Em busca de uma musa

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Em busca de uma

MUSA O desenvolvimento de uma revista de arte inspiradora

Alessandra S. Kamimura e Camila Nagle



Ă€ todas as mentes criativas que inspiram todos ao seu redor.



“Design dá ao mundo algo que ele não sabia que sentia falta.” (Paola Antonelli)



AGRADECIMENTOS Gostaríamos de agradecer primeiramente aos nossos pais, por nos darem a educação e suporte necessários para chegarmos até aqui. Um obrigada especial para a nossa orientadora Erika Pozetti Judice, por ter a paciência de ler e reler os textos gigantes que enviamos para ela e por nos orientar para que pudéssemos colocar em ação as nossas ideias. E para a co-orientadora Vania Bitencour Serrasqueiro, por nos ajudar a organizar o projeto para que o processo de criação fosse mais simples. À todos os professores, que dividiram conosco seus conhecimentos e tornaram possível que nossos sábados fossem produtivos, nosso muito obrigada! Agradecemos também aos amigos e colegas que compartilharam dificuldades e deram suas opiniões sobre o projeto para que pudéssemos aperfeiçoá-los até o fim. E por fim, agradecemos à todos aqueles que usaram alguns minutos do seu dia para responder a nossa pesquisa de campo, pois sem ela a revista não poderia ser planejada e concluída.



RESUMO Este trabalho analisa o mercado atual de revistas e seu público envolvido, para compreender o motivo da queda nas vendas das publicações. Também procura entender as características e necessidades do perfil interessado em arte, que sente cada vez mais dificuldade em se atualizar sobre o tema sem gastar tanto tempo com pesquisas. E, a partir do entendimento dos dois focos de análise, criar um projeto para uma revista de arte que se adeque a esse público e que atenda às suas atuais necessidades. Além disso, buscamos criar um projeto com o seu foco principal no artista-leitor, um perfil bastante específico e muito visual que necessita de uma revista adaptada a suas peculiaridades. O objetivo do projeto é criar uma revista que se torne não somente uma fonte de informação, mas também uma inspiração visual, e um meio de fazer com que o público criativo se expanda e encontre novos horizontes. Palavras chave: Revista, Arte, Design Gráfico, Criatividade, Visual

ABSTRACT This work analyses the current magazine market and its audience involved, to understand the reason for the drop in sales of publications. It also seeks to understand the characteristics and profile of who are interested in art, which feels increasingly difficult to cacth up on the topic without spending so much time on research. And, from the understanding of the two analysis focuses, create a project for an art magazine that fits that audience and that meets their current needs. In addition, we seek to create a project where the main focus is the artist-reader, a very specific and visual profile that needs an adapted magazine for their peculiarities. The project goal is to create a magazine that becomes not only a source of information but also a visual inspiration, and a way of making the creative public to expand and find new horizons. Keywords: Magazine, Art, Graphic Design, Creativity, Visual.


SUMÁRIO 12 Introdução

16 Onde está a arte?

20 O sentido da comunicação

32 Um labirinto sem fim 38 Passando a Lupa

50 Respeitável público 54 O universo da arte brasileira 58 O perfil do leitor brasileiro


60 Visual x Escrita

64 Preenchendo vazios

68 70 74 75 76 77 80 84 88 90 92 94 95 96 100 102 104 108

Esculpindo nossa musa Rascunhando Nossa identidade Nossa marca Nosso logo Nossa paleta de cor Nossas caras Nossas seções Nosssos Textos Nossas tipografias Nossas imagens Momentos de inspiração Nosso layout Nosso grid Elementos de localização Nosso sumário Nosso abre capas Nossos calendários

110 Testando a viabilidade

114 Conclusão

116 Referências bibliográficas


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INTRODUÇÃO O projeto se baseia na criação de uma revista de arte que atenda às atuais necessidades e desejos do público criativo, que gosta ou se interessa pelas artes visuais. Ela será concebida com foco total na experiência do usuário, fazendo com que o leitor tenha uma experiência não somente com o conteúdo escrito, mas também com o seu visual e materialidade. A ideia é de a revista ser, primeiramente, uma forma centralizada de atualização sobre arte, trazendo todos os conteúdos pertinentes ao público alvo da forma mais adequada, ou seja, visual. O objetivo do projeto é que a revista se torne não somente uma fonte de informação e atualização, mas também uma referência visual e inspiração para as pessoas. Ele preencherá a lacuna que há no mercado editorial relacionado às publicações de arte, que atualmente oferecem ou imagens inspiradoras ou longos textos e nunca ambos em uma mesma publicação. Para a realização do projeto, utilizamos a princípio história do design gráfico para compreender o caminho que o design e as revistas tomaram para serem como são atualmente. Em um segundo momento, para entender a relação entre as revistas e a arte, e também para conhecer

melhor o perfil do público que pretendemos atingir, realizamos estudos e análises direcionadas. Nessa etapa, primeiramente investigamos como está o mercado editorial atualmente, além de examinarmos uma a uma as publicações existentes ligadas ao tema arte. Logo após, exploramos o público que gosta e se interessa por arte e também o leitor brasileiro, entendendo as necessidades e desejos atuais desses perfis. A partir dos resultados obtidos desenvolvemos uma revista de 15


arte que atende aos aspectos identificados anteriormente, servindo de protótipo para testarmos a sua eficácia com nosso público alvo. Nosso resultado foi a criação de uma nova plataforma de comunicação com as mentes criativas: concebemos uma revista com um conteúdo apresentado de forma mais adequada às expectativas e necessidades do nosso leitor. Cheia de inspiração visual e com textos mais práticos, ela agradou ao público e conseguiu preencher uma lacuna que existe no mercado atual. As matérias escolhidas, com temáticas pertinentes ao público, são apresentadas de forma atrativa e ainda oferecem conteúdos extras que são encontrados fora da revista, como vídeos, músicas, redes sociais, 16

entre outros. Esse ponto torna a publicação um guia para acesso ao conhecimento, e não uma forma fechada de ideias. Vários fatores possibilitaram a transformação da nossa revista em uma nova forma de comunicação com os criativos: Entender como é o acesso ao conhecimento (e que tipo de conteúdo interessa e é necessário a esse público) nos possibilitou criar uma publicação que centraliza o que é significativo e que guia seus leitores para uma experiência de aprendizado diferenciada. Entendemos que os criativos aprendem e se inspiram bem mais com elementos diversos, do que com apenas longos e monótonos textos que, às vezes, nem são lidos.


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Onde está a arte? No meio de tanta informação, a arte se perde e é nosso dever encontrá-la novamente. Foto: Exposição CCBB 2010 por Alessandra Kamimura

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Gostar de arte no Brasil parece coisa de gente rica ou para aqueles que são denominados “cult”. Apesar de o país oferecer uma grande variedade de arte, e diversas galerias e museus abrirem suas portas para que as pessoas venham se inspirar um pouco com os trabalhos surpreendentes de artistas plásticos, a arte não é algo tão popularizado no país. Gostar do assunto também não é nada fácil. Os conteúdos relacionados ao tema quase sempre são difíceis de encontrar, bastante rebuscados e, ainda por cima, caros. E para quem teima em querer se manter sempre atualizado sobre o tema, a internet parece trazer a solução. Mas, mesmo parecendo ser uma fonte inesgotável de respostas para os nossos problemas na atualidade, dificulta o processo de se informar por conta da quantidade de sites que é necessário visitar para conseguir qualquer informação. Formadas em artes visuais, encontramos dificuldades em nos manter informadas sobre a arte brasileira e ainda mais para nos atualizarmos sobre a arte mundial. As poucas informações encontradas nos meios populares como revistas, jornais ou sites de notícias brasileiros, são muito superficiais ou cansativas, e ao procurarmos pela internet, nos perdemos em meio de tantos cliques. Em nossa melhor tentativa de se manter atualizado com o que vem acontecendo no mundo artístico, precisamos consultar diariamente diversos sites e lutar 20

contra o tempo que parece se tornar cada vez mais escasso. Por conta dessa dificuldade, percebemos o quanto sentíamos falta de algo que facilitasse não somente o acesso ao conteúdo, mas que nos oferecesse de forma mais filtrada e selecionada. Percebemos que seria muito mais fácil se tivéssemos um único local onde procurar essas informações, e nos atualizar sem tanto esforço e sem gastar tanto tempo em nosso dia a dia. E em


a arte não é algo tão popularizado no país. FOTO: Exposição CCBB Julho/2010

meio a uma conversa, que mais parecia um desabafo de duas pessoas frustradas por não conseguirem se informar sobre a arte, a ideia de criar uma revista surgiu. Além da visualidade e materialidade da revista, sua portabilidade e periodicidade pareciam a solução exata para os nossos problemas, pois ela traria compilada todas as informações, e chegaria até nós periodicamente em determinados períodos, sempre nos lembrando de nos atualizar e nos divertir com a informação. Mas essa revista não poderia ser qualquer uma: ela teria que ser especial. Teria que trazer não somente o conteúdo que sentimos falta, mas também a inspiração para continuarmos buscando melhorar, cada vez mais, o nosso lado criativo. Queríamos uma revista impressa, porque nas mãos de gente criativa, ela é um pedido para rabiscar, recortar e criar. A revista não seria somente uma forma de inspiração, mas também um meio de comunicação que permite o entretenimento, a manipulação, a inspiração e a portabilidade, que todas as mentes criativas necessitam para continuar produzindo.

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O SENTIDO DA COMUNICAÇÃO Foto: Midionews

Você já imaginou um mundo sem comunicação? A informação é um dos maiores tesouros do homem. Com ela, os conhecimentos das gerações passadas podem ser transmitidos para as próximas, possibilitando dar continuidade às descobertas sem deixar que a informação se perca após a morte. A escrita vem facilitando muito essa transmissão de pensamentos e descobertas desde a sua invenção, e um dos papéis do design é de organizar as informações de modo a facilitar a leitura e compreensão daquilo que é transmitido.

Na pré-história, os primitivos traduziam seus pensamentos através de ilustrações pictográficas ordenadas feitas nas paredes das cavernas. Elas podiam ter caráter sagrado, informativo, matemático ou de decoração. A comunicação também se dava através de gestos e sons, porém nenhuma dessas formas era capaz de traduzir ideias abstratas. Isso levou o homem a começar a organizar linearmente seu pensamento, desenvolvendo a linguagem verbal. A escrita então passou a ser uma representação dos sons da fala, dando origem à fonografia, forma mais semelhante ao nosso sistema alfabético. Esta se propagou pelo mundo, adaptando-se às características individuais de cada cultura e dando origem às inúmeras línguas que conhecemos hoje (MANDEL, 2006). 23


No início, todas as informações eram escritas manualmente pelos chamados copistas ou escribas, o que tornava o processo de reprodução muito demorado. Tanto na Alemanha quanto na Itália, começaram a surgir os caracteres fundidos em chumbo e, a partir disso, se deu a mudança do profissional copista para o gravador-fundidor-impressor. Com a invenção da impressão, o processo de reprodução tornou-se cada vez mais rápido e, com isso, a informação pôde ser transmitida mais amplamente. As religiões têm grande importância nesse período, já que grande parte dos livros e impressos eram usados para a instrução religiosa de analfabetos. Logo depois, a mecanização da impressão passou a ser buscada em diversos países e o primeiro a reunir todos os sistemas e subsistemas necessários para imprimir um livro tipográfico foi o gráfico alemão Johannes Gutenberg por volta do ano de 1450. Através de testes, ele conseguiu criar a primeira prensa, conhecida como a prensa de Gutemberg. Inicialmente centralizada em Mainz, logo ela passou a se estabelecer em locais mais distantes e, em 1500, já havia se espalhado e era praticada em mais de 140 cidades. A partir dessa técnica, os eventuais panfletos informativos publicados na época começaram a ser veiculados com muito mais regularidade, dando origem às primeiras revistas: um intermédio entre o jornal e o livro. Com o aumento na 24


produção, os preços dos livros caíram tornando-os cada vez mais presentes na vida popular fazendo com que o analfabetismo sofresse um longo declínio. Entre 1760 e 1840, com a Revolução Industrial, as artes gráficas passam a ser importantes na comercialização de produtos, já que nesse período a velocidade de produção aumentou. Com uma maior igualdade social e mais alfabetização em todas as classes, o público leitor cresceu e o design gráfico ganhou ainda mais importância. Além disso, com os avanços nas tecnologias de produção reduzindo os custos e aumentando a produtividade dos impressos, surgiu nessa época a chamada “aurora da era da comunicação em massa” (MEGGS, 2009, Pg. 175). Ainda por volta de 1900, Henry Ford instaurou a linha de montagem industrial como forma de produção, fracionando as atividades. O antecessor do designer gráfico surge a partir dessa divisão

