Toxicologia de Metais Pesados
Prof. Bruno Lemos Cons
GENERALIDADES SOBRE OS METAIS 80 dos 105 elementos da Tabela Periódica são metais > 30 deles são tóxicos para os humanos – metais pesados (cerca de 20) – metais leves (Al, Be) – metalóides: formam ânions e cátions (As, Se)
alguns deles são essenciais em doses baixas, e tóxicos em doses altas
METAIS DE INTERESSE TOXICOLÓGICO TABELA PERIÓDICA DOS ELEMENTOS
1
H*
Metais alcalinos Metais alcalinos terrosos Metais de transição Metais representativos Metalóides
2
Li Be Na Mg
3
K Ca Sc
4
5
Ti
V
6
7
8
9
10
11
12
14
15
B
C
N* O* F* Ne* P
17
He*
13
Al Si
16
18
S Cl* Ar*
Cr Mn Fe Co Ni Cu Zn Ga Ge As Se Br Kr*
Rb Sr
Y
Zr Nb Mo Tc Ru Rh Pd Ag Cd In Sn Sb Te
Cs Ba
Hf Ta W Re Os Ir
Fr Ra
Rf Db Sg Bh Hs Mt
I
Xe*
Pt Au Hg Tl Pb Bi Po At Rn* -
-
-
Lantanídios La Ce Pr Nd Pm Sm Eu Gd Tb Dv Ho Er Tm Yb Lu Actinídios
Ac Th Pa U Np Pu Am Cm Bk Cf Es Fm Md No Lr
METAIS PESADOS • Quando um metal está em forma metálica (Meº), a exposição ao elemento somente pode se dar através da inalação de fumos metálicos gerados por aquecimento a altas temperaturas, ou por abrasão da superfície metálica. • As formas iônicas (os sais e óxidos dos metais), quando manuseadas industrialmente geram grande quantidade de poeira no ambiente de trabalho. Esta poeira pode ser absorvida pelo trato respiratório e digestivo. • A via de excreção mais importante é a urinária, mas há alguma eliminação por fezes, sudorese e descamação cutânea, e ainda, pelo crescimento de fâneros.
FONTES INDUSTRIAIS DE EXPOSIÇÃO AO CHUMBO Mineração, fundição e refinamento de chumbo; produção de ligas (bronze, latão) Corte e solda de metais contendo chumbo [solda eletrônica: Sn + Pb]
Fabricação de acumuladores elétricos chumbo/ácido e recuperação de baterias Fabricação de corantes, tintas, vernizes, esmaltes e pigmentos Esmaltação de cerâmicas Fabricação de “fritadeiras” Fabricação de cabos elétricos, tubos e chapas Fabricação de PVC e outros plásticos; indústria de borracha Jateamento de areia de estruturas metálicas (pontes, navios) Fabricação de armas de fogo e munições Produção e utilização de compostos orgânicos de Pb (antidetonantes) Indústria de cristais (Swarovisky = 32% de PbO)
FONTES NÃO INDUSTRIAIS DE EXPOSIÇÃO AO CHUMBO
Uso de porcelana esmaltada Uso de utensílios em PVC (estearato, sulfeto tribásico e carbonato de chumbo) Fabricação caseira de “chumbadas” de pesca e cartuchos
Uso de tinturas de cabelo a base de chumbo Prática de tiro ao alvo Produção de cerâmica artística caseira Projétil de arma de fogo alojado em articulações ou canal medular [Alimentos enlatados, tintas em brinquedos, água contaminadas por canos de chumbo, gasolina com chumbo...]
COMPOSTOS INORGÂNICOS DE Pb Arsenato de Pb
Pb3(AsO4)2
inseticida
Carbonato de Pb
2PbCo3Pb(OH)2
pigmento branco
Cromato de Pb
PbCrO4
pigmento amarelo
Óxido de Pb
Pb3O4
pigmento vermelho (zarcão)
Monóxido
PbO pigmento amarelo (litargírio) vitrificação (cristal)
Sesquióxido
Pb2O3
paetê; cristal
Peróxido
PbO2
baterias a placas de chumbo
COMPOSTOS ORGÂNICOS DE Pb Acetato de Pb
Pb (C2H3O2)2
tinturas de cabelo
Estearato de Pb
Pb (C18H35O2)2
secante (lacas, vernizes, graxas, ceras)
Chumbo tetraetila
Pb (C2H5)4 antidetonante para gasolina, reações de etilação
Chumbo tetrametila
Pb (CH3)4
antidetonante para gasolina
INTOXICAÇÃO PELO CHUMBO • O trabalhador pode se expor ao chumbo na forma de fumos metálicos ou poeiras de sais e óxidos. • O chumbo funde-se a cerca de 330 C, e pode ser manuseado com segurança até cerca de 550C. Acima desta temperatura há grande geração de fumos metálicos, levando assim a exposição dos trabalhadores.
