A construção do saber
Educação Infantil Ensino Fundamental
Escola, um lugar de valor
Berçário - Nova proposta
do Colégio F.A.S.
Berçário Colégio F.A.S. Rua Vital de Negreiros, 25 Bairro Fabrício 3313-9263 Educação Infantil
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Caro (a) leitor(a), O caderno “Educação Infantil” da V edição da Revista “Escola, um lugar de valor” traz muitas novidades. A começar pelo projeto gráfico, que foi totalmente reformulado para proporcionar leveza na diagramação e tornar a leitura ainda mais dinâmica e agradável. Algumas editorias também foram repensadas para atender melhor as expectativas do nosso público. Trouxemos neste novo número o olhar de especialistas de áreas diversas, abordando questões que são fundamentais para o universo educacional. Com a inauguração do Berçário do Colégio F.A.S. nesta edição nossos olhares se voltam à Primeira Infância e para a importância de compreendermos melhor as necessidades dos pequenos, que demandam muito mais do que os cuidados básicos no período em que frequentam suas escolas e, em especial, o berçário. Nas próximas páginas você está convidado para uma viagem repleta de descobertas no mundo mágico das crianças. A todos, boa leitura!!!
Editorial
À direção.
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Escola, um lugar de valor
Educação vem de Berço... Considerado imprescindível braço de apoio para as famílias, os berçários vêm ganhando cada vez maior importância no mundo atual, já que exercem uma função essencial para o desenvolvimento das crianças. É comprovado cientificamente que pequenos cuidados em berçários se mostraram mais preparadas para a vida escolar e, ao verificar sua compreensão de cores, letras, números, tamanhos, comparações e formas o resultado é surpreendente, isso porque na escola há um ambiente propício para o aprendizado, com profissionais treinados para estimular as crianças e desenvolver suas habilidades sociais. Foi com esse pensamento que em, 05 de agosto, o Colégio F.A.S. abriu as portas do seu Berçário na Rua Vital de Negreiros, nº 25, Bairro Fabrício. Construído para atender crianças de seis meses a três anos conta com amplo espaço totalmente adaptado para atender as necessidades dos alunos. São cinco amplas salas, sendo uma delas para oferecer
aconchego na hora do soninho. O Berçário também oferece solário com brinquedos apropriados para a faixa etária dos bebês. No Berçário do Colégio F.A.S. o refeitório é espaçoso, na cozinha o lanche é preparado com todo cuidado e higiene pela cozinheira, e com a orientação de uma nutricionista. O serviço de limpeza é realizado de forma rigorosa, visando o bem estar de todos que ocupam o espaço. Um atendimento de secretaria e profissionais da educação especializados e competentes para tal. Oferecemos trabalho diferenciado, de modo a acompanhar com carinho, desde os primeiros passos da criança, com isso, ele com certeza, crescerá num ambiente muito mais seguro e feliz. Saiba que aprender a escrever e a contar é só uma parte das habilidades que seu filho vai desenvolver na escola. É no dia a dia que a rica convivência com os colegas e os educadores irá colaborar na formação da personalidade dele desde o berçário.
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Escola, um lugar de valor
“A Educação não é a preparação para a vida; é a vida.” Por Francisca Elineide Câmara Alberto A educação é o fator principal de humanização e de solicialização, por isso a necessidade de empregarmos ela como nossa “VIDA”. É no dia-a-dia do contexto familiar, social e educacional que aprendemos com diferentes situações, que nos levam ao desenvolvimento de nossas capacidades e habilidades. Nessa concepção de “vida”, o educador deve ter diariamente atitudes e postura de responsabilidade e compromisso com a educação, refletir sua ética profissional, lembrar que as novas gerações já têm mais facilidade de acesso ao conhecimento, mas ainda está faltando sentido crítico, prática dos valores humanos e solidariedade, elementos essenciais na preparação da vida.
Parece continuar valendo para o século XXI o que Alberto Einstein diagnosticou para o século XX “Nunca na história da humanidade houve um conjunto de meios tão excelentes a serviço de umas finalidades tão confusas.”. Pela tendência atual, os meios e os recursos tecnológicos vão avançar, mas não temos certeza de que vamos melhorar no conhecimento da vida e de suas finalidades éticas, por isso crianças e jovens necessitarão exercitar sua capacidade crítica, sua autonomia e sensatez. Enquanto escola, devemos repensar diariamente como estamos ajudando nossas crianças e adolescentes a “preparar a história de suas vidas”, “que filhos queremos deixar para o mundo” e que “mundo queremos deixar para a humanidade”.
Preparar:
Dispor com antecedência, arranjar, praticar atos necessários para chegar a um resultado, planejar, estudar, por em situação de partir.
Francisca é pedagoga, supervisora, pós-graduada em psicopedagogia e Diretora do Colégio F.A.S.
Vida:
Estado de incessante atividade funcional, existência, tempo decorrido entre o nascimento e a morte, modo de viver, vitalidade. Bibliografia: Dicionário Ruth Rocha, Revista Presença Pedagógica Educação Infantil
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Dar limites é estimular o desenvolvimento da criança, e demonstrar à ela o quanto é amada
Por Liliane Além-Mar Neuropsicologia é a ciência que estuda a relação entre o cérebro e o comportamento humano. Como área específica de estudo, tem um desenvolvimento relativamente recente, embora sua fundamentação histórica e científica seja resultante de várias décadas de conhecimento e investigação. A neuropsicologia infantil, que tem por objetivo identificar precocemente alterações no desenvolvimento cognitivo e comportamental, tornouse um dos componentes essenciais das consultas periódicas de saúde infantil, sendo necessária a utilização de instrumentos adequados e próprios a esta finalidade (testes neuropsicológicos restritos ao uso de psicólogos e escalas para a avaliação do desenvolvimento). A principal procura pela neuropsicologia dá-se pela chamada avaliação neuropsicológica, que é recomendada em qualquer caso onde exista suspeita de uma dificuldade cognitiva ou comportamental de origem neurológica. Ela pode auxiliar no diagnóstico e tratamento de diversas enfermidades neurológicas, problemas de desenvolvimento infantil, comprometimentos psiquiátricos, alterações de conduta, processos patológicos do envelhecimento, dentre outros.
