Gerson GERSON Pinto, PINTO, da DA Anpei, ANPEI, destrincha DESTRINCHA aA Agenda AGENDA para PARA aA Inovação INOVAÇÃO no NO Brasil BRASIL
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Negócios criativos, inovadores e rentáveis
WEG, multinacional brasileira com sede em Jaraguá do Sul (SC)
ANO ANO 20 20 II NNoo 239 239 setembro SETEMBRO 2014 2014 R$ R$ 13,90 13,90
WEG, multinacional brasileira com sede em Jaraguá do Sul (SC)
Investimentosconstantes constantes em pesquisa Investimentos desenvolvimentotrazem trazem competitividade eedesenvolvimento paratodos todososossegmentos segmentos da indústria para
1414-0152 152 ISISSN SN 1414-0
21 anos
Santa SANTA inovação INOVAÇÃO
Joel JOEL Fernandes: FERNANDES: oO eclipse ECLIPSE do DO capital CAPITAL
Empresas EMPRESAS sociais: SOCIAIS: jeito JEITO bom BOM de DE fazer FAZER negócios NEGÓCIOS
Roberto ROBERTO Tranjan: TRANJAN: Siga SIGA em EM frente! FRENTE!
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Estado de inovação Somente investimentos constantes em pesquisa e desenvolvimento podem garantir a existência de uma indústria no futuro – e também a capacidade dela construir o futuro
por Alexsandro Vanin
A farmacêutica Betina Griehl Zanetti Ramos, quando criança, brincava fazendo experimentos com água e plantas. E os gêmeos Rafael e Gabriel Bottós ficavam horas admirando – como se hipnotizados – o equipamento a laser do consultório oftalmológico de seu pai. Eles cresceram sem perder a curiosidade e o gosto pela área científica. Das pesquisas de pós-graduação, Betina criou a Nanovetores, empresa que desenvolve e produz ativos encapsulados de alta tecnologia. Os irmãos, que na faculdade de engenharia ajudaram a fundar um laboratório de processamento a laser para desenvolver um projeto inovador de solda, hoje estão à frente da Welle Laser, líder no País em marcação a laser. Já Roberto Zagonel abriu uma oficina de conserto de eletrodomésticos e equipamentos elétricos, a Eletro Zagonel, após um curso técnico no Senai, e depois de cinco anos de muita pesquisa lançou a Ducha Master Eletrônica, produto que revolucionou o mercado de chuveiros – e que lhe rendeu o prêmio Inventor Inovador da Finep em 2009. E o escultor José Guerra largou seu ofício para, por mais de 20 anos, como autodidata, dedicar-se à síntese pura de aminoácidos. O devotamento valeu a pena. As experiências deram origem à LBE Biotecnologia e resultaram no Green Factor, solução que faz as plantas captarem nitrogênio diretamente do meio ambiente, substituindo o uso de fertilizantes nitrogenados. Mas não precisa de um gênio para uma empresa ser inovadora. “A inovação em
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vanin@empreendedor.com.br
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uma organização tem que ser um processo sistêmico e contínuo, independe de um espírito criativo único”, diz o superintendente do Instituto Euvaldo Lodi em Santa Catarina (IEL/SC), Natalino Uggioni. É o caso da WEG, uma das maiores fabricantes de motores elétricos do mundo, que investe 2,5% do faturamento líquido em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e conta com uma equipe multidisciplinar de aproximadamente 500 profissionais na área. Outro exemplo é a Embraco, líder mundial em compressores herméticos para refrigeração, que tem a inovação como estratégia desde sua fundação, em 1971, e atualmente aplica de 3% a 4% da receita anual em P&D. Já a Zen criou, há dois anos, um departamento próprio de P&D, no qual aplica de 5% a 7% do faturamento. Além de inovadoras, o que estas empresas têm em comum? Todas estão sediadas em Santa Catarina. “O estado ocupa uma posição de destaque no País quando o assunto é inovação”, afirma o superintendente geral da Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras (Certi), Carlos Alberto Schneider. Um levantamento recente, o Ranking de Gestão dos Estados Brasileiros, elaborado pela Economist Intelligence Unit, consultoria ligada ao grupo da revista The Economist, classifica Santa Catarina como o quarto estado mais propício à inovação e o quinto melhor ambiente de negócios do Brasil. Acima estão estados maiores – São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná – e o Rio de Janeiro, sede de duas das maiores companhias do Brasil, a Petrobras e a Vale do Rio Doce. “Também
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Florianópolis digital Faturamento
R$ 1 bilhão
6.000 Número de empregos diretos
600 Número de empresas
se destacam o polo aeroespacial de São José dos Campos (SP), o Centro de Estudos e Sistemas Avançados de Recife (Cesar), na capital pernambucana, o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coope), no Rio de Janeiro, e a Embrapa, com unidades por todo o País”, acrescenta Schneider.
Competitividade
No geral, entretanto, a indústria brasileira é pouco inovadora. Um indicador é o último relatório anual da Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI), vinculada à Organização das Nações Unidas
(ONU), que aponta o Brasil em penúltimo lugar entre 20 países analisados, com 41.453 patentes válidas. O ranking é liderado pelos Estados Unidos, com 2,2 milhões de patentes, seguido pelo Japão, que tem 1,6 milhão, e pela China, com 875 mil. Outro fator é o volume de investimento em pesquisa e desenvolvimento feito pela iniciativa privada, segundo dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação: 0,55% do PIB é aplicado pelas empresas brasileiras, enquanto as coreanas, por exemplo, investem 2,68%. Lá o setor privado é responsável por 73% dos investimentos em P&D, enquanto aqui arca com 47%. O resultado é perda de competitividade. De acordo com o Índice de Competitividade Mundial 2014, elaborado pelo International Institute for Management Development (IMD), o Brasil cedeu espaço no cenário internacional pelo quarto ano consecutivo e agora ocupa o 54º lugar, na frente apenas de Eslovênia, Bulgária, Grécia, Argentina, Croácia e Venezuela. No Ranking Global de Competitividade, divulgado no dia 3 de setembro pelo Fórum Econômico Mundial, o Brasil ocupa a 57ª posição – é um dos países que mais perderam competitividade nos últimos anos: em 2012, estava na 48ª colocação. Na contramão da maioria, as empresas inovadoras seguem competitivas no exterior, apesar do elevado custo Brasil. Aquelas que conseguiram disseminar a cultura da inovação por toda sua estrutura, estabelecendo a busca constante pelo novo e entendendo o erro como parte do processo, vão além: não precisam disputar mercado, elas criam novos nichos a partir de inova-
Também se destacam o polo aeroespacial de São José dos Campos (SP), o Centro de Estudos e Sistemas Avançados de Recife (Cesar), na capital pernambucana, o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coope), no Rio de Janeiro, e a Embrapa, por todo o País, diz Carlos Schneider, da Certi
A WEG, uma das maiores fabricantes de motores elétricos do mundo, investe 2,5% do faturamento líquido em P&D
R$ 12 milhões em impostos municipais
600
São empresas de base tecnológica em Florianópolis, que crescem mais de
20% ao ano
Fonte: Prefeitura de Florianópolis e CAGED/MTE (2012)
tecnológica. Segmentos tradicionais, aliás, só têm a ganhar com melhorias de materiais, design e processos que resultem em maior produtividade e qualidade. Uggioni lembra o caso do Santa Catarina Moda e Cultura (SCMC), movimento criado por um grupo de empresários catarinenses do ramo têxtil preocupados em mudar o foco da quantidade para a qualidade, agregando valor aos produtos. Outro exemplo é a Malwee que lançou, no ano passado, roupas com cápsulas hidratantes que em contato com a pele liberam partículas que hidratam o corpo e duram até 20 lavagens – tecnologia desenvolvida pela Nanovetores. Um caminho para segmentos tradicionais introduzirem inovações em seus negócios é justamente a parceria com empresas de base tecnológica. A agroindústria registrou avanços significativos de produtividade e qualidade do produto nas granjas de suínos ao utilizar soluções e modelos de gestão da informação desenvolvidos pela Agriness, de Florianópolis, hoje aplicados em quase 10 países. Também da capital de Santa Catarina é a Audaces, reconhecida mundialmente como uma das principais desenvolvedoras de tecnologia para o segmento de confec-
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ções disruptivas. Um exemplo é a multinacional Embraco, que já no lançamento de seu primeiro compressor de tecnologia própria destacou-se pelo volume reduzido do equipamento. Seguiu se diferenciando pelas tecnologias de baixo consumo de energia e agora novamente quebra o paradigma do tamanho ao anunciar a produção do Wisemotion, que tem a mesma altura de um smartphone. Este perfil, observa Schneider, é verificado com mais frequência em empresas menores, como as catarinenses Photonita, Nano, Reason, Sábia e Nexxera. Essa última desenvolve soluções de ambiente eletrônico de negócios para instituições financeiras e mercantis e, a primeira, sistemas ópticos avançados. A Nano produz dispositivos médicos minimamente invasivos, um dos quais inovou o tratamento endovascular da doença aneurismática da aorta, e a Reason atua com soluções de alto valor agregado para o sistema elétrico e industrial. A Sábia oferece softwares e equipamentos para sensibilização, capacitação, colaboração e sensoriamento de trabalhadores nas indústrias. O ganho de competitividade pela inovação não é privilégio das empresas de base
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c a pa Santa Catarina tecnológica
ção, muito forte no estado. Com soluções simples para resolver grandes problemas, possui clientes em mais de 70 países e é líder de mercado na América Latina.
