exclusiva em implantologia e cirurgia oral.

A saúde oral dos portugueses melhora de dia para dia. No entanto ainda há muito a fazer, tanto na educação para a higiene oral como na assiduidade dos pacientes às consultas de controlo e prevenção. Claro que há também problemas de ordem financeira a ultrapassar, já que nem todos os pacientes têm possibilidade de aceder a tratamentos dentários de qualidade, apesar de, no geral, os preços das consultas se terem tornado mais acessíveis, graças ao aumento da concorrência entre clínicas dentárias. Temos que esperar por melhores tempos, em que o Estado possa ajudar esses cidadãos a aceder aos nossos serviços. Sabe-se que os cidadãos portugueses são os europeus que mais usam placas dentárias removíveis, as célebres dentaduras. A implantologia ainda é cara para a classe média portuguesa? A implantologia ainda é cara e praticamente não comparticipada. É evidente que os portugueses, com os seus salários, estão em desvantagem quando comparados com os países mais a norte na Europa. Apesar disso, a implantologia é uma área em grande crescimento, mesmo em Portugal, pela qualidade de vida que proporciona aos pacientes ao permitir a colocação de dentes totalmente fixos com excelentes resultados estéticos. Há alguma técnica que tenha estado a desenvolver e que queira destacar? A técnica que estou a desenvolver atualmente é a da reabilitação de pacientes desdentados totais com maxilar superior atrófico, utilizando enxertos ósseos no seio maxilar com seis ou oito implantes e uma ponte total cerâmica Zirconzahn®.

Parte-se de uma situação desesperada e termina-se com um resultado espetacular. O facto de estar em Coimbra, cidade reconhecida como uma das principais referências na área da saúde, influencia a vontade de querer fazer mais e melhor? No caso da Medicina Dentária passa-se um pouco o contrário: Lisboa e Porto é que são as cidades de referência e onde se encontram as maiores clínicas dentá-

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“O FACTO DE TERMOS UMA EQUIPA MULTIDISCIPLINAR COM LABORATÓRIO DE PRÓTESE PRÓPRIO PERMITE-NOS DAR UMA RESPOSTA RÁPIDA A PACIENTES QUE ESTÃO EM PORTUGAL APENAS POR PERÍODOS CURTOS. ESSA É A NOSSA MAIS-VALIA”

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NEGÓCIOS

casa e família e gostam de ser tratados cá. Além disso, nós oferecemos serviços equivalentes aos praticados nesses países, mas com melhor preço. O facto de termos uma equipa multidisciplinar com laboratório de prótese próprio permite-nos dar uma resposta rápida a pacientes que estão em Portugal apenas por períodos curtos. Essa é a nossa maisvalia.

rias. O curso de Medicina Dentária em Coimbra começou mais tarde e Coimbra é uma cidade mais pequena, pelo que a maior parte dos consultórios dentários durante muito tempo ainda eram pequenos espaços com prática clínica mais generalista. O desafio para mim é o de criar em Coimbra uma unidade capaz de ombrear a nível nacional com as melhores clínicas, prestando um serviço multidisciplinar de excelência.

Futuramente Portugal será, também, um destino de turismo dentário?

“Oferecemos serviços equivalentes aos praticados noutros países, com melhor preço” Como avalia o seu percurso profissional até ao momento? Estou obviamente satisfeito. Foi conseguido com muito esforço e com uma média diária de 14 horas “à cadeira” durante os últimos 22 anos, mas com a recompensa de estar a fazer aquilo que gosto e de ver a minha obra sempre a crescer mesmo nos momentos mais adversos. Muito engraçado para mim também é, olhando para trás, ver como a minha prática clínica mudou ao longo deste tempo, já que comecei a fazer um pouco de tudo, desde desvitalizar dentes até tratar crianças e atualmente dedico todo o meu tempo à cirurgia oral, nomeadamente à cirurgia de colocação de implantes dentários e de enxertos ósseos. E a sua equipa de profissionais, como define? O mais difícil ao longo deste percurso foi criar uma equipa consistente e competente e mostrar aos pacientes que uma Medicina Dentária de qualidade não pode ser praticada por um médico dentista solitário. Neste momento tenho uma equipa

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“TEMOS FEITO BASTANTES REABILITAÇÕES ORAIS A PORTUGUESES QUE VIVEM E TRABALHAM NO ESTRANGEIRO” de profissionais que trabalham nas suas áreas de especialidade melhor do que o que eu o faria como generalista e isso enche-me de orgulho. Defino a equipa de colegas que trabalham comigo como a minha segunda família. Qual é a recetividade que tem tido a nível nacional? E a nível internacional? Já somos conhecidos por alguns portugueses lá fora, já que temos feito bastantes reabilitações orais a portugueses que vivem e trabalham no estrangeiro, nomeadamente na Alemanha, França e até Estados Unidos. Estes portugueses vêm regularmente a Portugal, têm cá

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Não acredito muito no turismo dentário. Penso que a Medicina Dentária se vai globalizar cada vez mais havendo em todos os países serviços e preços bastante semelhantes. Um bom atendimento em Medicina Dentária implica que, após realizado o tratamento, o paciente seja sempre acompanhado em consultas de manutenção e higiene oral regulares na mesma clínica que lhe executou o trabalho. Que planos existem para o futuro da Delille? Mais clínicas, mais serviços? Mais clínicas não, mas mais serviços sim. Neste momento estou empenhado em utilizar o espaço que tenho para oferecer aos pacientes o máximo de serviços e técnicas possíveis em torno da Medicina Dentária para melhorar a qualidade de atendimento. Acrescentámos recentemente uma consulta de tratamento de disfunções crânio-mandibulares e reabilitação vestibular feita por uma Fisioterapeuta e Osteopata, a Dr.ª Lillian Castelão. Também temos já um serviço de análises clínicas em parceria com os Laboratórios Beatriz Godinho. Outras ideias ainda estão a ganhar forma, pelo que há muito trabalho a fazer no futuro.


Breves Empresários conhecem novas tendências dos têxteis-lar

Sonae abre loja de desporto em França A multinacional portuguesa abriu, no final de setembro, a primeira loja da cadeia de artigos de desporto Sport Zone no país gaulês. A loja situa-se no Centro Comercial Carrefour, na cidade nortenha de Amiens, e é gerida por um operador local em regime de franchising. A Sport Zone conta atualmente com mais de uma centena de lojas na Europa e na Ásia.

