Informativo Orixás e Cultos

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Informativo Orixás e Cultos, 03° edição, novembro de 2019, arquivo digital com distribuição gratuita. É autorizado a reprodução de parte ou de sua totalidade desde que respeitado as fontes e a autoria.

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3° edição Nov/2019

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Informativo Orixás e Cultos, 03° edição, novembro de 2019, arquivo digital com distribuição gratuita. É autorizado a reprodução de parte ou de sua totalidade desde que respeitado as fontes e a autoria.

Yara Marina Otun Ya Egbé Tema: Egungun Página: 03 Ogan Marcos de Odé Tema: Sabemos o que temos? O que fazer e como fazer? Página: 07 Tata Mutakalan-ge do Nkissi kabila - Alexandre Macedo Tema: TUDO É IGUAL, TUDO É A MESMA COISA.... Assim ouvimos de muitos! SERÁ MESMO? Página: 11

Alan Christian Moreira. Tema: Área de Preservação Permanente Lagoa Encantada. Página: 14

Babalorisá Marcelo Benykan Tema: Mito de Erinlé e Omulú Página: 19 Alan Christian Moreira. Tema: Sincretismo a São Cosme e São Damião na Umbanda Página: 23

Renato Souza de Vodun Agué Tema: Magia das ervas Página: 25

Babá Odessy Ifatumbi Tema: Ifaismo Página: 26

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Egungun

Texto: Yara Marina Otun Ya Egbé

Culto a ancestralidade, a tradição que não nos deixa esquecer de onde viemos. Na cerimônia, o passado e o presente se unem. O objetivo principal do culto dos Egunguns é tornar visível os espíritos dos ancestrais e, ao mesmo tempo, manter a continuidade entre a vida e a morte. O culto mantém estrito controle das relações entre os vivos e mortos, estabelecendo uma distinção bem clara entre os dois níveis da existência: a vida e a morte. Os Egunguns se materializam aparecendo pa ra os descendentes e fiéis de uma forma espetacular, com vestes muito ricas e coloridas, com símbolos característicos que permitem

estabelecer sua hierarquia "Sociedade Egungun" Estas têm como finalidade elaborar ritos a homens que foram figuras destacadas em suas sociedades ou comunidades quando vivos, para que eles comtinuem presentes entre seus descendentes de forma privilegiada, mantendo na morte a sua individualidade. Esses mortos surgem de forma visível, mas camuflada. A verdadeira resposta religiosa da vida pós-morte, denominada Egun ou Egungun. Egungun e o preconceito: Muitas pessoas, inclusive do próprio candomblé, dizem que Egugun é energia negativa, e isso não é verdade. Sem revelar os fundamentos do mistério, o objetivo é combater o preconceito e mostrar a beleza de uma celebração que une não só ancestrais africanos, mas também os que são brasileiros que, em sua maioria, são parentes biológicos dos membros do culto. Egungun é a preservação da existência coletiva. Guardarmos os laços de parentesco entre as famílias. Cada ancestral egungun representa uma família, para que ela possa se lembrar dele co-

mo princípio da existência, ou seja, onde se inicia a nossa ancestralidade: a famosa árvore genealógica. Reflexão : Será que o seu avô, pai, irmão, qualquer parente ou amigo que te quis bem em vida, vai querer seu mal depois da morte? Devemos cultuar a nossa origem… os indígenas cultuam a sua origem, os cristãos cultuam Jesus, que é um ancestral. O que falta, talvez para as pessoas, seriam informações sobre Egungun. No mês de agosto tivemos a oportunidade de estar na cerimônia de entrega da obra de restauro e entrega do certificado de tombamento do Omo Ilê Baba Agboula, na Ilha de Itaparica, na Bahia, terras dos Egunguns, berço da ancestralidade, momento de resistência e muitas emoções. Estar ao lado de vários ojes Agbas nos faz lembrar dos laços de família, é rever tudo que nossos ancestrais nos deixaram de herança, e não estou falando de riquezas e sim paixão e Fé pelo nosso culto. Você sabia…

O Ile Omo Agboula tem 85 anos de resistência. Esse culto é tão respeitado no alto do Bela Vista, que se por acaso você quiser ir, quan3


do chegar em Ponta de Areia basta perguntar onde fica a rua dos Eguns, afinal se podemos ter ruas com nomes de santos católicos porque não uma rua que homenageia a ancestralidade? Quer ter a oportunidade de conhecer Baba Egugun aqui no Espírito Santo? Com permissão do nosso venerável ancestral e consentimento do responsável administrativo do Ilê Baba Olukoto, Ojú ọba (Silvio Matins ) deixo aqui o convite. Nos dias 07; 08 e 09 de dezembro de 2019 teremos a festividade de Baba Olúkoto , já estamos no terceiro ano de fundação, nosso calendário anual nos permite ter três festas anuais, Junho festa dos Babas de Oxalá Àlá ibí tẹ́yẹ̀ e Ibí láyọ̀ ( em vida Babalorixá Àlágeby), 02 de novembro Finados, e nesse mês do dono da casa. Reuniões e oces todo primeiro domingo do mês. O Ilê, fica em Costa Bela na Serra, Espírito Santo. Se permita conhecer para depois julgar... teremos grande satisfação em recepcionar e tirar dúvidas sem revelar o mistério.

Mais informações: Iara Martins Yà ẹgbẹ́ (27) 99928-2966

imagem 1: Baba Àti'lèwá Egungun de Ogun. A casa desse venerável ancestral fica na Rua do Jambreiro Dois, 270, Cotovelo, Amado Bahia, Mata de São João, Bahia.

Imagem 2: Reginaldo dos Santos,Otum Olúbajó do Ilê Baba Agboula, Alàgbà do Ile Baba Àti'lèwá e Alàgbà responsável pelo Ilê Baba Olukoto no Espírito Santo. 4


Imagem 3: Acima Reginaldo no mutirão de construção de taipa no Ilê Asipa junto com mestre Didi e outros membros e familiares do culto.

Imagem 5: Alàgbà Reginaldo, Crispim Otun Majo Bajo Alàgbà do Ilê Obaerin no Recife, Babino Alàgbà do ilê Agboula, Carlinhos Oje DuduAlàgbà do Ilê Olójade.

Imagem 4: uma parte da árvore genealógica da família dos Santos e todos Ancestrais.

Imagem 6: Mistinho (in memória) Ewè Dun do Ilê Baba Agboula, Carlinhos Oje Dudu Alàgbà do ilê Baba Olójade no Rio de Janeiro e Alaba Reginaldo no seminário no Agboula.

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Texto: Yara Marina Otun Yà ẹgbẹ́ Revisão de texto: Erika Passos Otun Lewá iji Correção da escrita da linguagem de yoruba : Rayana Rodrigues Otún Yakekere

Imagem 7: Reginaldo e Augusto do Santos Oluide do Ilê Agboula considerado uns dos ojés mais velho do culto.

Imagem 8: Alàgbà Reginaldo dos Santos, Maiana do Santos Nobre Otun Yalore do Ilê Agboula com as crianças do projeto beneficente Lola Odárá Um Amanha Melhor.

Imagem do texto inicial: Alàgbà Laelso Vitoriano dos Santos (in memórian) conduzindo Baba Onila, Laelso hoje retornou como egungun Baba Àládenilá em vida foi pai de Reginaldo dos Santos.

Texto: Yara Marina Otun Yà ẹgbẹ́ Revisão de texto: Erika Passos Otun Lewá iji Correção da escrita da linguagem de yoruba : Rayana Rodrigues Otún Yakekere

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A Religião e suas barreiras

Ogan Marcos de Odé Sabemos o que temos? O que fazer e como fazer?