INTOXICAÇÃO PELO CHUMBO • A intoxicação pelo chumbo inorgânico é também denominada de Saturnismo.
• Esta doença é conhecida desde a antigüidade, quando era comum na mineração da Galena (minério de chumbo) e na metalurgia do metal.
Linha de Burton
SATURNISMO – Indicações – Linhas de Burton
MECANISMOS DE AÇÃO VÁRIOS MECANISMOS DE AÇÃO
Principal mecanismo de ação: inativação e modificação de enzimas e outras macromoléculas, alterações patológicas - ligação com radicais -SH, -H2PO3, -NH2 e -OH) • • • •
membranas celular e mitocondrial síntese e funcionamento de neurotransmissores síntese do heme metabolismo dos nucleotídeos
TOXICOCINÉTICA 1. inalação de fumos ou particulados finos solúveis absorção rápida e extensa: principal via de exposição no ambiente industrial - 50-70% do chumbo que se deposita nos alvéolos é absorvida, dependendo do tamanho da partícula. 2. ingestão absorção de 3 a 10% em adultos e 50% do absorvido eliminado via bile. 45 a 50% em crianças Deficiência em ferro aumenta a absorção do chumbo
3. absorção cutânea: considerável nas formas orgânicas do chumbo
TOXICOCINÉTICA Atravessa as barreiras placentária e hematoencefálica
Eliminação sangue e tecidos moles : meia-vida de 1 a 2 meses ossos : meia-vida de anos ou décadas. Redistribuição lenta tardio dos níveis no sangue Mobilização óssea (osteoporose, mieloma múltiplo) e proximidade com o líquido sinovial antecipa plumbemia
DISTRIBUIÇÃO • Compartimento de permuta – Sangue (t1/2 = 37 dias) – tecidos moles (t1/2 = 40 dias): • fígado: 1 mg/Kg • sangue: 0,8 mg/kg • rins: 0,5 mg/kg • Compartimento de armazenamento: – Ossos (tempo de meia vida: 27 anos) acumulado como trifosfato (substitui o cálcio): • 94 % nos adultos; 73% nas crianças
EXCREÇÃO • Cerca de 90% do chumbo ingerido não é absorvido pelo organismo, sendo excretado pelas fezes na forma de PbS; • Crianças até 2 anos – Retêm 34% do chumbo absorvido, já o adulto é 1%. • No homem, do chumbo absorvido é excretado pela: – urina: 75 % – Secreção gastrointestinais: 25-30 % – Estruturas epiteliais, suor etc.: 8%
DIAGNÓSTICO CLÍNICO Relação dose-efeito
25 a 60 µg/dL
cefaléia, irritabilidade dificuldade de concentração tempo de reação diminuído anemia redução na velocidade de condução nervosa
60 a 80 µg/dL
manifestações gastrintestinais manifestações renais
> 80 µg/dL
manifestações hematopoiéticas manifestações cardiovasculares piora dos efeitos gastrintestinais e renais
> 100 μg/dL
encefalopatia
INTOXICAÇÃO PELO CHUMBO • QUADRO CLÍNICO – fraqueza, cansaço fácil – céfaléia – anemia – sonolência – irritabilidade, nervosismo – epigastralgia (dor na “boca” do estômago) – empachamento pós-prandial
CLÍNICA Intoxicação aguda por chumbo: pouco freqüente ingestão de grandes quantidades dor abdominal anemia hemolítica hepatite encefalopatia
Intoxicações subagudas ou crônicas: mais comuns Efeitos gerais fadiga, mal-estar irritabilidade anorexia, perda de peso insônia redução na libido artralgias e mialgias às vezes, hipertensão
Efeitos gastrintestinais cólicas abdominais náusea constipação às vezes, diarréia
CLÍNICA Efeitos no sistema nervoso central: Cefaléia transtornos de concentração incoordenação motora tremor Encefalopatia: - agitação psicomotora ou letargia - ataxia - convulsões e coma por edema intracraniano Efeitos no sistema nervoso periférico: extremidades superiores fraqueza da musculatura extensora - “punho caído” Chumbo tetraetila mais neurotóxico (principalmente SNC), devido a sua lipossolubilidade
INTOXICAÇÃO PELO CHUMBO
• QUADRO CLÍNICO – Pode evoluir para: • • • • • • •
Dores abdominais em cólica Constipação Impotência sexual Palidez cutânea Anemia Hipertensão arterial Insuficiência renal
INTOXICAÇÃO PELO CHUMBO • Os trabalhadores devem ser acompanhados com monitoramento biológico através, no mínimo, da dosagem da plumbemia e do ácido aminolevulínico.