Faturamento
R$ 2,5 bilhões
Receita local
Temos que trabalhar na esfera pensante, mostrar que quem busca inovar de forma sistemática, com capital próprio e crédito reembolsável – que tem uma das taxas mais atrativas do mercado – acaba captando mais recursos não restituíveis, diz Natalino Uggioni
Algumas particularidades socioeconômicas e até geográficas de Santa Catarina ajudaram as empresas catarinenses a ultrapassarem divisas e fronteiras. Segundo Uggioni, o estado possui economia forte e diversificada, com setor industrial bem distribuído por suas regiões. Outra característica, recorda Schneider, é que Santa Catarina não tem tradição em indústria de base, seu forte é a manufatura. “Essa indústria tem que inovar, precisa introduzir inteligência em seus produtos, senão morre”, sentencia. Uma qualidade distinta, na opinião do superintendente do IEL/SC, é a presença de universidades fortes e de uma rede de ensino técnico, representada principalmente pelo Senai, por todo o território. “A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) está por trás deste perfil, atuando há mais de 50 anos na formação de pessoas e geração de conhecimento”, afirma o superintendente da Certi, fundação que, não por acaso, nasceu dentro da UFSC. Na década de 1980, cresceu em todo o Brasil um movimento de incentivo ao segmento de base tecnológica, com a criação de incubadoras e o estabelecimento de políticas locais de desenvolvimento. Para o presidente da Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate), Guilherme Stark Bernard, foi neste momento que surgiu o grande diferencial em relação
Número de empregos diretos
20.000
1,8 mil
Número de empresas de base tecnológica
Fonte: Acate (2012)
aos outros estados. Enquanto no restante do País buscou-se a instalação de grandes indústrias-âncora, em Santa Catarina houve fomento à criação de pequenas empresas. São resultados dessa política a Reivax, que desenvolve sistemas pioneiros – em nível mundial – de controle de energia desde 1987; a Softplan, criada em 1990 para elaborar softwares de gestão, especialmente para a área pública, atualmente presente na América Latina e nos Estados Unidos; e a Cianet, fundada em 1994 por três estudantes de engenharia com duas patentes de privilégio de invenção na área de redes de
Os Estados mais inovadores do Brasil
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Estado * (**) PIB (R$) 2011
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São Paulo (1) Rio (2) Minas (3) RS (4) SC (4) PR (5)
1,3 trilhões 462,3 bilhões 386 bilhões 263,6 bilhões 169 bilhões 239,3 bilhões
Participação (%) no PIB do Brasil (**) 31,4 (1) 11,2 (2) 9,6 (3) 6,4 (4) 4,1 (6) 5,8 (5)
PIB per Capita (R$) 2011 (**)
Exportações (US$) 2013
32.449 (2) 28696 (3) 19573 (10) 24562 (6) 26760 (5) 22769 (8)
56,317 bilhões 21,273 bilhões 33,436 bilhões 25,093 bilhões 8,7 bilhões 18,239 bilhões
*Conforme posição no ranking de inovação da revista The Economist ** Posição no ranking do índice específico Fontes: Economist Intelligence Unit / The Economist (ranking da inovação) e IBGE (demais dados)
Participação (%) nas exportações do Brasil (**) 23,25 (1) 8,78 (4) 13,81 (2) 10,36 (3) 3,6 (10) 7,53 (5)
Novo fermento
Para mudar esse quadro, o Sistema Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), do qual o IEL/SC é integrante, procura intensificar e estabelecer a cultura
da inovação em mais empresas. “Temos que trabalhar na esfera pensante, mostrar que quem busca inovar de forma sistemática, com capital próprio e crédito reembolsável – que tem uma das taxas mais atrativas do mercado – acaba captando mais recursos não restituíveis”, diz Uggioni. Segundo ele, todos os pedidos de fundos reembolsáveis elaborados com a ajuda da instituição (o IEL/ SC presta esse serviço) foram atendidos. Outra estratégia é demonstrar que a indústria precisa de ajuda, não precisa fazer tudo sozinha. A Fiesc faz a ponte entre as demandas das empresas e as soluções existentes nas universidades e institutos de pesquisa do Brasil e do exterior, e também com outro braço do sistema, o Senai/SC. A instituição, que além da área de ensino atua na oferta de serviços de apoio à inovação e à tecnologia, contará em breve com três institutos de inovação e sete de tecnologia, um investimento de R$ 174 milhões por parte da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A Fundação Certi encontra-se exatamente no segundo lado da ponte. Há 30 anos ajuda a introduzir inteligência nos produtos, com papel relevante em áreas como automação bancária, TV digital e instrumentação médica. A novidade é que a Certi acaba de ser credenciada como uma das 10 unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). “Agora teremos recursos garantidos, isso vai agilizar todo o processo”, comemora Schneider. Resultado de uma parceria dos ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e da Educação (MEC) com a CNI, a Embrapii visa fomentar projetos de inovação em processos e produtos que sejam desenvolvidos em conjunto por empresas e instituições de pesquisa tecnológica, financiando parte significativa com fundos não reembolsáveis. A Certi, selecionada entre 50 propostas, será referência em sistemas inteligentes. Outra unidade credenciada em solo catarinense é o Laboratório de Pesquisa em Refrigeração e Termofísica da UFSC, tradicional parceiro da Embraco. Na Acate, a estratégia é a intensificação da sinergia entre as empresas via associação à entidade e, principalmente, participação em verticais (grupos de empreendimentos que atendem o mesmo segmento). Atual-
Verticais de Negócios Empresas participantes
125 Em 2014
Faturamento bruto* Em 2012
R$ 480 milhões Em 2013
R$ 637,4 milhões
+32,8%
Investimentos em PD&I* Em 2012
R$ 25,4 milhões, sendo 86% privado e 14% público Em 2013
R$ 36,7 milhões, sendo 78% privado e
22% público.
+44,6% Recursos públicos captados como fomento para PD&I* Em 2012
R$ 4 milhões Em 2013
R$ 10,2 milhões
+153,3%
* Baseado em uma amostra com 68 empresas Fonte: Acate
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comunicação de dados, hoje referência em equipamentos para banda larga e ultralarga. “A proximidade, naquela época fundamental, ajudou a criar sinergia entre os empreendimentos inovadores, gerando novos negócios e fortalecendo o segmento por meio do associativismo”, afirma Bernard. As belezas naturais não podem ser descartadas dessa lista, e hoje a qualidade de vida existente no estado ajuda a manter empreendedores em seu território e a atrair empresas inovadoras para ele, acrescenta Bernard. Santa Catarina possui Índice de Desenvolvimento Humano (IDH-M) de 0,774, o terceiro melhor do Brasil, atrás do Distrito Federal e de São Paulo, e três municípios catarinenses estão entre os 10 melhores do País: Florianópolis, em terceiro, com IDH-M de 0,847 (a capital mais bem colocada); Balneário Camboriú, em quarto, com 0,845, e Joaçaba, em oitavo, com 0,827. Todos esses fatores, somados ao crédito e outros incentivos disponibilizados pelo governo local nos últimos anos, já conquistaram empreendimentos como a LBE Biotecnologia, agora com sede em São José, mas originalmente instalada no interior paulista, assim como a Novaer Craft, tradicional fornecedor de soluções avançadas de design e engenharia para a indústria da aviação e que se transferiu de São José dos Campos para Lages, onde fabricará seu primeiro modelo de aeronave. Até mesmo a gigante alemã BMW não resistiu aos encantos dessa terra e está erguendo uma unidade de montagem em Araquari. “Mas ainda há muito a crescer”, afirma Uggioni. Segundo Schneider, há um esforço de melhoria por parte da maioria das empresas, mas quem mantém um sistema constante de investimentos em pesquisa e desenvolvimento é um grupo menor. Em 2012, menos de 10% dos empreendimentos catarinenses que se enquadravam na Lei do Bem solicitaram o benefício fiscal. Outro indicativo, aponta o superintendente do IEL/ SC, é que muitos projetos solicitando recursos não reembolsáveis são encaminhados à Finep, mas poucos têm obtido aprovação.
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mente a Acate conta com aproximadamente 600 associadas, sendo que pelo menos 100 delas participam de uma ou mais das 12 verticais existentes. “O empresário precisa entender que relacionamento é muito importante, é a chave de muitos negócios”, diz Bernard. Segundo ele, nesses ambientes há troca de experiências e é comum surgirem parcerias, ou uma empresa utilizando os produtos e serviços de outra, ou somando soluções para ser mais completo e competitivo, ou simplesmente abrindo portas de clientes, indicando caminhos. Mas de nada adianta tudo isso se o cliente não perceber o valor da inovação, alerta Bernard. Segundo ele, as empresas precisam adotar estratégias de mar-keting específicas para seus segmentos, aprofundando o relacionamento com compradores e apresentando as vantagens técnicas em eventos e outras oportunidades. “Uma empresa precisa saber quem é seu cliente inovador”, afirma. Outro conselho é pensar globalmente e buscar espaço no mercado internacional de forma gradual. A indústria catarinense tem um perfil exportador, mas o ramo de tecnologia ainda não. Para o presidente da Acate, ainda existe um “preconceito tecnológico” em relação às soluções brasileiras, e uma medida que ajudaria a superar isso seria o governo privilegiar os empreendimentos locais em compras públicas de tecnologia. Ao longo de sua história, principalmente das últimas quatro décadas, Santa Catarina construiu uma marca forte, que traz visibilidade às empresas locais e ajuda a abrir portas. “Em parte, já estamos vencendo o preconceito tecnológico”, afirma Bernard. Apesar de ocupar apenas 1,12% da área do País, responde por 4,1% do PIB nacional, a sexta maior contribuição, e apresenta o quinto maior PIB per capita. Um dos estados com maior participação da indústria no PIB local, é também um dos mais inovadores por metro quadrado. Criou-se assim um círculo virtuoso. A infraestrutura e a qualidade de vida que tanto atraem e retêm mentes e empresas brilhantes, só tendem a crescer com o retorno proporcionado por uma indústria não poluente que gera empregos qualificados e aquece o comércio e serviços da região. Santa inovação.