Olá, meus respeitos a todos. Quero iniciar este artigo colocando uma reflexão a todos os leitores. Qual a possibilidade de uma solicitação de defesa em uma ação política ou judicial, ou mesmo uma exigência de seus direitos, sem o conhecimento destes? Como deve ser a defesa de um espaço sagrado sem ele estar devidamente legalizado? Não há defesa da Unidade Territorial Tradicional sem sua devida legalização. O poder político e judicial entenderá que a ação é individual é pessoal mesmo nos espaços sagrados. Peço aos ir-

mãos que repensem a questão da legalização dos espaços mesmo com dificuldades de manutenção contábil ou fazendária, o que pode ser feito de forma coletiva e mais em conta. Dito isso, vamos hoje trabalhar algumas informações pertinentes a nossos direitos, histórico das leis no Brasil e outros países, assim como o que anda pelas câmaras dos deputados, senado Federal. Antes de tudo quero deixar para meus irmãos a notícia da lei que nos beneficia quanto ao nosso sagrado, em relação aos nossos irmãos que tem filhos ou que estudam, contemplando-nos no caso de realizações de atos religiosos, podendo-se beneficiar da lei, em caso de necessidade de se ausentar do local de ensino. Ela altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) mais especificamente no seu artigo 7°, garantindo ao aluno ou aluna a se ausentar para prática religiosa, obrigando a escola a repor prova ou aula em outro momento. A lei criada para benefícios evangélicos,

acaba por nos beneficiar também. Golpe dado, benesses alcançadas também pelo nosso povo. A lei é a Nº 13.796, DE 3 DE JANEIRO DE 2019. Caso precisem utilizar deste artifício legal, façam os trâmites de acordo com a lei. Um outro documento que está circulando em Brasília, é o projeto de lei do Deputado Federal Leonardo Quintão, que é o ESTATUTO JURÍDICO DA LIBERDADE RELIGIOSA. Já passou em algumas comissões e pode ser aprovado. O que me dá muito medo, são as entrelinhas muito discretas como exemplo o parágrafo terceiro do Artigo 3° que faz referência aos indígenas, quilombolas e " tradicionais". Não fala povos e comunidades tradicionais ou Povo Tradicional de Matriz Africana. Pode servir juridicamente para nos prejudicar. Mas temos que sair da zona de conforto e ir para o embate exigir nossos direitos. Se não poderá ser tarde. Uma cronologia de leis. Lei do período colonial Constituição de 25 de março de 1824 Artigo 5º citava “a religião Católica Apostólica Romana Continuará a ser a religião do império todas as outras religiões serão permitidas com seu culto domés-

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Informativo tico ou particular, em casa para isso deixe nada sem forma algum exterior de templo. ” Código Penal Republicano o primeiro código penal da República de 11 de outubro de 1890 criminaliza o curandeirismo artigo 56 o espiritismo artigo 157 a Constituição de 24 de fevereiro de 1891 artigo 11 parágrafo segundo, artigo 73 parágrafo terceiro, quarto, quinto sexto, sétimo, 28º e 29º. Associação religiosa legalizada lei 173 de dezembro de 1893. Funcionamento das confissões religiosas lei de registro público 114 e seguintes decreto-lei 10 51 de 21 de outubro de 1969. Temos a cartilha dos povos tradicionais de matriz africana é um documento que faz referência reconhecendo a autoridade religiosa de matriz africana o sacerdote e a sacerdotisa e as lideranças religiosas de forma hierárquica dentro das Unidades Territorial Tradicional (UTT) formalizado pela autoridade religiosa. O documento existe, nós precisamos apenas em

poderar como já disse antes. Nós temos em nosso favor a lei 77 16/89 que explica os direitos como negro e como religioso e fala das punições por qualquer tipo de racismo que cita em seu texto "Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. " Nosso grande problema está em como tipificar o racismo. Porque as instituições e seus funcionários praticam o racismo institucional, ou seja, ele fará de tudo para não realizar o enquadramento pois ele é racista. Assim usam o artifício de injúria racial que é afiançável e menos grave. Mas há uma proposta de nova redação para compor a lei 7716/89 que qualificará a injúria como racismo que irá passar a vigorar com a seguinte redação, altera o § 3º do art. 140 do DecretoLei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal e acrescenta § 5º ao art. 20 da Lei 7.716, de 5 de janeiro de 1989. Art. 2º.

O art. 20 da Lei 7.716, de 5 de janeiro de 1989, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor, passa a vigorar acrescido do parágrafo 5º: “Art. 20 § 5° Incorre na mesma pena quem ofende a dignidade ou o decoro de alguém, utilizando-se de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. ” (NR) Além desta lei temos nossos direitos na carta Magna de 1988 no Art. 3º incisos IV; Art. 4º inciso II; Art. 5º inciso VI e VIII; Art. 19. Inciso I. Sobre as questões impostos ao espaço religioso no Art. 150 inciso VI alínea "b". Nosso povo pode realizar casamentos com validade jurídica, desde que a instituição religiosa conste em ata e estatuto o cargo e nome do sacerdote ou sacerdotisa. Contempla nos seguintes artigos do código civil lei 10.406 Art. 226, Art. 71. ao 75 e Art. 1.515 a 1570 e ainda a mesma lei cita da obrigação do estado de proteger atividades religiosas. Dentro do enfrentamento ao racismo religioso temos um outro docu8


Informativo mento que podemos estar debruçando que é o Estatuto da Igualdade Racial lei 12.288. Em seu Art 2° e os artigos 23 e 24 define o que que é atos religiosos dos povos tradicionais de matriz africana também as definições das questões vão até o artigo 26. Nossos povos no mundo são reconhecidos de acordo com a convenção ratificada pelo Brasil no seu decreto 6040 instituições políticas dos povos tradicionais, de mas a mas a reconhecimento convenção 169 da. OIT e pelo decreto 5051 de 2004. Neste sentido devemos com isso em cima dessa definição nos auto declarar POVOS TRADICIONAIS DE MATRIZ AFRICANA para podermos nas questões políticas e sociais sermos reconhecidos. Além disso, nos dá direito a várias coisas, como uso de terra, espaços, etc. Temos que nos empoderar deste documento. LEI N° 6.696, DE 8 DE OUTUBRO DE 1979. Equipara, no tocante a previdência social urbana, os ministros de confissão religiosa e os

membros de institutos de vida consagrada, congregação ou ordem religiosa aos trabalhadores autônomos e dá outras providências. De claração Universal Cria da em 10 dezembro de 1948 também ratificada neste mesmo ano em Paris, traz dentro de seu texto no Art. 18 referente a liberdade cren ças assim como sua expressão. Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos de 1966 Também textualiza no Art 18 e 22, direito e respeito a religião e sua posição coletiva e individual. A constituição diz que o estado é laico o que quer dizer: "Doutrina ou sistema que preconiza a exclusão das Igrejas do exercício do poder político e/ou administrativo." Está posto no seu Art. 19 diz: "É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança,

ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público; II – recusar fé aos documentos públicos; III criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si. ". Mesmo assim os legisladores e executivos dos municípios fazem o que lhe convém para contemplar as suas religiões e seus religiosos e nós povos tradicionais de matriz africana, muita das vezes na sua maioria, criamos contenda entre nós sobre coisas particulares de nossa religião, da nossa cultura. Pequenas coisas como, o que um está fazendo não apoiando que o outro está fazendo. Neste sentido de leis nossos inimigos estão postos. Estão criando suas próprias leis e assim vamos enfraquecendo. Vamos dar uma olhadinha nas leis dos municípios da grande Vitória que favorecem ao povo evangélico por exemplo. Cariacica: Lei 2864/74 dia da bíblia no Estado; Lei 2864/74 dia da bíblia em Cariacica; lei ordinária 4741/2009 institui no calendário oficial mu nicípio dia municipal da 9


Informativo marcha para jesus. Serra: Lei Ordinária 2921/2005 dia da instituição do dia da Bíblia; Lei Ordinária 28 05/ 2005 dia do evangélico; lei 2804/2005 dispõe sobre a realização da feira evangélica no âmbito do município da Serra e de outras providências; Lei Ordinária 2784/2005 esta contempla padres e pastores evangélicos Vitória: Lei 4918/1999 inclui no calendário oficial de eventos do município de Vitória o dia da Bíblia; lei 5089/2000 autoriza o poder executivo a incluir no calendário oficial de eventos do município de Vitória a marcha para Jesus; lei ordinária 4843/19 99 Institui o dia do pastor evangélico; lei 6993/2007 Institui o dia do diácomo. Vila velha: lei 4725/ 2008 Inclui a festividade alusiva ao dia da Bíblia da grande Cobilândia no calendário municipal de eventos; lei 4583/2008 Institui o dia da Bíblia no município de Vila Velha e dá outras providências. Esta ainda tem no seu teor o gasto do orçamento próprio podendo ter despesas extras para realizar eventos. Viana lei 2969/ 2018 que instituí o dia do pastor no âmbito do município de Viana a ser comemorado anualmente no segundo domingo do mês de junho; Lei Ordinária 2221 /2009 institui o dia da proclama-

ção do evangelho no município de Viana e dá outras providências; Lei Ordinária 1518/2001; inclui o dia da proclamação do evangelho vianense. Vamos nos empoderar com base nas mesmas leis deles exigindo a laicidade do estado federativo. Assim como tem as leis para os evangélicos é obrigado o município no mesmo teor realizar as mesmas atividades para os povos tradicionais de matriz africana. Podemos exigir isso. Juntos somos mais fortes, separados somos bem fracos. Enquanto nos degladiamos eles se fortalecem. Temos nossos direitos como religiosos e como povos tradicionais que somos. Mas para podermos exigir temos que estar adequados. Precisamos estar também coesos em uma só luta em um só ideal. Temos que alinhar nossos pensamentos no sentido de que independente de como realizo meus atos religiosos, somos Povos Tradicional de Matriz Africana. Vamos manter um legado que não é meu e nem seu e sim dos nossos ÒRÍSÁS, VODUNS E INKISES.

Doté Renato de Gu 14 de Dezembro

Doné Valéria D’Lissa 26 de Dezembro

Babalorisá Paulo Jagger 26 de Dezembro

ASÉ A TODOS. Babalorisá Jô Silva 26 de Dezembro 10


Os encantos do Candomblé TUDO É IGUAL, TUDO É A MESMA COISA.... Assim ouvimos de muitos! SERÁ MESMO? Falo sobre os cultos entre as diferentes nações religiosas do Candomblé. Por exemplo: entre os povos Nagô e os povos de origem Bantu. Diferenças entre os seus Deuses, pois muitos falam Tata Mutakalange do Nkissi que tudo é kabila - Alexandre Macedo igual. Será que é tudo a mesma coisa mesmo? Vamos lá, falarei um pouquinho sobre algumas Divindades das duas nações e citarei alguns poucos exemplos para reflexão de todos os meus amigos. Além dos exemplos comparativos que citarei abaixo, em minha opinião, a maior diferença que existe entre as nações religiosas do Candomblé, ou seja, entre os Deuses (Òrisá e Nkisi / Mukixi) cultuados em cada uma das diferentes nações, se apresenta o fato de que, o Òrisá Nagô em algum momento de sua existência, passou pela terra e teve vida humana, inclusive com descendentes vivos até hoje em dia, enquanto que o Nkisi e/ou Mukixi, são energias vivas, a própria natureza viva (representados pela fauna e flora) e não tiveram forma

Tat’etu Kiretaua, filho de Mam’etu Maza Kesi e pertencemos a raiz Kupapa Unsaba, que é o Bate Folha do Rio de Janeiro. Foi iniciado em janeiro de 1986 na Inzo Ndandalunda na cidade de Santos, litoral de São Paulo.

humana! Olhando para um rio, enxergamos Ndandalunda / Dandalunda, olhando para o céu num dia de tempestade e ao surgir um raio, vemos e louvamos Nzazi... Ao ouvirmos um trovão, saudamos e reverenciamos Lumbondo! Aí estão algumas diferenças entre os cultos e os Deuses de cada Nação! Alguns ainda irão dizer: “Água é água e terra é terra em qualquer lugar”. Com certeza, concordo plenamente, porém as formas de enxergar, nomear, cultuar e adorar são bem diferentes. Os povos Nagô, adoram a Deusa dona das águas, a senhora que controla as águas. Já os povos Bantu/Bantos, adoram e cultuam a própria água como Divindade sagrada e elemento da vida! Percebem às diferenças? Obaluwaye, como o próprio nome já diz é o rei supremo da terra... OBA (Rei) - OLUWA (O Deus Supremo) - AYE (Terra). Nsumbu, Kavungu, Kingongo e etc... forças energéticas que representam a própria terra... A terra em suas várias formas


(Na superfície e em todas as suas camadas interiores, até nas mais profundas). Essas Divindades, também são representadas através dos alimentos, raízes e tubérculos que brotam/nascem da terra sagrada! A terra em sua totalidade e magnitude, que também nos serve de alicerce e fonte de alimento, trabalho, renda e evolução. Vamos a mais alguns exemplos, através dos próprios Deuses e suas diferenças! Ésú – Significa ESFERA, aquele que não tem início e nem fim. Òrisá ligado a sexualidade e que possui o poder da fertilização e do movimento do universo! Mukixi Pambu Njila - Pambu significa encruzilhada e Njila significa caminho! Energia/força ligada diretamente aos caminhos materiais e espirituais, possui a responsabilidade em ajudar ao homem conforme os seus próprios merecimentos, a encontrar bons caminhos e a ter novas possibilidades de vida e recomeços, mudanças e também novas escolhas! Ògún - Òrisá guerreiro, ligado às guerras e conquistas! Òrisá que possui a força dominadora do movimento e do progresso! Senhor do ferro, guerreiro implacável que se alimenta de cachorros! Nkisi Nkosi - Significa Leão. Energia que representa a força, a coragem e a bravura desse majestoso animal! Essa energia é evocada nos momentos difíceis, quando um filho está sendo oprimido e humilhado... Essa força energética irá de encontro ao opressor em defesa do oprimido! Outro exemplo: Mukixi Mukumbi - Energia/força que representa a agricultura na força do plantio e assim contribuindo de forma direta no abastecimento e manutenção dos alimentos! Sàngó - Òrisá rei da cidade de Oyo, com descendentes vivos nessa região até os dias

atuais! Representa a força, coragem e a sabedoria! O asé de Sàngó, é responsável em ajudar o homem de fé a distinguir a verdade da mentira e a enfrentar as consequências por suas escolhas. O relâmpago representa a língua de Sàngó. Mukixi Nzazi - A palavra Nzazi, deriva da palavra Nzaji, que quer dizer RAIO, ou seja, Nzazi é o próprio raio. Está ligado diretamente à atmosfera, através dos temporais, onde atua em parceria com a energia/força de Bambulu