No início, todas as informações eram escritas manualmente pelos chamados copistas ou escribas, o que tornava o processo de reprodução muito demorado. Imagem: A invenção da impressão. Londres, 1877

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e da união entre arte e ofício, com o objetivo de criar uma comunicação visualmente atrativa para o consumidor. Segundo Mandel (2006), a máquina de escrever nasce nessa fase de largo avanço industrial, possibilitando maior rapidez e padrão na escrita. Além disso, Melo (2011) acrescenta que as grandes inovações nos mecanismos de impressão surgidas nesse período, como a prensa a vapor, diminuiu a força necessária e aumentou a velocidade de produção. Graças a esses novos maquinários, as imagens passam a ser muito mais utilizadas nas impressões. A impressão em cores foi possibilitada graças ao aperfeiçoamento da litografia (impressão com matriz de pedra), que já era utilizada desde a sua invenção em 1796. Ao surgir a imprensa litográfica rotativa, ela torna-se muito presente na produção de cartazes, propagandas e rótulos, contando com um realismo surpreendente para a época e transformando-se em grande concorrente para as prensas tipográficas. Foi nesse período também que as atividades de design gráfico começaram no Brasil. A prática no país teve um início mais tardio, já que durante os séculos XVI, XVII e XVIII a coroa portuguesa proibiu qualquer tipo de atividade impressa em nosso território. Foi só em 1808, com o desembarque da corte no Brasil e com a chegada dos primeiros equipamentos tipográficos trazidos por eles, que a atividade se iniciou realmente. Nesse primeiro momento, quase toda a pro26

dução era comandada por estrangeiros, já que não haviam profissionais brasileiros habilitados a manusear as máquinas trazidas. Por conta disso, as produções do período são muito marcadas por características europeias. Livros, revistas e jornais possuíam os mesmos atributos visuais, diferentemente do que encontramos hoje no mercado. No fim do século XIX, o design de livros passou por um declínio, e só renasceu quando passou a ser tratado como objeto de arte de edição limitada, influenciando a produção comercial no período do movimento Arts & Crafts. Esse movimento foi uma reação à confusão social, moral e artística causada pela Revolução Industrial. A ideia era pregar o retorno ao manual, abominando os produtos gerados pela produção em massa. Nesse período, o ensino do design foi unificado com a experiência da oficina e tentou restabelecer o conhecimento do processo de produção, algo que havia sido perdido com a divisão do trabalho proposta anteriormente. Entre 1890 e 1910, o Art Noveau chega como estilo decorativo internacional. Esse foi um período de transição para o design gráfico, que abrangeu todas as artes projetuais. A necessidade de um rejuvenescimento espiritual na época influenciou muito as produções e a arte, que era vista como um veículo em potencial para suprir essa carência, e ela passa a fazer parte do cotidiano das pessoas. Nos últimos anos do sécu-


lo XIX e na virada do século XX, diversos acontecimentos influenciaram mudanças no design gráfico mundial, como a Escola de Glasglow e a Secessão Vienense por exemplo. Esse foi um período de experimentação que tanto acabou com o movimento Art Noveau, quanto possibilitou o surgimento de novas características para as peças de arte e design no século XX. Dentre as diversas mudanças, houve um grande questionamento sobre os valores antigos e sobre a união entre essas formas de criação. No Brasil, entre 1900 e 1919, houve uma transformação na produção, com a entrada dos brasileiros na criação gráfica. Além disso, podemos citar uma mudança grande no panorama das revistas, com a segmentação do mercado brasileiro. Elas agora passam a tratar de temas específicos, e se direcionam a um público alvo específico, ao invés de procurarem atingir a todos. Em 1920 o offset chega ao Brasil. Em seguida, a Semana da Arte Moderna traz revoluções nos campos da arte e do design. Por conta disso, na década de 20 há uma grande quantidade de mudanças no design brasileiro. As revistas se voltam à elite intelectual e alguns exemplos disso são a revista Klaxon, com capas que se tornaram ícones do modernismo graças aos arranjos tipográficos utilizados; e Cruzeiro, com seu gosto popular e sua ousadia apoiada em equipamentos de última geração. A partir de 1930, o design

“(...)a arte, que era vista como um veículo em potencial para suprir essa carência, passa a fazer parte do cotidiano das pessoas.” Imagem: Capa da Century Magazine, 1896

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moderno ganha espaço lentamente com o fechamento da escola Bauhaus na Alemanha, que causa uma expansão nas barreiras da comunicação. De 1940 a 1949, com a Segunda Guerra Mundial, algumas mudanças no design foram causadas. A fotografia colorida se consolida nas revistas destinadas ao grande público, como a Cruzeiro, que utilizava fotos de artistas nacionais em suas capas e reportagens fotográficas, em que o texto e a imagem trabalhavam em conjunto. Outras que ganharam destaque no período são as revistas culturais Rio, Sombra, Joaquim e Região que trouxeram uma contribuição das artes visuais ao design gráfico. Bomeny (2012) afirma que com o fim da Segunda Guerra, a compreensão rápida dos fatos era imprescindível. Isso floresceu o desenho de informação, que juntamente com o aumento do número de revistas, possibilitou o conhecimento universal da

“(...) como a Cruzeiro, que utilizava fotos de artistas nacionais em suas capas e reportagens fotográficas, em que o texto e a imagem trabalhavam em conjunto. ” Imagem: Capa da Revista Cruzeiro, de 1929

linguagem visual em diversos países. Para os Estados Unidos, esse foi um período de florescimento: enquanto outros países foram devastados pela guerra, o país saiu dela ileso e, com uma expansão industrial gigante, as grandes corporações passam a ter um papel importante na criação e na comercialização de produtos e serviços. Diversos designers voltaram-se à identidade visual corporativa, e muitas marcas mundialmente conhecidas até hoje, foram criadas nessa época. Nesse período, surge também o estilo Internacional, que procura simplificar e deixar tudo o mais legível possível. Bomeny (2012) comenta que com o tempo esse estilo se transformou em algo tão neutro, que se tornou desinteressante. Esse sentimento proporcionou uma reação dos designers da época, à irem em direção ao específico, ao nacional e ao culturalmente característico. O design modernista chega ao Brasil também nessa época, e as primeiras escolas de design são criadas e, com elas, a produção aumenta e se diversifica. O grande destaque da época ainda é a revista Cruzeiro, que atinge seu auge nas vendas, utilizando suas capas com predominância de retratos fotográficos convencionais, devido à necessidade de falar com um público muito heterogêneo. Mas ela sofre uma alteração: seu miolo se divide em diversas seções para poder atender públicos específicos. Na década de 60, com o surgimento da TV, as revistas se veem 29


perdendo cada vez mais espaço em seu posto de trazer entretenimento popular, e enfrentam um forte declínio. Elas então passam a buscar alguma forma de sobreviver em meio a todas as preocupações da época. No Brasil, o design não conseguiu evoluir muito por conta da segmentação exagerada do mercado, o que tornou difícil a comunicação entre os designers de diferentes ramos. Mesmo assim houve grande quantidade de produção, e mudanças ocorreram no design nesse período, influenciadas por todas as transformações que o mundo sofreu. A revista só passou a se recuperar do declínio quando diretores de arte passaram a ser tanto editores quanto designers dos projetos, voltando-as aos interesses de cada segmento. Os anunciantes que procuravam atingir um público específico encontram terreno fértil nas revistas, e essas passam a dar mais ênfase ao seu conteúdo, com mais foco em textos - que se tornam mais longos - que no seu visual. Além disso, a identidade corporativa também encontrou ali o seu espaço, utilizando-as como forma de penetrar o dia a dia da população. O crescimento da educação superior no país foi forte influência para o design gráfico da década de 60. Com o aumento do número de leitores, o público em potencial torna-se muito maior e sofre mudanças, ficando mais informado, mais jovem, mais crítico e mais aberto a novidades. No design de livros e revistas, as 30

capas assumem um papel muito importante, tornando-se um diferencial. Com isso, as imagens passam a ser o ponto principal das capas, dando aos designers cada vez mais valorização. No design de revistas em específico, Chico Homem de Melo (2008) relata que dois exemplos podem representar claramente as mudanças da época: a revista Senhor e a Realidade. A Revista Senhor teve suas raízes nas artes plásticas e utilizava-se muito da ilustração em capas e em seu miolo. Ela era um cruzamento das artes plásticas com o design e não possuía muitas regras em sua criação, mas, apesar disso, suas páginas possuíam uma identidade visual forte. Já a Revista Realidade utilizava a fotografia como principal apoio tanto em capas quanto embutidas na narrativa das matérias. Seu grande destaque era o texto, adepto ao new journalism e trazendo matérias escritas em primeira pessoa. Ambas dispunham da mudança que as revistas precisavam para sobreviver nessa nova realidade apesar de serem tão diferentes entre si. A partir da década de 80, o design gráfico torna-se uma profissão verdadeira nos Estados Unidos e com o surgimento da Internet o pensamento universal volta a manifestar-se. Em 1984, com o lançamento da Apple Macintosh, os mundos da informática e da comunicação se unem e tornam-se praticamente indissociáveis. Com isso foi possível, por exemplo, que a editoração eletrônica surgisse e que os estí-


“ A Revista Senhor teve suas raízes nas artes plásticas e utilizava-se muito da ilustração em capas e em seu miolo.” Imagem: Capa da Revista Senhor de 1959

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“Já a Revista Realidade utilizava a fotografia como principal apoio tanto em capas quanto embutidas na narrativa das matérias.” Imagem: Capa da Revista Realidade de 1966

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mulos visuais originados da imagem televisiva fossem absorvidos pelas revistas e jornais. As novas tecnologias passaram a afetar o design não só visualmente, mas também em seus processos de criação. Com a comunicação e a transmissão de informações facilitada, o mundo passou a se comunicar com muito mais velocidade e as barreiras da comunicação tornam-se praticamente inexistentes. As diferentes culturas e informações passam a ser um “continuum de informações e imagens” (MEGGS, 2009, Pg. 579) que resultou numa era muito fértil para o design gráfico. Na década de 90, há a disseminação da revolução digital no Brasil, trazendo a sua velocidade e mudanças radicais com os computadores pessoais. Apesar de muitos designers terem uma forte resistência inicial, logo perceberam que com essa nova tecnologia eles podiam ter muito mais controle do processo de produção. Os novos programas de editoração nos computadores pouparam muito tempo e dinheiro, possibilitando que todos os procedimentos de criação fossem realizados em um único processo eletrônico para depois serem impressos. Surge também a mídia interativa dando possibilidade ao usuário de acessar as informações de forma não linear, escolhendo seu caminho em meio às informações disponíveis. Isso tornou a informação ilimitada, possibilitando revisão e acréscimo de conteúdo a qualquer momento. Pelta (2004) diz que hoje

“ Surge também a mídia interativa dando possibilidade ao usuário de acessar as informações de forma não linear(...)” Imagem: Revista Galileu Online

o designer deixou de ser aquele que propunha apenas uma solução estética, ele se tornou um “Provedor de Conteúdo” onde agrega valores estruturais, conceituais e visuais a um projeto. Todos esses acontecimentos servem como base para entendermos um pouco mais sobre como o design gráfico ajudou a informação a se adaptar às mudanças do mundo e tornam possível compreender como o design evoluiu, para chegar até o que encontramos hoje 33


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fim

Em meio à tantas publicações, uma banca de revista pode se tornar um labirinto onde o leitor se perde antes mesmo de começar.

