Revista Alimentação Animal nº 107

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL EDITORIAL

2019, ANO DA ALIMENTAÇÃO ANIMAL Como é do conhecimento de todos, este ano assinalamos os 50 Anos de existência da nossa Associação que muito nos orgulhamos, pois é com agrado que verificamos que temas como a economia circular, a alimentação de precisão e a eficiência estejam na ordem do dia e, constatamos que há muito anos a esta parte as praticamos, embora nem sempre o comuniquemos de forma eficaz, dai a pertinência do nosso Tema de Capa da edição 107 que é “2019, o Ano da Alimentação Animal”. É que, apesar da nossa história, se pretendemos continuar na vanguarda, teremos de enfrentar uma realidade em grande mudança e em que as ferramentas habituais não José Romão Braz Presidente da IACA

serão suficientes para vencermos todos os desafios que se nos colocam. Enfrentamos um contexto internacional difícil e instável e acima de tudo com grandes incertezas no horizonte – Brexit, relações comerciais USA/China e UE/USA e eventuais surpresas negativa nas eleições europeias deste ano. O sector agro-alimentar em geral e a ali-

ÍNDICE

mentação animal em particular, tem a actividade condicionada por dossiers sensíveis

03 04 TEMA DE CAPA 14 OPINIÃO 18 PARCERIAS 20 AMBIENTE PRÁTICAS 22 COMERCIAIS 26 INVESTIGAÇÃO 44 SPMA 46 NOTÍCIAS NOTÍCIAS 51 DAS EMPRESAS 54 AGENDA

tência antimicrobiana; num contexto em que a Europa, por um lado, aposta e promove

EDITORIAL

como o orçamento da UE pós-2020, a reforma da PAC, mas sobretudo pelas questões das alterações climáticas, o acordo de Paris, o ambiente, o bem-estar animal e a resisa inovação e a I&D, mas por outro lado, não é proactiva e pragmática nas questões da biotecnologia e agora das NBT, preferindo ignorar a ciência e permitindo opiniões baseadas em emoções, ignorância e desinformação. As redes sociais, as diferentes gerações e a forma como olham o mundo, a imagem negativa da produção de carne e dos produtos de origem animal, com base em notícias falsas e insuficientes ou inexistentes bases científicas, são sinais evidentes da necessidade de comunicarmos de outra forma e de recentrarmos o debate, tendo por base a eficiência da produção em termos de alimentos obtidos vs. recursos consumidos e não, se a produção é intensiva, extensiva ou biológica. Em 2019 também se assinalam os 60 Anos da FEFAC – cujo evento terá como tema central a Economia Circular, Campeões da reciclagem e da economia circular o que em articulação com as comemorações dos 50 Anos da IACA, com diversos momentos, como a apresentação do Estudo de Reputação do Sector, as iniciativas com o Fórum Estudante, o Dia Aberto da Alimentação Animal e a Conferência sobre o Passado, Presente e Futuro da Indústria, demonstram uma capacidade permanente de renovação para poder dar a resposta a todos os desafios já conhecidos e aos que continuarão a surgir. A Visão 2030 do nosso sector, já partilhada por todos, mas que nunca é demais recordar, assenta em três pilares: A Segurança Alimentar, a Nutrição Animal e a Sustentabilidade, são, em conjunto com a necessidade de comunicar e sermos proactivos, as ferramentas que nos permitirão afirmar o novo papel da Alimentação Animal, de grande relevância em termos de eficiência e da mitigação dos impactos ambientais, que assegurem ao mesmo tempo a competitividade e a melhoria da imagem de toda a Fileira Animal e nos permitirá afirmar este ano como um ano de viragem, na União Europeia e em Portugal: 2019, o Ano da Alimentação Animal. A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL TEMA DE CAPA

O ANO DA ALIMENTAÇÃO ANIMAL Poucas serão as organizações em que a sua

A História, numa Homenagem a todas as empre-

história se confunde com a evolução do

sas associadas, aos dirigentes e colaboradores,

Setor que representam, impulsionaram e

será contada e descrita ao longo de 2019, nas

foram vetores de mudança. A IACA e a Ali-

páginas da Revista “Alimentação Animal” em

mentação Animal, no início apenas indústria

todas as edições, e nos eventos que estamos a

de alimentos compostos, desde há 25 anos,

preparar para a celebração dos 50 anos da IACA.