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Ao fornecer subsídios para investigar a compreensão do funcionamento intelectual da criança, a avaliação neuropsicológica, que é realizada por psicólogos especialistas na área, e pode orientar diferentes profissionais, tais como médicos, psicólogos, fonoaudiólogos e psicopedagogos, promovendo uma intervenção terapêutica mais eficiente. A contribuição deste exame na criança estende-se ao processo de ensino-aprendizagem, pois nos permite estabelecer algumas relações entre as funções cerebrais, como a linguagem, atenção, memória, emoções, e aprendizagem simbólica (conceitos, escrita, leitura, etc.). Sendo assim, são objetos de estudo e investigação da avaliação neuropsicológica as demonstrações de dificuldades da criança em acompanhar o ritmo escolar, manter-se atenta, organizar-se, planejar-se, adaptar-se ao meio, comportamentos de inquietação, apatia, entristecimento prolongado, ansiedade prejudicial aos contextos, dentre outros. Neste sentido, a rotina dos consultórios de neuropsicologia tem mostrado algumas realidades preocupantes, que permeiam a vida escolar. As queixas de aprendizagem e comportamento podem, de fato, estar relacionadas a doenças, dificuldades orgânicas ou
determinantes genéticos na criança. No entanto, ao concluir o exame, é percebido que muitas são sintomas de uma vida de baixa estimulação cognitiva e emocional no contexto doméstico e familiar, bem como de turbulências relacionadas a um meio desorganizado e isento de rotina previsível e limites. Muitas crianças chegam aos consultórios após levantamento de diversas hipóteses de patologias e sob administração de famosos medicamentos, que não respondem isoladamente pelos desconfortos demonstrados pela criança em todos os ambientes de seu convívio. Desta forma, condutas familiares, escolares e clínicas tendem a ser mais eficazes quanto mais clareza sobre este todo neuropsicológico da criança os envolvidos tiverem. O ambiente escolar é uma extensão e consequência do lar da criança, local onde os maiores e mais intensos aprendizados se dão. O crescimento deste pequeno ser é mais efetivo e leve, quando ele está inserido em um espaço harmonioso, em que as pessoas têm, por hábito, a organização e uma rotina que o permita sentir-se seguro. Desta forma, sabendo que conhece bem o dia a dia, o que acontecerá, que companhias terá, quais serão suas responsabilidades, direitos e obrigações em cada momento de sua semana, a criança sente-se familiarizada, protegida, e portanto mostra-se suave, equilibrada e preocupada apenas com aquilo que é conferido à sua idade. Sim, tão importante quanto um ambiente caloroso e alegre, livre de conflitos e agressões, repleto de paciência e compreensão, sem estimulação financeira e material excessiva, fazem-se fundamentais as responsabilidades e obrigações para crianças de quaisquer idades. Colocar limites é muito mais difícil para educadores, pais, mães, avôs e avós do que simplesmente fazer de conta que não viram o erro, a birra, a pirraça, o comportamento inadequado, a infração da regra. Frear o impulso de uma criança, é ensinar-lhe aquilo que não nasce com ela, e que não se aprende automaticamente: os caminhos do certo e do errado, do aceito e inadequado, do esperado e surpreendente. É implantar conceitos de educação, cultura e história das pessoas e locais em que está inserida.
Além disso, colocando-se pacientemente ao lado da criança para explicá-la por uma, duas, três ou quantas vezes forem necessárias para a compreensão infantil, é colocar-se ao seu lado, fazer-se igual, ambos seres em evolução pessoal, aprendizes e companheiros de vida. É garantir também seu aprendizado, estimular o desenvolvimento e amadurecimento de seu cérebro, mostrando o quanto ela é importante, alvo de atenção e amor. Apenas aquele que muito ama este pequeno consegue ter habilidade e paciência para dedicação deste tipo. Em uma fase de desenvolvimento de seu corpinho e de sua personalidade, pode aperceber-se como um ser valorizado, perceptível, que não carece de estratégias que exponham e façam sofrer a si e aos outros, para receber carinho e atenção. Assim sendo, sem medo e distância de seu educador, este último compõe-se como grande porto seguro, a quem pode-se recorrer em qualquer momento de necessidade por agora e para o futuro. Desta forma, dar limites à criança é amar de fato. É uma das maiores ferramentas de educação, através da qual pode-se garantir uma vida neurológica e emocional rica de estimulação, permitindo a formação de uma personalidade saudável e resistente às demandas da vida. Predispondo a construção de adequadas segurança pessoal e autoestima, os limites possibilitam, acima de tudo, que as nossas crianças respondam à construção do mundo de crítica, amor e paz em que desejamos viver.
Liliane Além-Mar Mãe da aluna Anali da turma do Maternal III - Mestre em neurologia pelo Hospital das Clínicas da USP de São Paulo Neuropsicóloga clínica na CLINEPS Contato: liliane. psico@usp.br
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Educação Infantil Por Teresa Maria Machado Borges Há pelo menos dois séculos, com a progressiva inserção da mulher no mercado de trabalho, a criação de espaços institucionais para atendimento à criança passou a ser vista como uma necessidade em todo o mundo. Nesse processo, começaram a surgir os mais diferentes modelos de atendimento à infância. No início, apenas instituições voltadas para crianças “órfãs de guerra” ou cujas mães estavam sendo chamadas a trabalhar nas indústrias. Marcadas basicamente pelo modelo assistencialista, o objetivo era atender apenas as necessidades básicas da criança. Mais tarde, na medida em que os estudos e as pesquisas acerca do desenvolvimento infantil começaram a mostrar a importância dos primeiros anos de vida na formação do sistema nervoso, bem como, na construção das habilidades psicomotoras, mentais, afetivas e sociais da criança, outros modelos começaram a surgir. Não de forma homogênea, mas com uma grande diversidade de linhas metodológicas, desenvolvidas a partir do que se pensava que poderia ser importante para o desenvolvimento da criança, naquele momento. Tal diversidade persiste até os dias atuais – razão pela qual, ao se escolher um berçário (ou outra instituição semelhante) cabe aos pais analisar não apenas a qualidade do espaço físico e os recursos materiais existentes, mas, de modo especial, a formação de seus recursos humanos e a qualidade do trabalho educativo por eles desenvolvido. Importante registrar que algumas dessas instituições, ao se convencer sobre o valor do afeto no atendimento à infância, buscam profissionais que “gostem de crianças”, não se atentando, muitas vezes, para a sua capacitação profissional quanto à estimulação do desenvolvimento infantil em suas diferentes dimensões. Estão incluídos nesse grupo aqueles educadores que “ficam o tempo todo com a criança no colo” numa postura de “babá”, sem grandes preocupações com a construção gradativa da autonomia, da participação prazerosa em jogos e brincadeiras e em estimular a comunicação da criança nas variadas formas de expressão. Em oposição a esse modelo, outras instituições buscam focar o seu trabalho na estimulação do desenvolvimento infantil, mas com “excesso de atividades e tarefas”, cujo objetivo nem sempre é o de nutrir, de forma prazerosa e significativa, o que está em desenvolvimento naquele momento. Buscam ensinar, muitas vezes de forma precoce e antecipada, conteúdos de estágios escolares mais adiantados. Nessas situações, o profissional parece muito mais um “técnico em ensino” que um verdadeiro educador.