Foto: Projeto aMAZEme (2012) por Peter Macdiarmid

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Atualmente, o mercado de revistas vem sofrendo uma grande queda em suas vendas. Assim como na década de 60 a revista perdeu seu lugar como forma de entretenimento para a TV, hoje ela sofre uma perda como fonte de informação para a Internet. Com todas as possibilidades e a grande velocidade que a tecnologia traz aos usuários - que hoje tem uma vida cada vez mais corrida - muitas vezes as pessoas preferem buscar informações através da Internet ao invés de comprarem revistas ou jornais. Além disso, com menos tempo para cada atividade diária, os leitores vêm perdendo o interesse por leituras grandes e isso tem se tornando mais um obstáculo para que as revistas continuem no mercado. A quantidade exagerada de publicações torna o comércio ainda mais difícil, e se destacar em uma banca de revistas, em meio a tantas outras, vem se tornando uma missão quase impossível. Desde o início da segmentação do mercado no início do século XIX, uma variedade gigantesca de revistas passou a circular, tratando dos mais diversos assuntos e, em alguns casos, cobrindo as mesmas matérias. Hoje, ao entrar em uma banca, podemos ver uma grande quantidade de publicações concorrendo por espaço e, olhando rapidamente, podemos perceber que alguns segmentos são mais explorados que outros. Em cada parte da estante, vemos um amontoado de fotos de carros, notícias fantásticas, os últimos acontecimentos da política ou 36

até mesmo diversos exemplares que te ensinam a fazer tudo, menos escolher qual revista levar para casa. Segundo a ANER (Associação Nacional de Editores de Revistas), são lançados cerca de 2.000 títulos de revistas mensalmente no Brasil, distribuídos pelas mais de 30 mil bancas espalhadas pelo país. E o número de títulos aumentou gradualmente entre 2002 e 2011, como mostra o gráfico publicado pela ANER em seu portal:

Fonte: ANER

Por conta disso, assim como na Internet, o mercado editorial vem se tornando um amontoado de informações concorrendo pela atenção do leitor. Mas apesar de existirem revistas dos mais diversos tipos, a queda nas vendas vem fazendo com que o mercado editorial tenha que se reinventar. Livros, revistas e jornais vem se adaptando ao meio tecnológico através de versões digitais que podem ser acessadas através de computadores, tablets ou smartphones. Além disso, editoras vem investindo em sites que são sempre atualizados e


A quantidade exagerada de publicações torna o comércio ainda mais difícil, e se destacar em uma banca de revistas, em meio a tantas outras, vem se tornando uma missão quase impossível. Foto: Projeto aMAZEme (2012) por Peter Macdiarmid

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aplicativos que conectam seus produtos ao meio digital. A queda nas vendas de revistas impressas começou a ser sentida já em 2013, quando sua circulação caiu aproximadamente 8,6% em relação ao ano anterior como mostra o gráfico abaixo:

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Segundo o relatório Mídia Dados Brasil 2015, a circulação dos principais títulos brasileiros caiu aproximadamente 20,8% entre os anos de 2013 e 2015, com uma média de 14.046.000 exemplares por edição em 2013 e uma média de 11.116.000 exemplares por edição em 2015. Por


Para que as revistas possam sobreviver à essa nova crise, ela precisará se reinventar assim como fez na década de 60. Foto: Projeto aMAZEme (2012) por Peter Macdiarmid

conta dessa queda drástica nas vendas dos exemplares impressos, a publicidade vem perdendo o interesse no mercado editorial de revistas nos últimos anos, o que afeta ainda mais a sobrevivência dos títulos. Segundo a ANER, entre os anos de 2013 e 2014 houve uma queda de 15,63% no faturamento publicitário desse setor. Para que as revistas possam sobreviver à essa nova crise, ela precisará se reinventar assim como fez na década de 60, para abranger um novo público que surgiu e que vem sofrendo diversas alterações.

A revista precisa ser não apenas um meio de obtenção informação e entretenimento, mas também uma fonte para um público específico que depende muito mais de informações rápidas e visuais. Para criar uma revista com essas mudanças é necessário analisar não somente o mercado em geral, mas também as características específicas dos exemplares disponíveis no mercado que tratam do tema escolhido e o público, para compreendermos quais foram suas reais mudanças e quais são suas atuais necessidades e desejos. 39


PASSANDO A LUPA Analisando o que é encontrado atualmente no mercado editorial referente à arte, pudemos perceber uma falta de material no Brasil relacionado a esse tema. Dentre todas as publicações encontradas, seja no formato físico ou digital, podemos destacar algumas revistas ligadas, de alguma forma, à arte visual. Seja em artigos ou colunas falando sobre o assunto, ou até mesmo revistas especializadas somente em arte, existem algumas possibilidades no mercado que podem ser analisadas em relação à suas matérias ou ao seu visual. A seguir, analisaremos as principais:

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ART NEWS Uma revista norte americana fundada em 1902. Se intitula como a revista de arte mais antiga e a de maior circulação no mundo, sendo distribuída e lida em 124 países. Com uma periodicidade trimestral, ela trata de todo tipo de arte, abordando artistas em destaque, tendências, cobrindo eventos mundiais e mostrando tudo o que há por trás das galerias e museus. Além de poder ser adquirida nas versões impressa e digital, ela também possui um site que é sempre atualizado e que se comunica com o leitor, enquanto esperam pela próxima edição.

AESTHETICA MAGAZINE Uma revista britânica de cultura e arte fundada em 2002, que fala não somente sobre artes plásticas, mas também sobre fotografia, música, cinema e teatro. É lida por mais de 311.000 pessoas e tem distribuição nacional e internacional tanto no formato impresso, quanto digital com uma periodicidade bimestral. Além da revista, a Aesthetica oferece um site repleto de informações úteis aos seus leitores e possui também um concurso próprio em que abrem oportunidades a novos artistas.

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APOLLO Uma revista londrina, fundada em 1925, que traz discussões sobre as últimas notícias e debates, além de entrevistas, análise do mercado (como auxílio aos colecionadores) e matérias sobre as exibições mundiais. Com uma periodicidade mensal, é distribuída tanto em seu formato impresso quanto digital. Ela também conta com um site atualizado diariamente com notícias da arte mundial e, em sua seção 40 under 40, traz jovens que estão em destaque na arte mundial, cobrindo uma parte diferente do mundo a cada ano.

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ZUPI Uma revista brasileira de publicação independente que cresceu muito nos últimos anos. É bilíngue, trazendo todo o conteúdo tanto em português quanto em inglês e é publicada trimestralmente. Trata da arte contemporânea e da criatividade, e tem como foco trazer inspiração aos seus leitores. Seu visual é a parte mais importante na revista, que traz poucos textos e muitas imagens. A publicidade sempre tem as características visuais da revista, se misturando assim ao conteúdo, e muitas vezes passando despercebida. Atualmente a Zupi vem lançando livros de modo a aprofundar os assuntos e complementar as revistas. 45


PIAUÍ Uma revista brasileira, publicada pela editora Abril desde 2006. É uma publicação mensal, voltada a política, música, arte e muitos outros temas que trtata de um tema espefícico em cada edição. Idealizada pelo documentarista João Moreira Salles, a Piauí possui um jornalismo distinto, contando com reportagens longas e profundas que discutem temas relacionados e atuais. Seu público alvo é definido como “para quem tem um parafuso a mais” e suas capas trazem ilustrações de artistas gráficos que procuram reforçar o tema do mês. Algumas de suas edições trazem a arte como tema principal, mas apesar disso, mesmo nesses exemplares o foco da revista é muito mais textual que visual, tendo poucos recursos gráficos em seu interior.

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DASARTES Uma revista brasileira, publicada desde 1990 que está disponível online e gratuitamente com uma periodicidade geralmente bimestral. Suas capas não possuem chamadas, já que não dependem de vendas para sustentar seu projeto e com isso não precisam delas para atrair o leitor. Seu miolo conta com informações sobre artistas, exposições, entrevistas traduzidas, história e dicas sobre livros. Suas matérias são diagramadas de um modo minimalista, com textos extensos e imagens para ilustrar. Os anúncios da revista são todos relacionados à arte, sendo de exposições ou sites relacionados ao tema, e todas possuem hiperlinks para abrir as páginas quando clicado sobre a imagem. Suas últimas edições estão no issuu, e o site não está atualizado.

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ALMANAQUE BRASIL Uma revista brasileira, publicada pela editora Abril, de periodicidade anual. Tem uma temática variada e traz em sua seção cultura as artes plásticas, o cinema e a fotografia. Seu conteúdo é apresentado de forma prática, e aborda os principais acontecimentos de cada ano geralmente em forma de infográficos para tornar a informação mais prática ao leitor.

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ARTE 21 Revista lançada pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo e disponibilizada online no site da universidade. Sua proposta é trazer um conteúdo de arte selecionado e avaliado pelo seu corpo docente, fazendo com que eles tenham passado por algum tipo de “curadoria”. O visual da revista remete mais a um livro ou monografia, sem nenhum apelo visual (inclusive na capa, que não existe) e suas reportagens possuem características de monografias entregues à cursos de graduação. A revista toda é composta basicamente de longos textos com poucas imagens para ilustrar aquilo que é apresentado em cada edição.

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REVISTAS COM SEÇÕES DE ARTE Além de revistas voltadas diretamente à arte, diversos exemplares brasileiros voltados à temas variados como cultura, literatura, moda, entre outros, possuem uma seção de cultura ou uma coluna que aborda a arte. Esses fragmentos geralmente trazem textos superficiais que tratam de um artista ou uma exposição/evento que vem ganhando destaque (dentro ou fora do país). A linguagem visual sempre tem as mesmas características do restante da revista e suas reportagens acabam não ganhando muito destaque dentro das edições, além de não se aprofundarem no assunto. Em geral, elas têm uma periodicidade mensal ou bimestral, e não tem como foco a arte, mas buscam trazer informações básicas aos seus leitores.

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Como vimos, as revistas de arte que estão atualmente à disposição do público, possuem algumas características em comum e não se diferenciam muito das outras revistas disponíveis no mercado. Mas será que suas características estão adequadas ao público atual? E que público é esse? Qual o perfil da pessoa que busca­ esse tipo de material? 53


As revistas brasileiras se segmentaram para atender as necessidades de um público que é variado demais e que tem grupos com características específicas a serem atendidas. Para projetar um produto de qualidade, é necessário entender as necessidades do público alvo para adaptar cada característica do projeto com o que aquele grupo precisa e deseja. Andy Cowles, em entrevista à Leslie (2003) comenta que uma revista só terá êxito se a o leitor puder

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ser visto na visualidade da revista e Bomeny (2012), afirma que os designers devem encontrar formas de expressão de acordo com o público, deixando de lado seus gostos pessoais quando criar algo para um público totalmente diferente de si. Para saber quais características melhor atendem o público, é preciso primeiro analisá-lo profundamente. Analisaremos então, como e qual é o público que está inserido no universo da arte e o atual perfil do leitor brasileiro.


Para

projetar um produto de

qualidade, é

necessário entender

as necessidades do público alvo

para adaptar cada característica do projeto com o que aquele grupo precisa e

deseja.