fabricantes de pré-misturas e desde 2016

Nesta contagem decrescente para o dia

com uma abordagem em que representamos

25 de outubro, cujo ponto alto vai decor-

de facto a indústria da alimentação animal é

rer em Lisboa, no Convento do Beato, aqui

um bom exemplo. Uma Indústria que nasceu

deixamos os sponsors e as empresas que

da reciclagem e da economia circular, dos

já confirmaram o respetivo Patrocínio nas

subprodutos ou coprodutos como hoje são

diferentes Modalidades:

vulgarmente conhecidos. Da sêmea de trigo e dos bagaços de oleaginosas, das farinhas de carne e de peixe, dos DDGS, do corn glúten, das bolachas e dos lacticínios, de tantas outras matérias-primas que representam hoje – em que a Economia Circular está na agenda política da Europa e do Mundo, mais de um terço do consumo de matérias-primas utilizadas pela nossa Indústria. Há 50 anos, com um conjunto de ações que se iniciaram em 1966, um grupo de empresários teve a lucidez e a coragem de criar o GNIACA e de avançarem com um projecto de organização do Setor, lhe deram forma e moldaram, para corporizar o que somos hoje: uma Indústria relevante no panorama agroalimentar em Portugal, uma Associação prestigiada a nível nacional e internacional. 4 |

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Destacamos os principais momentos que

presença do Comissário da Agricultura Phil

Desde já agradecemos o apoio e coopera-

irão marcar as celebrações, que incluirão:

Hogan, que será o orador principal e que

ção, com a certeza de que, todos juntos,

não deixará de falar dos desafios da ali-

iremos fazer deste ano, o Ano da Alimen-

mentação animal e a sua importância para

tação Animal e patamar para um novo

o ambiente, alterações climáticas, do plano

ciclo, num evento que estará certamente

• Uma Conferência subordinada ao

da proteína e da reforma da PAC pós-2020,

tema “Passado, Presente e Futuro: Uma

à altura daqueles que há 50 anos lançaram

para além de um programa recheado sob

Indústria preparada para os Desafios da

o lema “A Indústria campeã da reciclagem

a semente e que fizeram uma História, de

Sociedade”, para a qual já convidámos o

e da economia circular”.

• Livro dos 50 anos, essencialmente de memórias fotográficas.

Senhor Presidente da República, para além do Ministro da Agricultura e de outras individualidades, nacionais e internacionais. A Conferência a realizar apenas na tarde de 25 de outubro, terá um primeiro Painel

Regressando às comemorações da IACA, também teremos um excelente Programa (praticamente fechado) e muitas, muitas

alegrias e algumas tristezas, mas que muito nos orgulha e nos Honra. Saberemos, em conjunto, estar à altura daquilo que o Setor merece e representa. Jaime Piçarra

iniciativas e surpresas.

onde serão apresentadas as conclusões de um estudo sobre a perceção dos consumidores relativamente ao setor da alimentação animal e da atividade pecuária, para além dos temas ligados à economia circular, inovação e competitividade. Teremos ainda uma Mesa Redonda, apenas com empresários, nacionais e estrangeiros, sob o lema “Como preparar as empresas para os Desafios da Sociedade? “ Depois da Conferência, seguir-se-á um cocktail de boas-vindas e o Jantar de Gala, com muitas surpresas a anunciar em breve. • Aposta na informação e comunicação, com uma parceria com o Fórum Estudante, estando previstas, entre outras iniciativas, a 4 de outubro, um evento no âmbito do Dia do Animal, e no dia 16 de outubro, o Dia Aberto da Alimentação Animal, em mais de 50 escolas e em empresas e Instituições que se queiram associar. • Realização de importantes reuniões da FEFAC, como o Praesidium e Comité Diretor, pelo que se deslocarão a Portugal os responsáveis das principais

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empresas europeias e mundiais do nosso Setor, alguns dos quais mar-

Maior atividade da fitase a baixo pH

carão presença na Conferência e no

Duplicação da taxa de destruição do fitato

Jantar.