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“CUIDAR EDUCANDO” E “EDUCAR CUIDANDO” NO ESPAÇO INSTITUCIONAL DO BERÇÁRIO
Uma concepção de berçário com função educativa Tais reflexões nos levam a perguntar:
Qual seria, então, o verdadeiro perfil da instituição que atende crianças nos 2 primeiros anos de vida? Acreditamos que a resposta a essa questão aparece no próprio título deste artigo: CUIDAR EDUCANDO e EDUCAR CUIDANDO e, nesse processo, encontrarmos um ponto de equilíbrio entre ser apenas “babá” ou apenas um “técnico em estimulação”. Podemos afirmar, assim, que essa nova concepção de Berçário está assentada nesses dois pilares:CUIDADOS ESSENCIAIS e ATIVIDADES EDUCATIVAS, que devem se apresentar não como momentos distintos do cotidiano institucional, mas profundamente integrados, como por exemplo: - No cuidado com a alimentação da criança, dentro dos preceitos nutricionais e de boas práticas, é perfeitamente possível articular ações educativas para o “ato social da alimentação” e a aprendizagem gradativa de “não desperdiçar o alimento e nem jogar no chão; respeitar o alimento do colega sem tomá-lo para si; entender a importância e o prazer desse momento compartilhado com os pares, que irá acompanhálos por toda a vida”, num processo paciente e “sem pressa”, como é a construção de hábitos nos “pequenos”. Também é possível aprimorar a percepção olfativa e gustativa observando o “cheirinho gostoso de uma fruta” ou a delícia de um determinado alimento, abrindo portas para a curiosidade e as experiências da inteligência; - associada ao cuidado corporal, como no ato de lavar as mãos, a ação educativa se faz presente na consciência progressiva do cuidado com o próprio corpo, sem associar necessariamente sujeira com “coisa ruim”. Isso significa que tanto é prazeroso tocar os alimentos e sentir a sua textura, pintar com as mãos ou os pés, observando o resultado das primeiras obras de arte em papel, quanto lavar cuidadosamente as partes que sujaram para que fiquem “limpas e cheirosas”! Faz parte também dessa prática educativa o cuidado com o corpo do outro e com o ambiente, quando se estimula a “não molhar o colega ou o chão”, bem como, a “não desperdiçar a água, deixando a torneira bem fechada”.
Tais exemplos buscam deixar claro que a Educação implica sempre o ato de “agregar valores” – o que é possível fazer em todos os momentos de cuidados oferecidos à criança no espaço institucional ou familiar. O Berçário tem ainda por objetivo essencial criar condições favoráveis para a construção da AUTONOMIA e da IDENTIDADE da criança. Nessa primeira e marcante experiência de separação momentânea do convívio familiar (casa dos pais, dos avôs, dos tios...) começa a acontecer o verdadeiro processo de “aprendizado da independência”, cujo grau de dificuldade dependerá do temperamento da criança e dos estímulos recebidos no próprio ambiente familiar. Diretamente ligado ao processo de autonomia está o da construção da identidade – ou seja, do “quem sou eu”. Nesse sentido, pais e professores precisam ter claro que quanto mais se dá a construção da identidade da criança, mais autônomo e confiante poderá ficar esse sujeito. No espaço do Berçário, isso acontece sempre que se permite que, mesmo com a ajuda e a supervisão do adulto, a criança experimente “dar conta” de guardar o seu material, acabar de calçar os sapatos, demonstrar suas necessidades de ir ao banheiro, beber água, dormir..., além de ser estimulada a demonstrar suas preferências nos jogos e brincadeiras, nas músicas ouvidas e cantadas, etc, sendo sempre reforçada pelos educadores por esses atos que demonstram “estar crescendo”! Ao ouvir o seu nome próprio usado com frequência pelos educadores e colegas; ao participar das brincadeiras coletivas, ao experimentar se comunicar pelo uso da linguagem oral, ao se habituar no uso dos gestos sociais de cumprimentar, agradecer, acolher o colega, etc, a criança vai se percebendo como “alguém importante no coletivo”, “se identificando consigo mesma” – condição básica e de fundamental importância na formação do pensamento, da criatividade e da coragem para enfrentar os desafios da vida - que serão muitos, sem sombra de dúvida.
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O papel da família
Para os pais, é preciso lembrar que a saída do filho para o primeiro espaço institucional – nesse caso, para o Berçário – costuma ser mais difícil para eles que para a própria criança. Pensar que o filho nem sempre terá o atendimento exclusivo e individualizado, exatamente como no espaço familiar, pode ser, compreensivelmente, uma forma de sofrimento. Tentar se adaptar tão depressa quanto a criança pode trazer ganhos consideráveis para todos – pais, criança e a própria instituição. Esse processo adaptativo vai se tornando visível na medida em que aquele semblante preocupado “ao deixar e ao buscar” o filho no Berçário passa a ser naturalmente substituído por uma “expressão feliz e confiante” nos adultos que o acolhem. Aparece, também, na ampliação do diálogo com os educadores, buscando compreender sua metodologia de trabalho, a fim de que essas ações educativas tenham continuidade no espaço familiar, numa parceria capaz de trazer muitos benefícios, dentre eles, o da relação positiva com o “espaço escolar”, em outras palavras, com o “aprender a gostar de escola”. Coerentemente com essas reflexões, a autora deste artigo aparece na foto colaborando com os pais para criar, na sua netinha, o clima de motivação para o 1º dia no Berçário, a fim de que o natural e compreensível “chororô” na chegada dos “pequenos” nem exista ou se transforme rapidamente em momentos alegres e divertidos!
Teresa Maria Machado Borges é pedagoga, mestre em Educação, especialista em Psicologia da Educação, professora universitária e palestrante em cursos de formação de educadores. Autora dos livros “A Criança em Idade Pré-Escolar”; “Ensinando a Ler sem Silabar” e “Alfabetização Matemática – do diagnóstico à intervenção”. Teresa Maria é avó de Giovanna Duarte Machado Borges, aluna do Berçário no Colégio F.A.S. www.teresaborges.net - teresa@mednet.com.br
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A Literatura como Fonte de Conhecimento Por Fani Tabak O processo de transformação de um indivíduo em leitor permite, dentro de um regime democrático, que o mesmo passe a exercer uma atuação social e política, imprescindível para o exercício da cidadania. A aquisição da leitura é uma necessidade dentro de uma sociedade pautada na cultura letrada. Transitar pelo mundo da literatura e dos leitores, no entanto, não é uma tarefa tão fácil, pois constitui um diálogo com os textos históricos que determinaram ou determinam esses processos. Houve momentos em que a leitura era rigorosamente controlada por meio dos sensores, que estabeleciam um padrão oficial de leitura em oposição aos leitores comuns. A atividade dos sensores ia muito além dos textos, pois estabelecia claramente um controle sobre tudo o que deveria ser lido ou não pela sociedade. Esse controle era responsável por manter uma “ordem” natural dos cidadãos frente às ideias que circulavam, estabelecendo os limites da representação dentro do processo social vigente. No século XVII, por exemplo, os contos de fada exerceram um fascínio sobre camadas de leitores, transportando-os aos reinos “tão, tão distantes”. Os contos de Charles Perralt segundo o próprio autor declaram: encerram uma moral muito sensata e que se desvela mais ou menos segundo o grau de apreensão daqueles que as leem; além disso, como não há nada que indique tanto a vasta extensão de um espírito quando pode elevar-se até os menores, não haverá espanto se a própria princesa, a quem a natureza e a educação tornaram familiar o que há de mais elevado, não desdenhar comprazerse com bagatelas desse tipo. (PERRAULT, 2005, P.222). Nota-se logo que Perralt defende a leitura dos contos como forma de educação social, remodelação de condutas e moralização para que se atinja uma vida virtuosa. Obviamente, hoje nos perguntamos, enquanto lemos os contos de Perralt ou produzindo sem saber, se é a educação que estamos tentando difundir com esses modelos. Na era de
Shrek, a própria noção de fantasia, do mundo maravilhoso, mas sempre implicada por uma tentativa de transformar o indivíduo em leitor. Nesse sentido, acredito que a literatura seja uma rica fonte de conhecimento, pois ela é uma atualização ou re-apropriação de qualquer obra dentro do presente do leitor. A leitura literária começa na primeira infância, naqueles raros momentos em que nos deparamos com um olhar atento e maravilhado, para todas aquelas coisas que contamos, sem esperar que sejam totalmente “compreendidas”. Ela possibilita a aquisição de múltiplas e variadas experiências, antes mesmo de nos tornarmos leitores. Ela provoca o desejo de conhecermos mundos e realidades frente às quais jamais estaríamos expostos uma vida inteira. Consequentemente, a literatura resiste a se tornar apenas mais uma mercadoria de consumo rápido ou atender às demandas de mercado. A objetividade operante de um mundo cada vez mais veloz está na contramão da literatura, pois ela é apenas um modo diferenciado de experimentar a realidade, as nossas relações e a nossa existência. Bibliografia: PERRALT, Charles. Contos de Perrault. São Paulo: Paulus, 2005.