Homem mais rico da Ásia compra portuguesa Iberwind O segundo maior operador eólico em Portugal foi vendido a duas empresas que pertencem ao grupo Cheung Kong, liderado pelo chinês Li Ka Shing. O homem mais rico da Ásia, segundo o mais recente ranking da Forbes, pagou mil milhões de euros por uma participação de 65% na Iberwind.

Portugal vendeu mais 14 milhões de euros de vinhos As exportações portuguesas de vinho atingiram, no primeiro semestre do ano, 328 milhões de euros, um acréscimo de 14 milhões face a igual período do ano passado, correspondente a mais 4,6%. O crescimento em valor foi mais do dobro do aumento em quantidade. As empresas portuguesas exportaram 134 milhões de litros de vinho entre janeiro e junho, um aumento homólogo de 2,1%. A manter-se a atual trajetória, Portugal deverá bater novo máximo histórico de vendas de vinhos para o estrangeiro, pelo sexto ano consecutivo.

As tendências da próxima edição da maior feira de têxteis-lar do mundo, a Heimtextil, foram apresentadas, a 29 de setembro, aos empresários portugueses no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães. A Heimtextil está marcada para janeiro, em Frankfurt (Alemanha), sob a temática central “Well-being 4.0”, que assenta em produtos que transmitem um sentimento de calma e relaxamento. Prevê-se que os portugueses voltem a ser uma das nacionalidades mais representadas no evento.

Pera rocha bate recordes de exportação Das 201 mil toneladas colhidas em agosto de 2014 e escoadas até agosto de 2015, 102 mil foram vendidas no mercado externo, ultrapassando as 100 mil toneladas exportadas na campanha de 2013/2014, valor que constituía o anterior recorde. O Brasil é o país estrangeiro que consome mais este fruto português.

Li Ka Shing

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ON LINE

Sugestões

Essenciais para o outono/inverno A moda made in Portugal está a crescer. Seja calçado, carteiras, vestuário ou acessórios, saiba o que vai fazer a diferença no seu guardaroupa neste outono/inverno e em que peças portuguesas deve investir para o valorizar.

Poncho RÜGA

Atreva-se a inovar o seu vestuário com este poncho em malha. Com um corte largo e com capucho, este poncho da RÜGA - uma marca da moda feminina made in Portugal - é o complemento ideal para este outono/inverno.

Chapéu exclusivo

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Botas cool

Estas botas da Eureka combinam diferentes tipos de pele para quem gosta de estar na moda. Combine este modelo de atacadores com uns jeans e sinta-se cool. PVP:89,90€ www.eurekashoes.com

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Azulejo português

Chapéu de chuva

Proteja-se da chuva de uma forma original e ecológica. A cortiça é um recurso 100% natural, muito durável, tendo uma grande importância ambiental e social para Portugal.

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“Os sapatos sustentam-nos na base e elevam-nos à altura dos sonhos”. É este um dos motes da marca portuguesa Zilian, que coloca sempre as últimas tendências nos seus modelos. Estas botas de camurça com franja são apenas um exemplo. PVP: 109,90€ http://zilian.com

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TURISMO

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á se trata de uma tradição. Quando é organizada a entrega dos prémios europeus World Travel Awards, o setor do turismo português prepara-se para receber uma mão cheia de troféus. Na cerimónia que este ano teve lugar em Santa Margherita di Pula, na ilha italiana da Sardenha, foram 14 os “Óscares do turismo” europeu, como também são conhecidos estes galardões, atribuídos a concorrentes portugueses.

MELHOR DESTINO DE PRAIA

Algarve

Ao setor da hotelaria coube a maior fatia deste bolo, com nove hotéis portugueses a serem distinguidos como os melhores em diversas categorias. O Algarve foi a região nacional com mais estabelecimentos hoteleiros vencedores, com quatro, mais do que os três lisboetas e os dois madeirenses. O Algarve foi eleito o melhor destino de praia da Europa. O trabalho de divulgação desta e das restantes regiões portuguesas valeu o título de melhor entidade turística ao Turismo de Portugal

OS “ÓSCARES DO TURISMO” EUROPEU GANHOS POR PORTUGAL Portugal voltou a destacar-se na edição europeia dos World Travel Awards, com os seus representantes a vencerem em 14 categorias, mais do que países como a Espanha e a Itália. A Revista PORT.COM apresenta um conjunto de imagens que ajudam a perceber alguns dos motivos para tantos prémios.

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A região mais a sul do território continental português também celebrou a distinção enquanto melhor destino europeu de praia, feito que já havia alcançado em 2012 e 2013. Superou Cannes, em França, Corfu, na Grécia, Oludeniz, na Turquia, Maiorca e Marbelha, ambos em Espanha, e a própria Sardenha, que “jogava em casa”. O Algarve foi, de resto, a região portuguesa que chegou à entrega dos prémios com mais expetativas, dado que reunia 45 do total de 78 nomeações portuguesas. Os World Travel Awards distinguem os melhores exemplos de boas práticas no setor das viagens e turismo à escala global desde 1993. Em 2014, Portugal arrecadou 16 “Óscares” e em 2013 já tinha ganho nove. Toda uma tradição vencedora por parte do turismo português.


MELHOR HOTEL ICÓNICO

Bairro Alto Hotel

MELHOR DESIGN HOTEL

The Vine Hotel A hotelaria nacional dividiu galardões por nove estabelecimentos, dois dos quais na Madeira. O The Vine Hotel (na foto) foi eleito o melhor design hotel e o Choupana Hills Resort & Spa o melhor boutique resort

Três prémios viajaram para Lisboa. O Myriad by SANA Hotels foi distinguido melhor hotel para negócios, o Corinthia Hotel Lisbon melhor hotel ecológico e o Bairro Alto Hotel (na foto) melhor hotel icónico

MELHOR RESORT ROMÂNTICO

TAP

Monte Santo Resort

MELHOR COMPANHIA AÉREA A VOAR PARA ÁFRICA, MELHOR COMPANHIA AÉREA A VOAR PARA A AMÉRICA DO SUL MELHOR REVISTA A BORDO

O Algarve também esteve em destaque pela qualidade dos seus hotéis. O Hotel Quinta do Lago foi congratulado como melhor resort de praia, o Conrad Algarve como melhor resort de luxo com spa, o Vila Joya como melhor boutique hotel e o Monte Santo Resort (na foto) como melhor resort romântico

