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CRIAR VALOR E CONHECIMENTO PARA AS EMPRESAS ASSOCIADAS
Cristina de Sousa Diretora da IACA
ÍNDICE 03 EDITORIAL 04 ENTREVISTA 1 0 PERSPETIVAS 22 AMBIENTE 26 INVESTIGAÇÃO 40 SPMA NOTÍCIAS 42 DAS EMPRESAS 48 NOTÍCIAS 54 AGENDA
Nesta minha passagem de testemunho para o meu colega e amigo Romão Braz e de acordo com o título e conteúdo desta edição da Revista “AA”, é oportuno fazer um breve balanço dos mandatos a que tive a honra de presidir nos últimos 6 anos. Iniciámos este percurso em 2012, num período marcado pelo plano de ajustamento económico-financeiro negociado com a Tróika, em condições bem difíceis para o País, para as empresas, com impacto negativo no nosso Setor. Enfrentámos inúmeras greves dos trabalhadores portuários, a mais visível em 2016, para as quais estivemos na primeira linha na defesa dos nossos interesses junto do Governo e decisores políticos. Numa linha de continuidade que já vinha de anteriores Direções, o nosso foco continuou a ser a preocupação com o aprovisionamento de matérias-primas e ingredientes para a alimentação animal, em qualidade e disponibilidade, ao mesmo tempo que importava promover a competitividade da Indústria e da Fileira pecuária e a sua capacidade de afirmação no panorama agro-alimentar. Foi um período de grande resiliência e de relançamento do sector agrícola e pecuário na economia nacional e junto da opinião pública, de crescimento das exportações. Num diálogo permanente com a Administração Pública, nacional e internacional, defendemos os interesses dos nossos associados, abrimos a Associação a novas actividades na fileira da alimentação animal e reforçámos as ligações aos nossos congéneres a montante e a jusante da nossa actividade. Reforçámos parcerias com as entidades do conhecimento e da investigação. Apostámos na comunicação, para dentro e fora do nosso universo, melhorámos a Revista, as iniciativas temáticas, as reuniões com as empresas. Em Bruxelas, passámos a representar a Espanha – o grande produtor europeu - e com cargos relevantes no seio da FEFAC, fomos e somos prestigiados, reconhecidos pelo trabalho. No plano interno, lançámos dois projectos claramente estruturais: o alargamento da Associação, que permitiu crescer em número de empresas e em massa crítica, reforçando a SPMA, pioneira, com a então SFPM, das Jornadas de Alimentação Animal, uma referência no sector, que se iniciaram a partir das ideias de Pedro Folque e do saudoso Fernando Anjos; o QUALIACA, que se reforçou, já é bem conhecido de todos e é hoje um instrumento de inegável valor no controlo de qualidade e na criação de confiança dos nossos associados. Destaco ainda a homenagem da CESFAC, em 2014 e o orgulho de continuar a representar a Espanha no Praesidum da FEFAC. Ou a nossa participação em projectos como a soja sustentável ou a Visão FEFAC 2030. Mas nem tudo foram êxitos, também tivemos as nossas frustrações e projectos que não tiveram continuidade, seja por culpa própria ou porque, provavelmente, não foram bem interpretados. Refiro, por exemplo, o Interprofissional na Fileira da Carne de Porco, apesar dos Memorandos de Entendimento e dos eventos que realizámos em conjunto com FPAS e APIC, ainda é um sonho por concretizar; a campanha “Peço Português”, com o apoio do então Presidente da República, que não teve continuidade, integrando-se num movimento mais vasto no âmbito do “Portugal Sou Eu”; as visitas às empresas associadas que, espero, venham a ter continuidade através dos serviços da IACA, a Contratação Coletiva de Trabalho que, infelizmente, se arrasta, não tendo sido possível chegar a um acordo com os Sindicatos; a litigância com a ACICO, com uma providência cautelar contra o QUALIACA, em 2015, seguida de uma Ação em Tribunal, sem fim à vista, com a consequente degradação das relações institucionais que não é normal em Associações que estão “condenadas” a entenderem-se. No entanto, a IACA tem de continuar a defender as suas causas e aquilo em que acredita e estamos certos de que o QUALIACA é relevante e importante para uma melhor segurança alimentar e para o País, confirmado e reforçado pela cooperação com a DGAV. Pelo caminho, o apoio e dedicação dos meus colegas da Direção e dos Orgãos Sociais, dos colaboradores da IACA, do Jaime Piçarra e relembrando a Fátima Ferreira e o Dr. Fernando Anjos, que faleceram no decurso dos meus Mandatos. Mas sobretudo o orgulho de servir as empresas associadas, com quem muito aprendi e cresci, como pessoa e profissional. Continuarei a servir a IACA, na Direção, na FIPA ou em Bruxelas, no quadro da FEFAC, procurando dar o meu melhor em prol dos interesses da Indústria, com a certeza de que, a partir do Plano de Ação e da entrevista do nosso actual Presidente, a aposta da IACA, tendo em conta os novos desafios que temos pela frente, é a de continuar a criar valor, formação, informação e conhecimento para os seus associados. Sem esquecer a linha de continuidade, já temos novos projectos igualmente relevantes para o futuro: o FeedMed, a comunicação, a inovação, investigação e desenvolvimento, pela parceria com o INIAV e a UTAD, ou as iniciativas de formação com a DGAV. Para criar e acrescentar valor às empresas Associadas. A L I ME N TAÇÃO A NI M A L
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“É PRECISO RECENTRAR O PAPEL DA ALIMENTAÇÃO ANIMAL PARA ALÉM DA VISÃO TRADICIONAL” Neste novo ciclo, com uma nova Direção que tomou posse no passado dia 8 de janeiro, a que se seguiu uma reunião com a DGAV para debater temas de interesse para o Setor, faz todo o sentido a “Alimentação Animal” entrevistar o atual Presidente da IACA, Eng.º José Romão Braz e Diretor da Revista a partir deste número.
José Romão Braz Presidente da IACA
“Precisamos de políticas coerentes e que não se atropelem, que não ponham em risco as ambições de contribuirmos para uma Sociedade melhor”
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Quais as motivações para ser Presidente, sucedendo a 8 anos de liderança da Engª Cristina de Sousa; que objetivos e compromissos para o Mandato; quais os principais pontos em que a IACA se deve focar; que olhar para o Setor, os desafios da Fileira, soluções para os constrangimentos, que permitam que a Indústria tenha um desenvolvimento mais favorável, a visão de Portugal no contexto da UE e neste mundo global. E, finalmente, quais os recados ou as mensagens mais imediatas para os decisores políticos. José Romão Braz, 43 anos, Engenheiro de Gestão Industrial, é dirigente da IACA desde 2006, em representação da associada FINANÇOR, criada em 1954 e sócia nº 70. A empresa, com sede nos Açores, entrou no universo associativo em 9 de setembro de 1969, ainda no tempo do GNIACA – o Grémio Nacional dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais, percursor da IACA. O atual Presidente tem, pois, uma experiência de mais de uma década de Diretor da IACA, que representou em instituições nacionais e internacionais como o Conselho da FEFAC. A motivação é evidente e desafiante: tem um conhecimento da dinâmica do Setor e um enorme orgulho em fazer parte da Asso-
ciação, uma organização especial, com prestígio e reconhecimento junto dos parceiros das diferentes Fileiras, em Portugal e no quadro da União Europeia. Pensa que ao liderar esta nova Equipa, “pode acrescentar valor, contribuindo para um novo ciclo face aos desafios exigentes que temos pela frente, respeitando o passado e o património da IACA”. Em termos profissionais, ao defender os interesses de todos, numa forma independente, leal e transparente, também defende os da empresa que representa. “Tenho a noção da responsabilidade do cargo, até pelo excelente trabalho desenvolvido pelas anteriores Direções, em especial a última, marcado por dois dossiers estruturantes: o Alargamento da Associação e o QUALIACA. Tenho muita honra em ser Presidente da IACA e liderar esta Direção.” Quanto aos objetivos e compromissos para o Mandato 2018/2020, José Romão Braz refere que estes estão bem expressos no Plano de Ação que se publica nesta edição da Revista e que abordou na tomada de Posse e na Assembleia Geral. Aqui os reafirma: o reforço e maior aproximação aos associados, com maior agilidade e utilização de ferramentas inovadoras, que permitam melhor comunicação e perceção dos temas e posições (website, Skype), as parcerias com organizações a montante e a jusante da Indústria, bem como com o meio académico, universitário e de investigação e desenvolvimento; defesa do papel ativo da IACA no plano nacional e internacional, onde podemos fazer e marcar a diferença; uma especial atenção ao FeedMed, grupo que integra os países do Sul da Europa, com posições comuns em temas relevantes para o Setor; Workshops, seminários,
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eventos e ações de formação, que contribuam para manter a dinâmica Sobre Que visão do Setor e da Fileira no Horizonte 2030?, o tema do da Associação, o foco nas questões atuais, se possível antecipar e pre- próximo grande evento da IACA, o Presidente aponta ainda o debate parar tendências, perspetivas e desafios, no fundo, em torno da Economia Circular, onde a Indústria foi iniciativas que possam trazer mais-valia aos Assopioneira na reciclagem e utilização de coprodutos “o aprovisionamento ciados; a Contratação Coletiva de Trabalho, atuade outras indústrias, numa altura em que ainda se de matérias-primas não falava do tema, e outros como o bem-estar lizando a legislação com os tempos que vivemos, nas suas diferentes com destaque para a definição de novas categorias, animal, a segurança alimentar, sempre presente, e que estão obsoletas; as questões legislativas em as alterações climáticas ou a pegada de carbono, vertentes, deve o Acordo de Paris, em que as questões ambientais geral, a resistência antimicrobiana e o PANRUAA, continuar a merecer o vão ser transversais e determinantes. com enfase na tendência de redução do consumo nosso grande foco” de antibióticos e recentrar o papel da alimentação Há que olhar para tudo isto de “mente aberta” animal; o reforço do QUALIACA e o fim da litigância e não ver apenas restrições e ameaças, mas com a ACICO; o reforço da Associação, trazendo também oportunidades. mais empresas para o seio da IACA, para reforçar o nosso papel de De facto, se analisarmos a evolução recente do Setor, mesmo nos representatividade e “massa critica”. anos mais difíceis, vemos que se modernizou, investiu, seja no mercado livre ou integrado, com excelentes exemplos de sucesso. É um Nos principais pontos a focar no curto e médio prazo, Romão Braz, Setor resiliente e aberto á inovação e ao conhecimento. não hesita: o aprovisionamento de matérias-primas nas suas dife- Uma vez mais é importante focar o aprovisionamento de matériasrentes vertentes, deve continuar a merecer o nosso grande foco. -primas e ingredientes para a alimentação animal, sobretudo tendo Representam o nosso principal custo de produem conta eventuais restrições, a definição de ção e com o QUALIACA colocámos este ponto Limites Máximos de Resíduos (LMR), a aprova“Esta nova abordagem na agenda, chamando a atenção para a qualidade, ção de novos eventos transgénicos, o que limita permite-nos recentrar disponibilidade, armazenagem, logística. O tema a nossa escolha e a capacidade competitiva. Por questões de concorrência e aconselhamento jurídas substâncias indesejáveis para monitorizar e, o papel da alimentação sobretudo, evitar crises alimentares. Qualidade dico, a IACA não pode nem deve imiscuir-se nas animal para além do que e confiança são essenciais no nosso mercado. políticas de compras das empresas, pelo que não era a visão tradicional” Temos ainda as questões da proteína e as alterpodemos delinear Contratos de fornecimento. nativas, os OGM, as operações portuárias e os Mas compete à Associação informar, esclarecer custos inerentes; os biocombustíveis e a econoe ajudar a resolver os problemas. Apresentar mia circular; a reforma da PAC e a resistência antimicrobiana, tudo soluções, em conjunto com as empresas associadas. Sensibilizá-las está ligado. Porque de todos eles dependem a sustentabilidade e e alertar para aspetos que consideramos essenciais e de mudança. competitividade da Indústria. Nesta perspetiva, os associados devem olhar cada vez mais para a Por outro lado, é importante perceber as novas tendências do definição e características das matérias-primas, exigindo qualidade consumo, o comportamento e exigências dos diferentes tipos de e procurando uma relação mais estável e de confiança com os forneconsumidores (e gerações), sabendo que temos uma população cedores, de forma a garantir aos clientes as suas necessidades. Aqui, envelhecida, mas que é mais conhecedora, e que fornecedores e indústria devem ter interesses a mobilidade tem impacto na escolha, bem como comuns. Dar ao mercado matérias-primas de qua“De facto, se analisarmos os novos fenómenos de comunicação e desafios lidade para o fabrico de alimentos seguros, para a evolução recente do das redes socias. As “fake news” são hoje uma restabelecer a confiança no consumo de produtos Setor, mesmo nos anos de origem animal. realidade preocupante; vejam-se os ataques ao leite e carnes; as notícias sobre dietas, a escolha É evidente que temos constrangimentos que mais difíceis, vemos de inimigos públicos como o sal, açúcar e gordura, põem em causa a nossa capacidade competitiva. que se modernizou, os alimentos bons e maus, não olhando para as Já falámos da política de aprovação de OGM que investiu, seja no mercado dietas, estilos de vida e o exercício físico. É a deve ter uma base científica (e não baseada nas livre ou integrado, reputação do agroalimentar que também está em emoções) e que é importante para a nossa polícausa. Há que olhar para tudo isso e estar atento tica de aprovisionamento. Aqui já alertámos o com excelentes às necessidades dos clientes em diferentes Governo para os riscos de ser contra a aprovaexemplos de sucesso. segmentos, dando respostas aos desafios, que ção de matérias-primas transgénicas, já houve É um Setor resiliente e passam muito pela adoção de nova tecnologia, uma evolução para a abstenção, mas há que ir aberto á inovação e ao das melhores práticas disponíveis, a alimentação mais longe. Se a EFSA deu luz verde e parecer de precisão, novos ingredientes, aconselhamento favorável, Portugal deve seguir essa avaliação conhecimento” nutricional. Esta nova abordagem permite-nos científica. Por outro lado, deve haver um estírecentrar o papel da alimentação animal para mulo á produção local de matérias-primas como além do que era a visão tradicional. No fundo, olhar para a expe- os cereais, oleaginosas e proteaginosas, porque a dependência gera vulnerabilidade e mais exposição ao exterior. riência e sustentabilidade da atividade, com o recurso á inovação. 6 |
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É também importante que a PARCA continue a trabalhar e que a relação infraestruturas, demonstrando o nosso potencial e melhorando o que entre os fornecedores e a grande distribuição possa ser mais equili- já existe e que só nós conhecíamos (hoje Portugal está na moda) e as brada, mais percetível para os problemas dos produtores. As cadeias exportações agroalimentares. Tudo isto é importante para o nosso dos supermercados têm de perceber que as (novas) exigências do Setor, tudo isto projeta a imagem de Portugal no mundo. No entanto, consumo têm custos acrescidos que devem ser temos de ser mais proativos, não estar á espera remunerados pelo mercado. Temos ainda probleque “tudo aconteça”, mostrando capacidade de “É também importante mas importantes orçamentais que decorrem do compromissos e de fazer a diferença. Precisamos que a PARCA continue Brexit e de prioridades europeias que nada têm a é de uma política mais amiga das empresas e dos ver com a agricultura, mas com a segurança, defesa empresários e uma Administração mais cúmplice, a trabalhar e que ou migrações. Temos que exigir que se mantenham no sentido positivo. a relação entre os ou reforcem as verbas para Portugal, seja na PAC ou fornecedores e a grande nos Fundos de Coesão e o Governo tem de apontar E precisamente estas últimas reflexões, leva-nos distribuição possa desde já os instrumentos disponíveis. Os acordos à questão final da entrevista: quais os recados comerciais não devem ter a agricultura como moeda imediatos para os decisores políticos? ser mais equilibrada, de troca e as regras de produção exigidas na União Para além dessa cumplicidade, ou assumindo-a como mais percetível para Europeia devem ser iguais ou equivalentes ás dos essencial, temos de ter menos burocracia e custos os problemas dos Países Terceiros. Se vivemos numa era global, então de contexto; não é admissível que se esperem 3 anos as normas devem harmonizadas. para licenciamentos, nem a complexidade e diversiprodutores. As cadeias dade de entidades que têm de ser consultadas. Nas Por outro lado, apesar dos diferentes custos de dos supermercados questões ambientais, da biotecnologia e mesmo de produção, a Europa ainda consegue ser competêm de perceber que titiva no mercado mundial, o que atesta o bom ordem laboral não pode haver fundamentalismos. as (novas) exigências trabalho e o caminho que temos desenvolvido, os Precisamos de instrumentos de inovação para servalores que partilhamos e aos quais esses consumos competitivos. De políticos responsáveis, que do consumo têm custos midores são sensíveis. compreendam e conheçam os problemas do Setor acrescidos que devem e da importância da nossa atividade no Mundo Rural O exemplo do nosso Setor é um caso de sucesso ser remunerados pelo e no desenvolvimento económico local e nacional. e temos de nos orgulhar da nossa história, basta mercado” Afinal, nos anos da Troika, o Agroalimentar afirver os índices de conversão e a margem de promou-se, com condições de mercado bem difíceis. gressão que ainda temos, no respeito pelo bemFinalmente, gostava de destacar a importância de -estar animal ou o ambiente. No entanto, nas tendências de consumo podemos encontrar oportu- estarmos presentes e sermos ouvidos na definição de políticas públicas, nidades. Daí poderão advir inovação e rentabilidade. A Indústria tem como é o caso de temas sobre a revisão da PAC, do Acompanhamento de estar preparada para fornecer o que a Sociedade exige, mas con- do PDR 2020, do PANRUAA, da PARCA a atividade agropecuária é tinuar a ser eficiente e sustentável. Acredito que o Mercado e a I&D, absolutamente necessária e não pode ser abandonada, pelo contrário. E termino com uma outra questão que tem a ver com as infraestrupública e privada, vão trazer as respostas adequadas. turas portuárias e o funcionamento dos portos, face a problemas que Afinal, o Horizonte 2030 é já aí. já vivemos no passado como as greves dos estivadores, cujos cusQue papel pode estar reservado para Portugal no contexto da mun- tos tivemos que suportar. A sinergia entre portos, o funcionamento dialização? Romão Braz acredita que, apesar de sermos um país peri- da SILOPOR e o investimento em novas valências e tecnologia são férico, de pequena dimensão, temos tido um papel maior do que aquele temas de grande importância e que têm grande impacto na eficiência a que, possivelmente, estaríamos destinados. A forma como temos da logística das operações de importação e exportação. sido ouvidos e respeitados a nível internacional, seja no caso da IACA Afinal, precisamos de políticas coerentes e que não se atropelem, ou em tantas outras áreas, a capacidade de relacionamento, o envol- que não ponham em risco as ambições de contribuirmos para uma vimento em projetos globais como a soja sustentável, o turismo e as Sociedade melhor.