Fani Tabak é mãe da Sara Tabak Garrid - 02 ANOS- (aluna do Berçário no Colégio F.A.S.) Fani é professora adjunto de Literatura na Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) e doutora em Literatura Comparada. Educação Infantil
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A brincadeira no contexto do desenvolvimento e da aprendizagem infantil
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Por Marinalva Vieira Barbosa
Na contemporaneidade, com a prevalência da concepção de que tempo é dinheiro, há uma forte tendência a se atribuir ao ato de brincar o mesmo significado de lazer, de uso do tempo sem maiores preocupações. Por essa perspectiva, a criança brinca porque ainda não aprendeu a fazer uso do tempo de forma produtiva. Consequentemente, a sociedade atual tem perdido de vista a importância da brincadeira para o desenvolvimento e para a aprendizagem da criança. A aprendizagem pode ser definida como a internalização de signos num contexto regrado; já o brincar é a apropriação ativa da realidade por meio do faz de conta, do lúdico. Brincar e aprender são processos diferentes, mas que coabitam os mesmos espaços durante a infância. Como o brincar remete a ações divertidas e, principalmente, de faz de conta, ao brincar, a criança mobiliza uma linguagem carregada de gestos repletos de sentidos e a brincadeira passa a ser meio de aprendizagem. As atividades que permitem a criança se envolver em brincadeiras têm importante função pedagógica. No seio das famílias, as brincadeiras dos adultos com as crianças possibilitam aprendizagens de valores, crenças e concepções vigentes nos espaços sociais mais amplos. Brincando com os pais e avós, por exemplo, a criança aprende a tomar decisões, a conviver com diferentes emoções e a perceber a existência do outro.
Como na escola a criança interpreta as situações de aprendizagens a partir da sua bagagem de vivencias, é fundamental que a brincadeira seja um meio de contextualizar os processos de aprendizagem. Dito de outro modo, na infância, a vida escolar, o ato de aprender precisa ser permeado pelo ato de brincar. Isso permite recolocar a brincadeira na vida da criança contemporânea e, para as que brincam na vida em família, permite estabelecer relações de continuidade entre a vida exterior e a vida interna à escola. Nas situações de ensino, se a leitura e as brincadeiras estão presentes numa mesma atividade, o professor insere a criança numa situação em que a alegria, a descontração e a aprendizagem são inseparáveis. O conto, a cantoria, a parlenda, por exemplo, se transformam em importantes elementos da arte de formar leitores, pois permitem que a criança entre em contato com a sabedoria humana constituída ao longo dos tempos. Nesse contato, encontra os parâmetros para se desenvolver, aprender a partir da herança cultural que lhe é transmitida. Em suma, é preciso que a criança brinque para vivenciar a escola com prazer e, consequentemente, aprenda a aprender de forma criativa. Nesse sentido, incentivar o brincar na escola é uma aposta do professor numa aprendizagem integradora, que leva a criança a se reconhecer como tal nos processos de ensino.
Marinalva é professora de Leitura e Escrita na Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) e Doutora em Linguística e Pós Doutora em Psicologia da Aprendizagem. A autora deste texto é mãe da Maria Teresa Vieira Diniz-aluna do Berçário no Colégio F.A.S.
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O mundo mágico da leitura Por Léia Dias Rosa Carvalho A Educação começa com a capacidade e o interesse das crianças de aprender, descobrir e aplicar seus conhecimentos. A partir das trocas estabelecidas com o meio, das interações com outras pessoas, adultos e crianças. “Tudo” em seu cotidiano é fonte de curiosidade e exploração. Agem ativamente em seu entorno, selecionando informações, analisando-as, relacionando-as e dando-lhes diferentes sentidos. Dessa forma entendem e transformam a realidade, aprendem a respeito de si, das pessoas e do mundo, dele se apropriam e transformam. Assim, crescem e constituem sua identidade pessoal, assim se educam.
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O professor é o mediador no processo de exploração do ambiente em volta dos alunos, ele possibilita com que ampliem oportunidades, oferecendo apoio nas tarefas e comemorando as conquistas, mesmo que pareçam pequenas. Não se esquecendo de compreender o modo como as crianças vêem e percebem os acontecimentos. No Maternal III do Colégio F.A.S. projeto relacionado ao universo literário teve como base a obra da autora Ingrid Biesmayer – “O que começa com...” Outras obras literárias, clássicos infantis e contos de fadas também enriquecem as atividades desenvolvidas em sala de aula e em conjunto com os pais. Tudo para que o conhecimento das crianças evoluísse no sentido de uma compreensão cada vez mais ampla da realidade.
Com o resultado positivo dessas atividades foi proposto aos alunos à confecção de um livro junto aos seus familiares. A finalidade foi fazer com que relatassem a sua história...e nessas histórias castelos, reis e rainhas seriam pessoas comuns, mas com o mesmo encantamento das obras tradicionais. O resultado não poderia ser melhor. As crianças superaram as expectativas, criaram apreço pela leitura, não só de imagens, mas também de um mundo letrado, mesmo não sabendo ler e nem grafar convencionalmente as palavras, compreendem que elas revelam o conhecimento de todos os mundos, imaginário e real, e através delas que chegaremos sempre à educação.
Léia é formada em Magistério e Graduada em Pedagogia. Atua como professora do Maternal III no Colégio F.A.S.