Fora do setor da hotelaria foi a TAP quem mais deu nas vistas, ao receber três prémios: melhor companhia aérea a voar para África, melhor companhia aérea a voar para a América do Sul e melhor revista a bordo, em alusão à Up Magazine

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CULTURA

ÁGATA “AS FESTAS NAS COMUNIDADES TÊM MAIS QUALIDADE”

Esteve quase para pôr ponto final a uma carreira com mais de 40 anos, mas o público não deixou. Ágata é uma das cantoras portuguesas mais apreciadas nas comunidades, capaz de ser recebida por populosas plateias em Paris, Toronto ou Sidney, até a coroá-la rainha em Joanesburgo. Acredita no papel da música para manter viva a língua portuguesa entre os lusodescendentes. ENTREVISTA: LUÍS CARLOS SOARES

C

anções como “Perfume de mulher”, “Maldito amor” e “Comunhão de bens” dispensam apresentações em qualquer ponto do mundo em que haja portugueses. Quando Ágata as canta, nunca o faz sozinha. Numa entrevista em exclusivo à Revista PORT.COM, a artista conta como é o bendito amor que mantém com um público que tanto admira, o das comunidades. Quais são os países estrangeiros onde se sente mais acarinhada pelas comunidades portuguesas?

Sempre que me desloco ao estrangeiro a expetativa é enorme, sou sempre muito bem recebida na Europa, Estados Unidos, Canadá, África do Sul, Austrá-

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lia, onde guardo boas recordações. É muito difícil designar um local especial porque o calor do público é sempre notório por onde passo. Existe empatia, diálogo, histórias nas minhas canções que partilho enquanto canto. Tem significado especial cantar para os portugueses nas comunidades? Estar com portugueses que emigram é levar o sol do nosso país, é poder espalhar uma energia que contagia um povo que vibra quando se entrega a uma música que nos identifica como portugueses. É sempre um grande prazer poder partilhar esses momentos com quem me espera, me acarinha e recebe de braços abertos. Tenho muito respeito por este público. Na sua opinião, existem particula-

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ridades que distingam esses públicos dos portugueses que continuam em Portugal? As festas nas comunidades têm mais qualidade. Para além de lhes levarmos um pouco do nosso sol, como disse, também levamos sucessos que os nossos portugueses gostam de relembrar, uma vez que estão longe de nós e da nossa música. São saudosos, têm muito respeito e amor pela minha pessoa enquanto cantora e mulher. Imagino que haja concertos no estrangeiro que se tenham tornado inesquecíveis… São muitos os momentos que me sensibilizaram. Em Sidney, fui acompanhada por um grupo de músicos sensacionais, o público pediu que cantasse um


tema que normalmente não apresento. A banda tocou, eu cantei, aplaudiramme de pé, fizeram-me chorar. O tema era muito intenso. Fazia parte de mim, da minha história, nunca esqueci. Já em Joanesburgo, coroaram-me Rainha, demonstrando todo o respeito e admiração de uma carreira que tenho levado a pulso. Em Paris fui surpreendida por grupos que trauteavam os meus temas em uníssono enquanto exibiam cartazes com lindas palavras de afeto. Lembrome de um último, em Toronto, o silêncio fez-se quando entrei para cantar. Estremeci, não se ouvia uma mosca, a atenção do público era de grande exigência. Amei quando os aplausos entoaram e nas suas caras um largo sorriso que deixava transparecer muita emoção. Por certo que existem muitas mais histórias, muitos outros acontecimentos, mas o que posso dizer é que amo as pessoas que saem para me ouvir e para me ver. Trás-os-Montes, onde reside, é uma região onde muitos emigrantes voltam no verão. O que lhe dizem quando se cruzam consigo na rua? É uma verdade (risos). De facto, acontece muitas vezes. Primeiro não acreditam, depois confirmam e de seguida abraçam-me e recordam-me momentos que cruzámos, palcos que pisei, locais por onde viajei, momentos que vivi. Claro um abraço e um beijo vem com o impacto e tirar uma selfie é sempre bom. Música para exercitar português Acredita que a indústria da música portuguesa seria a mesma se não existissem os emigrantes? Seria possível haver o mesmo número de artistas e de concertos?

Sem público não há espetáculo. Os portugueses no estrangeiro trabalham muito e quando saem para ir a um concerto, vão de coração, consomem esse momento com muita intensidade e querem revivê-lo depois de tudo acabado, comprando os CD’s dos artistas que apreciam. Esta dedicação faz com que consumam mais música, para alimentarem o seu espírito. Ao fazê-lo acabam por promover o trabalho destes músicos, como acontece comigo. Quando há datas comemorativas existem inúmeros cantores portugueses a viajar pelo mundo, espalhando o seu melhor. O público

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“OS PORTUGUESES NO ESTRANGEIRO TRABALHAM MUITO E QUANDO SAEM PARA IR A UM CONCERTO, VÃO DE CORAÇÃO, CONSOMEM ESSE MOMENTO COM MUITA INTENSIDADE”

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CULTURA

é o grande júri, é quem classifica o valor de tanta gente que existe neste mercado da música portuguesa. A música é um elemento importante para a preservação da língua portuguesa entre os lusodescendentes? Claro que sim. Faz-me muita confusão que as crianças não falem o português em casa com os pais. Muitas delas entendem, mas não falam. A nossa língua é muito rica e, na minha opinião, deveria ser exercitada para que não fosse esquecida. A música pode eventualmente ajudar, mas se não houver insistência pela parte dos pais, as crianças deixam de ter interesse. Temo que daqui a uns anos tudo se vá perder. Com mais de 40 anos de carreira, já assistiu a vários momentos no panorama musical português. Este é um bom momento para se ser músico em Portugal? Bom momento para se ser músico em Portugal? Seria, se o playback deixasse de ser permitido. Não entendo como nos tempos de hoje ainda contratam cantores, inclusive eu, para cantar sem acompanhamento ao vivo. Tenho lutado muito para deixar de o fazer, mas as pessoas aproveitavam-se da palavra crise para não pagarem um espetáculo digno e acessível. Em agosto recusei um concerto nos Estados Unidos por não poder levar os meus músicos. O palco era imenso, ao ar livre, nada intimista, era apenas para milhares de pessoas. Recusei, não me imaginei em cima de um palco imenso sem os meus músicos. Para estas ocasiões, tenho um formato de quatro dos oito músicos, e mais duas coralistas, que me acompanham habitualmente. É desta forma que eu adora-

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Concerto em Paris perante uma multidão de portugueses, em 2012

ria estar sempre com o meu público. Mas tenho fé, e com a quantidade de pessoas que hoje se encontram a cantar, tenho esperança que muita coisa mude e acabe. Trabalha em novo álbum, disponível para concertos Quais são os projetos musicais portugueses mais recentes que mais aprecia? Aprecio tudo o que faço e não falo de ninguém, porque também ninguém fala de mim. Em Portugal muitos dos meus colegas são muito pouco participativos, não se dão uns com os outros e inventam histórias quando se recusam a aceitar convites para trabalhos em grupo ou duetos. Muitos deles são umas verdadeiras vedetas, elitistas e senhores do seu nariz. Eu não sou do género e nem faço género. Sou como sou e quem não gostar de mim por ser quem sou, é porque não me conhece na realidade. E aí lamento, mas não posso fazer milagres (risos). No verão do ano passado chegou a anunciar o final da carreira. O que a fez voltar atrás nesse anúncio?