SC industrial
A indústria, em Santa Catarina, está bem distribuída pelo estado, com segmentos concentrados em polos regionais, mas sem que essas atividades sejam exclusivas desses locais. Há um movimento da Fiesc e do governo pelo desenvolvimento e fortalecimento de novos segmentos, chamados de “portadores de futuro” por carregarem muita inovação
Oeste
Agroalimentar, biotecnologia, móveis e madeira, meio ambiente, TIC, construção civil, celulose e papel, bens de capital, energia, saúde, turismo.
Serrana
Celulose e papel, móveis e madeira, turismo, energia, meio ambiente, TIC, construção civil, biotecnologia, agroalimentar, bens de capital, saúde, automotivo, aeronáutico.
Norte
Metalmecânico e metalurgia, TIC, economia do mar, bens de capital, meio ambiente, móveis e madeira, turismo, construção civil, têxteis e confecções, automotivo, saúde, produtos químicos e plásticos, energia.
Vale do Itajaí
Economia do mar, têxteis e confecções, turismo, metalmecânico e metalurgia, TIC, naval, meio ambiente, saúde, bens de capital, construção civil, energia, agroalimentar.
Grande Florianópolis
TIC, turismo, economia do mar, meio ambiente, cerâmica, energia, construção civil, construção naval, biotecnologia, saúde, nanotecnologia.
Cerâmica, meio ambiente, turismo, metalmecânico e metalurgia, têxteis e confecções, TIC, agroalimentar, bens de capital, construção civil, economia do mar, produtos químicos e plásticos, energia, saúde.
Fonte: Fiesc
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Sul
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Nanovetores
Fundação: 2008 Sede: Florianópolis Faturamento 2014: R$ 5 milhões (previsão) Crescimento de 233% Investimento em P&D&I: 20% do faturamento
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Parece magia, mas é tecnologia
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A Nanovetores desenvolve sistemas inovadores de encapsulamento em escala nanométrica para a indústria, principalmente de cosméticos e têxteis
por Leda Malysz
leda@empreendedor.com.br
Dormir normalmente e acordar sem celulite. O sonho de boa parte das mulheres do mundo pode se tornar realidade com uma das mais recentes criações da Nanovetores, empresa de Florianópolis especializada em ativos encapsulados de alta eficácia. Trata-se do produto chamado 5C, composto por cinco ativos naturais que reúne as funções de drenagem, redução do acúmulo de gordura e incentivo à queima de gor-
dura da pele. Já testado e agora em fase de prospecção de mercado, o pijama que traz essas substâncias em nanocápsulas proporciona redução das celulites em seis dias de uso, e garante maiores resultados após a utilização da peça durante seis horas ao dia por 56 dias, inclusive a remodelação da silhueta. “A maneira do segmento de confecções competir com produtos da China, por exemplo, é agregar inovação, e a nova geração busca por produtos eficientes e ecologicamente corretos”, afirma a proprietária e pesquisadora Betina Ramos.
buscou por concursos públicos na sua área. Mas, apesar de aprovada, escolheu criar empresa própria e aplicar seu conhecimento em sintonia com o mercado. “Passamos por uma crítica fase de adequação do conhecimento acadêmico à realidade comercial, pelo menos dois anos neste processo. A pesquisa na empresa é dinâmica, objetiva e prática. Na academia, você tem definições, avaliações e outro ritmo, e pouco desta pesquisa será transposta comercialmente. Há questões como o custo que fica inviável, o produto está distante da demanda do mercado, às vezes falta maquinário ou os parâmetros não permitem a transposição para a larga escala industrial. Nas pesquisas, a universidade sempre gera conhecimento, comprovado por papers. Nós temos que gerar produtos e lucro; delinear e lançar nosso produto não foi tão simples, aprendemos a vender inovação”, diz Com nove patentes internacionais e duas a serem registradas até o final do ano, a Nanovetores avalia os casos de registro ou segredo industrial. “Temos as patentes básicas que se referem à nossa tecnologia e outras de produtos. Registrar é detalhar seu processo, e em 20 anos a concessão da inovação vira domínio público, mas eu pretendo utilizar coisas mais novas em 20 anos. A vantagem de registrar é você não ficar impossibilitado de ingressar com seu produto em um país onde existem patentes de terceiros, mas temos nossos segredos industriais também, assim como acordo de confiabilidade entre os funcionários e sistemas codificados.” A Nanovetores apresenta um modelo de open innovation, em que os clientes colaboram com os processos de desenvolvimento e inovação para aplicação direta nas indústrias. Em franca expansão, a empresa comemora a exportação para 18 países desde que participou da feira oficial anual in-cosmetic na Alemanha, em abril deste ano. Se antes eles vendiam para países como França, Estados Unidos e Colômbia, agora atendem também ao comércio oriental, começando pela China.
Linha do tempo 2008
Fundação da Nanovetores Inicia a produção de compressores com tecnologia comprada
2010
Prêmio Finep Subvenção com o projeto de desenvolvimento e industrialização de tecido nanofuncionalizado com ativo de liberação prolongada de atividade antimicrobiana, anti-inflamatória, analgésica e cicatrizante produzido à base de algas
2011
O projeto Nano Nails, produto de alta permeação que trata unhas esbranquiçadas e quebradiças em quatro dias, ganha o primeiro lugar no Prêmio Stemmer de Inovação 2011
2013
Conquistam os recursos do PAPPE Subvenção 2013, realizado pela Fapesc, com o projeto de otimização e comprovação de eficácia de tecidos nanofuncionalizados com a tecnologia dos Vetores ativos Multifuncionais para inovação no setor têxtil
2014
Ampliam o mercado internacional e lançam o pijama de combate à celulite e o Nano Up List, composto que combate as linhas de expressão
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Outra inovação recente da empresa, apresentada no início de setembro durante a primeira edição brasileira da Feira in-cosmetics, a mais importante do setor, em São Paulo, é o Nano Up List, composto por partículas de ácido hialurônico ancoradas em cadeias de polissacarídeos da Acácia do Senegal. A nanocápsula, que pode ser aplicada em cremes, primes, demaquilantes e outros produtos faciais, permite o preenchimento fácil e progressivo de linhas de expressão do rosto, visível alguns minutos após a aplicação, conforme o fabricante. As duas criações da Nanovetores destinam-se aos dois setores de principal atuação da empresa: as áreas de cosméticos e de tecidos. Criada por Betina Ramos e Ricardo Henrique Ramos, em 2008, a empresa desenvolve uma tecnologia que permite o encapsulamento de ativos de plantas e produtos naturais de maneira que possam ser utilizados em outros produtos. A empresa compra os ativos como extratos, óleos essenciais e vitaminas e fabrica uma cápsula em escala nanométrica que, ao mesmo tempo, protege e garante a eficácia da substância para o fim desejado. “Um dos nossos produtos é o Nanovetor Melaleuca, utilizado no combate à acne. A indústria pode comprar o óleo livre da planta e aplicar em seus produtos, mas ele volatiza rápido, perde propriedades e tem forte tendência à interação com outros elementos do composto. Se estiver encapsulado, sua absorção e eficácia estão garantidas”, explica Betina. Ela acrescenta que as cápsulas ainda contornam um importante desafio da área de cosméticos: a absorção do produto pela pele. “As cápsulas conseguem transpor a camada de estrato córneo da pele, a mais externa e com células mortas, difícil de ser transposta. Por isso mesmo estamos inclusive mudando alguns protocolos clínicos de eficácia durante os testes, já que conseguimos resultados em dias quando até então eles eram avaliados mensalmente”. Pesquisadora acadêmica, com pósdoutorado na França na área de encapsulamento, Betina chegou a seguir o caminho tradicional de um pesquisador e
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Inovadora por natureza
A Audaces é mundialmente reconhecida pelas soluções simples e eficientes para grandes problemas da indústria têxtil e de confecções
Audaces
Fundação: 1992 Funcionários: 300 Sede: Florianópolis www.audaces.com.br
Atuando no desenvolvimento de softwares para confecção, a Audaces fez parte da criação de uma cultura digital para modelagem no Brasil, e hoje exporta tecnologia para mais de 70 países. Há seis anos, a empresa produz também máquinas de corte, seguimento no qual lançou, este ano, o primeiro equipamento que atende às normas catarinenses de segurança, o Audaces Neocut A20. Mais recente lançamento da empresa, a solução aumenta a produtividade das salas de corte, maior demanda das confecções atualmente. Entre os diferenciais da tecnologia estão o aumento da velocidade de corte em até 40%, a redução do tempo de fiação pela metade e a possibilidade de identificação automática do corte por meio do código de barras gerado pelo Audaces Vestuário, software pioneiro desenvolvido pela empresa em 1996. “Considero o investimento em Pesquisa e Desenvolvimento algo que é permanente e já gerou vários ciclos de inovação no mercado”, afirma Rodrigo Cabral, diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Audaces, que coloca a tecnologia de corte entre os três principais ciclos de inovação gerados pela empresa catarinense. Cabral destaca também os softwares Computer Aided Design (CAD) e Computer Aided Manufacturing (CAM), utilizados na produção de matrizes para a indústria calçadista, e a modelagem 3D pelo sistema Digiflash, reconhecido, em 2006, pela
premiação alemã IMB Innovation Award e por levantamento dos 10 produtos mais inovadores do país realizado pela Monitor Group e pela Revista Exame, em 2008. Cabral ressalta que os lançamentos são fruto da estrutura que a empresa destina à pesquisa e desenvolvimento desde a sua fundação, em 1992. “É algo que está no nosso DNA.” No mês passado, a Audaces fechou um convênio com o Comitê Brasileiro de Têxteis e do Vestuário (ABNT/CB-17), da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), para a padronização de medidas para roupas femininas produzidas no Brasil. O sistema Audaces 3D, lançado há dois anos, será utilizado como suporte para a criação de roupas sobre manequins virtuais de acordo com os novos padrões estabelecidos pela ABNT, que realizou estudos antropométricos com mais 7,4 mil pessoas para substituir a atual numeração que é baseada em padrões europeus. A expectativa é que a padronização seja concluída até o primeiro semestre de 2015. Outro viés da trajetória da Audaces em inovação é a preocupação com a qualificação da mão de obra para operar a tecnologia desenvolvida, o que leva a empresa a investir na capacitação de funcionários do setor têxtil por meio de programas internos de estágio, responsáveis pela efetivação de mais de 35 funcionários nos últimos três anos, e de parcerias com 70 instituições de ensino, 18 delas estrangeiras. Os treinamentos internos e externos realizados este ano somam 3,6 mil horas.