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OS DESAFIOS DA IACA PARA 2018 I – Breve análise de 2017
Praticamente seis anos depois do início da assistência financeira, que marcou a entrada da Troika em Portugal e com dois anos de um novo ciclo governativo que assentou a sua política na reversão de algumas políticas sociais e económicas, o desempenho da economia nacional e, consequentemente, a conjuntura da indústria dos alimentos compostos para animais, num clima de continuada globalização dos mercados, acentuada concorrência e interdependência, foi naturalmente condicionada pela evolução dos acontecimentos a nível internacional, em particular na União Europeia, e nacional. No plano mundial, a política errática e volátil dos EUA, isolados em temas relevantes como as alterações climáticas ou, mais recentemente, no conflito que opõe Israel à Palestina, a continuidade do embargo russo aos produtos agroalimentares da União Europeia, o peso crescente da Rússia mas sobretudo da China na geopolítica internacional, a par de outras situações como as crises da Venezuela e no Brasil, as mudanças em Angola ou os problemas na Catalunha, que influenciam toda a Espanha, foram os fatores mais relevantes, criando ainda mais incerteza e imprevisibilidade para o futuro, com impacto quer na importação de matérias-primas, quer nas exportações ou nos futuros acordos comerciais, sobretudo bilaterais, uma vez que se assiste a um relativo falhanço nas negociações multilaterais, no quadro da OMC. De acordo com as estimativas mais recentes da OCDE, a economia mundial deverá crescer 3,5% em 2017, situando-se em 2018 nos 3,7% do PIB, desacelerando, em 2019, para os 3,6%. Aquela organização internacional deixa um sério apelo aos Governos para fazerem reformas nas áreas do investimento, que seja mais inclusivo e mais acessível para as empresas, e no plano laboral, com aumento de salários e melhoria da produtividade. É de registar ainda que apesar do crescimento económico, os níveis de rendimento per capita de antes da crise (2008) ainda não foram atingidos. Destacam-se o impacto benéfico para a economia, do conjunto dos países da OCDE, mas também europeu, do período de transição até finais de 2020 que está previsto no âmbito do Brexit. Na União Europeia, o ano ficou marcado por um populismo crescente e pelas divisões em muitos dos Estados-membros, alguns clara10 |
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mente apostados em políticas nacionalistas e de protecionismo, pelo fenómeno das migrações e as eleições em França e na Alemanha, e de um modo geral com a crescente penetração dos partidos mais extremistas, à esquerda e à direita (Holanda, Áustria). Foram muitas as legislações nacionais com impacto nos produtos agroalimentares – como é o caso do leite – que poderão por em causa a concretização do Mercado Único, que celebra os 25 anos em 2018. O Projeto europeu pareceu estar em causa e fala-se cada vez mais num recentrar do eixo franco-alemão, sendo manifesta a preocupação da atual Comissão de aproximar os cidadãos das políticas europeias, concedendo maior margem de manobra aos Estados-membros, consequência das ausências de maiorias qualificadas em decisões importantes. Quer pela via dos acordos comerciais, quer aproveitando o “autoisolamento” dos EUA, a União Europeia quer assumir um novo papel no panorama global. Numa altura em que se debate a revisão da PAC pós-2020 e, sobretudo, um novo Orçamento plurianual, naturalmente influenciado pela saída do Reino Unido, as ambições de Bruxelas e os desafios que a Europa tem pela frente só deverão ser alcançados com um reforço do Orçamento, apelando-se já a um maior contributo e esforço dos atuais Estados-membros no Projeto Europeu. A par de outras questões como o funcionamento da cadeia alimentar, estes serão os grandes dossiers para 2018. Em Portugal, 2017 foi claramente um ano de comportamento bipolar: o bom desempenho económico que culminou com a saída do Procedimento por Deficit Excessivo e as alterações nas notações das principais agências de rating, (beneficiando os juros e a redução da dívida soberana), bem como a eleição do Ministro das Finanças para Presidente do EUROGRUPO, contrastou com a seca e o flagelo dos incêndios, pondo a nu o problema da proteção do Estado aos cidadãos em serviços que não pode falhar, e sobretudo a questão do interior e do Mundo Rural, que tem de regressar ao centro do debate político, tal como aconteceu com a Agricultura nos anos da crise. De facto, o PIB deverá crescer 2,7% (contra os 2,3% na zona Euro), o investimento 8,3% e as exportações 7,7% contra 7,4%, arrastadas pelos bens de investimento, com uma taxa de desemprego de 9,1% o que é muito positivo,
tudo isto numa altura em que Portugal está em alta no turismo a nível mundial, igualmente importante para o sector agroalimentar. O consumo privado esteve também em alta, 2,2%, com o endividamento das famílias a aumentar, o que representa uma preocupação, a par da dívida pública, que continua muito elevada (próximo dos 126%), a mais baixa dos últimos 19 anos ao nível do ratio do PIB, com o deficit a poder situar-se abaixo das previsões iniciais, 1,4% em 2017. Estes foram os principais fatores que condicionaram o desempenho da nossa Indústria e a Fileira pecuária em geral, de que se destacam: Pela positiva, • A resposta das empresas associadas da IACA na ajuda às populações afetadas pelos incêndios de junho e de outubro, quer no quadro do Projeto “IACA Solidária”, ou na colaboração com a Ordem dos Médicos Veterinários, bem como a implementação da ração de manutenção para ruminantes, apoiada pelo Ministério da Agricultura, • A tendência de relativa quebra nos preços das principais matérias-primas para a alimentação animal, consequência das boas produções de cereais e de soja a nível mundial, com impacto na oferta e na reconstituição de stocks, pese embora em níveis inferiores aos de anos anteriores, • A baixa de preços das principais matérias-primas para a alimentação animal, pese embora a sua volatilidade, permitiu mitigar os custos de produção da alimentação animal e tornar a pecuária mais competitiva, • A continuada resposta por parte da Comissão Europeia, na sequência do pacote de medidas para fazer face à crise do leite e da carne de porco, e uma aposta na internacionalização, o que permitiu aliviar as tensões de mercado e níveis de exportação, sobretudo de carne de porco, tendo a China como principal destino, • Os preços do petróleo, com um comportamento relativamente favorável e a imposição de metas para a produção de biocombustíveis (cada vez mais em causa, sobretudo os de primeira geração), com reflexos favoráveis nos preços do milho e das oleaginosas, • Um aumento da oferta de proteaginosas na União Europeia, a dever-se, em parte,
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às medidas implementadas no quadro da reforma da PAC de 2013, • O esforço continuado da parte das autoridades nacionais, no sentido da abertura de mercados externos para os produtos agroalimentares, • A cumplicidade com a Administração Pública em muitos dossiers, designadamente da parte dos Ministérios da Agricultura e do Mar, indo ao encontro de algumas das necessidades e reivindicações do Setor, sobretudo ao nível do QUALIACA, • Um Congresso da FEFAC que ficou marcado pela presença do Comissário Phil Hogan, e dos Governos de Portugal e de Espanha, e pela partilha de posições comuns relativamente à importância, posicionamento e futuro do Setor que a IACA representa, • A realização dos Estados Gerais da Alimentação em França, impulsionadas pelo Presidente Emanuelle Macron, do qual se esperam medidas que poderão vir a influenciar o funcionamento da cadeia alimentar e o futuro do sector agroalimentar na UE; Pela negativa, • A continuidade do embargo russo, agora ainda mais político com as questões em torno da carne de porco, limitando as exportações de leite e carne de suíno, • A desaceleração das exportações agroalimentares para a China, relevantes para a carne de suíno, que potenciam o aumento da oferta destes produtos e preços baixos nas explorações pecuárias, pondo em causa a sua viabilidade, • A relação euro/dólar, muito volátil, devido à relativa desvalorização da moeda europeia, pese embora a promoção das exportações, não permitiu acomodar na sua totalidade, a baixa dos preços das principais matérias-primas na origem, • A continuada estratégia de “destruição de valor” e as práticas abusivas da Grande Distribuição, com sucessivas promoções e baixos preços dos produtos de origem animal e, não raras vezes, sem cumprirem as regras de rotulagem e falta de informação clara ao consumidor, • A continuada desinformação quanto às consequências do consumo de leite, carnes vermelhas e de produtos transformados na saúde dos consumidores, considerando estes produtos como potencialmente cancerígenos ou simplesmente aludindo ao seu consumo como 12 |
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elementos de dietas pouco saudáveis, conjugado com o impacto da atividade pecuária no ambiente e nas alterações climáticas, • A insuficiente resposta na abertura de alguns mercados externos, essenciais para que as empresas se possam consolidar e ultrapassar as dificuldades criadas pelo mercado interno, • As pressões de partidos que apoiam o Governo em proibir as importações de OGM ou a rotulagem de produtos com ingredientes de natureza transgénica, acompanhado de um continuado debate a nível da União Europeia, • A crise dos ovos contaminados com fipronil, felizmente sem repercussões em Portugal, mas que relevou a questão da segurança alimentar e os controlos e fiscalização, • A reputação do sector agroalimentar em geral, numa altura em que as entidades governativas, sobretudo a Direção Geral da Saúde, numa aliança com a Ordem dos Nutricionistas e outras entidades, que elegeram o açúcar, o sal e as gorduras como “inimigos públicos”, ignorando o esforço das empresas em fornecer produtos saudáveis aos consumidores; Em conclusão, apesar das melhorias conjunturais, 2017 foi mais um ano bastante complicado e difícil, na linha de 2016, e com ausência de respostas concretas, sobretudo a limitações na área do Ministério do Ambiente, ao problema da burocracia e custos de contexto, para além de alguns constrangimentos no aprovisionamento de matérias-primas para a alimentação animal, em quantidade ou qualidade. Apesar de todas as dificuldades, em que o aumento da procura de alimentos compostos foi muito influenciado pela seca e pela exportação de produtos de origem animal, as nossas estimativas de produção (associados da IACA) apontam para um aumento da produção global em torno dos 3%, impulsionado pelas aves (6,0%), bovinos (5%) e outros animais (4%), assistindo-se a uma quebra dos alimentos para suínos, entre 4 a 5%.
II – Ações previstas para 2018
Aprovado o Orçamento de Estado para 2018, não parece que este seja o orçamento de que o País precisa para que as empresas e a economia se fortaleçam: sem reformas estruturais, reduz ligeiramente a austeridade, mantém a falta de crescimento e tende a criar maior rigidez nas relações laborais, para além das
medidas que aumentam a fiscalidade e que não promovem o investimento e a competitividade das empresas, nem a redução da despesa pública, apesar das preocupações na contenção do deficit. Não é de todo um orçamento “amigo” das empresas e das reformas de que os empresários necessitariam, tal como foi referido pelos parceiros sociais com assento no Conselho Económico e Social. Também aqui, urge potenciar a nossa filiação na FIPA e o facto desta entidade exercer o cargo de Vice-Presidente da CIP. Nesta perspetiva, o ano de 2018, de desaceleração do crescimento económico (2,3%), não será seguramente um ano fácil para o nosso Setor, até pelo que está em jogo na União Europeia. Aguarda-se ainda um recrudescer dos conflitos laborais e maior instabilidade social, pelo que a área da Contratação Coletiva será muito relevante, sobretudo numa altura em que a IACA, APIM e ANIA, por considerarem os Contratos caducos, querem avançar com uma ação judicial contra a DGERT. Deste modo, fortemente preocupados com a conjuntura, centrados na promoção da produção agropecuária nacional e no consumo de produtos de origem animal junto dos consumidores e nos mercados externos – reduzindo a nossa dependência do exterior – , numa linha de continuidade, os principais objetivos da IACA passam pela consolidação e reforço da atividade de representação da Indústria a nível nacional e internacional, e na divulgação das nossas propostas para o exterior, centrados nos seguintes eixos: 1. Reforçar e agilizar a ligação entre a IACA e os seus associados, ao nível dos contactos diretos (Grupos de Trabalho com técnicos das empresas associadas), para acompanhar dossiers relevantes para o Sector e preparar posições junto das autoridades nacionais e em Bruxelas), da informação disponibilizada (Informação Semanal, Revista “Alimentação Animal”, Anuário IACA, Newsletter, Notas de Conjuntura, INFO IACA, Circulares, modernização do website, simplificação da consulta da legislação) e na resolução de problemas que se colocam a cada empresa, bem como no âmbito das Reuniões Regionais da Indústria, com temas da atualidade. Daremos continuidade, sobretudo num plano mais técnico, ao Programa de visitas às fábricas, para um melhor conhecimento dos problemas e das expetativas das empresas associadas, com a comu-
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nicação e difusão das conclusões destas reuniões através da Revista “Alimentação Animal”. Procuraremos ainda abordar com mais frequência as empresas, com vista a perceber com que dificuldades e constrangimentos se deparam, por forma a dirigirmos a nossa ação com maior eficácia. 2. Reforço da Cooperação com as autoridades oficiais, designadamente ao nível da Agricultura, Economia, Ambiente, Saúde, Mar e Emprego, principais áreas com impacto para o nosso Sector, com destaques para o GPP, a DGAV e a APA. No quadro da investigação e desenvolvimento, serão privilegiados os contactos com o INIAV e as Universidades (ISA, UTAD, Faculdade de Medicina Veterinária, ESA Santarém, ESA Coimbra, UÉvora, UPorto), no sentido de fazer a ponte entre a investigação e as empresas, à semelhança do que tem acontecido nos últimos anos. A presença da IACA, enquanto representantes da FIPA em Comissões de Acompanhamento no quadro do Ministério da Agricultura, designadamente do PDR 2020 ou Revisão da PAC pós-2020, potenciam essa lógica de cooperação e articulação, procurando resolver ou mitigar os problemas/estrangulamentos da nossa Indústria. 3. Reforço da articulação entre a IACA e as organizações a montante e a jusante do nosso Sector, ao nível das Associações agrícolas (ANPOC e ANPROMIS) – de que é exemplo a constituição do Clube Português dos Cereais Forrageiros de Qualidade – , de comerciantes e importadores (ACICO), pecuárias (representantes dos sectores das carnes, do leite e dos ovos) e da FIPA, consolidando a relação de Fileiras e criando maior lobby e “massa crítica” junto das autoridades nacionais e internacionais na defesa dos interesses comuns: a defesa da sustentabilidade da produção nacional e do Mundo Rural, o equilíbrio no relacionamento com as cadeias de distribuição, a promoção da alimentação animal, da produção pecuária e do consumo de produtos de origem nacional, nos mercados interno e externo. Teremos em 2018 um envolvimento no Grupo Operacional “Efluentes”, entre outros, com a FPAS, FEPASA e INIAV, ou o Projeto Mais Coelho, em colaboração com o INIAV e Associações de Caçadores ou proprietários agrícolas e florestais, dando igualmente início ao Protocolo de Cooperação com 14 |
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o INIAV para, que o Polo de Santarém seja efetivamente colocado ao serviço da Alimentação Animal.
Orçamento para 2018, contempla um conjunto de iniciativas, das quais destacamos as seguintes:
4. Consolidar a imagem da IACA e as suas posições no plano internacional, em particular junto da FEFAC e da FoodDrinkEurope – potenciando a representação da Indústria em fóruns de interesse para o Setor e em Grupos Consultivos da Comissão Europeia, e no Parlamento Europeu – e junto da opinião pública, através dos media e do meio académico e universitário, intervindo em Jornadas, workshops, Seminários e Conferências, promovendo os interesses dos associados, a inovação e o conhecimento, tal como tem acontecido nos últimos anos, em que a IACA, para além de ter assento no Praesidium e Conselho da FEFAC, coordena Grupos de Trabalho relevantes.
• Realização de eventos temáticos ao longo do ano, designadamente as Reuniões Gerais da Indústria, mantendo o modelo de convites a representantes das autoridades oficiais que acompanham os diferentes dossiers, de forma a compreenderem melhor as posições e necessidades da Indústria.
5. Depois da experiência de 2016, com 15 ações no terreno e de 27 em 2017, alargando a representatividade do controlo de matérias-primas importadas de Países Terceiros, pese embora a providência cautelar e a Ação em Tribunal interposta pela ACICO, em representação dos comerciantes/importadores, continuaremos a apostar no QUALIACA – visando a sua consolidação no mercado – , com os custos a serem suportados parcialmente pelos aderentes (o restante será assumido pela Associação), a partir de janeiro de 2018. Reitera-se que este Projeto, bem acolhido pela Indústria e pela Fileira da produção animal, tem em vista o reforço da qualidade das matérias-primas, complementando o Plano de Controlo Oficial, e uma estratégia que permita potenciar uma nova relação com os nossos fornecedores, com maiores exigências contratuais. 6. Daremos continuidade ao processo de filiação de novas empresas e novas atividades no universo da alimentação animal, na sequência da alteração dos Estatutos de 2016 e o sucesso de 2017, com a entrada de mais empresas, designadamente para a nova SPMA. Esta estratégia reforçará o peso e o papel da Instituição como parceiro e a sua capacidade de intervenção na Sociedade, nos próximos anos, preparando-a melhor para os desafios do futuro. Para atingir estes objetivos, o Plano de Ação, que se reflete naturalmente na proposta de
• Face ao sucesso das edições anteriores, realizaremos, em colaboração com a SPMA, as VII Jornadas de Alimentação Animal, uma iniciativa que já constitui uma referência anual. • Presença da IACA nos fóruns nacionais e internacionais a que está ligada, designadamente no âmbito da FIPA, GPP, DGAV, APA, FEFAC, FoodDrinkEurope e Comissão Europeia (DG AGRI, DG SANTE) e contactos ao nível da REPER, Parlamento Europeu e Comissão de Agricultura da Assembleia da República. • Consolidação do FeedMed, grupo de pressão constituído pela IACA/EUROFAC/ ASSALZOO/CESFAC, representando Portugal, França, Itália e Espanha, constituído em setembro de 2017 e cujo objetivo é defender em Bruxelas, nomeadamente no quadro da FEFAC, os interesses e especificidades dos países do Sul, face a pontos de vista divergentes dos blocos do Norte ou de Leste, influenciando as decisões e o modelo de governação da FEFAC. • Continuamos a assegurar a vice-presidência do Comité “Alimentos Compostos” e a representação nos Grupos de Diálogo Civil “Culturas Arvenses”, “PAC”, e “Acordos Internacionais da Agricultura”, no quadro da DG AGRI/Comissão Europeia, bem como a coordenação do Grupo PARE (Política Agrícola e Relações Externas) da FIPA, com participação nos Comités da FoodDrinkEurope, em particular o da Competitividade. • Para além da presença nos Comités específicos da FEFAC (a que acrescentaremos o da Sustentabilidade), e da representação no Conselho, a IACA continuará a ter uma participação muito ativa no Praesidium, Conselho (pelo novo Presidente da IACA, Romão Braz) e no Comité Diretor da nossa organização europeia, através da reeleição para o Praesidium, no âmbito do Mandato 2017/19, da anterior Presidente Cristina de Sousa, nas eleições do XXVIII Congresso da FEFAC que se realizaram
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em Espanha, Córdoba, em junho de 2017, numa organização conjunta com a AFACA, que contou com o apoio e colaboração da IACA e da CESFAC. • No quadro da Contratação Coletiva de Trabalho, não tendo sido possível chegar a um acordo com os Sindicatos e feita a denúncia dos Contratos, com pedido de caducidade, com a ausência de resposta da DGERT, as Associações envolvidas (IACA, APIM e ANIA) vão avançar com uma Ação em Tribunal contra aquela entidade governamental. • Acompanhamento do processo legislativo relativo à aprovação de organismos geneticamente modificados, quer para importação, quer para cultivo. • Colaboração no PANRUAA – Plano de Ação Nacional para a Redução do Uso de Antibióticos nos Animais, quer para ajudar a atingir este objetivo, quer na promoção da receita veterinária eletrónica, na defesa da utilização dos alimentos medicamentosos como um serviço de inegável valor prestado aos clientes, mas igualmente como uma ferramenta eficaz no controlo e redução do consumo de medicamentos, como uma das medidas de combate ao problema da resistência antimicrobiana. Destaca-se igualmente a promoção da “desmedicalização” no setor da cunicultura, com a assinatura de acordos voluntários entre os diferentes operadores da Fileira, bem como a assinatura de um compromisso para a redução na produção de suínos. Recorde-se que a IACA tem a presidência do Grupo da Comunicação, o que é motivo de maior responsabilidade na promoção deste tema da redução da resistência antimicrobiana e da utilização prudente de antibióticos na opinião pública, que tem um novo Plano de Ação desenvolvido pela Comissão Europeia. • Participação no Grupo Operacional do INIAV “Efluentes pecuários”, na Rede Inovar e no Projeto Mais Coelho, no sentido de valorizar e divulgar a inovação e a investigação criando mais-valia e conhecimento para os seus associados. • Criação de Grupos de Trabalho “ad-hoc” para a discussão de dossiers importantes para o futuro do Sector, em estreita ligação com a FEFAC, tendo em conta os interesses nacionais. • Lançamento do Guia de Rotulagem de alimentos compostos para animais, tendo 16 |
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em conta as últimas alterações legislativas.
Alimentar, designadamente as Práticas Comerciais Desleais (UTP).
• Atualização do “Código de Boas Práticas para os Industriais de Pré-Misturas e de Alimentos Compostos para Animais destinados à Produção de Géneros Alimentícios”.
• Início do Protocolo de cooperação com o INIAV.
• Conclusão e Lançamento do “Manual para o controlo das principais substâncias indesejáveis e proibidas na alimentação animal”, em conjunto com a DGAV. • Iniciativas e acompanhamento da aplicação da legislação CLP (Regulamento (CE) nº 1272/2008), transporte ADR e fichas de segurança (Regulamento (CE) nº 1907/2007) às pré-misturas e aditivos, assim como workshops no mesmo âmbito. • Ações de formação respeitantes à implementação dos Planos de HACCP e realização de testes de homogeneidade e contaminação cruzada em colaboração com a Direção Geral de Alimentação e Veterinária. • Atualização da Plataforma informativa no sítio da IACA relativa aos aditivos, nomeadamente com listagens atualizadas dos aditivos autorizados, alterações legislativas importantes, aditivos órfãos e atualização de assuntos em discussão a nível nacional e comunitário. • Acompanhamento da revisão da legislação sobre os alimentos medicamentosos e medicamentos veterinários, que deve ser finalizada no primeiro semestre no quadro da presidência da Bulgária. • Dinamização da CT 37 com participação em Congressos e diferentes grupos de trabalho, tendo em vista um melhor conhecimento da sua atividade e da importância para a credibilidade da alimentação animal, na sequência das iniciativas dos trabalhos de 2017. • Realização, em outubro em Lisboa, dos Comités da FEFAC, “Nutrição Animal” e “Pré-Misturas e Alimentos Minerais”, à semelhança do que aconteceu em 2017 com o Comité “Alimentos para Peixes”. • Acompanhamento e envolvimento nos dossiers relativos à revisão da PAC pós2020, sustentabilidade (soja responsável), monitorização dos mercados (matérias-primas e produtos animais), Plano Europeu sobre a Proteína, que se prevê venha a ser lançado no primeiro trimestre de 2018, e Funcionamento da Cadeia
• Parceria com a FPAS no Projeto Porco.pt • Consolidação do Protocolo QUALIACA, com a execução de um Plano para 2018 e apresentação dos resultados de 2017. Atenta às dificuldades que têm caracterizado a evolução da indústria de alimentos compostos para animais, sobretudo nestes últimos anos, em que são constantes os ataques à imagem do Setor e aos produtos de origem animal, com impacto negativo na Fileira pecuária e desde logo na nossa atividade, a Direção da IACA está consciente das dificuldades e das exigências, tendo como principal objetivo a aposta continua e reforçada nas parcerias e na dinâmica da nossa Organização, alargando a sua base de apoio e a sua capacidade de intervenção, quer na Fileira, quer junto dos responsáveis, políticos e Administração Pública. Na certeza de que, pela sua história e experiência de mais de 40 anos, e pela constante adaptação e capacidade de nos adaptarmos a novas realidades, somos uma Associação com visibilidade, credível e respeitada, quer pelos nossos parceiros, quer pelas autoridades, seja em Portugal ou no quadro da União Europeia. Por isso temos sido chamados a intervir em inúmeras missões internacionais, colaborando igualmente no documento que a FEFAC aprovou em 2016, no seu Congresso, na Turquia, e que continuará a ser o nosso motor: a Visão 2030 da Indústria da Alimentação Animal, em que a segurança alimentar, o papel da nutrição animal e a sustentabilidade são os principais eixos na adaptação aos novos tempos, enquanto parceiros de confiança e gerando valor e conhecimento na cadeia alimentar. Neste quadro de incerteza global em que vivemos, neste primeiro ano do nosso Mandato, para além do reforço e consolidação dos Projetos estruturantes (Alargamento e QUALIACA), em que estaremos centrados na informação e na comunicação, o que continuamos a garantir aos nossos Associados é ambição e vontade, com coerência e espírito de Missão, tendo em vista a coesão da Indústria e a sustentabilidade da IACA, fio condutor que suportará as grandes orientações estratégicas no médio e no longo prazo. E, numa altura em que nos aproximamos dos 50 anos de Associativismo, iniciado pelo GNIACA, sempre na defesa dos legítimos interesses dos nossos Associados.