Recomendações de dosagem baseadas em ensaios

Neste ano de 2019, a FEFAC irá celebrar, de 5 a 7 de junho, os 60 anos, num evento a realizar a Bruxelas, que contará com a

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL TEMA DE CAPA

EMPRESA INDUSTRIAL DE PIMENTÃO

"A Indústria há 50 anos não era nada, era muito pouco. Não se compara ao que somos hoje"

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Neste ano, em que comemoramos os 50 Anos da IACA, depois da entrevista e do trabalho que fizemos na Sorgal, o associado mais antigo em actividade, que publicámos na edição nº 100, deslocámo-nos desta vez a Ponte de Sor, para uma entrevista e visita ao sócio número dois – a Empresa Industrial de Pimentão (Rações Falcão) – procurando, para além de darmos conta da história da empresa, percebermos quais as motivações dos empresários de então para a constituição de uma organização associativa do Setor assegurando uma representação legítima junto dos centros de decisão. No fundo, para falarmos também do historial da nossa Associação e das suas origens, com o GNIACA, o Grémio Nacional dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais. E nada melhor do que nos fazermos acompanhar neste trabalho, pelo antigo Secretário-Geral da IACA, o Comendador Luís Marques, para uma conversa muito agradável e gratificante, com o Sr. Manuel Henriques, provavelmente uma das pessoas mais antigas ainda em actividade na Indústria, com 92 anos de idade, e o sobrinho, Luís Miguel Bucho, o responsável operacional e o contacto mais directo com a IACA. Mais do que uma entrevista, foi uma lição de História, ficando bem patente a evolução da indústria da alimentação animal nestes 50 anos, sem qualquer comparação, sendo enorme (e bem-sucedida) a constante adaptação do Setor e das Empresas, aos desafios que foram tendo pela frente. Com muito trabalho e resiliência, sem "virar a cara à luta" e aos desafios, mesmo numa região em que a pecuária foi “ficando pelo caminho”. Um espelho do abandono do interior e de parte do território que, infelizmente, os recentes fogos florestais trouxeram à discussão pública. Aqui deixamos o testemunho dos nossos interlocutores, que também nos ajuda a compreender

melhor a origem da indústria da alimentação animal em Portugal. Porque o futuro também se constrói a partir do passado. Manuel Henriques conta-nos que em meados da década de 50 as rações eram produzidas e distribuídas pelas grandes empresas de então: Isidoro, CUF, SAPEC, Mendes Godinho e Silva & Dias, entre outras. Existia um efectivo muito importante de vacas leiteiras nos finais de 50 e início de 60 e os porcos, comprados na altura da montanheira, eram engordados à base de milho e o chamado "torteaux" de girassol. Um período em que não existiam grandes unidades fabris e as rações eram fabricadas "à pá". Como "a necessidade faz o engenho", os empresários de então decidiram instalar uma fábrica em Ponte de Sor, uma vez que os produtores da região utilizavam a sêmea de trigo, que nunca era suficiente. Mais tarde, esta matéria-prima viria a ser fornecida e distribuída pela JNPP e posteriormente pela IACA. No entanto, a origem do Grupo, da Empresa Industrial do Pimentão, remonta a outubro de 1944, com a indústria do pimentão. A entrada no mercado da alimentação animal ocorre em 1963, com a utilização de uma misturadora de 500 kg que rapidamente passou para os 1000 kg. Assim se mantiveram até 1969, com a construção de uma nova fábrica e apenas com produção de farinhas porque só começaram a granular em 1971. Recordam os nossos anfitriões, que "a fábrica foi montada por João Cidade, da empresa Cidade & Irmãos, de Arraiolos, em 1969, e na altura era uma unidade modelo, que muita gente visitava". Uma grande inovação para a época. Manuel Henriques e Luis Marques recordam-nos que nessa altura não se vendiam mais rações porque não havia matérias-primas suficientes e tudo era assegurado pelo Estado. Uma das prioridades dos industriais naquela época era a luta pela liberalização do aprovisionamento de matérias-primas para a alimentação animal, com a IACA a desempenhar um grande papel nesse processo.