Linha do tempo 1992
Fundação da Audaces Automação e Informática Industrial
1993
Lançamento do Audaces Plano de Corte, primeiro sistema da empresa
1996
Lançamento do Audaces Vestuário, primeiro software para o segmento de confecções
1997
Primeira exportação do Audaces Vestuário para a Argentina
2004
Lançamento do Audaces Digiflash e do primeiro hardware da empresa, o Plotter Audaces Jet Ultra
2007
Lançamento do Audaces Idea
2008
Lançamentos do Audaces Neocut, primeira máquina de corte fabricada no Brasil, e do Audaces Tower Jet, primeiro plotter do mundo que imprime verticalmente
2009
Abertura das unidades São Paulo e Minas
2010
Abertura das unidades Argentina e Colômbia
2012
Lançamento do Audaces 3D
Curiosidades do Neocut A20
40% de aumento da velocidade de corte
50%
de redução do tempo de fiação
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por Mariana Rosa
mariana@empreendedor.com.br
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Embraco
Fundação: 1971 Sede: Joinville (SC) Funcionários: 11,5 mil Patentes registradas: 1.277 www.embraco.com
por Mariana Rosa
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mariana@empreendedor.com.br
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Embraco mantém equipe de profissionais com a tarefa exclusiva de pensar em soluções para os próximos anos
Futuro nas pranchetas Entender o erro como parte da trajetória até o sucesso faz parte da cultura empreendedora, assim como da cultura de inovação. Trabalhando com esse conceito de affordable loss, desde o início da década de 1980, dez anos após sua fundação, a Embraco (Empresa Brasileira de Compressores) desenvolve pesquisas em parceria com instituições de ensino e investe em Pesquisa e Desenvolvimento – setor que atualmente recebe de 3% a 4% do seu faturamento anual. Com fábricas e
escritórios em sete países, a multinacional brasileira é líder mundial na produção de compressores herméticos para refrigeração, componente responsável pela geração de frio em geladeiras e demais sistemas de refrigeração domésticos e comerciais. A busca por inovação faz parte da estratégia da Embraco desde a sua fundação, no ano de 1971, em Joinville (SC), cidade onde é sediada até hoje. Na época, empreendedores da região buscavam uma solução para suprir a indústria de refrigeradores no Bra-
sil, que dependia da importação de compressores. A primeira produção foi realizada em 1974, com tecnologia importada e, cerca de 10 anos depois, a empresa lançou o primeiro compressor 100% nacional, produto que se destacou internacionalmente pelo tamanho reduzido em comparação aos demais e que é atualmente o segundo do tipo mais vendido no mundo. Nos anos seguintes, a empresa continuou se destacando, sendo pioneira no desenvolvimento de tecnologias com baixo consumo de energia e registrando, ao todo, 1.277 patentes. “Na indústria em que estamos, se não nos diferenciarmos por tecnologia, não conseguimos vender”, afirma Márcio Schissatti, atual diretor corporativo de marketing que até julho ocupou a diretoria corporativa de pesquisa e desenvolvimento. Hoje mais de 50% da receita de vendas da empresa resulta de produtos lançados nos últimos quatro anos. A sustentabilidade, uma das diretrizes da empresa, é o grande diferencial de um dos mais recentes produtos da Embraco, o
Curiosidades
168
mil compressores produzidos por dia (37 milhões por ano)
50%
da receita de vendas advém de produtos lançados nos últimos quatro anos
compressor Wisemotion, lançado em março e com produção prevista a partir de 2015 no México. Com tecnologia oill-free, o compressor dispensa o uso de óleo lubrificante, o que facilita o descarte das peças após o uso – atualmente os compressores da Embraco são recolhidos pelo programa de gestão de resíduos da empresa, o Top Verde que, em 2012, recolheu 547,3 mil compressores e reaproveitou 191 mil litros de óleo. O projeto do novo compressor foi desenvolvido ao longo de 10 anos, envolvendo cerca de 100 engenheiros da Embraco e gerando mais de 80 patentes para a empresa. Empregando 50% menos matériaprima do que os compressores convencionais, o Wisemotion possui a mesma altura de um smartphone de 10 centímetros. O formato inovador visa um processo de fabricação mais sustentável e a abertura de novas possibilidades de design para os refrigeradores. Uma crescente tendência neste aspecto é a miniaturização dos produtos visando atender mercados que sofrem com a falta de espaço nas residências e estabelecimentos, como, por exemplo, Suíça e Japão. “Estamos muito focados em como vai ser o planeta daqui a 15 ou 20 anos, em como podemos influenciar e tirar proveito disso”, afirma Schissatti. O diretor destaca que uma parte da equipe de pesquisa e desenvolvimento, que possui 600 membros e 300 colaboradores externos, trabalha exclusivamente pensando soluções para projeções do mercado nos próximos anos. Evandro Gon, atual diretor corporativo de Pesquisa e Desenvolvimento, complementa que a tradição de pesquisa faz parte de todas as práticas da empresa. “Uma questão embutida no DNA da Embraco é o constante desconforto em relação ao que fazemos. Temos um alto nível de criticidade e um senso de excelência muito forte.”
1971
Embraco é fundada em Joinville, na época o mercado brasileiro dependia de importação para comprar compressores
1974
Inicia a produção de compressores com tecnologia comprada
1982
É realizado o primeiro convênio de cooperação técnica, com a UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). Atualmente, a empresa tem parceria com cinco laboratórios da instituição e conta com a colaboração de 100 bolsistas de pesquisa
1986
Lança o primeiro compressor 100% nacional, com tamanho menor do que os disponíveis até então. Atualmente, o produto é o segundo do tipo mais vendido no mundo
1992
Recebe primeira certificação de qualidade pela norma ISO 9001
1996
Lançamento do Compressor Embraco VCC (atualmente comercializado como Fullmotion), que utiliza tecnologia eletrônica. O produto regula a temperatura automaticamente, enviando o frio de acordo com a necessidade do refrigerador no momento, o que resulta em eficiência energética 40% maior
2000
Recebe as certificações internacionais ISO 14001, que atesta parâmetros adequados de gestão ambiental, e QC 080.000, que certifica a realização de procedimentos para gestão de substâncias nocivas ao meio ambiente
2001
Compressor Embraco Fullmotion recebe Prêmio Finep de Inovação Tecnológica e Prêmio do Ministério da Ciência e Tecnologia na categoria processo
2004
Embraco é reconhecida pelo Prêmio As 100 Melhores Empresas para se Trabalhar na América Latina, concedido pelo Great Place to Work Institute, no Brasil
2008
Compressor Embraco Fullmotion recebe o Prêmio Star of Energy Efficiency
2013
Embraco recebe prêmio Best Innovator
2014
Lançamento Wisemotion, compressor de tamanho reduzido e com tecnologia oilfree, que dispensa utilização de óleo lubrificante. O produto possui de 30 a 40% mais eficiência energética
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Linha do tempo
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Zen
Fundação: 1960 Local: Brusque (SC) Faturamento: R$ 150 milhões Patentes registradas: 14 www.zensa.com.br
Risco certo A Metalúrgica Zen, de Brusque, tem a inovação como cerne de seu plano de crescimento
por Mariana Rosa
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mariana@empreendedor.com.br
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Fundada em São Paulo, na década de 1960, pelos irmãos catarinenses Nelson e Hylário Zen, e depois transferida para o Vale do Itajaí (SC), há 41 anos, para dar conta do aumento da produção, a Zen conquistou lugar de destaque no mercado de autopeças, exportando para mais de 100 países. A empresa é líder mundial no fornecimento de impulsores de partida, peça para o motor de arranque de veículos conhecida popularmente como bendix (marca que já fabricou a peça) e, nos últimos anos, investiu também em linhas de tensionadores e polias – quase 100% destas destinadas ao
mercado externo. Anualmente, a Zen produz em Brusque (SC) 12 bilhões de peças, sendo 9 bilhões da linha de impulsores de partida. Cerca de 50% da produção total é exportada para mais de 100 países e comercializada em escritórios de venda na Europa, nos Estados Unidos e na China. A Zen mantém parceria com entidades nacionais, como a UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e a Fundação Certi, e internacionais, como o Institut für Umformtechnik (IFU), em Stuttgart, na Alemanha. “As parcerias fazem com que nossa capacidade de inovação se acelere, sozinhos não terí-
alternadores OAD (Overrunning Alternator Decoupler). Uma das 14 patentes mundiais da Zen, a polia permite maior eficiência do motor e menor consumo de combustível. Outro lançamento recente é a roda de pulso para o sistema de freios ABS em caminhões. “A Zen percebeu uma oportunidade de mercado nos veículos pesados, no qual a fabricação desta peça era improdutiva”, comenta Coelho Neto. A fabricação do item começou no ano passado com 25 mil peças por mês. A expectativa é que com a determinação do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) acerca da obrigatoriedade do sistema de freios ABS, que vigora no País desde janeiro, a produção atinja o pico de 40 mil peças produzidas por mês.
