Revista GV Novos Negócios #4

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ANO 4

| NÚMERO 4 | 2012

REVISTA FGV NOVOS NEGÓCIOS - ANO 4 - NÚMERO 4 - 2012

A REVISTA DO CENTRO DE EMPREENDEDORISMO DA FGV

Marília Rocca e Alexandre Borges: Sócios na Mãe Terra

ALÉM DAS SALAS DE AULA NEGÓCIOS DE TODOS OS TIPOS, FRUTOS DA VIVÊNCIA NA FGV


PEGN

EDITORIAL

Prezados leitores, é com enorme satisfação que o Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da FGV apresenta a quarta edição da revista Novos Negócios, fazendo um balanço das principais atividades do GVCENN no último ano e trazendo, como matéria de capa, a relação entre sócios e o papel da universidade como articuladora de parcerias de negócios. Trata-se de uma temática bastante pertinente, dado que o conflito entre sócios é responsável pelo fechamento de um grande número de negócios. Aproveitar o ambiente acadêmico para interagir e conhecer futuros parceiros nos negócios pode ser uma boa estratégia para minimizar tais conflitos, como fizeram Marília Rocca e Alexandre Borges, nossos empreendedores retratados na capa desta quarta edição da revista. Em relação às nossas atividades realizadas no último ano, há de destacar a parceria que o GVCENN fez com o IBQP para participar do relatório final do GEM – Global Entrepreneurship Monitor. O GEM é um estudo de âmbito mundial, bastante reconhecido pelas escolas e centros de empreendedorismo mundo afora. Para nós, professores e pesquisadores do GVCENN, participar do GEM abre inúmeras possibilidades de pesquisa, uma vez que teremos acesso privilegiado aos dados não só brasileiros mas mundiais coletados pelas instituições participantes do GEM. E por falar em GEM, um dos pontos revelados na última edição é o quanto o empreendedorismo feminino no Brasil se destaca em relação aos demais países participantes. De fato, 49% dos empreendedores brasileiros são mulheres, o que representa a quarta maior proporção entre os 54 países participantes do estudo. A importância do empreendedorismo feminino no Brasil também é reconhecido pela escola, que desenvolve em parceira c om a Goldman Sachs o programa 10.000 Mulheres, cujo perfil de algumas participantes está retratado ao longo da revista. Por fim, vale mencionar o projeto de pesquisa que está sendo desenvolvido pelo prof. Marcelo Aidar, Coordenador Adjunto do GVCENN, cujo objetivo é o de identificar os ex alunos da FGV-EAESP que estão empreendendo. Em uma sociedade de redes como a que vivemos hoje, identificar esse público e promover ações para o fortalecimento dessa rede de empreendedores pode ser um diferencial importante tanto para eles quanto para nosso o GVCENN. Esperamos ter muita coisa para contar sobre isso na próxima edição da revista Novos Negócios. Uma boa leitura a todos! Uma boa leitura a todos, Prof. Tales Andreassi Coordenador do FGVCenn


DIRETORAS EAESP - FGV Maria Tereza Fleury Maria José Tonelli

FGVCENN – CENTRO DE EMPREENDEDORISMO E NOVOS NEGÓCIOS COORDENADORES Tales Andreassi Marcelo Marinho Aidar GESTÃO EXECUTIVA Laura Cristina Pansarella Renê José Rodrigues Fernandes

PROFESSORES ASSOCIADOS Adriana Ventura, Gilberto Sarfati, Marcelo Marinho Aidar, Marcos Piscopo, Tales Andreassi

FGVcenn – Av. 9 de Julho, 2029 – 11º andar São Paulo Tel: 11 – 37993439 Email: cenn@fgv.br www.cenn.fgv.br/

PESQUISADORES E RESPONSÁVEIS POR PROJETOS: Batista Gigliotti, Daniel Capobianco, Fábio Fernandes, Gilberto Sarfati, Gustavo Moraes, Johanna Vanderstraeten, Laura Cristina Pansarella, Mario Daud, Newton Campos, Marcelo Aidar, Marcus Salusse, Renê José Rodrigues Fernandes, Tales Andreassi, Vania Nassif

www.facebook.com/ FGVcenn twitter: @FGVcenn

APOIO ADMINISTRATIVO Aline Novaes, Valeria Mello

REVISTA

ISSN: 22374639 ORGANIZADORES Laura Cristina Pansarella, Renê José Rodrigues Fernandes AGRADECIMENTOS Bob Wollheim

DIREÇÃO E ARTE Chico Max www.chicomax.com.br EMPRESAS PARCEIRAS EDP, Natura, Santander, Sebrae, Sebrae-SP, Grupo Boticário, O Boticário, 3M Brasil DOADORES DE TEMPO O FGVcenn agradece aos palestrantes, debatedores, moderadores e juízes de competições de planos de negócios que gratuitamente compartilharam sua experiência com a comunidade acadêmica e o público em geral neste último ano.

EDITOR RESPONSÁVEL Alexandre Finelli REPÓRTER Vanessa França

Agradecemos às empresas parceiras que possibilitaram a realização das atividades neste último ano, ajudando-nos a cumprir a nossa missão: gerar, utilizar e difundir conhecimento sobre empreendedorismo, tanto interna quanto externamente à FGV:

Agradecemos à Suzano a doação do papel reciclável que possibilitou a confecção deste material.


SEBRAE

SEBRAE-SP E SECRETARIA DA EDUCAÇÃO OFERECEM CURSO DE EMPREENDEDORISMO PARA PROFESSORES DA REDE ESTADUAL A expectativa é que cerca de 2,7 mil docentes participem do curso “Jovens Empreendedores Primeiros Passos”, cujo conteúdo será retransmitido a alunos do Ensino Fundamental; as inscrições já estão abertas e contemplam as 91 diretorias regionais de ensino. da rede estadual o curso “Jovens Empreendedores Primeiros Passos”. O objetivo é que os docentes disseminem a cultura empreendedora entre alunos do Ensino Fundamental (6º ano ao 9º ano). Serão oferecidas 30 vagas em cada uma das 91 diretorias regionais de ensino. A expectativa é que 2.730 educadores participem. As inscrições já estão abertas podem ser realizadas diretamente nas diretorias de ensino (consulte a relação de endereços em www.educacao.sp.gov.br). Além de docentes de escolas regulares, podem participar professores de escolas de tempo integral, educadores do programa Escola da Família e professores-mediadores. O curso será ministrado nas diretorias regionais de ensino, no contraturno das aulas dos professores, simultaneamente sob a gestão do Sebrae-SP e tem o propósito de promover reflexões e debates sobre comportamento empreendedor e plano de negócios. A carga horária é de 30 horas. Destas, 25 são presenciais e cinco a distância, nas quais será desenvolvida uma oficina de empreendedorismo e elaborado um plano de aula para implantação do curso aos alunos. A meta é que o conteúdo seja transmitido, a partir do segundo semestre deste ano, a cerca de 50 mil estudantes para despertar e fortalecer o espírito empreendedor por meio de atividades lúdicas e comportamentais com a finalidade de possibilitar aos jovens uma nova consciência de mercado de trabalho e

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incentivá-los para a atividade empreendedora na vida adulta. “A educação é nosso maior e melhor investimento. Hoje estamos plantando a semente de uma radical transformação no sistema educacional paulista, propiciando a milhares de crianças e adolescentes a oportunidade de aprender a empreender”, ressalta o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae-SP, Alencar Burti. Bruno Caetano, diretor-superintendente da entidade, aponta que “os jovens precisam estar preparados para sair da escola não apenas para ser empregado de empresas, mas também para atuar no empreendedorismo. Nós acreditamos que essa formação começa na escola e o SebraeSP é parceiro neste processo”. “O oferecimento do curso Jovens Empreendedores Primeiros Passos é uma ação importante considerando que uma das principais propostas da Secretaria da Educação do Estado é preparar nossos alunos para o mundo do trabalho”, afirma o secretário da Educação do Estado de São Paulo, professor Herman Voorwald. O curso terá início, até junho, à medida que as turmas forem formadas nas diretorias regionais de ensino. Se o número de inscritos for maior do que a quantidade de vagas, será avaliada a possibilidade de formação de mais classes. O professor que tiver 100% de frequência no curso receberá a certificação da Escola de Formação e Aperfeiçoamento


de Professores (EFAP) “Paulo Renato Costa Souza”, que será publicada no Diário Oficial do Estado e servirá para sua evolução funcional.

METODOLOGIA O tema proposto para cada ano é adequado à faixa etária correspondente, bem como os jogos, as dinâmicas, os exercícios e as pesquisas intra e extraclasse. Nas propostas lúdicas do plano de negócios o intuito é responder às necessidades dos alunos qualquer que seja sua condição escolar, social, econômica e cultural, bem como incentivar o envolvimento da comunidade escolar. A metodologia baseia-se em novos paradigmas, que abordam o empreendedorismo em um sentido amplo, sistêmico e sustentável como cultura da cooperação, inovação, ecossustentabilidade, ética e cidadania. Os professores serão envolvidos em um processo de conhecimento e compreensão da metodologia e dos conceitos que sustentam o curso Jovens Empreendedores Primeiros Passos. Os temas trabalhados são comportamento empreendedor, plano de negócios, educação empreendedora, pedagogia da presença, resiliência, protagonismo juvenil e jogo na educação. As atividades realizadas durante a fundamentação teórica e metodológica são específicas para o desenvolvimento dos docentes. Para os alunos do 6º ano, a proposta do curso é a oficina “Eco Papelaria”, que trabalha questões relativas ao meio ambiente, relacionando esse tema aos tipos de negócios que envolvem papel reciclado e reutilização de materiais. Neste processo, os estudantes aprenderão a criar produtos a partir

de papéis reciclados, como caixas de presente, porta-retratos, cadernetas de papel reciclado, entre outros. “Artesanato Sustentável” é o tema para o 7° ano. Serão elaborados produtos artesanais com o intuito de possibilitar o desenvolvimento do empreendedorismo e da criatividade dos alunos. Todos os itens do plano de negócios terão uma abordagem mais complexa e aspectos comportamentais como motivação, iniciativa, tomada de decisão e convivência em grupo. Já para os estudantes do 8º ano, o assunto será “Empreendedorismo Social”, que tem como finalidade fomentar o potencial do jovem para a responsabilidade social, individual e coletiva, despertando-o para os problemas que acontecem na comunidade. Por fim, os alunos do 9º ano trabalharão com o tema “Novas ideias, grandes negócios”, cujo objetivo é oferecer aos adolescentes a possibilidade de desenvolver e promover o próprio negócio, com criação de produto ou prestação de serviço, de acordo com as oportunidades observadas no bairro ou na cidade onde vivem, respeitando a cultura local e buscando contemplar algum benefício social para a comunidade.

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SEMANA GLOBAL

SEMANA DE DESAFIOS Anualmente, a Semana Global do Empreendedorismo reúne centenas de empresas e lideranças ao redor do mundo para conectar e inspirar empreendedores. No Brasil, muitas atividades foram realizadas em parcerias com o FGVCenn, organizações que fizeram ações com grandes nomes do empreendedorismo nacional. Entre prêmios, feiras e competições, os participantes ouviram histórias de sucesso, compartilharam suas ideias e aprenderam novas formas de ver e encarar o mundo dos negócios. A seguir, você confere os destaques do evento e os relatos dos organizadores.

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UMA ESTREIA DE IMPACTO

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A primeira edição do Desafio Impacta EJFGV foi marcada por competidores entusiasmados, projetos criativos e muita vontade de empreender. Segundo Raphael Dias, diretor de marketing da Empresa Júnior , “o objetivo do Desafio era premiar os melhores planos de negócios,

reunindo organizações que tivessem paixão por inovar e gerar impacto positivo para o país, trazendo uma lógica mais sustentável”. E a grande vencedora foi a empresa Briquetes, que coleta madeira descartada por empresas e cidadãos e as transforma em produtos novos, causando menos danos ao meio ambiente. Participantes e espectadores também conheceram histórias inspiradoras de quem se destaca no cenário empresarial brasileiro, como o pessoal do Comitê de Jovens Empreendedores da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), da Startupfarm (aceleradora de startups), de investidores da Anjos do Brasil (entidade de fomento ao investimento anjo), do site “Administradores” e da Endeavor. O evento contou com a parceria do FGVCenn, que enviou jurados para avaliar os projetos. Durante a competição, os participantes puderam ter contato com modelos de negócios bastantes diversificados e conheceram um pouco mais sobre o processo de pitching. “Eles ainda receberam dicas valiosas do investidor Cassio Spina sobre como obter financiamento e tiveram mais contato com as atividades do Comitê de Jovens Empreendedores da FIESP e Startupfarm, grandes referências no meio do empreendedorismo”, completa Raphael. O tamanho sucesso já está fazendo a EJ pensar na segunda edição que deve se realizar em novembro de 2012, durante a próxima Semana Global de Empreendedorismo. “Já estamos buscando possíveis apoiadores para trazermos ainda mais novidades para o evento”, adianta.