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Em 1989, construíram uma outra fábrica, para suprir as necessidades da procura, mas incentivou-se também a concorrência do mercado, o Mercado Único e os autoprodutores, criando-se problemas às unidades de mais pequena dimensão. A evolução da pecuária, com o desaparecimento dos baldios, teve um grande impacto. A introdução das quotas leiteiras e depois a venda das quotas, o desaparecimento de salas de ordenha colectiva do IROMA, levou a que hoje já não existam explorações de leite na região, que também inclui a Beira Baixa e Beira Alta, cujas zonas foram reconvertidas para bovinos de carne e pequenos ruminantes. Relembram a crise da soja (embargo imposto pelos EUA) e as dificuldades de abastecimento dos clientes e de transporte para fazer face às encomendas. Na altura, e tal como agora, muitos anos depois, o milho era a matéria-prima nobre. O milho mais barato que a sêmea e que o trigo. Inimaginável à época. Mas hoje temos muitas limitações na utilização de matérias-primas, como o corn glúten feed, por causa dos OGM, e as farinhas de carne, na sequência da crise da BSE, o que cria uma grande pressão no mercado, sobretudo nos cereais. Recordam Manuel Henriques e Luis Miguel que nos anos 80 chegaram a produzir um milhão de tons, mas depois, com a evolução da PAC e a liberalização das importações de produtos de origem animal, entre outros fatores, a pecuária foi desaparecendo progressivamente. O fundador da empresa recorda que foi muito assíduo da IACA e que se envolveu sempre nos principais dossiers e preocupações, reconhecendo que a Associação tem sido e continua a ser muito importante para o esclarecimento dos empresários, responde sempre às questões colocadas, ajuda os associados e representa-os com grande dignidade e confiança. A IACA tem sido muito importante na evolução do Setor. Quanto à Revista "Alimentação Animal" é relevante para os industriais melhorarem o conhecimento em termos técnicos, acompanharem os dossiers, nacionais e internacionais, e tem de continuar a existir como "porta-voz" do Setor e responder às exigências do mercado, mas terá de saber reinventar-se e adaptar-se. Como principais preocupações da empresa, referem as tensões comerciais, sobretudo nas relações entre os EUA e a China, e a incerteza que provoca instabilidade; a concorrência das grandes empresas face à dimensão de outras de mais pequena dimensão, fundamentalmente nos preços, porque as margens são cada vez mais pequenas. É um negócio cada vez, mais de volume. Não os preocupam a legislação e as restrições, mas é evidente que as regras têm de ser iguais para todos e as empresas têm de ser tratadas da mesma forma. Finalmente, quanto à Empresa Industrial de Pimentão produzem hoje cerca de 500 tons/mês, com um portfólio bastante diversificado face ao passado. O granel representa cerca de 10%, pelo que os sacos são muito importantes. Tudo mudou e as alterações são cada vez mais aceleradas. Dos 33 colaboradores, hoje trabalham 15 pessoas, com a automatização e a redução do mercado. Mas não viram a cara às dificuldades e em 2019 vão comemorar os 30 anos de atividade da nova unidade. A terminar esta conversa, com grande vivacidade, entusiamo, empenho e simpatia, Manuel Henriques resume, sabiamente dos 92 anos, o seu olhar para o passado: "A Indústria há 50 anos não era nada, era muito pouco. Não se compara ao que somos hoje". Muito Obrigado ao Sr. Manuel Henriques, ao amigo Luís Miguel Bucho, sem esquecer os comentários e a participação do Sr. Luis Marques, 8 |

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pela conversa muito gratificante, que nos permite reconstruir a História do Setor, com a certeza de que nos encontraremos a 25 de outubro, em Lisboa, nos 50 Anos da IACA. E muito obrigado por confiarem nesta Instituição desde 1969!