Linha do tempo 1960
A empresa é fundada em São Paulo pelos irmãos Nelson e Hylário Zen
1963
É produzido o primeiro impulsor de partida com tecnologia própria
1973
A sede da empresa é transferida para Brusque (SC), cidade natal dos fundadores
1976
Zen realiza primeira exportação
1993
Zen implanta o programa TQM (Total Quality Management)
1996
Obtém as certificações ISO 9001 e QS 9000
2000
Inicia Programa de Governança Corporativa
2002
Obtém certificação ISO TS 16949
2006
Lança linha de polias de roda livre
2009
Lança linha de tensionadores
2010
É nomeada parceira preferencial pelo programa Bosch FFGA
2012
Cria equipe de Pesquisa e Desenvolvimento
65%
dos veículos produzidos no Brasil têm peças desenvolvidas pela Zen
5 a 7% do faturamento anual da Zen é investido em P&D
12
bilhões de peças por ano
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amos recursos nem equipes suficientes”, afirma o gerente de Engenharia de Produto e Processos, Geraldo Coelho Neto. Há cerca de dois anos, a empresa voltou-se ao fortalecimento da inovação com a criação de um departamento próprio de Pesquisa e Desenvolvimento, que conta com dedicação exclusiva de 20% da equipe de engenharia de desenvolvimento. Desde a criação do departamento, uma série de medidas foi concretizada para tornar a empresa mais receptiva à inovação. “Houve uma mudança de cultura para aceitar o risco da inovação, onde o erro é tolerável”, afirma Coelho Neto, que indica também o lugar da área no modelo de negócio da Zen. “Queremos crescer através de inovação, e não de produção, queremos criar novos mercados.” Até 2015, devem ser investidos R$ 36 milhões, via financiamento da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), no desenvolvimento de novas patentes que visam soluções de longo prazo ao mercado. Coelho Neto destaca a ligação entre a decisão de investir em inovação e a concepção da empresa. “Os fundadores são empreendedores por si só. São pessoas que ousaram muito.” Também há uma preocupação em inovar nos processos internos, como o investimento de R$ 2 milhões na aquisição de uma linha automatizada de montagem de impulsores de partida que deve aumentar a produtividade em 60%. Com alta durabilidade e baixo ruído, os impulsores fabricados pela Zen possuem as certificações ISO 9001, QS 9000 e ISO-TS 16949, norma específica de qualidade automotiva. Há também o reconhecimento de clientes como a Bosch, que em 2010 concedeu à empresa o prêmio Magneto de Ouro, que destaca os fornecedores com postura diferenciada. A peça segue como o carro chefe da produção, respondendo por 67% do faturamento anual que, em 2013, foi de R$ 150 milhões. Os novos produtos, nestas e nas demais linhas, representam 20% da receita das vendas da empresa. Segundo Coelho Neto, o objetivo é aumentar este percentual para 30% em 2014. A meta faz parte de uma estratégia de lançar mais de 100 novos produtos por ano. No primeiro semestre deste ano, já foram lançados 60, entre eles, a polia de
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Ciser
Fundação: 1959 Sede: Joinville (SC) Funcionários: 1,4 mil Patentes: 9 www.ciser.com.br
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Curiosidade
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250
toneladas de parafuso são produzidas por dia na Ciser
Fixação por inovar Ciser, referência internacional em porcas e parafusos, promove um prêmio de inovação na área com o objetivo de capacitar futuros pesquisadores e gerar novas ideias
Fundada em 1959 para atender à demanda de uma loja de ferragens familiar, em Joinville (SC), a Ciser se tornou referência nacional e internacional no fornecimento de fixadores, como parafusos e porcas, sendo hoje a maior fabricante do segmento na América Latina. Sediada na cidade da fundação, possui também uma filial em Sarzedo (MG) focada no mercado automotivo, a Ciser Automotive. Em março, a Ciser lançou um sistema de revestimento com alta resistência à corrosão visando aumentar a durabilidade das peças usadas nos setores automotivo, aeronáutico, construção civil, eletroeletrônico e náutico. Comercializado como
carros, aviões e centrífugas. No ano passado, por exemplo, um projeto com orientação do professor Marcio Andrade, da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), inscrito na primeira edição do prêmio, introduziu uma pesquisa na empresa que resultou no desenvolvimento do Parafuso Correia Elevadora com Ponta Piloto, lançamento voltado ao setor agrícola. Realizada com apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), da Fundação de Amparo à Pesquisa de Santa Catarina (Fapesc), da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) e da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento de Empresas Inovadoras (Anpei), a premiação já distribuiu R$ 72,5 mil em prêmios individuais e incentivos às instituições de pesquisa participantes. “Sem a inovação, entendese que na disputa global, apenas em commodities, não será suficiente para trazer o crescimento e desempenho satisfatório aos acionistas e colaboradores”, avalia Ganassali sobre o papel do investimento em novas tecnologias para o modelo de negócio da Ciser.
Linha do tempo 1959
Fundação da Ciser por Carlos Frederico Adolfo Schneider
1978
Instalação de escritório de vendas e Centro de Distribuição em São Paulo
1997
Abertura de filial em Nova Lima (MG)
1998
Inauguração de Centro de Distribuição em Joinville
2008
Inauguração da unidade de Sarzedo (MG) Lançamento do Prêmio Ciser de Inovação Tecnológica
2009
Selo Anpei de Empresa Inovadora
2010
Inauguração de Centros de Distribuição em Caxias do Sul (RS) e Guarulhos (SP)
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Lio Simas / Arquivo Empreendedor
por Mariana Rosa
mariana@empreendedor.com.br
Nano Mate, o sistema aplica revestimento cerâmico nas peças em escala nanométrica, ou seja, partículas que são até um milhão de vezes menores que um milímetro. Comparado às atuais técnicas de revestimento, o Nano Mate possui maior resistência mecânica e o diferencial de não gerar resíduos tóxicos. A tecnologia, que foi desenvolvida nos Estados Unidos, é licenciada pela Ciser com exclusividade na América Latina. Atualmente, a empresa presta o serviço de aplicações de Nano Mate em peças variadas para terceiros e se prepara para lançar a sua linha de fixadores com o revestimento. “Muitos acham que estamos vendendo sonhos”, afirma o gerente de Tecnologia e Negócios da Ciser, Guido Ganassali, sobre as reações iniciais ao projeto, que contou com a dedicação de três anos de pesquisas e análises de mercado feitas pela empresa catarinense, que buscava uma solução em nanotecnologia desde 2010. “É preciso ensinar o mercado, fazer com que acredite. É um processo que leva anos”, complementa. O Nano Mate recebeu 60% dos investimentos da empresa em inovação, área que recebe até 1% da sua receita líquida anual. Segundo Ganassali, a expectativa é que, a partir de 2015, os produtos com revestimento Nano Mate correspondam a 10% da produção do total da Ciser, que possui capacidade para fabricar 250 toneladas de fixadores por dia. Novos produtos em geral originam hoje ao redor de 20% da receita líquida da empresa. Há cerca de seis anos, a empresa voltou-se ao desenvolvimento de ações específicas em inovação tecnológica, área em que possui um dos principais prêmios empresariais do tipo, o prêmio Ciser de Inovação Tecnológica, realizado bienalmente desde 2009. De acordo com Ganassali, a criação do concurso foi uma estratégia para capacitar futuros pesquisadores na área de atuação da empresa. “Neste mercado, que vai do produto mais simples ao mais complexo, não havia formação de mão de obra qualificada no País”, afirma Ganassali, destacando que embora pareçam de aplicação simples à primeira vista, os parafusos são desenvolvidos também para fixar a estrutura de equipamentos complexos como
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c a pa por Mariana Rosa
mariana@empreendedor.com.br
Reivax
empreendedor | Setembro 2014
Fundação: 1987 Sede: Florianópolis (SC) Faturamento: R$ 47,7 milhões Funcionários: 135 www.reivax.com.br
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Pioneirismo mundial A Reivax inovou o mercado internacional de energia com o lançamento de sistemas de controle integrado de tensão e velocidade
Os sistemas de controle garantem a qualidade da energia gerada por usinas hidrelétricas, termoelétricas e eólicas, para que, por exemplo, os eletroeletrônicos de um estabelecimento funcionem corretamente. A Reivax, que atua há 27 anos neste mercado, foi pioneira na oferta deste serviço no Brasil e, em âmbito mundial, no fornecimento de controle integrado de tensão e velocidade. Desde 2008, quando já estava consolidada na América Latina, atua em outros três continentes, atendendo ao todo 25 países. Incubada pelo Centro Empresarial para Laboração de Tecnologias Avançadas (Celta), órgão da Fundação Certi em Florianópolis, a empresa possui atualmente uma sede própria na capital catarinense e duas filiais internacionais, no Canadá e na Suíça. Em maio, a Reivax homologou com o Centro de Desenvolvimento de Engenharia da Base Aérea de Arnold, da Força Aérea Americana (Estados Unidos), um contrato de US$ 3 milhões para o fornecimento de reguladores de tensão para motores de aeronaves militares. No Brasil, esta tecnologia, para motores, já foi fornecida pela empresa para clientes como Petrobras, Eletrobras e Copel. O negócio foi fechado pela filial da empresa no Canadá, a Reivax North America, que também fechou recentemente um contrato de US$ 1,2 milhão com o California Department of Water Resources, que atende uma população de 473,1 mil pessoas. A Reivax planeja, este ano, superar os resultados de 2013, quando faturou R$ 47,7 milhões. “Conseguimos viabilizar vendas em novos mercados e temos a expectativa de crescimento de 20% no volume de vendas”, avalia Fernando Amorim Silveira, gerente comercial da Reivax. Focada no atendimento da Ásia, África, Europa e Oceania, a Reivax of Switzerland viabilizou recentemente a entrada da empresa no mercado asiático, onde há países em fase de crescimento forte realizando investimentos em infraestrutura e geração de energia. Em 2013, as exportações corresponderam a 43% do faturamento da empresa. “Estamos ampliando para expandir a marca e não depender tanto do mercado brasileiro”, afirma Silveira.