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O meu desagrado por tudo quanto se vê presentemente a todos os níveis na música, fez com que eu perdesse a vontade de continuar a fazer concertos ao vivo, mas graças a Deus que o público fez com que eu não desistisse. Foram muitas as provas de carinho e afeto que recebi daqueles que me têm seguido ao longo da minha carreira. Se estou aqui, agradeço ao meu público. Quais são os projetos em mãos para os próximos tempos? Neste momento estou muito empenhada na produção do meu novo álbum. Quem quiser contratá-la para um espetáculo nas comunidades, o que deve fazer? Podem-me procurar na minha página Facebook, Ágata Oficial. Para todos os portugueses que estão lá fora e tiveram acesso a esta revista, beijos e um abraço, daqueles que cortam a respiração, da sempre vossa, Ágata.


Breves Festival de cinema em Boston com organização portuguesa

O Consulado de Portugal em Boston e o Instituto Camões organizam o XX Boston Iberoamerican Film Festival, que decorre até 23 de outubro. Durante este período, a Universidade de Boston recebe a exibição de nove filmes, um de cada um dos nove países da América Latina e da Península Ibérica que participam neste evento há 20 anos. O festival abriu a 1 de outubro com “José e Pilar”, documentário do realizador Miguel Gonçalves Mendes sobre José Saramago e a esposa Pilar del Rio.

Miguel Gonçalves Mendes

Artista macaense em exposição inspirada no Douro

Cindy Ng, artista plástica macaense que em 2013 esteve numa residência artística nas quintas durienses da Covela e da Boavista, é a autora de 22 pinturas inspiradas no Douro que estão em exposição no Museu do Oriente, em Lisboa, até 23 de outubro. Nestas obras, a artista experimentou combinar vinhos do Douro e do Porto com tintas convencionais.

Festival do Fado viaja para Sevilha

Porto volta a receber o melhor do cinema de turismo

Outubro é mês de música portuguesa na Suíça

O ART&TUR volta a colocar a concurso alguns dos melhores trabalhos do mundo do audiovisual relacionados com o setor do turismo, sejam documentários, filmes promocionais ou até spots publicitários. A 8.ª edição deste evento decorre entre 20 e 24 de outubro. No total, são 256 filmes os filmes a concurso, com origem em 54 países diferentes.

A banda rock bracarense peixe:avião atua no dia 7 de outubro em Genebra, na sala Animatou Genève. Num mês com muita música portuguesa na Suíça, os músicos Ricky, Paulo Jorge, Romana, Melão, Jorge Guerreiro e Nikita vão atuar na festa do emigrante que a Radio 37 está a organizar em Bulle, a 24 de outubro.

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Concertos, projeção de filmes, um ciclo de conferências e uma exposição, tudo sobre o mais português dos géneros musicais, fazem parte do programa do Festival do Fado, que decorre no Teatro Lope de Veja, em Sevilha, entre 6 de outubro e 2 de dezembro. Carminho, Cuca Roseta (na foto) e Raquel Tavares são algumas das fadistas convidadas.

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GASTRONOMIA

PORTUGAL, PAÍS PRODUTOR DE

Gin

Já há dezenas de marcas portuguesas a produzir a bebida destilada cujo consumo mais tem crescido nos bares nacionais. Tal como nos vinhos, já há gins provenientes de regiões como o Douro e o Alentejo. Utilizam diversos ingredientes existentes na natureza do país para cativarem consumidores dentro e fora de portas. TEXTO: LUÍS CARLOS SOARES

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rências, dado que quase ninguém se lembrava de as pedir. Predominavam os uísques e as vodkas nas garrafeiras de bebidas destiladas. Agora isso é só uma recordação do passado.

ode ter causado estranheza ao português a viver nas comunidades que veio passar férias a Portugal, proveniente de países como França, Suíça ou Luxemburgo, mas pelo terceiro verão consecutivo, foram vários os compatriotas portugueses que se passearam por esplanadas, bares e discotecas com copos amplos com uma bebida transparente, com pequenos grãos ou cascas de frutos a boiar.

Por estes dias o panorama é bem diferente, não só em Portugal como em Espanha. De resto, não se pode dizer que os portugueses estejam a cumprir à risca a indicação dada por um dos seus provérbios populares mais conhecidos: “De Espanha nem bom vento, nem bom casamento”. É que os vizinhos espanhóis até se anteciparam nesta espécie de “moda ibérica”.

A bebida servida nesses copos é gin, normalmente acompanhada por água tónica. Há pouco mais de meia década havia apenas três ou quatro marcas de gin no mercado nacional. Muitos dos bares nem se davam ao trabalho de encomendar alguma dessas refe-

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Agora são raros os bares que se atrevem a ignorar esta bebida, que chega ao mercado português através