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ALIMENTAÇÃO ANIMAL TEMA DE CAPA

PLANO DE AÇÃO DA IACA PARA 2019* Ações previstas para 2019 Analisada a proposta de Orçamento de Estado para 2019, tal como o do ano anterior, não parece que este seja o orçamento que o País precisa para que as empresas e a economia se fortaleçam: sem reformas estruturais, reduz ligeiramente a austeridade, mantém a falta de crescimento e a rigidez nas relações laborais, para além das medidas que aumentam a fiscalidade – desde logo a questão da tributação autónoma – e que não promovem o investimento e a competitividade das empresas, nem a redução da despesa pública, apesar das preocupações na contenção do deficit que se aproximará de zero (0,2%), o que não deixará de ser relevante para a imagem do País a nível internacional, tendo em conta a redução dos juros da dívida. Num ano de eleições legislativas, não é de todo um orçamento “amigo” das empresas e das reformas de que os empresários necessitariam, tal como foi referido pelos parceiros sociais com assento no Conselho Económico e Social. Também aqui, há que potenciar a nossa filiação na FIPA e o facto desta entidade exercer o cargo de Vice-Presidente da CIP. Na previsão do Governo, o PIB deverá crescer 2,2%, a taxa de desemprego deverá situar – se nos 6,3% e a divida pública nos 118,5% do PIB, o que está relativamente desalinhado com as previsões mais recentes da Comissão Europeia, que revê em baixa as estimativas iniciais, quer para a zona Euro (1,9% em 2019 e 1,7% em 2020), quer para Portugal (1,8% e 1,7%, respetivamente), com uma inflação de 1,6% e uma redução da taxa de desemprego. É, no entanto, coincidente a desaceleração da economia portuguesa, muito exposta naturalmente à evolução dos mercados externos e tensões internacionais. Aguarda-se ainda um recrudescer dos conflitos laborais e maior instabilidade social, pelo menos até à proximidade das eleições, provavelmente em outubro, pelo que a área da Contratação Coletiva será muito relevante, com a IACA a querer encerrar a negociação de um novo CCT no próximo ano, se possível durante o primeiro semestre. Em 2019 iremos celebrar os 50 Anos do movimento associativo, pelo que teremos esta Comemoração e os eventos que lhe estão associados como fio condutor, em que a Comunicação será muito importante. Prevemos assim as seguintes iniciativas: • Um Livro dos 50 Anos , essencialmente fotográfico, sobre a evolução da IACA e do Setor da Indústria de Alimentos Compostos desde 1969, altura em que foi fundado o Grémio Nacional dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais.

• O Dia da Alimentação Animal , subordinado ao Tema “O que comem os animais que nós comemos”, em colaboração com o Fórum Estudante, a decorrer nas escolas e nas empresas, em todo o País – com uma escola em Lisboa, para o qual contamos com a presença do Professor Marcelo Rebelo de Sousa – em que o objetivo é explicar aos jovens a importância da alimentação animal, como os animais são alimentados, a nutrição e saúde animal, mas também humana, sem esquecer o Mundo Rural, a pecuária e a agricultura; • Uma Conferência de Encerramento das Comemorações , a decorrer em Lisboa, no dia 25 de outubro de 2019 , sob o lema “Passado, Presente e Futuro: Uma Indústria preparada para os Desafios da Sociedade” , com a presença de conferencistas de renome nacional e internacional, virada para o futuro e os grandes desafios da sustentabilidade, alterações climáticas, saúde e bem-estar animal, a economia circular e o desperdício, a PAC e os Fundos europeus, as preocupações dos consumidores, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis das Nações Unidas, sem esquecer o passado e o presente e o papel do setor na alimentação dos portugueses. Como estamos a responder e que soluções existem para esses grandes desígnios e que papel podemos assumir na Europa e no Mundo. Para estas iniciativas já convidámos o Senhor Presidente da República e membros do Governo, estando igualmente convidadas as nossas principais organizações congéneres, desde logo a FEFAC e as principais empresas do Setor a nível europeu e mundial. Tudo isto visando a promoção da Indústria da Alimentação Animal, a produção agropecuária nacional e o consumo de produtos de origem animal junto dos consumidores e nos mercados externos, reduzindo a nossa dependência do exterior. Deste modo, numa linha de continuidade, mas com reforço das parcerias que são uma da nossa matriz, os principais objetivos da IACA passam pela consolidação e reforço da atividade de representação da Indústria a nível nacional e internacional, e na divulgação das nossas propostas para o exterior, centrados nos seguintes eixos: 1. Reforçar e agilizar a ligação entre a IACA e os seus associados, ao nível dos contactos diretos (Grupos de Trabalho com técnicos das empresas associadas), para acompanhar dossiers relevantes para o Sector e preparar posições junto das autoridades nacionais e em Bruxelas, da infor-