INTOXICAÇÃO PELO CHUMBO Dosagem de chumbo no sangue (plumbemia - PbS) ou na urina (plumbúria - PbU) coletar as amostras em tubos especiais livres de chumbo. Observar jejum de 4 horas e utilizar tubo com a tampa verde, heparinizado e sem gel. – Crianças: níveis séricos de Pb entre 20 e 44 mcg/dL podem estar associados a alterações comportamentais e cognitivas crônicas; > 44 mcg/dL possuem alta probabilidade de sintomas e lesões graves de SNC de caráter subagudo e crônico. – Adultos: • A encefalopatia e a nefropatia ocorrem geralmente com níveis acima de 100 mcg/dL. • Níveis sanguíneos superiores a 80 mcg/ dL estão relacionados a séria intoxicação, incluindo fortes cólicas abdominais e nefropatia. • Níveis sanguíneos entre 60 e 80 mcg/dL estão geralmente associados a sintomas gastrintestinais e efeitos renais subclínicos.
INTOXICAÇÃO PELO CHUMBO
Níveis de chumbo nos alimentos MERCADORIA
NÍVEIS TÍPICOS (g/kg)
Cereais
60
Raízes e tubérculos
50
Carnes
50
Vegetais
50
Peixes
100
Água para consumo
20
Ovos
20
Bebidas e alimentos enlatados
200
• Os chumbos tetraetila e Impactos tetrametila também são absorvidos através da pele intacta • promotor do câncer.
na Saúde
Mineração (Cr0) ............................................
Extração, fragmentação, secagem, calibragem, separação Transporte, condicionamento do mineral Refinação de ferro-cromo Produção de cimento Portland
Ind. cimento (Cr6+) ..................................... Ind. química (cromatos e dicromatos de Na e K)....................................................................
Produção, uso e armazenamento de compostos cromados, produção de Vit K e ceras Preservação de madeira
Ind. de madeiras (Cr6+) ........................... Manufatura de sapatos (sulfatos de Cr) .........................................................................
Indústria de vidro (Cromato de Pb) .....
Ind. de cerâmicas (dicromato de K) .. Ind. têxtil (cromato de Pb) .......................... Metalurgia (Cr3+) ..........................................
Industria de plásticos e borrachas
Beneficiamento de couro Coloração de vidros e espelhos Coloração de louças e ladrilhos Tintura de tecidos Solda com arco voltaico (aço inoxidável), cromagem de metais, eletrodeposição de cromo, uso como inibidor de corrosão Elemento de plasticidade, anti-ruptura
.....................................................
Manufatura de explosivos (dicromatos de Na) ...............................................
Tipografia (dicromatos de Na) ....................
Oxidação de TNT Aplicação de soluções fotossensíveis
INTOXICAÇÃO PELO CROMO • As maiores fontes de exposição ocupacional de cromo hexavalente são: – os fumos metálicos de ligas com alto teor de cromo, por exemplo, quando o cromo metálico é oxidado à forma iônica (na solda de aço inox, por exemplo), – os sais de cromato usados como pigmentos, – névoas de dicromato de potássio emanadas dos tanques de cromagem.
CARACTERÍSTICAS DO CROMO • Sólido cristalino, extraído da cromita (FeCr2O4) • Quatro formas: cromo metálico (Cr 0) cromo trivalente (Cr 3+) cromo hexavalente (Cr 6+) – – – –
Melhora a dureza dos metais e sua resistência à oxidação Na natureza, encontra-se sobretudo na forma 3+ A maioria do cromo 6+ é produzido pelas atividades humanas Todos têm importância toxicológica
• Ubiquitário: – ar < 0,1 μg/m3 – água 1 a alguns μg/L
TOXICOCINÉTICA • Cr 3+ - nutriente importante para o homem – necessidade diária - 50 a 200 µg
– Cr 3+ inalado se deposita no parênquima pulmonar – concentração pulmonar com a idade, enquanto a dos outros tecidos – totalmente eliminado pela urina • Baixa absorção intestinal do Cr: 0,5 à 2 % Estômago reduz Cr 6+ em Cr 3+, que é pouco absorvido Absorção intestinal do Cr 6+ : – 3 a 6% do total ingerido – 3 a 5 vezes mais absorvido do que o Cr 3+ • Cromatos solúveis são facilmente absorvidos por inalação
TOXICOCINÉTICA •
Baixa absorção cutânea, exceto em caso de saturação queimaduras penetração Dicromato de K (Cr 6+) e cloreto de Cr (Cr 3+) atravessam a barreira cutânea
•
Cr absorvido passa para o sangue e se acumula nas hemácias – passa rapidamente do sangue aos tecidos dosagem no sangue não representativa – aporte de glicose libera o Cr dos tecidos imediato das concentrações no sangue e na urina
•
Metabolizado nos pulmões e hemácias via NADPH: Cr 6+ Cr 3+
•
Eliminação urinaria Eliminação biliar (10%)
•