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“A NOSSA EMPRESA TEM COMO POLÍTICA DAR PREFERÊNCIA PARA EXPORTAÇÃO A EMPRESAS QUE SEJAM DE PORTUGUESES OU TENHAM PORTUGUESES A TRABALHAR NOUTROS PAÍSES” EDGAR ROCHA, COBALTO - 17

de mais de uma centena de marcas. Agora não faltam produtores de gin em Portugal, responsáveis pela existência de mais de uma dezena de referências nacionais, que utilizam ingredientes exclusivos a Portugal, como são os casos da maçã bravos de Esmolfe e da pera rocha do oeste, frutos que integram diferentes gamas da marca alentejana Sharish. Para além do Alentejo, há marcas em várias cidades do país a produzir gin, como Braga (Gina), Porto (NAO), Porto de Mós (Big Boss) ou Évora (Templus). O famoso líquido é conseguido a partir de cereais como milho, trigo e cevada e, posteriormente aromatizado com elementos chamado botânicos, dos quais o zimbro é obrigatório. Para que se tenha uma noção da proporção atingida por aumento ex-

ponencial do consumo de gin quando este se começou a verificar, Portugal chegou a ser o 3.º principal mercado de uma das maiores marcas do mundo, a Bulldog. Na altura, apenas Espanha e os Estados Unidos (de onde a marca é originária) consumiam mais. Atualmente Portugal está no 5.º lugar desta tabela, não que o consumo tenha começado a decair, porque até continua em crescimento. A diferença é que há mercados de países mais populosos em que o consumo de gin está a crescer, como são os casos da Alemanha e da Colômbia. Até o Douro já tem um gin Uma das marcas portuguesas mais recentes é a Cobalto – 17, lançada no final de junho pelo enólogo Edgar Ro-

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passos

para fazer um gin tónico 1 - Encher de gelo um copo grande 2 - Gelar o copo, rodando o gelo 3 - Retirar a água em excesso 4 - Aromatizar com botânicos 5 - Deitar uma dose de gin (5cl) 6 - Deitar uma água tónica (20cl) 7 - Decorar com botânico

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GASTRONOMIA

cha e pelo engenheiro químico Miguel Guedes, ambos antigos trabalhadores de uma destilaria industrial. Trata-se do primeiro gin totalmente produzido no Douro, destilado em Tabuaço. A própria escolha do nome da marca está relacionada com o rio conhecido pela produção de vinhos: “Um amigo nosso disse que gostava do nome Cobalto, que coincide com a descrição da cor do rio Douro aos olhos de Miguel Torga”, explica Edgar Rocha. Cobalto é um elemento químico, com o símbolo Co (tal como a marca de gin), cujos compostos transmitem uma cor azulada. A presença do Douro neste gin é marcada pela presença de três botânicos da região, a uva tinta amarela, a lúcia-lima e a hortelã-pimenta, que contribuem para “um gin muito aromático e frutado”, descreve o enólogo. A fórmula tem tido boa aceitação, tanto a nível nacional como internacional, com a exportação para países como o Luxemburgo, a Angola, os Estados Unidos e a China, com a presença das comunidades portuguesas a ser vista como uma ajuda na abertura de portas em mercados internacionais: “A nossa empresa tem como política dar preferência para exportação a empresas que sejam de portugueses ou tenham portugueses a trabalhar noutros países”. Edgar Rocha desafia os portugueses no exterior “a provarem o nosso gin e a darem-nos o seu feedback”, aos quais aponta sugestões de consumo: “A equipa de barmen com quem trabalhamos indica que seja servido com gengibre e maçã verde, ou com hortelã-pimenta,

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ou com uma raspa de lima ou laranja. Aqueles que o pretenderem mais doce devem incluir morangos ou amoras vermelhas”. Mas também há quem o beba só com gelo e água tónica, “ou até mesmo Cobalto simples, como nos contam alguns consumidores do norte da Europa”. Não faltam formas para experimentar o gin do Douro. Livros e até um dia nacional A “moda do gin” é tal, que já foi institucionalizado um dia nacional do gin tónico (21 de junho), há livros sobre a bebida escritos por autores portugueses, e até há quem se disponha a comprar para casa equipamentos tão profissionais como um resfriador de copos (que, tal como o nome indica, serve para gelar copos de gin), a troco de quantias superiores a 250 euros. Mas a maior parte dos consumidores continua a ser composta por aqueles

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regras de ouro

1 - O copo deve estar bem frio antes de se colocar o Gin 2 - A medida de gin mais consensual é de 5 cl.

3 - A água tónica deve ser servida com muito cuidado para não perder o gás

que simplesmente querem desfrutar de uma bebida que complementa muito bem com momentos de lazer entre amigos ou em família. Beber um gin com portugalidade é cada vez mais fácil, tal a variedade das marcas nacionais existentes e que chegam a cada vez mais mercados internacionais. A moda do gin é ibérica, mas o seu consumo não tem fronteiras.


Big Boss Sucessor do primeiro gin português, o Commodore, que recebeu a medalha de prata no concurso Monde Selection de Bruxelas, em 1985. A Neto Costa, empresa de Porto de Mós responsável pela produção de ambos, costuma promovê-lo como o resultado de uma fórmula secreta de botânicos (ingredientes) oriundos da Índia, descobertos pelos navegadores portugueses.

NAO Produzido pela Portucale Premium Spirits, empresa da Maia, estagia em barricas de vinho do Porto, onde é envelhecido durante um período mínimo de quatro meses, o que lhe atribui suaves tonalidades douradas.

Sharish Criada por um professor que vivia o drama de não ter sido colocado, esta marca de Reguengos de Monsaraz utiliza frutos de Denominação de Origem Protegida na confeção dos seus gins. Começou com a maçã bravos de esmolfe, recentemente lançou uma gama limitada feita a partir de pera rocha do oeste.

Curiosidades sobre marcas portuguesas Existem gins originários de norte a sul do país e para todos os gostos, fruto de diversos métodos de produção, desde os que envelhecem as barricas de vinho do Porto aos que são feitos com “álcool que não provoca ressaca”.

SUL Gina O projeto que resultou neste gin saiu da mente de três jovens de Braga, que na altura ainda não haviam cumprido 30 anos.

Nasceu em terras algarvias, pela mão de Stephan Garbe, um alemão que há muitos anos visitava regularmente a vila de Odeceixe e considerou que os elementos naturais circundantes, como o limão e esteva apanhada manualmente das falésias, poderiam resultar num bom produto. É destilado em Hamburgo, mas inequivocamente um gin português.

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Wild Snow Dog O nome e imagem deste gin, produzido pela Licores Serrano, deve-se à utilização de zimbro selvagem e de água pura da Serra da Estrela, cadeia montanhosa cujos cães e neve são por demais conhecidos.

Templus A Oficina de Espíritos, em Évora, apresenta-se como a única destilaria biológica do mundo. Sob a marca Templus disponibiliza dois gins, o vermelho e o verde, ambos com botânicos alentejanos como o poejo e hortelã da ribeira. Os produtores garantem que o álcool biológico não causa ressaca.

Amo.te Também produzido pela Licores Serrano, o responsável pelo seu lançamento é o empresário e antigo apresentador televisivo Pedro Miguel Ramos.