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A dança na Escola.
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Psicomotricidade? Dança? Ballet Clássico? Street Jazz? Pra que isso tudo?
Por Vanessa Cristina Alves
São tantas atividades oferecidas na escola que às vezes os pais questionam a importância delas para a vida de seus filhos. Por isso, precisamos conversar mais sobre o assunto para explicarmos a necessidade de desenvolver estas atividades com as crianças e adolescentes dentro da escola. Danço há muito anos, e dançar antigamente era algo supérfluo e muitas vezes descriminado por não ser compreendida como uma atividade pedagógica e educacional. Mas ai vocês me perguntam, mas para que tanta brincadeira se o assunto é dança? Vou começar explicando o que é psicomotricidade. O nome já diz, é estudo do movimento humano em relação ao seu mundo interno e externo ao longo da vida. Para a psicomotricidade desde o nascimento a criança já está desenvolvendo movimentos que irão contribuir para sua linguagem corporal. Fonseca, (1998) dizia que ser humano comunica-se através da fala, mas também através de gestos, olhares, movimentos e emoções. A criança se faz entender por gestos nos primeiros dias de vida e, até o início da fala, o movimento constitui a expressão global de suas necessidades. E essas “mensagens corporais” acompanham o ser humano por toda a sua vida. Como educadores, precisamos pensar no desenvolvimento da criança de forma integrada, ou seja, buscar atender aos aspectos físicos, afetivos, sociais e cognitivos, para entender a necessidade desde cedo de utilizar amplamente os movimentos. O movimento consciente pode ser realizado através da prática de atividades psicomotoras, como forma de auxiliar a criança na comunicação com o mundo através da ação, por meio do movimento e da expressão corporal, favorecendo o desenvolvimento integral e as aprendizagens. “A educação psicomotora deve ser considerada como uma educação de base na escola primária. Ela condicio-
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A dança como parte da educação e auxiliar para a promoção de Saúde na Escola
na todos os aprendizados pré-escolares; leva a criança a tomar consciência do seu corpo, da lateralidade, a situar no espaço, a dominar seu tempo, a adquirir habilmente a coordenação de seus gestos e movimentos. A educação psicomotora deve ser praticada desde a mais tenra idade; conduzida com perseverança, permite prevenir inadaptações difíceis de corrigir quando já estruturadas.(LE BOULCH, 1984, p. 36 apud Santos, E. L. S; Cavalari,N, 2010) E por que unir tudo Independente se é ballet clássico, street isso com a dança? jazz ou outro estilo de dança e dos benefícios proporcionados pela atividade física, dançar tornou-se uma forma de ação pedagógica, no sentido de estimular a concentração e sociabilidade, no resgate de valores culturais, no aprimoramento do senso critico e como forma educacional junto com outras disciplinas. Dançando a criança e o adolescente descobre de forma lúdica, criativa e prazerosa que seu corpo é um meio de comunicação com o mundo, este processo se dá por vivências corporais facilitando a descoberta dos limites e suas potencialidades. E não teria melhor lugar para educarmos nosso corpo e aprender as variadas formas de comunicação corporal que na escola, associando e unindo este aprendizado sobre psicomotricidade com a modalidade oferecida, precisamos buscar sempre o que a dança oferece por trás de sua ludicidade. Por trás de um simples passo o professor pode inserir vários objetivos nas aulas e isso irá modificar o antigo pensamento sobre a dança que era apenas “BRINCAR”. Dentro das aulas junto com os exercícios psicomotores desenvolvo alguns aspectos como:
Aprendizagem Compromisso Responsabilidade Senso crítico Envolvimento Comunicação Respeito Autonomia Cooperação Livre expressão Socialização Criatividade Interesse Cidadania
“A dança utilizada como instrumento pedagógico pode contribuir no desenvolvimento emocional e na estruturação da identidade, promovendo a formação do individuo com maneiras próprias de ser, sentir e agir. Este é um requisito básico para a construção da autonomia e da liberdade, condições que fundamentam a proposta de promoção de saúde.” (Vilella WV et al, 2010) Sim, a dança irá auxiliar na promoção da saúde através dos vários benefícios que Então a dança também já conhecemos, mas também como bemajuda a promover estar social, físico e emocional e como um saúde na escola mecanismo divulgador da saúde na escola. “A Organização Mundial de Saúde (1986) define promoção de saúde como o processo de capacitação da população para exercer o controle da sua saúde tanto individual e quanto coletiva envolvendo medidas de ordem familiar e ambiental” (Buss, 2003). “Por isso conferimos especial importância às escolas, como um espaço privilegiado para o desenvolvimento de habilidades individuais e coletivas relativas à autonomia, participação e promoção de estilos de vida saudáveis”. (Vilella WV et al.) Por isso a dança através de seus meios educacionais irá promover a conscientização dos alunos, pais e professores para sua importância como um meio de saúde den“... Mas Tia dá tro e fora da escola, pois é a partir da brincadeira”? expressão corporal que começamos a moldar um ser humano que é capaz de utilizar seu corpo para um bem- estar geral e respeitar o ambiente em que ele vive. Ao lembrar-se desta palavra mágica “Brincar” que eles tanto adoram, consigo explicar porque nós todos necessitamos destas “brincadeiras” no nosso cotidiano, cada um de acordo com sua idade e sua necessidade. Brincar é saú-
de e isso com um objetivo de aprendizado, desenvolvem a criança e o adolescente para as questões corporais. A dança, independente da modalidade, do estilo e da cultura inserida irá incentivar o ser humano a brincar com seu corpo, a conhecer seu ambiente e perceber que ela faz parte dele. Dançar antigamente era sinônimo de algo sem compromisso ou algo que exigia disciplina extrema. Por muitos anos, presenciei está disciplina um pouco mais rígida, confesso que meu professor de dança era exigente, mas não ao extremo como existia. Talvez seja por isso que ao me deparar com professores mais exigentes, eu me retraía e ficava mais tímida. Por isso durante o planejamento das aulas de dança (ballet, clássico, dança mista e o street jazz), procuro passar o conteúdo que foi planejado, mas principalmente observo os alunos, pois eles são meus condutores, claro que sempre peço disciplina, mas principalmente busco o sorriso, a alegria, a vontade deles de voltar para as aulas e o entusiasmo ao chegarem à sala. A dança principalmente na escola tem que ser prazerosa e por meio de “brincadeiras” com objetivos inseridos, acontecem atividades simples e aparentemente desnecessárias, mas que buscam tornar o aluno descobridor de seus limites e potencializador de seus talentos e dons. [...] Pelo brincar as crianças crescem. Elas estimulam os sentidos, aprendem a usar os músculos, coordenam o que veem com o que fazem, e adquirem domínios sobre seus corpos. Elas exploram o mundo e a si mesmas. Aprendem novas habilidades, tornam-se mais proficientes na língua, experimentam diferentes papéis e ao reencenarem situações da vida real – manejam emoções complexas. (Papalia & Olds 2000, p.2 apud Santos, T.J et.al)
Vanessa é Fisioterapeuta e Professora de Ballet clássico, dança, street Jazz e psicomotricidade e ritmos no Colégio
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CENTENÁRIO DE
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No ano em que comemoramos os 100 anos do compositor, poeta e dramaturgo Vinícius de Moraes, os alunos do 1º período do Colégio F.A.S. participaram do projeto “Poesia todo dia com muita alegria...”- que tem como finalidade incentivar o interesse das crianças pelas trovas e versos. O trabalho com poesia, em particular nos anos iniciais da Educação Infantil, é raro. Em parte porque muitos acreditam que este é um recurso sofisticado para ser desenvolvido com alunos desta faixa etária. No entanto, é importante ressaltar que a infância é o melhor momento para a formação do leitor, e o texto poético é o único gênero capaz de despertar leitores em qualquer fase de leitura. A poesia provoca o inusitado, o inesperado, a expansão do sentido do que pensamos e do que queremos dizer. Há coisas que só são traduzíveis por meio da poesia. Uma das metas do projeto “Poesia todo dia com muita alegria...” foi colocar a criança em contato direto com o mundo mágico da leitura oportunizando não apenas a obtenção de informações necessárias, mas proporcionar o prazer da descoberta através dos diversos tipos de textos e eixos temáticos. No decorrer deste processo os alunos tiveram a chance de ter uma convivência diária com os versos. Leram e ouviram poesias, desenvolvendo inúmeras atividades relacionadas ao universo poético e às infinitas possibilidades da palavra. Todo esse processo contou com uma participação muito especial: o boneco Vinicius- que representou o dramaturgo, jornalista, poeta e compositor brasileiro- Vinícius de Moraes. Outra proposta do “Poesia todo dia com muita alegria...” foi fazer com que cada uma das crianças levasse o boneco para casa nos finais de semana. E acompanhado da família o aluno deveria descrever essa vivência através de relatos e fotos.