Cr atravessa a barreira placentária
INTOXICAÇÃO AGUDA • Absorção de sais de Cr inflamação massiva do tubo digestivo necrose da boca ao jejuno Colapso e morte em algumas horas
Dores abdominais Vômitos Diarréia Hematêmese
Se sobrevivência: necrose hepática e renal
Ingestão de fortes doses de Cr 6+ síndrome hepatorrenal coagulopatia severa hemólise intravascular
Vertigens Sensação de sede Dores abdominais Diarréia hemorrágica Casos graves: coma e morte
Dose letal de C 3+ por via oral : 1 a 3 g Dose letal de cromatos por via oral: 50 a 70 mg /kg de peso corporal
INTOXICAÇÃO CRÔNICA • Cr 3+ é um composto natural do organismo Não ha estudos sobre sua toxicidade isolada • Cr 6+ : o aparelho respiratório e o seu órgão-alvo
< 0,002 mg/m3
Epistaxe (sangramento nasal) Rinorréia crônica Irritação, prurido e atrofia da mucosa nasal Perfuração do septo nasal (cromatos) Bronquite e pneumonia Insuficiência respiratória
• Conjuntivites, faringites e laringites trióxido de Cr
INTOXICAÇÃO CRÔNICA • Compostos solubilizados Cr 6+ têm efeito sensibilizante asma
Prurido nasofaríngeo Tosse Broncoespasmo Diminuição do volume máximo respiratório
dermatites alérgicas, principalmente nos braços Eritema cutâneo Pápulas e vesículas secretantes e pruriginosas Ulcerações indolores, podendo atingir as articulações
ÚLCERA DO CROMO
USO DO ARSÊNIO Manufatura de munições Produção de grades de baterias de Arsênio metálico Pb ácido Desfolhante para algodão Herbicidas
Fundidores
Arsênio orgânico: DSMA, MSMA
Agricultores
Indústria de couro Indústria têxteis Madeireiras Indústria de vidros Extração de Au, Co, Cu, Pb
Trióxido de arsênio ou arsênio branco
Tratamento de couro Mordente para tecidos, descorantes Preservante e inseticida Agentes de afinamento de vidro Fundidores
Indústria têxtil Curtumes Indústria pirotécnica
Arsenito de sódio (As3+)
Secagem de tecidos Depiladores de couro Produção de fogos de artifício
Indústria de vidro
Acido arsênico Pentóxido de arsênio
Tratamento para a coloração de vidros
Indústria da cerâmica
Triclorato de arsênio
Impressão colorida
Casos Históricos - Paracelso, tem sua morte suspeita de ter sido causada por auto-ingestão de sais de arsênio. - Napoleão Bonaparte - origem na prisão onde esteve, na ilha de Elba, onde havia materiais vinculados ao elemento Arsênio. No ano de 1995, na cidade de Bangladesh, na Índia, ocorreu uma contaminação por arsênio nas águas consideradas potáveis, gerando uma vasta crise de doenças provenientes desse elemento tóxico.
Casos: As emitido por terreno de fundição de cobre na Bulgária triplicou o número de defeitos congênitos em crianças nascidas de mulheres que moram nesta região. Moradores de Taiwan se contaminaram com água de poço, provocando câncer de pele.
As - TOXICIDADE Formas inorgânicas
As(III) Reduzido no corpo humano
Capacidade de se ligar a grupos sulfidrila
Mais tóxico
As(V)
Desacoplador da fosforilação oxidativa mitocondrial
Comprometimento do reparo e dano ao DNA, instabilidade genônica, danos oxidativos ao DNA – aumento da proliferação celular. Formas orgânicas – ácidos solúveis em água – menos tóxicos
CLÍNICA DA INTOXICAÇÃO POR ARSÊNIO • Intoxicação aguda
Intoxicação crônica
– conjuntivite
– Perfuração do septo nasal
– bronquite e dispnéia
– Irritação da árvore respiratória
– distúrbios gastrintestinais e vômitos
– Eczema, pústula, dermatites das áreas
– choque e morte
Em caso de ingestão: – vômitos intensos e diarréia – edema facial – cãibras – distúrbios cardíacos
Se sobrevivência: – perfuração do septo nasal em algumas semanas – seqüelas neurológicas periféricas
expostas, hiperqueratose, melanoma,
estrias ungueais e câncer de pele – Neuropatia sensorial unilateral, distúrbios motores e parestesias – Anemia e leucopenia
– Câncer de pele – Câncer pulmonar
Intoxicação por arsênico Clínica • Renal agudo
• Necrose tubular aguda, necrose cortical
• Otorrinolaringológicos agudo
• Gosto metálico, irritação de mucosas
Cádmio • O cádmio é encontrado na natureza quase sempre junto com o zinco, em proporções que variam de 1:100 a 1:1000, na maioria dos minérios e solos • É obtido como subproduto da refinação do zinco e de outros minérios, como chumbo-zinco e cobrechumbo-zinco. • A galvanoplastia (processo eletrolítico que consiste em recobrir um metal com outro) é um dos processos industriais que mais utiliza o cádmio (entre 45 a 60% da quantidade produzida por ano).