Welle Laser
Luz do futuro Líder no mercado de marcação a laser, a Welle é uma das empresas que mais crescem no País atualmente por Mariana Rosa
mariana@empreendedor.com.br
Prestes a completar seis anos, a Welle Laser, fundada pelos irmãos Gabriel e Rafael Bottós, naturais de Brusque (SC), é líder nacional em marcação a laser e planeja entrar nos mercados da Europa e Estados Unidos a partir de 2015. Formados em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), ainda durante a graduação os irmãos tiveram contato, por meio de um programa de intercâmbio, com a tecnologia de laser de fibra desenvolvida na Alemanha pelo Institut für Lasertechnik da Fraunhofer, maior organização de pesquisa aplicada da Europa. Os empreendedores foram pioneiros no desenvolvimento em escala desta tecnologia no Brasil e hoje lideram o negócio que mais cresce no País, segundo o Ranking Exame PME, no qual obtiveram o primeiro lugar este ano. A empresa possui 10 pedidos de patente em
andamento, referentes à tecnologia laser e às máquinas de gravação, que possuem estrutura modularizada para facilitar a fabricação. O laser de fibra é 30% mais eficiente do que outros tipos de feixes de luz e tem maior tempo de vida que, no caso das máquinas desenvolvidas pela Welle Laser, é de 10 anos de operação seguida, totalizando 100 mil horas. A principal aplicação da técnica atualmente é gravação de ferramentas e de produtos eletroeletrônicos, de autopeças, de linha branca e de metal sanitário. Em relação a outros métodos, como tampografia e etiqueta, a principal vantagem é que a gravação é feita de forma permanente e sem contato físico, preservando ao máximo o material das peças. Outro aspecto positivo é a relação custo-benefício. Apesar de ser até três vezes mais cara do que as demais opções, a máquina desenvolvida
pela Welle tem payback (tempo de recuperação do capital investido) elevado, já que não há tantos gastos de manutenção como, por exemplo, com a reposição de tinta. Por outro lado, há restrições quanto à possibilidade de marcação colorida e ao volume de peças gravadas, que deve ser superior a 500 peças por mês para que a operação compense. Rafael destaca que um dos fatores que tem atraído os clientes é a possibilidade de rastrear as peças industriais. A partir da marcação de um código matricial, é possível registrar as principais informações sobre as condições de produção do item, o que pode ser útil, por exemplo, para indicar a ocorrência de falha mecânica no caso de acidentes. Segundo ele, o serviço tem sido um dos mais procurados pelos clientes da Welle, que tem na carteira marcas como Docol, Bosch, Brastemp e Consul – as duas últimas com desenvolvimento de tecnologia exclusiva para suas linhas. Incubada pelo Centro Empresarial para Laboração de Tecnologias Avançadas (Celta), órgão da Fundação Certi, em Florianópolis, onde é realizada a produção atualmente, a Welle Laser pretende se mudar para uma sede própria na região em 2015, quando também deve lançar serviços de soldagem e corte a laser. “Vamos manter o foco em tecnologia laser, nosso objetivo é ser a maior referência americana e uma das maiores do mundo na área”, afirma Rafael Bottós. Além do ranking Exame PME, o negócio foi reconhecido pela Endeavor, que concedeu a Welle a maior nota entre todos os seus processos de seleção, que são internacionais. “É preciso fazer acontecer, ser responsável pela mudança que quer ver na sociedade”, comenta Rafael sobre a importância da cultura empreendedora para a Welle.
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Fundação: 2008 Sede: Florianópolis Faturamento: R$ 16 milhões Crescimento anual: 1.800% Patentes (solicitadas): 10 www.wellelaser.com.br
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Zagonel
Cidade natal: Pinhalzinho (SC) Luiz Zagonel Idade: 50 anos Roberto Zagonel Idade: 48 Data de fundação: 1 de julho de 1989 Cidade sede: Pinhalzinho (SC) Ramo: Aquecimento de água, iluminação LED, desenvolvimento de projetos, serviços de ferramentaria e injeção de plásticos Funcionários: 220 Percentual do faturamento investido em inovação: 5%
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por Raquel Rezende
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raquel@empreendedor.com.br
Irmãos Perseverança Luiz e Roberto Zagonel, da Eletro Zagonel, desenvolveram, após muito empenho, uma ducha eletrônica que revolucionou o mercado
Em Pinhalzinho, uma cidade com cerca de 16 mil habitantes, localizada no Oeste de Santa Catarina, começou de forma totalmente despretensiosa a Eletro Zagonel Ltda., em 1989. Os irmãos Luiz e Roberto Zagonel, na época com 25 e 23 anos respectivamente, fundaram a empresa com a intenção de consertar bombas elétricas, chuveiros e eletrodomésticos da pequena população da cidade. Os irmãos tinham no seu íntimo muitas
ideias empreendedoras, mas não possuíam recursos para colocá-las em prática. Diante disso, eles seguiram buscando informações e conhecimentos em cursos, feiras, congressos, debates e publicações técnicas para aperfeiçoar o negócio. Em 1992, iniciaram a fabricação de aparelhos de eletrificação de cerca, um nicho de mercado na época em Pinhalzinho, já que a maioria da população se concentrava na zona rural. E, em 1994, após
a Ducha Master Eletrônica, entregando ao cliente um produto que proporciona banho confortável com regulagem de temperatura a distância e seguro por ter resistência blindada – o único no segmento. A ducha ainda oferece economia de água e energia elétrica. Com o passar dos anos, a Eletro Zagonel se manteve atenta às tendências do seu ramo e aumentou a busca por qualidade e eficiência dos produtos. Em 1999, a empresa decidiu trocar a resistência blindada por uma resistência espiral, buscando diminuir custos e aumentar a eficiência, tornando-a mais competitiva. Aos poucos, a empresa começou a expandir suas vendas e a segurança nos negócios também foi avançando, permitindo a contratação de representantes comerciais, hoje 120 em todo o País. Os irmãos lembram que naquela época a Eletro Zagonel passou por processo de adaptação de produção, aplicando tecnologia e contratando colaboradores capacitados e dedicados à empresa. A preocupação para que a capacidade produtiva estivesse alinhada ao bem-estar dos colaboradores foi sempre uma questão importante para Luiz e Roberto Zagonel. Atualmente, os irmãos lidam com 220 colaboradores em duas unidades fabris e sentem que, apesar de suas funções serem dissolvidas em seus departamentos, a responsabilidade e o comprometimento nas tomadas de decisão só aumentou. O caminho da inovação na Eletro Zagonel começa com a opinião sobre os produtos e
necessidades do mercado vinda dos contatos comerciais e dos consumidores. O departamento comercial da empresa, por sua vez, faz esse levantamento de informações e repassa ao setor de PD&I (Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação) que apura os custos e analisa a viabilidade para desenvolver o projeto. Muitas vezes, essa análise é feita por segmento de mercado, diagnosticando fatores que possam inová-lo. Um exemplo positivo desse processo foi o que resultou na “Torneira Pratica”. A torneira eletrônica possui um sistema que permite uma troca gradual e progressiva de temperatura, tem uma bica giratória e arejador. O produto inovador ainda garante, em média, 60% de economia de energia elétrica. Outra linha inovadora de produtos, resultante de algumas destas análises de mercado, apontou para o desenvolvimento de produtos de iluminação do tipo led z-light, voltados para iluminar ambientes profissionais e de emergência. Neste ano, a Eletro Zagonel lançou essa linha de produtos brasileira desde o seu projeto até sua produção, segmento no qual busca ser referência. E como forma de fortalecimento passou a oferecer serviços de ferramentaria de moldes, desenvolvimento de produtos e injeção de plásticos. Para o futuro, a Eletro Zagonel planeja se especializar no segmento de aquecimento de água com a utilização de energia solar e desenvolver a automatização dos chuveiros e torneiras, aplicando ainda mais tecnologia nos produtos.
Quando interrogados sobre como uma simples oficina de eletrodomésticos de Pinhalzinho (SC) evoluiu para a empresa inovadora que é hoje, os irmãos enfatizam a busca por conhecimento como o principal fator
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anos de pesquisa e perseverança, os irmãos criaram a “Ducha Master Eletrônica”, atualmente, o principal produto da empresa. No ano seguinte, a ducha, com regulagem a distância e priorizando a economia de água, é lançada e aprovada pelo mercado. Os pedidos dos clientes começaram a aumentar de forma significativa e as inovações realizadas pelos irmãos não pararam. Quando interrogados sobre como uma simples loja de consertos de eletrodomésticos evoluiu para a empresa inovadora que é a Eletro Zagonel hoje, os irmãos enfatizam a busca por conhecimento como o principal fator impulsionador do negócio. Nas palavras de Roberto, o trabalho de um empreendedor é buscar conhecimentos e, através deles, trazer inovação à empresa. E Luiz complementa que o conhecimento unido ao trabalho e à dedicação resultou na fórmula de sucesso da companhia. A participação em inúmeros eventos também deu origem a diversas parcerias comerciais e amizades. Para ter a ideia de desenvolver a primeira ducha eletrônica do mercado, Luiz e Roberto observaram, durante muito tempo, que o mercado não possuía um produto capaz de atender às necessidades de um banho confortável, com a temperatura esperada pelo consumidor e com uma regulagem prática e fácil. Após constatar o fato, os irmãos foram atrás de informações em cursos e procuraram conhecimentos técnicos fazendo pesquisas. Dessa maneira, criaram
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Plástico sustentável
Minaplast, de Urussanga, é a primeira empresa brasileira a produzir copos descartáveis compostáveis por Mariana Rosa
mariana@empreendedor.com.br
Mais do que biodegradável, um produto compostável é aquele que pode ser considerado ecológico do início ao fim de seu ciclo produtivo, ou seja, desenvolvido a partir de recursos renováveis e reciclável após o consumo. Obtido do açúcar de plantas como milho e cana de açúcar, o PLA (ácido polilático) é uma das matérias-primas deste tipo que pode ser utilizada para fabricação de plástico em alternativa ao poliestireno, derivado do petróleo. Fabricada apenas no exterior, a opção começa a ser utilizada em Santa Catarina pela Minaplast, indústria de descartáveis da Região Sul do estado, na cidade de Urussanga, que lançou, em março deste ano, o primeiro copo descartável compostável do Brasil.