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CORRUPÇÃO: ALERTA VERMELHO

FOTOS: DIVULGAÇÃO

O debate “A corrupção no Dia a Dia do Empreendedor”- feito em parceria com os Centros de Empreendedorismo e Novos Negócios (CENN) e Administração Pública e Governo (GVceapg) - levantou um assunto pouco abordado pelos cursos, mas que se torna obstáculo de muitas empresas pelo país: o hábito de oferecer ou aceitar favores em troca de vantagens imediatas. Segundo Soraia Patrícia Morais, coordenadora geral e gerente executiva do Pensamento Nacional das Bases Empresariais, “ao empreendermos, somos surpreendidos com diversas situações que não estão nos livros, universidades, capacitações, treinamento. Alguns assuntos simplesmente são velados, como o caso da corrupção”. Para ela, um dos fatores que mais incentivam os profissionais corruptos é a burocracia. O processo para se abrir o próprio negócio é tão complicado que muitos empreendedores ficam tentados a aceitar pequenas facilidades. O problema é sério, mas não pode gerar um medo de empreender: “Algumas situações são realmente assustadoras, mas existem métodos de se prevenir e denunciar. O que não podemos permitir é que a produtividade

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e o empreendedorismo brasileiro sejam açoitados pela corrupção”, diz. Por isso a importância de discutir o problema, suas causas e consequências. “Corrupão existe e tem que ser falada, denunciada, estudada, comentada até que possamos ter um sistema que impeça que alguém peça um ‘cafezinho’ para dar-lhe uma simples informação. A arma que os empreendedores e a sociedade têm é a informação”, conclui. O evento foi moderado pelo professor Marco Antonio Teixeira que sugeriu o nome de Soraia para o debate. Segundo o professor, a presença de Soraia nesse evento teve o objetivo de trazer o sentimento de indignação com a corrupção para o debate público. “Foi graças a coragem de Soraia que a cidade de São Paulo viu descortinada a ação de fiscais inescrupulosos que cobravam propina para tolerar o comércio ambulante em áreas irregulares. Esse escândalo, conhecido como Máfia das Propinas, também promoveu a cassação do mandato de vereadores que nele estavam envolvidos e foi responsável pelo menor indice de reeleição na Câmara Municipal de São Paulo desde a redemocratização. A indignação de Soraia produziu um sentimento de civilidade pública que deveria ser ativado a todo momento, o que contribui não apenas para melhorar a política, mas também para o sentimento de uma vida pública mais republicana. Precisamos de mais soraias”.


EXPOSIÇÃO

Realizada desde 2007, a Escola de Administração de Empresas da FGV (EAESP) promoveu mais uma edição da Feira de Empreendedorismo. “A ideia central da feira é oferecer uma oportunidade para que os alunos exponham seus planos de negócios e apresentem suas ideias, tanto para os demais estudantes da escola como para os convidados, formados por empreendedores e investidores”, explica Letícia Menegon, professora da EAESP, que ajudou a organizar a feira ao lado do professor Gilberto Sarfati. Segundo a docente, a ideia do evento é colocar os estudantes em contato direto com empreendedores e outros profissionais de fora da universidade que têm muito a dizer sobre suas experiências. Ao concorrer pelo primeiro lugar, os participantes criam e expõem projetos que serão avaliados segundo apresentação, inovação e viabilidade. No entanto, Letícia afirma que o objetivo

Alunos de graduação participam da Feira do Empreendedorismo no segundo semestre de 2011

do evento não é orientar a carreira dos alunos, mas sim contribuir para que eles tenham uma visão melhor do mundo do empreendedorismo: “Esta experiência dará ao aluno insumos importantes para sua decisão quanto a empreender ou não, pois eles vivenciam desde a fase de concepção da ideia, bem como o desenho do modelo para depois chegarem ao plano de negócios. Mas este último, como eles bem sabem, não é suficiente para fazer um negócio acontecer. Uma coisa é o que está no papel, que é um direcionador. A outra é a pratica”. Para quem se interessou, a próxima edição já está confirmada e vai acontecer em 29 de maio de 2012.

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GEM

IBQP GVCENN

JUNTOS NO GEM BRASIL

O ano de 2011 foi um ano de grandes conquistas e parcerias para a FGV. Entre as que mais se destacaram foi um apoio firmado entre o Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios (FGVcenn) e o Instituto Brasileiro de Qualidade Produtiva (IBQP), que vai produzir a edição brasileira do Global Entrepreneurship Monitor (GEM) - uma das principais referências em pesquisas sobre empreendedorismo no mundo. Com esse banco de dados robusto, será possível dar novas orientações aos pesquisadores brasileiros que estudam o tema, além de oferecer novas interpretações sobre o cenário empreendedor nacional nas salas de aula.

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RELEVÂNCIA Anualmente, as informações são atualizadas para que alunos, professores e estudiosos tenham acesso a dados relevantes para suas pesquisas. Segundo Tales Andreassi, coordenador do FGVcenn, um dos principais objetivos do relatório é a ajuda que ele oferece para a criação de políticas públicas voltadas para o empreendedor. O banco de dados monta uma série histórica de informações de mais de 80 países. Na opinião de Simara Greco, coordenadora de projetos do GEM, não faltaram motivos para que a FGV fosse escolhida para conduzir a pesquisa no país. “A parceria com a nossa instituição começou em 2011 quando a equipe de coordenação do IBQP, juntamente com a Global Entrepreneurship Research Association (GERA), concluiu sobre a importância da adoção de um braço acadêmico no Brasil para o aprimoramento da análise dos resultados da pesquisa. A FGV foi sugerida pela própria diretoria do GERA como uma excelente opção no Brasil”, explica. COMO FUNCIONA O GEM mantém o mesmo sistema de coleta de dados em todos os países nos quais atua: uma pesquisa por amostragem identifica quem são os empreendedores entre a população com mais de 18 anos. Esses profissionais são sorteados e passam por diversas entrevistas com especialistas a fim de oferecer relatórios completos sobre suas atividades. Ali devem ser incluídas suas visões sobre políticas governamentais, apoio financeiro, aspectos culturais, entre outras opiniões. “O sistema é aleatório e obedecem uma metodologia rigorosa para garantir a representatividade da amostra”, conta

Tales. Além de orientar políticas públicas direcionadas para essa área, o resultado das pesquisas é uma ótima ferramenta para estudantes do tema explorarem o mundo empreendedor. “Os professores envolvidos na equipe do GEM podem estimular e auxiliar os alunos na utilização dos dados em pesquisas que envolvam o tema empreendedorismo”, afirma Simara. A próxima edição, que já conta com a análise de especialistas da FGV, será lançada em maio de 2012.

PESQUISA PASSO A PASSO Simara Greco, coordenadora de projetos do GEM, explica como cada fase do projeto se desenvolve:

Pesquisa com população adulta brasileira: os dados são coletados junto a uma amostra da população entre 18 e 64 anos para identificar quem são os empreendedores brasileiros. As entrevistas são domiciliares e feitas a partir de um formulário padrão. Pesquisa com especialistas: tem o objetivo de obter opiniões de pessoas com conhecimento e experiência em fatores que interferem na dinâmica de criação e manutenção de novos negócios no país. São entrevistados no mínimo 36 especialistas que, por meio de um questionário estruturado, opinam sobre questões como políticas governamentais, apoio financeiro, educação, aspectos culturais, entre outros. Fase final: busca de informações em fontes de dados secundários.

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PRÊMIO EMPREENDEDOR DE SUCESSO 2011

SAÚDE EM PRIMEIRO LUGAR SYLVIA GOSZTONYI

Realizado em dezembro de 2011, o Prêmio Empreendedor de Sucesso chegou à sua 5ª edição apresentando grandes nomes do empreendedorismo nacional que se destacaram em suas áreas. Escolhido entre mais de 200 empresas, o portal Minha Vida foi o grande vencedor do prêmio, cujos idealizadores levaram para casa os títulos de empreendedores do ano e da área digital.

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INOVAÇÃO E DIVERSIDADE Fundado pelos sócios Fernando Ortenblad, Roberto Lifschitz, Daniel Wjuniski e Sylvio de Barros, o portal Minha Vida foi criado em 2006 e fornece informações e serviços relacionados à beleza, saúde, bem-estar e atividade física. Hoje, são 12 milhões de usuários cadastrados e milhões de visitantes vindos de parceiros de peso, entre eles Yahoo, MSN e UOL. Apenas em seu primeiro ano de vida, o “Minha Vida” faturou R$ 1,9 milhão. Com o sucesso de uma dieta proposta por eles e a vinda de cada vez mais usuários cadastrados, o portal se tornou uma boa opção de investimento de publicidade. Quatro anos depois, os ganhos giraram em torno de R$ 9,8 milhões. Segundo os idealizadores, o grande trunfo do portal foi a forma como eles conseguiram interagir com o usuário. Com a ajuda de um sistema de CRM (Gestão de Relacionamento com o Cliente), os assinantes conseguiam obter soluções customizadas, o que foi fundamental para gerar fidelidade e conquistar novos adeptos.

A IMPORTÂNCIA DO PRÊMIO Em entrevista exclusiva à Revista FGV Novos Negócios, Sandra Boccia, diretora de redação da Revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios, explica a importância do Prêmio para os empreendedores. “Este é um evento já reconhecido pelo mercado, que avalia as empresas em diferentes aspectos, como crescimento sustentável, o pioneirismo e a forma como os empreendedores conduzem as empresas, por exemplo. Quem leva esse prêmio teve seu modelo de negócio avaliado por uma banca de juízes rigorosa e qualificadíssima, formada por jornalistas, professores, executivos e especialistas do mercado”.

Em entrevista à revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios, Carlos Miranda, presidente da gestora de fundos BR Opportunities, disse que o potencial da empresa ainda não foi totalmente explorado. “Se continuarem inovando e diversificando seus serviços, não há limites para o crescimento do portal Minha Vida”, disse.

OS OUTROS CAMPEÕES MULHER EMPREENDEDORA: Valéria Matarelli Calijorne, Kátia Torres de Souza, Cristina Lommez de Oliveira e Márcia Caldeira Brant Neves Campos, sócias da Biocod, um dos principais laboratórios de testes moleculares do país. JOVEM EMPREENDEDOR: Marco Gomes, fundador da boo-box, empresa que desenvolve soluções originais para anúncios em blogs, sites e redes sociais. EMPREENDEDOR SOCIAL: Paola Bertoldi, Thiago Dalvi e Rodrigo de Méllo Brito Silva, sócios das Solidarium, empresa que facilita acesso ao mercado de micro e pequenos empresários localizados em comunidades de baixa renda. EMPREENDEDOR DE INDÚSTRIA: Valério Dornelles, criador da Tecno Logys, empresa que vende paredes prontas, feitas com blocos cerâmicos de formatos variados, que facilitam o encaixe e a passagem de canos e fiações. EMPREENDEDOR DE VAREJO: André Kina, fundador da 4Bio, empresa que armazena e revende medicamentos de custo elevado, que precisam chegar rapidamente aos clientes. EMPREENDEDOR DE SERVIÇOS: Daniel Li, criador da Pixellabs, companhia que desenvolve softwares, games e animações para promover produtos de seus clientes.

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DIVULGAÇÃO

SEBRAE

Conhecida pelo rigor da sua legislação, a burocracia brasileira segue como um dos principais obstáculos a serem ultrapassados pelo empreendedor tupiniquim. Na entrevista a seguir, BRUNO CAETANO, diretor superintendente do Sebrae-SP, explica o que está sendo feito para mudar isso e que tipos de mudanças são necessárias para que o Brasil seja um país modelo de incentivo ao empreendedorismo. enrevista ALEXANDRE FINELLI

BUROCRACIA VERDE E AMARELA 16

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O BRASIL É RECONHECIDAMENTE UM PAÍS BUROCRÁTICO. MAS ATÉ QUE PONTO O PESO DA NOSSA LEGISLAÇÃO ACABA SE TORNANDO, DE FATO, UM EMPECILHO NA VIDA DO EMPREENDEDOR? Na última pesquisa GEM, que monitora o nível de empreendedorismo global, quando se questionou sobre as facilidades que as empresas de 59 países encontram para lidar com a burocracia governamental, regulamentações, tempo de abertura de empresas e permissões de funcionamento, o Brasil ocupou o último lugar do ranking. Entre outras coisas, para abrir o negócio é necessário passar por vários órgãos para se legalizar, precisa preencher muitos formulários, além de enfrentar duplicidade nas exigências de documentos. ATUALMENTE, EXISTEM PROGRAMAS DE APOIO, POR EXEMPLO, QUE FORNEÇAM AOS EMPREENDEDORES INFORMAÇÕES BÁSICAS PARA AJUDÁ-LOS DURANTE ESSE PROCESSO BUROCRÁTICO? Existem ações como a Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios e o Sistema Integrado de Lançamento (SIL), cujo objetivo é unificar os processos em um órgão centralizador, para facilitar e unificar todos os procedimentos de abertura, alteração e encerramento de empresas, inclusive pela internet. Em São Paulo, por exemplo, já é possível tirar o CNPJ e Inscrição Estadual juntos pela Receita Federal ou no site da Secretaria Estadual da Fazenda. POR QUAIS TIPOS DE MUDANÇAS PRECISARÍAMOS PASSAR PARA QUE O BRASIL SE TRANSFORMAME NUM PAÍS FACILITADOR AOS EMPREENDEDORES?