O Cádmio é Muito Toxico !
•
Fertilizantes ou adubos, são aplicados na agricultura com o intuito de melhorar a produção.
•
O cádmio também contamina o ar quando se fundem rochas para extrair zinco, cobre ou chumbo.
•
Utilizado com fins industriais é obtido como produto da fundição de rochas que contêm zinco, cobre ou chumbo.
FONTES ANTROPOGÊNICAS • Como o Cd é volátil, é eliminado durante o processamento do zinco; Companhia Mercantil Ingá • É utilizado em tintas, baterias, bateriais recarregáveis, estabilizante para o PVC, recobrimento de outros metais, pigmento, galvanoplastia etc. • Nos solos agrícolas, uma fonte direta de introdução é a utilização de fertilizantes fosfatados (depende da origem das rochas de fosfato)
Como • Irritação GI o Cádmio • Pneumonite • Edema Pulmonar • Nefrotoxicidade • Nefrolitíase • Osteomalácia • Provoca Câncer de Pulmões • Câncer de Prôstata • Lesão no Intestino • Substitui o cálcio no metabolismo dos ossos formando osso porosos e quebradiços.
Reage no Corpo ?
INTOXICAÇÃO PELO CADMIO • É um metal tóxico aos rins, pulmões e cancerígeno. • Tem aplicações na eletrônica, na fabricação de baterias recarregáveis, em ligas especiais e no uso como pigmento de tintas. • Além da nefrotoxicidade, no pulmão, causa enfisema, fibrose e doença pulmonar obstrutiva crônica, e está ligado a câncer de pulmão e ao de próstata. • Quando polui o ambiente, pode causar grave doença óssea com fraturas espontâneas, dependendo das características da população afetada, como no caso da doença de Itai-Itai ocorrida no Japão.
Síndrome de itai-itai Cd+2 bastante solúvel em água Maior parte do contato vem da dieta de frutos do mar e outros alimentos de origem animal, batata, trigo, arroz e outros cereais. Devido a similaridade com o Zn, plantas absorvem Cd da água da irrigação Ex: Vale d Rio Jintsu – Japão – Síndrome de Itai-itai Íons Ca+2 dos ossos são substituídos por Cd+2 (mesma carga e mesmo tamanho)
Sídrome de Itai-itai - Cádmio
EFEITOS NO MEIO BIÓTICO • Vegetais: – O cádmio se acumula nas plantas, já que elas não possuem mecanismo para excretar este metal; – O acúmulo é maior nas raízes do que nas partes aéreas das plantas (restringe o movimento do cádmio na cadeia alimentar); – Arroz e trigo assimilam grande quantidade de cádmio de solos contaminados – Captação pela planta é maior quanto menor o pH do solo (chuvas ácidas contribuem para o aumento do Cd nos alimentos).
INTOXICAÇÃO PELO CADMIO • O Cádmio na urina (Cd-U) é um bom indicador, tanto da exposição corrente, como do depósito renal do metal, dependendo de como é a colheita e a interpretação. • O Cd-U como indicador de depósito de metal deve ser colhido após alguns dias de afastamento de trabalho e antes do trabalhador se expor ao metal, não sofrendo assim interferência da exposição diária.
INTOXICAÇÃO PELO CADMIO • No protocolo de exames: – avaliação de Cd-U em todos os exames: préadmissional, periódico e demissional. – avaliação clínica e laboratorial dos órgãos alvo, como raio-X de tórax, testes de função pulmonar e renal (com especial atenção à proteinúria).
MERCÚRIO • Estados de oxidação: 0, 1+, 2+ – Inorgânicos (1+): HgCl, HgCl2, – Orgânicos (2+): CH3Hg+, (CH3)2Hg
• Fontes Naturais: – Vulcões, erosões das rochas, gaseificação d crosta terreste, evaporação dos corpos aquáticos; – Emissões por ano: 25.000 a 125.000 toneladas. – O mercúrio metálico é obtido a partir da refinação de um minério denominado Cinábrio (sulfeto de mercúrio).