* A versão integral pode ser consultada no site da IACA em www.iaca.pt

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mação disponibilizada (Informação Semanal, Revista "Alimentação Animal”, Anuário IACA, Newsletter, Notas de Conjuntura, INFO IACA, Circulares, um novo website, simplificação da consulta da legislação) e na resolução de problemas que se colocam a cada empresa, bem como no âmbito das Reuniões Regionais da Indústria, com temas da atualidade. Daremos continuidade, sobretudo num plano mais técnico, ao Programa de visitas às fábricas, para um melhor conhecimento dos problemas e das expetativas das empresas associadas, com a comunicação e difusão das conclusões destas reuniões através da Revista "Alimentação Animal” . Procuraremos abordar com mais frequência as empresas, com vista a perceber com

que dificuldades e constrangimentos se deparam, por forma a dirigirmos a nossa ação com maior eficácia. 2. Reforço da Cooperação com as autoridades oficiais, designadamente ao nível da Agricultura, Economia, Ambiente, Saúde, Mar e Emprego, principais áreas com impacto para o nosso Sector, com destaques para o GPP, a DGAV e a APA. No quadro da investigação, desenvolvimento e inovação, serão privilegiados os contactos com o INIAV e as Universidades (ISA, UTAD, FMV, ESA Santarém, ESA Coimbra, Universidade de Évora, Universidade do Porto), no sentido de fazer a ponte entre a investigação e as empresas, à semelhança do que tem acontecido nos últimos anos. A presença da IACA, enquanto representante da FIPA

em Comissões de Acompanhamento no quadro do Ministério da Agricultura, designadamente do PDR 2020 ou da Revisão da PAC pós-2020, potenciam essa lógica de cooperação e articulação, procurando resolver ou mitigar os problemas/ estrangulamentos da nossa Indústria. 3. Reforço da articulação entre a IACA e as organizações a montante e a jusante do nosso Sector, ao nível das associações agrícolas (ANPOC e ANPROMIS – de que é exemplo a constituição do Clube Português dos Cereais Forrageiros de Qualidade ou o Centro de Competências CEREALTECH), de comerciantes e importadores (ACICO), pecuárias (representantes dos sectores das carnes, do leite e dos ovos) e da FIPA, consolidando a relação de Fileiras e criando

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL TEMA DE CAPA

um maior lobby e “massa crítica" junto das autoridades nacionais e internacionais na defesa dos interesses comuns: a defesa da sustentabilidade da produção nacional e do Mundo Rural, o equilíbrio no relacionamento com as cadeias de distribuição, a promoção da alimentação animal, da produção pecuária e do consumo de produtos de origem nacional, nos mercados interno e externo. Teremos o envolvimento na Estratégia de Promoção da Produção de Cereais, ou no Grupo Operacional “Efluentes”, entre outros, com a FPAS, FEPASA e INIAV, ou o Projeto Mais Coelho, em colaboração com o INIAV e Associações de Caçadores ou proprietários agrícolas e florestais, dando igualmente início ao Protocolo de Cooperação com o INIAV para que o Polo de Santarém seja efetivamente colocado ao serviço da Alimentação Animal. Na área mais ambiental, teremos a última fase do Projeto PEFMED (medição da pegada de carbono) e a participação no RNC 2050 (Roteiro Nacional para a Neutralidade Carbónica), promovido pela APA e as Melhores Práticas Disponíveis (BAT). No plano da Investigação, Desenvolvimento & Inovação (IDI) teremos o envolvimento no Projeto FeedMed, potenciando o Protocolo da IACA com o INIAV e o “delegar” no Setor a liderança das iniciativas de IDI na área da Alimentação Animal. Destaque ainda para a consolidação da FILPORC, em conjunto com a FPAS e APIC e uma estratégia marcadamente interprofissional. 4. Consolidar a imagem da IACA e as suas posições no plano internacional, em particular junto da FEFAC e da FoodDrinkEurope – potenciando a representação da Indústria em fóruns de interesse para o Setor e em Grupos Consultivos da Comissão Europeia (Grupos de Diálogo Civil), e no Parlamento Europeu – e junto da opinião pública, através dos media e do meio académico e universitário, intervindo em Jornadas, workshops, Seminários e Conferências, promovendo os interesses dos associados, a inovação e o conhecimento, tal como tem acontecido nos últimos anos, em que a IACA, para além de ter assento no Praesidium e Conselho da FEFAC, coordena Grupos de Trabalho relevantes. 5. Reforçar o controlo das matérias-primas importadas de Países Terceiros, pese embora a providência cautelar e a Ação em Tribunal interposta pela ACICO, em repre12 |