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CELEBRAR 30 ANOS DE DESAFIOS A OLHAR PARA O FUTURO A FIPA assinalou no passado dia 6 de março o encerramento das comemorações dos seus 30 anos de existência, uma etapa marcante na história da Federação e, consequentemente, do associativismo em Portugal. A FIPA completou três décadas de desafios, de aprendizagem e, acima de tudo, de muita ação. Foi criada dois anos após a assinatura do tratado de adesão à CEE, pela mão de empresários, gestores e dirigentes associativos que acreditavam que a “união faz a força” e que a competitividade da indústria agroalimentar, no novo contexto do projeto europeu, passava por ter uma interlocutora única e apta a criar uma rede de contactos institucionais sólida e eficaz. Desde então, a FIPA assumiu um papel de relevo na intervenção ao nível das negociações do enquadramento legal do setor. No chamado período das crises alimentares, enfrentou com determinação os grandes desafios da segurança alimentar e a necessidade de valorização das especificidades do mercado nacional e dos seus vetores de competitividade diferenciados, tendo progressivamente alargado a sua intervenção a temas cruciais como as regras de informação ao consumidor, higiene, alegações nutricionais e de saúde, adição de nutrientes, organismos geneticamente modificados, boas práticas ambientais e revisão da política agrícola comum. Consolidadas as vertentes da produtividade, qualidade e segurança alimentar, a FIPA tem vindo, cada vez mais, a colocar o seu foco de atenção nas crescentes exigências dos consumidores e nos emergentes debates da sociedade, que assentam no papel da alimentação e da nutrição na promoção da saúde e do bem-estar das populações. Do ponto de vista dos mercados e do contributo do setor para a competitividade da economia nacional, a FIPA tem procurado, neste exigente percurso, promover o devido equilíbrio e interação entre a dinamização do mercado nacional e a penetração nos mercados externos. Por outro lado, não obstante as dificuldades que se colocam à introdução da inovação no mercado, a indústria alimentar tem conseguido afirmar as características distintivas dos produtos, da tecnologia e do conhecimento desenvolvidos em Portugal.
Um movimento associativo forte A FIPA tem olhado sempre para o futuro, não só das empresas e da economia mas também das
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próximas gerações. O caminho percorrido até hoje só foi possível com um trabalho contínuo de consolidação do movimento associativo nacional. Para além de ter encerrado o ano de 2017 com o maior número histórico de associados, entre associações e empresas, o setor tem vindo a colher os frutos do projeto de Polo Associativo Agroalimentar, fundado em 2010, que regista atualmente uma adesão de quase metade das associações filiadas a um modelo de gestão integrada e que foi já responsável pela criação de novas associações setoriais. Outro marco determinante para a consolidação da posição estratégica do agroalimentar traduz-se hoje na participação ativa na FoodDrinkEurope e nos órgãos sociais da CIP. Passados 30 anos e sem prejuízo da aprendizagem com o passado, a FIPA quer olhar para o futuro com ambição.
A aposta na autorregulação Se por um lado é o maior setor industrial do país, tanto ao nível da criação de riqueza como de emprego, por outro a Indústria Agroalimentar tem sido alvo de intervenções e iniciativas que colocam em causa a sua reputação e desvalorizam, quase sempre, a importante evolução que tem feito com vista a dar resposta aos dinâmicos desafios da sociedade. A FIPA tem procurado chamar à atenção para o impacto positivo dos compromissos de autorregulação, nunca numa perspetiva de contornar iniciativas legislativas mas porque tem testemunhado o impacto dos mesmos e a forma como têm suportado a evolução do relacionamento da indústria com os consumidores. Está hoje, mais do que nunca, consciente de que se as agendas políticas não quiserem falar mais alto, Portugal pode, numa ampla base colaborativa, ocupar um lugar cimeiro na promoção de uma alimentação que esteja ao nível dos padrões de saúde e de qualidade de vida exigidos. A indústria agroalimentar tem vindo a assumir as suas responsabilidades. Estabeleceu em 2009 e reforçou em 2016 os compromissos de autorregulação na publicidade e marketing dirigidos a crianças, envolvendo todo o universo de anunciantes numa iniciativa de autorregulação que tem sido exemplo para outros países. Os resultados de monitorização que têm sido apresentados demonstram as mudanças e o impacto
real. Não é menos verdade que a FIPA nunca virou a cara ao tema da reformulação nutricional e que se tem disponibilizado, desde a primeira hora, para participar ativamente nas discussões com vista ao estabelecimento de compromissos. E é por tudo isto que não se pode aceitar que a indústria agroalimentar continue a ser o “bode expiatório” de todos os problemas relacionados com a saúde. O facto de ter categorias homogéneas e de haver uma clara identificação das composições e valores nutricionais através da rotulagem, não pode conduzir a um constante apontar do dedo nem a que esta indústria esteja permanentemente ferida na sua reputação, principalmente pela disseminação gratuita de preconceitos, pela alusão profundamente abusiva a produtos e marcas no âmbito de manobras propagandistas e pela discriminação de certas categorias em matéria fiscal. A reformulação dos produtos da indústria não começou hoje. Durante esta última década as reduções de sal, açúcar e gorduras permitiu uma acentuada alteração do perfil nutricional e o ponto de partida de qualquer iniciativa futura tem de ter em conta este percurso. Não obstante os permanentes ataques à indústria agroalimentar, o setor tem sabido reforçar o seu papel ao nível do crescimento e competitividade da economia nacional.
A viagem digital já começou Percorridos 30 anos, a nossa ambição está virada para o futuro. A digitalização da economia está já em curso e a indústria agroalimentar tem todo o potencial para sair na linha da frente. A transformação da relação entre empresas, produtos, processos e clientes está no centro do novo modelo industrial. Em 2016 a FIPA associou-se à iniciativa Indústria 4.0, lançada pelo Governo, e está empenhada em contribuir para a criação de condições para a adaptação da indústria nacional, iniciando um quinto ciclo de ação. A própria Federação adaptou já a sua estratégia de comunicação à era digital, tendo hoje uma plataforma web de referência (www.fipa.pt), com técnicas avançadas de SEO e tecnologia responsive, presença nas redes sociais através do Twitter (FIPA_pt) e o canal FIPA TV no Youtube. Uma coisa é certa, os anos continuarão a passar, os desafios a evoluir, mas a FIPA
continuará a alimentar um compromisso nacional para a indústria e para a fileira agroalimentar que permita reforçar a competitividade, alavancar o crescimento externo, assegurar a confiança dos consumidores, intensificar a inovação, fomentar o emprego e promover um crescimento sustentável!
Uma fileira mais unida É necessário olhar cada vez mais para a fileira agroalimentar na sua composição e complexidade e ter presente as condições de excelência que o país tem para a produção de muitas matérias primas agrícolas, o desenvolvimento tecnológico das fábricas nacionais e a modernização levada a cabo pelo setor da distribuição. Deve salientar-se o esforço feito nos últimos anos para se consolidar a Plataforma de Acompanhamento das Relações na Cadeia Agroalimentar, no âmbito da qual já foi possível fazer evoluir a legislação das práticas individuais restritivas do comércio e promover a assinatura de um Código de Boas Práticas Comerciais entre todos os elos da fileira, que está disponível para subscrição por parte das várias empresas. É necessário ter a consciência de que uma fileira agroalimentar forte irá alavancar a ambição de crescimento da economia nacional. Contribuirá para um posicionamento de liderança, ao nível da criação de riqueza e de emprego, e para uma boa articulação entre a inovação e a preservação dos sabores tradicionais. Mas é também importante que a fileira, em toda a sua dimensão, se una e não permita a prossecução dos já referidos ambiente e discurso que permanentemente colocam em causa a sua reputação, quer por motivos ideológicos quer por agendas institucionais que em nada visam o desejável equilíbrio entre o crescimento económico e a promoção da saúde e do bem-estar.
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Foi notícia há dias, embora efectivamente lida por poucos, que um grupo de cientistas japoneses estaria a obter resultados laboratoriais interessantes com um novo método de cultivo de folículos que poderá tornar mais acessível e eficaz um remédio para a calvície, a partir da utilização de um silicone chamado dimethylpolysiloxane. Esse mesmo silicone, o tal dimethylpolysiloxane, está igualmente presente em diversos produtos cosméticos para o cabelo e a pele, em alguns tipos de massas alimentares asiáticas, em colas e vedantes para aquários, mas a utilização a que os media deram realmente atenção refere-se aos óleos alimentares de alta rotação, comuns na restauração colectiva ou em cadeias de fast food, pelas propriedades anti-espumantes, mesmo a elevadas temperaturas. Por isso, a ‘notícia’ rapidamente se converteu em algo do género: cientistas japoneses descobrem cura para a calvície com substância existente nos óleos usados nas cadeias de fast food, ou, como cheguei a ver várias vezes escrito (e multi-partilhado): batatas fritas do McDonald’s contêm substância que – dizem cientistas – pode fazer crescer o cabelo! E toda esta ‘evolução’ ocorreu em meia dúzia de horas, convertendo uma comunicação científica em algo que muitos classificaram de imediato como uma fake new, outros tantos aproveitaram para descarregar uma dose mais da bílis permanentemente reservada para empresas que apelidam de ‘embaixadores do mal’, como é o caso da McDonald’s e outros ainda acharam que por trás da notícia estaria um isco publicitário para levar hordas de carecas e calvos a empanturrarem-se de batatas fritas nos restaurantes daquela cadeia norte-americana. Mas em que é que ficamos? As notícias divulgadas são verdadeiras ou falsas? Ou serão falsas com uma base verdadeira? Ou vice-versa? Hoje, a ‘paisagem’ comunicacional está enxameada de notícias falsas e mesmo as autoridades começam a temer a desinformação que as mesmas provocam. Mas, em boa verdade, o que hoje parece verificar-se é a incapacidade das notícias verdadeiras prevalecerem e se mostrarem como úteis aos utilizadores e consumidores. Tive, na minha vida profissional, uma história que, ainda antes desta leva de fake news, me perseguiu durante anos. Já não consigo precisar em que ano a mesma saltou pela primeira vez para a ribalta, mas fui ‘atacado’ por umas quatro ou cinco vagas de multiplicação de referências ao ‘caso’ do leite da caixinha. Dizia o mito urbano, com origem no Brasil (onde o nosso leite UHT é vulgarmente designado como leite da caixinha), que as embalagens Tetra Pak onde os leites ultrapasteurizados são embalados possuem um número no fundo e que esse número corresponderia ao número de vezes que o leite teria sido reciclado.
Apenas quem não conhece (nem quer conhecer) o processo industrial de embalamento do leite poderá considerar esta historieta crível, mas – na verdade – a cada vaga de partilhas nas redes sociais e referências na comunicação social, lá foi necessário avançar com comunicados e desmentidos, com informações para autoridades e entidades com fortes responsabilidades e com muitas ‘conversas-de-café’ com amigos e conhecidos que, tendo presente a minha ligação ao sector, me bombardeavam com perguntas. Assim, um dos primeiros ‘dramas’ dos novos tempos, são estes casos de ‘recuperação’ de notícias antigas, que, com ou sem reciclagem, são apresentadas como actuais e que acabam por gerar ondas de ‘revolta’ sem que ninguém tenha verdadeiramente lido o correspondente conteúdo. Um exemplo prático: ainda há dias, um conhecido que não tenho como especialmente tonto, partilhava – acompanhada de um comentário jocoso – a notícia de que Mário Soares teria sido apanhado em (largo) excesso de velocidade na A8 e teria indicado que seria o Estado a pagar a multa. Foi preciso recordar ao ‘partilhador’ em causa que a notícia datava de 2012… e que Mário Soares faleceu há mais de um ano. Mas há inúmeras outras notícias, como é caso da do leite da caixinha que refiro a cima e de tantas, tantas outras, que não têm sequer um fundo de verdade. E aqui, questiono-me sempre sobre as motivações para a respectiva divulgação. Mera tentativa de chamar a atenção? Vontade de vingança relativamente a alguém, a alguma empresa, a alguma entidade patronal? Prejudicar alguém para beneficiar outro? Ou manifesta má-fé com o intuito de penalizar por razões ideológicas religiosas, filosóficas ou quaisquer outras que façam sentido na cabeça do mal-intencionado? Não esqueçamos, os mecanismos de propagação da mensagem, certa ou errada, verdadeira ou falsa, bem ou mal intencionada, são hoje muito mais rápidos, mais descontrolados, menos antecipáveis mas, nem por isso, menos eficazes. A verdade é que do mesmo modo que em tempos mais recuados, a cada notícia errada ou menos verdadeira publicada em letras gordas na capa de um jornal, se seguia um desmentido, em letra normal, dado à estampa no canto inferior direito de uma qualquer página 12 ou 14, hoje, a uma fake new que adquire muito mediatismo, segue-se, geralmente, uma contra-argumentação que se perde nas catacumbas dos nossos motores de busca ou das cronologias das nossas redes sociais. É por isso que é mais relevante – e eficaz – comunicar, apresentar factos, partilhar notícias positivas do que reagir agressivamente contra tanta patetice que nos passa pelos olhos, contrariar os falsos argumentos dos respectivos profetas, alimentar discussões
estéreis com quem, em boa verdade, nada quer discutir, pois se assim fosse não utilizaria a má-fé como combustível das suas intervenções. Gostava ainda de adicionar três outros fenómenos que muito contribuem para a propagação das falsas notícias… Um primeiro refere-se à velocidade com que os órgãos de comunicação social pretendem divulgar as suas ‘notícias’. Mesmo numa comunicação social que se pretende e autointitula séria, hoje as instruções passam por se ‘ser o primeiro’, ser o mais rápido, noticiar em primeira mão… esta ânsia acaba por gerar a divulgação de notícias não confirmadas ou mal confirmadas, sem profundidade nem contraditório, mais preocupadas com a notoriedade do que com o conteúdo. Depois, a primazia dos ‘tituleiros’ sobre os jornalistas. Hoje, seja na televisão e rádios, seja na comunicação social escrita, seja nos media digitais, a primeira prioridade, legítima, é a de captar a atenção dos espectadores ou leitores. Porém, essa preocupação gera uma tentação: dar destaque às notícias que geram mais alarmismo, seja real, seja induzido. Reconhecendo a atenção, natural, que todos nós temos com a nossa alimentação ou a nossa
saúde, é fácil perceber que qualquer informação que gere preocupação sobre esses dois campos, mais notoriedade adquire. E é assim que descobrir qualquer defeito, por pequeno que seja, nos produtos mais convencionais assume, hoje por hoje, as características de um desporto de massas, ao mesmo tempo que encontrar uma cara laroca que vá para a televisão ou para as revistas tecer elogios rasgados a qualquer produto menos usual é garantia imediata de tempo de antena. A terminar, um último sinal dos novos tempos: a ‘polícia’ dos bons hábitos e bons costumes. As redes sociais vieram dar importância e poder a muitas entidades e pessoas que não tinham até aqui palco e espaço para a sua intervenção. Nalguns casos, essa notoriedade foi feita para qualidade das suas mensagens, pela forma mais ou menos bem-humorada de tratar de assuntos sérios, pela capacidade de conquistar leitores/espectadores fiéis fora dos meios mais convencionais. Mas noutros casos, a intervenção veio numa linha activista, na defesa de causas, ou na denúncia e ataque a ideias, a conceitos, a empresas e produtos, percebendo que a sua reclamação militante gera receios, e que esses receios levam a
adopção de medidas de contenção (retirada de campanhas, pedidos de desculpa, implementação de medidas para (re)conquista de boas vontades). Esses activistas perceberam que na ausência de muitos seguidores, podem conquistar a atenção através do ruído que produzam. E perceberam que, jogando com as limitações das próprias redes, se pode, com alguma falta de escrúpulos, silenciar os seus opositores. Têm-se multiplicado nos últimos meses os casos de silenciamento nas redes sociais. E não estamos a falar apenas de situações de ilegalidade, de extremismo político, de racismo, de perseguição religiosa ou de questões ligadas com a orientação sexual. Hoje, esses comportamentos atingem produtos, marcas, modos de produção e, claramente, estes activistas não olham a meios para atingir os seus fins! E como tal, só com uma comunicação organizada e profissional, só com uma conquista de espaço mediático para as boas causas, só com um lobby bem montado, se consegue contrariar o efeito cada vez mais nefasto das fake news e destas várias outras formas de induzir receios nos nossos consumidores.
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PEGADA AMBIENTAL NOS ALIMENTOS COMPOSTOS Decerto que o leitor por inúmeras vezes já se questionou sobre os impactes cada vez mais significativos que a produção agroalimentar poderá repercutir no ambiente, sobretudo se for realizada de modo ineficiente. Por outro lado, também já terá refletido se os mecanismos ou ferramentas existentes permitem dar cumprimento às crescentes exigências setoriais ou da legislação ambiental em vigor.
Projeto PEFMED Fruto de uma consciência ambiental cada vez mais crescente junto dos produtores, fornecedores, distribuidores e consumidores de produtos agroalimentares, a União Europeia consolidou uma agenda que define políticas inerentes à economia circular, às alterações climáticas e à análise de ciclo de vida aplicável ao setor agroalimentar. Para tal, tem publicado diversa documentação técnica que permite orientar cada profissional neste setor, com o objetivo de incorporar as melhores práticas, técnicas e tecnologias disponíveis, refletindo as preocupações ambientais em todas as fases de ciclo de vida do produto. Neste sentido, no passado mês de abril de 2017, Portugal iniciou a sua participação num projeto-piloto europeu, que é aplicável para a região europeia da bacia do mediterrâneo, estando envolvidos sete estados membros como parceiros (Espanha, França, Eslovénia, Grécia e Portugal). Este projeto-piloto designa-se “Uptake of the Product Environmental Footprint across the MED agrofood regional productive systems to enhance innovation and market value – PEFMED”, com o apoio financeiro do Programa de Financiamento Interreg MED Programa de Cooperação Transnacional, e cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional. O Projeto PEFMED, coordenado pela ENEA – Agência Nacional Italiana para Novas Tecnologias, Energia e Desenvolvimento Económico Sustentável, e apoiado pelo Ministério Italiano do Ambiente, tem como principais objetivos a redução da pegada ambiental e implementação de melhores técnicas disponíveis junto de organizações agroalimentares, contendo uma forte componente baseada no conceito “eco inovação” ao longo de toda a cadeia de abastecimento agroalimentar. Em Portugal, a coordenação está a cargo da FIPA – Federação das Indústrias Portuguesas Agro-alimentares, em estreita colaboração com a IACA – Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais. Neste projeto, propõe-se a aplicação em modo experimental da metodologia da “Pegada 22 |
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Ambiental do Produto”, elaborada pela Comissão Europeia, integrando-a com indicadores territoriais e socioeconómicos, para medir o impacte ambiental (alterações climáticas, redução da camada de ozono, esgotamento dos recursos hídricos, uso da terra, ecotoxicidade, etc.) de uma amostra de cerca de 100 empresas localizadas em nove regiões europeias. Paralelamente, a Agência Europeia Italiana propôs ainda a inclusão de uma série de indicadores sociais e de saúde e segurança no trabalho que foram desenvolvidos em colaboração com uma das entidades parceiras do projeto – DNV GL. Estes indicadores avaliam os impactes do produto numa ótica complementar visando caracterizar os impactes sócio territoriais verificados em cada região em estudo. A metodologia da “Pegada Ambiental do Produto” considera os impactes de um produto ao longo do seu ciclo de vida, desde o cultivo de matérias-primas, passando pela transformação, transporte e utilização até à eliminação e reciclagem. Além disso, a partir da análise dos testes de stress, será possível obter informações úteis para classificar os produtos alimentares de acordo com o seu desempenho ambiental, incentivando as empresas a inovar em processos de produção ecológicos, garantindo o pleno respeito das tradições alimentares locais. Para garantir a uniformização de critérios de avaliação a implementar para todos os produtos agroalimentares em cada estado membro, foram realizadas reuniões técnicas em Bolonha em maio de 2017 e em Atenas em novembro de 2017, com diversos especialistas em análise de ciclo de vida representantes de cada estado membro.
Herdade do Carvalhoso abre portas ao PEFMED Em Portugal, a primeira fase deste estudo pioneiro foi desenvolvida com a colaboração do parceiro institucional Herdade do Carvalhoso (HdC), sediado no Ciborro, Montemor-o-Novo, no Alentejo. Foram desenvolvidas pela empresa Caravela Sustentável as atividades de consultoria necessárias para determinar a pegada ambiental do produto final comercializado pela HdC, em particular, no que se refere à ração biológica animal (N330). Desenvolveram-se diversas visitas técnicas para proceder ao diagnóstico da situação existente, através da ida ao local de armazenagem, transformação e embalamento, desenvolvimento da validação de registos existentes, considerando o cumprimento das diretrizes
técnicas europeias de modo a avaliar todas as fases do processo de transformação e comercialização do produto final. Em março de 2018, foi entregue o relatório final da primeira fase, tendo sido identificados os indicadores ambientais e territoriais que geram maior contributo para pegada ambiental do produto em análise, tendo sido assim sido demonstrado a robustez e fiabilidade necessária de dados submetidos junto da entidade coordenadora do estudo – ENEA. Na fase seguinte serão definidas recomendações que ao serem implementadas possibilitarão a minimização dos impactes ambientais calculados nesta primeira fase, gerando assim diversos proveitos a nível ambiental, social e económico.