É NECESSÁRIA A CONSCIENTIZAÇÃO DAS AUTORIDADES FEDERAIS, ESTADUAIS E MUNICIPAIS, E SEUS ÓRGÃOS REGULADORES, PARA FACILITAR A VIDA DO EMPREENDEDOR

Já estamos passando por este processo. É necessária a conscientização das autoridades federais, estaduais e municipais, e seus órgãos reguladores, no sentido de unificarem os procedimentos e exigências e facilitar a vida do empreendedor. Sobretudo, com relação às atividades de baixo risco cujos processos poderiam ser mais ágeis e ainda não são. Outras medidas simples também podem ser adotadas como, por exemplo, a atualização anual das faixas de enquadramento do Simples Nacional e a autorização para a utilização do FGTS para o empreendedor que quer abrir uma empresa. QUANTO TEMPO LEVA, EM MÉDIA, PARA ABRIR UM NEGÓCIO HOJE NO BRASIL? O tempo é relativo e depende das exigências de cada atividade. Mas se tiver com todos os documentos em ordem e for uma atividade de baixo risco, leva-se, em média, cerca de 40 dias para abrir a empresa. Atividades de alto risco, que dependem de vistoria prévia, por exemplo, levam-se meses para conseguir o alvará de licença de funcionamento. Não estou defendendo aqui que se tenha menos rigor na fiscalização, mas já ajudaria se houvesse mais facilidade para dar entrada nos processos.

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DIVULGAÇÃO

SEBRAE

O Brasil é um dos países que mais empreende no mundo. E para saber mais detalhes de como anda o cenário brasileiro, a Revista FGV Novos Negócios conversou com RICARDO TORTORELLA, diretor técnico do Sebrae-SP, que nos trouxe algumas informações sobre o nosso ecossistema e citou exemplos de iniciativas que estimulam o empreendedorismo nacional. entrevista ALEXANDRE FINELLI

O BRASIL QUE FAZ 18

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MUITO SE FALA QUE O BRASILEIRO, DE UMA MANEIRA GERAL, É UM POVO BASTANTE CRIATIVO. PORÉM, NO EXTERIOR, SOMOS RECONHECIDOS COMO UM PAÍS QUE MAIS ADAPTA MODELOS DE NEGÓCIOS JÁ BEM SUCEDIDOS DO QUE CONHECIDOS PELAS NOSSAS PRÓPRIAS INOVAÇÕES. POR QUÊ? O Brasil está cada vez mais considerando a inovação como um fator de competitividade, e isso é muito positivo. Isso tem se tornado possível graças às políticas públicas de estímulo à inovação, como a ampliação da infraestrutura de telecomunicações, por exemplo. Em São Paulo, a dinâmica das redes de startups digitais está muito ativa e com certeza irá trazer excelentes casos de negócios bem sucedidos em um futuro próximo. Estamos aprendendo rápido, fazendo inovação, aprimorando outros modelos. É um caminho que irá posicionar o Brasil em um outro patamar no cenário mundial. ATUALMENTE, POR QUE OS BRASILEIROS ESTÃO EMPREENDENDO MAIS? O brasileiro é naturalmente um povo empreendedor e temos percebido nos últimos anos uma modificação na motivação para empreender. A maioria dos negócios que estão surgindo o fazem sob uma perspectiva de geração de riqueza e não de sobrevivência. Entre os setores que mais se destacam, o de “serviços” vem apresentando altas taxas de crescimento. ACREDITA QUE TEMOS HOJE ECOSSISTEMA OU UMA CULTURA PROPÍCIA AO SURGIMENTO DE NOVOS NEGÓCIOS? COMO MELHORAR ISSO?

O BRASIL ESTÁ CADA VEZ MAIS CONSIDERANDO A INOVAÇÃO COMO UM FATOR DE COMPETITIVIDADE, E ISSO É MUITO POSITIVO

O ecossistema empreendedor significa a rede de relações estabelecidas entre atores que têm papeis importantes para fazer o processo empreendedor funcionar e um conjunto de políticas públicas que favorecem a evolução desse ecossistema. O adensamento dessas redes fortalecerá o ecossistema e muitas iniciativas nesse sentido deverão ocorrer nos próximos anos. DE QUE FORMA O SEBRAE ESTÁ FOMENTANDO PRÁTICAS DE EMPREENDEDORISMO E FACILITANDO O ACESSO À INFORMAÇÃO NESSA ÁREA? O SEBRAE atua como um grande difusor de informações e orientações sobre empreendedorismo e gestão de micro e pequenas empresas. Temos diretrizes bem estabelecidas em todo o país com foco em competitividade e inovação. Nossas equipes estão preparadas para apoiar e entregar valor ao empreendedor brasileiro em sua trajetória de evolução.

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SEMANA DO EMPREENDEDORISMO

HISTÓRIAS COMPARTILHADAS Em 2011, a Semana de Empreendedorismo chegou à sua 7ª edição trazendo grandes líderes para falar de suas carreiras e contar o que aprenderam antes e depois de conquistarem o sucesso. O FGVcenn reuniu nomes como Roberto Lima, presidente da Vivo, Julio Vasconcellos, cofundador do Peixe Urbano e Paulo Lima, fundador da revista Trip, além de uma palestra só com mulheres empreendedoras. A seguir, você confere os melhores momentos de cada apresentação.

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FOTOS DIVULGAÇÃO

INTRAEMPREENDEDORISMO Em um país onde há mais celulares que habitantes não é fácil chamar a atenção dos consumidores. E Roberto Lima, ex-presidente da Vivo, revelou algumas dicas que a empresa tem utilizado para se destacar no 5º maior mercado de telecomunicações do mundo. Entre tantas, o serviço personalizado está entre as principais formas de conquistar o público. Durante a Semana de Empreendedorismo, ele explicou que a marca precisa estar onde o cliente estiver. Foi esse pensamento que o levou a investir em lojas exclusivas e pontos de venda. Essa foi a última palestra do exaluno da GV como presidente da VIVO.

MINHA EMPRESA, MEU CLUBE A revista Trip completou 25 anos de um modelo inovador que é exemplo para diversas empresas. O fundador e presidente da editora, Paulo Lima, contou sua trajetória e deu dicas para futuros empreendedores. Para ele, é fundamental montar a equipe como uma comunidade, que cresce unindo pessoas com o mesmo interesse. “A Trip é uma espécie de clube. Um monte de gente que pensa de certa maneira começa a entender que aquele alto falante diz algo que faz sentido e as pessoas se juntam em torno do alto falante. Essa noção de comunidade é bastante presente para nós”, explicou. Hoje a Trip é uma editora que produz revistas para diversas empresas que, segundo Paulo, não são sempre líderes de mercado, mas sim as mais inovadoras. “É a que vai na frente, que antecipa movimentos”.

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“SE VOCÊ NÃO SABE POR ONDE COMECAR, ENTRE ONDE AS COISAS ESTÃO ACONTECENDO”

FOTOS DIVULGAÇÃO

(JULIO VASCONCELLOS)

EMPREENDEDOR PÉ NO CHÃO Julio Vasconcellos, presidente e cofundador do Peixe Urbano, falou sobre os desafios de quem acaba de abrir uma empresa: “Uma coisa é o dia a dia, montar escritório, pagar as contas. Outra é lidar com pessoas. Você tem que saber onde encontrar boas pessoas e como manter a equipe engajada”. O empreendedor explicou que cuidados os estudantes que querem abrir o próprio negócio precisam ter: “Não se engane em pensar ‘eu ajudei a montar uma estratégia de marketing e agora vou lançar uma startup’. É muito diferente o trabalho em uma empresa que está começando e outra com funcionários no mundo inteiro” “Aprenda com cada situação que não dá certo. Muitos empreendedores são pessoas que tentaram coisas que não deram certo. Mergulhe no empreendedorismo sabendo que a maioria das coisas não vai dar certo” “Busquem empresas e pessoas que vocês admiram, com quem vocês acreditam que podem aprender”

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MULHERES EMPREENDEDORAS A FGV convidou empreendedoras que estão mudando o cenário empresarial brasileiro. Quem começou a conversa foi Ana Lúcia Fontes, que deixou empresas como Volkswagen e Febraban para abrir o próprio negócio: “Decidi sair do mundo corporativo para dar uma nova cara na minha vida”. Assim, ela fundou o site “Elogie Aki”, primeiro portal para consumidores aprovarem produtos. Depois de se formar no curso 10.000 mulheres, Ana Lúcia criou a “Rede Mulher Empreendedora”, uma plataforma de serviços que une e apoia o empreendedorismo feminino. Já Marise Miranda disse como criou um novo conceito de ambiente corporativo. Depois de ter enfrentado o primeiro fracasso profissional, ela foi para os Estados Unidos, de onde voltou com a ideia do “Lá na Padoka”. “Na padaria você encontra do porteiro do seu prédio ao presidente da sua empresa, e nós pensamos se não poderíamos trazer essa ideia pra dentro da empresa”. Hoje ela abriu uma unidade dentro da Rede Globo e tem planos para se tornar uma franquia. “Não comece nada esperando ter retorno logo. Não pense só em dinheiro, busque pela paixão, porque a paixão vai lhe mover quando não tiver dinheiro”. Depois foi a vez de Isabella Prata contar sua história sobre como chegou à direção


da Escola São Paulo, cargo que ocupa desde 2006. Ela encontrou o maior projeto de sua vida quando observou uma oportunidade no mercado enquanto fazia seu estágio no Museu de Arte Moderna. Intrigada com a falta de interesse do público pela arte, ela criou uma empresa onde realizaram diversas atividades, entre exposições, prêmios e espetáculos. “Foi, então, que decidi inovar mais e investir em cursos que acabaram me levando à Escola São Paulo, por onde já passaram mais de 15 mil alunos”. Para fechar a discussão, Alice Sosnowiski, sócia e fundadora da agência Objecta, também compartilhou suas experiências na hora de abrir a própria empresa. Depois de ter a primeira filha, ela conta que precisava de tempo livre, e uniu isso à vontade de ter uma carreira independente. A internet já se tornava popular e Alice percebeu que poderia utilizar seu conhecimento sobre tecnologia. Após o curso 10.000 mulheres, Alice criou o blog “O Pulo”, que trata de inovação - não do ponto de vista tecnológico, mas de transformar a realidade. “Nunca vou me formar nessa carreira, mas hoje me vejo como empreendedora”, completou. Mesa de discussão sobre empreendedorismo feminino

“NÃO PENSE SÓ EM DINHEIRO. EMPREENDA PELA PAIXÃO, PORQUE É ELA QUE VAI LHE MOVER QUANDO VOCÊ NÃO TIVER DINHEIRO” (MARISE MIRANDA)

VOLTA PARA CASA Um debate com ex-alunos da FGV mostrou quantos caminhos surgem após a graduação. Quem mediou o papo foi empreendedor Wilson Poit, que com experiência em diversas empresas, entendeu os diversos tipos de empreendedor: “O empreendedor de necessidade, que abre o negócio porque precisa de renda, e o empreendedor de oportunidade, que abre uma empresa porque consegue fazer diferente o que os outros fazem”, contou. Em 1999, Wilson fundou a Poit Energia para criar um gerador que não fizesse barulho, desejo dos profissionais com quem ele trabalhava. “Muitas vezes você vai a um restaurante e pensa: ‘Poderia fazer muito melhor’. Foi assim que começou”. Depois dos fracassos, vieram as oportunidades: eventos e produções de TV que precisavam do que só ele tinha a oferecer. Hoje a empresa tem filiais pelo Brasil e América Latina. Wilson, então, chamou a ex-aluna da GV Camila Gaguinos, sócia da consultoria Fábrica RH. Como Wilson, ela utilizou a experiência em estágios para entender o mercado. “Qualquer grande transformação dentro de uma organização passa pelo que as pessoas enxergam”. Há três anos, ela e outros 14 profissionais montaram uma consultoria com abordagem inovadora para as relações das empresas, com jogos e workshops.