Batizado de Green by Minaplast, o produto é feito à base de PLA e se decompõe no prazo de seis meses em usinas de compostagem, sem necessidade de aditivos. Não há presença de compostos de metais pesados nem de resíduos tóxicos. Em relação ao uso, a única restrição é a temperatura – o copo Green não pode ser utilizado para bebidas quentes. A empresa, que buscava uma solução do tipo desde 2008, começou a trabalhar no projeto em 2012 após conhecer a tecnologia da Nature Works, empresa norte-americana especializada na fabricação da matéria-prima a partir do milho. Outras fontes estão sendo estudadas pela empresa catarinense, por enquanto a importação é a alternativa mais econômica. Desde março, a Minaplast importou 20 toneladas de PLA e produziu 100 mil copos
compostáveis – quantidade pequena em relação à produção total de poliestireno, de 650 toneladas por mês. Um dos entraves à produção do copo Green é o custo, que inicialmente chegava ao dobro dos produtos feitos com plástico comum e hoje está 40% maior. “Pretendemos diminuir ainda mais, para melhorar a produtividade”, afirma Hemerson De Villa, da terceira geração da família na direção da Minaplast. A fim de tornar o item mais atraente aos varejistas, para quem o preço fica 50% mais caro em comparação aos outros copos, recentemente foram realizadas mudanças no design das peças e na operação do maquinário, desenvolvido por equipe própria, para otimizar o processo de fabricação. “Sem dúvida, existe interesse, mas por enquanto esbarra no preço”, avalia De Villa, que planeja ampliar o uso do PLA para as demais linhas de produtos da Minaplast futuramente. “Infelizmente hoje ainda é um nicho pequeno. Vamos manter ambas as opções, poliestireno e PLA. Enquanto o plástico tradicional for mais em conta, seu mercado será maior”, afirma De Villa, que atribui as resistências à opção sustentável à falta de cultura de inovação no segmento. A reciclagem também faz parte dos processos internos da Minaplast, que procura reaproveitar 100% da matériaprima excedente na produção de plástico – são cerca de 20 a 40 quilogramas de plástico para cada 100 copos de plástico tradicional produzidos.
empreendedor | Setembro 2014
Minaplast
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Fundação: 1977 Sede: Urussanga (SC) Funcionários: 250 Faturamento: R$ 73 milhões www.minaplast.com.br
Empresa de fibra por Mariana Rosa
mariana@empreendedor.com.br
Há 20 anos no mercado, a Cianet começou focada na área de switch internet, técnica para redes de comunicação interna, na qual possui duas patentes registradas. Investindo também em provedores de internet e técnicas de cabeamento, atualmente a empresa tem como carro-chefe a tecnologia FTTH (Fiber to the Home, fibra para o lar), que utiliza fibra ótica para fornecer serviços de internet com alta qualidade e velocidade – até 10 GB. Sediada em Florianópolis, a empresa é a segunda do estado de Santa Catarina a mais crescer no País segundo o ranking Exame PME, divulgado em agosto, no qual obteve a 53ª colocação entre 250 participantes.
A fibra ótica também pode ser utilizada para o fornecimento de sinal para televisão digital, nicho que disputa com o Kingrus. Apresentada em agosto durante a Feira e Congresso da Associação Brasileira de TV por Assinatura, a solução utiliza a tecnologia de IPTV (Internet Protocol Television). O diferencial do aparelho em relação à atual tecnologia disponível no mercado brasileiro é que além de ser digital, seu sinal é emitido via IP, o que permite ao assinante do conteúdo a mesma interatividade que possui ao navegar na internet. A solução foi desenvolvida para operar em diferentes plataformas, permitindo o acesso do conteúdo da televisão também via smartphones e tablets. “Nosso conceito é que o usuário tenha acesso ao que quiser, quando quiser, onde estiver”, afirma Ricardo May, atual presidente da Cianet que até o primeiro semestre deste ano gerenciou o setor de Pesquisa e Desenvolvimento. Sob o aspecto comercial, a tecnologia possibilita a integração da publicidade veiculada com sites de e-commerce dos respectivos produtos. Módulo que a Cianet planeja desenvolver no produto futuramente, a partir de um recurso do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômicoe Social (BNDES) previsto para ser liberado no final deste ano. Além disso, permite visualizar a audiência em tempo
real. Em relação às tecnologias semelhantes no exterior, um dos aspectos no qual a Kingrus se diferencia é a ligação com câmeras IP externas, possibilitando ao assinante instalar pontos para transmissão de imagens em tempo real. Mais dois processos de patente foram solicitados pela Cianet referentes ao Kingrus. Em 2013, a empresa investiu em Pesquisa e Desenvolvimento 7% do seu faturamento, de R$ 26,3 milhões. “Nossa primeira área de atuação foi Pesquisa e Desenvolvimento, depois fomos ampliando na medida em que surgiam novas necessidades”, comenta May sobre a importância do setor, que conta atualmente com uma equipe de oito colaboradores, do total de 84 funcionários da empresa.
Cianet
Fundação: 1994 Sede: Florianópolis (SC) Faturamento: R$ 26,3 mil Funcionários: 84 Patentes: 2 registradas e 2 em processo de avaliação www.cianet.ind.br
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A Cianet, que apresenta o segundo maior crescimento no estado, lança tecnologia de IPTV diferenciada
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Neoprospecta oferece a análise de microorganismos mais completa e de menor custo do mercado mundial por Leda Malysz
leda@empreendedor.com.br
Neoprospecta
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Fundação: 2010 Sede: Florianópolis Funcionários: 14 Patente: 1 (método de análise molecular chamado qd-DCR) Faturamento: não revelado www.neoprospecta.com.br
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Melhor e mais barata Com a descoberta de uma nova técnica de organização de moléculas de DNA coletadas de amostras, por exemplo, de ambientes hospitalares, os doutores em genética e biologia molecular pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Marcos Oliveira de Carvalho e Luiz Felipe Valter Oliveira começaram o desenvolvimento de uma análise microbiótica em larga escala que permite
identificar todos os microorganismos presentes em cada amostra recolhida no ambiente. A técnica permite a análise de, no mínimo, 48 e o máximo de 512 amostras por vez, mas em breve poderão ser analisadas 1.024 por vez, com o resultado em cinco dias. Quando as amostras coletadas pela Neoprospecta chegam ao laboratório, os microorganismos estão misturados, e o
dos dados de maneira dinâmica. São gerados gráficos que pontuam as zonas infectadas diretamente na planta do hospital ou que rastreiam a contaminação, se ela foi do ponto A para o B, entre outras informações. O resultado é a redução de custo para os clientes, diz o diretor. “Temos o melhor preço do mundo. Existem outras duas importantes empresas que realizam análises microbióticas pelo DNA, a Ubiome, dos Estados Unidos, e a Enterome, da França, mas estas analisam mais os microorganismos que estão no paciente e não no meio ambiente”, explica. Ele compara que enquanto nos Estados Unidos o custo pode ser de 300 dólares por análise; no Brasil, pela Neoprospecta, ele cai para 80 dólares. Carvalho afirma que a aplicação da análise de microorganismos no hospital, de forma contínua e constante, pode até zerar os casos de infecção de um estabelecimento de saúde. “Isso é muito importante quando consideramos que 100 mil pessoas morrem todo ano no Brasil por infecção hospitalar, o dobro do número de mortes no trânsito. Falta conscientização do problema. Já encontramos UTIs com até 50% de pessoas contaminadas, e corremos o risco de estes microorganismos se tornarem resistentes a antibióticos e se transformarem nas chamadas superbactérias.” Hoje, em total operação, a empresa já está atendendo a hospitais, mas não revela faturamento. Marcelo afirma que todo o investimento é em inovação. “Temos apenas uma patente nacional do método molecular de análise chamado qd-DCR. Fizemos a escolha de manter grande parte de nosso conhecimento como segredo industrial, porque para patentear teria que descrever partes importantes da tecnologia, e isso poderia dar vantagens a eventuais concorrentes”, acrescenta. A Neoprospecta foi criada em 2010 pelos então colegas de doutorado. A decisão de serem empreendedores surgiu após um evento organizado por eles na UFRGS. Semanas depois, inscreveram-se no Prêmio Santander de Empreendedo-
rismo e venceram, recebendo R$ 50 mil e um curso de empreendedorismo nos Estados Unidos. Foi quando alugaram uma sala e começaram a empresa. Na metade de 2011, receberam o Prêmio Iberoamericano de Inovação e Empreendedorismo, o que gerou a parceria com um laboratório suíço que trabalha com tecnologia de ponta em sequenciamento de DNA em larga escala. Ano passado, um investidor anjo concedeu R$ 400 mil e, recentemente, conquistaram o investimento de R$ 4 milhões do fundo Cventures Primus. Os sócios utilizaram estes aportes para transferir a sede de Porto Alegre para Florianópolis e contrataram a primeira pesquisadora e o primeiro programador de software. De lá pra cá, validaram o modelo de negócio, construíram seis laboratórios, adquiriram o sequenciador de DNA, e contam com uma equipe formada por seis doutores e dois mestres entre os 14 funcionários.