Um caminho a consolidar Estamos absolutamente convictos que a metodologia de cálculo da pegada ambiental desenvolvida pela União Europeia é uma ferramenta absolutamente essencial para que no setor agroalimentar, os aspetos relacionados com as componentes ambientais, sociais e de saúde e segurança no trabalho estejam devidamente integrados e articulados entre si com vista a minimizar a pegada ecológica do produto acabado, desenvolvido ao longo de todo o seu ciclo de vida, o que contribuirá para a melhoria contínua das condições de trabalho desenvolvidas por cada agente do setor e visando garantir a confiança dos consumidores finais face ao produto obtido. Tiago Rogado Perito em Análise de Ciclo de Vida – PEFMED Caravela Sustentável
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MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO E AMBIENTE
Manuel Chaveiro Soares
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Portugal é deficitário em carne de bovino e de suíno, e, simultaneamente, a maioria dos solos agrícolas é pobre em matéria orgânica e, por conseguinte, dotada de baixa fertilidade; mas, para se elevar a produção de carne terão de se produzir mais efluentes pecuários, que poderiam elevar a produtividade dos solos. Porém, para minimizar o possível risco de contaminação das massas de água, a nossa legislação condiciona e burocratiza fortemente a valorização agrícola dos efluentes pecuários. Todavia, com excepção das zonas vulneráveis, os adubos minerais e os correctivos orgânicos importados podem ser aplicados sem restrições legais. Ou seja, a produção animal nacional é discriminada negativamente, em consequência de uma política que, inclusivé, vai ao arrepio das orientações emanadas de Bruxelas, no sentido de substituir os adubos minerais, na medida do possível, por fertilizantes orgânicos. De facto, entre nós, actualmente, privilegia-se o uso dos adubos inorgânicos (importados e utilizando recursos não renováveis) e dificulta-se a valorização agrícola dos efluentes, não se atendendo assim plenamente ao interesse nacional, em termos de balança comercial e de aumento do teor de matéria orgânica dos solos. Não será por acaso que o maior investimento em curso, realizado por empresários portugueses, está a ter lugar … em Espanha. Em Portugal, os teores de matéria orgânica dos solos (MOS) agrícolas são elevados apenas na região do Minho e em áreas restritas situadas em zonas frias ou submetidas a aplicações frequentes de estrume (Calouro, 2005). Na generalidade, os nossos solos agrícolas revelam um depauperamento considerável, que no sul do país atinge uma situação preocupante (cf. Gonçalves, 2005), pois a influência do clima mediterrânico é mais marcante e, consequentemente, maior é a taxa de mineralização da MOS; ou seja, as substâncias orgânicas são decompostas mais rapidamente – o que se acentua em regadio. Nestas condições e considerando a influência benéfica da MOS na fertilidade dos solos – melhorando a sua estrutura, elevando a capacidade de retenção da água e dos nutrientes, disponibilizando estes de forma gradual às plantas, bem como energia e elementos nutritivos aos microrganismos existentes no solo, e reduzindo a fitotoxicidade do alumínio por acção complexante (Quelhas dos Santos, 2015) –, alguns técnicos têm manifestado a preocupação de proceder à correcção orgânica dos solos agrícolas nacionais, tendo Gonçalves (2001) estimado que são «verdadeiramente astronómicas» as necessidades de matéria orgânica (116 Mt) incorporada através de correctivos orgânicos, para se atingirem níveis de MOS adequados. Nas últimas décadas, a atenção dos cientistas, técnicos e legisladores passou a considerar atentamente o binómio fertilização: ambiente, principalmente
devido ao facto de ter passado a ocorrer a concentração de subprodutos de origem animal (estrumes e chorumes) e de resíduos orgânicos (sólidos urbanos, lamas de tratamento de esgotos, lamas celulósicas, etc.), em sintonia com o crescente desenvolvimento da sociedade do bem-estar, designadamente nos domínios alimentar e sanitário. Em consequência, tornou-se necessário acautelar o destino dos referidos produtos orgânicos, de modo a minimizar os seus possíveis efeitos poluentes. Esta problemática emergiu com grande acuidade em 1945, quando nos EUA se associou a “doença azul dos bebés” (metahemoglobinémia) ao uso de água rica em nitratos na reconstituição de leite administrado, via biberões, a bebés. Se bem que haja fundamentadas dúvidas sobre os verdadeiros riscos para a saúde humana da ingestão do ião nitrato (Soares, 2003; Ward, 2007; Butler et al., 2008; Powlson et al., 2008; Katan, 2009; McNally et al., 2016), em diversos países foi publicada legislação para limitar o teor máximo de ião nitrato na água potável e, posteriormente, também em alguns produtos hortícolas – aliás, principal fonte de ingestão de nitratos pelo Homem. Estes limites, porém, também têm sido postos em causa, tendo (Hord et al., 2009) sugerido mesmo que nitratos e nitritos sejam considerados nutrientes. O azoto na forma nítrica (N – NO3 –) encontra-se na solução do solo, sendo por isso rapidamente absorvido pelas raízes da grande maioria das plantas em solos com características normais, mas, por outro lado, o nitratião (NO3 –) não é retido pelo complexo coloidal dos solos (Quelhas dos Santos, 2015), constituído sobretudo por argila e húmus. Por conseguinte, importa reduzir as perdas de nitratos do solo, por um lado para não afectar a fertilidade dos solos e, por outro lado, para não contaminar as águas, quer subterrâneas (por lixiviação) quer superficiais (por escoamento superficial), a fim de respeitar os limites legais vigentes. Neste sentido foi elaborado o Código de Boas Práticas Agrícolas para a Protecção da Água Contra a Poluição com Nitratos de Origem Agrícola (MADRP, 1997), recentemente objecto de revisão (cf. Despacho nº 1230/2018), onde se estabelecem orientações que visam racionalizar a prática das fertilizações – considerando adubos minerais e correctivos orgânicos – e das técnicas culturais que interferem na dinâmica do azoto. Conforme sublinha Varennes (2003), nos países mais ricos e com uma agricultura mais desenvolvida, como os EUA, não mais de metade da produção depende de adubos minerais, sendo muito utilizados os correctivos orgânicos, designadamente dejectos dos animais e resíduos orgânicos, convindo neste último caso ter em atenção possíveis contaminações com cádmio e chumbo.
Sendo amplamente reconhecido o papel da MOS na capacidade produtiva dos solos, importa também salientar a importância da MOS na preservação e valorização do ambiente. Após a incorporação de um produto orgânico no solo (folhas, raízes, dejectos animais, resíduos orgânicos, etc.) aquele sofre uma primeira transformação (mineralização) que liberta nutrientes vegetais (azoto, fósforo, potássio, enxofre, micronutrientes) que podem ser absorvidos pela planta. Por conseguinte, a referida incorporação permite economizar adubos minerais e tira partido da economia circular, na medida em que estes adubos recorrem a fontes não renováveis de nutrientes (fósforo, potássio, etc.), que também estão contidos nos produtos orgânicos supramencionados. Naquela primeira transformação também ocorre, embora mais lentamente e desde que estejam presentes substâncias de origem vegetal, a formação de húmus ou matéria orgânica estável, que assume especial interesse, em termos agronómicos e ambientais, na medida em que apresenta propriedades coloidais, o que lhe confere elevada capacidade de hidratação e de troca catiónica (Quelhas dos Santos, 2015), contribuindo assim para o aumento de retenção da água (economia de água de rega e menor erosão hídrica – principal causa de degradação dos solos agrícolas em Portugal, segundo Calouro, 2005) e também dos nutrientes aplicados sob forma de fertilizantes ou seus derivados.
Atracção coloidal do complexo argilo-húmico (The University of British Colombia, 2013)
O teor de MOS, incluindo a biomassa microbiana, vai oscilando, conforme o balanço entre as entradas de matéria orgânica (folhas, raízes, correctivos orgânicos, etc.) e as suas perdas por mineralização. Diversos factores afectam a dinâmica da MOS e, portando, o carbono armazenado no solo – com sublinhado para a intensidade dos trabalhos de mobilização da terra. De salientar que os solos agrícolas representam um importante sumidouro de carbono, estimando-se que, em Portugal, o valor médio de carbono armazenado nos solos agrícolas seja de 47 t/ha (Calouro, 2005). Hinsinger (2014) sublinha que a MOS constitui o principal reservatório de carbono dos ecossistemas terrestres, consequentemente reduz
os gases com efeito de estufa na atmosfera e assim contribui para mitigar as alterações climáticas. A estre propósito, Zdruli et al. (2004), num estudo publicado sob os auspícios da Comissão Europeia (Organic Matter in the Soils of Southern Europe), sugerem, a título de conclusão final, que a conservação e aumento da matéria orgânica dos solos pode mitigar as alterações climáticas previstas para o Sul da Europa no sentido de um clima mais quente e seco. Em linha, também, com o recém anunciado Roteiro para a Neutralidade Carbónica – RNC2050. Infelizmente o mencionado parecer não é inteiramente partilhado por alguns entre nós, que denotam alguma incompreensão face à importância da matéria orgânica do solo – tanto para a agricultura, como para o ambiente – e a necessidade da manutenção, ou mesmo elevação do seu teor, com recurso à aplicação judiciosa de correctivos orgânicos; simultaneamente, tal incompreensão põe, evidentemente, também em causa a viabilidade das actividades, de índole económica ou sanitária, geradoras dos referidos correctivos. Por último, cabe notar que os fertilizantes orgânicos ocupam um lugar insubstituível na agricultura em modo de produção biológica, dado que nesta não está autorizada a aplicação de adubos minerais.
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+COELHO, UMA PARCERIA DE NOVE INSTITUIÇÕES EMPENHADAS NUMA ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR PARA O CONTROLO DA DOENÇA HEMORRÁGICA VIRAL E A RECUPERAÇÃO DO COELHO-BRAVO Mónica V. Cunha1*, Nuno Canada1, José Manuel Costa2, Maria João Fradinho2, Ana Hora3, Jacinto Amaro4, João Carvalho5, Fernando Castanheira Pinto6, António Roldão7, Margarida D. Duarte1*
Papel Ecológico e Importância do Coelho-Bravo O coelho-bravo ou coelho Europeu (Oryctolagus cuniculus) é uma espécie basilar nos ecossistemas Mediterrânicos, que ocorre numa notável diversidade de contextos ecológicos, exercendo uma atividade fundamental como engenheiro de ecossistemas, dispersando sementes, modificando a estrutura da paisagem e contribuindo para uma maior diversidade de plantas e das comunidades de invertebrados e vertebrados. É uma espécie estruturante da comunidade de carnívoros da Bacia Mediterrânica, atuando como presa preferencial de um vasto número de espécies de predadores da Península Ibérica. Do coelho-bravo depende a sobrevivência do lince Ibérico (Lynx pardinus) e da águia imperial (Aquila adalberti), entre muitas outras espécies de mamíferos e aves que ocupam lugares decisivos em diversas cadeias tróficas. O coelho-bravo é também uma das principais espécies cinegéticas no quadro venatório nacional e Ibérico, com elevado valor cultural e gastronómico, mobilizando anualmente milhares de caçadores para o ato venatório. Tem, por isso, um impacto relevante nos sistemas socioeconómicos regionais e locais subjacentes à atividade cinegética e um papel determinante na fixação das populações ao mundo rural, através das atividades periféricas à caça, contrariando a desertificação. Da exploração cinegética do coelho-bravo decorrem transações financeiras significativas resultantes das taxas pagas pelas zonas de caça, das cartas de caçador, licenças de caça, quotas, seguros, armamento e munições, acessórios de caça, publicações especializadas, bem como provenientes do setor do vestuário, taxidermia, restauração e hotelaria, como evidenciou recentemente um estudo intitulado “O valor económico da Caça”, coordenado pelo INIAV.
A Preocupação Sobre o Declínio do Coelho-Bravo Em populações naturais estáveis de coelho-bravo, a elevada taxa reprodutiva é equilibrada por uma taxa de mortalidade elevada, podendo atingir mais de 80% nos primeiros anos de vida. Contrastando com o cenário em várias regiões do mundo, onde a espécie foi introduzida e exerce avultados danos na agricultura e biodiversidade locais, na Península Ibérica, região de onde é originária, a espécie coelho-bravo não foi poupada às consequências das mudanças drásticas de uso do solo e, particularmente, da (re)emergência de epizootias, tais como a
Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I. P. (INIAV, I. P.) 2 Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) 3 Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) 4 Federação Portuguesa de Caça (FENCAÇA) 5 Associação Nacional de Proprietários Rurais, Gestão Cinegética e Biodiversidade (ANPC) 6 Confederação Nacional dos Caçadores Portugueses (CNCP) 7 Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica (iBET) * Investigadoras co-responsáveis do projeto +Coelho 1
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mixomatose e a doença hemorrágica viral (DHV), sendo atualmente considerada em crescimento negativo. A distribuição do coelho-bravo em diferentes paisagens é influenciada por fatores abióticos e bióticos, tais como a topografia, altitude, dureza do solo e estrutura de habitat, clima, bem como a disponibilidade de alimento, geralmente proporcionada pela proximidade a áreas de práticas agrícolas tradicionais. Os mosaicos de zonas de mato e áreas abertas com vegetação herbácea proporcionam habitats favoráveis, com recursos alimentares adequados, e simultaneamente, abrigo e proteção contra predadores. No entanto, a fragmentação da paisagem, o abandono das principais atividades agrícolas tradicionais, e a contínua intensificação de monoculturas extensas, tais como a vinha e o olival, exerceram mudanças profundas no habitat favorável à proliferação do coelho-bravo, e consequentemente, na distribuição e tamanho das suas populações. A ação predadora de espécies introduzidas e a pressão cinegética têm também desempenhado um papel complementar na regulação das populações, devendo ser ajustadas enquanto medidas de gestão. A DHV afeta o coelho doméstico e o coelho-bravo, tendo sido identificada pela primeira vez em Portugal, em 1987, no arquipélago da Madeira. Em 1988 e 1989, o vírus da DHV (RHDV) foi detectado no arquipélago dos Açores e no Continente, tendo-se tornado endémico nalgumas áreas. Em 2010, emergiu um novo genótipo, vulgarmente designado por RHDV2, que se disseminou rapidamente pelos países da Europa Ocidental e Central, substituindo rapidamente os genótipos clássicos anteriormente em circulação, que afetavam essencialmente indivíduos adultos, e passando também a causar doença e mortalidade entre os coelhos juvenis. A emergência desta nova epizootia de etiologia viral, agravada pelas alterações climáticas que se fizeram sentir nos últimos anos, com períodos de seca excecional, têm regulado de forma significativa o tamanho das populações na Península Ibérica, comprometendo ainda mais o frágil equilíbrio da espécie, conduzindo à redução alarmante do número e tamanho de núcleos populacionais e/ou à extinção local, em determinados nichos ecológicos. Em resultado deste declínio acentuado, a espécie está classificada, desde 2008, como uma espécie Quase-Ameaçada, de acordo com os critérios da União Internacional da Conservação da Natureza (IUCN), figurando com esse estatuto no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal.
O Grupo de Trabalho + Coelho e o Plano de Ação para o Controlo da Doença Hemorrágica Viral dos Coelhos Das preocupações concertadas entre a tutela [(Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural (MAFDR)], as organizações do sector da caça e diversas entidades governamentais cujas missões se enquadram na garantia da sanidade animal, na conservação
O aminoácido essencial para minimizar os níveis de proteína em dietas para frangos?
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da natureza e da biodiversidade, e na realização de investigação de suporte a políticas públicas, na defesa dos interesses nacionais e na prossecução e aprofundamento de políticas comuns, foi publicado o Despacho nº. 4757/2017 de 31 de Maio, estabelecendo uma parceria entre nove instituições, com a missão de conceber e implementar um Plano de Ação para o Controlo da Doença Hemorrágica Viral dos Coelhos (PACDHVC), visando reverter a tendência de decréscimo acentuado das populações de coelho-bravo. Este Grupo, coordenado pelo Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV, IP), conta com a parceria do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, I. P. (ICNF, IP), da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO) da Universidade do Porto, do Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica (iBET), da Ordem dos Médicos Veterinários, e das organizações de primeiro nível do setor (OSC): a Federação Portuguesa de Caça (FENCAÇA), a Confederação Nacional dos Caçadores Portugueses (CNCP) e a Associação Nacional de Proprietários Rurais, Gestão Cinegética e Biodiversidade (ANPC) (Fig. 1). O plano de ação desenvolve-se em 12 medidas, a maioria de implementação a curto e médio-prazo, inseridas em três eixos de intervenção (Fig. 2), nomeadamente: I. Investigação, II. Boas Práticas de Gestão, e III. Controlo Sanitário. Entre estas medidas, constam: 1) desenvolvimento de uma vacina oral, inócua e ajustável à evolução do vírus RHDV2, adequada à imunização de populações selvagens de coelho-bravo, por não necessitar de captura e manipulação dos animais e que, expectavelmente, permitirá reduzir a transmissão do vírus e controlar a mortalidade associada a DHV; 2) identificação de marcadores moleculares de imunorresistência à DHV, tendo em vista a seleção de sub-populações de coelho-bravo naturalmente mais resistentes aos efeitos patogénicos exercidos pelo RHDV2, explorando-se os mecanismos de coevolução entre vírus-hospedeiro;
EIXOS DO PLANO DE AÇÃO
II. Boas Práticas de Gestão III. Medidas de Vigilância Sanitária
Plano de Comunicação
I. Programa de Investigação
TOMADORES DE CONHECIMENTO
COORDENAÇÃO PARCEIROS
CIBIO; iBET ANPC CNCP FENCAÇA
ICNF INIAV DGAV OMV
Fig. 1. Eixos de Intervenção e de Trabalho parceiros dono contexto Grupodo PACDHVC. de Trabalho +Coelho no Fig. 1. Eixos de Intervenção e parceiros do Grupo +Coelho contexto do PACDHVC.
PROTEÇÃO IMUNITÁRIA
MODELOS INTERATIVOS
PREVISÃO DA EFICÁCIA DE DIFERENTES MEDIDAS DE CONTROLO
DESENVOLVIMENTO DE VACINA EM ISCO
SELEÇÃO DE SUB POPULAÇÕES SUB-POPULAÇÕES RESISTENTES DHV
INSTRUMENTOS DE COMUNICAÇÃO E DIVULGAÇÃO
MANEIO | | GESTÃO
AUMENTO DA ÊNCIA CONSCIÊNCIA SOCIAL <<<<<
CERTIFICAÇÃO SANITÁRIA
VIGILÂNCIA SANITÁRIA
IDENTIFICAÇÃO DE MARCADORES GENÉTICOS
SUPLEMENTAÇÃO DE ALIMENTO DISPONIBILIZAÇÃO DE ABRIGO CONTROLO DA PREDAÇÃO AÇÕES DE FISCALIZAÇÃO CERTIFICAÇÃO GENÉTICA
Fig. 2. Resultados esperados e áreas de Intervenção do Grupo de Trabalho +Coelho, no contexto do PACDHVC.
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3) desenvolvimento e operacionalização de um sistema nacional de recolha de dados demográficos e epidemiológicos da população de coelho bravo e integração com os fatores bióticos (ex. presença de predadores ou vetores) e abióticos (ex. clima), com o objetivo de se caracterizar a epidemiologia da DHV em diferentes biótopos e de se identificar os fatores que, no presente, potencializam a probabilidade de doença e os que desfavorecem a transmissão do vírus; o reconhecimento destes fatores permitirá aferir quais as medidas de intervenção mais adequadas a implementar em cada área; 4) reconstrução da história demográfica de RHDV2 e desenvolvimento de modelos preditivos de transmissão, tendo em vista a compreensão da evolução natural do vírus e a aquisição de conhecimento essencial para ajustar, sempre que necessário, as medidas de vacinação e seleção genética; 5) gestão de habitat e fomento de abrigo e de moroiços de reprodução; 6) adequação da atividade cinegética e do controlo de predação, com vista ao restabelecimento das populações naturais de coelho-bravo em áreas onde estas se encontram muito depauperadas; 7) ações de fiscalização de movimentações de animais destinados a largadas e repovoamentos, visando a garantia da condição sanitária destes efetivos e a redução da disseminação de agentes patogénicos na sequência de introduções; 8) ações de esclarecimento e divulgação sobre gestão e exploração de recursos faunísticos, para aumentar a consciência social sobre a importância das boas práticas de gestão genética, sanitária, e imunoprofilática nas zonas de caça; 9) certificação genética dos indivíduos introduzidos para garantia da pureza genética dos coelhos-bravos e da preservação desta sub-espécie; 10) implementação de medidas de vigilância da DHV para conhecimento do estado higio-sanitário dos leporídeos em Portugal; 11) implementação de medidas que favorecem a redução da transmissão de RHDV2 e o controlo da DHV; e, 12) ações de esclarecimento sobre os fatores de risco de disseminação da doença. O desenvolvimento de uma vacina oral, adaptada ao coelho-bravo, constitui a única medida de longo prazo prevista no Plano de Ação, tendo as outras medidas sido já iniciadas, mas encontrando-se atualmente em diferentes fases de implementação.