Foto: Bienal São Paulo - Dilvulgação

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o universo da arte brasileira Apesar das poucas publicações sobre o assunto, a arte vem procurando ganhar espaço no Brasil com o uso da Internet e das redes sociais como meio de divulgação de exposições e museus. As informações sobre o assunto estão muito mais acessíveis e, com isso, mais pessoas estão tendo contato com o tema, graças à Internet. Apesar disso, muitos museus brasileiros vêm

observando seu número de visitantes cair e talvez um veículo mais focado no assunto poderia fazer diferença ou até mesmo gerar interesse em um novo público, que visitaria os museus se soubessem tudo o que eles têm a oferecer. Comparando o número de visitantes recebidos nos principais museus da cidade de São Paulo, podemos perceber uma queda drástica que ocorreu nos dois últimos anos. Até mesmo o MIS, que veio ganhando popularidade com suas exposições publicadas em redes sociais (como a do Castelo Rá-Tim-Bum em 2015) e foi considerado o museu mais visitado do Estado de São Paulo, teve uma queda grande entre 2014 e 2015 em seus visitantes. No gráfico abaixo, pode-se perceber essa queda em números:

Número de Visitantes/Ano 1000000

MIS

800000 600000

MAC

603.197

400000 200000 0

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280.000 284.312 131.438

2014

2015


A Bienal de Arte de São Paulo também vem sofrendo uma perda de público em suas últimas edições, com um total de 472.000 visitas em sua última edição (31ª Bienal no ano de 2014). Esse número representa uma queda de mais de 10% em relação às duas edições anteriores: a 30ª Bienal no ano de 2012, com 516.953 visitantes no total e a 29ª Bienal de 2010 com 535.356 visitantes. Para tentar se recuperar da perda de público, os museus vêm investindo na publicidade através de redes sociais, de exposições mais próximas do público (como foi a do Castelo Rá-Tim-Bum, que atraiu muito o público por conta da popularidade do programa entre o público jovem brasileiro) e com entradas gratuitas em determinados dias da semana ou horários. Segundo o re-

latório de atividades anual do MASP (Museu de Arte de São Paulo), no ano de 2015, de 314.859 visitantes recebidos, mais de 50% teve entrada gratuita (164.412 visitantes), enquanto 25% pagaram meia entrada e 22% pagaram inteira. A gratuidade na entrada, concedida antes somente às terças feiras, foi estendida para as quintas feiras, no período das 17 às 20 horas e gerou um crescimento de 8,25% nas visitações ao museu com relação ao ano de 2014. De acordo com o relatório anual da Pinacoteca do estado, somente no primeiro trimestre de 2015 a Pinacoteca Luz já havia recebido um total de 292.596 visitantes, que corresponde a aproximadamente 70% dos visitantes recebidos no ano anterior (417.446 visitantes no ano de 2014), mostrando uma possível recu-

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peração da queda de visitas que vinha sofrendo há alguns anos. Mas apesar dessa queda de visitação nos museus brasileiros, 7 exposições realizadas no país em 2014 apareceram no ranking das 20 exposições mais visitadas no ano realizado pelo The Art Newspaper, mostrando que o país pode se tornar um dos grandes públicos de arte mundial. A exposição de Salvador Dali oferecida pelo CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) está em 4º lugar no ranking, com 9.782 visitantes por dia de exposição. Além dela, a exposição de Milton Machado está em 5º lugar, e as de Yayoi Kusama ocupam os 6º (São Paulo), 7º (Rio de Janeiro) e 11º (Brasília) lugares. Para entendermos melhor qual o perfil do público interessado e envolvido em arte, divulgamos através das redes sociais a Pesquisa X. Ela foi constituída de perguntas direcionadas, que tornaram possível

analisar melhor os interessados em arte e quais as suas características. Nela, pudemos perceber que a Internet é a principal fonte nas buscas por conteúdo de arte, sendo que grande parte daqueles que se interessam por arte têm contato com o conteúdo através da Internet (92,1%) e que menos da metade procura conteúdo em revistas (42,3%). Por conta desse sucesso da Internet entre o público e da falta de publicações impressas no mercado, a divulgação de museus, exposições, eventos ou projetos de arte vem tomando um rumo diferente nos últimos anos. Ela vem se focando principalmente em uma divulgação mais pessoal (33% dos visitantes do MASP em 2015 soube do museu através de indicação de amigos) ou através da Internet e outros meios de comunicação. A imprensa vem sendo deixada de lado, como mostra o gráfico abaixo:

Meios de Divulgação (%) 60

Bienal de Arte SP

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MASP

40 30 20 10 0

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Internet/Redes Sociais

Imprensa


A partir da Pesquisa X e da comparação de seus dados com as pesquisas realizadas pela Bienal de Arte e o MASP, pudemos analisar algumas características principais do público interessado em arte. O primeiro resultado que merece destaque é que a maior parte do perfil das pessoas entrevistadas é feminino, como mostra o gráfico abaixo. Além disso, outo dado que pôde ser percebido é em relação à idade, em que predominam jovens adultos: No MASP, 51% dos visitantes têm entre 18 e 34 anos; enquanto na Bienal de Arte, 68% do público tem entre 14 e 40 anos e a Pesquisa X apresenta 74,1% com idade entre 19 a 40 anos. Em relação à escolaridade, a maior parte dos visitantes possui

ou está cursando o ensino superior, ocupando 74% nos dados do MASP, 85% na Bienal de Arte e 54,9% na Pesquisa X. E referente a classe social, a maior parte dos visitantes pertence às classes A e B, sendo que no MASP 33% tem renda mensal de até 8 salários enquanto na Bienal de Arte 31% tem renda mensal de 5 a 10 salários mínimos e 41% de 10 ou mais salários mínimos. A partir dessa análise pudemos perceber como e quem são as pessoas envolvidas e inseridas no universo da arte brasileira, e a seguir vamos analisar como é o atual perfil do leitor brasileiro, apontando suas principais mudanças e seus novos hábitos relacionados à leitura.

200 150 100 50 0

FEMININO MASP

MASCULINO Bienal de Arte SP

Pesquisa X

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o perfil do leitor brasileiro Com a enorme quantidade de publicações, as revistas se tornaram cada vez mais específicas para atender um público cada dia mais heterogêneo. A revista, segundo Steve Martin (LESLIE, 2003), às vezes é comprada como parte de um certo estilo de vida característico, tanto que Andy Simionato (LESLIE 2003) acredita que as pessoas gostam de expor suas revistas. Além disso, a grande quantidade de informação que vem ligada a esse fenômeno de massa, acaba contribuindo totalmente com a dessensibilização das pessoas. O que era impactante há alguns anos, hoje se torna algo irrelevante e normal. A ideia de que o público tem que se impressionar com aquilo que é produzido se torna um conceito dificilmente alcançado nos dias de hoje. Segundo o relatório Mídia Dados Brasil 2016, a maior parte do público leitor de revistas é feminino, ocupando 56% do total. Além disso, a classe econômica que tem maior número de leitores é a C, seguida pelas classes B, A e a soma das classes D e E, como mostra o gráfico ao lado. 60

Ainda de acordo com o Mídia Dados Brasil 2015, a faixa etária de destaque está entre 20 e 29 anos ocupando 23%, seguida daqueles que têm entre 30 e 39 anos que ocupam 20% do total. E a região com maior circulação é a Sudeste, com 56,82% da circulação no país. Isso se dá principalmente ao fato de que a maior parte da população brasileira se concentra nessa região. A pesquisa ”Retratos da Leitura no Brasil”, que tem como uma de suas finalidades: “Promover a reflexão e estudos sobre os hábitos de leitura do brasileiro para identificar ações mais efetivas voltadas ao fomento à leitura e o acesso ao livro.” (INSTITUTO PRÓ-LIVRO, 2015, Pg. 5) e que foi realizada em 2015, 56% da população brasileira foi considerada leitora. Segundo a pesquisa, os principais motivos que levam o brasileiro a ler são pelo gosto e pela atualização ou coClasse Social dos Leitores (%) 12% Classes D e E

6% Classe A

34% Classe B 49% Classe C


nhecimentos gerais. Isso nos mostra que a associação à leitura é de que ela gera conhecimento. Outros dados importantes apontados por essa pesquisa foram de que a recomendação de terceiros na escolha de um livro, na hora da compra, segue como alta influenciadora. Além disso, o hábito da leitura em locais públicos e em trânsito vem ganhando força; um ponto interessante na comprovação de que a falta de tempo é um dos principais motivos para que as pessoas não leiam mais. Três quartos dos leitores afirmam que gostariam de ter lido mais, mas outro ponto da pesquisa mostra que o tempo livre do brasileiro é ocupado cada vez mais com diversas atividades, tendo destaque aquelas relacionadas ao uso da Internet, do computador e do celular. A falta de paciência e de concentração, além de problemas de visão, ganham maior espaço como barreiras da leitura. Podemos pontuar do mesmo modo a sobrecarga de

informação como aliado na falta de concentração para ler. Geralmente, ficamos rodeados de aparelhos ligados simultaneamente e, com essa quantidade de informações sendo nos apresentada o tempo todo, ficamos propensos a fazer várias atividades ao mesmo tempo. Mas, segundo Lupton (2006 apud BOMENY, 2012, Pg. 85) “[...] as pessoas continuam a processar só uma mensagem por vez” e por isso, ao procurar ler e fazer diversas atividades ao mesmo tempo, os leitores encontram dificuldade de se concentrar nos textos e a evasão de leitura torna-se muito maior. Atualmente, as pessoas buscam ler informações mais rápidas e curtas, para que consigam assimilar o conteúdo sem gastar muito tempo. Para projetar uma publicação, o importante é analisar e entender as necessidades desse novo leitor e encontrar formas apropriadas para transmitir o conhecimento de que ele precisa e se interessa.

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VISUAL X

ESCRITA Imagem: Trabalho Tipogrรกfico de Roscover Dylan

Qual dos dois tem mais poder de transmitir uma mensagem? 63


Com a análise do mercado e das características do público atual, percebemos que por mais que haja milhares de publicações que se dizem focadas em um público alvo, essas não são exatamente do que esses consumidores precisam ou desejam. Com base na Pesquisa X, realizada pela Internet, cerca de 70% das pessoas entrevistadas se interessam por arte mas, para elas, os atuais conteúdos disponíveis se caracterizam principalmente por serem descentralizados. Outras características apontadas pela pesquisa são que os conteúdos se apresentam de maneira extensa, arcaica, difícil de entender e com poucas referências visuais. O crescimento do uso da Internet no dia-a-dia, principalmente como forma de lazer, facilitou muito a proliferação de conhecimentos sobre arte, através de vídeos, textos, notícias, etc; mas, por outro lado, essa propagação dispersou os conteúdos em milhares de sites. Hoje, para se atualizar sobre o tema é necessário entrar e pesquisar em diversas fontes. Além disso, é necessário que todas essas informações sejam de algum modo filtradas já que, em alguns casos, ela traz erros ou discrepância entre elas. Ou seja, a rapidez da Internet nos possibilita acesso a uma imensidão de conteúdo mas, por outro lado, nos tira um tempo precioso ao tentar encontrar tudo isso. Analisado pela Pesquisa X, 51,3% das pessoas costumam ler revistas e dentro destas, cerca de 84% gostariam de uma revista sobre arte. 64


Das outras 48,7% das pessoas que não costumam ler revistas, apenas 5,4% afirmam não gostarem de ler, as demais apontam como principal motivo a falta de tempo. Relacionado ao tema, duas revistas se destacam no mercado brasileiro: a Zupi e a Piauí. A revista Zupi é praticamente um portfólio de artistas: uWm abundante espaço de referência visual de diversas obras de arte, mas que não traz nenhum tipo de conteúdo escrito significativo que esteja ligado ao assunto exposto. De outro lado, a revista Piauí possui um conteúdo extremamente vasto e extenso, com matérias super elaboradas e sem se importar com a quantidade de parágrafos. Visualmente, ela possui uma diagramação medíocre, que nada atrai o olhar de quem é interessado nesse universo artístico e, portanto, não consegue atingir plenamente o público criativo, para quem uma imagem vale mais que mil palavras. Sentimos a necessidade então de preencher esse vazio do mercado editorial voltado a quem aprecia ou se interessa por arte e ainda quer se atualizar e aprender, mas que não tem tempo para procurar ou ler longos e monótonos conteúdos.