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GERAÇÃO DE RIQUEZAS COM IMPACTO SOCIAL Antônio Ermírio de Moraes Neto, graduado em Administração Pública pela FGV, voltou à Instituição durante a 7ª Semana do Empreendedorismo para compartilhar suas experiências à frente da Vox Capital, fundo de investimentos voltado para empresas que apresentam um forte impacto social. Durante sua palestra, o empreendedor contou um pouco de sua trajetória profissional até o desenvolvimento de sua empresa. Ele contou que, quando tinha 15 anos de idade,

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DIVULGAÇÃO

Em seguida foi a vez dos alunos Diego Reeberg e Luis Otávio contarem como fundaram o site de crowdfunding Catarse. Eles trouxeram para o Brasil um modelo de financiamento que já é sucesso em países como Estados Unidos, por exemplo. Tudo começou em 2011, quando decidiram fazer o e-commerce de uma loja goiana e encontraram um mercado inexplorado. “Se o dono do projeto não atingir o objetivo, o dinheiro volta para os apoiadores; se atingir, ficamos com 5%”, explica Luis. “As pessoas perguntam ‘vocês não têm medo de começar um negócio arriscado?’. E eu digo que tenho, mas a gente resolveu se jogar”, contou Diego. Para fechar a palestra, ex-aluna Talita Baléche falou de suas experiências até fundar a Planta Mágica. Ansiosa para fazer as coisas acontecerem, ela passou por muitos projetos e percebeu a responsabilidade de trabalhar em pequenas empresas. “Empresa grande é como um boneco: existem várias partes. Se uma falhar, ele anda do mesmo jeito. Empresa pequena é como uma formiguinha: se uma parte falhar, pode ser que ela não ande”. Entre empresas grandes e pequenas, Talita acabou desempregada, e foi aí que criou maior projeto de sua vida. Então, a ideia de loja virtual evoluiu para uma opção criativa de presentes e já conquistou vários prêmios nacionais.

foi convidado a trabalhar em uma ONG internacional que estava desembarcando no Brasil e trabalhava com a disseminação de valores positivos pela juventude por meio de líderes com valores. “Fui picado pelo vírus do empreendedorismo e ali eu descobri que meu propósito era trabalhar para gerar transformação social, para transformar a sociedade”, disse. Durante a faculdade, ele teve sua segunda experiência de empreender na prática quando foi eleito presidente da Júnior Pública. Depois de trabalhar na Endeavor e fazer um documentário sobre social business, decidiu criar a Vox Capital, em 2009. “Um negócio social, acima de tudo, é uma empresa, tem um motor econômico, gera lucro, ao mesmo tempo que provoca impacto social”, explica. O investimento inicial foi de R$ 3 milhões, vindos de um americano que apostou na ideia. Antes de encerrar a palestra, Antônio levantou a seguinte reflexão: “Por que não empreender em negócios lucrativos para gerar impacto social e transformar o Brasil?”


DICAS DA REDE

EMPREENDED Dados, serviços e ferramentas de apoio ao empreendedor TESTE SUA IDEIA Com o intuito de oferecer feedback sobre sua ideia ou modelo de negócio, o YourChangeManifesto é uma plataforma onde participantes publicam seus insights e aguardam pela opinião pública. A meta é criar uma ampla rede de discussão entre o autor da proposta e os consumidores em potencial para que reflitam sobre pontos que possam ser melhorados. O serviço é gratuito e pode ser uma ótima oportunidade de testar seu modelo de negócio antes de partir para o mercado. [migre.me/8kJGc]

APPS DA PRODUTIVIDADE Você já parou para pensar quais são os aplicativos mais utilizados por empreendedores bem sucedidos para turbinar sua produtividade? O site ResultsON consultou e listou quais são as ferramentas que fazem parte do dia a dia de grandes nomes do mercado digital brasileiro. Jonny Ken (fundador do Migre.me), Edney Souza (VP da boo-box) e Pedro Motoryn (co-fundador do +Startup) são alguns que fazem parte da seleção. [migre.me/8kL3h]

REUNIÕES REMOTAS Com a popularização do trabalho remoto, os serviços de webconferência tornaram-se uma boa opção para que gestores se comuniquem com seus colaboradores sem necessidade de deslocamento. O LiveMinutes é uma ferramenta que permite aos participantes conversar através de vídeo chamadas e compartilhar arquivos. O material pode ser visualizado e alterado por todos, que acompanham as mudanças em tempo real. Após a reunião, é possível fazer download de tudo o que foi feito e falado durante a conferência. O serviço é gratuito e o cadastro pode ser feito com a sua conta do Skype. [migre.me/8kKzk]

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DORISMO 2.0 GUIA DE ENGAJAMENTO NO FACEBOOK Com mais de 800 milhões de usuários espalhados pelo mundo, o Facebook é uma rede social que tem muito potencial a oferecer para a sua marca. É sobre essas oportunidades que o e-book “How To Use Facebook To Grow Your Business” tenta convencer sobre como a rede pode ser utilizada como uma ferramenta importante de marketing e engajamento com seus consumidores. O guia conta com um conteúdo que explora estratégias de como construir uma comunidade engajada com a sua marca na web. A obra é indispensável para quem está entrando na rede agora e deseja construir um relacionamento eficiente no Facebook. Para ter acesso ao material, basta preencher um formulário rápido e fazer o download. [migre.me/8kLmc]

AVALIE SEU POTENCIAL O Identified é um serviço único que faz uma análise do seu currículo levando em consideração três fatores fundamentais: formação, tempo de mercado e uma comparação entre os demais perfis que concorrem pela mesma vaga que você. Ao fazer isso, a ferramenta te avalia através de uma nota (entre zero e cem) e envia feedbacks de outros profissionais sobre quais pontos é necessário melhorar para que leve a preferência de empregadores. O serviço é free e o login pode ser feito com a sua conta do Facebook. [identified.com]

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ESTUDO REVELA O PERFIL DO EMPREENDEDOR DIGITAL BRASILEIRO Uma pesquisa inédita revelou o perfil do empreendedor digital brasileiro. Encomendada pelo Grupo RBS, o estudo traçou as características de quem são os empresários nacionais que estão criando negócios na área tecnológica. Formado por uma maioria esmagadora de homens, eles têm cerca de 30 anos de idade, nível elevado de escolaridade e pertencentes ao eixo Sudeste/Sul do Brasil. Foram 770 empreendedores entrevistados, que também afirmaram preferirem manter o emprego para financiar suas startups com capital próprio.

A LÍNGUA DAS STARTUPS Assim como em todas as áreas profissionais, a cena empreendedora também está repleta de jargões e termos mais técnicos. E se você deseja compreender melhor o que investidores e empreendedores conversam, o Startupi compilou expressões e outras palavras tão mencionadas em encontros por esse público. Intitulada de Startupidia, a cartilha é separada por categorias e conta ainda com quotes de pessoas renomadas do mercado. Quem quiser ficar por dentro da língua das startups, é possível conferir o conteúdo completo em startups.ig.com.br/ startupidia.

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AS MARCAS E O RELACIONAMENTO NA WEB Um levantamento realizado pelo Youpix, plataforma que discute cultura de internet, mostra como as marcas estão se relacionando com as pessoas, segundo personagens com alto nível de influência na web. A pesquisa apontou que por mais que os influenciadores considerem as mídias sociais um ambiente propício para as marcas (91,8%), eles acreditam que as empresas não entendem como elas funcionam (81%). Em contrapartida, todos afirmam que as marcas presentes obtém retorno sobre seus investimentos (87,1%). Confira outras observações apontadas pelo estudo: Para 64,4% dos influenciadores ouvidos, o relacionamento é o grande objetivo das marcas nas mídias sociais; O Facebook é considerado a melhor plataforma para as marcas se relacionarem com o seu público (segundo 41,7% dos influenciadores), seguido pelo Twitter (36,1%) e pelos blogs e vídeos (cerca de 10% cada um); A publicação de posts e tuítes patrocinados por empresas é bem aceita pelos influenciadores: 80% deles fazem tuítes pagos declarados; A maioria da amostra (68%) se incomoda ao perceber que um post pago não está identificado e (67,1%) ao ver um mesmo post pago em vários blogs. O estudo completo está disponível em: migre.me/8kV6q

OS MELHORES SALÁRIOS DA SUA ÁREA O Salary Explorer é uma ferramenta que permite comparar salários de diversas áreas ao redor do mundo. Ao incluir algumas informações profissionais básicas, como tempo de experiência, área de atuação e salário atual, o serviço faz uma comparação entre o cargo que você ocupa hoje e em outras regiões do mundo. Ali é traçada uma média salarial que as pessoas com um perfil semelhante ao seu recebem pela mesma quantidade de horas que você trabalha. [salaryexplorer.com]

GVPESQUISA NO YOUTUBE Quem procura eventos sobre administração, opinião de profissionais renomados, estudos e cursos sobre empreendedorismo, já tem onde encontrar. Os projetos, pesquisas e eventos da FGV agora têm um lugar certo na web: o canal do GVPesquisa no YouTube. Ele contém vídeos com entrevistas de professores e especialistas, agenda das competições, apresentações e muito mais. bit.ly/HScsMs Entre os destaques da página estão: Fóruns internacionais Centros de estudo Linhas de pesquisa Eventos e palestras Agenda de debates e conferências Entrevistas com pesquisadores e especialistas Livros de destaque no campo da administração

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I2P

COMPETIÇÃO DE IMPACTO Existem diversas maneiras de iniciar uma empresa hoje em dia. Entre as mais indicadas, estão as daqueles que decidem testar a própria ideia através de competições de modelos de negócios. Além do dinheiro (essencial em qualquer projeto em fase beta), visibilidade, “mentoring” e feedback de profissionais qualificados estão entre as principais razões que levam tantos empreendedores a disputar prêmios em âmbito nacional e internacional.

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Considerada referência de competição no país e no exterior, a I2P (Idea To Product) – organizada no Brasil pela FGV – já transformou centenas de ideias em negócios que hoje são referências internacionais. A seguir, é possível conferir como esse evento foi crucial para o lançamento do Kit Estéril e como colaborou para transformá-lo em um case de sucesso. UM KIT INOVADOR “Uma mudança radical em minha vida”. É dessa forma que o Dr. Geraldo Sérgio Vitral define sua participação no I2P, em 2008, do qual saiu campeão. Ao lado de Nádia Raposo, eles desenvolveram o “Kit Estéril”, produto capaz de oferecer um diagnóstico mais preciso do câncer de mama. Acostumado às rotinas de centro cirúrgico e consultório, Dr. Geraldo diz que a competição revolucionou sua vida. “Entrei em contato com áreas que, na verdade, nem sabia que existiam, e achei tudo deslumbrante”, empolga-se. Ele assume ter entrado na disputa sem saber muito do que se tratava, já que estavam ocupados com o processo final de desenvolvimento do produto. Mas à medida que as coisas foram acontecendo e eles evoluindo, enxergou na competição uma boa oportunidade de conquistar mais exposição para seu produto. “Quando retornamos de Austin, Texas, com mais um troféu na mão, a visibilidade da nossa ideia teve um alcance impressionante”, disse

após o produto ter conquistado o segundo lugar na disputa mundial, nos Estados Unidos. Segundo Nádia, já havia empresas interessadas no produto, mas após a competição, elas se mostraram ainda mais atraídas. “As negociações se intensificaram bastante e com o bom desempenho no evento global, assinamos o contrato de transferência de tecnologia e finalizamos os ensaios clínicos”, conta. Em entrevista ao portal da Universidade Federal de Juiz de Fora, ela explica que a liberação da Anvisa, concedida no ano passado, representa pontos importantes, como a prova de sua eficácia e segurança. Além disso, essa criação traz benefícios, como parcerias com indústrias nacionais e internacionais e geração de emprego. DIVISOR DE ÁGUAS Pode-se dizer, sem exageros, que a boa colocação do Kit Estéril no I2P constituiu um marco na UFJF. Hoje, o BLD Marker, nome de batismo do kit, é o primeiro produto na área médica desenvolvido na universidade com registro na ANVISA e que gera royalties tanto para o inventor como para a instituição. “A competição abriu uma porta muito importante para divulgação de outros produtos desenvolvidos na UFJF em diversas áreas. De lá para cá, todos os anos a Universidade tem participado, se destacado e recebido outras premiações no I2P”, conta Geraldo. Na opinião de Nádia, o bom resultado em 2008, propiciou a divulgação da instituição em âmbitos nacional e internacional, além de divulgar ainda mais a competição organizada no Brasil pela FGV. “Dessa forma, novos pesquisadores sentem-se inspirados a participar do evento e submetem seus projetos a essa avaliação tão criteriosa”.