Medidas de Mitigação das Alterações de Habitat Decorrentes da Atividade Antrópica e das Alterações Climáticas As mudanças profundas que se fizeram sentir nas últimas décadas no mosaico mediterrânico, em resultado da atividade humana e de períodos de seca extrema, conduziram a uma degradação cumulativa do habitat favorável à proliferação do coelho-bravo, bem como à indisponibilidade frequente de água e alimento. O coelho-bravo é um herbívoro generalista, reproduzindo-se no inverno e primavera, sendo o máximo populacional atingido no início do verão. Na Península Ibérica, na estação mais quente e seca, e consequentemente de maior escassez de alimento e água, ocorre, de uma forma geral, uma pausa na atividade reprodutora da espécie. Acresce que, dependentes do abrigo proporcionado por zonas de mato com reduzido material lenhoso ao nível do solo, mas com uma cobertura superior desenvolvida, cujas áreas se tornaram cada vez mais reduzidas e fragmentadas, os coelhos são forçados a percorrer distâncias maiores para encontrar alimento, tornando-se mais visíveis aos predadores, e submetendo-se assim a uma maior probabilidade de predação por mesocarnívoros e aves de rapina. Estudos de conservação biológica realizados nos EUA e Europa identificaram a suplementação alimentar como uma medida de conserva-
HRV EQUIPAMENTOS DE PROCESSO
ção eficaz do coelho, com registo do aumento das taxas de sobrevivência de 32% para 70%, no caso das populações com acesso a alimentadores. No âmbito do PACDHVC estão previstas medidas de gestão cinegética e de conservação, que passam pela recuperação dos habitats, disponibilização de água, alimento e abrigo favoráveis à recuperação e estabilidade das populações naturais de coelho-bravo. O fornecimento de alimentos complementares, quando a disponibilidade de alimento natural é insuficiente ou inexistente, pode, de facto, ser decisiva no atual contexto ecológico que o coelho-bravo atravessa. A instalação de culturas para a fauna, anuais ou plurianuais, e o reforço das faixas de leguminosas de primavera, são medidas já vulgarmente implementadas por muitas das entidades gestoras das zonas de caça. No entanto, a instalação de uma rede de locais abastecidos com um alimento composto específico pode, em períodos de maior escassez, permitir ao coelho-bravo suprimir carências nutricionais e assegurar uma condição física favorável à sobrevivência desta espécie e aumentar a resistência a infeções.
O Grupo +Coelho Desafiou o Sector da Indústria de Produção de Alimentos Compostos Para Cunicultura Para a Produção de Uma Ração Especifica Para Coelho-Bravo. O grupo de trabalho +Coelho, sustentado no conhecimento técnico e prático que os parceiros das OSC, observadores privilegiados, têm sobre a situação real no terreno, propõe, em conjugação com outras medidas de gestão, a suplementação alimentar com alimentos especificamente formulados e adequados às populações selvagens para alavancar e acelerar a recuperação de coelho-bravo em áreas de risco, onde a escassez de alimento é também um fator claramente limitador do restabelecimento ou recuperação destas populações. Pretende-se com esta medida, já adotada isoladamente por algumas zonas de caça, concertar e sincronizar esforços à escala nacional, para potenciar os seus efeitos. Durante a avaliação sanitária de leporídeos decorrente da rede de epidemiovigilância que decorreu na época venatória 2017/2018, foi ainda possível registar uma heterogeneidade significativa da condição corporal dos animais caçados e cadáveres amostrados, bem como observar elevadas cargas parasitárias intestinais em animais provenientes de algumas zonas de caça, sendo particularmente evidente a presença de céstodes, nomeadamente citoténias e cisticercos. Assim, pretende-se também, através do fornecimento
pontual de um alimento medicamentoso, estabelecer calendários de desparasitação semestral para o coelho-bravo em áreas onde foram identificadas elevadas cargas parasitárias. Esta medida permitirá melhorar a condição física dos animais e, consequentemente, a resposta imunitária aos vários agentes patogénicos em circulação, salvaguardando sempre os intervalos de segurança para consumo humano, em função do calendário venatório da espécie. Neste âmbito, a equipa do projeto +Coelho, estabeleceu uma parceria com a IACA – Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais e alguns dos seus associados, com o propósito triplo de: 1) desenvolver uma formulação específica para um alimento composto adequado ao coelho-bravo, para suplementação em contexto natural/de vida livre, em regiões onde a indisponibilidade ou escassez de alimento é reconhecida pelos gestores das zonas de caça como um fator limitante na recuperação das populações; 2) desenvolver um alimento medicamentoso contendo desparasitantes, para disponibilizar apenas nas áreas afetadas e cuja identificação assentará nos resultados da epidemiovigilância da época venatória anterior; e, simultaneamente, 3) testar diferentes aromatizantes e composições de rações, com vista à elaboração de uma formulação altamente apelativa para a espécie, mesmo em condições de abundância de outros alimentos naturais, que permitirá veicular no futuro a vacina oral que se encontra em fase inicial de desenvolvimento.
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Estratégia de Partilha de Informação A partilha de informação gerada no âmbito do projeto +Coelho, quer no seio dos parceiros da administração do Estado, do setor da caça, e da academia, quer com a sociedade civil em geral, é entendida como uma oportunidade para consolidar conhecimentos e competências e para mobilizar interesses e apoios de diversos setores. Nesse sentido, e numa filosofia de transparência das iniciativas do grupo de trabalho, são regularmente divulgadas noticias no site do INIAV (http://www.iniav.pt/doenca-hemorragica-viral-dos-coelhos/mais-coelho-em-noticia), pelo que convidamos os leitores deste suplemento especial a acompanhar regularmente as múltiplas atividades do nosso grupo. Grupo +Coelho | e-mail: maiscoelho@iniav.pt
Projeto “+COELHO: Avaliação Ecossanitária das Populações Naturais de Coelho-Bravo Visando o Controlo da Doença Hemorrágica Viral” financiado pelo FUNDO FLORESTAL PERMANENTE.
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MELHORAR O NÍVEL DO FERRO COM ALTAS DOSES DE FITASE
Dr. Pete Wilcock
Hoje em dia as porcas produzem mais porcos por ninhada, e como consequência é comum encontrar pesos médios ao desmame mais baixos. Melhorar o desempenho pós-desmame dos leitões ainda é um aspecto fundamental dos sistemas de produção de suínos, e uma área de interesse que vale a pena continuar a investigar é o nível de ferro dos leitões ao desmame. Habitualmente os leitões recém-desmamados são injetados com ferro (200 mg) para evitar a deficiência de ferro. Isso é importante porque os leitões nascidos nas explorações têm um baixo nível de armazenamento de ferro e não têm acesso ao ferro oral sob a forma sólida, enquanto o leite da porca é baixo em ferro. Sem esta injeção, os porcos tornar-se-ão deficientes em ferro ou anémicos, caracterizados por um número insuficiente de glóbulos vermelhos, uma quantidade insuficiente de hemoglobina, perda de apetite, letargia, aumento da taxa de respiração, crescimento reduzido e mortalidade.
Incidência de anemia nas explorações comerciais
Gustavo Cordero
Sendo a anemia causadora de perdas de produção, deve-se prestar mais atenção ao nível de ferro dos leitões. Um estudo recente no Canadá indicou que, mesmo com uma injeção de ferro, os leitões em sistemas de alta produtividade podem estar anémicos no momento do desmame. Esta anemia está relacionada frequentemente com leitões de crescimento mais rápido ou mais pesados ao desmame. Esse estudo analisou o nível de ferro de mais de 1000 leitões de 20 explorações comerciais. Cada exploração comercial tinha a prática de administração da injeção de ferro (200 mg) em leitões recém-desmamados, mas mesmo com injeção de ferro ainda havia uma percentagem alta de leitões (≈ 35%) que eram deficientes em ferro ou anémicos ao desmame (Fig. 1). Surpreendentemente, apesar de os porcos passarem a ter alimento suplementado 6.4
28.4
65.2
Anaemic (< 9g/dl Hb)
Deficient (9 - 11g/dl Hb)
Normal (>11 g/dl Hb)
Figura 1. Percentagem de porcos medidos ao desmame que foram classificados como anémicos, deficientes, normais em relação aos níveis de hemoglobina no sangue; 20 explorações comerciais (> 1000 leitões) Referência: Perri et al, 2016
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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
com ferro, o nível de deficiência de ferro aumentou para 60% às três semanas após o desmame, o que foi exacerbado pelo maior nível de óxido de zinco na dieta. Além disso, os leitões anémicos ao desmame foram 0,83 kg mais leves aos 21 dias pós-desmame. Esta investigação em explorações de suínos sugere que, mesmo com o uso de injeção de ferro, os leitões são susceptíveis à anemia, levando a um menor crescimento pós-desmame. Embora geralmente vista como uma atenuante para a anemia, a injeção de ferro também pode ter potencialmente efeitos negativos associados ao maior stress oxidativo no animal e contaminações. De facto, estudos indicam que a necessidade de antioxidantes biológicos aumenta nos leitões que tiveram injeção de ferro.
A mudança nas fontes de proteínas alimentares contribui para o problema
Uma área a considerar que pode afetar o nível de ferro dos leitões é a mudança nas dietas de iniciação nos últimos anos. Tradicionalmente, as dietas de leitões consistiam em proteínas animais altamente digestíveis, como farinhas de peixe, plasma ou farinhas de aves e de sangue que contêm altos níveis de ferro. No entanto, mais recentemente, com o foco em dietas de menor custo, juntamente com uma maior compreensão das matérias-primas e com as necessidades de aminoácidos digestiveis do leitão, resultou num maior interesse nas proteínas vegetais. Com o aumento de utilização de proteínas vegetais, como bagaço de soja, concentrados de proteína de soja e de destilados de milho que substituem proteínas animais, o resultado são dietas iniciais com menores concentrações de ferro. Mesmo com suplementação de ferro (100 a 200 ppm de sulfato de ferro), os níveis mais elevados de fitato associados ao alto teor de proteína vegetal resultam numa proporção alta de fitato:ferro. O fitato é um forte quelador de íões metálicos divalentes, como o ferro pelo que com esta mudança na dieta, com o aumento do fitato e menor teor de ferro, resulta em níveis mais baixos e baixa biodisponibilidade do ferro na dieta. Com os baixos níveis de ferro encontrados nas explorações comerciais, a tendência actual para aumentar as fontes de proteína vegetais levam associado um maior nível de fitato que pode ser um factor que contribui potencialmente para uma maior incidência de anemia observada nas explorações hoje em dia.
Doses altas de fitase para libertar o ferro ligado ao fitato
Tradicionalmente 500 FTU / kg de fitase não têm sido utilizado em alimentos de iniciação (desde desmame até 21d) para libertar fósforo devido aos níveis mais baixos de fitato da dieta associado a alimentos com
uma base em fontes de proteína animal e ao alto uso de óxido de zinco. No entanto, sendo o fitato da dieta conhecido como sendo um anti-nutriente, o uso de altas doses de fitase nos alimentos de iniciação para atingir 80% de destruição de fitato resultou em melhor desempenho pós-desmame. A suplementação de 1500 – 2500 FTU / kg de fitase (superdosing) visa alcançar uma destruição quase completa do fitato (IP6) e dos isomeros inferiores (IP5 – IP2). Mesmo em pequenas quantidades, o fitato e os seus isomeros inferiores podem reduzir a biodisponibilidade de proteína e dos iões metálicos divalentes. Esta redução tem especial relevância para o ferro, como refletem os resultados do ensaio aos 21 dias após o desmame, que mostram que o teor reduzido de fitato na digesta ileal nos leitões estava associado a um aumento nos níveis de hemoglobina. Além disso, um estudo em leitões desmamados demonstrou que doses crescentes de fitase E.Coli modificada aumentaram linearmente o nível de ferro, medido através da determinação do hematócrito, indicando um aumento da proporção de glóbulos vermelhos no sangue (Figura 2).
% Hct
35 30 25 20
32,2
30,3
29,2
27,2
26,8
25,2
0
A NOSSA TECNOLOGIA EM FITASE LEVA A EFICIÊNCIA DE PRODUÇÃO A UM NOVO NÍVEL. O NÍVEL QUANTUM.
500
2500
Quantum Blue (FTU/kg) Low Fe (100 ppm)
High Fe (320 ppm)
Figura 2. Efeito do ferro dietético e da dose de fitase Quantum Blue sobre o estado de ferro dos leitões aos 21 dias pós-desmame (medido como proporção de hematócrito) (Ferro P <0,05, Fitase P <0,05, interação Ferro ´ fitase P <0,05. Laird et al. , 2017)
A melhoria nos níveis de ferro aumentada através da suplementação na dieta ou mediante altas doses de fitase, medido em forma de concentração de hemoglobina e nível de hematócrito , também se refletiu em melhoria no ganho médio diário (GMD) e melhor índice de conversão alimentar (IC) desde o desmame até aos 21d (Figura 3). O rendimento mais alto aos 21 dias após o desmame foi correspondente a suínos alimentados com dietas contendo altos níveis de ferro (320 ppm) e doses altas de fitase (2500 FTU / kg).
1,45
1,41
1,4
FCR (g/g)
1,35
1,35
1,35
1,29
1,3
1,26
1,25 1,19
1,2 1,15 1,1 1,05
Low Fe 0 FTU/kg Phytase
High Fe 500 FTU/kg Phytase
2500 FTU/kg Phytase
Fig. 3. Efeito do ferro dietético e da dose de fitase Quantum Blue no IC do desmame até 21 dias pós-desmame (Ferro P <0,11, Fitase P <0,01, interação ferro x fitase P <0,25. Laird et al., 2017).
Com um interesse constante na melhoria do desempenho pós-desmame dos leitões, é necessário continuar a investigar e compreender em profundidade os níveis de ferro. Uma aplicação que pode ser benéfica na melhoria do estado do ferro do leitão pós-desmamado é o uso de altas doses de uma fitase E Coli modificada para libertar o ferro da dieta potencialmente ligado ao fitato.
O Quantum blue têm uma alta afinidade pelo fitato. Trabalha com o animal para libertar as seis moléculas de fósforo mesmo quando há níveis baixos no intestino, libertando inositol e nutrientes valiosos que de outra maneira se mantinham ligados ao fitato. Ao aplicar Quantum Blue, os produtores podem alcançar uma melhoria no IC de quatro pontos em frangos. Isso equivale a uma economia de até 6 a 8€ por tonelada de ração. É melhor começar a usar Quantum Blue.. Saiba mais em: E: antonio.pratas@winfarm.pt T: +35 191 3317235 www.abvista.com
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO
EFEITOS POSITIVOS ADICIONAIS DO USO DE CREAMINO® EM DIETAS PARA FRANGOS DE CARNE E PORCOS DE ENGORDA Arlindo de Sousa (Brandsweet, Lda.) e Carlos Dapoza (Evonik Nutrition & Care GmbH) Ácido guanidinoacético (AGA), a substância activa do CreAMINO®, é um precursor da creatina e, como tal, está envolvido no metabolismo energético. A creatina é um constituinte celular normalmente presente em todos os animais, particularmente nas células musculares, com funções de reserva e de transporte de energia, assegurando a disponibilidade de unidades de ATP, evitando flutuações que são prejudiciais a todas as funções que requeiram energia. É obtido a partir de fontes de proteína animal do alimento e/ou da síntese “de novo” a partir de ácido guanidinoacético. A arginina reage com a glicina para formar AGA, que por sua vez, sofre uma metilação para formar a creatina (Michiels et al., 2012), tal com mostra a figura 1. Em animais de crescimento rápido, tais como frangos de carne ou porcos em crescimento, a capacidade de síntese de novo da creatina é um factor limitante no processo de crescimento do músculo, uma vez que só contribui com parte das necessidades totais. A outra parte, supostamente, deveria ser provida por via alimentar. O que assistimos actualmente? A maior parte dos animais em criação é alimentada através de dietas “vegetarianas”, cuja proteína não aporta creatina. Mesmo dietas contendo proteína animal, aos níveis habituais de incorporação, não aportam quantidades suficientes para a exploração do potencial de crescimento do tecido muscular.
O AGA está aprovado na UE (União Europeia) para utilização em de frangos de engorda e suínos desde o desmame até ao abate em dosagens compreendidas entre 600 e 1200 g / tonelada de alimento final. A sua inclusão em dietas provou, quer em condições experimentais, quer em condições reais de campo, melhorias muito consistentes nos parâmetros de desempenho, como a velocidade de crescimento, taxa de conversão alimentar (FCR) e rendimento/qualidade da carcaça, associados a carcaças mais magras (menos gordura de cobertura). Além disso a suplementação do Ácido Guanidinoacético (AGA) conduz a uma poupança de arginina, que ao existir em maior quantidade, não só contribui para a “pool” de aminoácidos necessários à síntese proteica, como, por estar envolvida na produção de óxido nítrico, promove maior fluidez do sangue, melhorando a sua circulação no transporte de nutrientes, oxigénio, etc, com todos os benefícios daí resultantes. Essas melhorias traduzem-se num produto com mais retorno económico, levando a que cada vez industriais da fileira da produção de monogástricos, confie no CreAMINO®. Adicionado “on top” (por cima da fórmula), o uso do CreAMINO® revelou, no campo, efeitos positivos adicionais em animais, reforçando ainda mais o interesse económico do produto.
Figura 1. Formação e destino metabólico do ácido guanidinoacético (AGA) no animal
Efeito na qualidade da cama e nas lesões a ela associadas, em frangos de carne Muitos utilizadores do CreAMINO® observaram melhorias na qualidade da cama, contribuindo para a redução de incidências de dermatites da almofada plantar e da erosão dos tarsos. Esta melhoria é simultaneamente, causa e efeito de um melhor Índice de Conversão, em
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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
resultado de uma utilização mais eficiente dos compostos azota-
Dependendo da fase do desenvolvimento da cartilagem e do osso,
dos resultando numa menor excreção de azoto, pelo animal. Não
as diferentes isoformas da Fosfocreatina quinase (CrK) aparecem
sendo a única causa, é sabido, que um menor teor de azoto nas
expressas em diferentes níveis, indicando um papel importante
excretas tem como consequência imediata um menor conteúdo de
de CrK e Fosfocreatina (PCr) no desenvolvimento, diferenciação e
água nas mesmas, determinando a montante menos quantidade
função da cartilagem e do osso em geral (Katoh et al., 1991; Polle-
de água ingerida. A redução de azoto excretado contribui para
sello et al., 1991; Kvam et al., 1992; Shapiro et al., 1992; Wallimann e
menos humidade na cama, promovendo uma melhor pontuação
Hemmer, 1994; Hobson et al., 1999). A suplementação de creatina
dos índices de lesionais.
ou AGA aumenta, não apenas, a reserva de Creatina livre, mas
Para comprovar este facto, realizou-se um ensaio em frangos de
também o da Fosfocreatina (Ipsiroglu et al., 2001).
engorda no Centro de Investigação da Aviforum (Suíça) em Abril
Efectuou-se em 2014, um ensaio na Universidade de Ancara
de 2015, com um efectivo de 4480 pintos do dia Ross 308, ali-
(Turquia) para avaliação do desempenho zootécnico e medições
mentados durante 37 dias. As aves foram alojadas em 16 parques de 20m2 com 280 aves em cada parque, com camas (1,2 kg / m2, granulados de palha). Foram utilizados 3 alimentos, sendo o inicial em migalha e os restantes na forma de granulado. A adição de CreAMINO® na dosagem de 600 g / tonelada de alimento permitiu uma redução nas lesões da almofada plantar de alimentos e queimaduras do tarso como mostrado na figura 2. Além disso, no grupo com CreAMINO , observou-se ®
uma redução na ingestão de água na fase de finalização (4,05 vs. 4,30 dl / ave / dia, p = 0,052) e uma menor mortalidade por insuficiência cardíaca (14 vs. 21 animais). Uma possível explicação, é a de que um nível mais alto de creatina no músculo, isto é, mais próximo das reais necessidades, conseguido através da suplementação, conduziu a uma melhor actividade contráctil do coração (Michiels et al., 2012). Figura 2. Comparação da percentagem de animais com lesões nas patas e queimaduras nos tarsos no final do ensaio entre os grupos Controlo e CreAMINO®, na exploração (29 dias) e no matadouro (36 dias).