Sena Mvula, Divindade dos ventos e tempestades! Òrisá Òsún - Òsún significa Fonte, a Deusa dona da fonte perpétua da vida! Senhora líder das revoluções e revoltas a favor de seu povo, aquela que ama ou se vinga. Senhora da riqueza/ouro e beleza. Pode ser uma grande mãe benevolente ou ser feroz e violenta! Deusa da fertilidade 12


Mukixi Ndandalunda/ Dandalunda – Energia/força energética ligada à LUA e suas FASES. Também se apresenta no reflexo da lua na água! Essa energia está ligada diretamente aos animais aquáticos e às plantas aquáticas. Também nas raízes das plantas da terra, que armazenam água e por esse motivo, para alguns povos de origem Bantu, seu nome deriva da raiz Danda da Costa. Representa as energias e as forças das águas através das nascentes, fontes, rios, cachoeiras e etc. Água, fonte de VIDA e PURIFICAÇÃO! Bem, aí estão alguns poucos exemplos que possibilitam fazermos as distinções necessárias. Porém alguns podem dizer: “Se são diferentes, por que as vestimentas e as comidas são iguais?” Essas perguntas NÃO são tão difíceis de responder! Lá no início, quando as primeiras casas de Candomblé foram plantadas e o Candomblé foi reinventado aqui no Brasil por razões óbvias, a repressão contra os negros e tudo que vinha dos mêsmos, era muito forte! Racismo e preconceito se faziam presentes em todos os lugares onde os negros estivessem e as casas de Candomblé eram fechadas e destruídas por muito pouco! Sendo assim, de uma forma quase que uniforme, todas as poucas casas de Candomblé daquela época, independente da nação, se igualavam quase que nas mesmas vestimentas, onde os nossos nativos copiavam à moda da sociedade baiana, que vinha da Europa e assim fazendo, as dificuldades eram atenuadas e também por esses motivos, que surgiu naquele momento a introdução das imagens dos santos católicos nas casas de Candomblé, para evitar o racismo e como consequência o fechamento dos terreiros! Por isso as vestimentas são semelhantes, porém com diferenças que se alteram de raiz para raiz! No caso das semelhanças entre as comidas sagradas, também NÃO é difícil de responder, pois lá em África, em todo continente, a

Inzo Kupapa Unsaba - Bate Folha RJ É um terreiro de candomblé localizado no Rio de Janeiro, é uma ramificação do Terreiro Bate Folha Salvador - BA ( Inzo Mansu Banduquenqué). Fonte : https://inzokupapaunsababatefolh arjnegocio.site

condição dos alimentos eram semelhantes para todos os povos, em todas as regiões! O feijão existente era apenas o FRADE (fradinho) e o óleo, apenas dois tipos existiam, o que vinha do dendezeiro e o que vinha da Palmeira (Conhecido como banha de Ori). O plantio do inhame era farto em todas as regiões e o mel de abelha era abundante! A farinha vinha do inhame, rico em ferro e mais alguns grãos semelhantes, também se faziam presentes em toda África e com isso, podemos concluir que, a dieta alimentar era bem comum e semelhante para todos os povos do continente africano e sendo assim, as comidas ofertadas para às Divindades de todas as nações, eram praticamente as mesmas! Aqui no Brasil, que devido às diferenças comuns entre os continentes, por necessidade as mudanças e adaptações foram adotadas!

Coletivo 13


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ÁREA PRESERVAÇÃO APP LAGOA ENCANTADA

Vila Velha está localizada em uma planície litorânea e compõe a região metropolitana da Grande Vitória e se destaca na potência industrial e portuária além do turismo e fortalece a economia local e estimula o crescimento do estado. Embora negligenciado por anos as áreas verdes principalmente as áreas inundadas de restinga e manguezais formam o ecossistema costeiro do Município agregando valor ambiental, mas que estão sofrendo pelo “desenvolvimento” com pouco e as vezes sem nenhum cuidado com as áreas ambientais.

A região de manguezal e restinga dominavam o solo Vila Velhense, hoje restritos em pequenos fragmentos e todos eles ameaçados principalmente pela especulação imobiliária e criação de rodovias. Embora pouco conhecida, entre as rodovias Carlos Lindemberg e a Rod. Darly Santos, e os bairros de Vale Encantado e a grande Cobilândia está localizada a Área de Preservação Permanente Lagoa Encantada. A APP Lagoa Encantada como também é chamada e classificada como uma Zona Especial de Interesse ambiental (ZEIA) por localizar a nascente do Rio Aribiri e deter considerável área de vegetação nativa e especial endêmicas. 14


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A vegetação composta na área, forma um mosaico de diferente fitofisionomia alternando área constantemente alagada formando lagoas e brejos perene e outras áreas de contenção com formação de brejos sazonal. Devido essa característica, o APP Lagoa Encantada reúne flora e fauna tanto de hábito terrestre quanto aquático. Em uma expedição monitorada é possível encontrar vestígio e com um pouco de sorte, ver cachorro, gato do mato, capivara, mão pelada, lagarto teiu, preguiçoso, Torquato (calango diversos), cobra (jiboia, palhereira, cipó, d’água), jacaré do papo amarelo, sagui, morcego além de diversidade de aves algumas raras como a saracura do banhado e outras tantos migratórios que

utiliza-se desse espaço para descanso, reprodução, alimentação e nidificação. Devido à localização, a APP Lagoa Encantada sofre com a pressão imobiliária e rodoviária e cada Plano Diretor Municipal (PDM) a área sofre alguma perda. Para tentar minimizar os impactos que a região sofre, um grupo de moradores que articulados, movimentaram outros grupos e pessoas de diferentes regiões em prol da criação de uma Unidade de Conservação na então APP Lagoa Encantada permitindo assim a formulação de plano de manejo além da proteção cabível a UC dentro do código florestal. Entretanto, não são apenas os problemas que a área enfrenta. São constantes as queimadas, a supressão da vegetação nativa para práticas de corrida motociclista, 15


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Área devastada por queimada

Animais dizimados pelas queimadas. Remoção de areia é realizada na Barra do Jucu, em Vila Velha — Foto: Reprodução/TV Gazeta – 10/01/2019.

extração clandestina de areia e água da lagoa, caça predatória de jacaré, capivara e lagarto (principalmente os teiu), captura de animal para tráfico (pássaros, lagartos, cobras, saguis e etc). Todas essas ações, são monitoradas e dentro do possível, combatidas pelo grupo citado que se apresentam como Fórum de Desenvolvimento Social, Econômico e Ambiental (Fórum DESEA) por meio de projeto de recuperação e restauração de áreas degradadas, criação de meliponicultura (criação de abelhas), trilha ecológica, educação ambiental (acompanhamento em aula de Campo e visita técnica, palestra, organização de evento, seminários e etc), Também são os integrantes do Fórum DESEA os responsáveis pelos atuais levantamentos de espécie da região principalmente de avifauna por meio do monitoramento e expedições permitindo registro importantíssimos como o já citado, saracura do banhado.