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sentação dos comerciantes/ importadores, continuaremos a apostar no QUALIACA visando a sua consolidação no mercado, com os custos a serem suportados parcialmente pelos aderentes (o restante será assumido pela Associação), tal como já aconteceu em 2018. Reitera-se que este Projeto, bem acolhido pela Indústria e pela Fileira da produção animal, tem em vista o reforço da qualidade das matérias-primas, complementando o Plano de Controlo Oficial, e uma estratégia que permita potenciar uma nova relação com os nossos fornecedores, com maiores exigências contratuais. 6. Continuidade no processo de filiação de novas empresas e atividades no universo da alimentação animal, na sequência da alteração dos Estatutos de 2016, que se confirmou em 2017 e 2018, com a entrada de mais associados, sobretudo para a Seção de Pré-Misturas e Aditivos (SPMA). Esta estratégia reforçará o peso e o papel da Instituição como parceiro e a sua capacidade de intervenção na Sociedade, nos próximos anos, preparando-a melhor para os desafios do futuro. Para atingir estes objetivos, o Plano de Ação, que se reflete naturalmente na proposta de Orçamento para 2019, contempla um conjunto de iniciativas, das quais destacamos as seguintes: • Realização de eventos temáticos ao longo do ano, designadamente as Reuniões Gerais da Indústria, mantendo o modelo de convites a representantes das autoridades oficiais que acompanham os diferentes dossiers, de forma a compreenderem melhor as posições e necessidades da Indústria, de que se destacam os relacionados com a comemoração dos 50 anos da IACA. • Face ao sucesso das edições anteriores, realizaremos, em colaboração com a SPMA, as VIII Jornadas de Alimentação Animal, uma iniciativa que já se assumiu como uma referência e um ponto de encontro anual do Setor. • Presença da IACA nos fóruns nacionais e internacionais a que está ligada, designadamente no âmbito da FIPA, GPP, DGAV, APA, FEFAC, FoodDrinkEurope e CE (DG AGRI, DG SANTE) e contactos ao nível da REPER, Parlamento Europeu e Comissão de Agricultura da Assembleia da República.