ósseas em frangos de carne. O ensaio consistiu na utilização de 240 pintos do dia (Ross 308), distribuídos equitativamente em 2 grandes grupos, Controlo e Controlo + 0.06% de CreAMINO®, com 12 réplicas (parques) de 10 aves cada, para avaliação aos 24 dias de vida. Ao 24º dia, 2 frangos por parque, mais próximos do peso médio do respectivo parque, foram seleccionados para medições da tíbia. Os resultados mostraram uma melhoria no crescimento e índice de conversão no grupo com CreAMINO, conforme expresso na tabela 1. Os valores para a fractura da tíbia (resistência à ruptura da tíbia, flexão e energia) foram significativamente maiores nos frangos alimentados com dietas suplementadas com CreAMINO®, indicando mais robustez nas extremidades. Tabela 1. Efeito do CreAMINO® nos índices do desempenho animal, na densidade óssea da tíbia e sua resistência à fractura em frangos com 24 dias de idade* Tratamento
Índice Conversão 0-24dias
Consumo Peso Vivo Ganho de aos 24 dias Peso Vivo de alimento 0-24 d (g) 0-24d (g) (g)
Controlo
987±11.28
941±11.20
1338±14.11
1.423±0.007
Controlo + 0.06% CreAMINO
1017±10.04
971±10.00
1372±11.77
1.413±0.008
0.058
0.057
0.055
0.372
p-value
*Valores expressos como médias ± erro padrão da média Densidade da Tíbia
Flexão Força necessária para a que- máxima da bra da tíbia (N) tíbia (mm)
Tratamento
HB: Erosão dos tarsos, pontuação 0 e 1 FPL: Dermatites da almofada plantar, pontuação 0 e 1
Efeito da suplementação do CreAMINO® no desenvolvimento do tecido ósseo
Propriedades mecânicas da Tíbia Energia (joules)
Controlo
1.15±0.009
266.72±15.30
2.37±0.13
0.35±0.03
Controlo + 0.06% CreAMINO
1.10±0.005
299.89±10.86
2.78±0.08
0.44±0.01
<0.0001
0.07
0.08
0.03
p-values
Há evidências de que os condrócitos e os osteoblastos requerem
Qualidade da Carne
grandes quantidades de energia durante a mineralização (Cartier,
A qualidade da carne tem sido motivo de preocupação acrescida
1969; Heyden e From, 1970; Kakuta et al., 1986; Shapiro et al., 1988;
para a indústria animal, nos últimos anos. Muitas vezes, esses
Pollesello et al., 1991; Komarova et al., 2000).
problemas de qualidade estão ligados a uma falta de forneciA L I ME N TAÇÃO A N I M A L
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO
mento de oxigénio que força a célula muscular a gerar energia por via anaeróbica, um processo que conduz ao aumento dos níveis de ácido láctico no músculo, produzindo danos na integridade da célula. Exemplos típicos destas ocorrências, são as carnes pálidas, de textura mole e exsudativas em suínos (PSE) e as mais recentes anormalidades na qualidade dos músculos do peito dos frangos de engorda (Mazzoni et al., 2015). Estas últimas, ligadas provavelmente a uma taxa de crescimento rápido das estirpes modernas de frangos de engorda, em resultado do “melhoramento” genético (Petracci et al., 2015). Um fornecimento extra de Creatina ou AGA pode potencialmente prevenir danos nos tecidos por estabilização das membranas celulares e manutenção dos níveis de ATP. Devido à natureza de “zwitterion” da Creatina e da Fosfocreatina, estes podem ligar-se aos grupos fosfolípidos das células existentes nas membranas celulares e, deste modo, reduzir a fluidez e perda do conteúdo citoplasmático (Clark, 1997). Por outro lado, um nível mais alto de Fosfocreatina implica uma maior reserva de ATP, proporcionando assim energia rapidamente disponível em casos de aguda necessidade, reduzindo a dependência do modo anaeróbio até que as condições de falta de oxigénio sejam revertidas (Persky e Brazeau, 2001). O efeito do suprimento de creatina em carne de porco tem sido amplamente estudado nas últimas décadas. Foi provado o efeito
positivo nas condições anaeróbicas associadas ao “rigor mortis”, confirmando uma redução na incidência de carne pálida, mole e exsudativa (PSE) (Faustman, 1994; Maddock et., 2000), uma menor perda por gotejamento (Berg Em 1999, James et al., 2000; Wang et al., 2012), uma maior consistência da carne (James et al., 2000) e mais tenrura (Wang et al., 2012) Em frangos de engorda, foi efectuado um estudo em 2017 na Universidade do Estado da Carolina do Norte (USA), com o objectivo de avaliar se as melhorias esperadas na velocidade de crescimento e na percentagem de carne magra associadas à suplementação de AGA implicariam um efeito também na qualidade da carne. Nesse estudo, foram utilizados 1280 machos Ross 708, colocados em 64 parques, com 20 indivíduos por parque. O programa alimentar envolveu quatro fases, com alimentos à base de milho e soja. O alimento inicial foi fornecido em migalha e todos os restantes na forma granulada. Durante todo o ensaio, o alimento foi fornecido “ad libitum”. Como se pode observar na Tabela 2, a suplementação com CreAMINO® promoveu, um crescimento mais rápido (5.012 vs. 4.966 kg de ganho de peso vivo, aos 55 dias, P <0,05), uma melhoria no Índice de Conversão (1.652 vs. 1.671, p <0,01) e maior rendimento da carne do peito (1.511 versus 1.481 kg, p <0,05). Apesar desse crescimento mais rápido e maior rendimento da carne
Tabela 2. Efeito do CreAMINO® nos índices zootécnicos e nas miopatias peitorais numa escala de 1 a 4, aos 55 dias de idade Peso Vivo (g) PBP
Aditivo
GPV (g) Ganho Peso Vivo
Consumo Alimento (g)
Índice de Conversão
Indice Conversão ajustado*
Dia 0
55d
0 – 55d
0 – 55d
0 – 55d
0 – 55d
AGA
46.0
5 056
5 012
8 373
1.670
1.652
Controlo
46.0
5 016
4 966
8 418
1.694
1.671
0.0002
0.0009
Origem da variação
p-values
AGA
0.7724
0.0675
0.0340
0.3036
Peso das partes após desmancha (g) PBP
Aditivo
Peso Vivo
Peso Carcaça
Asas
Coxas
Pectoralis major
Pectoralis minor
Carne Peito
Peças
AGA
5006
3950
366
1174
1263
250.07
1511
897
Controlo
4917
3867
360
1162
1238
243.94
1481
864
0.0384
0.0309
0.2127
Origem da variação
p-values
AGA
0.0094
0.0069
0.1324
0.3063
0.0443
Wooden Breast
White Striping
Aditivo
1
2
3
4
1
2
3
AGA
0.04
0.46
0.45
0.04
027
0.52
0.21
Controlo
0.03
0.38
0.54
0.05
0.28
0.55
0.17
0.9626
0.7369
0.5712
p-values
Origem da variação AGA
0.7843
0.3290
* Valor ajustado, considerando o peso correspondente à mortalidade
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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
0.2990
0.8672
Conclusão
de peito, os frangos de engorda com CreAMINO ® não apresentaram nenhum efeito negativo em comparação com a dieta controlo. Na verdade, houve uma redução do número de casos graves de “peito de madeira” (wooden breast) (tabela 2). Esta tendência para a redução da gravidade do “peito de madeira” com Creamino®, também foi observada por Oviedo-Rondón et al. 2017, que observou uma redução significativa desta miopatia em frangos com 51 dias de idade, quando alimentados com dietas à base de milho-sorgo. Estes ensaios confirmam o efeito protector do suplemento AGA na integridade das células musculares.
PRODUTOS
SERVIÇOS
A suplementação de CreAMINO® em alimentos destinados a frangos de engorda e suínos demonstrou melhorias significativas no crescimento, taxa de conversão alimentar, qualidade da carcaça e conteúdo de carne magra. Além disso, verificaram-se efeitos positivos adicionais na qualidade das camas, lesões cutâneas, desempenho ósseo e manutenção da integridade das células musculares, em situações ocasionais de anoxia, que exigem rápida mobilização de energia. Por decisão dos autores o texto não segue o designado Novo Acordo Ortográfico
QUALIDADE
AMINOÁCIDOS Lisina HCL sólida e líquida Lisina Sulfato 70 Metionina Treonina Triptofano Valina CreAMINO® ÁCIDOS ORGÂNICOS PROBIÓTICOS ÓLEOS ESSENCIAIS CEREAIS EXTRUDIDOS COM SORO DE LEITE BRANDBOND® (aglutinante) FARINHA DE PEIXE Aerobac DT (50 e 500 ml) Insecticida 1001 DT
SEGURANÇA
REPRESENTAÇÃO MANGRA, SA. Recepção e armazenamento Dosificação de líquidos Controlos de processo Controlos de humidade Sistemas de vapor Bombas e caudalímetros Nutrifeed – misturadores verticais Aplicadores pós-pelleting Transportadores pneumáticos de fase densa
MAIS DE UMA DÉCADA A PROMOVER O SUCESSO DA ALIMENTAÇÃO ANIMAL CONTACTOS Loteamento Industrial Quinta das Rebelas Rua A, Lote 19, Nr 17 B/D 2830-222 BARREIRO Telef: 351.21 214 84 70 Fax: 351.21 214 84 79 e-mail: geral@brandsweet.pt
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO
A SAÚDE COMEÇA NO INTESTINO: MELHORAR A PRODUTIVIDADE DAS PORCAS UTILIZANDO PROBIÓTICOS A produtividade das porcas é o fator mais importante para uma produção económica e eficiente de uma exploração. Além do tamanho da ninhada e da mortalidade na lactação, os parâmetros como fertilidade, consumo de alimento e a taxa de reposição têm de ser incluídos na avaliação dos custos gerais da exploração. A longevidade da porca, a condição corporal e o desempenho reprodutivo estão intimamente relacionados com uma menor perdida de peso durante a primeira lactação, havendo assim uma maior hipótese de ter menos dias em aberto e um aumento do tamanho da ninhada nos ciclos reprodutivos subsequentes.
Probióticos: Um aditivo útil para melhorar o desempenho da porca De forma frequente, os probióticos são usados em dietas por forma a suportar a produtividade das porcas. Os probióticos são organismos vivos que têm sido descobertos para conferir benefícios à saúde do hospedeiro quando administrados em quantidades adequadas (FAO/WHO, 2002). Os probióticos podem ser encontrados em forma de Bacillus, bactérias acido-láctico ou leveduras. Tradicionalmente, os probióticos foram usados como ferramenta para estabilizar o desenvolvimento do intestino dos leitões nas primeiras idades. Nos dias de hoje, os probióticos começaram a ser utilizados em porcas através do alimento ou via água. Os efeitos dos probióticos são realizados através de diversos modos de ação tais como a modulação da microbiota intestinal beneficiando de forma direta o hospedeiro e.g. a competição por exclusividade de patógenos e antagonismos bacterianos. Os produtos à base de Bacillus conseguem diferir na sua capacidade de beneficiar o hospedeiro, dependendo da espécie e estirpe utilizadas. Desde abril de 2017, o probiótico BioPlus® YC, tendo como base duas estirpes de Bacillus, está autorizado pela UE para ser usado, não apenas em porcas em lactação, mas também nas porcas em gestação. Uma das estirpes do BioPlus® YC, o Bacillus subtilis DSM 5750, é conhecido por aumentar significativamente a diversidade microbiana. O suporte no crescimento de bactérias acido-láctico específicas com supostas propriedades de conferir uma melhor saúde ao hospedeiro conduz a uma redução de bactérias tais como coliformes e salmonela. A outra estirpe, Bacillus licheniformis DSM 5749, reportada por suprimir patógenos importantes na produção de suínos tais como 36 |
ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
Clostridium perfringens, Staphylococcus aureus ou Streptococcus suis. As mencionadas estirpes de Bacillus demonstram produzir diferentes tipos de enzimas extracelulares incluindo diversas carboidrases e protéases, contribuindo efetivamente para decomposição do alimento e, consequentemente, uma melhoria da digestibilidade e absorção da proteína e/ou outros nutrientes no intestino.
Que tipo de probiótico consegue melhorar o desempenho da porca? Como? A inclusão de probióticos à base de Bacillus tem sido demonstrado como um suporte claro no balanço positivo da microbiota das porcas (Knap et al., 2010). Como os microrganismos esporulados são excretados pelas fezes, estes conseguem ser posteriormente ingeridos pelos leitões na maternidade. Desta forma, os Bacillus conseguem ter um efeito positivo permitindo uma redução da incidência e intensidade das diarreias pré-desmame. A vantagem em administrar probióticos às porcas em lactação não passa apenas por leitões mais pesados com uma melhor integridade intestinal ao desmame, mas também por suportar a porca a ter uma melhor condição corporal ao desmame. A vantagem em administrar probióticos às porcas em gestação está em proporcionar uma melhor integridade do intestino resultando numa melhor utilização do alimento, num melhor estado sanitário e num melhor desempenho reprodutivo devido ao aumento da fertilidade. A suplementação de probióticos durante a gestação
Fig. 1: BioPlus® YC nas porcas tem um efeito positivo no desempenho dos leitões
BIOPLUS® YC
PORCAS
A COMBINAÇÃO PERFEITA Aumento da digestibilidade
Feed Sa fety for Fo
O
od Safe ty®
C
Estabiliza a microflora intestinal e mantém a integridade do intestino
CICLO
M P ETO L
Melhora o desempenho e eficiência do alimento Permite uma maior flexibilidade na formulação
www.biochem.net
João Maria Barreto Technical Sales Manager Portugal Telemóvel: +351 910 884 754 E-mail: barreto@biochem.net
Feed Safety for Food Safety® A L I ME N TAÇÃO A N I M A L
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO
O BioPlus® YC melhora a condição corporal e a digestibilidade do alimento nas porcas No inicio do ensaio todas as porcas estavam da boa saúde, com uma boa aparência variando entre a 2ª e a 7ª gestação. Ao começar o ensaio, não havia diferenças entre as porcas dos dois grupos relativamente ao número de gestação (Ø 4,65) e à espessura lombar (Ø 11,7 mm). Também não foram detetadas diferenças no peso corporal estre as porcas dos dois grupos na altura do parto. 38 |
Espessura lombar (mm) Espessura lombar (mm)
O efeito ao alimentar as porcas em gestação e lactação com um probiótico à base Bacillus sobre o desempenho das porcas foi anteriormente estudado (Alexopolous et al., 2014). Num ensaio realizado, um total de 56 porcas (Large White X Landrace) foram alocadas a um dos dois tratamentos: Controlo ou Ensaio – BioPlus® YC (400g/tonelada de alimento final). O ensaio foi decorrido durante todo o ciclo reprodutivo. O alojamento foi o típico utilizado durante a gestação e lactação em explorações comerciais. Cada sala era automaticamente ventilada mantendo a temperatura entre 22oC e 27oC. O maneio e as práticas utilizadas durante o ensaio foram as normais sob o controlo de uma equipa experiente. A quantidade de alimento fornecido às porcas em gestação foi de 2.0 e 2.5 kg/porca.dia antes e depois do 80º dia de gestação, respetivamente. Após o parto, as porcas receberam o alimento de forma gradual e crescente até aos 8 kg/dia durante os primeiros 12 dias de lactação. Um lacto-iniciador esteve disponível para aos leitões ad libitum desde o 10º dia até ao desmame no 28º dia. Todas as dietas foram apresentadas em farinha. A água esteve disponível ad libitum. Todas as dietas foram calculadas por forma a preencher ou exceder os requisitos nutricionais recomendados para porcas em gestação, porcas em lactação e leitões em lactação/desmamados, de acordo com o NRC (2012). A composição nutricional do alimento das porcas em gestação foi de 13,6% de PB, 0,64% de lisina e o nível de energia foi de 2.327 kcal de EN/kg (9,74 MJ de EN/kg). No caso do alimento para as porcas em lactação foi de 16,7% de PB, 0,99% de lisina e um nível de energia de 2.446 kcal de EN/kg (10,24 MJ de EN/kg).
15
*
20 10
*
155 100 5 0
* tart
Farro ing
Control tart
* eaning
Probiotc Farro ing
Control
eaning
Probiotc
B
ntervalo desmame-estro ntervalo desmame-estro (dias) (dias)
Efeito do BioPlus® YC nas porcas – ensaio de campo
As porcas do grupo do probiótico tiveram uma Porcas saudáveis, leitões saudáveis melhor pontuação da espessura lombar como O número de leitões nascidos vivos foi numeilustra a figura 2a. Esta observação indica ricamente superior ao grupo do ensaio (P<0.1). que o probiótico ajudou as porcas a otimizar Contudo, ao utilizar um probiótico foi visível a digestibilidade da energia do alimento. As uma vantagem no peso dos leitões ao nascienergia do alimento. As condições corporais das porcas do grupo do ensaio foram melhores após a condições corporais das porcas do grupo do mento. As porcas que receberam o probiótico lactação devido ao facto deaterem consumido alimento, resultando numa melhor pontuação da ensaio foram melhores após lactação devido mais tiveram um aumento de peso da ninhada ao espessura lombar ao desmame (+20%) que as porcas dodo grupo controlo. Como consequ ncia, o ao factodo dealimento. terem consumido mais alimento, energia As condições corporais das porcas grupo ensaio foram nascimento de 12%do comparado com melhores o grupo após a intervalo desmame-estro difere entre os grupos estudados (-12%) (Fig. 2 ). resultando numaao melhor espes- mais lactação devido factopontuação de terem da consumido alimento, resultando numa melhor pontuação da controlo. A vantagem da inclusão de um pro sura lombar ao desmame (+20%)(+20%) que asque por-as porcas biótico do torna-se clara noconsequ desmame,ncia, o espessura lombar ao desmame gruponovamente controlo. Como cas do grupo controlo. Como consequência, o aumento de quase um).leitão (+0.9) por intervalo desmame-estro difere entre os gruposcom estudados (-12%) (Fig. 2 o intervalo desmame-estro difere entre os porca e, também, nos leitões tendo um maior grupos20estudados (-12%) (Fig. 2B). peso ao desmame (+ 0,45 kg) comparado com
B
o grupo controlo. Consequentemente, a taxa de mortalidade diferiu significativamente entre os dois grupos (Fig. 4). Foi observado uma diminuição da diarreia levando a um menor número de tratamentos comparado ao grupo controlo, sem diferenças estatísticas significativas. Estes efeitos positivos sugerem que os probióticos melhoram a função e integridade do intestino assim como a digestibilidade e absorção dos nutrientes.
6 5
*
4 6 3 5 2 4 1 3 0 2
tart
1
Control
*
Leitões nascidos vivos, n Peso ao nascimento (kg) Leitões desmamados, n Peso ao desmame (kg) Mortalidade (%)
Controlo Probiótico 11.3 11.8 1.1 1.2* 10.2 11.1** 6.7 7.1** 9.4 5.0*
*P<0.05, **P<0.001
End Probiotc
Fig. 5: Efeito do BioPlus® YC no número e no peso corporal de leitões recém-nascidos e desmamados.
Conclusão
Fig. 2: 0Efeito do BioPlus® YC sobre (A) a espessura Fig. 2: Efeito do BioPlus® YC sobre ( ) a espessura lombar e (B) o intervalo desmame-estro (média, n=28, *P<0.05) tart End lombar e (B) o intervalo desmame-estro (média, n=28, *P<0.05) Control Probiotc
A inclusão de probióticos no alimento das por cas ajuda a um melhor aproveito e uma melhor evendo a literatura existente est bastante presente que o desempenho reprodutivo da porca est digestibilidade do alimento levando a uma reduFig. 2: Efeito do BioPlus® YC sobre ( ) a espessura lombar e (B) o intervalo desmame-estro (média, n=28, *P<0.05) intimamente relacionado com a perda de peso durante a lactação (Alexopoulos 2004). Revendo a literatura existente está bastante ção da perda de peso durante a lactação. Esta presente o desempenho reprodutivo da presente que o desempenho reprodutivo da porca est evendo aque literatura existente est significativas bastante ão foram observadas diferenças no consumo de alimento durante da condição corporal apósa gestação. o desporca está intimamente relacionado com a melhoria intimamente relacionado com a perda de peso durante abeneficiar lactação (Alexopoulos 2004). Contudo, o grupo do ensaio teve um aumento de 6% no consumo de alimento durante a lactação, mame vai a redução da frequência perda de peso durante a lactação (Alexopoudo retorno ao estro e o número de dias não que pode indicar uma melhoria da digestibilidade (Fig 3). los al., 2004). ãoet foram observadas diferenças significativas no consumo de alimento durante a gestação. reprodutivos. Uma menor mortalidade dos Não foram observadas diferenças Contudo, o grupo do ensaio teve um signifiaumento de 6% no consumo de alimento durante a lactação, em lactação sugere uma melhor saúde cativas consumo alimento a leitões que podenoindicar umade melhoria dadurante digestibilidade (Fig 3). intestinal das porcas na altura do parto e uma gestação. Contudo, o grupo do ensaio teve menor carga bacteriana nas maternidades – o um aumento de 6% no consumo de alimento maior argumento do porquê da utilização de durante a lactação, que pode indicar uma probióticos nas porcas durante a gestação. melhoria da digestibilidade (Fig 3). Além disso, suplementar as porcas com um probiótico reduz a mortalidade durante a lactação 300 levando a um aumento do número de leitões 250 desmamados por ninhada, demonstrado no pre200 sente ensaio. Os efeitos do probiótico em cima 150 ** citados podem ser explicados por um melhora100 mento da funcionalidade do intestino mediado 50 através de um impacto positivo na microbiota. 0 Gestaton Lactaton Pode-se concluir que o probiótico testado é uma Control Probiotc ferramenta eficaz no melhoramento da saúde e Fig. 3: Efeito do BioPlus® YC no consumo do alinutrição dos leitões em lactação e consequenmento no período de gestação e lactação (média, Fig. 3: Efeito do BioPlus® YC no consume do alimento no período de gestação e lactação (média, n=28, **P<0.001). n=28, **P<0.001). temente para a economia reprodutiva da porca. Consumo de alimento (kg)
assegura uma condição corporal estável com um menor consumo de alimento resultando num benefício económico.
Porcas saudáveis, leitões saudáveis ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
O número de leitões nascidos vivos foi numericamente superior ao grupo do ensaio (P<0.1). Contudo, ao utilizar um probiótico foi visível uma vantagem no peso dos leitões ao nascimento. As porcas que receberam o probiótico tiveram um aumento de peso da ninhada ao nascimento de 12%
Temos por objetivo apoiar os criadores da Raça Frísia e a produção de leite em Portugal. Pelo melhoramento da raça realizamos e apoiamos: • Registo e certificação genealógica • Classificação morfológica dos efetivos • Emparelhamentos corretivos • Informação e formação profissional... e as solicitações dos associados Av. Egas Moniz, nº 6 - 2º • 2135-232 SAMoRA CoRREIA Tel: 263 651 229 / 31 • Fax: 263 651 228 • E-mail: geral@apcrf.pt
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL SPMA
SECÇÃO DE PRÉ-MISTURAS E ADITIVOS
SPMA
1. Realizou-se no dia 9 de Março, uma reunião da SPMA – Secção de Pré-Misturas e Aditivos, da IACA, com a presença da maior parte dos seus associados. Destaque para o tema das próximas VII Jornadas de Alimentação Animal: “Estratégias para a promoção da saúde intestinal em alimentação animal”. 2. A secção representou a IACA nos Comités da FEFAC de “Pré-Misturas e Minerais” e “Nutrição”, realizados em Bruxelas, a 20 e 21 de Março, através da engª Ingrid Van Dorpe (Premix). Nota para os próximos Comités, que se vão realizar em Lisboa, em Outubro deste ano. 3. Terminou o curso de “Alimentação de Suínos”, uma organização conjunta da FMV-Lisboa, SCS e IACA. Num próximo número da revista AA, daremos mais notícias sobre este evento. Registo para a importante colaboração das empresas associadas da IACA: TNA (Luís Baptista, Sandra Chamusco, Isabel Antão), EUROCEREAL (Pedro Folque, Pedro Lopes, Isabel Lopes), TECNIPEC (João Barreto), INVIVO-NSA (Paquete Nunes, Luís Flores), DIN (João Almeida), VETALMEX (Joan Mesià) e a Assessora Técnica da IACA (Ana Monteiro). 4. Nota final: estão disponíveis on - line (www.feedtables.com), as novas tabelas de composição e valores nutritivos de alimentos para várias espécies animais, do INRA (França). Em particular, contém novos conceitos nutricionais (ex. Sistema Systali para ruminantes), novos alimentos (exs. macro e micro algas, insetos,…) e novos tipos de parâmetros (ex. pegada ambiental).
