Artigo publicado originalmente em http://www.rebelion.org/docs/189129.pdf. Traduzido por emerson (http://www.blogger.com/profile/01469157448453017647), com adendos
Marina Silva, a candidata da Avina à presidência do Brasil
Em caso de vitória de Marina, o GENOCIDA DO AMIANTO Stephan Schmidheiny continuará a tê-la como aliada privilegiada. Pela promoção que Schmidheiny faz de Marina Silva, pelas relações que esta mantém com ele, pelo apoio que ela recebe das organizações empresariais fundadas por Schmidheiny e por suas ideias atuais, pode-se dizer que Marina Silva é a candidata da AVINA. Se desde o começo AVINA tivesse sido denunciada por suas pretensões e sua natureza, talvez ela não tivesse chegado tão longe. Agosto de 2013: Desmontado Stephan Schmidheiny, magnata do amianto e fundador de AVINA, em http://www.rebelion.org/docs/173088.pdf. “Há três anos, escrevíamos um texto intitulado “Desmontando Schmidheiny”, no qual utilizávamos o gerúndio em seu sentido de “ação em processo”, não concluída. Agora podemos dizer com toda certeza que o processo está concluído; que a imagem e a verdade sobre Stephan Schmidheiny, o magnata do amianto e fundador de AVINA, foram definitivamente estabelecidas: e não têm nada a ver com aquela outra imagem que ele se havia financiado com grandes meios para se fazer passar por um filantropo exemplar.” Paco Puche 1˚ de setembro de 2014 No próximo mês de outubro celebram-se eleições presidenciais no Brasil, na qual concorrem 3 candidato(a)s principais: uma pelo Partido dos Trabalhadores, Dilma Rousseff, outra pelo Partido Socialista do Brasil (PSB), Marina Silva e um terceiro, Aécio Neves, pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Como se sabe, a morte daquele que fora inicialmente o candidato do PSB, Eduardo Campos, em 13 de agosto, num acidente aéreo, propulsou Marina Silva, sua vice, a ser candidata à presidência. A partir deste momento, as pesquisas revelaram o crescimento de sua candidatura e calcula-se que ela tenha chances de ganhar no segundo turno. Uma líder carismática controvertida
Trotskista na juventude, sindicalista com Chico Mendes, trinta anos no Partido dos Trabalhadores, dezesseis anos como senadora deste partido e cinco anos como ministra do meio ambiente no governo Lula, cargo do qual saiu em 2008, entre outras coisas, por opor-se à política de concessões a empresas do agronegócio na Amazônia, estes são alguns dos antecedentes da candidata. Em 2010, lança sua candidatura própria por uma pequena agremiação, o Partido Verde, e obtém 20 milhões de votos. Pouco depois, abandona este partido e em 2013 lança outro, que se pretende diferente dos demais, com o nome Rede de Sustentabilidade (Rede) que não consegue se firmar e, finalmente, em 2014, aparece como candidata à vice-presidência com Eduardo Campos, do PSB, para substituí-lo depois de seu trágico acidente, como candidata às presidenciais de outubro próximo. Este perfil faz com que os representantes do grande capital, ainda que prefiram o candidato de centro-direita, do PSDB, se resignem a apoiá-la frente à candidata do PT, Dilma Rousseff, que tentam derrubar. Uma candidata de mãos dadas com o grande capital “progressista”. Em suas propostas de governo no campo econômico, Marina Silva não questiona o neoliberalismo (1). Ainda que afirme dar prioridade às questões de sustentabilidade, Marina Silva conta com o respaldo dos setores do grande capital que buscam modernizar o capitalismo, como é o caso do Conselho de Empresas Brasileiras para o Desenvolvimento Sustentável. Esta organização diz de si mesma (2): “Estabelecida em 1997, BCSD Brazil integra a Rede Global da WBCSD, representando aproximadamente os 50 grandes grupos empresariais cuja renda equivale a 40% do PIB brasileiro e que são criadores de 600 mil empregos diretos e de um número ainda maior de empregos indiretos. A missão do BCSD Brazil é mobilizar, conscientizar e ajudar empresas a integrar princípios e práticas de desenvolvimento sustentável no contexto dos negócios, reconciliando as dimensões econômica, social e ambiental. “ Além disso, tem como principal financiadora sua amiga Neca Setúbal, milionária cuja família controla o maior banco privado do Brasil e se opõe à reestatização parcial da Petrobrás. As ações dessa empresa subiram 6 pontos quando a candidatura de Marina foi confirmada. No acordo com o PSB para ocupar a candidatura à presidência, Beto Albuquerque passou a ser candidato a vice. Este político mantém vínculos estreitos com o agronegócio, sendo o deputado que impulsionou a lei que autorizou o incremento da produção de soja transgênica. Essa aliança não se coaduna com os motivos alegados por Marina para sua demissão do Ministério do Meio Ambiente. O Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD) surgiu em 1991, fundando por Stephan Schmidheiny, um magnata suíço, quando da preparação da Cimeira da Terra da ONU de 1992. Logo depois, Schmidheiny foi nomeado presidente honorário do WBCSD em 2000. Trata-se de uma rede global à qual pertence a seção do Brasil que mencionamos acima e que apoia Marina Silva.