Boana albomarginatus Perereca verde

Educação Ambiental Meloponicultura

Educação Ambiental – Alunos da rede pública de Vila Velha 16


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Philodryas patagoniensis Cobra-parelheira

Boa constrictor Jiboia Ameiva-ameiva Calango Verde

Chironius sp. Cobra-cipรณ

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Ardea cocoi Garça moura

Caiman latirostris JacarĂŠ de papo amarelo

Hidrochoerus hidrochaeris Capivara

Artibeus lituratus Morcego da fruta Fotografia: Willerman Silva Ingridi Barros Diponivel no Facebook APP Lagoa Encantada 18


África e seus mistérios

O MITO DE ERINLÉ

:

Babalorisá Marcelo Benykan

Havia um caçador chamado Erinlé, o grande caçador de elefantes. Um dia uma mulher passava perto de um rio e ali perto, junto ao bosque, avistou o caçador. Ele pediu a ela que lhe desse água para beber, a mulher entrou no rio até a altura dos joelhos e, quando se inclinou para apanhar água, ouviu de Erinlé a ordem de que entrasse mais fundo. Mais fundo no rio entrou a mulher, mas percebendo que o rio ia afogá-la, saiu imediatamente da água, com medo de ser morta. Ela ouviu então a voz do caçador, que era o próprio rio, reclamando que ela não trazia oferenda alguma, ela queria recolher sua água, mas nada lhe dava em troca.

Ninguém pode entrar no rio profundo sem trazer presentes, tempos depois, quando Erinlé foi cultuado como orixá, seus seguidores o chamaram de Ibualama, que quer dizer “Água Profunda”.Erinlé, o caçador orixá guerreiro, um dia conheceu Orunmilá e tornaram-se amigos. Erinlé necessitava de dinheiro e seu amigo Orunmilá emprestoulhe o necessário. O tempo passou e Orunmilá teve que voltar a Ifé. Como Erinlé não tinha como saldar a dívida, foi procurar a orientação do babalaô. O oráculo mandou que fizesse oferendas, pois assim conseguiria todo dinheiro que devia e muito mais. Mas as oferendas eram demasiadamente dispendiosas e Erinlé não pode fazer o sacrifício. Sem saída, Erinlé estava completamente envergonhado. Foi até um ermo local onde costumava caçar, depositou seus instrumentos de caçador no chão e desapareceu solo adentro. Junto ao seu ofá restou apenas uma quartinha d’água. Seus filhos, desesperados, procuraram Orunmilá para orientá-los na

busca do pai. Orunmilá disse-lhes que talvez não o vissem nunca mais, mas que fizessem oferendas e teriam ao menos um sinal do caçador. Os filhos de Erinlé o procuraram por tudo o que foi canto. Um dia, chegando ao local misterioso onde Erinlé desaparecera, depararam com as armas do pai junto à quartinha d'água. Ali então ofereceram muitos galos por Erinlé, chamando insistentemente pelo pai.

Logo a quartinha transbordou e a água passou a jorrar em abundância, escorrendo pelo chão. O jorro d'água tomou um curso mata adentro, avolumou-se e formou um novo rio, que todos sabiam ser o próprio Erinlé. Os pa-


Informativo

rentes seguiram o rio, que os guiou até a sua casa. No caminho, Erinlé os fez saber que desejava que os galos a ele oferecidos fossem soltos vivos. Assim foi feito e dizem que os galos de Erinlé estão vivos até hoje e que ninguém ousa matá-los. Erinlé, o rio, continuou a correr para sempre. Em Edê, Erinlé encontra-se com outro rio É Oxum, o rio Oxum, que parte de Ijumu e corre ao encontro de Erinlé. Em Edê os dois se juntam num único caudaloso e calmo rio, são as águas tranquilas que correm juntas para a lagoa. Da união de Oxum com Erinlé nasceu Logum Edé. tempos depois, junto ao rio Erinlé, num lugar chamado Ibualama, pela profundeza das águas, os devotos instituíram um templo para Erinlé. por causa do nome do lugar, o Caçador, que também se chama Inlé, passou a ser conhecido como Ibualama. (Prandi, Reginaldo. Mitologia dos Orixá) Orixá da caça e vive nas florestas, onde moram os espíritos dos antepassados. Tem a virtude de dominar os

espíritos da floresta. Na África era a principal divindade de Ilobu, onde era conhecido pelo nome de Yrinlé ou Inlé, um valente caçador de elefantes. Conduziu seu povo de Ilobu a guerra e os ensinou a arte de guerrear, permanecendo até hoje nesta cidade. Não é incomum para os sacerdotes de Erínlè carregarem um cajado (òsù) semelhante ao que carregam os sacerdotes de Ossãe e de Ifá devido à sua importância como curandeiros medicinais.

Ogan Wilian Silva 04/12

Ogan Renato Cunha 17/12

Ekedy Penha Rodrigues 24/12

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Informativo

Omolú é a Terra! Essa afirmação resume perfeitamente o perfil deste orixá, o mais temido entre todos os deuses africanos, o mais terrível orixá da varíola e de todas as doenças contagiosas, o poderoso “Rei Dono da Terra”. É preciso esclarecer, no entanto, que Omolú está ligado ao interior da terra (ninù ilé) e isso denota uma íntima relação com o fogo, já que esse elemento, como comprovam os vulcões em erupção, domina as camadas mais profundas do planeta. Toda a reflexão em torno de Omolú ocorreu colocando-o como um orixá ligado à terra, o que é correto, mas não deixa de ser um erro desconsiderar a sua relação com o fogo do

interior da terra, com as lavas vulcânicas, como os gases etc. o que pode ser mais devastador que o fogo? Só as epidemias, as febres, as convulsões lançadas por Omolú! Orixá cercado de mistérios, Omolú é um deus de origem incerta, pois em muitas regiões da África eram cultuados deuses com características e domínios muito próximos aos seus. Omolú seria rei dos Tapas, originário da região de Empé. Em território Mahi, no antigo Daomé, chegou aterrorizando, mas o povo do local consultou um babalaô que lhes ensinou como acalmar o terrível orixá. Fizeram então oferendas de pipocas, que o acalmaram e o contentaram. Omolú construiu um palácio em território Mahi, onde passou a residir e a reinar como soberano, porém não deixou de ser saudado como Rei de Nupê em país Empê (Kábíyèsí Olútápà Lempé). As pipocas, ou melhor, deburu, são as oferendas prediletas do orixá Omolú; um deus poderoso, guerreiro, ca-

çador, destruidor e implacável, mas que se torna tranquilo quando recebe sua oferenda preferida. Em África são muitos os nomes de Omolú, que variam conforme a região. Entre os Tapas era conhecido Xapanã (Sànpònná); entre os Fon era chamado de SapataAinon, que significa ‘Dono da Terra’; já os Iorubás o chamam Obaluaiê e Omolú. Omolú nasceu com o corpo coberto de chagas e foi abandonado pela sua mãe, Nanã Buruku, na beira da praia. Nesse contratempo, um caranguejo provocou graves ferimentos na sua pele. Iemanjá encontrou aquela criança e criou-a com todo amor e carinho; com folhas de bananeira curou as suas feridas e pústulas e transformou-a num grande guerreiro e hábil caçador, que se cobria com palha-dacosta (ikó) não porque escondia as marcas de sua doença, como muitos pensam, mas porque se tornou um ser de brilho tão intenso quanto o próprio sol. Por essa passagem, o caranguejo e a banana-prata tornaramse os maiores ewò de Obaluaiê. O capuz de palha-dacosta (azê) cobre o rosto de 21