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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
Proibição da utilização do Alteração ao Regulamento (CE) nº 767/2009 formaldeído O Regulamento de Execução (UE) 2018/183
Os Anexos II, IV, VI VII e VIII do Regulamento
relativo à recusa da autorização do for-
(CE) nº 767/2009 do Parlamento Europeu e do
maldeído como aditivo em alimentos para
Conselho relativo à colocação no mercado e
animais pertencente aos grupos funcionais
à utilização de alimentos pa ra animais foram
dos conservantes e dos melhoradores das
alterados em dezembro de 2017 pelo Regula-
condições de higiene foi publicado a 7 de
mento (UE) 2017/2279 da Comissão. No anexo
fevereiro de 2018. Este novo grupo funcional
IV foram alteradas as tolerâncias para os cons-
dos melhoradores das condições de higiene
tituintes analíticos, as quais incluem as tole-
tinha sido criado em finais de 2015, com o
râncias analíticas e técnicas.
objetivo de incorporar, tal como o próprio
O Anexo VI explicita os elementos de rotulagem
Regulamento (UE) 2015/2294 define, subs-
aplicáveis às matérias – primas para a alimen-
tâncias ou, quando aplicável, microrganismos
tação animal e aos alimentos compostos para
que alterem favoravelmente as característi-
animais produtores de géneros alimentícios, ou
cas de higiene dos alimentos para animais,
seja, animais utilizados na alimentação animal.
reduzindo uma contaminação microbiológica
As principais alterações são:
específica. No entanto, os estudos apresentados para a autorização do formaldeído não conseguiram demonstrar a sua segurança para o utilizador. Em relação aos possíveis produtos alternativos ao formaldeído como aditivo pertencente ao grupo funcional dos melhoradores das condições de higiene, estão a ser realizados estudos para desenvolver aditivos que possam ser comprovadamente seguros e eficazes, na redução da contaminação microbiológica dos alimentos para animais. O ácido fórmico já foi autorizado neste grupo (Regulamento de Execução (UE) 2017/940 da Comissão) e, por conseguinte, considera-se uma alternativa possível, embora apresente um mecanismo de ação diferente na redução de agentes patogénicos bacterianos, p.e. Salmonella spp., nos alimentos para animais. Dado que a utilização continuada do formaldeído pode acarretar riscos para a saúde humana, este aditivo até então autorizado no grupo funcional dos «conservantes», em leite
• a quantidade adicionada do aditivo de declaração obrigatória, ou quando for caso disso, de declaração voluntária deve ser expressa como a quantidade do aditivo para alimentação animal, exceto quando o ato legislativo que autoriza o respetivo aditivo para alimentação animal, indica uma substância na coluna “teor mínimo/ máximo”. Neste último caso, a quantidade adicionada deve ser expressa como a quantidade dessa substância; • os aditivos para alimentação animal do grupo funcional “vitaminas, provitaminas e substâncias quimicamente bem definidas de efeito semelhante”, podem ser rotulados de duas formas diferenciadas: a rotulagem pode indicar a quantidade total garantida durante o prazo de validade completo do alimento, na lista dos “Constituintes analíticos”, ou em alternativa indicar a quantidade adicionada na lista dos “Aditivos” (tal como acontecia anteriormente);
desnatado para suínos até aos seis meses de
• o nome do grupo funcional pode ser subs-
idade, bem como as pré-misturas que o con-
tituído pelas abreviações constantes do
tenham, devem ser retirados do mercado o
referido anexo do Regulamento, se esta
mais depressa possível e, o mais tardar, até
não estiver estabelecida no anexo I do
28 de maio de 2018.
Regulamento (CE) nº 1831/2003, p. e. o
O leite desnatado contendo o aditivo ou
grupo funcional “vitaminas, provitaminas e
apré-misturas com o aditivo, bem como
substâncias quimicamente bem definidas
os alimentos compostos para animais que
de efeito semelhante”, passa a poder ser
contenham esse leite desnatado, produzi-
rotulado sob o nome abreviado “vitaminas”;
dos antes de 28 de maio de 2018, devem
se o valor energético e/ou o valor proteico
ser retirados do mercado o mais depressa
forem indicados, esta indicação deve ser
pos sível e, o mais tardar, até 28 de agosto
efetuada em conformidade com o artigo
de 2018.
11º do Regulamento (CE) nº 882/2004.
O Anexo VII, por sua vez, explicita os elementos de rotulagem aplicáveis às matérias-primas para a alimentação animal e aos alimentos compostos para animais não destinados à alimentação humana, nomeadamente, alimentos para animais de companhia. Este anexo refere além dos pontos referidos anteriormente que são comuns a este anexo, que: • os aditivos para os quais sejam excedidos os teores máximos recomendados estabelecidos no ato legislativo que autoriza o aditivo para alimentação animal, são de declaração obrigatória; • para os aditivos dos grupos funcionais “conservantes”, “antioxidantes”, “corantes” e “compostos aromatizantes”, apenas tem que ser indicado o grupo funcional em causa.
Alteração do limite máximo de cobre autorizado nos alimentos para leitões A EFSA recomendou, em julho de 2016, a redução do nível de cobre na alimentação animal, sendo a redução mais preocupante a do teor nos alimentos para leitões de 170 mg para 25 mg. Esta medida teve como base que tal redução permitiria uma redução da libertação de cobre de 1200 t, para o meio ambiente. A indústria opôs-se a esta posição alegando a gravidade de uma redução súbita do teor em cobre no bem-estar e saúde animal e propondo uma redução faseada. Após discussão durante cerca de um ano sobre esta redução, o Regulamento está em fase de finalização e os limites fixados para o teor de cobre nos alimentos para leitões serão os seguintes: – 150 mg/kg de cobre total até 4 semanas após o desmame – 100 mg/kg de cobre total entre as 4 e as 6 semanas após o desmame – 25 mg/kg de cobre total após a data anterior. Quanto às alterações na suplementação de outras espécies pecuárias os limites fixados foram: – Redução de 35 ppm para 30 ppm em alimentos para bovinos, exceto antes do início da ruminação; – Aumento de 25 ppm para 35 ppm em alimentos para caprinos; – Manutenção dos valores nas restantes espécies. A L I ME N TAÇÃO A NI M A L
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS DAS EMPRESAS
A INVIVONSA PORTUGAL APRESENTA A SUA NOVA MARCA COMERCIAL WISIUM é a nova marca de pré-misturas (premix) da Invivonsa Portugal, filial do grupo Francês Neovia que por sua vez é um dos principais players globais em nutrição e saúde animal há mais de 60 anos. A marca WISIUM está entre as 5 maiores marcas de pré-misturas do mundo e tem como premissa a inovação e geração de fortes elos de confiança com toda a cadeia produtiva. A empresa já assume posições de destaque em toda a europa, está presente em mais de 50 países, conta com 11 centros de pesquisa próprios a nível mundial e mais de 400 especialistas em nutrição e saúde animal. Conhecedora dos mercados de atuação, das suas especificidades e das necessidades dos seus clientes, parceiros de negócios, disponibiliza ao mercado produtos e serviços de elevado nível.
Através de um modelo de atuação de construção colaborativa, a empresa propõe um conceito de trabalho baseado em soluções delineadas em conjunto com os seus clientes com vista a alcançar maior produtividade, melhores resultados zootécnicos e económicos, agregando valor aos seus produtos e serviços; é esse o “espírito WISIUM”. Consolidando esta importante transformação, a WISIUM foi lançada em Portugal em sintonia com o pioneirismo noutras situações, acompanhando desta vez o resultado de um projeto de dois anos iniciado a nível global por parte do grupo NEOVIA que contou com a colaboração e suporte de especialistas em diversos sectores. A marca WISIUM também já está implantada ou em fase de implantação no Brasil, na Itália, na China, Africa do Sul e México.
O evento oficial de apresentação da nova marca, os seus conceitos, portfolio, identidade visual, entre outros aspetos, ocorreu no passado dia 06 de Março, no convento de São Francisco em Coimbra e contou com mais de 150 presenças entre clientes, técnicos, fornecedores e delegações institucionais ligadas ao sector. Este seminário decorreu sob o slogan:
Wisium, Juntos vamos mais longe !
50º ANIVERSÁRIO DA NANTA Meio século de compromisso com a evolução da nutrição animal e a sustentabilidade da agricultura ibérica A Nanta, empresa líder no fabrico e comercialização de alimentos compostos para animais na Península Ibérica, completa, em 2018, 50 anos de compromisso com uma nutrição de alta qualidade para um amplo leque de espécies de produção e animais de companhia. Desde 1968, quando iniciou a sua actividade, a empresa fez sempre um esforço contínuo pelo desenvolvimento tecnológico, criando programas de I+D+i e de qualidade, que se tornaram um verdadeiro motor de avanço no sector industrial de alimentos compostos para animais. Pedro Cordero, director geral da Nanta, sente-se orgulhoso porque a Nanta se posicionou, durante todos estes anos, como “um pilar” nos resultados da empresa holandesa de alimentação animal Nutreco, da qual faz parte. “Isto deve-se a vários factores – afirma – mas um fundamental é a nossa aposta em produtos inovadores, que permitem, hoje em dia, uma produção animal eficiente, rentável e sustentável. Sem esquecer – explica – a experiência da empresa em modelos preditivos únicos, que permitem tomar decisões chave, evitando o custoso ensaio de hipótese-erro, para a gestão eficiente das explorações agro-pecuárias.”. Nutrição, inovação, segurança alimentar e serviço (incluída aqui a assistência técnica, graças 42 |
ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
a uma equipa profissional do mais alto nível), são eixos fundamentais do programa “Nanta Trust” que têm sido a chave do sucesso da Nanta para “alimentar crescimento” durante todos estes anos; o crescimento dos animais, mas sobretudo, o crescimento, a profissionalização e a sustentabilidade das explorações agro-pecuárias às quais presta serviços. Inserida na multinacional Nutreco, juntamente com a Skretting (alimentação para aquacultura), Trouw Nutrition (especialidades para rações, pré-misturas e serviços nutricionais para a indústria de nutrição animal), Inga Food (produção suína) e o Grupo Sada (processamento avícola), a Nanta conta actualmente com 19 centros de produção dotados de tecnologia de ponta e certificados na norma ISO 14001 – meio ambiente – e na OHSAS18000 – prevenção de riscos no trabalho, entre outras. A destacar a certificação ISO 22000 de Segurança Alimentar, garantia de segurança e de qualidade dos produtos da empresa. No seu portfolio de mais de 200 produtos encontram-se alimentos para cerca de 30 espécies produtivas, desde suínos – branco e ibérico, bovinos de carne e de leite, ovinos e caprinos, coelhos, vários tipos de aves e alimentação para cães, gatos, cavalos e outros animais domésticos. A empresa espera celebrar estes cinquenta anos de história ao longo de 2018 com funcionários, clientes e o sector em geral, tendo ocorrido a primeira celebração oficial no pas-
sado dia 9 de Março em Madrid, numa convenção que contou com cerca de 1200 pessoas entre distribuidores e pessoal interno de toda a Península Ibérica.
Sobre a Nanta
A Nanta, empresa líder no fabrico e comercialização de alimentos compostos para animais na Península Ibérica, cumpre este ano o seu 50.º aniversário. Iniciou a sua actividade em 1968 e, desde então, o alto grau de compromisso que assume com os seus clientes e o mundo da produção agro-pecuária em geral, a tecnologia utilizada, os seus programas de I+D+i e a qualidade formaram um verdadeiro motor de arranque para este sector industrial. Uma clara vocação e aposta na inovação que a empresa mantém e manterá no futuro. Parte integrante na multinacional Nutreco, a Nanta conta com 19 centros de produção dotados de tecnologia de ponta e todas eles certificados pela norma ISO 14001 – meio ambiente – e pela norma OHSAS 18000 de prevenção de riscos laborais, destacando sobretudo a certificação ISO 22000 de Segurança Alimentar, garantia de segurança e de qualidade dos produtos da empresa. No seu portfolio, de mais de 200 produtos, encontram-se alimentos para suinicultura, cunicultura e avicultura, bovinos de carne e de leite, ovinos e caprinos e alimentação para cães, gatos e cavalos.
JUNTOS VAMOS MAIS LONGE
www.wisium.pt NVIVONSA I Portugal, S.A. • Zona Industrial de Murtede • 3060-372 - Cantanhede A LI MEMurtede N TAÇÃO A N I M A L | 4•3Portugal Tel +351 231 209 900 • Email: geral@pt.wisium.com
ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS DAS EMPRESAS
MINISTRO DISTINGUE GRUPO LUSIAVES COM A MEDALHA DE MÉRITO DO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA rança alimentar. Os nossos produtos estão num patamar de excelência em termos de qualidade. Esta tecnologia também permite uma redução no consumo energético, uma preocupação sempre presente no Grupo Lusiaves”. A aposta da Racentro passou ainda pela instalação de um dos maiores secadores de milho do país, com uma capacidade de secagem de 1200 toneladas por dia. Uma aposta no milho nacional que irá diminuir as importações deste cereal. Em 2017, a secagem de milho verde representará 14% do total de milho consumido na Racentro. E este secador está à disposição de todos os agricultores portugueses.
Sobre o Grupo Lusiaves
Grupo Lusiaves investe 10 milhões na ampliação da Racentro • Empresa de Rações, do Grupo Lusiaves, passa a ter uma capacidade de produção mensal de 60.000 ton. Um crescimento de 50%. • Instalação de um dos maiores secadores de milho do país na Racentro vai permitir reduzir as importações de milho, trata-se de uma aposta do Grupo no milho nacional. Colocando o secador à disposição de todos os agricultores portugueses. • Racentro é a mais avançada e automatizada fábrica de rações em Portugal com recurso à tecnologia industria 4.0, garantindo um produto acabado “limpo” e saudável. Leiria, 15 de Dezembro de 2017 – O Grupo Lusiaves, líder ibérico do setor avícola, acaba de anunciar a conclusão de um investimento de 10 Milhões de Euros na ampliação da sua fábrica de alimentos compostos para animais, a Racentro, uma unidade de produção de alimentos compostos para animais. O evento decorreu hoje, pelas 10h30 nas instalações da Racentro em Monte Redondo, contando com a presença do Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas dos Santos, que escolheu este importante momento para o sector para distinguir o Grupo Lusiaves com a Medalha de Mérito do Ministério da Agricultura. 44 |
ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
Trata-se de um investimento de 10 Milhões de Euros do Grupo Lusiaves na Racentro, uma unidade de produção de alimentos compostos para animais, que vai permitir à empresa um crescimento de 50% passando a ter uma capacidade de produção mensal de 60.000 Toneladas. Com um volume de negócios actual superior a 130 Milhões de Euros, mais de 160 colaboradores directos, a Racentro produz mais de 480.000 toneladas por ano. Com este investimento, a Racentro passa a fazer a moagem individual das matérias-primas, o que permite obter o tamanho de partícula ajustado a cada uma das várias fases da vida produtiva dos animais. E, ainda inova com a implementação de um processo de tratamento térmico, no qual a ração é submetida a uma alta temperatura por forma a garantir a destruição de todos os micro-organismos patogénicos. Para Avelino Gaspar, Presidente do Grupo Lusiaves “Ao realizar este investimento na Racentro, o Grupo está a reforçar a liderança nacional que a Racentro tem neste sector. Trata-se da mais avançada e automatizada unidade fabril, deste mercado, com recurso a tecnologia 4.0. O nosso processo produtivo garante a anulação da carga microbiana e o controlo em tempo real de toda a rastreabilidade, providenciando a melhor segu-
O Grupo Lusiaves assegura todo o processo produtivo, operando em todas as etapas da sua cadeia de valor e integrando a totalidade da fileira, nomeadamente: a produção de milho; a produção de alimentos compostos para animais; a produção de ovos para incubação; a incubação de ovos e produção de pintos; a produção avícola de frango, frango do campo e perus; o abate de aves; a transformação de produtos alimentares; o armazenamento e comercialização; a saúde e nutrição animal; e a valorização de subprodutos. Fundado em 1986 na Marinha da Ondas, na Figueira da Foz, o Grupo Lusiaves exporta para mais de 20 países, integra mais 20 empresas, tendo 41 unidades distribuídas por 24 concelhos e emprega cerca de 3300 colaboradores diretamente e 2000 indiretamente. A inovação tecnológica na área de incubação coloca a empresa entre uma das 5 melhores empresas do setor a nível europeu.
APOSTA FORTE NO RECONHECIMENTO INTERNACIONAL NO MERCADO DA PET FOOD Empresa portuguesa certificada pela IFS FOOD Como parte integrante do seu compromisso de melhoria contínua de produtos e serviços, foi com enorme satisfação que a petMaxi anunciou no passado mês de Novembro a sua mais recente Certificação no referencial IFS FOOD - International Feature Standards. A IFS Food Standard é um padrão reconhecido da GFSI (Global Food Safety Initiative) para auditar fabricantes de alimentos, cujo foco é a segurança alimentar e a qualidade dos processos e produtos. Após uma rigorosa auditoria, a empresa conquistou a certificação, dando resposta positiva nas diversas áreas de análise. Assim, esta conquista representa a certificação da Segurança e Qualidade dos
produtos e processos de produção, conferindo um estatuto de excelência aos mesmos. Demonstra ainda o compromisso da petMaxi com a Qualidade de todo o processo produtivo, garantindo que todos os seus produtos são fabricados de acordo com rigorosos parâmetros reconhecidos internacionalmente. Com esta Certificação a empresa obtém um reconhecimento internacional que lhe confere maior peso em mercados externos, maior confiança por parte dos consumidores, bem como certifica a organização e sistematização de processos, que se regem sob padrões de uniformidade e transparência em toda a cadeia de abastecimento.
Sobre a petMaxi Inaugurada em Fevereiro de 2015, a petMaxi está vocacionada para o fabrico de alimentos premium e superpremium, para animais de companhia. É um projeto pioneiro em Portugal, com tecnologia de vanguarda a nível mundial, com capitais e sócios 100% nacionais. Com o slogan “Feeding Happiness”, a petMaxi tem como principal preocupação ajudar a garantir a saúde e bem-estar dos animais e dos seus donos. Marcas: happyOne MEDITERRANEUM, happyOne, Domus, Campeão e Rufia.
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Especialista em nutrição e saúde animal, a D.I.N – Desenvolvimento e Inovação Nutricional, S.A. disponibiliza aos seus clientes soluções nutricionais inovadoras cuja conceção se encontra suportada na constante evolução técnica em nutrição animal. A nossa equipa multidisciplinar garante a prestação permanente de serviços técnico – veterinários e laboratoriais indo de encontro às necessidades específicas de cada cliente.
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS DAS EMPRESAS
SORGAL VENCE PRÉMIO NACIONAL DE AGRICULTURA A empresa do grupo Soja de Portugal foi distinguida com o prémio nacional de agricultura, na categoria de grandes empresas, numa cerimónia que decorreu no Ritz Four Season Hotel, em Lisboa. 1 de março de 2018 – O ano de 2018 ainda agora começou e a Soja de Portugal continua a somar prémios. Desta vez foi a Sorgal a alcançar uma distinção: Prémio Nacional de Agricultura 2017, na categoria de grandes empresas. Este galardão é uma iniciativa do banco BPI e do Grupo Cofina, patrocinada pelo Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural. António Isidoro, CEO da Soja de Portugal, mostrou-se orgulhoso na hora de receber a distinção: “Este prémio é um reconhecimento dos nossos clientes, nacionais e internacionais ao longo de quase 75 anos. Trabalhamos para eles, queremos fazer mais e melhor, para continuarmos a merecer a confiança de todos”.
Venha
Receber este galardão em 2018 tem um significado muito especial para António Isidoro, uma vez que este ano “o grupo Soja de Portugal comemora o seu 75º aniversário”. “Continuamos a crescer, a inovar e afirmarmo-nos num mercado cada vez mais exigente e competitivo, quer em Portugal como no estrangeiro, e este prémio mostra que estamos no caminho certo”, acrescentou. Na 6ª edição do Prémio Nacional de Agricultura foram registadas 1.268 visitar-nos na Agrobraga candidaturas, entre as quais a Sorgal de 10 a 13 Maio. se destacou. Na escolha do vencedor o júri valorizou a aposta no aumento de competitividade, inovação e internacionalização dos produtos nacionais. Recorde-se que a Sorgal, empresa especializada em alimentação para animais, é a área de negócio mais antiga do grupo Soja de Portugal.
Sobre a Soja de Portugal: A Soja de Portugal é um grupo empresarial de referência e excelência no setor da indústria agroalimentar, que opera nas áreas de nutrição animal, carne de aves, recolha, tratamento e valorização de subprodutos de origem animal. Nascida em 1943, hoje engloba algumas das mais relevantes empresas do setor agroindustrial português, tais como a Sorgal, a Avicasal e a Savinor. A par da atividade económica e empresarial fortemente inovadora e dinâmica, a Soja de Portugal tem ainda permanentemente presente, na sua atuação, a Responsabilidade Social e Ambiental.