Conheça mais trabalhos de Roscover Dylan em:

http://theexperiential.com/

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Preenchendo vazios Foto: Inhotim - Divulgação

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Apesar da Internet trazer a possibilidade de uma informação rápida e um contato maior com o público (como é no caso dos museus, que vem entrando nas redes sociais para divulgação), a quantidade exorbitante de conteúdo que está disponível e a falta de controle da qualidade dessa informação faz com que algumas dificuldades possam ser encontradas por quem quer se atualizar sobre o panorama de qualquer assunto. Para a arte, essa realidade não é diferente, e aqueles que querem se informar sobre a arte mundial precisam navegar em diversas páginas e saber filtrar a informação encontrada para aprender um pouco mais. Sites de museus, exposições, notícias de arte, páginas de artistas, galerias e até mesmo revistas digitais estão espalhadas por todo lado, e em meio a tantos cliques e hiperlinks, o leitor pode se perder em sua pesquisa e se desviar completamente do foco daquilo que estava procurando. Para facilitar essa busca por informação e sanar a necessidade do mercado editorial que, como pudemos ver no tópico anterior, está com falta de publicações voltadas ao assunto arte, projetamos uma nova revista já que, como apontado na Pesquisa X, 84% dos entrevistados se interessariam em uma revista sobre este tema. Também foi investigado quais características principais seriam interessantes de abraçar no desenvolvimento do projeto. O resultado alcançado foi o apontado no gráfico ao lado: 68

Com dicas sobre arte Com notícias atuais da arte Apresentando artistas novos Com calendário de eventos Textos curtos e objetivos Conteúdo mais visual Com entrevista de artista famoso Com muitas imagens Com atualização de prêmios e concursos Falando sobre museu 01

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O objetivo é criar uma nova plataforma de conteúdo, que unifique todas as informações relevantes ao nosso público de forma objetiva e visualmente atraente, para que sirva não somente como meio de informação, mas também de inspiração ao leitores. O formato seria de uma revista impressa e trimestral, de tamanho ligeiramente menor do que o padrão visto no mercado atual. Suas capas serão mais limpas, e trarão o logo em destaque escrito com uma tipografia artística, ilustrando e apoiando seu tema. Além disso, a revista contará com dez seções, que incluem atualidades, informações sobre história da arte, dicas e muitas imagens que servirão não somente como apoio às matérias, mas também como referência visual aos leitores. Para se adequar ao novo público que não gosta ou que não tem tempo de ler, o conteúdo escrito será mais objetivo e curto (mas sem perder a qualidade), com uma leitura rápida e confortável, sem que os leitores precisem encarar longos textos. Sua diagramação será mais dinâmica que o comum, deixando o conteúdo leve e divertido. Como a revista será voltada principalmente ao público que já tem certo interesse por arte, suas matérias devem ser profundas o suficiente para que possam servir como referência, mas elas também possibilitariam a criação de um novo público, para que mais pessoas se interessem por arte no país. Por conta disso seu conteúdo também deverá ser apresentado

de forma que facilite que esses novos leitores (e interessados por arte) cresçam junto da marca. A revista não seria somente uma fonte de notícias, contaria também com informações sobre eventos, artistas e locais em que o público possa ter contato com a arte, tornando-se assim tanto um guia para aqueles que querem adentrar nesse meio, quanto um companheiro para aqueles que já são iniciados no tema, mas que querem se manter sempre atualizados. White comenta sobre isso em: “Transforme sua publicação numa fonte de referências úteis. Endereços, horários, datas ou outras informações desse tipo são apreciados como bônus inesperados, mas além disso sua utilidade a longo prazo estende a vida do produto na estante.” (WHITE, 2006, Pg. 13) Procuramos fazer um produto que atenda de maneira completa os desejos do público, mas levando em consideração a análise de suas reais necessidades. A seguir, descreveremos o processo de criação da Musa, e contaremos um pouco mais sobre quais foram os elementos que nos inspiraram e nos ajudaram a projetá-la.

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Imagem: PietĂĄ, Michelangelo (1499)

Criar uma Musa ĂŠ pensar nos detalhes: em todas as curvas e em cada pequeno detalhe, por menor que ele seja. 71


RASCUNHANDO O público de arte é muito mais tátil. Gosta de tocar, sentir, cheirar. Assim como em uma escultura, uma revista impressa permite ao leitor manuseá-la da forma que quiser, além de poder alterá-la com anotações rápidas, rabiscos e rascunhos que não seriam possíveis em uma revista digital. Bob e Maggie Gordon (2014) lembram que as origens do design gráfico deram-se em páginas impressas, e dizem que mesmo que o digital tenha trazido muitas possi72

“Assim como em

uma escultura, uma revista impressa permite ao leitor manuseá-la da forma que quiser” Imagem: Le violon d’Ingres de Man Ray


bilidades, ainda assim “o design gráfico e a impressão permanecem indissociáveis.” (GORDON, 2014, Pg. 58). Concordamos com eles principalmente ao pensar em um público mais voltado à criação, que encontra inspiração em detalhes como o toque, o cheiro e a experimentação. Leslie (2003) comenta que a revista vive de seu caráter físico, enquanto uma página da web sofre constantes mudanças. A autora afirma a importância da web por conta dessas mudanças constantes, mas achamos que a revista impressa também tem a sua importância exatamente por ser algo estático, fechado, que podemos ter para sempre. Além disso, no caso de revistas com um apelo visual, elas se tornam um objeto de desejo em que as pessoas querem expor e utilizar até mesmo como objetos de decoração. Revistas de arte devem possuir apelo visual, pois “As pessoas gostam de manter as revistas de arte expostas, para as visitas.” (LESLIE, 2003, Pg. 163). A escolha de criar uma revista foi feita pelo fato de que a grande diferença desse meio para os outros é que ela tem uma periodicidade fixa para trazer novos conteúdos e atualizar os seus leitores. Leslie diz que a periodicidade das revistas é o “que dá às revistas a capacidade tanto de reflectir como de inaugurar tendências gráficas.” (LESLIE, 2003, Pg. 7), e o mercado editorial está precisando urgentemente repensar e mudar suas características para atender ao novo público. Além disso, por conta des-

sa periodicidade, uma revista seria a forma mais adequada para manter o público de arte sempre atualizado, já que ela poderá se tornar uma fonte confiável de informações que podem ser guardadas e consultadas sempre que o leitor quiser. Pensando nisso, procuramos escolher uma periodicidade que atendesse não somente ao conteúdo proposto, mas também as necessidades do público alvo. Após analisar e perceber que nosso público não tem muito tempo para ler em seu dia a dia, decidimos que a periodicidade da revista não poderia ser mensal, pois mesmo com a proposta de textos mais curtos, ainda assim os leitores precisam de tempo para poder realmente usar a revista e absorver todo o seu conteúdo. Além disso, quase todas as exposições de arte são realizadas em um período mais longo e por conta disso o conteúdo de arte tem um ritmo um pouco mais calmo em relação a outros temas. Fazendo uma pesquisa sobre a duração das exposições nos principais museus brasileiros, pudemos perceber que existem exposições consideradas de média duração que ficam cerca de três meses abertas ao público. Em vista disso e da análise do conteúdo mais completo de arte que gostaríamos de oferecer aos leitores da MUSA, decidimos que uma revista trimestral seria a melhor alternativa. Dessa forma, o conteúdo poderia ser desenvolvido com mais calma de modo que fique bem aprofundado e possa então 73


transmitir conhecimentos e inspiração aos leitores. A revista vai ser produzida em formato retrato, com 24 centímetros de altura por 16,5 centímetros de largura. Esse tamanho foi pensado para que a revista tenha uma pegada mais fácil, pois de acordo com experiências próprias, publicações de proporções muito maiores dobram quando lidas sem estar apoiadas ou são difíceis de segurar. O tamanho proposto também se ajusta com a ideia de uma revista que caiba na bolsa, para ser levada à diversos lugares, acompanhando os leitores tanto como fonte de leitura e referências, quanto como um guia artístico em seus passeios e viagens. Aspectos como melhor custo-benefício e um melhor aproveitamento de papel, evitando desperdícios desnecessários, foram levados em conta nesse formato, que segue 74

a proporção de 66 centímetros por 96 centímetros da folha, chamada BB ou B2, usada para impressão em grande escala. Em relação ao papel de impressão, foi decidido a utilização do papel couchê fosco, com gramatura 210g para a capa, trazendo o máximo de qualidade de imagem e uma boa durabilidade para a parte externa da revista. O papel couchê foi escolhido para a capa por deixar as imagens com uma qualidade superior, além de ser um papel que chama mais a atenção do leitor. O acabamento fosco foi escolhido pelo fato de tornar a reflexão menor, garantindo que as imagens não percam qualidade nem mesmo em ambientes externos. Para o miolo, será utilizado o papel Offset Alta Alvura 90g, que possui como característica um maior conforto de leitura comparado ao papel couchê que geralmente


é utilizado nas revistas. Esse papel, mesmo com uma grande quantidade de páginas, deixa a revista leve: assim as pessoas que irão carregá-la não ficarão desconfortáveis em relação ao seu peso. Pensamos ainda em um papel que permitisse que os leitores escrevessem nele, pois a ideia é proporcionar algo além de uma revista: é ter um lugar para se fazer anotações, rascunhar ideias ou destacar com facilidade algum trecho importante da edição. Além disso, usar o papel Offset é uma forma de imprimir de maneira mais econômica sem perder a qualidade, já que a impressão nesse tipo de papel é mais barata mas ainda assim tem uma qualidade de impressão de imagens muito boa. As imagens impressas nesse papel podem não possuir a mesma qualidade do couchê, mas cabe ao projeto já que o intuito da MUSA é ser

“(...) fazer o leitor ir até a arte, e não somente vê-la no papel” Imagem: Musas Gregas

uma influencia para fazer o leitor ir até a arte, e não somente vê-la no papel. Ou seja, imprimindo a revista nesse tipo de papel, estamos dando uma mostra aos leitores do que ele encontrará nas exposições e procurando motivá-lo através disso de sair de casa e ir em busca de experiências no meio artístico. Acreditamos que o papel “[...] não é mera superfície neutra, vazia, esperando ser recoberta. Deve ser usado como participante ativo no processo de comunicação.” (WHITE, 2006, Pg. 25) e essas escolhas parecem representar e atender da melhor maneira as ideias e propostas de nosso projeto. 75


NOSSA IDENTIDADE

Para que a revista se insira no mercado ela precisa de uma identidade que faça com que todas as edições tenham as mesmas características e tragam uma coerência visual durante a leitura. Para pautar nosso objetivo diante da criação, definimos a missão de nossa revista como: “Ser uma influenciadora que conversa com o leitor e o atualiza de tudo o que está acontecendo no cenário artístico mundial, centralizando o conteúdo da arte e tornando-se fonte de referência visual; uma inspiração para novas criações.” Com isso em mente, pudemos definir quais características nos guiariam na construção e na diagramação do projeto. O primeiro passo para a criação da revista foi definir o estilo a ser seguido na criação de todos os elementos do projeto e, a partir dos aspectos levantados durante todo o nosso estudo, optamos por seguir com uma identidade mais limpa, tanto para ir na contramão do mer76

cado atual, quanto para se adequar às características do nosso público alvo. Maeda (2007 apud BOMENY, 2012, Pg. 161) afirma que com tecnologias complexas presentes em nossa vida, tudo que seguir a linha da simplicidade vai trilhar ao crescimento. Outro ponto para apoiar nossa escolha é o fato de que, atualmente o design gráfico segue uma tendência simplista. Um exemplo disso é o Flat Design, que hoje está sendo muito utilizado. Ele se baseia em desenhos planos, onde clareza e simplicidade são princípios básicos que visam a funcionalidade e deixam de lado características como sombras ou detalhes que buscavam imitar os análogos da vida real. A simplicidade de um design minimalista trará não somente uma aparência mais limpa e com menos elementos, mas também facilitará a leitura e poupará tempo dos leitores na interpretação de informações.


