“O Pantanal no sangue” Proprietário da fazenda Mutum, Ruivaldo Nery de Andrade, de 54 anos, é um senhor que, como faz questão de frisar, “possui o Pantanal no sangue”. Filho, neto e bisneto de moradores da região, ele reclama que a situação de assoreamento do rio Taquari está acabando com os criadores de gado. Seu Ruivaldo chegou ao navio da Expedição da Cidadania acompanhado do filho mais velho, Ruivaldinho, de 12 anos. Ele estava em busca de atendimento oftalmológico, pois, por causa do brilho do sol e do reflexo na água, está com problemas na vista. Contente com a expedição e com a possibilidade de contar sobre a situação que vive, Seu Ruivaldo pediu para conversar com a “juíza do navio”, no caso, a coordenadora da expedição e juíza federal associada da Ajufe, Raquel do Amaral. Dos 12 irmãos criados na fazenda, sobrou apenas Seu Ruivaldo para cultivar as terras deixadas pelo pai. “Não dá mais nada”, lamenta, “mas é minha história, meu berço”.
Pescador com documento Mais conhecido como Seu Tatu, Ademir da Silva, de 48 anos, é filho de Dona Diva, considerada a “matriarca do município de Paraguai Mirim”. Personagem famoso na região, Seu Tatu conhece todas as plantas do Pantanal só de olhar, mas, nunca teve nenhum documento. O motivo, de acordo com ele, é a longa distância que teria de percorrer até Corumbá para conseguir a documentação. “É muito caro ir para a cidade”. Pescador de profissão, a falta da documentação sempre foi um problema para Seu Tatu, pois não é possível vender os peixes diretamente à população. E os intermediadores pagam muito pouco. Com a Expedição da Cidadania, Seu Tatu obteve RG, Certidão de Nascimento, CPF e Carteira de Trabalho, e agora vai poder faturar melhor com a pescaria. “Me sinto muito feliz com isso, é uma benção”, comemora o ribeirinho.