MERCÚRIO (Hg) Exposição -Preparo de amálgamas -Produção de aparelhos científicos de precisão -Lâmpadas -Água contaminada -Peixes Temperatura ambiente – estado líquido Vapor – altamente tóxico Liga-se a outros elementos para formar sais inorgânicos Na natureza: Hg0 (Hg elementar), Hg+2 e Hg orgânico
FONTES ANTROPOGÊNICAS
ELETROQUÍMICA (CLORO-ÁCALI)
MATERIAL ELÉTRICO
TOXICOCINÉTICA ABSORÇÃO POR INALAÇÃO • Metálico e orgânico: – devido a sua volatilidade e à lipossolubilidade é preferencialmente absorvido pelos pulmões; – 80% do mercúrio inalado é absorvido a nível alveolar; – A absorção gastrointestinal do mercúrio metálico e desprezível e considerada não tóxica em uma ingestão acidental de pequeno volume (mercúrio de termômetros). •
Sais inorgânicos: – Depende do tamanho da partícula do aerossol inalado; – as partículas menores que 1 micra são absorvidas mais facilmente. – Podem ser absorvidos de 7 a 10% quando ingeridos, e somente 1% após contato com a pele intacta.
TOXICOCINÉTICA ABSORÇÃO POR DIGESTÃO • Mercúrio metálico: – < 0,01% da dose ingerida; • Metilmercúrio – 90 a 100% de absorção oral / 85% absorção trato respiratório; – biotransformado a inorgânico – armazenado no fígado e cérebro – t1/2 ~ 70 dias
• Sais de mercúrio – 2 a 10% dependendo da solubilidade do sal; – armazenado nos rins; – t1/2 ~ 40 dias
TOXICOCINÉTICA ELIMINAÇÃO • Após exposição aos vapores de mercúrio, o metal é eliminado pela via renal na forma mercúrio divalente. • Os compostos mercúricos são eliminados pelas fezes, urina, saliva, suor e lagrimas. • Alguns estudos indicam que o mercúrio armazenado no cérebro é excretado lentamente, com tempo de meia vida de 1 ano.
INTOXICAÇÃO PELO MERCÚRIO • QUADRO CLÍNICO – queixas digestivas, periodontites, estomatite grave com perda de dentes, e infecções bacterianas secundárias nas gengivas. – fraqueza e formigamentos difusos em musculaturas, podendo ser expressão de neuropatia periférica.
– lesões renais – perda de memória recente, da capacidade de concentração, da atenção, da habilidade mecânica, da coordenação motora e mudanças de comportamento
Hg – TOXICIDADE QUADRO CLÍNICO INORGÂNICO: Principal órgão-alvo: rins – doença glomerular imunológica, proteinúria (reversível), necrose do túbulo renal METILMERCÚRIO: - Neurotóxico - Parestesias, ataxia (dificuldade de andar, formar palavras, engolir), fraqueza, perda de visão e adição, tremor. - Coma e morte - Efeito agudo: Edema cerebral
Hg – TOXICIDADE Mecanismo de toxicidade
Hg+2
GRUPAMENTO SULFIDRILA PROTEÍNAS
Danos ou morte celular
-Interrupção da formação de microtúbulos - inibição enzimática -Estresse oxidativo - Interrupção de síntese de proteínas e DNA
INTOXICAÇÃO PELO MERCÚRIO • DIAGNÓSTICO – Levar em conta a história da exposição ocupacional e o quadro clínico. – A exposição deve ser considerada com cuidado, se possível inspecionado o local de trabalho, verificando o histórico de mercúrio urinário e o tempo de exposição total do indivíduo.
– Não progride nem melhora, ficando o paciente estacionado no grau de alteração que possuía ao ser afastado. – Não há tratamento específico para os acometidos pela intoxicação crônica por mercúrio metálico.
INTOXICAÇÃO PELO MERCÚRIO • Recomenda-se a avaliação de Hg-U no exame periódico, e, em caso do resultado apresentar-se acima do índice permitido, deve-se trabalhar na revisão dos controles ambientais, não havendo motivo a priori para afastamento do trabalho.
• Cabelo: com auxílio de tesoura de aço inoxidável e previamente lavada com acetona, cortar em três pontos diferentes na porção posterior do couro cabeludo. A seguir, transferir para envelopes comuns, devidamente identificados e mantidos em temperatura ambiente. O tempo decorrido entre a coleta e a análise das amostras deverá ser inferior a 30 dias. • Sangue: coletar aproximadamente 3 mℓ de sangue contendo heparina como anticoagulante. A seguir, resfriar a –4°C. O tempo decorrido entre a coleta e a análise das amostras deverá ser inferior a 10 dias.
Casos: Minamata – Japão
Iraque – consumo de pão preparado com sementes de cereais que tinham sido tratadas com metilmercúrio como fungicida. Suécia e Canadá – metilmercúrio para tratar sementes reduziu o número de aves de rapina que consumiam pequenos pássaros e mamíferos
Zinco O zinco é também bastante utilizado em galvanoplastias na forma metálica e de sais tais como cloreto, sulfato, cianeto, etc.. A presença de zinco é comum nas águas naturais.