NOSSA

MARCA

O próximo passo na criação do projeto foi definir a nossa marca. Em entrevista, Andy Cowles afirma que: ‘’Os editores têm agora muito mais consciência de que as revistas podem transformar-se em marcas. É mais que papel e tinta – é um conjunto de valores, um sistema de crenças. ‘’ (LESLIE, 2003, Pg. 08). Baseado nessa afirmação, definimos alguns aspectos para criar uma marca que pudesse transmitir tudo aquilo que esperamos do projeto: ser uma fonte de atualização; uma inspiração visual; um objeto de desejo; uma espécie de amiga do leitor e um facilitador de acesso à arte. Queríamos criar uma marca que fosse fácil de ser lembrada e que trouxesse uma proximidade maior com o leitor. A partir disso e da ideia

de uma revista que trata de arte e que traz diversas obras e referências para aqueles que a leem, chegamos ao nome MUSA. MUSA de musa inspiradora, pois assim como todos os artistas tiveram as suas, queremos que os leitores encontrem na revista a inspiração necessária para produzirem e se manterem ativos. MUSA, como um apelido para ‘museu’, já que ela trará a arte ao dia a dia das pessoas, além de expor novas personalidades e ideias, assim como um museu ou galeria de arte faz. E MUSA também, com o sentido de ‘Me USA’, já que a revista poderá ser usada como forma de informação, inspiração, guia, entretenimento ou da maneira que o leitor preferir.

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NOSSO

LOGO

Após definir o nome da marca, optamos por criar um logo constituído apenas por palavras, sem o uso de símbolos. Para isso, buscamos por uma tipografia artística, que lembrasse um pincel e as curvas de uma musa, e que trouxesse a ideia do manual, já que a revista trata de arte. Analisamos diversas fontes com essas características e testamos sua aplicação em cima de imagens e em diversas cores planas para ver o seu comportamento em diferentes

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bases. Além disso, outro quesito importante na avaliação foi seu comportamento em diferentes tamanhos, já que segundo Lupton e Phillips (2008), um logo deve ser legível tanto em sua menor versão quanto em grandes distâncias. Obedecendo ao nosso objetivo e levando em conta os testes, concluímos que a fonte Avenue Drift era a fonte apropriada e que se comportava melhor para representar a MUSA.


NOSSA

PALETA DE COR As cores também têm uma grande importância para as marcas, pois através delas podemos trazer sentimentos e vida ao projeto. Gordon (2014) comenta que a cor pode servir como um recurso para criar níveis hierárquicos através de mudanças de brilho ou intensidade da cor. Por conta disso, queríamos que a paleta de cor da MUSA fosse forte e ampla o suficiente para apoiar não somente a diagramação, mas também representar o dinamismo e busca por inspiração que a revista propõe.

A paleta de cor foi gerada através da obra do artista italiano Baldassare Peruzzi (1481-1537), chamada “As musas dançando com Apolo”. Escolhemos utilizar a obra como base pois ela traz a representação das musas perfeitamente e é uma grande referência da arte e da inspiração. Capturamos as cores da obra e selecionamos dez delas para basearmos nosso projeto. Para testar as cores, aplicamos o logo sobre elas e percebemos que os dois elementos se complementam muito bem.

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‘‘

A paleta de cor foi gerada através da obra do artista italiano Baldassare Peruzzi (1481-1537), chamada “As musas dancando , com Apolo”.

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NOSSAs

CARAs

As capas da revista serão de fato algo feito para a proteção do conteúdo, como se fossem a roupa que a revista veste. Pensando nisso, a primeira e última capa terão uma imagem contínua, trazendo unicidade para o que será a apresentação do nosso produto. White afirma que “[...] são as palavras que na realidade trazem o leitor potencial para a edição [...]” (WHITE, 2006, Pg. 186), algo que pode ser observado no mercado atual, onde as capas são tratadas de forma semelhante, geralmente trazendo inúmeras chamadas para “conquistarem” o leitor. Mas com tantas informações, a banca se torna um local muito poluído e a revista que tenta chamar a atenção com chamadas, não consegue esse efeito pela quantidade 82

imensa de publicações que seguem essa mesma ideia. Pensando nisso, e no fato de não termos uma concorrência direta, produzimos capas que além da imagem, terão apenas o logo e uma chamada principal. Acreditamos que esse meio mais visual também é mais adequado ao nosso público, que é muito mais voltado às imagens que ao texto. O plano de fundo das capas irá traduzir de forma envolvente o tema da edição. Sendo mais limpa que as outras, a capa se sobressairá em uma banca. Andy Cowles comenta em entrevista à Leslie (2003) que as capas, o conteúdo e a publicidade devem estar em harmonia com a marca. Para que as capas da revista MUSA sigam a proposta da marca, elas devem ser muito mais visuais, e


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por conta disso decidimos deixá-las com menos chamadas e mais dependentes do apelo visual para atrair o leitor. A ideia é seguir a linha dos pôsteres, produtos feitos para serem expostos e vistos por todos. Sendo atraído por esse aspecto, a curiosidade será despertada e o leitor vai querer tocá-la, sentí-la, entender melhor o que está dentro dela. E ao pegá-la e folheá-la, o consumidor estará um passo mais próximo de levá-la para casa e, ao perceber que se trata de um produto diferenciado, o público sentirá necessidade de possuir aquilo. A revista então se tornará algo além do útil e funcional, se tornando um ob-

jeto de desejo: algo em que as pessoas colocarão valor, deixando de lado a ideia da revista descartável, aquela que você lê e joga fora. As contra capas serão uma experiência visual, trazendo em cada edição uma estampa relacionada ao tema abordado. Segundo Lupton e Phillips (2008) as texturas são sedutoras e capazes de atrair os leitores, e elas serão uma ótima forma de complementar a apresentação visual das capas e introduzir os leitores ao tema de cada edição. Isso ajuda a traduzir a ideia de que representações visuais são muito importantes e muitas vezes contribuem mais do que palavras. 85


NOSSAs

secões , Para que o conteúdo da MUSA possa ser organizado e traga sempre uma variedade de assuntos, decidimos dividi-lo em dez segmentos que facilitarão a localização daquilo que é tratado no interior da revista. Cada seção adota uma cor diferente da paleta para se identificar. Cada seção será identificada por um ícone, que segue o mesmo traço da escrita do logo e será sempre posicionado na parte superior esquerda do abre capa da primeira matéria de cada seção. Isso facilitará aos leitores encontrá-las enquanto folheiam a revista, norteará a leitura e servirá como elemento de identidade visual. Além disso, o nome de cada seção e subseção será indicada com uma tag, usando sua cor correspondente, na parte superior externa das páginas. Assim, quando o leitor estiver com a revista fechada e quiser encontrar determinada matéria, ele poderá simplesmente curvá-la levemente para identificar as cores e abrí-la no ponto exato onde se encontra a matéria que deseja. 86


ATUALIDADES Trará uma parte de notícias da arte mundial para que os leitores possam se manter sempre atualizados com o que vem acontecendo;

TECNOLOGIA Trará atualizações de programas ou inovações tecnológicas que possam facilitar o dia a dia dos artistas;

ARTISTA Cada edição trará uma matéria falando um pouco mais sobre um artista em destaque no mundo para que os leitores possam conhecer um pouco mais sobre eles e seus trabalhos;

ENTREVISTA Essa seção trará uma entrevista com o artista tratado na seção anterior, para que os leitores possam se aprofundar ainda mais no processo criativo do artista em questão; 87


MAPA DA ARTE Cada edição tratará de uma cidade em específico trazendo não somente um mapa da cidade com todos os atrativos turísticos ligados à arte como também uma descrição rápida da cidade e dicas de estadia, restaurantes e outros dados úteis para que os leitores possam programar viagens culturais;

NOSTALGIA Essa seção trará informações de artistas e movimentos importantes para a história da arte para que os leitores tornem-se cada vez mais informados sobre o que passou e possam encontrar inspiração e aprendizado naquilo que passou. Ela será dividida em Movimento, Artista e Obra;

MUSEU Cada edição trará em destaque um museu do mundo falando não somente sobre o que o leitor poderá encontrar nele, mas também curiosidades sobre os bastidores e a curadoria de cada galeria; 88


DICAS

Nesta seção, queremos que os leitores possam encontrar dicas variadas que os ajudem a criar e sirvam de inspiração ou base para as suas criações. Livros, lugares inspiradores, filmes, músicas… Tudo! Qualquer coisa que possa ser vivida ou sentida;

GALERIA

Uma seção para abrir portas aos leitores que têm algo a mostrar. Cada edição trará uma seleção de imagens que possam servir de inspiração para novas criações;

CALENDÁRIO Um calendário com todos os eventos e exposições dos próximos três meses, para que os leitores possam programar suas visitas à museus e pontos de arte.

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NOSSos

textos

Como já analisado anteriormente, atualmente as pessoas procuram por informações rápidas, que sejam práticas para caberem dentro de seu dia a dia corrido. Além dessa mudança que o perfil do público leitor vem sofrendo, ao projetar uma revista de arte, também devemos levar em conta o perfil daqueles que apreciam o conteúdo criativo. Para o público de arte em específico, a visualidade é muito importante e, por conta disso, decidimos que a revista deverá trazer conteúdos com textos mais curtos e diretos, para que assim seus leitores possam apreciar o texto do início ao fim, enquanto também se apoiam em elementos visuais, para assimilarem melhor as informações. White (2006) comenta que muitos daqueles que não gostam de ler dizem que a leitura é difícil, mas 90

que na verdade isso é resultado de um mal uso do design para elencar informações e gerar uma hierarquia para que seja mais fácil de “entrar no texto”. Segundo ele, a informação deve ser tão bem organizada e disposta, que os leitores sejam persuadidos a querer ler aquele conteúdo até o final. Bomeny (2012) também comenta sobre essa função do design quando discorre a respeito da indagação de Weingart, sobre a função da legibilidade quando o texto não é atrativo para aquele que o vê. Se preocupar com a legibilidade de um texto que não é atrativo é perda de tempo, pois a menos que ela seja convencida a iniciar a leitura, de nada adiantará a sua legibilidade. Como forma de evitar esse descarte, Bomeny fala sobre o rompimento das fronteiras ideológicas como meio de se afastar dos


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Além disso, também há a possibilidade de utilizarmos entretítulos como meio de divisão de uma matéria, permitindo que o observador “escaneie” o texto antes de ler, e assim compreenda o essencial do que é dito.”

padrões, a fim de que o público seja fisgado a ler os blocos de texto. Para Gordon (2014), além da legibilidade do texto, existe outro aspecto que afeta a decisão de um leitor de terminar ou não a leitura de um texto: a leiturabilidade. Ele define leiturabilidade como o fluxo de leitura de um texto, que é delimitado pela velocidade e facilidade com que um texto tem as suas informações assimiladas e retidas. Ou seja, um texto longo muitas vezes pode causar uma evasão dos leitores, mesmo após a sua decisão de ler determinada informação. Na MUSA, decidimos que a configuração dos textos será definida por blocos mais curtos, tornando possível que os leitores assimilem mais facilmente o conteúdo. White (2006) afirma que blocos curtos são mais atrativos, pelo fato de que eles

exigem menos tempo e esforço para serem lidos. Além disso, também há a possibilidade de utilizarmos entretítulos como meio de divisão de uma matéria, permitindo que o observador “escaneie” o texto antes de ler, e assim compreenda o essencial do que é dito. White (2006) descreve os entretítulos como “aqueles pontos fascinantes colocados em poucas palavras e mostrados de modo que sejam notados.” (WHITE, 2006, Pg. 123). Além de se tornarem facilitadores, revelando o essencial do texto e possibilitando a busca de informações em uma segunda consulta, os entretítulos também são uma forma de seduzir o leitor para dentro do texto, já que apresentam a escolha de deixar partes que não interessam.