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CHICO MAX

CAPA

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DA SALA DE AULA AO

PROPRIO NEGOCIO Não há como negar. Há tempos as universidades deixaram de ser apenas instituições de ensino para se tornarem ambientes propícios à geração de novos negócios. Google e Facebook são apenas alguns dos muitos exemplos de empresas que surgiram de encontros informais entre alunos com o mesmo interesse, e se tornaram verdadeiros impérios. Mas nem é preciso ir tão longe para ver que boas parcerias podem surgir dentro da sala de aula. A seguir, veremos como essa prática é comum na FGV e de que maneira a vivência na instituição foi fundamental no processo de construção dessas empresas - hoje, modelos em suas respectivas áreas.

por Alexandre Finelli

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“UNIVERSIDADES SÃO PLATAFORMAS CATALISADORAS ONDE PESSOAS E IDEIAS SE CONECTAM. MAIS DO QUE ISSO, SÃO AMBIENTES DE FORMAÇÃO DE REDES E ONDE OS ALUNOS SE INSPIRAM” (MARINA AMARAL)

O QUE FAZ: desenvolve soluções para o setor público

UMA CAUSA EM COMUM Cenário favorável ao surgimento de novos negócios, a universidade tem um papel importante para os futuros empreendedores por propiciar encontros entre pessoas de interesses em comum e conhecimento no processo de transformar ideias em realidade. “Universidades são plataformas catalisadoras onde pessoas e ideias se conectam. Mais do que isso, são ambientes de formação de redes e onde os alunos se inspiram”, opina Marina Amaral, uma das fundadoras do Instituto Tellus - organização sem fins lucrativos que busca criar soluções inovadoras de alto impacto na vida dos cidadãos. Criada ao lado de outros sócios e ex-alunos (Emygdio Carvalho, Felipe Salto e Germano Guimarães) da FGV, o Instituto só surgiu graças ao encontro de quatro jovens com

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sonhos parecidos. “Na universidade, criamos uma rede de amigos que nos inspiravam e nos ajudavam a ir em frente. A FGV, por meio de seus professores e da direção que nos indicava, sempre nos apoiou com conselhos, conhecimento e, atualmente, com espaço físico”, opina Marina.


“NÃO BUSQUEI QUALIDADES ESPECÍFICAS OU DETERMINADAS CARACTERÍSTICAS, MAS FORAM OS INTERESSES EM COMUM QUE NOS APROXIMOU PROFISSIONALMENTE” (LUIS OTÁVIO RIBEIRO)

Mas para que essa sociedade entre colegas não tenha o mesmo fim que o Facebook, rede social também criada no universo acadêmico - cujos fundadores travam uma batalha judicial ferrenha para reconhecer quem foi seu verdadeiro criador - é preciso estar atento a princípios que devem ser levados em consideração na hora de escolher seu futuro parceiro profissional. Na maioria dos casos, essa aproximação se dá naturalmente. “O mais importante é você encontrar sua própria missão e propósito de vida. A partir disso, você vai conseguir identificar ao seu redor quais são as pessoas que podem fazer parte dessa jornada contigo. É importante que encontre pessoas que te complementem e que compartilhem, de fato, esse objetivo”, sugere Germano Guimarães. O QUE FAZ: plataforma de financiamento colaborativo para projetos culturais

O COMPARTILHAR DE UM MESMO SONHO A opinião dos fundadores do Instituto Tellus também é compartilhada pelos sócios fundadores Luis Otávio Ribeiro e Diego Reeberg, do Catarse, primeiro site de financiamento colaborativo do Brasil. Segundo eles, a parceria surgiu da amizade e a sociedade foi uma consequência natural. “Não dá para definir o que o torna amigo de uma pessoa. Acredito que com um sócio seja a mesma coisa. Não busquei qualidades específicas ou determinadas características, mas foram os interesses em comum que nos aproximou. Termos aberto uma empresa foi apenas uma consequência de tudo isso”, explica Luis. Mas Diego alerta que se pautar apenas pela amizade pode ser arriscado. “Confiança e análise de como a pessoa se comporta em situações de risco é fundamental, mas, no fim, o que vai definir mesmo é ver se o cara tem o mesmo brilho nos olhos que você para fazer o negócio acontecer”.

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AMBIENTE DE TESTES Embora em algumas ocasiões a aproximação entre os interessados em formar uma sociedade seja imediata, há casos em que ela só se concretiza anos depois. Foi dessa forma que surgiu a parceria entre os empreendedores Alexandre Borges e Marilia Rocca, sócios da Mãe Terra, empresa de produtos naturais e orgânicos. Apaixonado pela empresa desde jovem, quando conheceu seus produtos, a marca se tornara um sonho profissional na vida do surfista Alexandre. Mas para que o sonho fosse atingido, ele precisava de um sócio que tivesse a mesma paixão pelo negócio que ele. Foi, então, que convidou Marilia para se tornar a sua parceira.

O QUE FAZ: empresa de produtos naturais e orgânicos

Eles já se conheciam da própria FGV, onde trabalharam juntos na Empresa Júnior. Para Marilia, ter feito parte da EJ foi um divisor de águas. “Tínhamos ótimos projetos de boa qualidade em mãos. Ter isso como experiência é uma matéria-prima valiosa. Os estudantes são colocados nas posições de protagonistas e assumem riscos. É aí que vemos quem tem estômago para empreender de verdade”, explica. As relações profissionais entre os dois só se estreitaram anos depois. Como cada um já se conhecia e puderam trabalhar juntos na EJ, Marilia, fundadora do Instituto Endeavor, no Brasil, convocava Alexandre para dar palestras nos eventos que organizava. Foi em uma dessas ocasiões que ele compartilhou o sonho de adquirir a Mãe Terra e ela se mostrou interessada. Estava feita a parceria. JOGO RÁPIDO

ALEXANDRE BORGES

CHICO MAX

Ser empreendedor é: A possibilidade de realizar um sonho, mas com frio na barriga. Líderes que inspiram: Dalai Lama, Nelson Mandela. Livro: Casa Grande & Senzala, de Gylberto Freire Frase inspiradora: A vida é maior que o seu trabalho Um sonho: Construir um modelo organizacional, que eu não sei a receita ainda, mas que esteja mais alinhado com os desafios da humanidade. Conselho aos empreendedores: Siga sua vontade, porque a vida passa rapidamente.

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JOGO RÁPIDO

MARILIA ROCCA

Marília Rocca recebeu em 2011 o prêmio da revista Claudia na categoria Negócios

QUALIDADES QUE SE COMPLEMENTAM Competência e caráter foram algumas das principais características que Alexandre viu em Marilia. “Além, claro, do fato de compartilharmos os mesmos sonhos”, explica. No caso dela, Marilia credita o sucesso na parceria ao respeito e admiração profissional pelas conquistas de cada um. “Tivemos o privilégio de um ter acompanhado a trajetória do outro e tínhamos muita admiração pela forma como cada um trilhava seu caminho”, explica. Na opinião de ambos, não existem fórmulas exatas que garantam o sucesso de uma parceria, mas eles dão uma dica: “é preciso sentar e rever os conceitos sempre, senão desalinha. E não há empresa que resista aos conflitos de interesses”, sugere Alexandre.

Ser empreendedor é: Ter talento e prazer em fazer muito com pouco. Líderes que inspiram: Os muitos que conheceu no Instituto Endeavor. Livro: A Trilha Menos Percorrida, de M. Scott Peck. Frase inspiradora: As pessoas são o que fazem Um sonho: No momento, que a Mãe Terra se torne o maior negócio de wellness do Brasil. Conselho aos empreendedores: Contrate o melhor contador que você puder.

MÃE TERRA EM NÚMEROS 18 mil pontos de vendas distribuem seus produtos no país, entre eles, lojas das redes Walmart, Pão de Açúcar e Carrefour 100 produtores fornecem matérias-primas 18 linhas de produtos são de pronto consumo, como salgadinhos, cookies, sopas e macarrão Referência no setor de produtos orgânicos atualmente, a Mãe Terra foi ganhadora do Prêmio GreenBest 2011, reconhecida como a melhor empresa verde de alimentos do Brasil. O que também mostra que a dupla, além de bem alinhada, está no caminho certo.

OS DEVERES E OBRIGAÇÕES DE CADA SÓCIO

Já parou para pensar como a escolha de um sócio repercute na estrutura legal de uma empresa? Tributação, dividendos, responsabilidades de cada um... Nesse infográfico é possível visualizar como a decisão de um parceiro pode afetar os seus negócios no futuro. [migre.me/8IyDr]

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POR DENTRO DA GV

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EMPREENDEDORISMO FEMININO O número de empresas comandadas por empreendedoras está aumentando em todo o mundo, principalmente, nos países em desenvolvimento, onde o mercado está em constante expansão. E há quatro anos a FGVEAESP investe na profissionalização dessas mulheres que estão mudando o cenário empresarial brasileiro. O programa 10.000 mulheres, uma iniciativa da Goldman Sachs e da Goldman Sachs Foundation,e que na FGV é coordenado pelos professores Maria José Tonelli e Tales Andreassi promove três meses de aulas para empreendedoras que já possuem o próprio negócio e precisam se reciclar para atender ao mercado. Adriana Barbosa, que se formou em 2011, conta como a experiência mudou sua forma de administrar a empresa: “Estava precisando oxigenar o meu negócio e o curso me permitiu olhar pra fora e ver outras referências, informações e histórias”. Hoje responsável pela maior feira de cultura negra da América Latina, Adriana Barbosa criou a Feira Preta em 2002, com o objetivo de estimular o empreendedorismo étnico no país. Com atividades realizadas ao longo do ano - como encontros de artistas e expositores que exploram a temática afro-brasileira, cursos técnicos que qualificam microempresários e um espaço cultural que oferece palestras, oficinas e saraus - suas iniciativas já foram compiladas em dois dias em grandes centros de exposições de São Paulo, como no Palácio das Convenções do Anhembi e Centro de Exposições Imigrantes. “Não estava acostumada com metodologias e sistematizações e o curso revelou o quanto esse instrumento de gerenciamento do negócio é fundamental para a continuidade”, explica. Para ela, uma das vantagens de fazer o curso foi melhorar as relações de trabalho e aprender a negociar melhor, atividade fundamental para manter seus projetos. “Hoje tenho outra forma de negociar, mais racional e menos emocional. Relações mais sadias e mais profissionais”, diz.


ARQUIVO PESSOAL

livro sobre isso e já prepara uma disciplina sobre empreendedorismo social para 2013, explica como essa nova forma de fazer negócio está se desenvolvendo.

Como o tema costuma ser tratado nas universidades? As universidades seguem essa tendência de dar maior atenção a negócios com impacto social e empreendedores sociais. Mundialmente vemos autores de renome trabalhando e pesquisando o assunto, como

SXC

NOVO CONCEITO DE EMPREENDEDORISMO GERA IMPACTO SOCIAL Um empreendedorismo diferente, que combina retorno financeiro e atividades inclusivas que beneficiam a sociedade. Essa é a ideia dos Negócios Sociais, um ramo que está trazendo soluções inovadoras que geram impacto positivo no planeta. O professor de marketing da FGV, Edgard Barki, que está escrevendo um

Os negócios sociais são uma tendência entre os empreendedores brasileiros? Acredito que esta é uma tendência dos negócios. Assim como a questão da sustentabilidade ambiental, que era periférica até os anos 80 e tornou-se parte das estratégias das empresas, a questão social deve ganhar cada vez mais espaço nas organizações. Como consequência disso, teremos muito mais empreendedores sociais no mundo e no Brasil. Percebo um aumento muito grande do interesse de empreendedores de diversos setores por este assunto e a criação de uma base de sustentação para esses empreendedores que passa por bancos de investimento de impacto, aceleradoras e consultorias.

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é o caso de Porter, Sheth, Stuart Hart, entre outros. No Brasil, há um interesse crescente tanto por parte de professores como de alunos. Pretendo abrir uma disciplina eletiva sobre o tema no próximo ano e vemos essa mesma tendência em outras universidades. Quando abordo o assunto em sala de aula, percebo vários alunos interessados no tema. Que características um empreendedor social precisa ter? O empreendedor social tem uma visão mais ampla da sociedade. Como qualquer outro empreendedor, ele deve ter uma boa capacidade de identificar necessidades e visualizar soluções para atender ao mercado. No entanto, vejo que os empreendedores sociais, em geral, são jovens e muito inovadores. Conseguem pensar fora da caixa, entender que o que estão desenvolvendo é muito mais do que um negócio e por isso criam um relacionamento totalmente diferenciado com todos os stakeholders, mas, principalmente, com os clientes e comunidades que atende.

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Como essa forma de empreender favorece os colaboradores? Imagine que uma pessoa tem duas possibilidades para se empregar. Uma em um negócio tradicional e outra em um negócio com impacto social que gera um resultado positivo para a sociedade. Desde que os salários sejam os mesmos, as pessoas tendem a escolher os negócios com impacto social. E esta é a lógica. Não é porque um negócio é social que os salários deveriam ser menores. O objetivo é que seja um negócio que gere dividendos, seja interessante do ponto de vista financeiro para os funcionários e tenha como benefício um bem social. E como essa área traz soluções inovadoras e incentiva novos projetos? O empreendedor social deve pensar fora da caixa. Por isso, a inovação faz parte do DNA desses negócios. As dúvidas são como oferecer um serviço de relevância, com qualidade e a um custo acessível. Para unir essas três variáveis, a inovação é extremamente relevante e é um propulsor dos empreendedores sociais.