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GASTRONOMIA

NÚMERO DE COELHOS BRAVOSS CONTINUA A DIMINUIR Portugal tem cada vez menos coelhos bravoss e lebres, fruto de doenças que têm dizimado estas espécies e dos incêndios que têm fustigado o país nos últimos verões. O número de caçadores de caça menor continua a diminuir de ano para ano, tornando cada vez mais raros alguns dos pratos típicos da gastronomia nacional.

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xistem regiões de Portugal onde a população de coelhos bravos e de lebres, as espécies mais procuradas pelos caçadores portugueses, desapareceram quase na totalidade. O principal motivo prende-se com a “doença do coelho”, nome atribuído a uma doença hemorrágica viral, que nos últimos anos se disseminou por todo o país.

Os incêndios são outra grande preocupação. Há muito que as associações de caçadores portugueses procuram convencer o Governo a promover uma alteração à lei para que não seja permitido caçar em zonas totalmente devastadas por incêndios florestais, de forma a proteger estas espécies. Para além de menos coelhos, também há menos caçadores. O aumento dos preços das licenças de caça e de outras taxas também têm afastado muitos portugueses. Estima-se que o número de caçadores passou para metade nos últimos dez anos, sendo agora cerca de 150 mil.

ao país é extremamente reduzido quando comparado com o da vizinha Espanha.

Apesar de Portugal ainda ser considerado com um dos países com melhores condições naturais para a prática de turismo cinegético, a verdade é que o número de estrangeiros que esta atividade atrai

Tudo isto é encarado como entraves à preservação de alguns pratos de caça que fazem parte do património gastronómico português, como é o caso do famoso Coelho à Caçador.

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Também há cada vez menos emigrantes portugueses que escolhem a abertura da época de caça nas regiões de onde são oriundos para visitarem o país.

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RECEITA

COELHO À CAÇADOR

Esta receita deve a sua designação ao coelho bravos que vive no mato. A facilidade de reprodução e o elevado número que as populações podem atingir, desde cedo se tornaram razão para os homens os caçarem, protegendo as colheitas, aproveitando a pele para vender e incorporando a carne nos seus hábitos alimentares.

Há uns anos era tradição os caçadores juntarem-se no fim de um dia de caça para cozinhar os coelhos e assim confraternizar. Era o chamado “caçar para o tacho” ou Coelho à Caçador. Para saborear este prato é fundamental que o coelho seja mesmo bravio. O seu caraterístico sabor a mato é o principal tempero.

Preparação:

O Coelho à Caçador tem grande tradição em Carregal do Sal, concelho do distrito de Viseu. Continua a ser prato eleito na época da caça, apesar de esta espécie já não ser tão abundante por estas paragens. A diminuição das áreas agrícolas é uma das explicações apontadas pelos caçadores locais, uma vez que esta espécie bravia muitas vezes encontra parte do seu alimento nas culturas hortícolas.

Ingredientes:

Num tacho de ferro ou de barro faz-se um refogado com o azeite, a cebola em rodelas finas, o toucinho e os tomates, ao qual se acrescenta a carne marinada. Ferve em lume brando, regando se necessário somente com vinho (nunca água).

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1 coelho bravos Alho Pimenta Louro Vinho tinto de qualidade Cebola Toucinho Tomates Azeite Alecrim

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Na confeção deste prato, o coelho é previamente colocado numa taça e temperado de alho, pimenta, louro e colocado em vinho tinto de qualidade (preferencialmente do Dão, produto com DOP) e deixado a marinar para o dia seguinte.

No final acrescenta-se o alecrim. Pode servir-se com batata cozida, grelos salteados e pão torrado.

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GASTRONOMIA

Breves Tasca da Esquina eleito o melhor restaurante português no Brasil O restaurante do chef Vítor Sobral foi novamente descrito como “o melhor restaurante português no Brasil”, desta vez pela revista Gula. Desde que abriu no ano passado, em São Paulo, a Tasca da Esquina já recebeu elogios semelhantes por parte de publicações como o jornal Folha de São Paulo e a revista Veja, devido a uma ementa que une pratos portugueses tradicionais e contemporâneos com produtos naturais do Brasil.

Associação portuguesa promove restaurantes da diáspora A Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) criou a “Rede de Restaurantes Portugueses no Mundo”, com o objetivo de enaltecer o trabalho dos restaurantes portugueses pelo mundo, que sejam fiéis à gastronomia e aos produtos nacionais. A iniciativa conta com o apoio do Ministério dos Negócios Estrangeiros português e do Instituto para a Promoção e Desenvolvimento da América Latina (IPDAL).

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Cervejaria portuguesa em Nova Iorque conquista crítica O novo restaurante do chef lusodescendente George Mendes, chamado Lúpulo, está a conquistar a crítica norte-americana. Para além dos pregos, os bolinhos de bacalhau e as sardinhas estão entre as iguarias apreciadas. A revista New Yorker, a agência de notícias Bloomberg, os jornais The New York Times e New York Post, e sites especializados, como o GrubStreet e o Eater, têm rendido vários elogios ao Lúpulo, espaço inaugurado na primeira metade deste ano, que recria uma cervejaria tipicamente portuguesa e na qual nem faltam azulejos brancos e azuis na parede e galos de Barcelos nas prateleiras. Para além dos pregos e de vários tipos de cervejas, obrigatórios em qualquer cervejaria, na ementa rotativa constam

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várias referências da gastronomia tradicional portuguesa, como sardinhas, bolinhos de bacalhau, amêijoas à Bulhão Pato, bacalhau à Brás e por vezes até caracóis. Lúpulo é o segundo restaurante de George Mendes em Nova Iorque, que em 2009 abriu o Aldea, detentor de uma estrela do guia Michelin. O chef nascido em Danbury, no estado do Connecticut, filho de emigrantes beirões de Ferreirós do Dão, é também autor do livro «My Portugal: Recipes and Stories”, lançado no ano passado. Este mês vai dar um seminário sobre gastronomia e cervejas portuguesas durante o New York Wine & Food Festival, que decorre em Manhattan, entre os dias 15 e 18.


Vinhos da Adega Mayor distinguidos a ouro no Mundus Vini

Joana Vasconcelos

Os restaurantes Aidé (de Paços de Ferreira), Brasão (Felgueiras), Largo do Paço (Amarante) e Pizzaria Ralenti (Viana do Castelo) foram distinguidos com o prémio de ouro do VIII Concurso Vinhos Verdes & Gastronomia, iniciativa com o objetivo de assinalar os 107 anos da região demarcada dos Vinhos Verdes. O concurso premiou a harmonização de vinhos verdes com comida ao longo de uma refeição completa entrada, prato principal e sobremesa.