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Confira projeto completo no site: www.colegiofas.com.br
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Acolhida e Adaptação Por Gislaine Ribeiro Paula Valdisser de Faria Segundo Diesel 2003, falamos em adaptação sempre que enfrentamos uma situação nova. Esse processo inicia com o nascimento, nos acompanha no decorrer de toda a vida e ressurge a cada nova situação que vivenciamos. Sair de um espaço conhecido e seguro, dar um passo à frente e arriscar-se, tendo como companhia o desconhecido para o qual precisamos olhar, perceber, sentir, avaliar, nos leva às mais diferentes reações: permanecer no espaço seguro e protegido, seguir adiante ou desistir e voltar atrás. Ao ingressarem no berçário, algumas crianças apresentam reações diversas como: choros, birras, quietude excessiva, etc. Algumas famílias sentem-se inseguras quanto ao acolhimento que será dado aos seus filhos por parte dos profissionais que atuam no espaço escolar, ficam angustiadas e inseguras por deixarem seus filhos com pessoas que não fazem parte de seu convívio. Cabe à instituição, compreender estes sentimentos e ter alguns cuidados para que todos (alunos e famílias) sintam-se acolhidos em suas angústias e necessidades; com paciência, fazer intervenções para que as crianças criem vínculos de segurança e afeto, estabelecendo ao mesmo tempo, uma relação de confiança com as famílias. As famílias que contribuem para o processo de adaptação, garantem a diminuição do medo e da ansiedade (de adultos e crianças), valida para a criança a figura do professor como referência, e a escola como um lugar seguro. Gislaine é professora e coordenadora no berçário do Colégio F.A.S.
Algumas “dicas” que podem ajudar a família nesse processo: * A segurança da família é decisiva para um bom andamento da adaptação; * Estejam certos de que é este o momento de colocar seu filho na Escola e de que fizeram a escolha certa; * A vinda da criança para a Escola deve ser preparada; entretanto evite longas explicações, pois isso pode despertar suspeitas e insegurança; * O choro na hora da separação é comum, porém, nem sempre significa que a criança não queira ficar na Escola; * Evite comentários sobre adaptação e comportamentos da criança, na presença da mesma; * Sejam breves na despedida; * É necessário extremo cuidado com os horários. Um pequeno atraso na hora de vir buscar uma criança em fase de adaptação pode deixá-la insegura; * Incentive o (a) seu (sua) filho (a) a procurar ajuda de sua professora quando necessitar algo, para que crie um vínculo afetivo com ela; * Se os pais confiam na Escola, sentirão segurança na separação e esse sentimento será transmitido à criança, que suportará melhor a nova situação; * Evite interrogatórios sobre como foi o dia, no ambiente escolar; * Cada criança reage a seu modo e tem seu “tempo” de adaptação. Não se preocupe se o colega de seu filho já está adaptado e o seu ainda solicita sua presença; é preciso respeitar esse momento. Você pode (e deve!) participar desse dia-a-dia, conversando com a professora. Educação Infantil
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O Bom é Interagir A IMPORTÂNCI DA SOCIALIZAÇÃO DA CRIANÇA NA ESCOLA Por Maria Lopes Souza Neta O desenvolvimento social do ser humano se dá desde o nascimento, quando a criança vem ao mundo e logo necessita dos cuidados de sua mãe e seus familiares, o que dá início ao processo de socialização. Os primeiros contatos com outras crianças da mesma faixa-etária, na maioria das vezes, acontece na educação infantil. No primeiro contato com o ambiente escolar a criança se depara com um mundo totalmente novo. O papel do professor é fazer as intervenções necessárias, dando apoio quando surgirem os desafios, para que os enfrente. A escola precisa ser um lugar agradável e acolhedor para a criança enquanto está longe de seus pais; ela tem o papel fundamental na socialização e na construção da identidade de cada um. Deve propiciar situações de cuidado, brincadeiras e aprendizagens orientadas, de forma integrada ,que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com o outro, em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança. Criança precisa de outras crianças para que, juntas, possam aprender a trocar, a dividir, a esperar a sua vez. Portanto, procuramos trabalhar com as crianças promovendo atividades que desenvolvam, não só habilidades cognitivas e motoras, mas empenhamos em oferecer espaços e oportunidades de interação para que a criança descubra o que é ser solidária, deixe de ser egocêntrica e aprenda a partilhar ideias, espaços e brinquedos.
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Face a Face As brincadeiras coletivas, segundo Gabriel Chalita, professor e escritor, membro da Academia Paulista de Letras, são formas de socialização significativas para o desenvolvimento de relações humanas. Ele diz ainda que o desenvolvimento sócio afetivo, trabalhado em grupo, dentro do espaço escolar é muito importante tendo em vista os dias atuais, em que a modernidade e a tecnologia vêm ocupando cada vez mais espaço na vida das pessoas, a convivência em grupo seja valorizada. “Um risco sério que os jogos eletrônicos trazem, incluindo o uso exagerado de sites de relacionamentos, é o fato de a relação online tentar substituir a interação real. As pessoas precisam do olhar, do toque, da voz, de encontros e encantos.” Referências: Unopar, Educação Infantil: Organização e Didática. Raiza, Cassiana Magalhães. São Paulo: Plearson Printice Hall, 2009. Atividades educacionais- Ano 2, nº 3- 2011. Atividades Escolares- Especial- Ano 2. Nº 2 - 2009.