FOTOS DIVULGAÇÃO

CONEXÃO COM O EMPREENDEDORISMO Desde 2005, a FGV-EAESP promove o Conexão Local, projeto que leva estudantes para diversas cidades do Brasil para conhecer exemplos de empresas que estão inovando em lugares econômica e socialmente diferentes do que estão habituados. Quatro anos depois, o programa passou a contar com alunos de instituições parceiras, na modalidade Interuniversitária (CLIU), coordenada pelos professores Marcus Vinícius Peinado e Marco Antonio Teixeira. Na última edição, os alunos de graduação e pós-graduação visitaram seis municípios do agreste de Pernambuco, além das cidades de Assis e Porto Feliz, em São Paulo, e Ituiutaba, em Minas Gerais. Segundo o professor Eduardo Loebel,

coordenador do Programa de Iniciação à Pesquisa (PIP) do GVpesquisa, os alunos foram separados em duplas e passaram por um processo de preparação do plano de trabalho, no qual desenvolveram habilidades para lidar com as situações que iriam encontrar em cada localidade. Em julho de 2011, os participantes ficaram três semanas nas cidades em um programa para complementar sua formação. “A ideia é proporcionar inserções em ambientes socioeconômicos e culturais distintos de seus ambientes usuais, com o objetivo de oferecer experiência pessoal de convivência social e humana relacionada ao campo da Administração, ao mesmo tempo em que possibilita atividades de iniciação científica”, explica o professor Marcus Vinícius.

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ESTILO DE VIDA

EMPREENDENDO UMA PAIXÃO

Diversos estudos mostram que o perfil dos administradores brasileiros está mudando e que o número de universitários que sonham com o próprio negócio cresce a cada ano. Mas que tipo de empreendedores eles querem ser? Do tipo mais tranquilo, que valoriza uma vida independente e quer ser dono de uma pequena empresa, ou aquele que só pensa em trabalho, e não poupa esforços para ver o empreendimento conquistar o mundo? Independente do mercado, existem várias formas de obter sucesso no cenário empresarial, aliando os seus objetivos profissionais com seu estilo de vida. Veja onde você se encaixa e como fazer sua futura empresa, seja micro, pequena, média ou grande, encontrar um lugar ao sol. por VANESSA FRANÇA

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DEVAGAR E SEMPRE Entre estágios em grandes empresas, experiências em startups ou negócios de família, cada profissional deseja encontrar seu lugar no mercado de trabalho, onde há o ritmo perfeito para seu estilo de vida. Mas muitos deles descobrem a vocação para empreender justamente nas atividades fora do trabalho e acabam transformando o lazer em negócio. Foi o que aconteceu com Samuel Seibel, proprietário da Livraria da Vila. Antes de se encantar pelo mundo dos livros, Samuel era só mais um paulistano que trabalhava na empresa dos pais. Depois de dez anos atuando como jornalista, área na qual se graduou, ele foi chamado por um irmão para fazer parte da empresa de artigos moveleiros da família, onde ficou por mais duas décadas. Aos 48 anos de idade, essa trajetória foi interrompida quando, durante uma visita ao Rio de Janeiro, ele conheceu uma filial da Confeitaria Colombo, que também abrigava uma livraria. Apaixonado pela leitura, ele decidiu naquele momento que era isso que queria fazer pelo resto da vida: ser dono de um lugar aconchegante, que aliasse o prazer dos livros com a descontração de uma cafeteria. No final de 2002 ele assinou o contrato de compra do estabelecimento, que pertencia a um casal, e no começo do ano seguinte, deu início ao seu novo projeto profissional. “Estava entrando em uma nova fase de vida. O mergulho no novo ramo foi total”, lembra-se. Com esse mergulho, Samuel viu sua vida mudar e diversas oportunidades surgirem

“Cada um precisa saber exatamente qual é seu estilo de vida para ajustar o dia a dia dos negócios nele” 2012 | FGV |

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para ampliar a empresa. Hoje a Livraria da Vila tem sete unidades e projetos para mais duas até 2013. Mas tanto sucesso não faz o empreendedor abandonar o estilo de vida tranquilo. Ele garante que um dos segredos para se destacar no mercado é justamente encontrar um negócio que se encaixe no seu estilo de vida. Se o seu sonho é ter uma rotina assim, que combine seus interesses com crescimento profissional, Samuel dá uma dica: “Cada um precisa saber exatamente qual é seu estilo de vida para ajustar o dia a dia dos negócios nele. Não existe o certo ou o errado; o que é maravilhoso para um, é absolutamente um

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desastre para outro”. Para Samuel, o melhor caminho para qualquer empreendedor é conhecer suas prioridades, principalmente em uma geração tão competitiva, que já sai da faculdade imaginando o próprio negócio. Afinal, o sucesso da Livraria da Vila foi construído em cima de conceitos que Samuel já aplicava na vida dele, e é assim que vai continuar, mesmo durante as crises. “Meu maior objetivo é manter o conceito e a filosofia da Livraria da Vila como um ponto de encontro e um polo cultural. O futuro irá acontecer naturalmente, aproveitando as oportunidades, corrigindo rotas e


criando músculos fortes para aguentar os inevitáveis momentos difíceis”, afirma. DO MERCADO FINANCEIRO AO NEGÓCIO DO VINHO Para quem nem terminou a graduação e já pensa em ser proprietário de uma multinacional, não há fórmula mágica: tem que trabalhar muito. O húngaro Tibor Sotkovski, cofundador da importadora e distribuidora de vinhos Winebrands, explica que o esforço começa durante a formação e fica ainda maior no começo da empresa, quando a presença do empreendedor é fundamental. “Você quer tirar férias, mas não é possível, principalmente, nos primeiros anos. Sempre tem alguma coisa para fazer”. A carreira de Tibor começou no banco ABN AMRO em Budapeste. Em seguida ele passou pela chefia de diversas organizações e chegou até a ser ministro das Finanças de seu país. Mesmo com tanto trabalho,

“Você quer tirar férias, mas não é possível, principalmente, nos primeiros anos. Sempre tem alguma coisa para fazer”

o empreendedor ainda teve tempo para investir na sua formação. Depois de se graduar como bacharel em Administração e Doutor em Leis e Ciências Políticas na Hungria, ele se formou em Relações Internacionais na Universidade de Madrid e fez o ONE MBA da FGV, um programa global que o levou para estudar em Hong Kong, México e Brasil. Em 2002 ele veio definitivamente para o Brasil para assumir a diretoria de estratégia da seguradora Allianz. Foi lá que ele conheceu seu futuro sócio, Ricardo Carmignani, com quem trabalhou em outras empresas e montou a Winebrands seis anos depois. A proposta dos dois era ambiciosa. “Pensamos que poderíamos abrir nosso negócio e fazer coisas melhores e mais eficientes que o mercado oferecia”. Desde então ele não parou de trabalhar. Hoje a empresa conta com 50 funcionários, atende cidades do país inteiro e pretende continuar ampliando seus negócios nos próximos anos. Manter esse crescimento exige muito esforço, principalmente, para conciliar as horas de lazer com os eventos da empresa, que nem sempre se encaixam na rotina diária. Segundo Tibor, uma boa dica para aguentar a pressão é abrir a empresa em sociedade, pois as decisões são tomadas em conjunto e um empreendedor motiva o outro nos momentos mais difíceis, quando é preciso esquecer todos os planos e se dedicar somente à empresa. “Com uma ou mais pessoas para dividir ideias e tarefas, você não precisa fazer tudo sozinho”, destaca. Ou seja, dependendo dos rumos que você deseja traçar para o seu negócio, é bom estar com o fôlego em dia. “Sei que o ritmo de trabalho não vai diminuir, mas é isso que eu estou procurando”, conclui. satisfeito.

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PESQUISAS

LÍDERES DO FUTURO

DIVULGAÇÃO

Segundo dados de uma pesquisa realizada pela Hay Group, estima-se que até 2014, jovens da Geração Y (nascidos após 1980) ocuparão quase metade dos postos no mercado de trabalho. O levantamento feito pela mesma organização mostra que cerca de 20% dos jovens que trabalham em grandes empresas já ocupam cargos de liderança. Mas será que eles estão prontos para assumir tamanhas responsabilidades?

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COMO SURGIU A ideia do LIDE FUTURO surgiu no Fórum de Empreendedores, em novembro de 2011, e foi lançado em março de 2012. A organização é um braço do LIDE, Grupo de Líderes Empresariais, presidido pelo empresário João Doria Jr. A proposta é ser um grupo de referência para jovens e futuros líderes e contribuir para o desenvolvimento do Brasil. “Todas as áreas são voltadas para o público jovem. Temos parcerias com o FGVcenn, Grupo DMRH e estamos falando com a Endeavor também. Todas irão oferecer suporte para os associados de acordo com o interesse de cada membro”, conta. Em nota de lançamento da organização,

DIVULGAÇÃO

A PREPARAÇÃO Sob o slogan “Construindo a Liderança do Amanhã”, o LIDE FUTURO tem a missão de potencializar os talentos dos jovens através da defesa de políticas públicas que tenham compromisso com a juventude, oferecer suporte na valorização de seus papéis à frente de suas atividades e contribuir para o desenvolvimento do Brasil. Presidida por Patricia Meirelles, ex-aluna da FGV, ela conta como a organização LIDE FUTURO pretende transformar esses jovens em grandes lideranças nacionais e internacionais. “A organização desenvolverá atividades por meio de programas de debates, plataforma digital, desenvolvimento de conteúdo e iniciativas de apoio à sustentabilidade e responsabilidade social”, explica. Segundo ela, todo jovem tem potencial para se tornar um bom líder. “A liderança do futuro será criada por jovens engajados, que querem construir uma diferença positiva. São aqueles que têm a consciência de que precisam se preparar para vencer, que só as boas intenções não bastam; é preciso resultados”.

Patricia ressalta a condição supra empresarial do LIDE FUTURO. “É um grande orgulho aproximar este nicho de público e criar uma associação destinada a fortalecer o pensamento, o relacionamento e desenvolver capacidades de liderança. As lideranças mais jovens sabem que o futuro depende de suas atitudes e decisões.” afirma a presidente.

PRINCIPAIS OBJETIVOS DO LIDE FUTURO Compartilhar experiências, fazer contatos, aprender, detectar tendências de comportamento dos jovens através de uma plataforma digital Fomentar novas práticas e conceitos acadêmicos que têm se destacado no mundo empresarial Potencializar os talentos dos jovens, compartilhando conhecimento, cases de sucesso de grandes gestores, incentivando os jovens ao preparo da liderança do futuro Defender políticas públicas que tenham compromisso com a juventude, a ética, a transparência, a sustentabilidade, o desenvolvimento e a eficiência na gestão pública Apoiar programas educacionais e de responsabilidade socioambiental

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CLIPPING

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BRASIL ECONÔMICO O jornal Brasil Econômico publicou um estudo realizado pela FGV onde eles mapeiam o empreendedorismo de seus alunos nos últimos 15 anos. Segundo o professor Marcelo Aidar, coodenador da pesquisa, 30% dos estudantes da Escola de Administração de Empresas de São Paulo têm pretensão de abrir uma empresa. [migre.me/8Erd8] REDE MULHER EMPREENDEDORA O professor Tales Andreassi, coordenador do FGVcenn, deu um depoimento em vídeo sobre o lançamento da plataforma Rede Mulher Empreendedora. [migre.me/8Eu7e] REFRESCANTE O site Refrescante comentou os prêmios internacionais vencidos pela FGV-EAESP nas categorias “Energia” e “Life Sciences” da Global Idea to Product 2011, realizado em Estocolmo. A disputa envolveu 15 times representantes de nove países. [migre.me/8EyMn] REDE DE CURSOS O curso “Empreendedorismo e Criação de Novos Negócios”, da FGV, foi indicado pelo site Rede de Cursos pela sua visão abrangente. Segundo o site, o curso oferece aos participantes instrumentos e técnicas para planejar, desenvolver e avaliar novos negócios. [migre.me/8EzSe] FOLHA DE SÃO PAULO • O jornal Folha de São Paulo anunciou o

início das inscrições do “Empreendedor Social 2012”, apoiado pelo FGVcenn. A competição vai dar R$ 350 mil em prêmios para os finalistas e teve mais de 1700 candidatos nos últimos sete anos. [migre.me/8HPGE] • A Folha de São Paulo fez uma reportagem sobre o fracasso no empreendedorismo e contou com o depoimento de Marcelo Aidar, coordenador do curso de Empreendedorismo da FGV. [migre.me/8HQak] ÉPOCA O prêmio “Empreendedor de Sucesso”, parceria entre o FGVcenn e a revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios, foi destaque da revista Época em dezembro de 2011. O evento contou com o patrocínio de grandes empresas, como a Redecard e Microsoft [migre.me/8HQj2] O ESTADO DE SÃO PAULO O colunista do Estado de São Paulo, Felipe Serrano, falou com os professores Marcus Vinícius Peinado e Renê Fernandes sobre como transformar São Paulo em um polo de empreendedorismo. Na ocasião, o autor questiona como a capital paulistana pode se tornar um Vale do Silício. [migre.me/8HRlE] REVISTA PEQUENAS EMPRESAS & GRANDES NEGÓCIOS Coordenador do FGVcenn, Tales Andreassi falou sobre como elaborar um bom plano de negócios na revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios. [migre.me/8HQOF]

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INTERNACIONAL

ALÉM DAS FRONTEIRAS Acompanhe a carreira das ex-alunas da GV que trabalham pelo empreendedorismo no exterior.

