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VINHoS DE alTITUDE unindo belos cenários a produtos de alta qualidade, vinícolas catarinenses abrem suas portas para quem quiser provar as delícias do enoturismo
• Por Alexsandro Vanin
SHOW ME 121 Fotos: Photographic (Divulgação)
A Villa Francioni, em São Joaquim, conta com galeria de arte, winebar e visitas guiadas pelo ambiente de produção
O
relevo e o solo, a vegetação e o clima de terras subtropicais a 900 metros acima do nível do mar, mais do que conferir qualidade superior e características únicas aos vinhos e espumantes, compõem um cenário perfeito para viver experiências igualmente singulares. Em Santa Catarina, mais de 10 vinícolas de altitude abrem suas portas para mostrar, em visitas entremeadas de história, seus vinhedos e as etapas de produção. O produto final é degustado com iguarias locais, em ambientes requintados e que valorizam a paisagem. Produzidos a partir de cepas de uvas europeias, os vinhos de altitude catarinenses assemelham-se mais aos vinhos do Velho Mundo do que aos sul-americanos. Bem maturados, são ricos em polifenóis, têm teor alcoólico menor e mais acidez, o que os tornam ideais para acompanhar refeições. Tais propriedades advêm do clima marcado por dias ensolarados e noites frescas mesmo no verão – o que faz as parreiras descansarem – e do solo pedregoso, que ajuda na drenagem das chuvas. Combinação que estende a maturação da uva e concentra mais cor e açúcar na fruta, permitindo a colheita tardia, de março a maio. As intervenções humanas complementam a formação do terroir. Trata-se do manejo correto dos vinhedos (seleção permanente de cachos, por exemplo); dos equipamentos e das técnicas adotadas para a vinificação, como tanques de aço inox para o processamento e barris de carvalho francês para o envelhecimento; assim como o know-how de agrônomos e enólogos brasileiros e estrangeiros. Tudo isso pode ser apreciado em visitas às vinícolas das terras altas
de Santa Catarina. A Villa Francioni, em São Joaquim, é uma das referências – citada inclusive em guias internacionais, como o conceituado Descorchados. Os visitantes seguem o fluxo gravitacional e acompanham de cima todos os estágios de elaboração da bebida, assistidos por um guia especializado. Construída em desníveis para evitar ao máximo o uso de interferências mecânicas na produção, a vinícola é decorada com painéis de mosaico e conta com uma galeria de arte. Depois de mergulhar no universo da produção de vinhos, o grand finale é a degustação dos principais rótulos da vinícola. Isso em um salão com grandes vidraças, de onde é possível avistar os parreirais e o belíssimo pôr-do-sol na coxilha. Boas novas foram reservadas pela Villa Francioni para o verão. Nos fins de semana entrará em funcionamento o Wine Bar Toscano, com pratos baseados em produtos da região, como presunto cru, queijos, salames, carpaccio e bruscheta. A partir de 31 de dezembro, mediante reserva será aberto o restaurante sob comando da chef Marlei Cardoso. Ótimas oportunidades para conhecer o lançamento da estação: o rótulo Dilor, um corte de Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Malbec, Malbec e Petit Verdot. Enogastronomia Outra vinícola de São Joaquim que aposta na harmonização com a gastronomia regional é a Vinhedos do Monte Agudo, apontada pela revista Viagem e Turismo como uma das mais belas da América do Sul. O espaço enogastronômico está situado no ponto mais alto da propriedade, com uma visão de 360º da paisagem. O ideal para a primeira visita é ir durante o almoço
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Um lago e uma floresta de pinheiros emolduram o ambiente onde são servidas as degustações na Villaggio Grando, em Água Doce
ou no fim da tarde para apreciá-la. É nessa hora que a casa promove o sunset, uma degustação de cinco vinhos ao pôr-do-sol, acompanhada de queijos e frios. O almoço ou jantar harmonizado tem carpaccio de frescal, risoto de linguiça serrana reduzido no vinho tinto, truta e torta de maçã – receita exclusiva da chef local e único item do menu não renovado mensalmente. A novidade para o verão é o lançamento do Sinfonia no 11, espumante de método Champenoise. Na Villaggio Bassetti, vinícola de São Joaquim que também faz parte da seleção da Viagem e Turismo, a visita começa pelos vinhedos, passa para a área de vinificação e se encerra na loja, com a degustação de quatro rótulos: um Rosé, dois Sauvignon Blanc e um corte de Cabernet Sauvignon com Merlot. Neste verão a marca lança seu Pinot Noir tinto, que harmoniza com aves e massas com molho vermelho. Referência no Meio Oeste, a Villaggio Grando, no município de
Água Doce, não cobra pela visita guiada. Após percorrer a propriedade, no entanto, o visitante pode pagar pela degustação realizada em uma sala com piano, varanda e vista para um lago e mata de pinheiros – características que a tornam um dos mais belos empreendimentos enoturísticos do Brasil. Já na Vinícola Kranz, de Treze Tílias, o destaque é a mescla de
tradição e tecnologia. Em 2012, a propriedade recebeu o Prêmio Nacional de Inovação, concedido pela Confederação Nacional da Indústria. Depois de conhecer o moderno processo produtivo, o visitante faz uma degustação de espumantes, vinhos, suco e schmier (tipo de geleia) de produção própria, acompanhados de queijo. A novidade é o Espumante Brut Rosé, um charDivulgação
As vinhas carregadas dão boas-vindas ao visitante na Villaggio Bassetti, em São Joaquim
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mat longo ideal para harmonizar com peixes e frutos do mar, massas à base de molho branco, carnes brancas e queijos leves.
Fotos: Mônica Corrêa (Divulgação)
Opções de hospedagem A partir de março de 2016, a Vinícola Leone di Venezia, de São Joaquim, acolherá seus visitantes em quatro suítes. Os hóspedes poderão acompanhar as atividades realizadas nos vinhedos, como podas, desfolhas e colheita, até a elaboração dos vinhos. Entre os sete rótulos a serem lançados em janeiro, destaque para os brancos das uvas Gewurztraminer e Garganega e o tinto assemblage Palazzo Ducale – frutado, fresco e elegante, sem passagem por carvalho. Em Urupema, a Fazenda Quinta dos Montes possui apartamentos sofisticados e climatizados, com vista para lindas paisagens. O serviço de hospedagem, no entanto, está suspenso temporariamente. A vinícola está aberta apenas para passeios pela propriedade, almoço aos domingos e degustação de vinhos nos fins de semana, mediante reserva. A boa nova da estação é o Sincelo, um Malbec sem passagem por barricas. Tão prazeroso quanto beber uma taça de vinho é poder vivenciar o trabalho de uma vinícola, despertar sentidos ao harmonizá-lo com iguarias típicas do local, apreciar a paisagem e conversar com os responsáveis pela produção. “A elaboração dos vinhos não é trabalho solitário do enólogo e às vezes toda a família é envolvida. Vamos fazendo provas com porcentagens diferentes até chegar a uma opinião em comum. Amamos o que fazemos e este é o nosso diferencial”, diz Patrícia Ferraz, sócia-diretora da Monte Agudo.•
Na Monte Agudo, o espaço de enogastronomia oferece uma vista de 360o da propriedade