Neta é professora do Maternal Baby no Colégio F.A.S.
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CAPOEIRA – CULTURA E EDUCAÇÃO REVIVENDO AS TRADIÇÕES: “NOSSA RAIZ”
Por Núbia Nogueira - Professora de Capoeira A cultura é inerente ao homem. Constitui-se elemento fundamental na dinâmica da vida humana. Faz parte da história de cada pessoa, de cada país e de cada povo. É processo permanente, inegável em todas as classes sociais, portanto impossível de ser ignorada. Cultura e educação caminham juntas, pois: “educar-se é aprender a fazer história, fazendo cultura” (MOREIRA, 2006, p.140)¹. O ser humano manifesta sua existência culturalmente. A cultura de cada grupo caracteriza sua vivência, demonstra sua distinção, sua forma específica de ser-no-mundo, sua identificação. Cada grupo constrói-se historicamente expressando sua existência cultural pela linguagem, estabelecendo assim, a dialética fenomenal homem-mundo para significar-se existencialmente. É aprendendo cultura que o homem é capaz de interpretar e significar sua existência (REZENDE, 1990)². É natural do ser humano buscar suas origens para poder significar sua existência e definir sua identidade. É na gênese, na raiz que descobrimos o sentido do que somos e seremos. Assim constituímos nossa história no mundo. No mundo da capoeira também não é diferente. Apenas árvores com raízes fortes e profundas são capazes de florescer e gerar frutos. É por isso que esse ano o tema do nosso evento foi: REVIVENDO AS TRADIÇÕES: “NOSSA RAIZ”. O espetáculo de abertura do evento foi uma peça teatral encenada pelos alunos contando toda a trajetória da nossa raiz na Capoeira desde o precursor, Mestre Corisco, até nosso Mestre, o Café. O restante da cerimônia também foi ritual-
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mente tradicional, com a formação em filas para o Hino Nacional Brasileiro; Música específica do grupo para formação da roda; Roda de mestres tradicional iniciando com o toque de angola e ladainha; Batismo e troca de cordéis ao ritmo de São Bento Grande e roda de convidados finalizando a festa. Os alunos vivenciaram o que há de mais tradicional na Capoeira. Puderam compreender suas raízes e tiveram a chance de “beber na fonte”, pois o protagonista do espetáculo, Mestre Corisco, estava presente. Muito emotivo não pode conter as lágrimas ao ser homenageado, deixando aqui sua mensagem antes de retornar aos Estados Unidos: “Filhos, nunca deixem de valorizar a Capoeira e lembrem-se: lutem para treinar e não treinem para lutar. Joguem com o companheiro e não contra ele. Esse é o fundamento da nossa Capoeira!!!!”
Revivendo as tradições: “Nossa Raiz”. A história de nossa raiz se inicia com um menino: José Lailto dos Santos, hoje Grande Mestre Corisco! Bem, com a escassez da mão obra em Sergipe, seu pai traz da Bahia uma família cujo chefe trabalharia com ele. Nessa família havia dois meninos que ficavam o tempo todo praticando certo exercício estranho. O menino José Lailto olhava aquilo e comentava com a sua mãe: - Nossa mãe, como aqueles meninos brigam o tempo todo. A mãe respondia: - Filho eles não estão brigando, aquilo é Capoeira, a luta criada pelos negros na época da escravidão. O menino então respondeu: - A se é isso então vou até lá aprender com eles. E assim fez, se aproximou dos meninos e a sua maneira aprendeu a capoeira. Treinavam todos os dias até que por um desastre o operário resolve partir e leva os meninos consigo. José Lailto não se conforma, havia sido tocado pela Magia da Capoeira e não consegue mais ficar sem ela, é quando resolve sair em busca da arte, vai até sua mãe e diz: - Mãe, vou para São Paulo, pra casa da minha irmã procurar a Capoeira. A mãe respondeu, retirando suas economias e entregando ao filho: - O meu filho, se é isso que deseja vá atrás do seu sonho. E assim o menino parte para São Paulo em busca da Capoeira. Lá chegando encontra algumas academias, mas não se identifica com o que é ensinado, não era aquela Capoeira livre e solta que jogava com os dois meninos. Segue então para Santos onde encontra Edileusa Barbosa dos Santos e começa a constituição de uma família. A companheira tem um irmão: Luis Santos Barbosa, ao conhecê-lo, José Lailto o convida para aprender a capoeira e todos os dias os dois treinavam, mesmo quando o menino não estava com muita vontade, José insistia. O menino apresenta
uma desenvoltura fora do comum, em pouco tempo se torna um fenômeno na Capoeira, anos mais tarde esse menino ficará conhecido como Mestre Bandeira. José continua saindo a procura de um grupo de Capoeira para se vincular. É quando encontra, em Santo André, o mestre Zé de Andrade, formado de Mestre Pinatti. Ao chegar em sua academia um de seus alunos conhecido como Mestrinho diz: - Tá chegando o Corisco aí. Desde então José Lailto passa a ser conhecido como Corisco e muitas foram as vezes em que ministrou as aulas para Zé de Andrade. Entre seus irmãos de roda podemos lembrar de Zé de Freitas e Valdemar. Em Santos, além de Bandeira, apareceram outros interessados em treinar: Chiquinho, Tilão, Zuzu, Dede e Índia a primeira mulher. Corisco continuou dando aula no Quintal, no Parquinho, no Salão da Praça das Andradas, na Casa da Cultura, na Praia de Tararé e no Teatro Municipal, realizando também, muitos espetáculos com a incorporação de peças como a Puxada de Rede, o Maculelê e o Samba Duro. A cada dia o grupo crescia. Anos mais tarde entram os irmãos Borges, o galho mais próximo da nossa raiz. O primeiro deles é Carnerinho, seguido por Camarão e com ele começam a treinar Vânia e o caçula Asa Branca, que formou nosso Mestre Café. Como dito no início nossa história se inicia com Mestre Corisco, o homem dono de um estilo próprio, ele criou a ASCAB e expandiu pelo Brasil e pelo mundo, ramificando em diversos outros grupos Ilha de Itapanhaú, Caravela Negra, Praia de Paranapuã, Lagoa da Saudade, Águia Branca, Capoeira Morro Verde, dentre outros..
Essa é nossa Raiz e temos que nos orgulhar muito dela porque se a Capoeira surgiu como uma necessidade no tempo da escravidão, com nosso grupo ela ressurge do amor e da admiração que um ser adquire após um pequeno contato. E como ela é livre e leve como o vento que se torna tempestade dependendo do momento, somos o que somos hoje: CAPOEIRAS DE ESTILO PRÓPRIO, como foi nos passado de geração por geração pelo grande Mestre Corisco!!!!