QUEM É QUEM

NOME: Bedy Yang O QUE FAZ: Fundadora da Brazil Innovators, plataforma que interliga empreendedores nacionais e internacionais

QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE O CENÁRIO EMPREENDEDOR BRASILEIRO E O INTERNACIONAL? De forma geral, o cenário empreendedor no Vale do Silício é bem mais propenso para criação de startups de sucesso. O cenário brasileiro de empreendedorismo tem melhorado, porém ainda são poucos casos de saída, como o BuscaPé ou Movile. Ao pensar em componentes que queremos influenciar no cenário brasileiro, precisamos pensar na melhoria da burocracia, na cultura, em mais investidores em todos os estágios e conexão entre universidades e empresas.

FOTOS DIVULGAÇÃO

O QUE OS BRASILEIROS DEVERIAM IMPORTAR PARA A NOSSA CULTURA EMPREENDEDORA E O QUE TEMOS A OFERECER EM TROCA? Acho que podemos exportar o nosso otimismo, nossa criatividade e a dedicação que temos para empreender. Também temos uma boa capacidade de inovar e adaptar. Para importarmos, devemos ser mais colaborativos, pensar grande e globalmente. QUAL A IMPORTÂNCIA DE CRIAR UM CANAL, COMO O BRAZIL INNOVATORS, ENTRE EMPREENDEDORES BRASILEIROS E ESTRANGEIROS? Brazil Innovators é um canal específico para encontrar outros empreendedores, investidores e formadores de opinião. Ao interagir, existe troca de cultura, troca de contatos e muitas oportunidades são criadas.

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QUAIS AS CARACTERÍSTICAS QUE MAIS AGRADAM OS INVESTIDORES INTERNACIONAIS QUE FAVORECEM OS BRASILEIROS NA DISPUTA POR UM FINANCIAMENTO? Classe média considerável e um mercado relativamente pouco explorado quando comparado aos Estados Unidos, China ou Índia, tanto do ponto de vista de investidores como de startups já bem estabelecidas.


atrativo e já está impulsionando a economia de muitos países. O Brasil está vivendo um crescimento forte voltado ao desenvolvimento de negócios para a base da pirâmide. Por exemplo, regiões antes desassistidas, como a região Nordeste, hoje despontam como ambiente propício para oferecer soluções a uma população que passa a fazer parte do mercado consumidor.

QUEM É QUEM

NOME: Renata Chilvarquer O QUE FAZ: Gerente de Outreach da Ashoka, organização mundial sem fins lucrativos que oferece apoio aos empreendedores sociais DE MANEIRA GERAL, COMO ESTÃO AS INICIATIVAS DE PROJETOS VOLTADOS ÀS ÁREAS SOCIAIS? Atualmente observa-se um movimento muito importante em prol do desenvolvimento de empreendimentos sociais, sejam eles com fins lucrativos ou não. É interessante o quanto essa agitação vem crescendo nos últimos anos, tendo colaborado com a produção de um ecossistema favorável ao surgimento de novos negócios. O QUÃO ATRAENTE É ESSE MERCADO PARA EMPREENDEDORES QUE DESEJAM ALIAR LUCRO COM MUDANÇAS SOCIAIS EM DETERMINADAS REGIÕES? Esse mercado é definitivamente muito

QUAIS OS PAÍSES QUE MAIS SE DESTACAM NESSA ÁREA E O QUE ELES ESTÃO FAZENDO DE DIFERENTE DE NÓS? POR QUÊ? Os Estados Unidos certamente aparecem como país a se analisar, pelo seu pioneirismo na área. Podem-se destacar incentivos, como grande disponibilidade de capital voltado ao impacto social, a existência de muitos cursos e incubadoras focados no apoio ao surgimento desses negócios, além de uma legislação facilitadora que dá maior flexibilidade para o empreendedor que pensa em criar um negócio voltado para essa área. Falando de países emergentes, a Índia é um país que se destaca nesse mercado. Da mesma forma que os EUA, eles também apresentam uma disponibilidade maior de recursos e de cursos focados no desenvolvimento desses negócios. E O QUE O BRASIL ESTÁ FAZENDO PARA INCENTIVAR ESSE SETOR? O Brasil, por sua vez, agora começa a desenvolver seu próprio ecossistema para esse setor com os primeiros fundos de impacto social (como a Vox Capital) e o surgimento de cursos e incubadoras focados em Empreendedorismo Social nas universidades. Apesar desse movimento ainda estar muito incipiente por aqui, certamente o potencial é muito grande.

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PUBLICAÇÕES

FONTES DE CONHECIMENTO CRIATIVIDADE E ECONOMIA A pesquisadora e gestora do FGVcenn, Laura Pansarella, escreveu um artigo sobre economia criativa para a revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios. O texto “Criatividade na Economia” conta como esse conceito surgiu e se popularizou, quais as maiores vantagens dessa visão estratégica e cita cases de sucesso de empresas inovadoras que estão mudando a forma de empreender. Segundo a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, a “cadeia criativa” já é responsável por 17% do PIB do Rio de Janeiro. Laura afirma que, além do cenário empresarial, a economia criativa está chegando

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a “áreas como design, games, eventos culturais, web, música e cinema, entre outras”, e que essa estratégia precisa passar pela tradição cultural do país. O artigo também conta com ONGs que oferecem cursos gratuitos de capacitação sobre esse tema e políticas públicas voltadas para a economia criativa. Como a autora destaca, “a criatividade é um recurso inesgotável”. [migre.me/8EstV] SOBRE NEGÓCIOS E BICICLETAS O blog Startupi, mantido pelo portal de notícias IG, publicou um artigo do professor Renê Fernandes, pesquisador e coordenador de


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projetos do FGVcenn, chamado “Visitando um tema antigo: Vender seu peixe é como andar de bicicleta”. Ele fala sobre as mudanças no empreendedorismo brasileiro, que possibilita a expansão dos fundos de venture capital (já são mais de 180 no país, reunindo cerca de US$ 36 bilhões) e abre novas possibilidades para os empresários. Com esse novo cenário, surge também a popularização dos pitches (encontros que encorajam a atividade empreendedora, como aulas, workshops e sessões de aconselhamento) e competições de negócios no Brasil, iniciativas que estimulam o empreendedorismo desde a graduação. O artigo faz uma crítica à falta

de preparo dos empresários brasileiros, que precisam de cursos de graduação voltados para esses desafios, e dá dicas de empresas e ONGs que promovem eventos inovadores como os pitches. [migre.me/8EsOP] EMPREENDEDORISMO POR DENTRO E POR FORA Vânia Maria Jorge Nassif, pós-doutoranda da FGV, elaborou uma pesquisa qualitativa para compreender as diferenças entre empreendedores e intraempreendedores, aqueles profissionais que, dentro das organizações, gerenciam recursos fora de sua

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área e impulsionam o crescimento da empresa sem ocupar um cargo de chefia. Para a autora, esses dois tipos de profissionais dão contribuições distintas para o sucesso da empresa, mas, como diversos estudos mostram, estão se tornando essenciais para a inovação das organizações. A maior vantagem desse tipo de abordagem, segundo Vânia, é fazer os dois papéis se complementarem sem diminuir a importância de nenhum. O trabalho tem como base as disparidades e semelhanças entre grupos de empreendedores e intraempreendedores entrevistados e foi publicado na Revista de Administração e Inovação. [migre.me/8Ii7z]

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BIOTECNOLOGIA: BRASIL SE DESTACA Os professores Tales Andreassi e Daniel Chu fizeram um estudo chamado “Management of Technological Innovation: Case Studies in Biotechnology Companies in Brazil”, que trata do processo de inovação das empresas brasileiras de biotecnologia. O texto ressalta os fatores mais importantes para o sucesso dessas organizações e a dinâmica que permite que elas se destaquem no mercado, além de apontar a falta de investimentos como o maior problema enfrentado por esse tipo de negócio. Outro ponto levantado pelos autores é que, sem experiência de outras empresas na qual se basear, esses empreendedores estão usando os próprios fracassos para aprender sobre esse


mercado e explorar suas potencialidades. O estudo também aponta caminhos para empreendedores que pretendem explorar essa área, mostrando experiências bem sucedidas. O estudo foi publicado pela Management Research. [migre.me/8IjbU] VENDER OU NÃO VENDER? Escrito por Ilan Avrichir, Victor Manuel Cunha de Almeida e Tales Andreassi, o estudo “Caso WebBusiness: Vender ou não Vender, eis a Questão”, aborda os negócios na web de uma forma diferente. A partir das dúvidas de um empreendedor, a obra detalha um case onde Moris Litvak, diretor da marca, precisa decidir se

aceita ou não a oferta de uma grande empresa pelo seu negócio online, após atingir cerca de 40 vezes seu faturamento mensal. A partir dos questionamentos do empreendedor, o leitor compreende os desafios enfrentados pelos donos de empresas da web em um mercado que se multiplica a cada dia, e onde é necessário crescer e se manter inovador para se destacar. Justamente no momento em que surgem resultados mais animadores e a WB começa a dar lucro, Moris precisa tomar uma decisão que não afeta somente seu futuro profissional, mas também sua vida pessoal. O caso foi publicado na RAC - Revista de Administração Contemporânea. [migre.me/8IjsW]

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VIVÊNCIA EMPREENDEDORA

TRABALHO

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DURO

Quem vê alguns dos maiores empreendedores brasileiros estampando capas de revistas e recebendo prêmios internacionais, dificilmente imagina o caminho que eles trilharam até o sucesso. Mas como a grande maioria dos novos empresários, eles também tiveram que vencer os desafios iniciais e superar obstáculos até que se estabelecessem. por ALEXANDRE FINELLI

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A Revista FGV Novos Negócios reuniu Arnold Correia (Subway Link) e Valério Dornelles (Tecno Logys) - dois empreendedores que fazem parte do seleto time apoiado pela Endeavor - para mostrar que, assim como a maioria, eles também enfrentaram o lado difícil de empreender. Além disso, eles compartilharam dicas de como lidaram com cada situação de suas empreitadas. O início VALÉRIO: “Comecei meu negócio do zero. Não contei com o financiamento vindo de investidores. Aproveitei a boa formação acadêmica que tive para fazer trabalhos de consultoria, mesmo a contragosto. Como iria investir as minhas próprias economias no negócio, sabia da importância de ter um caixa positivo para os primeiros anos da empresa. Tive a oportunidade de trabalhar para grandes marcas e aprender ainda mais sobre o mercado que pretendia atuar”. ARNOLD: “Há algum tempo, o modelo de Venture Capitalist estava ainda pouco desenvolvido, com recursos escassos e custos elevadíssimos. Preferimos nos capitalizar através de empréstimos bancários. Isso nos ensinou como lidar com o processo de endividamento e pagamento de dívidas. Atualmente, podemos fazer novos empréstimos, mas com mais experiência. Durante anos e anos não distribuímos dividendos; tudo era reinvestido na empresa”.

locais. Ou seja, foi mais fácil criarmos uma cultura própria de inovação dentro da empresa”. ARNOLD: “A maior dificuldade era disputar talentos com multinacionais e grandes empresas por causa de seus planos de remuneração agressivos e seu histórico de realizações. Então, nosso desafio era trazer para o negócio pessoas que aderissem ao sonho e fizessem disso sua missão, gente que procurava um trabalho desafiador, e não um emprego estável. Fomos atrás de jovens sem experiência, mas com talento e vontade”.

“Aproveitei a boa formação acadêmica que tive para fazer trabalhos de consultoria, mesmo a contragosto” (Valério Dornelles)

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Mão de obra qualificada VALÉRIO: “Nosso caixa não permitia pagar profissionais renomados. Começamos então, contratando estagiários com ótimas perspectivas de crescimento na empresa. De uma certa forma foi ótimo, pois queria construir algo realmente inovador e não poderia fazer isso se meus colaboradores já chegassem com vícios trazidos de outros

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ARNOLD: “Quando se disputa com grandes competidores, a briga pelo mercado é acirrada. Mas como ponto positivo, o empreendedor tem a agilidade, a criatividade e o “ownership” a seu favor. Uma estratégia que adotamos desde o início foi o de entregar mais do que foi pedido. Um cliente satisfeito é um cliente fiel”.