Informativo

Obaluaiê para que os seres humanos não o olhem de frente (já que olhar diretamente para o próprio sol pode prejudicar a visão). A história de Omolú explica a origem dessa roupa enigmática, que possui um significado profundo relacionado à vida e à morte. O azê guarda mistérios terríveis para simples mortais, revela a existência de algo que deve ficar em segredo, revela a existência de interditos que inspiram cuidado medo, algo que só os iniciados no mistério saber. Desvendar o azê, a temível máscara de Omolú, seria o mesmo que desvendar os mistérios da morte, pois Omolú venceu a morte. Debaixo da palha-dacosta, Obaluaiê guarda os segredos da morte e do renascimento, que só podem ser compartilhados entre o iniciados. A relação de Omolú com a morte dáse pelo fato de ele ser a terra, que proporciona os mecanismos indispensáveis para a manutenção da vida. O homem nasce, cresce, desenvolve-se, torna-se forte diante do mundo, mas continua frágil diante de Omolú, que pode devorá-lo a qualquer momento, pois Omolú é a terra, que vai consumir o corpo do homem por ocasião

da sua morte. Obaluaiê andou por todos os cantos de África, muito antes, inclusive, de surgirem algumas civilizações. Do ponto de vista histórico, Omolú é a idade anterior à Idade dos Metais, peregrinou por todos os lugares do mundo, conheceu todas as dores do mundo, superou todas. Por isso Omolú se tornou médico, o médico dos pobres, pois, muito antes da ciência, salvava a vida dos necessitados; durante a escravidão, só não pôde superar a crueldade dos senhores, mas de doenças livrou muitos negros e até hoje muitos pobres só podem recorrer a Omolú que nunca lhes falta. Candomblé minha fé!

Marcos Cigano 21/11

Maciel Ribeiro 05/12

Jonanthan Raulino 27/12

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Umbanda querida

Texto é pesquisa: Alan C. Moreira

A Umbanda é uma das manifestações religiosas populares mais sincréticas brasileira já que reúne em sua estrutura teogônica elementos constituintes de outras várias religiões, entretanto, na sua ritualística, esses elementos ganham conotações específicas, oras muito diferente do fundamento das religiões de matrizes africanas, mas a harmonia a qual a ritualística é conduzida, fazem com que em um olhar menos atento, conclua que tais práticas ou rituais sejam oriundas da própria Umbanda. Nesse cenário sincrético, a figura dos gêmeos São Cosme e São Damião originalmente de tradição católica ganha força na ritualística de Umbanda e em outras religiões de matrizes africana regional com ênfase maior que é tratado nas igrejas católicas. Segundo o Padre Luizinho em artigo publicado no site canção nova, São Cosme e São Damião foram médicos cristãos que realizavam o ofício em nome de Jesus e por esse motivo, foram perseguidos e presos por Diocleciano no ano de 300 da era Cristã por acusação de feitiçarias e meios diabólicos para disfarçar as curas. Nesse mesmo artigo, o Padre Luizinho faz menção ao sincretismo dos gêmeos aos orisàs também gêmeos Ibeji da cultura Nagô (Yorubá) desassociando os santos a qualquer outra entidade ou divindade de matriz africana e afirma que o dia 27 de setembro, é a data comemorativa ao santo São Vicente de Paula e o dia de São Cosme e São Damião é no dia 26 do mesmo mês. Também é possível achar versões que

afirmam que após a prisão, os médicos foram degolados, ou após ter curado o filho de Diocleciano, foram forçados a cultuá-lo como Deus e a morte dos gêmeos ocorreu após a recusa dos mesmos em adoração ao Imperador. Ainda é possível encontrar história (ou estória) que os santos ofereciam doces para seus pacientes infantil e outras até que afirma que São Cosme e São Damião criaram o xarope açucarado, como forma de tratamento para criança, já que o sabor do xarope era mais atrativo do que os convencionais. Na cultura Nagô, os Ibejis são gêmeos filho de Shangò e Oya apresentando como orisás infantil ou juvenil e estão associados a dualidade, ao nascimento e ao crescimento tanto dos aspectos bióticos (seres vivos) como os meios abióticos (fatores físicos e químicos), logo, associação dos gêmeos da cultura Iorubá como os gêmeos da cultura católica não foi difícil de ser feita. Na Umbanda, não é comum o culto aos orisás Ibejis embora o sincretismo seja reconhecido, contudo, os santos são inseridos em uma das linhas de trabalhos na Umbanda chamada “Linha de Cosme e Damião em que as entidades manifestantes são tratadas de Eres. Nas religiões de nação, os Eres são entidades ligados ao orisá “de cabeça” do médium com a missão de mensageiros do orisá e recebem nome relacionado a essas divindades como o que acontece com os Eres de Osóssi Andorinha e Flechinha, ou de Oshalà Pombinha Branca e Caramujinho e etc., já na Umbanda embora sejam ligado também a orisás, os no-


da medicina sem cobrar dos necessitados. Essa idéia não é reconhecida pela igreja católica, mas é forte nos templos de matrizes africano em especial os mais sincréticos como a Umbanda. Associado a figura de São Cosme e São Damião os santos também gêmeos Crispim e Crispiniano que tinha como ofício a sapataria.

Imagem mais popular dos santos São Cosme e São Damião. Autor desconhecido. Fonte da imagem: https://www.elo7.com.br /kit-de-doces-fest a-cosme-e-damiao-para-100criancas-oferta/dp/A1F

mes geralmente são nomes comuns como Joãozinho, Pedrinho, Mariazinha e acompanhado de Mar, Praia, Mata, Estrada assim sendo possível de identificar o orisá que rege esses Eres. Em alguns terreiros de Umbanda é possível ser identificado um terceiro na imagem de São Cosme e São Damião apresentado como Doum. Algumas pesquisas indicam que Doum é o terceiro irmão indicando que na verdade, foram trigêmeos, porém, Doum faleceu aos 7 anos de idade fomentando a iniciativa altruísta dos médicos gêmeos para o oficio

Imagem de Ibeji na concepção artística de Ubi Maya. Fonte da imagem: https://aminoa pps.com/c/wiccaebruxaria/page/item/ibeji/N4 x6_BokSWI3kkpdYYM4NwQ3x6maEk5ZwMV

Segunda a história de Crispim e Crispiniano, por levar uma vida de serviços voluntários e a crença em Cristo, os sapateiros, acabaram sendo perseguidos pelo exército do Imperador Diocleciano. Após a recusa de negar a fé em cristo, foram torturados até exaustão e por fim degolados como castigo. O dia de São Cris24


Informativo pim e São Crispiniano é 25 de outubro, mas nas religiões de matrizes africana esse santo está ligado a Cosme e Damião. O culto a São Cosme e São Damião se difere muito de uma religião a outra. Na Umbanda por exemplo, as festas são acompanhadas por doce, bolos, refrigerante e outras guloseimas enquanto que nas religiões de nação é oferecido comida como arroz, vatapá, galinha xinxim, acarajé, abará e o famoso caruru. Entretanto, as homenagens aos santos católicos não são exclusivas das igrejas e templos religiosos de tradição africana, já que há vários relatos de pessoas que conseguiram alguma graça principalmente para filhos (qualquer idade) e após a conquista, passaram a oferta os chamados “saquinhos de Cosme e Damião” esses que são combatidos pelos intolerantes religiosos com a alegação de serem produto maléfico e satânico. Embora a prática de ofertar doces de Cosme e Damião já ocorra a décadas, os últimos anos está sendo combatida com veemência e um tanto quanto covardemente já que associa as práticas sagradas a rituais satânicos que ao longo desses anos provocou a diminuição de pessoas dada a essa prática principalmente pelo assédio e a repulsa dos opositores da ritualísticas. Texto é pesquisa: Alan C. Moreira

Renato Souza de Vodun Agué

A MAGIA DAS ERVAS Banho de ervas medicinais e sua importância para o sagrado. As ervas tem uma grande importância dentro da nossa religião, pois onde tudo que se faz diante ao sagrado ao orixá, ao vodun, ao ikisi e etc, é fundamental o poder das ervas. Citarei aqui alguns banhos com as ervas, que é excelente. Abre Caminho – Para questão financeira. Prosperidade. Usar do pescoço para baixo, da cabeça aos pés só uma vez ou outra. Alecrim – Prosperidade e abertura dos caminhos. Alfazema – Acalma, tranquiliza e relaxa. Aroeira – Tira toda negatividade. Descarrega. Usar do pescoço para baixo. Barba de Velho – Tira energia negativa de obsessor. Relaxa e dá energia. A erva Canela de Velho tem a mesma função, só que a Canela de Velho é mais forte. Boldo e Saião – Descarrega e dá calma. Canela de Velho – Tira negatividade de obsessores. Colônia – Descarrega e acalma. Elevante – Readquirir energia, levanta e abre caminho. Junto com o alecrim traz clientes e dinheiro. Erva doce, cravo e canela – Prosperidade.

