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Recife, DOM - 23/11/2014
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Recife de Coração chega a Joana Bezerra
Projeto da prefeitura vai levar atividades de lazer, esportes, cultura e saúde ao bairro das 10h às 17h. FOTOS: RICARDO FERNANDES/DP/D.A PRESS
JULIO JACOBINA/DP/D.A PRESS
Uma luz no combate às infecções Estudante da UPE cria equipamento que emite luz em frequência capaz de matar bactérias resistentes aos antibióticos ALICE DE SOUZA Alicesouza.pe@dabr.com.br
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ubstituir antibióticos por luz no tratamento de infecções causadas por bactérias multirresistentes é uma realidade que está mais próxima dos pernambucanos. Um estudante de engenharia elétrica-eletrotécnica da Universidade de Pernambuco (UPE) desenvolveu este ano, durante estágio no Wellman Center, laboratório de Harvard e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), dois equipamentos capazes de irradiar em tecidos humanos luz em uma frequência que mata em cerca de uma hora micro-organismos imunes ao tratamento comum. Caio Guimarães, 23 anos, esteve no Wellman Center por meio do programa Ciências Sem Fronteiras e participou de pesquisa patrocinada pelo exército norte-americano para encontrar meios de eliminar a bactéria Acinetobacter baumannii, encontrada em ferimentos de soldados no Iraque e resistente a 21 antibióticos. Quando Caio se integrou ao grupo, os norte-americanos já haviam descoberto que certas frequências de luz visível eram capazes de atacar o DNA de bactérias, eliminando-as. Testes em ratos mataram micro-organismos em 62 minutos. Caio desenvolveu uma espécie de lanterna portátil, com lâmpadas de led calibradas para irradiar uma frequência exata de luz, que é vi-
sível e sem efeitos colaterais no ser humano. Também criou uma microagulha biodegradável para guiar a luz da fonte externa para dentro dos tecidos humanos. “Conseguimos otimizar a entrega de luz em 300%, permitindo atingir bactérias em partes mais profundas. Como é biocompatível, a agulha pode ser absorvida pela pele e tem menor risco de alergia”, explicou. Os dispositivos ganharam o prêmio de público no evento que reuniu os melhores trabalhos do Wellman Center no verão. Em fevereiro de 2015, o trabalho será apresentado no Photonics West, uma conferência de fotomedicina em São Francisco, na Califórnia. No próximo mês, Caio retomará as pesquisas com os professores do Instituto de Ciências Biológicas da UPE Bruno Carvalho e Márcia Morais. Os protótipos serão aplicados em colônias de bactérias encontradas em hospitais do Brasil, associadas aos casos de sepse (infecção generalizada). “O primeiro passo serão testes nas bactérias que podem levar os pacientes à morte”, disse Bruno Carvalho. Atualmente, 25% dos internamentos em leito de UTIs no Brasil acontecem por síndrome séptica, e 55,7% dos pacientes morrem. assista
Caio Guimarães participou de pesquisa nos Estados Unidos que buscava ajuda para os militares em guerra
+ saibamais Como é feita a microagulha
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Uma espécie de silicone líquido é colocado em um molde e levado ao forno
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Ao sair do forno, passa por um cortador a laser
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Em seguida, são feitos pequenos furos no material
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Como funciona a tecnologia de eliminação de bactérias através de uma luz
1. As microagulhas são introduzidas
2.
Uma fonte de luz externa entrega frequências especiais de luz visível (400 a 800 nanômetros de comprimento)
na pele, na região onde está a infecção
3.
A luz que entra dentro de cada microagulha fica presa por uma propriedade física chamada reflexão interna total
5.
A luz permeia toda a região da infecção, reagindo seletivamente com o DNA da bacteria causadora da infecção
6. Experimentos com modelo
animal vivo em laboratório comprovam que a infecção é erradicada em 62 minutos
da agulha para o tecido, porém com maior intensidade na ponta
pernambucano Ciro Gumarães
Depois os filetes são moldados em formato de microagulhas e colados nos furos
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4. A luz é liberada uniformemente
Veja entrevista com o pesquisador
Em uma impressora 3D, são impressos filetes de PLA (material derivado do açúcar de milho)
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Bactérias em que serão testadas as tecnologias no ICB - Bactérias gram-negativas
Fotografe o QR code ao lado com o software leitor do seu celular
Pseudomonas aeruginosa: suscetível de levar à sepse pacientes com organismo debilitado, como pacientes com câncer e doenças imunossupressoras
Klebsiella pneumoniae: pode causar pneumonia, mas é mais comum provocar infecções em pacientes com imunidade baixa
Caio enviou 2 mil e-mails aos EUA
Pesquisas no Brasil prosseguirão no próximo mês
Caio Guimarães chegou ao Wellman Center por sua insistência. Quando terminou os estudos na Hofstra University, em Nova York, pelo Ciências Sem Fronteiras, ele estava decidido a pesquisar junto ao MIT e Harvard. Fez uma busca na internet e listou o nome de vários professores. Mandou mais de dois mil e-mails pedindo uma vaga. Só recebeu duas respostas. Uma delas, do inventor do primeiro laser feito a partir de material humano e
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animal, o ph.D Andy Yun. “Ele não aceitou de primeira. Pediu mais informações. Mandei e, depois de dez dias sem resposta, liguei para ele, que solicitou mais duas cartas de recomendação”, conta Caio. As cartas chegaram, mas a resposta definitiva de Yun só veio depois de outro contato do estudante brasileiro. “Fazia mais de uma semana, já estava agoniado para ligar. Quando estava escrevendo um e-mail, a carta de aceita-
ção chegou.” Yun, nas palavras de uma professora do MIT, havia decidido “ver o que Caio podia oferecer”. Antes de chegar à pesquisa sobre utilização de iluminação para combater bactérias multirresistentes, Caio teve reuniões com quatro pesquisadores do laboratório. A pesquisa foi desenvolvida com a dermatologista Jeesoo An, integrante do time de estudiosos de Andy Yun. “Um talvez foi tudo o que eu sempre precisei na minha vida.”
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Depois de dez dias sem resposta, liguei e ele solicitou mais duas cartas de recomendação” Caio Guimarães estudante da UPE