“As pessoas são, sem dúvida, o maior patrimônio da sua empresa”

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(Arnold Correia) Os primeiros clientes Valério: “Nós estávamos começando e tínhamos em mãos um produto novo no mercado, que ninguém conhecia. Era difícil conseguir os primeiros clientes. Mas decidimos adaptar nossos serviços para que, primeiramente, eles pudessem nos conhecer. Só depois começamos a mostrar o que realmente fazíamos e sugerimos que experimentassem. Aos poucos, fomos nos tornando autossuficientes e deixando de lado essas adaptações”.

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A construção da marca VALÉRIO: “Desde o início, houve uma grande preocupação com a credibilidade da marca. Queríamos construir uma empresa valiosa desde pequenos. Isso, especialmente em um mercado B2B, é muito importante. Nossa maior propaganda era estar ali na frente do cliente, fazendo a coisa funcionar. Mas, claro, também investimos em ações, mas sempre bastante seletivas, como feiras do setor, revistas técnicas e demais áreas especializadas”. ARNOLD: “A propaganda é a alma do negócio. Um empreendimento de sucesso precisa de atenção no desenvolvimento da própria marca e no seu posicionamento. Esses detalhes farão toda a diferença entre seus stakeholders e ,com certeza, influenciarão os resultados futuros do negócio. Estar atento às novas mídias e se posicionar como formador de opinião também expõem o empreendedor e a empresa de forma positiva, gerando resultado e um awareness positivo para o desenvolvimento dos negócios.


Como se forma o empreendedor? Que influências e motivações o impulsionam a criar um novo negócio? Como a educação em casa e na escola ajudam nessa escolha? Que características pessoais do empreendedor contribuem para a abertura e o sucesso de um novo negocio? Que papel sua rede de relacionamento exerce na prosperidade do empreendimento? Até que ponto o empreendedorismo pode ser aprendido na escola? Essas e outras questões frequentemente emergem quando se pretende compreender como alguns jovens, às vezes ainda recém-formados, abrem mão de uma carreira tradicional, na grande empresa, para alcançarem sucesso à frente de seus próprios negócios. Para aprofundar esses pontos, professores e pesquisadores do FGVcenn, iniciaram um projeto

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PENSATA: A FORMAÇÃO DO EMPREENDEDOR de pesquisa, com o objetivo de dar respostas a algumas dessas questões. Serão aplicados questionários e entrevistas a uma ampla base de ex-alunos da FGVEAESP, para compreendermos como sua formação no curso de administração pela FGV-EAESP o apoiou na decisão de empreender. Tal estudo nos ajudará ainda a entender quanto tempo, após formados, em média, nossos alunos empreendedores levam para iniciar seus negócios, e que tipo de negócio abrem. Acreditamos assim estar lançando luz sobre pontos ainda tão controversos do empreendedorismo. O prof. Marcelo Aidar é coordenador adjunto do FGVcenn, e vice-coordenador do curso de graduação de Administração de Empresas da Eaesp.Coordena atualmente o estudo “O papel do curso de Administração na formação do empreendedor”


DICAS DE LIVROS

CONHECIMENTO AO SEU ALCANCE FRANQUIAS BRASILEIRAS – ESTRATÉGIA, EMPREENDEDORISMO, INOVAÇÃO E INTERNACIONALIZAÇÃO Organizado por Pedro Lucas de Resende Melo e Tales Andreassi, o livro reúne estudos de casos de importantes redes de franquias brasileiras. O Boticário, Chilli Beans e China in Box são algumas das empresas citadas na obra. O livro compila estratégias de gestão e dicas de profissionais experientes em franchising a fim de tornar o setor ainda mais competitivo. Abordando temáticas atuais, “Franquias Brasileiras” é indicado tanto para quem está interessado em adquirir uma franquia como para alunos de graduação e pós-graduação. http://migre.me/8uCSl PRÁTICAS DE EMPREENDEDORISMO: CASOS E PLANOS DE NEGÓCIOS O livro traz um estudo abrangente do empreendedorismo sob novas perspectivas: corporativa, internacional

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e social. Separado em duas partes, a primeira traz planos de negócios analisados pelos autores Marcos Hashimoto, Rose Mary A. Lopes, Tales Andreassi e Vania Maria Jorge Nassif e discutem o que de melhor foi produzido pelos alunos da London Business School (Inglaterra), FGV, INSPER e Carnegie Mellon (Estados Unidos). Já a outra metade traz cases de cinco empreendedores que revelam o caminho seguido para realizar o sonho de ter o próprio negócio. http://migre.me/8uDiK CRADLE TO CRADLE. REMAKING THE WAY WE MAKE THINGS Escrito pelo arquiteto William Mcdonough e pelo químico Michael Braungart, o livro é um manifesto pela transformação da indústria através de um design ecologicamente inteligente. A obra é uma crítica ao modelo industrial atual que pode se tornar um criador de bens e serviços gerando valor ecológico, social e econômico. Eles propõem que mudemos os nossos processos de design de modo que a reutilização e a inserção de materiais pós-consumo sejam construídos diretamente no processo de criação. http://migre.me/8uDP9


BUSINESS MODEL GENERATION: A HANDBOOK FOR VISIONARIES, GAME CHANGERS, AND CHALLENGERS Como o próprio nome já diz, Business Model Generation é um manual escrito por Alexander Osterwalder e Yves Pigneur para os que desejam transformar seu modelo de negócios em algo realmente inovador. Se a sua organização precisa se adaptar às novas realidades, mas ainda não possui uma estratégia para estar à frente de seus competidores, o livro é indicado. Com a obra será possível compreender de forma sistemática como projetar e implementar um modelo de negócio realmente transformador e ter uma visão mais aprofundada de seus canais de distribuição, parceiros e clientes. O livro apresenta técnicas práticas utilizadas por consultores de empresas mundialmente reconhecidas, como 3M, Ericson e Deloitte. http://migre.me/8uFJU INTRAPRENEURING: WHY YOU DON'T HAVE TO LEAVE THE CORPORATION TO BECOME AN ENTREPRENEUR O livro descreve o processo estratégico de desenvolvimento de novos produtos e serviços em uma companhia já existente. Para ajudar empresas a se manterem

competitivas e criativas, o consultor e autor da obra Gifford Pinchot produziu guias e uma linha de raciocínio que fomentam o espírito empreendedor de seus colaboradores. Segundo ele, empresas que não identificam e exploram o intraempreendedorismo morrem naturalmente e é preciso que as organizações criem uma cultura de estímulo às novas ideias, onde funcionários se sintam livres e encorajados a empreender. http://migre.me/8uGBE "BUILDING SOCIAL BUSINESS: THE NEW KIND OF CAPITALISM THAT SERVES HUMANITY'S MOST PRESSING NEEDS" Terceira obra do professor Muhammad Yunus, “Building Social Business” é dedicado ao conceito de negócio social. O livro é uma continuação de “Banqueiro dos Pobres” e “Criando um Mundo Sem Pobreza” e promove a ideia de que um negócio socialmente responsável tem a finalidade de solucionar um problema social e não maximizar o lucro. A obra traz algumas reflexões sobre como essa área pode interferir no futuro da humanidade, especialmente, no fim da pobreza. Segundo ele, cada negócio social gera emprego, renda, condições de trabalho e, consequentemente, trata de desafios específicos, como falta de educação e saúde. http://migre.me/8uGZN

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PESQUISAS

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PESQUISAS EM EMPREENDEDORISMO

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DIVULGAÇÃO

OPEN INNOVATION Até muito pouco tempo, inovação aberta era um tema desconhecido para estudantes e empreendedores brasileiros. Mesmo entre professores e especialistas, era difícil encontrar obras que tratassem dessa estratégia que envolve criatividade e colaboração. Para explorar esse assunto, o doutorando da FGV Bruno Rondani está desenvolvendo a tese “Open innovation management organizations: A case study of an international cooperation”sob a orientação do professor Tales Andreassi. “As práticas de inovação aberta sistematizaram-se nas empresas mais recentemente e trata-se ainda de uma teoria emergente com muitas lacunas”, explica Bruno, que desde 2008 dirige o Centro de Open Innovation – Brasil, instituição que realiza o Open Innovation Seminar. Há quatro anos Bruno convidou o professor Henry Chesbrough, criador do termo “inovação aberta”, para uma série de debates com grupos de pesquisa e empreendedores. Foi a partir desses encontros que ele começou seus estudos. “Minha abordagem do tema é bastante pragmática. Busco identificar a metodologia adotada por gestoresempreendedores experts em práticas de inovação de forma a propor um modelo de tomada de decisão para situações de incerteza onde a cooperação com agentes externos é a melhor alternativa para inovar”, explica.

“As práticas de inovação aberta sistematizaramse nas empresas mais recentemente e trata-se ainda de uma teoria emergente com muitas lacunas” 2012 | FGV |

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POLÍTICAS PÚBLICAS A pesquisa do professor Gilberto Sarfati, intitulada “Políticas Públicas de Empreendedorismo e de Micro, Médias e Pequenas Empresas em perspectiva

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APRENDENDO NA PRÁTICA Aliar conhecimento teórico e prático pode ser um bom caminho na formação dos empreendedores. E as incubadoras são um veículo para tanto. Esse é justamente o tema de Nathalia Fiala, que escreveu a dissertação “As Incubadoras como Instrumento Effectual de Aprendizagem”, sob orientação do professor Tales Andreassi. "Nenhum estudo tinha a incubadora como um ambiente no qual o aluno pudesse vivenciar a prática de empreender", diz. Com o trabalho, ela pretende levantar a discussão sobre práticas e metodologias de ensaio do empreendedorismo mais eficazes, e apresenta possibilidades de utilização das incubadoras como ambiente de aprendizagem sob uma ótica diferente do que já vinha sendo pesquisado. "É um ambiente rico em aprendizagem que permite ao aluno adquirir, na prática, habilidades essenciais aos empreendedores".

comparada: Os casos do Brasil, Chile, Canadá, Irlanda e Itália”, faz um paralelo entre as políticas públicas que incentivam ou protegem o empreendedorismo no Brasil e nos outros quatro países, com foco nas empresas de porte micro, pequeno ou médio. O estudo mostra quais os pontos fortes e fracos de cada caso e os utiliza como exemplo de aplicação das abordagens mais eficientes para cada cenário empresarial, favorecendo o mercado e abrindo espaço para novos negócios.

FGVcenn e CEAGP lançam Cartilha de Empreendedorismo

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O QUE FAZ A DIFERENÇA O estudo “Políticas Públicas de Empreendedorismo Fazem Diferença? Cenários Prospectivos para o Canadá, Irlanda e Itália”, do professor Gilberto Sarfati, procura identificar fatores do cenário empresarial e político de diversos países que expliquem se as políticas públicas voltadas para o empreendedorismo são eficientes ou não. Com esses dados, o professor também faz projeções para o futuro que os empreendedores têm pela frente em mercados tão diferentes e mostra exemplos de iniciativas que podem ser aplicadas no Brasil para melhorar o cenário empresarial e a competição entre as organizações. FGVCENN E CEAGP LANÇAM CARTILHA PARA MELHORAR AMBIENTE DE NEGÓCIOS Em 16 de março de 2012, dois Centros de Estudos da FGV-EAESP - o Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios (Cenn) e o Centro de Estudos em Administração Pública e Governo (CEAGP) – se uniram para lançar a cartilha “Desenvolvimento de Políticas Públicas de Fomento ao Empreendedorismo em Estados e Municípios”, que teve apoio da Embaixada da Inglaterra. O evento aconteceu no Salão Nobre da FGV-EAESP e contou com aproximadamente 150 pessoas. Além dos desenvolvedores da pesquisa, estavam presentes autoridades governamentais e o embaixador britânico no Brasil, Alan Charlton. O material busca auxiliar os estados e municípios brasileiros a criar um ambiente empresarial mais favorável, como explica o professor Marcus Vinícius Peinado, um dos responsáveis pelo estudo: “A ideia da cartilha surgiu quando a Embaixada Britânica procurou o CEAPG para tocar um projeto que articulasse políticas públicas e empreendedorismo. Assim, o CEAPG se

articulou com o CENN para construir um material que fosse útil aos gestores públicos em prol da construção de políticas de fomento ao empreendedorismo, deixando claro o objetivo de ir além das políticas focadas nos processos burocráticos, isto é, os processos para abertura de novas empresas. Desta maneira, a cartilha traz ferramentas para que se possa compreender o fomento ao empreendedorismo de uma maneira mais ampla”, explica Marcus. Segundo o professor, a cartilha contém “experiências implementadas por governos estaduais e municipais que auxiliam a compreender os obstáculos ao se trabalhar com políticas de fomento ao empreendedorismo”, um roteiro para avaliação do ambiente de negócios e indicadores de políticas públicas de fácil acesso que avaliam o impacto das medidas. Além de Marcus, também fazem parte do projeto os professores Mário Aquino Alves, Peter Kevin Spink, Gilberto Sarfati, Renê Rodrigues Fernandes, Eduardo Grin e Felipe Guerra.

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