Espada de Ogum e Yansã – Quando a pessoa estiver com tudo fechado, desorientada e negativa. Para pessoa muito negativa. Cortar em sete pedaços uma folha e ferver. Juntar um pouco de sal grosso. Usar do pescoço para baixo. Macassá – Tem um perfume forte e bom. Dá uma boa levantada. A pessoa raciocina melhor, encontra o caminho, relaxa, descarrega e fortalece a ligação com o Anjo de Guarda e abre os caminhos amorosos. Boa também para doentes. Manjericão – Tira mau olhado e descarrega. Excelente para crianças e adultos. Para crianças usar somente o manjericão e a rosa branca. Oriri – Acalma, tira perturbações e traz energia no banho de ervas. Com problemas de nervos colocar a folha úmida na cabeça. Serve para dormir com ela. Rosa Branca – Descarrega, tira energia de mau olhado e quebranto. Boa para crianças e adultos. Kolofe à todos!

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Informativo

Baba Odessy Ifatumbi foi Iniciado no estado do Espírito Santo por Ifasola Ifadopo a seis anos pertence ao Oruko Ifa é Ifatumbi Awo dele Elebuibon, raiz Nigéria/Osogbo

O Ifaismo é uma filosofia que muito tem se ouvido falar hoje em dia, porém essa filosofia religiosa, chegou ao Brasil há mais tempo, desde a concepção e organização do culto aos Orisás no Brasil, à partir dos sacerdotes negros escravizados. O Ifaismo adentrou o território Yoruba por meio de imigração árabe, que se socializou e se tornou famoso por suas adivinhações através inicialmente da consulta geomântica “agbiba”, que eram por meio de pedras e os respectivos traços dos odus eram feitos diretamente ao chão. Em terras Yorubas, Agboniregun / Orumila, já encontrando o culto estabelecido aos Orisás, passou a divinar utilizando uma espécie de ikin (caroços de dendezeiro). Passando a ser sagrado ao culto, ressaltando que o caroço sagrado no culto a Orumila possui 4 ou mais olhos. Esse tipo de caroço de dendê tem melhor serventia para a divinação e não para a produção

de Epo (azeite de palma/ dendê). Orumila em terras Yorubanas era chamado de “ AGBONIREGUN”, por divinar usando os caroços do Igi Ope (dendezeiro). E por chegar e se socializar em meio ao culto aos Orisás, além de divinar, orientando as pessoas, passou a ser intitulado por” testemunha do destino”, já que manipulando oráculo, ele analisava as transcrições geomânticas, seguindo as combinações dos odus. Posteriormente foi introduzido o oráculo “ Opele ifa”, um oráculo para se consultar de forma mais rápida, pois o interior das favas aludem ao sinais traçados no yerosun (pó de divinação) sobre o “ Opon Ifa “ (tábua circular para divinação) que correspondem aos sinais de cada odu. Orumila/Agbonniregun foi além de conhecido, respeitado pelo povo de orisá, já que era um homem de estatura pequena, pacífico, pois não se envolvia em guerras territoriais co-


muns da época No século XVII foi aceito como “ Orisa akehinde” (Orisa novo), por ser estrangeiro e não ter descendência Yoruba. Seu culto cresceu, adaptou e evoluiu e hoje possui milhares de adeptos. Em 1967 ergueu-se o primeiro templo dedicado a Orumila, o famoso Oketase em Ile Ife, que antes era dedicado a Obaluaye, se tornou dedicado a Orumila Ifa. A origem de mandamentos de Ifa são de cunho Àrabe e suas escrituras, são transcrições adaptadas à realidade Yorubana, por esse motivo houve uma melhor aceitação. O culto a Ifa no Brasil, trouxe uma gama de informações que agregaram ao culto dos Orisás e o próprio comportamento do Aborisa (adorador de Orisa). Através da consulta Oracular, passou a se entender, (dentro da perspectiva do Ifaismo), alguns mistérios e informações perdidas em período escravocrata brasileiro. No Ifaismo, a divindade máster é Orumila, entende-o, como testemunha e conhecedor do destino e que é a boca da sabedoria de Olodumare na terra. Porém o Orisá mais velho que Orumila é Obatala, que na teologia Yorubana foi o primeiro Orisá a ser criado por Olodumare. Existe um ato iniciatório para adentrar o culto a Orumila, chamado de Itefa/ Itelodu. Essa iniciação, faz com o que o “ AWO”, se conecte com a divindade Orumila , pactue com divindades orientadas pelo próprio Orumila e sua esposa chamada” Ya Odu “ e conheça seu Odu e os respectivos “ires e íbis” (positivos e negativos), além dos tabus indicados pelo próprio odu através dos olhos de um Oluwo no “ Igbo Ifa” ( floresta de Ifa). Um Awo é possuidor e conhecedor

dos mistérios de Orumila e passa através desse ritual iniciatório a ser sua própria representação, tendo a boca como sagrada, por ser através dela que será emitido a sabedoria divina sob a luz de “ÈLA” (divindade da pureza, entendida oras como filha, oras como esposa de Orumila). Existe também outro método de culto, (que não corresponde a iniciação), chamado de Isefa. No Isefa, o adorador recebe direito de culto a Orumila, recebendo um Ase do próprio Orisa que se refletirá em sua vida. Sendo chamado o neófito de “ Omo Ifa” (filho de iIfa) Porém, não se trata de iniciação, logo os mistérios envolvidos ao culto e determinadas orientações através do odu são superficiais e gerais além de transitórias, pois o aprofundamento do conhecimento só se dará através da iniciação propriamente dita. Não existe manifestação mediúnica de Orumila, logo ninguém se torna ”Elegun“ de Orumila através do “Osu”. O Osu representa ancestralidade e descendência e no caso específico de Ifa, a descendência não é sanguínea como a maioria das famílias de Orisá tradicional. A descendência se dá através da conversão/ Iniciação. Muitos irmãos do Candomblé e Umbanda, passaram a se iniciar em Ifa, com intuito de possuir mais informações e ampliar seu próprio conhecimento adquirido através dos mistérios de Ifa. Porém, se faz necessários saber distinguir o que remete ao culto Orisá (que é um culto mais antigo) e ao culto de Orumila, pois cada culto possui seus próprios interditos e comportamentos. Um Babalawo Ifa, consagra 27