O zinco é um elemento essencial para o crescimento, porém, em concentrações acima de 5,0 mg/L, confere sabor à água e uma certa opalescência à águas alcalinas. A ação desse íon metálico sobre o sistema respiratório dos peixes é semelhante à do níquel. O zinco em quantidades adequadas é um elemento essencial e benéfico para o metabolismo humano, sendo que a atividade da insulina e diversos compostos enzimáticos dependem da sua presença. A deficiência do zinco nos animais pode conduzir ao atraso no crescimento. Os padrões para águas reservadas ao abastecimento público indicam 5,0 mg/L como o valor máximo permissível.
INTOXICAÇÃO PELO ZINCO • O zinco é um metal amplamente difundido na natureza, e está normalmente presente no solo, na água e nos vegetais em quantidades variáveis. • Usado na fabricação de: – inúmeras ligas metálicas, especialmente o latão (cobre com zinco) – na zincagem de superfícies metálicas para proteção – pigmentos – revestimento de pilhas – peças elétricas e eletrônicas – revestimento em telhados e calhas
INTOXICAÇÃO PELO ZINCO • A exposição mais frequente é aos fumos do metal. • Seu efeito é o aparecimento de um quadro de febre algumas horas após a exposição, que atinge, em geral, 39C, e é acompanhada de leucocitose.
INTOXICAÇÃO PELO ZINCO • É um quadro benigno e limitado a algumas horas, conhecido como febre dos fundidores de latão (ou febre dos fumos metálicos), tendo em vista a enorme quantidade de fumos de zinco emanados durante a fabricação dessa liga. • O quadro é causado pela liberação de pirogênio endógeno, e após um episódio, o indivíduo pode não ser afetado nos dias subsequentes, mas depois de alguns dias de afastamento do trabalho.
INTOXICAÇÃO PELO MANGÂNES • O principal uso deste metal (mais de 90% do minério) é a fabricação de ferros-liga, que são ligas metálicas de ferro e manganês, usadas como aditivo do aço. • O manganês também é usado na produção de pilhas, como matéria prima na indústria química, e na fabricação de pesticidas.
INTOXICAÇÃO PELO MANGÂNES
• A exposição e absorção do manganês é semelhante à do chumbo inorgânico, com a absorção de fumos e poeiras de sais e óxidos do metal.
INTOXICAÇÃO PELO MANGÂNES • Causa lesões irreversíveis nos núcleos da base do cérebro, especialmente nos neurônios dopaminérgicos. • As dosagens de manganês no sangue e na urina têm pouco ou nenhum valor.
INTOXICAÇÃO PELO MANGÂNES • QUADRO CLÍNICO – – – – – – – –
alterações de humor (choro x riso) perda de equilíbrio com quedas sem tonturas alterações de marcha (passo de bailarina) retropulsão e propulsão impotência sexual com aumento da libido pesadelos atos compulsivos alucinações
INTOXICAÇÃO PELO MANGÂNES
• Não há monitoramento biológico para o manganês.
Alumínio O alumínio é abundante nas rochas e minerais, sendo considerado elemento de constituição Nas águas de abastecimento e residuárias, aparece como resultado do processo de coagulação em que se emprega sulfato de alumínio. Pequenas quantidades de alumínio do total ingerido são absorvidas pelo aparelho digestivo e quase todo o excesso é evacuado nas fezes. O total de alumínio presente no organismo adulto é da ordem de 50 a 150 mg. O acúmulo de alumínio no homem tem sido associado ao aumento de casos de demência senil do tipo Alzheimer. Brown (1989, apud Moore, 1990) correlacionou o aumento do risco relativo da ocorrência do Mal de Alzheimer com o nível de alumínio na água de abastecimento. Atualmente seu valor máximo permissível é de 0,2 mg/L segundo a Portaria 2914 do Ministério da Saúde. A toxicidade aguda por alumínio metálico e seus compostos é baixa, variando o LD50 oral de algumas centenas a 1.000 mg de alumínio 1 kg peso corpóreo por dia.
Cobalto • São largamente usados quer em laboratório quer na indústria como catalisadores • Componentes de tintas e pigmentos • Multiplos usos como isótopos radioativos
Cobre • É usado como catalisador, como agente dessulfurizante ou ainda como branqueador na indústria petrolífera • Na tinturaria têxtil e como agente oxidante em corantes. • Na pintura de cascos de navios, de madeira ou aço, para proteger da ação desgastante da água do mar. • Usado para sensibilizar superfícies à luz ou como opacificador em esmaltes, vidros e cerâmicas.