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NOSSas

tipograf ias As fontes que usamos na MUSA foram escolhidas levando em conta suas funções: Para o texto corrido das matérias, elegemos a fonte Garamond em tamanho 11. A fonte destinada a informar se encaixa na afirmação de Garfield que: “[...] princípio primordial de que as fontes devem, em geral, passar despercebidas na vida cotidiana; de que elas devem informar, não alarmar.” (GARFIELD, 2012, Pg. 31) Ela possui uma família grande com diferentes pesos, posibilitando seu uso para compor hierarquias diferentes. A escolha de usá-la em todas as matérias, é devido a ideia de formar uma identidade na revista, além do que, o uso exagerado de fontes em um texto corrido, iria criar uma poluição desnecessária. Ela é 92

uma fonte serifada, aspecto que ajuda na leitura de blocos de texto já que a serifa melhora nossa percepção, fazendo nosso olho ver palavras e não letras, agilizando o fluxo de leitura. Nas legendas e créditos, usaremos a fonte Myriad, em tamanho 8. Com testes observamos que ela se comporta bem em tamanhos menores para impressão, já que essas informações são apresentadas mais discretamente. O número de página também segue essa fonte, porém com tamanho 10, já que serve como localização e é uma informação que deve ficar mais visível. Os fólios que também seguem a função de localização usarão essa mesma configuração. Nas outras partes de texto da revista, principalmente em títulos e boxes, decidimos deixar a escolha da fonte livre. Ela deve ser escolhida de acordo com o conteúdo de cada matéria, a fim de atrair o leitor e de servir como apoio para a apresentação do conteúdo.


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A escolha de usá-la em todas as matérias, é devido a ideia de formar uma identidade na revista, além do que, o uso exagerado de fontes em um texto corrido, iria criar uma poluicão desnecessária.” ,

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NOSSas

imagens

Nossa escolha por enaltecer o visual, e colocá-lo de igual para igual com o texto é devido ao fato de acreditarmos que as pessoas também aprendem a partir de imagens. Venturi (1984 apud BOMENY, 2012. Pág. 17) também afirma isso dizendo que: “Tudo que é visual pertence ao conjunto das experiências estéticas entendidas como maneira de conhecimento humano.” Além do aprendizado, elas oferecem estímulos diferentemente das palavras. É semelhante à experiência de irmos a um museu para apreciar as obras: não tem palavras nelas que nos digam ou nos guiem a entender exatamente o que aquilo significa. Você se utiliza da sua bagagem pessoal, seja ela referente a sentimentos, emoções, cheiros e até sensações, para entender aquilo que está diante de 94

você. Em um mesmo estímulo visual, conseguimos alcançar diferentes efeitos nas pessoas, e isso se dá pelo fato de que cada um possui uma experiência de vida diferente. Em relação às imagens utilizadas na composição da revista, vamos priorizar fotografias grandes, geralmente sangradas pelas páginas, já que segundo White: “O sangramento aumenta a página na imaginação do observador, e isso fortalece o impacto não só da página, mas também do assunto da foto.” (WHITE, 2006, Pg. 58). O autor também comenta que as fotografias sangradas parecem se incluir no mundo daqueles que a observam, como se deixassem de ser mera representação visual e passassem a fazer parte da vida do observador. Lupton e Phillips (2008) também acreditam


nessa características das imagens sem margens, e tanto os autores como nós acreditamos que, tirando as margens, a fotografia penetra na realidade. Outro elemento que será muito utilizado nas matérias da MUSA serão os gráficos e infográficos, que trazem as informações de um modo mais visual e facilitam o entendimento do conteúdo. Para aqueles que são mais visuais, os gráficos “aumentam a legibilidade e agregam um valor percebido. Enriquecem o produto e acrescentam-lhe estatura.” (WHITE, 2006, Pg. 157) e por isso serão amplamente utilizados para facilitar a vida de nossos leitores.

(...)tirando as margens, a fotograFIa penetra na realidade.

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momentos de

inspiracão , Outro componente da revista, serão algumas páginas que vão conter o que chamamos de momentos de inspiração. Eles serão uma espécie de arranjo com design inspirador, que trarão consigo algum elemento que consideramos agregador. Algo que nosso público leve em consideração como fonte de conhecimento ou de referência. As composições dessas páginas serão pequenos ápices de enaltecimento da visualidade proposta pela revista. Esses momentos inspiradores terão duas funções na revista: A primeira é de proporcionar itens adicionais, que não se encaixam nas matérias, mas que são considerados pertinentes, geralmente frases, vídeos, desenhos, etc. E a segunda função é a de espaçador. Serão páginas de descanso visual para que o leitor não se depare com uma matéria em cima da outra, sem parar. Por possuírem menos elementos e terem algo inspirador nelas, elas permitirão um “respiro” entre uma matéria e outra, permitindo assim que o leitor possa digerir o que acabou de ler enquanto se distrai com o item proposto. 96


nosso

layout O layout da revista foi criado proporcionando equilíbrio visual ao leitor. De acordo com Lupton e Phillips: “[...] o equilíbrio é um conforto estimado em nossa cultura e não nos surpreende que nossa relação intuitiva, implícita com ele, nos tenha capacitado a perceber o equilíbrio – ou o desequilíbrio – nas coisas que vemos, ouvimos, cheiramos, provamos e tocamos.” (LUPTON E PHILLIPS, 2008, Pág.29). As pessoas podem até não entender as relações de equilíbrio que há no design gráfico, mas elas percebem de forma inconsciente que aquilo está equilibrado ou não. O equilíbrio é o que traz o conforto ou o incômodo que sentimos ao ver algo. Podemos alcançar o equilíbrio de diversas formas, tanto compondo os layouts de forma simétrica ou assimetricamente. Segundo White (2006) a composição assimétrica gera flexibilidade, algo que é necessário em uma revista que abordará diversos conteúdos. Além disso por não ter limitação, ela garante uma melhor aproximação com o público. O objetivo do nosso layout é agregar valor à informação oferecida. 97


nosso

grid Para diagramar a revista decidimos utilizar o recurso do grid, pois segundo Samara (2007) ele estabelece uma ordem e especifica diferentes tipos de informação. Além disso, ele também possibilita que diversos designers diagramem um mesmo projeto, garantindo um maior fluxo de execução. E definindo um grid, diversas dificuldades de organização dos elementos se resolveriam facilmente seguindo as suas delimitações. Tudo isso ainda garante que a revista siga sua identidade e mantenha um ritmo uniforme durante a leitura. White (2006) comenta que as páginas de uma revista devem ser como um desfile, que se apresenta de modo contínuo e se relaciona do início ao fim. Ao autor afirma que esse inter-relacionamento das páginas é o que traz maior interesse às publicações, já que ele possibilita que o leitor se surpreenda em determinados 98

pontos da revista e se prenda tanto à leitura que passa de uma página à outra sem nem mesmo perceber. Vamos utilizar o grid de colunas, porque conforme Samara (2007) afirma, essa configuração favorece a composição de informações distintas. Serão dez colunas, com espaços de cinco milímetros entre elas. Uma maior quantidade de colunas nos ajudará a compor o layout de maneira mais livre, já que nossas matérias serão trabalhadas de acordo com seu conteúdo, de modo a atrelar texto e imagem. White comenta que com um número maior de colunas, pode-se usá-las de modo flexível para criar padrões. Combinando colunas e dividindo o espaço entre texto, imagens e espaço em branco, a organização é variável e cria um espaço mais livre. Além disso, o autor também afirma que ao dividir o espaço de forma in-


Uma maior quantidade de colunas nos ajudará a compor o layout de maneira mais livre, já que nossas matérias serão trabalhadas de acordo com seu conteúdo, de modo a atrelar texto e imagem.

teligente, a diagramação pode facilitar a leitura e tornar a busca de informações mais fácil. Fazer o texto competir com as imagens também é uma forma de influenciar o leitor a querer se aprofundar na matéria e gastar seu tempo e energia para terminá-la. As margens foram definidas a partir da localização e definição da mancha de texto, de acordo com o grid proposto: a divisão de cada página em dez colunas, reservando uma coluna como margens nas partes superior, inferior e externa. Para a margem interna, foi definido um espaço de duas colunas para que ele fosse maior para anotações ou rascunhos que o leitor queira fazer. Além disso, a revista finalizada e com suas páginas coladas, as informações que passam pelo seu centro podem ser perdidas ou corrompidas. As medidas finais são de 2,4 centímetros na parte superior e infe-

rior; 1,6 centímetros de margens externas e 3,3 centímetros de margens internas. White (2006) comenta que a revista é um objeto maleável, curvo, tridimensional que, ao ser preso pela lombada faz com que a parte interna fique escondida até que quem folheia a revista decida abrí-lo para revelar a página inteira. É o que ele vê nas partes externas das páginas que faz com que os leitores se sintam motivados a abrir a revista completamente, e por isso devem ser utilizados com cuidado. As partes internas, segundo o autor, são menos importantes por serem vistas em um segundo momento. Por conta disso, não perdemos nada de espaço essencial ao deixar as margens internas maiores; só ganhamos um espaço para que os leitores usem a revista de modo mais tátil.

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As margens foram def inidas a partir da localizacão e def inicão , , da mancha de texto, de acordo com o grid proposto: a divisão de cada página em dez colunas, reservando uma coluna como margens nas partes superior, inferior e externa. Para a margem interna, foi def inido um espaco , de duas colunas para que ele fosse maior para anotacões ou rascunhos , que o leitor queira fazer.


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elementos de

localizacão ,

No projeto, nos preocupamos com a experiência do leitor ao ter contato com a MUSA. Os elementos de localização foram uma de nossas prioridades. A revista contém inúmeras informações, e para que você não se perca e saiba exatamente onde as coisas começam e terminam, apontamos alguns elementos necessários para guiar da melhor forma possível o leitor. Primeiramente, a revista se conduz em uma hierarquia de cores, que separa de forma coerente as seções para que sejam mais fáceis de identificar. Assuntos relacionados ficam juntos para que o leitor não 102

precise folhear a revista inteira para encontrar as matérias que tenham temas semelhantes. Outro ponto foi decidirmos que todos os abre capas têm uma mesma identidade, assim você sempre sabe por onde começar. Outro elemento de identificação é o ícone: assim que se começa uma nova seção, seu ícone correspondente é adicionado no primeiro abre capa para que o leitor possa se localizar durante a leitura ou em uma busca por informações. Em todas as matérias existem tags, também com as cores correspondentes, que trazem o nome da seção e da subseção em que você


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Para a MUSA, propomos mudar , essa situacão incluindo a , numeracão em todas as pá, ginas, inclusive nas aberturas de matéria.

está. Elas também facilitam não somente a localização durante a leitura, mas em consultas posteriores já que podem ser vistas facilmente sem que o leitor precise abrir a revista completamente para vê-las, já que elas estão sempre localizadas na margem externa superior das páginas. Desde que o leitor deixe livre a parte superior ao folhear a revista, as tags podem ser vistas rapidamente e, com isso, ajudar na localização de informação. A numeração das páginas também foi cuidadosamente analisada. Geralmente os abre capas de matérias não contém esse número, e isso gera uma informação discrepan-

te. Você vai ao sumário e olha a página em qual começa aquela matéria que se interessou, mas ao começar a folhear a revista, nunca acha esse número. Ou seja, o sumário apenas lista a ordem das matérias, porque você não consegue utilizá-lo para encontrar de fato algo pois a numeração de páginas não está presente em todas as páginas. Para a MUSA, propomos mudar essa situação incluindo a numeração em todas as páginas, inclusive nas aberturas de matéria, para que assim o leitor consiga se localizar facilmente durante a leitura ou ao folhear a revista em busca de alguma informação. 103


nosso

sumário

O sumário da revista trará de forma organizada todo seu conteúdo, indicando as páginas iniciais de cada matéria. Dividido por cores e pelas seções correspondentes, ele lista todas as matérias Seu visual sempre será de acordo com o tema da edição, mas com uma configuração sempre semelhante: as seções serão indicadas sempre com as cores que as representam e as matérias serão citadas dentro de uma caixa de texto para que todas as informações fiquem bem divididas. Além disso, os números de páginas sempre estarão antes dos títulos das matérias, do lado esquerdo pois assim a identificação da página torna-se muito mais prática e rápida.