do e testemunhado por Agbas, só poderá iniciar adeptos a exclusivamente a Ifa. Se existe uma necessidade de iniciação a outro Orisás, um sacerdote do Orisa em questão será chamado para efetuar os rituais, pois o sacerdote de um culto é especialista e sabe os verdadeiros mistérios do Orisa a ser iniciado. Atualmente, alguns sacerdotes de Ifa por terem se submetido a outras iniciações, passam a iniciar neófitos também. Porém, só o fazem se forem iniciados nos mesmos cultos, se não possuem iniciação, não podem iniciar a ninguém por não saberem com profundidades os mistérios do Orisa. Lembrando que o culto de Orisá raiz, é um Ori , um Orisá. As múltiplas iniciações ou Imules (pactos) sobre um mesmo ori, são metodologias Ifaistas, orientadas pelos Odus de cada neófito. O culto a Orumila, é um culto de evangelização parecida com a evangelização Cristã, que tem como premissa a lapidação moral, a intelectualização, o respeito aos dogmas e limites estabelecidos por ifa e pelos Odus pessoais. O Iniciado nos mistérios de Ifa são naturalmente impelidos a estudar os 256 odus, seus versos e segredos tantos dos próprios odus como de Orisá sob a luz e metodologia ifaista. Logo uma pessoa que não aprecia a leitura e a dinâmica de estudo e principalmente não se permite lapidar-se moralmente, será um neófito sem correspondência a divindade principal do culto que é Orumila. Orumila possui pactos estabelecidos com alguns Orisá como exemplo : Esu, Ossain, Oduwa, Osun, Yami Aye, Egungun, entre outros. Isso faz com que Orisá Orumila seja respeitado por seu poder de diplomacia entre divindades mais antigas do que ele próprio.

Para finalizar, o culto de Orumila é um culto positivo e que depende dos neófitos saber discernir e equilibrar seu culto diante da realidade espiritual brasileira, já que o culto de Orisá no Brasil tem um histórico maior e mais incidente pela oralidade. Ifa não veio no intuito de mudar a cultura de ninguém e sim agregar e enriquecer a visão da própria cultura aos Orisás no nosso país. O extremismo teológico traz como consequência a segregação, o enfraquecimento e a limitação espiritual e intelectual do ser, deve-se haver respeito entre ambos os cultos e isso depende muito mais de nós do que das divindades, pois somos nós que cremos em verdades que achamos por alguns momentos ser verdades absolutas, o que nunca seremos, já que a verdade é subjetiva e recebe influências culturais, emocionais, comportamentais, sensoriais e filosóficas. Então sejamos felizes em nossas devoções e saibamos diferenciar seus cultos e doutrinas e só agregar um ao outro o que for de melhor sem ofender a memória ancestral dos negros que morreram em nome da perpetuação do culto a Orisá no Brasil. Mojuba gbogbo, Aboru Aboye, Baba Odessy ifatumbi

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Informativo

DICIONÁRIO YORUBÁ/PORTUGUÊS PALAVRAS EM YORÙBÁ COM TRADUÇÃO PARA O PORTUGUÊS A – nós (pronome pessoal) ÁÀ! – ah! (interjeição) ÀÀBÒ – meio, metade (Vd. ÀÀRIN) ÀÀFIN, AFIN – palácio AAGO ÌPÈNÌYÀN – campainha AAGÚN – suor (Vd. ÒÓGÙN) ÀÀJÀ – Sineta de metal composta de uma, duas ou mais campainhas utilizadas por Pais-de-santo para incentivar o transe. Também chamado Adjarin. AÁKÉ – machado AARÁ – raio, trovão (Vd. MÀNAMÁNA, EDÚN AARÁ, SAN) AARÁ ÒRUN – relâmpago ÀÀRÈ – doença, fadiga, cansaço ÀÀRIN – médio, entre ÀÀRIN – meio, entre (Vd. ÀÀBÒ) ÀÁRÒ – manhã (Vd. AWURÓ, ÓWURÓ, ORO) ÀÀYÈ - vida AAYÙ - alho ABA – escada de mão ABÁ - pessoa idosa, velha ABÀ – mercado, tentativa (Vd. DALASÁ, ARÓ, ÓBUN, OJÁ) ABAA – dar um tapa (Vd. ABARÁ OWÓ) ABADÁ - blusão usado pelos homens africanos ABADENÍ – estrada (Vd. ÓNA) ABADÓ - milho de galinha ÁBAFU – acaso (Vd. ORIRÈ) ABAFU – boa sorte, fortuna, riqueza (Vd. OLÁ) ABA-LAXÉ-DI - cerimônia da feitura do santo

ABAMÍ – estranho, visita (Vd. ÁLEJÒ, ÀJASÉ, PANDAN, OLOJÓ) ÁBAMÓ – tristeza, dor (Vd. FIFARO, ÌBANÚJÉ) ABÂN - coco ABÁNIGBÈRO – conselheiro, sábio mais velho ABANIJÉ - difamador ABARÁ - bolo feito com feijão e frito no epô, comida de origem africana. ABARÁ OWÓ – dar um tapa (Vd. ABAA) ÁBAREBABÓ – êxito ABATÀ – sapato, calçado (Vd. BÀTÀ, ÌSO BÁTÀ) ÁBAWON - tintaABAYA – rainha mãe ABÉ – parte de baixo (Vd. ÌDÌ) ABE – navalha (Vd. OBÈ-JERÍ, OBÈ FARIN, AGBE)ÁBÈBÈ – leque ABÈBÈ ONINA - ventilador ÀBÉLÀ – vela (Vd. INÁ) ABELÉ - fundo ABEOKUTA – Capital de EGBA, reino nativo de Lagos ABÉRE – agulha, alfinete ABÈTÈ – botequim, bar ABI - nascer ÀBI – ou ABIÃ – Posição inferior da escala hierárquica dos candomblés ocupada pelo candidato antes do seu noviciado; em yorùbá significa "aquele que vai nascer". ABÍKÉHÌN – caçula ABIKU – “aquele que predestinou a morte” ABILEKÓ – mulher casada ÁBINIBI hereditário ABÍNIKÚ - calúnia ABIODUM - um dos Obá da direita de Xangô ABÍYA – axilas, sovaco Texto extraído: http://www.reidovudu.com /dicionario%20yoruba%20portugues.html 29


Informativo

Equipe Orixás e Cultos Edição Geral Iyalorisá Lis Maria Ogan Junior Alan Christian Moreira

Coluna Ogan Marco de Odé Babalorisá Marcelo Benykan

Tata Alexandre Macedo Baba Odessy Ifatumbi Babalorixa Benykan

Corpo técnico

Foto Meio Ambiente Wilerman Silva Ingridi Barros

Articulação e propaganda Ogan Junior

Seleção de conteúdo Ogan Junior

Egungun Yara Marina Otun Ya Egbé Revisão ortográfica: Erika Passos Otun Lewáiji Revisão Yorubá: Rayana Rodrigues Otún Yakekere

Revisão ortográfica Iyalorisá Lis Maria

A religião e suas barreiras Ogan Marco de Odé Os encantos do Candomblé Tata Alexandre Macedo

Capa Iyalorisá Lis Maria Ogan Junior Alan. C. Moreira Pesquisa Alan C. Moreira Ogan Marcos de Odé Renato S. de Vodun Águé

Interessados em divulgação e participação entre em contato conosco...

Meio Ambiente Alan C. Moreira África e seus mistérios Babalorisá Marcelo Benykan Umbanda querida Alan C. Moreira A magia das ervas Renato S. de Vodun Agué Ifaismo Baba Odessy Ifatumbi

Layout gráfico Alan C. Moreira 30


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