A produtora vitivinícola sediada em Campo Maior voltou a ser premiada no Mundus Vini, um dos concursos de vinho de maior prestígio a nível internacional, que decorreu recentemente na Alemanha. O vinho Pai Chão 2011 e o Reserva do Comendador Tinto 2011 foram os vinhos galardoados com medalhas de ouro. Das premiadas instalações da Adega Mayor saem vinhos de ouro

Restaurantes premiados por utilização de verdes

Garrafa e lata da Gallo inspiradas por obra de Joana Vasconcelos A marca portuguesa lançou uma edição exclusiva da garrafa e da lata de azeite Clássico Extra Virgem com uma imagem inspirada na escultura Pop Galo, criada pela conceituada artista plástica. A edição limitada “POP GALLO” assinala ainda a comemoração dos 450 anos da fundação da cidade brasileira do Rio de Janeiro, um mercado onde o azeite Gallo é líder na sua categoria.

Série revela segredos culinários de idosas lisboetas A AMPMV (Associação Mais Proximidade Melhor Vida) está a realizar uma série com nove episódios, chamada “Lisboa à Mesa”, na qual idosas lisboetas revelam receitas e histórias do mundo da gastronomia ao chef Fábio Paixão da Silva, do Restaurante Povo. Os episódios são partilhados no blogue www.lisboamesa.mpmv.pt e no canal YouTube AMPMV.

Novo mestre do vinho do Porto eleito em França Denis Verneau foi eleito o melhor sommellier de vinho do Porto em toda a França. O escanção do restaurante La Mère Brazier, em Lyon, venceu a final do concurso Master of Port, que decorreu no Cercle National des Armés (em Paris). Perante um júri internacional e uma plateia cheia, quatro finalistas demostraram o seu conhecimento sobre vinho do Porto e a Região Demarcada do Douro. O Master of Port é realizado em edições bienais desde 1988, sempre em França.

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DESPORTO

“TRÊS GRANDES DA MADEIRA” JUNTOS 24 ANOS DEPOIS Com o União junto ao Marítimo e Nacional no principal campeonato português, a Madeira é o território insular europeu com mais “futebol de primeira”. A equipa favorita da mãe de Cristiano Ronaldo não se tem feito rogada e até derrotou o Marítimo na primeira jornada. A rivalidade chega à conquista de apoio entre a comunidade luso-venezuelana.

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TEXTO: LUÍS CARLOS SOARES

Clube Sport Marítimo, o Clube Desportivo Nacional e o Clube de Futebol União disputam o epíteto de melhor clube madeirense no principal escalão do futebol português, o que não acontecia desde o final da temporada 1990/1991. A reunião dos “Três grandes da Madeira” tem gerado muita expetativa entre os adeptos dos clubes, estejam a viver no arquipélago ou nas comunidades. Há 24 anos, o fim da coexistência a três foi ditado pela descida de divisão do Nacional, que terminou em último num campeonato disputado por 20 equipas. O renascer da rivalidade é agora possível graças ao reaparecimento do União, que na última temporada garantiu a subida à Primeira Liga, de onde estava arredado há precisamente duas décadas.

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A Dona Dolores é adepta confessa do União, cuja subida à Primeira Liga festejou efusivamente

O regresso começou da melhor forma possível. Na 1.ª jornada, o União recebeu o rival Marítimo. Em jogos anteriores a contar para campeonatos nacionais,

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os maritimistas haviam vencido por 11 vezes, tendo havido sete empates. Mas pela primeira vez, a vitória no dérbi sorriu ao União, que venceu por 3-2.


Camacho (esquerda) é um dos jogadores que fazem do Nacional a equipa com mais futebolistas madeirenses

Carlos Manuel nasceu em Caracas e deixou a Venezuela com 13 anos, onde ainda tem tios, primos e os padrinhos

O Marítimo é o único clube com um treinador madeirense, Ivo Vieira

Na 2.ª jornada, novo encontro entre emblemas madeirenses, com novo vencedor. O Nacional recebeu e derrotou o União, também pela margem mínima, por 1-0. Dois resultados que aumentaram a temperatura na disputa pelo epíteto de melhor clube madeirense do futebol português. A madrinha Dolores Entre os adeptos que seguem atentamente os resultados do União está Dolores Aveiro, mãe de Cristiano Ronaldo, que na apresentação do plantel aos sócios foi indicada como madrinha do clube. Quando o União celebrou a subida à Primeira Liga, a Dona Dolores não se escondeu das camaras que a fotografaram a celebrar o feito.

Apesar de não ter marcado presença no Museu CR7, espaço onde decorreu a apresentação e que patrocina as camisolas do clube, tornou pública uma mensagem de apoio: “Estou muito feliz por amadrinhar a minha equipa. Estarei em breve com vocês. Força, União da Madeira!”, escreveu a mãe de Cristiano Ronaldo, jogador que curiosamente nunca representou o clube, mas sim os rivais do Nacional. Apoio da comunidade luso-venezuelana Mais dividido do que o apoio da Dona Dolores é o prestado pela populosa comunidade na Venezuela, para onde milhares de madeirenses rumaram

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OS TRÊS CLUBES FAZEM COM QUE A MADEIRA TENHA MAIS EQUIPAS NOS PRINCIPAIS ESCALÕES DO FUTEBOL EUROPEU DO QUE ILHAS COMO CÓRSEGA, SICÍLIA E O ARQUIPÉLAGO DAS BALEARES

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DESPORTO

durante várias décadas do século passado. Duas das maiores figuras madeirenses ligadas ao futebol nasceram mesmo em cidades do país sul-americano: Leonardo Jardim, atual treinador do Mónaco, nasceu em Barcelona; Danny, futebolista da seleção portuguesa e do Zenit São Petersburgo, é natural de Caracas. Também na disputa da atenção da comunidade luso-venezuelana há rivalidade entre os clubes madeirenses: “Quero desafiar a comunidade luso-venezuelana residente na Madeira a apoiar o União da Madeira porque somos a única equipa que está a lançar a ponte entre a região e esta comunidade. Temos quatro jogadores venezuelanos no plantel”, destacou o presidente Filipe Silva, também na apresentação do clube aos sócios. Os jogadores referidos são Édder Farías, Cádiz e Breitner, todos contratados esta época, que assim se juntaram ao luso-venezuelano Carlos Manuel. A equipa com maior número de madeirenses é a do Nacional, com quatro (Camacho, Edgar Abreu, Jota e Nuno Campos), mais do que os três do União (Élio Martins, Miguel Fidalgo e o histórico capitão Ruben Andrade) e os dois do plantel principal do Marítimo (Ruben Ferreira e o veterano Briguel). O Marítimo é o único clube com um treinador madeirense, Ivo Vieira, que até começou a carreira como técnico no rival Nacional, onde jogou durante mais de uma

