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Reforce e direcione a urbanização para comunidades existentes

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Devido á constante urbanização na qual o planeta se encontra, principalmente nas grandes áreas urbanas, presenciamos constantemente o processo de gentrificação, denominado como “o mal urbano do século XXI”.

Gentrificação é compreendido como o ato de enobrecer um determinado espaço urbano a par�r da renovação e inserção de elementos que compõem um espaço, ou seja, é o processo de modificação da paisagem existente com caráter popular para uma paisagem com aspectos �picos da área nobre. Tal processo ocorre geralmente nas áreas centrais dos grandes centros urbanos, onde é comum exis�r construções abandonadas, invasões, cor�ços, bairros históricos em decadência, população de baixa renda.

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O que acontece quando não inclui a comunidade?

As principais consequências que a gentrificação provoca são a hipervalorizarão no valor dos imóveis e aumento no custo de vida, provocando a migração dos moradores an�gos da região para outras áreas e, o fechamento dos comércios locais de pequeno porte que resis�am no local por muitos anos. Desta forma, abrindo espaço para moradores com médio a alto poder econômico residir no local, com isso, ocorre mudança no perfil socioeconômico dos atuais moradores, além da reorganização do desenho urbano, criação de novos serviços, melhoria na infraestrutura, aumento da densidade populacional, etc. Tudo isso podendo resultar na descaracterização total de um bairro.

Muitas vezes o processo é confundido com revitalização urbana, principalmente quando acontece de forma velada e carregando o discurso de que a área gentrificada só seria capaz de ter vida após tal “melhoria”, atribuindo assim uma dimensão posi�va para a gentrificação. Porém, analisando pela perspec�va da saúde do meio urbano e das pessoas que construíram e constroem a história do bairro e da cidade, o processo produz muito mais resultados nega�vos do que posi�vos.

Normalmente a gentrificação é feita pelo órgão civil (empresas privadas) aliado ao poder publico e, na maioria das vezes, os gestores públicos usam tal aliança para ganhar bene�cios, tais como financiamento de suas campanhas eleitorais e/ou cargos públicos, dos quais a população não entra como prioridade. A cidade do Recife assim como outras áreas do Brasil, está sofrendo com o processo de gentrificação, principalmente nos bairros an�gos, tais como o da Boa Vista, Santo Amaro, São José e Santo Antônio. Atualmente é comum nestes bairros presenciar a construção e venda de novos empreendimentos habitacionais voltados para as classes médias e altas, pois tais localidades contém grande potencial para habitação, serviços, turismo e lazer, mas que por fatores polí�cos estão esquecidos, ocasionando baixo valor da área por metro quadrado o que contribui para que empresas privadas sintam-se mo�vadas a construir nesses locais. Um exemplo de tal acontecimento é o empreendimento Arcos da Aurora Prince desenvolvido pela Pernambuco Construtora, o edi�cio fica localizado em um dos principais pontos turís�cos da cidade, bairro da Boa Vista - Rua da Aurora ás margens do Rio Capibaribe (ver imagem 3 e 4).

Com a construção desse empreendimento, entre outros, as áreas que antes �nham ausência de vida durante os horários mais preocupantes para a população (após as 17h30min), que a criminalidade era favorecida e que muitas pessoas �nham medo e ou falta de interesse em ali morar, agora encontra o local como opção de moradia, pois por ser uma área onde abriga um empreendimento de médio a alto nível social, o poder público aliado ao privado passa a ter maior interesse em levar inves�mentos para a região, sa�sfazendo as necessidades dos atuais moradores.

É de suma importância que nossos representantes públicos não proporcionem infraestrutura de qualidade, lazer, turismo, mix de serviços e habitação apenas para áreas onde permanecem indivíduos com alto poder aquisi�vo, visto que a cidade é para as pessoas, sejam elas pobres ou ricas. Pois ao olhar apenas para áreas com renda per capita média a alta, esta favorecendo o surgimento da especulação imobiliária e de certo a gentrificação. Já sabemos que tal termo não é sinônimo de revitalização urbana, e que deve ser evitada, então, é preciso que os órgãos competentes ao desenvolvimento das cidades repensem seu modo operante de fazer inves�mento habitacional e urbano, que profissionais de urbanismo possam estar interligados e a frente dos projetos voltados para o meio urbano, além da importante par�cipação das pessoas, visto que, são elas que irão u�lizar, proteger, manter e enriquecer as áreas a serem trabalhadas.

Para conseguir um melhor resultado na par�cipação da população é necessário que profissionais da área de urbanismo vão até o local a ser revitalizado e inicie um mu�rão cole�vo onde abordem o obje�vo e as necessidades da comunidade, além de, analisar os padrões de uso do solo, edificações, os usos, os �pos de vias, a renda per capita familiar, se existem locais para recreação, para o convívio cole�vo e social, se existem presença de espaços voltados para a área educacional, profissional e de saúde, entre outros.

A finalidade desse método é coletar as preferências, desafios e potenciais da comunidade afim de após uma análise e conclusão dos dados ob�dos, desenvolver e ou qualificar o plano urbanís�co e o código de zoneamento da cidade,

Seguindo a didá�ca citada anteriormente, é esperado que ocorra o desenvolvimento dos bairros urbanos de forma qualita�va, que os conceitos de completude, compacidade, biofilia e conec�vidade sejam presentes na área, afim de, criar um espaço onde a dignidade humana e do meio construído seja tangível.

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