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Fôrma- modelo ou molde de qualquer coisa.
QUEM ? QUAL? QUANDO? ONDE? FORMA - Modo sob o qual uma coisa existe ou se manifesta;configuração, feição exterior...
Por Simonia C. T. Manzan É Inevitável a gama de indagações que surgem ao pensarmos na palavra “formação”, principalmente se ela está vinculada à educação acadêmica. Forma, fôrma, formar, formação...A relação entre o significado de tais palavras nos reporta a um contexto de ação permanente e imediata onde aquele que se coloca no papel de ser professor e não apenas estar professor, adote a busca constante do aperfeiçoamento e atualização das informações transformando-as no conhecimento enquanto consequência da aprendizagem vivida e compartilhada. O tempo, visto como um vilão que na maioria das vezes impede a busca.A experiência , que traz comodidade, tirando a coragem de sairmos da zona de conforto; O desânimo , que nos traz lembranças de que as coisas sempre foram assim e a falta de recursos que nos remete à realidade consumista contribuem para que a “formação continuada” seja em alguns seguimentos uma opção sugestiva , ora vinculada a porcentagens salarial ou ao cumprimento de carga horária e não uma ação natural e prazerosa
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visto que o ser humano está em constante transformação e formação.. Vivemos hoje, num mercado competitivo onde a disponibilidade em aprender cada vez mais, está sendo um forte critério para o ingresso e a permanência do profissional na realização do seu trabalho. A busca pelo saber está agregada a uma predisposição interna, pois não é possível querer para o outro, a vontade é intrínseca no sentido do fazer acontecer. Transcender limites, superando os entraves que possam surgir no decurso da nossa caminhada nós faz merecedores de reconhecimento. Muitos já perceberam a beleza do convívio diante do encontro e reencontro proporcionado nos cursos, palestras, oficinas, grupo de estudo, seminários, conferências, fórum e reuniões onde o contato com o outro através do toque, do olhar, do ouvir ,do falar,do sentir e do calor fazem valer a nossa existência humana. Não desmerecendo o valor do estudo individualizado e às vezes
Formar- dar forma natural a , conceber, constituir, fazer, pôr em ordem, instruir (-se), educar(-se)
Formação – ato de formar(-se), conjunto de ensinamentos e conhecimento que formam o caráter.
^ ^ POR QUe? PARA QUE? COMO? solitário diante de máquinas ou materiais gráficos, pois percebo e acredito também na grandeza dessa busca e escolha, mas pelo receio de ver um mundo onde mesmo juntos , em meio à multidões parecemos cada vez mais sozinhos é que me coloco a refletir , defender e disseminar a ideia de que a formação continuada de preferência presencial é uma ação natural e permanentemente ininterrupta de todo ser que realmente cumpre sua missão com o compromisso de fazer em equipe , partilhando com o outro aquilo que lhe foi confiado.Porém, em grupos, em dupla, sozinho,virtual ou presencial só depende de você! Faça!
Simonia é professora, pedagoga, psicopedagoga e coordenadora no Colégio F.A.S.
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Dinheiro é assunto de criança, sim! A inserção da matéria educação financeira já é uma realidade dentro de algumas escolas brasileiras. O que favorece para o despertar da consciência dos alunos em relação às suas responsabilidades futuras. Por Lunara de Queiroz Araújo
Planejar não é o forte do brasileiro, tampouco, cuidar com eficácia da sua vida financeira, mas, contudo, este panorama vem se revertendo e as pessoas estão criando uma consciência da necessidade de reverter este quadro, pois torna-se cada vez mais imprescindível para quem quer ter uma melhor qualidade de vida e um futuro mais tranquilo, aprender a ser financeiramente educado. Boa parte dos brasileiros vive intensamente o dia de hoje, sem se preocupar ao menos se terá o mínimo para se sustentar na velhice e isto traz prejuízos tanto para si como para o país, elevando os índices de dependentes do sistema público de saúde e outros problemas. A inserção da matéria educação financeira já é uma realidade dentro de algumas escolas brasileiras. A preocupação do Estado em disseminar o tema, embora com tardio despertar e, de forma um tanto quanto duvidosa, pois, o grupo convidado a disseminar esta cultura no Brasil pelo governo federal dentro das escolas públicas é composto por instituições ligadas ao sistema financeiro nacional, como Bancos, Financeiras, Seguradoras e etc. Assim sendo, a participação popular fica a critério da aprovação deste restrito grupo, portanto, a validade do assunto aplicado por eles pode não surtir o efeito de caráter analítico da população, pois, não há sintonia entre um sistema que agride, massacra e fere totalmente o consumidor e de princípio capitalista selvagem com a realidade vivida no co-
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tidiano de cada família brasileira. Assim sendo, aplicar a educação financeira corretamente exige-se uma visão mais justa, mais ponderada para a habilitação tanto dos professores como dos alunos. O Brasil não merece continuar dentro deste sistema que manipula e amarra seu povo, não deixando chance alguma de opção sobre sua vida financeira. Despertar para a realidade e sair dessa cruel imposição do império financeiro é a única forma de exercer de fato e de direito a cidadania e só a educação pode fazer isto pelo nosso país. Esta mudança será a marca desta geração, pois, concluído este processo, teremos um país mais justo, equilibrado, menos endividado e com maiores condições de competir sobre os aspectos “gestão e finanças”. Nossos filhos terão mais consciência das responsabilidades com o futuro, lembrando que ao envolver dinheiro, inclui-se, sustentabilidade, saúde, progresso, moral, justiça, planejar, sensibilização com o futuro, paz e equilíbrio em todas suas ações. Com a educação financeira, as famílias brasileiras terão, além da própria estruturação financeira e familiar, a chance de concorrer por igual com pessoas de outras nacionalidades, que foram desde o berço, instruídas de forma natural a lidar com suas finanças. O objetivo do projeto “Cultura Financeira” é transmissão que a educação financeira é um bem que se faz não só para quem aprende, mas também para a sua família e os amigos e assim oferece a oportunidade desse jovem se sociali-
zar melhor e crescer com uma segurança maior dos seus atos e decisões, mesmo que a priori o ensino seja através do método da transversalidade, ensinando finanças na matemática, substituindo um exercício padrão por um outro voltado a realidade como, por exemplo, compra de um bem, quitação com descontos, etc, na língua portuguesa; utilizar de artigos financeiros ou como redigir uma notificação de reclamação ou pedido de antecipação de parcelas com desconto real para trabalhar o vocabulário e redação, na história; incluir dados econômicos do Brasil e do mundo, na geografia; identificando os países, continentes e comparando com as moedas e o regime político, como o socialismo, a forma de agir do libanês, americano, japonês e sua relação com o dinheiro e assim por diante.
Lunara é Perita Contábil e Educadora Financeira. A autora deste texto também é mãe de Valentina Araújo Castelo Branco, aluna do 1º ano no Colégio F.A.S.
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