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Apesar dos esforços do madeirense Ruben Ferreira (à direita), o dérbi da 1.ª jornada não sorriu ao Marítimo

década. Estes dois clubes vão-se defrontar no próximo dérbi madeirense, marcado para 29 de novembro, no estádio dos Barreiros, casa da equipa maritimista. Antes disso, o União da Madeira aguarda pela visita do Benfica Entre os seis principais campeonatos europeus de futebol (Portugal, Espanha, Inglaterra, Alemanha, Itália e França), o português é aquele com mais equipas insulares. As três equipas madeirenses superam as duas da Córsega (Bastia e Ajaccio) e a única siciliana (Palermo). Não falta agitação no arquipélago mais futebolístico da Europa.

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Calendário dos dérbis madeirenses Nacional - Marítimo (11ª jornada - 29 de novembro) Marítimo - União (18ª jornada - 17 de janeiro) União - Nacional (19ª jornada - 24 de janeiro) Marítimo - Nacional (28ª jornada - 3 de abril)


Breves Cédric eleito o lateral mais produtivo em Inglaterra

O futebolista lusodescendente, nascido na Alemanha e internacional pela seleção portuguesa, tem os melhores índices de rendimento entre todos os laterais do campeonato inglês, segundo dados divulgados pelo CIES - Observatório do Futebol. A entidade suíça analisou o desempenho dos futebolistas, divididos por posições no terreno, de cinco campeonatos europeus. O antigo jogador do Sporting, atualmente ao serviço do Southampton, superou outros futebolista de seleção, como o espanhol Monreal (Arsenal) e o sérvio Kolarov (Manchester City).

Sporting conquista Supertaça

Miguel Oliveira volta a ganhar

Seleção sub-20 sagra-se bicampeã mundial de hóquei em patins Portugal renovou o título mundial de juniores em hóquei em patins, ao vencer o Mundial de sub-20. Na final, os jovens portugueses derrotaram a equipa anfitriã, a Espanha, na conversão de grandes penalidades (4-3). Repetiu-se assim a conquista de 2013, na Colômbia.

Hóquei em patins imitou o futebol, com o conjunto leonino a derrotar o campeão nacional Benfica, na Supertaça António Livramento. Num jogo disputado em Aljustrel, o Sporting venceu por 4-2, depois de ter estado a perder por 0-2.

João Sousa finalista em São Petersburgo

O português terminou o mês de setembro a vencer mais uma corrida do Moto3, o 3.º campeonato mundial de motociclismo. Depois das vitórias em Itália e na Holanda, o piloto da KTM conquistou o Grande Prémio de Aragão, em Espanha.

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À terceira não foi de vez. O melhor tenista português de sempre chegou à final do Open de São Petersburgo, na Rússia, mas acabou derrotado pelo canadiano Milos Raonic, pelos parciais 6-3, 3-6 e 6-3. Esta foi a 3.ª final disputada e perdida pelo vimaranense em 2015, depois de também ter disputado os títulos nos torneios de Genebra (Suíça) e de Umag (Croácia).

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DISCURSO DIRETO

LUXEMBURGO, A MELHOR RESPOSTA PARA A DESMOTIVAÇÃO Marta Ribeiro tem 30 anos e vive em Bascharage, a poucos quilómetros das fronteiras com a França e a Bélgica. Quatro anos após ter partido de Alcobaça, mostra-se encantada com a organização e a beleza do Grão-Ducado, onde já nasceu a sua primeira filha.

E

m setembro de 2011, estava eu a tentar concluir os estudos em Design de Equipamento, em Lisboa, completamente desmotivada e a necessitar de dar um novo rumo à minha vida, pois continuar dependente dos meus pais não era de todo uma opção. E eis que surgiu uma oportunidade. Um grande amigo, já residente no Luxemburgo, conseguiu-me uma entrevista de trabalho para uma empresa de design de mobiliário, instalada neste país. Nem pensei duas vezes, falei com os meus pais, como seria de esperar não iria perder essa oportunidade. Et voilà, no espaço de uma semana lá vim eu de malas e bagagens para o Grão-Ducado do Luxemburgo. Infelizmente a entrevista não passou disso mesmo. Surgiu de imediato o primeiro obstáculo, a língua. O Luxemburgo tem três línguas oficiais, o francês, o luxemburguês e o alemão. Eu só tinha conhecimentos de francês, o que na realidade era muito pouco. Mas desistir não estava nos meus planos. Acabei por encontrar trabalho num dos muitos cafés portugueses que por aqui existem.

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Dou por mim rodeada de portugueses, até me esqueço que estou num país diferente. Sem dúvida que isso facilitou bastante a minha adaptação. Acredito que tenha sido mais difícil para a minha família lidar com a distância do que para mim, que o que mais me fazia falta era o mar e a praia. Oh, isso sim eu tenho saudades, do cheiro do mar, de uma boa tarde de sol na praia com os amigos, enfim... Mas aqui também se consegue ser feliz. O Luxemburgo é um país lindo, na minha opinião, com um nível de organização bastante superior a Portugal. A qualidade de vida é boa, pelo que não vejo razão para deixar este país nos próximos anos. Para além de que vai ser ótimo para a minha filha (sim, no meio de tanta mudança até já sou mãe) fazer aqui a escolaridade. Ela ainda nem fala e já está em contacto com três idiomas diferentes. Fantástico! Portugal? Portugal será sempre o meu país, possivelmente irei regressar um dia, é uma incerteza. Sempre que posso viajo até lá, apesar de sentir que a minha vida é no Luxemburgo.

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“DOU POR MIM RODEADA DE PORTUGUESES, ATÉ ME ESQUEÇO QUE ESTOU NUM PAÍS DIFERENTE. SEM DÚVIDA QUE ISSO FACILITOU BASTANTE A MINHA ADAPTAÇÃO”


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