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1º SIMPÓSIO AVÍCOLA – NUTRINOVA, SA. A Nutrinova – Nutrição Animal, SA., realizou no dia 20/10/2017 o seu primeiro Simpósio Avícola no Hotel Miramar Sul - Nazaré. O evento contou com larga participação de clientes e outros empresários e técnicos ligados ao seu setor de atividade. Durante o Simpósio foram abordados temas com importância na Avicultura, nomeadamente: – Dr. Guilherme Santos – Nutrinova, SA. Os Adsorventes de Micotoxinas. Dinâmica de atuação e Avaliação da Eficácia.
– Dr. José Carlos Muniz – Exafan Ventilação em Avicultura Industrial. O Evento terminou com um jantar convívio. A Nutrinova obteve dos participantes pareceres muito positivos e sugestões de novos temas, que certamente servirão de estímulo para a realização de futuros eventos.
Foram apresentados os resultados de um estudo, realizado no Laboratório da Nutrinova, sobre a dinâmica de atuação e avaliação da eficácia de alguns Adsorventes de Micotoxinas à venda no mercado nacional. – Dr. Carlos Bilello – Miavit Uso Responsável de Antibióticos em Avicultura. Integridade Intestinal.
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9º COLÓQUIO NACIONAL DO MILHO 2018 O 9º Colóquio Nacional do Milho, organizado pela ANPROMIS – Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sorgo, a 7 e 8 de Fevereiro, na Póvoa do Varzim, sentou à mesma mesa todos os intervenientes da cadeia de valor – agricultores, indústria, grande distribuição e Governo – para um debate sobre o futuro dos cereais e do leite em Portugal, num evento que reuniu cerca de 450 participantes de todo o país. De entre os vários temas abordados, destacamos os seguintes pontos: 1. Os inúmeros aproveitamentos que são dados ao milho, tenha ele como destino a produção de grão ou a silagem, fazem com que esta cultura seja única. 2. Os produtores nacionais de milho grão vivem um dos seus momentos mais difíceis, motivado pela acentuada e continua quebra da cotação deste produto no mercado mundial, de há quatro anos a esta parte. 3. O nosso país possui um grau auto-aprovisionamento de cereais que se encontra entre os mais baixos da União Europeia, apenas ultrapassado por países como
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Chipre, Malta e a Holanda, o que coloca em causa a nossa soberania alimentar.
dade tanto dos produtores de milho grão, como de milho silagem.
4. O milho produzido em Portugal é, reconhecidamente, de muito boa qualidade pelo que urge valorizá-lo junto da indústria nacional.
9. A seca extremamente severa que assola o nosso país, sobretudo no Centro e Sul, representa para os produtores nacionais um motivo de enorme preocupação, pois coloca em causa a sobrevivência de um elevado número de explorações agrícolas e agro-pecuárias.
5. A recente criação, por parte do Governo, do Grupo de Trabalho que vai definir a Estratégia Nacional para a Promoção da Produção de Cereais, constitui para nós produtores de milho grão um sinal de alento que revela a atenção dedicada a esta importante fileira. 6. O sector leiteiro nacional vive uma profunda crise económica pelo que urge aproximar a produção, a indústria e a grande distribuição de modo a valorizar a produção nacional. 7. O organismo interprofissional que existe ao nível do sector leiteiro nacional tem de ser revitalizado em prol da competitividade desta importante fileira. 8. A agricultura de precisão e o investimento em novas tecnologias, constitui uma aposta fundamental à competitivi-
10. A Anpromis, enquanto representante da agricultura de regadio, solicita desde já ao Ministério da Agricultura que defenda de forma decidida o investimento em novas infra-estruturas de retenção de água nas principais regiões agrícolas do país. 11. Numa altura em que a falta de água se agrava a cada dia que passa, importa o Ministério da Agricultura assegurar desde já as condições para o recebimento das Medidas Agro-Ambientais aos agricultores que por motivos da seca, não consigam instalar as suas culturas. 12. O milho, como nenhuma outra cultura em Portugal, mobiliza pessoas e dinamiza iniciativas como foi bem notório durante este colóquio que teve lugar na Póvoa de Varzim.
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INCLUI
PORCO.PT DISTINGUIDO
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PRÉMIO CINCO ESTRELAS PORTUGAL 2018 NA CATEGORIA DE CARNE DE PORCO
A carne Porco.PT foi distinguida com o Prémio Cinco Estrelas Portugal 2018 na categoria de Carne de Porco. A atribuição reconhece a qualidade e sabor desta carne única, lançada comercialmente no passado mês de Julho. Com menos de um ano no mercado, a Porco.PT recebe já um importante reconhecimento dos portugueses. A classificação obtida de 8,07/10 premiou a qualidade do produto e valeu a atribuição deste prémio que é um dos mais reconhecidos em termos de avaliação de marcas em Portugal.
COMO NASCEU Em Portugal são produzidas anualmente 356.000 toneladas de carne de suíno, 44,3% do total de todas as carnes produzidas no nosso país, mas representando apenas uma autossuficiência de cerca de 50%. Relativamente ao consumo de carne de porco, depois de um decréscimo entre os anos de 2011 e 2013, está a voltar a subir timidamente, mas mesmo nos anos de menor consumo, Portugal esteve sempre acima da média europeia indicada pelo Eurostat, estacionando em 2016 nos 3 kg acima dessa mesma média (40,9 kg de consumo per capita na UE vs 43,6 kg em Portugal). A carne de porco é, de longe, a preferida dos portugueses, entre todas as carnes. Apesar destes dados, verifica-se que o setor da produção e da indústria nacional 50 |
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da carne de suíno se encontra estagnado há vários anos. Esta observação justifica-se com o contexto ibérico que não é o de uma produção deficitária, mas antes de uma produção excedentária em 38%. Ou seja, a Península Ibérica produziu em 2016, 4.273.000 toneladas de carne de porco para satisfazer os 3.180.000 toneladas consumidas no mesmo espaço. Em 2015, ano de crise para a suinicultura nacional, o consumo de carne de porco – e particularmente de carne de porco portuguesa – aumentou, mas esse aumento não se traduziu num aumento do rendimento da atividade suinícola. Pelo contrário, em 2014 a suinicultura era uma atividade económica estimada em 594,67 milhões de euros, mas, no ano seguinte, sofreu uma desvalorização de 6,5%, “valendo” no final desse período 556,29 milhões de euros (Dados das contas económicas da Agricultura 2015 – INE). A conjuntura do mercado interno em 2015 apenas pôs a nu as fragilidades estruturais desse mesmo mercado. Com um excesso de oferta, originado pela entrada de carne espanhola em Portugal, agravado pelo fraco poder negocial dos produtores portugueses, fruto do seu baixo grau de concentração, registou-se um desequilíbrio de forças na cadeia alimentar. A alternativa viável e inevitável era diferenciar o produto, valorizando-o. Foi neste contexto que nasceu o Porco. PT. Nasceu para transformar uma crise em oportunidade e para responder às tendências do mercado que anunciavam que, mundialmente, o consumidor valoriza, cada vez mais, produtos que destacam a sua origem, e, especificamente no caso de Portugal, os consumidores começam a preferir produtos de origem portuguesa. Isso mesmo foi demonstrado através de um estudo de mercado realizado pela Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores – FPAS.
Esse estudo revelou que 47% dos portugueses valorizam a origem da carne de porco e 60% deles o facto de ela ser portuguesa.
A DISTINÇÃO O Prémio 5 Estrelas Portugal 2018, recentemente conquistado pela carne certificada Porco.PT veio, ainda, atestar que além de ser portuguesa esta carne é, efetivamente, mais saborosa. Nos testes cegos feitos por 100 consumidores foram avaliados cinco critérios principais: o cheiro, o sabor, a cor, a tenrura e a suculência. Para além das provas cegas, foi feito um inquérito online a 1000 consumidores o que permitiu, também, testar a notoriedade da marca e a intenção de compra da mesma, com os resultados a validarem igualmente o trabalho feito ao longo dos últimos meses, desde o seu lançamento, revelando, ainda, um potencial de comunicação elevado dado tratar-se de uma marca muito recente no mercado. O Porco.PT é um programa de certificação de carne de porco portuguesa que obedece a um caderno de especificações que indicam diversas normas aplicadas a todos os intervenientes na cadeia de valor da carne de porco, de entre as quais se destaca o facto de a carne ter de ser proveniente de animais nascidos e criados em Portugal e de as normas de bem-estar animal terem que ser superiores às legalmente exigidas, nomeadamente no espaço de criação e transporte de animais. Muito importante é igualmente o facto de a alimentação dos animais produzidos no âmbito deste programa ser feita à base de cereais o que lhe confere características de sabor e tenrura superiores. O processo é controlado e certificado por uma empresa independente e todo ele tem a homologação do Ministério da Agricultura. A suinicultura nacional oferece, assim, ao consumidor uma carne certificada, de qualidade superior e mais saborosa.
Feira Nacional do Porco 17, 18 e 19 de maio.
Dar o Porco ao Manifesto na maior feira profissional dedicada à produção de carne de porco. A Feira Nacional do Porco é, em 2018, um dos primeiros momentos de promoção do Porco.PT. A 24ª edição da feira que este ano tem um cunho marcadamente profissional vai realizar-se entre os dias 17, 18 e 19 de maio, no Parque de Exposições do Montijo e terá como tema principal o Porco.PT. Concretizando o mote dado pela temática da Feira, o Porco.PT estará presente em vários momentos e locais do certame. O pavilhão dos restaurantes será um exemplo disso. Dois restaurantes trabalharão em exclusivo com o produto recentemente lançado pela produção suinícola nacional. Aqui, as iguarias serão sempre oriundas deste produto certificado. Um dos restaurantes dedicar-se-á à confeção de pratos
de carne de porco, apresentando o outro refeições à base de leitão. Nesta que é uma oportunidade de excelência para demonstrar a robustez de um setor que há dois anos estava convalescente será, também, assinado um acordo de cooperação que envolve diversos parceiros num projeto comum em prol da saúde pública, através da redução da utilização de antimicrobianos, nomeadamente da colistina, na produção de suínos. A Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), a Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR), as Direções Regionais de Agricultura e Pescas (DRAPs), a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), a Ordem dos Médicos Veterinários (OMV), a Sociedade Científica de Suinicultura (SCS), a Associação Portuguesa da Industria Farmacêutica Veterinária (APIFVET), a Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais (IACA) e a Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores (FPAS),
juntam-se na Feira Nacional do Porco de 2018 para, publicamente, assumirem o seu contributo na melhoria dos níveis de saúde pública. Todos os parceiros envolvidos neste projeto, em particular o setor da produção primária, entendem como premente a necessidade da tomada de medidas eficazes de modo a permitir a produção de carne de suíno de elevada segurança e qualidade, evitando recorrer à utilização de colistina no tratamento dos suínos. Nesta 24ª Feira Nacional do Porco haverá ainda espaço para as habituais palestras profissionais, que se realizarão no auditório do Parque de Exposições, e para as ações de networking, este ano especialmente confortáveis no espaço Porco de Encontro, um pequeno lounge para conversas profissionais ou para momentos de lazer que o Porco.PT decidiu proporcionar aos profissionais que visitam o certame. Esperamos por si, para dar o Porco ao Manifesto.
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XIX JORNADAS DA AGAFAC A conselheira do Meio Rural da Junta da Galiza encerrou as XIX Jornadas Técnicas da Fundação Instituto Tecnológico dos Alimentos para Animais organizadas a 20 de outubro pela Agafac
ção Instituto Tecnológico dos Alimentos para Animais contou com a presença de reputados especialistas em nutrição e segurança alimentar e da conselheira do Meio Rural da Junta da Galiza, Ángeles Vázquez, que encerrou o evento. Ainda que a utilização de medicamentos esteja muito controlada pela legislação espanhola e europeia, o setor tem vindo a autorregular-se há anos, lutando contra a utilização inadequada de medicamentos e reduzindo, dentro do possível, a sua utilização nos alimentos para animais que fornece ao mercado, tal como foi refletido no simpósio.
Apenas 7% dos alimentos secos são medicamentosos
Foto 1: O presidente e o diretor da Agafac, Francisco Barcia e Bruno Beade, com a conselheira do Meio Rural, Ángeles Vázaquez.
Mais de uma centena de especialistas falaram em Compostela sobre como reduzir a utilização de antibióticos e as alternativas a essa mesma utilização A delegação portuguesa esteve representada por membros da DGAV e da indústria, consciente da necessidade de combater as resistências antimicrobianas. Reduzir cada vez mais a utilização de antibióticos nos alimentos para animais que se fabricam em Espanha e quais as alternativas que existem no mercado foram o enfoque das jornadas organizadas no passado dia 20 de outubro em Santiago de Compostela pela Fundação Instituto Tecnológico dos Alimentos para Animais (FITP) – constituída pela Associação Galega de Fabricantes de Alimentos Compostos (Agafac) – a que assistiram mais de 130 representantes do setor. Pedro Pereira, como membro da indústria lusa, e José Manuel Costa, da DGAV, estiveram presentes no encontro em representação de Portugal, onde o setor está muito consciente da necessidade de combater as resistências antimicrobianas. Sob o lema “Alternativas ao novo cenário de redução de antibióticos na alimentação animal”, as XIX Jornadas Técnicas da Funda52 |
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O diretor da Agafac, Bruno Beade, recordou que na Galiza a percentagem de alimentos secos medicamentosos se situa nos 7%, ou seja, 93% dos alimentos ingeridos pelos animais estão totalmente livres de antibióticos. “O setor de alimentos secos encarrega-se de fornecer o medicamento receitado por um veterinário para que o tratamento seja o mais homogéneo possível e fá-lo sempre mediante prescrição médica”, sublinhou Beade. Não obstante, o diretor da Agafac optou pela prevenção como o melhor antídoto contra as resistências bacterianas e o aparecimento das super-bactérias, um fenómeno que – indicou – também afeta os humanos, principalmente devido ao uso generalizado de antibióticos para infeções virais, à prescrição de antibióticos de largo espectro em vez de antibióticos mais específicos e à utilização inadequada dos mesmos por parte dos doentes. No seminário, cuja abertura esteve a cargo de Javier Barcia Gallo, presidente da Agafac, colocaram-se sobre a mesa diferentes pontos de vista sobre a utilização dos antibióticos e os desafios da União Europeia, cada vez mais exigente nos seus controlos nos Estados Membros. Neste sentido, o presidente da Comissão Técnica da Confederação de Fabricantes de Alimentos Compostos (Cesfac), Mariano Gorrachategui García, dissertou sobre as micotoxinas, substâncias tóxicas causadas por fungos, e as diferentes formas de reduzir o seu impacto. Luisa Delgado Núñez, responsável pelo departamento técnico da Agafac, apresentou aos participantes das jornadas o estúdio setorial “Contaminação cruzada da Galiza. Medidas corretivas”.
Por sua vez, o professor da Universidade de Lleida, Lorenzo José Fraile Sauce, centrou a sua intervenção na utilização racional dos antibióticos, ao passo que Pedro Medel de la Torre, diretor de I&D da Innovabiotics, explicou as alternativas aos medicamentos. O especialista defendeu uma atuação integral em quatro campos: biossegurança, genética, gestão e nutrição. Explicou, por exemplo, que, no âmbito da biossegurança, aumentar o perímetro de segurança dos veículos que acedem às explorações agrícolas reduziria consideravelmente o risco de patogenos; e defendeu alterações nas dietas como uma fórmula adequada em ocasiões para prevenir em vez de curar, bem como prolongar a idade de desmame dos leitões. Medel mostrou-se otimista quanto ao futuro porque “o setor fez um grande esforço. Está consciente”. A este respeito, Medel estima que a Espanha – uma potência a nível europeu e mundial na produção de alimentos secos, com 22 milhões de toneladas ao ano – alcançará a média da União Europeia quanto à redução de antimicrobianos “dentro de dois ou três anos”.
O caso holandês As XIX Jornadas Técnicas da Fundação Instituto Tecnológico dos Alimentos para Animais contaram igualmente com a participação de Francesc Molist Gasa, do instituto de investigação holandês Schothorst Feed Research, que proferiu a palestra intitulada “Medidas nutricionais para reduzir a utilização de antibióticos”. Molist explicou as chaves do sucesso holandês que conseguiu reduzir a utilização de antibióticos em suínos em mais de 60% entre 2009 e 2016, ou seja, em apenas sete anos. Neste aspeto, indicou que o plano da Holanda centra-se na fase de entre os cinco e os dez dias do desmame, quando os leitões deixam
Foto 2: Pedro Medel durante a conferência que deu na reunião.
de comer, têm mais problemas para digerir os alimentos e surgem as diarreias. “O sucesso depende essencialmente do criador porque na fase pós-desmame, com a nova formulação alimentar com que trabalhamos, os leitões podem crescer menos, mas conseguimos fazer com que desenvolvam melhor o seu trato digestivo e a sua microbiota e tenham menos diarreias, e posteriormente recuperam esse atraso no peso”, sublinhou. O especialista acrescentou que para melhorar a saúde intestinal do leitão no desmame, na Holanda, trabalham com duas estratégias: por um lado, modificando a ração em si e, por outro, fazendo com que os animais comam mais mediante promotores do consumo do alimento seco. Outro fator a destacar nas dietas para leitões na Holanda que conseguiu reduzir a incidência de diarreias e, assim, a necessidade de usar antibióticos, foi que diminuíram a proteína bruta no alimento seco. “As proteínas são necessárias para o crescimento dos leitões, mas uma dieta rica em AF_raporal_anuncio_148x210mm.pdf
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proteína bruta afeta negativamente a saúde intestinal porque grande parte da mesma não é digerível pelo animal, entra no intestino grosso e é fermentada, constituindo o caldo de cultivo perfeito para as bactérias”, explicou Molist durante a sua intervenção. O especialista acrescentou que as fontes de proteína mais presentes na Holanda para o alimento seco de desmame de leitões são
três: o glúten de trigo, a proteína de batata e as proteínas de leite. A farinha de soja restringe-se nessas idades e emprega-se essencialmente a partir dos 20 dias de desmame. As XIX Jornadas Técnicas da Fundação Instituto Tecnológico dos Alimentos para Animais finalizaram após a apresentação dos estudos, relatórios e palestras com um debate no qual puderam participar todos os presentes.
Foto 3: Da esquerda para a direita, Pedro Medel, Eugenio Cegarra, Lorenzo J. Fraile e Francesc Molist. 18:26
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FICHA TÉCNICA ALIMENTAÇÃO ANIMAL Revista da Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais – IACA NIPC- 500835411
TRIMESTRAL - ANO XXVIII Nº 103
AGENDA DE REUNIÕES DA IACA
Janeiro / Fevereiro / Março
DIRETOR José Romão Braz
CONSELHO EDITORIAL E TÉCNICO Ana Monteiro Jaime Piçarra Pedro Folque Manuel Chaveiro Soares
COORDENAÇÃO Jaime Piçarra Serviços da IACA
ADMINISTRAÇÃO, SEDE DE REDAÇÃO E PUBLICIDADE (incluindo receção de publicidade, assinaturas, textos e fotos) IACA - Av. 5 de Outubro, 21 - 2º E 1050-047 LISBOA Tel. 21 351 17 70 Telefax 21 353 03 87
EMAIL iaca@iaca.pt
Data
JANEIRO
8
• Reunião com DGAV • Reunião de Direção • Tomada de Posse Órgãos Sociais
10
• Reunião CT 37
12
• Sessão de Apresentação do RNC2050
17
• Reunião Conselho Fiscal
18
• Reunião com o INIAV no âmbito do “Projeto Mais Coelho”
19
• Reunião da Comissão de Representantes do Conselho de Acompanhamento da Revisão da Política Agrícola Comum (PAC)
24
• Assembleia Geral Ordinária • Reunião de Direção • Assembleia Geral Extraordinária
Data
FEVEREIRO
1
• Apresentação da Comunicação sobre a PAC pós 2020
5e6
• Grupo de Diálogo Civil Culturas Arvenses em Bruxelas
7
• Reunião “Projeto Mais Coelho”
14
• Workshop antibióticos FEFAC
15
• Colégio dos Diretores-Gerais da FEFAC
Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais – IACA
16
• Reunião com OMV
19
• Reunião do Grupo de Trabalho “Projeto Mais Coelho”
EXECUÇÃO DA CAPA
20
• Reunião Manual das Substâncias Indesejáveis
Eduarda Loureiro
23
• Seminário Internacional Green Logistic em Coimbra
28
• Semana do Empreendorismo 2018 (ISA) • Seminário Suinicultura e Ambiente em Oeiras
SITE www.iaca.pt
EDITOR
EXECUÇÃO GRÁFICA Sersilito - Empresa Gráfica, Lda. Travessa Sá e Melo, 209 4471-909 Gueifães - Maia
PROPRIETÁRIO Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais - IACA Av. 5 de Outubro, 21 - 2º E 1050-047 Lisboa
DEPÓSITO LEGAL Nº 26599/89
REGISTO EXCLUÍDA DE REGISTO NOS TERMOS DO DISPOSTO NA ALÍNEA A) DO N.º 1 DO ART.º 12.º DO DECRETO REGULAMENTAR N.º 8/99, DE 9 DE JUNHO, REPUBLICADO PELO DECRETO REGULAMENTAR N.º 2/2009, DE 27 DE JANEIRO
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Data
MARÇO
1
• Reunião CT 37
6
• Seminário WISIUM em Coimbra • Conferência FIPA sobre Competitividade
7
• Reunião do Conselho de Acompanhamento da Revisão da Política Agrícola Comum (PAC) • Reunião do Grupo de Trabalho “Projeto Mais Coelho”
8e9
• FeedMED em Madrid
9
• Plenário da SPMA
14
• Projeto Alentejo Circular
28
• Reunião Conselho Fiscal • Assembleia Geral FIPA
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