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Seu visual sempre será de acordo com o tema da edicão, , mas com uma conf iguracão , sempre semelhante(...)


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nossos

abre capas

A MUSA terá dois tipos de abre capa: uma para as matérias principais daquela edição (que serão quatro no total) e outra para as demais. Para as principais, o abre capa ocupará página dupla. Sendo constituída sua maior parte por uma imagem (geralmente uma fotografia), que vai ocupar a página direita inteira e chegará até a mancha de texto da outra. Na página esquerda teremos o título da matéria, o subtítulo, os créditos e um fio. Este fio terá a cor da seção correspondente, ele possibilita que o leitor se localize. Além disso dentro das matérias, há uma tag com essa mesma cor e com o nome da seção e da subseção da qual aquele conteúdo faz parte. O abre capa das demais matérias seguirão essa mesma linha, porém suas imagens ocuparão apenas a 106

página esquerda, tendo à sua direita o começo da matéria. Geralmente as revistas colocam o abre capa de página única do lado direito, e a matéria se inicia ao virar a página. Decidimos ir contra esse aspecto, já que o conteúdo que fica na página esquerda geralmente confunde o leitor. Temos a visão da revista como página dupla, assim entendemos que os dois lados precisam conversar, para haver uma unicidade sem quebras bruscas. Por conta disso, todos os abres capas ocuparão a página esquerda da revista, seja para uma matéria principal ou não. Nas primeiras matérias de cada seção, haverá um ícone mostrando o começo de cada divisão, que será localizado em cima da imagem de abertura na página esquerda, em sua margem externa superior.


Para as principais, o abre capa ocupará página dupla. Sendo constituída sua maior parte por uma imagem (geralmente uma fotograf ia), que vai ocupar a página direita inteira e chegará até a mancha de texto da outra.

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O abre capa das demais matérias seguirão essa mesma linha, porém suas imagens ocuparão apenas a página esquerda, tendo à sua direita o comeco da , matéria.

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nosso

calendário

Os leitores da MUSA receberão trimestralmente dentro da revista o calendário dos três meses correspondentes à edição com todos os eventos relacionados à arte marcados, para facilitar que os leitores se programem para visitas. Os calendários sempre estarão localizados no final da revista, para que sejam fáceis de localizar e consultar, tornando-se assim um meio de influenciar os leitores a utilizarem a revista para saírem atrás de arte. Por conta do fato de que a junção do miolo afeta a diagramação de um calendário de página dupla, decidimos deixar uma parte para anotações internas, onde o leitor poderá marcar outros eventos ou compromissos importantes e usar a revista como uma agenda para programar os seus meses. 110

A proposta de adicionar um calendário na revista se dá ao fato não somente de trazer uma informação útil para o leitor, mas para fazer com que ele saia e visite locais relacionados à arte, não deixando seu interesse apenas na leitura de materiais. Além disso, a MUSA quer propor aos seus leitores diversos passeios interessantes como meio de entretenimento aos leitores, que lerão as matérias de cada edição e poderão se interessar em conhecer um pouco mais sobre os museus, galerias ou exposições citados em cada edição. Com a periodicidade de três meses da revista, o leitor terá tempo para se programar e visitar as exposições e eventos até que a próxima edição saia, e isso gerará uma nova experiência para ele que estará de alguma forma relacionada à marca.


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(...) decidimos deixar uma parte para anotacĂľes internas, , onde o leitor poderĂĄ marcar outros eventos ou compromissos importantes e usar a revista como uma agenda para programar os seus meses.

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TESTANDO A VIABILIDADE Um projeto só sairá do papel se agradar ao público e sua execução for viável financeiramente. Imagem: City View, Kumi Yamashita (2003)

Para testar a viabilidade do projeto e receber a opinião do público a qual ela está direcionada, foi criado um protótipo da revista MUSA e disponibilizada à pessoas que se adequam ao público alvo (que goste de arte ou se interesse por conhecer mais sobre o assunto). O protótipo foi enviado em formato digital para que o acesso fosse realizado por pessoas de diferentes cidades e que estão inseridas em realidades diferentes e pedimos para que aqueles que vissem a revista respondesse um questionário que fazia com que os leitores analisassem o protótipo em sua forma, visualidade e probabilidade de compra caso ela fosse lançada. Além disso, pedimos também para que os leitores analisassem a marca MUSA para que ela também fosse testada para esse público. A marca foi analisada por

todos os participantes da pesquisa como uma identidade que representa bem o público de arte e que conversa com os leitores. Além disso, a paleta de cores também teve um feedback positivo e a proposta da revista de unificar o conteúdo de arte foi satisfatório para aqueles que tiveram contato com o protótipo da revista. Em relação à revista em si, tivemos um feedback positivo em quase todos os aspectos, seja ele número de páginas, diagramação, visualidade (quantidade de imagens, textos dinâmicos), seções propostas ou margens mais largas para anotações. O único elemento que não teve um feedback tão positivo foi a capa, que os leitores acharam que não chamaria a atenção em uma banca de revista por conta da cor utilizada (fundo laranja) e de sua simplicidade. Mas apesar de julgarem que a capa não chamaria a atenção, 113


todos os participantes da pesquisa afirmaram não só que comprariam a revista, mas também a recomendariam a amigos e familiares. Além disso, a MUSA também foi vista como um objeto de desejo, que poderia ser exposto nas casas dos leitores, que afirmaram que a deixariam exposta. A periodicidade da revista foi outro elemento que dividiu o público: 50% aprovou a periodicidade, achando-a adequada à proposta da revista e outros 50% respondeu que preferiria se a revista fosse bimestral ao invés de trimestral. Outro dado que dividiu bastante o público foi a proposta de publicidade da revista, onde perguntamos se a presença de cupons de descontos como forma de publicidade na revista influenciaria a compra dos exemplares. Os leitores do protótipo de MUSA ficaram muito divididos nesse aspecto, alguns dizendo que não influenciaria em nada na es114

colha de compra da revista e outros dizendo que influenciaria muito a escolha da compra. Podemos perceber com isso que a publicidade é um aspecto que incomoda os leitores, e que uma forma mais útil de publicidade (como os cupons de desconto) poderiam fazer efeito em uma parte dos leitores mas mesmo essa publicidade deveria ocupar apenas uma pequena parte das páginas de cada edição. Já que o protótipo foi disponibilizado em formato digital, perguntamos aos leitores se eles sentiam vontade de pegar a revista e se gostariam dela em formato impresso. Metade dos leitores responderam que ao verem a revista no formato digital, sentem vontade de manuseá-la e gostariam dela impressa, já que preferem este formato. A outra metade parte do público respondeu que gostaria da revista impressa, mas também gostaria que ela oferecesse o formato digital para ter as duas


alternativas de leitura. Nenhum dos leitores do protótipo respondeu que gostaria da revista apenas em seu formato digital por não gostar do formato impresso, reforçando ainda mais o fato de o público alvo ser muito tátil além do visual. Em relação à proposta da revista de ser um objeto para acompanhar os leitores em seus passeios e viagens, a maior parte dos leitores respondeu que estariam dispostos a levar a revista como um meio facilitador de seus passeios e apenas uma pequena parte respondeu que não levariam a revista junto de si. Como influenciadora para que seus leitores buscassem mais a arte (indo viajar para os locais propostos pela seção mapa da arte ou visitando as exposições citadas na revista), todos afirmaram que a revista os influenciaria muito. Em relação ao quanto estariam dispostos a pagar por cada edição da revista, as res-

postas variaram de 20 a até 40 reais, sendo que 50% dos leitores responderam que pagariam o valor mais alto (40 reais). Para que esse preço fosse viável sem a venda de espaços de publicidade, seria necessário imprimir a partir de 300 exemplares segundo os orçamentos pedidos online. Tendo esses resultados do protótipo, podemos perceber que a marca MUSA obteve sucesso em conversar com o público e que o formato proposto para a revista está de acordo com o que seus leitores gostam. A diagramação e a proposta visual da revista agradou visualmente os os leitores, e podemos afirmar que a proposta do projeto teve sucesso em sua primeira fase.

Veja mais sobre Kumi Yamashita em:

http://www.kumiyamashita.com/ 115


CONCLUSÃO

Atualmente, o mercado editorial vem passando por um momento de queda em suas vendas, e precisa urgentemente se reinventar para que possa sobreviver ao mercado atual. Analisando a evolução das revistas desde o seu primórdio, podemos perceber que ela vem evoluindo e se adaptando às constantes mudanças do design e de seus leitores, para que assim consiga sobreviver no mercado mesmo competindo com tantos outros meios de informação. Além disso, podemos perceber também que o design gráfico tem o poder de gerar a evolução que a revista precisa atualmente, transformando-a para que ela combine mais com o público atual, que está com cada vez menos tempo 116

para suas atividades diárias e menos foco para textos longos. Os leitores e o público interessado por arte também sofreram grandes mudanças nos últimos tempos, e a falta de tempo vem gerando uma necessidade de informações rápidas e meios práticos para se manter atualizado. Além disso, muitos interessados por arte tem grande dificuldade de se atualizar sobre o assunto, por conta da grande quantidade de informação espalhada e pelo fato de que a qualidade daquilo que encontram não combinar com o seu perfil. Por conta disso, uma revista de arte seria uma ótima forma de gerar um meio de atualização mais prático para esse público, desde que ela se rein-


ventasse para atender às necessidades específicas desse perfil. Mesmo com toda a evolução digital, por ser mais tátil, o público de arte ainda se interessa mais pelo meio físico, e a revista impressa seria uma ótima alternativa para tornar mais prática a busca por informações sobre o assunto, e ainda trazer a experiência tátil que eles procuram. Mas ao analisarmos o público, percebemos também que é necessário criar uma revista que vá além de uma mera fonte de informações: é necessário transformá-la em uma fonte de referências e utilidades aos seus leitores, para que ela cumpra uma função em seu dia a dia além do mero entretenimento ou informação. Além disso, para criar uma revista adequada, também é necessário que a ela se transforme visualmente para se tornar mais di-

nâmica e apelativa, além de necessitar de textos mais enxutos e diretos para economizar tempo do leitor. Através da realização desse projeto, pudemos perceber que a revista ainda tem grandes chances de continuar no mercado, desde que ela passe a focar mais em seu usuário e se adapte mais uma vez às mudanças constantes do público. Além disso, compreendemos quais são as necessidades do leitor de arte, para que pudéssemos adequar um projeto para esse público, que precisa de um meio mais centralizado de informações sobre o assunto. Concluímos então que a revista MUSA seria uma ótima alternativa para o público de arte, e talvez até mesmo uma chance para que mais pessoas se interessem pelo assunto e passem a frequentar museus e galerias como forma de entretenimento.

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