Linha do tempo 2010
Fundação da empresa e conquista o Prêmio Santander de Empreendedorismo
2011
Prêmio Iberoamericano de Inovação e Empreendedorismo
2013
Recebem o aporte de R$ 400 mil de um investidor anjo
2014
Conquistam R$ 4 milhões do fundo Cventures Primus
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DNA também, explica Carvalho. Então, eles aplicam um método de preparação molecular que permite a visualização de todos os elementos na análise computacional. Cada amostra é capaz de identificar centenas de microorganismos, pois no processo o sinal molecular deles é amplificado exponencialmente. O método se apresenta superior ao tradicional para analisar bactérias, feito por meio de cultura. “Ela tem que crescer e se multiplicar para ser vista, mas nem todas crescem nas condições oferecidas. E mesmo esta coleta e cultura devem ser repetidas para se confirmar o resultado, o que necessita mais tempo e gastos”, aponta o diretor-presidente da Neoprospecta, Marcos Oliveira de Carvalho. Outro grande diferencial da nova análise é a organização dos resultados em um software – também criado por eles – que possibilita o arquivamento
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Softcsul
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Data de fundação: 1993 Cidade-sede: Lages/SC Ramo: Desenvolvimento de sistemas Funcionários: 20 Percentual do faturamento investido em inovação: 30% Representação no exterior: 3 representantes comerciais
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Mergulho no conhecimento A Softecsul, de Lages, desenvolve softwares únicos para diferentes áreas – inclusive para mergulhadores amadores e profissionais – com recursos próprios
“Uma empresa de Lages que comercializa um software para mergulho?” A constante reação de estranheza das pessoas já se tornou comum para Athos Branco, sócio-fundador da Softecsul Inovação, desenvolvedora de um software de registro de mergulhos sediada na maior cidade da Serra Geral em Santa Catarina. Como mergulhador certificado pela CMAS – Confederação Mundial de Atividades Sub-aquáticas desde 1994, Branco cada vez que ia mergulhar fazia o registro do mergulho no Logbook, livro de registros de mergulhos, e sempre pensava em cadastrar o mergulho em um aplicativo, um software de registro específico para esse fim. Com formação em computação, Branco já administrava sua própria empresa, voltada ao desenvolvimento de softwares, desde 1993. Mas foi em 2005 que ele, junto com mais dois sócios, lançou o aplicativo Dive Control, sendo o único no mercado a oferecer esse serviço. Hoje a empresa atende cerca de 7 mil clientes, entre mergulhadores técnicos e recreacionais, em mais de 20 países. No Brasil, a Softecsul conta com 123 revendas para escolas e operadoras de mergulho, tem um representante nos EUA, um em Portugal e um no Japão. Mergulhadores técnicos da Petrobras, de unidades do Corpo de Bombeiros, instrutores de mergulho e mergulhadores recreacionais encontram no software que está disponível em três idiomas – português, inglês e espanhol – a solução para registrar os mergulhos com o propósito de atender a diversos fins. Mesmo sendo criado por uma empresa da serra catarinense, situada a mais de 200 quilômetros do mar, a Softecsul, com o Dive Control, ultrapassou barreiras geográficas e se firmou no mercado, comprovando que a inovação pode acontecer em qualquer lugar. Através da internet, que democratiza conhecimentos e permite que qualquer empresa possa ser observada independente do local onde está, a Softecsul foi conquistando credibilidade. Para chegar à versão atual do Dive Control, Branco trabalha desde o ano 2000 observando o mercado. Na época, só existiam poucas opções e todas elas eram muito simples, disponibilizando poucos recursos, entre eles, unidades de medida imperial para temperatura, profundidade e pressão. Em 2001, Branco concluiu uma pós-gradução em desenvolvi-
mento de software para web e a monografia dele foi baseada na construção de uma página web para registros de mergulhos realizados. Mas o trabalho parou por aí. No ano seguinte, um colaborador da empresa de Branco o procura pedindo uma orientação, uma ideia para escrever também uma monografia de conclusão de curso. Nesse momento, Branco apresenta para seu colaborador o projeto para desenvolver o software de cadastros de mergulhos. “A primeira reação dele foi ‘software de mergulho? Em Lages?’. Depois disso, eu já ouvi essa frase uma centena de vezes”, relembra Branco. Assim, começou a criação do software que foi pensado desde o início para cadastrar dados do mergulho em diferentes sistemas de unidade. Além disso, o Dive Control oferecia vários recursos que foram novidade na época como o planejamento de mergulhos simples e repetitivos com ar comprimido ou nitrox (mistura gasosa composta de nitrogênio e oxigênio, como o ar atmosférico), alertas de manutenção preventiva de equipamentos, possibilidade de registro do mergulho na web para depois ser feito o download desses registros para o software e, por fim, a ferramenta também permitia que o usuário pesquisasse um determinado peixe por peso, tamanho, cores e aparência.
Lançado em 2005, hoje o Dive Control é utilizado por cerca de 7 mil clientes, entre mergulhadores técnicos e recreacionais, em mais de 20 países
Após terminar a fase de intenso trabalho para construir o Dive Control, a empresa de Branco, na época com o nome de Plongez, lança, em 2005, o primeiro software de mergulho do Brasil. O lançamento aconteceu por meio de um site institucional que divulgava a solução e fornecia algumas informações sobre a atividade do mergulho. Por causa disso, no mesmo ano, a Plongez torna-se finalista do “Prêmio Talentos Empreendedores 2005”. E tem seu trabalho reconhecido por duas das maiores publicações especializadas em mergulho, a revista Mergulho e a revista Deco Stop. Para chegar a essa inovação, conquistar mercado e ser reconhecida pelo trabalho desenvolvido, a Softecsul sempre investiu no desenvolvimento de inovações com recursos próprios. A primeira empresa comandada por Branco, a Plongez, criada há 20 anos, nasceu com o objetivo de desenvolver softwares e aplicar a tecnologia como ferramenta para atender às necessidades dos clientes. No início, a empresa oferecia serviços de computação gráfica e consultoria. Depois, passou a desenvolver um software modular de automação comercial que foi um dos primeiros softwares de Santa Catarina totalmente desenvolvido para a plataforma Windows 95. Diante das grandes mudanças tecnológicas ocorridas nos últimos 20 anos, a Plongez passou por todas as versões do Windows, acompanhou os avanços em hardware se multiplicarem e o avanço da internet em rapidez e facilidade. “Agora, ao completar 20 anos, é a Plongez quem muda”, destaca Branco. Ele explica que a empresa se reinventou e veio com um novo nome, uma nova ‘cara’. O empresário garante que a empresa está preparada para realizar novos projetos e participar de diferentes desafios por causa da longa experiência nos negócios, que trouxe bagagem suficiente para atender aos mercados nacional e internacional. No final do ano passado, dando seguimento às inovações, a Softecsul lança o Dive Control para smartphones e tablets com sistema operacional Android e agora se prepara para apresentar ao mercado as versões para Windows Phone e iOS. Além do Dive Control, para este ano, a empresa ainda trabalha para desenvolver três projetos novos: uma solução web/mobile para supermercados, e outra, também web/mobile, para um projeto inovador em segurança no trabalho e outro projeto web que ainda não pode ser revelado.
empreendedor | Setembro 2014
por Raquel Rezende
raquel@empreendedor.com.br
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ESSS
Fundação: 2005 Sede: Florianópolis Funcionários: 130 no Brasil www.esss.com.br
Quase real empreendedor | Setembro 2014
A ESSS desenvolve sistemas de simulação virtual de fenômenos físicos para mais de 500 empresas do Brasil e exterior
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por Leda Malysz
leda@empreendedor.com.br
Criada em 1995, em Florianópolis, a ESSS (Engineering Simulation and Scientific Software) cria simulações de fenômenos físicos para a engenharia. Se uma empresa está desenvolvendo uma nova geladeira, por exemplo, pode testá-la da forma convencional, a partir de protótipos físicos (e arcar com custos e acidentes), ou pode testá-la pela simulação via software. “Criamos um laboratório virtual onde podemos testar inúmeras variáveis, como transferência de calor, testes da capacidade da estrutura, fenômenos físicos, escoamento de ar quente ou frio. Calculamos tudo no computador de forma mais barata e rápida. Para dois fenômenos físicos, são feitos milhares de virtuais, e ainda evitamos acidentes”, afirma o presidente da empresa Clovis Maliska Júnior. O serviço ocorre de duas maneiras: ou a ESSS utiliza os softwares que já possui, recebe uma questão, analisa e fornece a resposta; ou o
cliente encomenda um software de teste customizado e começa a adotá-lo, o que significa treinamento e internalização da tecnologia. Este último é mais requisitado por companhias de desenvolvimento científico de ponta, como Petrobras e Shell. A empresa tem mais de 500 clientes em diversos setores, como aeroespacial, óleo e gás, metal-mecânico, geração de energia, processos químicos e mineração. Maliska explica que a simulação por computador vem sendo desenvolvida há 40 anos e, nos últimos 20 anos, é mais aplicada na área da engenharia. Não inventamos a simulação, nossa inovação está na maneira otimizada e detalhada que realizamos com os clientes. Não vendemos pregos e parafusos”, diz. O investimento em pesquisa e inovação é cerca de 35% do faturamento, e embora esteja intimamente ligada a processos inovadores, a ESSS não registra patentes. “Nosso negócio não é comercializar direitos de uso. Não desenvolvemos tecnologia para gerar patentes. Temos uma cadeia vertical mais interna: o fornecimento de produtos e serviços para o consumidor final.” A ESSS trabalha em parceria com universidades e empresas. “Há momentos em que a indústria precisa do desenvolvimento de algo que ainda necessita de pesquisa fundamental, e entramos em contato com a universidade. Em outros, ela nos procura porque não consegue fazer todo o caminho de transferência de tecnologia solicitada por alguma empresa.” Esta ligação com a universidade remete aos primórdios da ESSS, quando Maliska e outros três colegas começaram a desenvolver softwares customizados para diversos setores da Petrobras. Até hoje continuam prestando serviços à empresa, e ainda seguem ligados à Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), trocando informações e contatos de incentivo a novos projetos e pesquisas. A maior parte da equipe trabalha no Brasil, mas a ESSS tem escritórios na Argentina, Chile, Peru, Colômbia e Estados Unidos, internacionalização iniciada em 2007. Em média, a ESSS cresce 40% ao ano.