Schmidheiny, uma das pessoas mais ricas do planeta, obteve sua fortuna principalmente da multinacional Eternit, a empresa que junto a outras seis controlou o negócio do amianto no mundo durante todo o século XX. Essa fortuna, conseguida por ele e por sua família à custa de dezenas de milhares de trabalhadores e de seus familiares, serviu-lhe em parte para fundar e financiar AVINA, uma fundação que diz estimular o desenvolvimento sustentável da América Latina. Pesa hoje sobre ele uma condenação a 18 anos de prisão pela morte de 2 000 (duas mil) pessoas trabalhadoras de algumas fábricas que possuía na Itália. A sentença foi ditada por um tribunal de Turim em segunda instância. Seguir-se-ão muitas outras condenações, pois muitos são os danificados pela indústria do amianto, uma das mais criminosas do mundo, e que o magnata suíço tinha por todo o planeta. Colaborar com AVINA é apoiar um genocida (3). Com AVINA, Schmidheiny pretende continuar fazendo negócios com pobres, mas, e sobretudo, encobrir seus crimes com um disfarce verde, desembolsando dólares. Daí que ele coopte e se alie a líderes da sociedade civil para obter legitimidade e prestígio. Em suas páginas oficiais, AVINA apresenta Marina Silva como sua aliada. Por isso a promove e a convida a eventos de prestígio, como faz com todos os seus cooptados. Por exemplo, em dezembro de 2010, ela esteve no III Avina Global Workshop por ocasião da COP 16 (Conferência das partes sobre a Mudança Climática), em Cancun, como se pode ver na captura de tela anexa:
fonte: https://www.youtube.com/watch?v=_ukDX3NmBZI
Em dezembro de 2011, outra vez, ela esteve em um encontro organizado pela Fundação AVINA, em Durban, por ocasião da COP 17, e em suas páginas era apresentada como “ex-candidata presidencial e aliada da Fundação AVINA”.
fonte: http://www.avina.net/esp/2081/latinoamerica-camino-a-rio20/
Em junho de 2012, AVINA, junto a ASHOKA, fundação a que está ligada por laços estratégicos, organizou um encontro paralelo ao Rio+20, na mesma cidade, chamado Foro do Empreendedorismo Social, ao qual Marina foi convidada, como de costume.
Em maio de 2014, já candidata à vice-presidência pelo PSB, a Fundação AVINA organiza para ela um ciclo de conferências pelo continente em cidades como Lima, Quito, Bogotá, La Paz, Buenos Aires e Montevidéu, como podemos ver na seguinte captura de tela:
fonte: http://www.avina.net/esp/10827/marina-silva-dictara-conferencia-sobre-desarrollosostenible-en-chile/
Pela promoção que Schmidheiny faz de Marina Silva, pelas relações que esta mantém com ele, pelo apoio que ela recebe das organizações empresariais fundadas por Schmidheiny e por suas ideias atuais, pode-se dizer que Marina Silva é a candidata da AVINA, não só por ser a preferida do genocida, mas por contar com todo o seu apoio. Em caso de vitória de Marina, Schmidheiny continuará a tê-la como aliada privilegiada. Em suma, usando uma sinédoque, poderíamos dizer que Marina Silva é a candidata do amianto à presidência do Brasil. Schmidheiny apostou no continente sul-americano a partir de 2003, com a fideicomisso Viva Trust, a financiadora de AVINA, investiu pesado em seu desenvolvimento e na cooptação de líderes de movimentos sociais.
fonte: http://www.avina.net/por/sobre-avina/que-hacemos/#1
E parece que está correndo o risco de fazer uma suculenta colheita! Se desde o começo AVINA tivesse sido denunciada por suas pretensões e sua natureza, talvez ela não tivesse chegado tão longe. Em vez disso, os movimentos sociais com líderes cooptados se calaram. Pior ainda, tentaram “matar o mensageiro” em várias situações em que isso foi denunciado internamente. Para aqueles que permanecem com AVINA, é preciso advertir que com o grande capital não se brinca, e que todas as centenas de milhares de vítimas do amianto estão reclamando justiça e reparação. ——————————————1 Ela afirma que “o problema de Brasil não é sua elite, mas a falta dela”. 2 http://www.wbcsd.org/regional-network/members-list/latin-america/cebds.aspx2 3 http://www.rebelion.org/docs/173088.pdf3
ADENDOS:
S
ERÁ QUE A MARINA QUERIA MANTER EM SIGILO OS EVENTOS PELOS
QUAIS RECEBEU PARA 'ESCONDER' QUE A AVINA, DO GENOCIDA DO AMIANTO, ESTÁ NA LISTA PUBLICADA PELO ESTADÃO em http://politica.estadao.com.br/noticias/eleicoes,marina-ganha-r-1-6-mi-ao-falar-abancos-e-empresas-imp-,1552760
VIVA TRUST = AVINA