• Usado como fungicida, inseticida e como aditivo dos solos. • O metal é utilizado na cunhagem de moedas, fabricação de tubos de canalização, peças decorativas, etc
• Dermatite Intoxicação Cobalto • Síndrome semelhante à Agudo/Crônico asma • Cardiomiopatia • Hipotireoidismo • Policitemia (caracterizada por um número muito alto de células vermelhas no sangue) • Fibrose pulmonar intersticial • Doença hepática • Cegueira • Cirrose • Encefalite (doença de Wilson)
MÉTODO DE IDENTIFICAÇÃO
Peróxido de Hidrogênio + Hidróxido de Sódio Cromato de potássio Carbonato de Sódio Iodeto de Potássio Ácido Sulfúrico
X X
Hidróxido de Sódio
X X Mercúrio
X
X X X X
Amônia Ácido clorídrico diluído Ensaio de Gutzeit Cloreto de estanho Nitrato de prata Gás sulfídrico
X X X X X X X X X X X Cromo
X X X X X Cádmio
DISSOLVE
X X X X
X X Chumbo
X
X X X X X X X X PAPEL Arsênio
TRATAMENTO GERAL DAS INTOXICAÇÕES POR METAIS
TRATAMENTO
• manutenção dos sinais vitais • descontaminação Antídotos: quelantes – – – –
EDTA Dimercaprol D-penicilamina DMPS Todos os quelantes apresentam efeitos adversos
EDTA CaNa2 Esquema e Doses – Ciclos repetidos – 5 a 7 dias – intervalo mínimo entre ciclos = 2 dias
– Associar Dimercaprol na encefalopatia – EV ou IM • dose EV = 15 a 75 mg/kg/dia diluído em SF 0,9% ou SG 5% 500ml em 3 a 4 horas • dose IM = 300 mg 12/12 hs • VO = absorção menor que 5% • aumentar as doses quando houver piora de sintomas
EDTA – Etileno diamin tetra acético
Dimercaprol Doses e duração do tratamento: – 3 mg/kg a cada 4 horas, durante 48 horas – cada 12 horas por 7 a 10 dias – mudança deste esquema conforme o monitoramento da excreção urinária de As ou Pb, se possível Dimercaprol está indicado no tratamento de intoxicações por arsênico, ouro e mercúrio. Em intoxicações agudas por sais de mercúrio, o tratamento é mais eficaz quando iniciado dentro de 1 a 2 horas após a intoxicação; sua eficácia cessa em aproximadamente 6 horas. Também está indicado no tratamento de intoxicações por chumbo quando utilizado em conjunto com EDTA
Principais quelantes em uso clínico terapêutico e suas respectivas indicações AGENTE QUELANTE (nome científico) e [nome comercial]
METAIS QUELADOS E OUTROS USOS TERAPÊUTICOS
Dimercaprol (BAL) ou (2,3-dimercaptopropanol)
As, Hg, Pb, Au
DMPS (ácido dimercapto propanil-1- sulfônico) [Dimaval; Unithiol]
As, Hg, Pb
DMSA (ácido dimercaptosuccínico) [Chemet; Succimer]
Pb, As, Hg, Al
(D-penicilamina) [Cuprimine; Depen]
Cu, Pb, As, Hg, Au, Doença de Wilson, cirrose biliar Pb
EDTACaNa2 (ácido etilenodiamino- tetracético cálcico dissódico) [Versenato de Ca] Desferoxamina (mesilato de desferoxamina) [Desferal; DFO] (N-acetilcisteina) [Acetilcisteina; N-acetil; Mucomyst] (N-acetil-D,L-penicilamina)
Fe
Azul da Prússia (Fe4[Fe(CN)6]3) [Ferrocianeto férrico; Ferrocianeto de K]
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(Dihidrocloreto de trientina) [Trientina; Trien] DTPACaNa3 (ácido dietilenoamino- pentacético cálcico trissódico) FONTE: Modificado de ANGLE, 1995.
Hg, Co, Acetoaminofen Hg Cs, Ta
Cu, Doença de Wilson 239 Pu
Departamento de Medicina Social Resumo de Metais Metal Chumbo inorgânico
Mercúrio metálico Manganês
Principais efeitos
Indicadores NR-7 significado Anemia, neuropatia periférica, Pb-S - indicador de cólica abdominal, nefropatia dose interna ALA-U -indicador de efeito. Tremor, alt. de memória Hg-U recente, comportamento, Indicador de nefropatias exposição excessiva Alt. de marcha, de humor, Não há paralisia espástica
Cádmio
Lesões renais com proteinúria, enfisema pulmonar e câncer de próstata
Cromo hexavalente
Lesões de pele e mucosas e câncer de pulmão
Zinco (fumos)
Febre benigna
Vigilância no controle médico PB-S e ALA-U
Avaliação clínica com busca de alterações neurológicas e renais Clínica a alt. Neurológicas pouco eficiente Cd-U c/ afast. Cd-U e raio-X de exposição tórax, função Depósito pulmonar e renal (com potencialmente lesivo. atenção esp. à proteinúria. Cr-U Clínica de pele e Exposição excessiva mucosas e Raio-X de tórax Não há -