As fontes do Islã

Mamluk Alcorão / Foto © Revista de Artes Islâmicas.

As fontes do Islã

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São as fontes do Islam, primeiro o Alcorão Sagrado, e depois o que chamamos de Literatura do Hadith (pl. Ahadith que compõe a Sunnah ou

‏.(ﷺProfeta Tradição do

O Alcorão é um livro revelado pelo Anjo Gabriel a um Profeta analfabeto ‏,ﷺ sendo em si um grande milagre, tanto pela sua linguagem culta, como pela matemática das letras e palavras. Em seus 6236 ou 6600 versículos - existem vários números a depender da forma de contagem, apresenta uma construção poética que foge aos padrões culturais contemporâneos ao período em que foi revelado.

Descreve inúmeros milagres científicos desconhecidos na época - como as ondas submarinas, e o fato do universo ainda estar em expansão. Faz previsões que se concretizaram, exemplos, a derrota dos Bizantinos, o achado do corpo do Faraó. Trata-se de um prodígio pela sua eloquência universal, proposta ética, e inovação de direitos.

À época, poetas e literatos foram desafiados a reproduzir uma única sura como a do Alcorão, e não foram capazes, assim como até hoje. Um tal livro, que já não poderia ser produzido pelos melhores homens cultos da época, ser revelado a um analfabeto seria algo muito mais absurdo do que um menino de uma precária escola primária escrever Os Lusíadas. Assim sendo, o Alcorão não foi composto, mas é revelação divina plena, confirmando as escrituras anteriores – Torah, Salmos, Evangelho.

Existem Ahadith fortes, fracos, e aqueles que foram descartados como fabricados. Os Ahadith são, portanto, objeto de um rigoroso estudo de especialistas que dedicam suas vidas a ler estas narrativas, que estão compiladas em coleções enormes, como as de Muslim, Bukhari, Tirmizi, Nasa’i, Abu Dawud, Malik, Ibn Majah.

O conjunto dessas seis obras é conhecido em árabe como Kutub Sitta (Os seis livros) sendo estas as mais autorizativas vozes na ciência da Narratologia Profética. No entanto, esta ciência não se esgota nestas seis grandes enciclopédias, podemos encontrar outras coletâneas como as famosas 40 Hadith Qudsi, 40 Hadith Nawawi e Riyad as-Salihin. Tudo isso junto enche uma pequena biblioteca.

Esta é uma das razões pela qual devemos adotar um Madhhab (Escola de Jurisprudência), pois sozinhos e sem o suporte de uma escola de pensamento com sábios e uma metodologia, torna-se impossível fazer o estudo desse imenso material. Derivam destas fontes básicas os estudos de Tafsir (interpretação corânica), estudos enormes de Fiqh (jurisprudência), Aqeedah (crença e teologia), Usul (Fundamentos das Ciências Islâmicas), formando uma vastíssima bibliografia de sábios e escolas de pensamento islâmico clássicas em diversas áreas do que chamamos de Ciências Islâmicas.

A Sunnah (Tradição) já tem por base os Ahadith ou ditos do Profeta ‏,ﷺ que são um conjunto de dezenas ou centenas de milhares de relatos de falas e comportamento do Profeta Muhammad (saws), classificados por sua força de acordo com a cadeia de transmissão. O Profeta (saws) falava e agia em completa obediência às revelações que recebia de Allah através do anjo Gabriel. Por isso, interessa aos muçulmanos imitar seu modo de vida, e tê-lo como paradigma de atitude em diferentes situações.

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As fontes da jurisprudência Islâmica (Adilla-i Shar’iyya), compreendem tanto as fontes primárias do Islam, ou seja, Alcorão e Sunnah como também campos próprios da jurisprudência como o consenso dos sábios (Ijma-i Ummah), seguido das analogias (Qiyas-i Fuqaha) e por último o livre pensar (ijtihad). Este último é um privilégio dos sábios que chegaram ao nível de autoridades nos fundamentos legais islâmicos (mujtahid) e é aplicável somente em tópicos onde não há clareza ou informações suficientes nas fontes primárias.

Na aplicação da Jurisprudência (Fiqh) a qual a escola Hanafi é uma de suas interpretações, temos como fontes primárias o Alcorão, em seguida a Sunnah (Ahadith).

O mesmo não se pode afirmar em relação aos Evangelhos, que surgiram dois a três séculos após Jesus (as), vindos de tradições orais, sendo registrados em diversas línguas (grego, aramaico), passando por traduções e depois por uma compilação violenta e bem conhecida pelos historiadores no Concílio de Nicéia, havendo destruição de mais de 300 evangelhos originais e, ao longo do tempo, o texto sofreu amputações e modificações de seus seguidores. Já o Antigo Testamento que dispomos possui mais de cem mil erros de tradução, além de grande parte do material ser de autoria desconhecida e compilado pelos rabinos ao longo de séculos.

O Islam não aceita raciocínios ou elucubrações que não se fundamentem em evidências. Assim, há o estudo e classificação da autenticidade das narrativas e de suas cadeias de transmissão, podendo defini-las como fortes e confiáveis, fracas ou falsas. Ainda, as narrativas por diferentes narradores podem se coincidir, conferindo força aos fatos

O Alcorão Sagrado, ao contrário de outros livros religiosos, possui historicidade comprovada e documentada, pois já foi compilado em papel logo após a morte do Profeta Muhammad (saws) pelos seus companheiros, e este processo está documentado por diversos cronistas de época; ademais, existem exemplares originais de época idênticos, datados e atestados por historiadores, em museus. Assim sendo, qualquer possibilidade de "edição" do texto é descartada.

Ao contrário, o Alcorão possui seu processo de revelação e compilação documentado por testemunhos de cronistas e cadeias de transmissão diversas, e exemplares originais de época idênticos sobreviveram em lugares distantes do mundo; desta forma, sua revelação e autenticidade e originalidade do texto possuem plena historicidade.

Fontes

Pimeira imagem: manuscrito do Alcorão muito raro do período Memluk. Provavelmente foi copiado no século 14 no Cairo ou Damasco. Publicado na Revista de Artes Islâmicas - 'Promoção do Patrimônio Cultural Otomano da Bósnia e Turquia', organizado pela Monolit. segunda imagem; fragmentos de um Alcorão Iluminado Juz' (XXII) em Maghribi Script, norte da África, século 16/17 – https://br.pinterest.com/pin/556827941439063097/

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