• Consolidação do FeedMed, grupo de pressão constituído pela IACA/EUROFAC/ ASSALZOO/CESFAC, representando Portugal, França, Itália e Espanha, constituído em setembro de 2017 e cujo objetivo é defender em Bruxelas, nomeadamente no quadro da FEFAC, os interesses e especificidades dos países do Sul, face a pontos de vista divergentes dos blocos do Norte ou de Leste, influenciando as decisões e o modelo de governação da FEFAC, que estará também em discussão e revisão em 2019. Depois das reuniões em Paris, Madrid e Roma, caberá à IACA a realização da próxima reunião durante o primeiro semestre de 2019. • Continuamos a assegurar a vice-presidência do Comité "Produção Industrial de Alimentos Compostos” e a representação da Indústria europeia nos Grupos de Diálogo Civil “Culturas Arvenses” , “PAC”, e “Acordos Internacionais da Agricultura”, no quadro da DG AGRI/ Comissão Europeia, bem como a coordenação do Grupo PARE (Política Agrícola e Relações Externas) da FIPA, com participação nos Comités da FoodDrinkEurope, em particular o da Competitividade. • Para além da presença nos Comités específicos da FEFAC, e da representação no Conselho, a IACA continuará a ter uma participação muito ativa no Praesidium, Conselho e no Comité Diretor da nossa organização europeia. Realizaremos em Lisboa, em outubro, no quadro dos 50 Anos, a reunião do Praesidium da FEFAC e o seu Comité Diretor, constituído pelas principais empresas de referência da União Europeia e que aconselham a FEFAC na definição da sua estratégia e linhas de orientação. • No quadro da Contratação Coletiva de Trabalho, não tendo sido possível chegar a um acordo com os Sindicatos e feita a denúncia dos Contratos, com pedido de caducidade, com a ausência de resposta da DGERT e a Ação em Tribunal, temos já preparada uma proposta de negociação para discussão com os Sindicatos e que pretende harmonizar os Contratos, acabando com os CCT regionais, simplificando e agilizando a contratação coletiva, aproximando-a, o mais possível, do Código do Trabalho.


• Acompanhamento do processo legislativo relativo à aprovação de OGM, quer para importação, quer para cultivo e a questão das Novas Técnicas de Melhoramento de Plantas (NBT). • Colaboração no Programa “Uma Só Saúde”, quer para ajudar a atingir o grande objetivo de redução ou utilização prudente de antibióticos na alimentação animal, quer na promoção da receita veterinária eletrónica, na defesa da utilização dos alimentos medicamentosos como um serviço de inegável valor prestado aos clientes, mas igualmente como uma ferramenta eficaz no controlo e redução do consumo de medicamentos, como uma das medidas de combate ao problema da resistência antimicrobiana. Destacamos igualmente a promoção da "desmedicalização ” no setor da cunicultura, em que queremos assinar um acordo voluntário, tal como já assumimos com os suínos, que pretendemos monitorizar, promovendo uma discriminação positiva nos operadores que estiverem disponíveis e conseguirem atingir as metas definidas. • Participação no Grupo Operacional do INIAV “Efluentes pecuários" e na Rede Inovar, no sentido de valorizar e divulgar a inovação e a investigação criando mais-valia e conhecimento para os seus associados. • Criação de Grupos de Trabalho “ad-hoc ” para a discussão de dossiers importantes para o futuro do Sector, em estreita ligação com a FEFAC, tendo em conta os interesses nacionais. • Lançamento do Guia de Rotulagem de alimentos compostos para animais, tendo em conta as últimas alterações legislativas. • Atualização do "Código de Boas Práticas para os Industriais de Pré – Misturas e de Alimentos Compostos para Animais destinados à Produção de Géneros Alimentícios”. • Conclusão e Lançamento do “Manual para o controlo das principais substâncias indesejáveis e proibidas na alimentação animal”, em conjunto com a DGAV. • Iniciativas no âmbito do curso de legislação aplicável ao setor da alimentação animal (já prevista uma em janeiro em Santarém, nas instalações da EZN, INIAV), com possibili-

dade de realizar outras na região Centro, possivelmente em Coimbra, e na Madeira.

de se perceber se justifica a elaboração de um Manual ou Guia de Boas-Práticas.

• Atualização e lançamento de uma nova versão do Manual de Boas Práticas “Testes de contaminação cruzada e de homogeneidade no fabrico de alimentos compostos para animais” da DGAV.

• Implementação da Visão 2030 para a Alimentação Animal.

• Acompanhamento em conjunto com a DGAV e o INIAV, para além da cooperação com a FPAS e APIC, da evolução dos surtos de Peste Suína Africana que têm ocorrido em diferentes países da Europa e tomada de medidas para evitar a sua disseminação para Portugal. • Continuação da dinamização da CT 37 com participação em Congressos e diferentes grupos de trabalho, tendo em vista um melhor conhecimento da sua atividade e da importância para a credibilidade da alimentação animal. • Acompanhamento da revisão da legislação sobre os vários temas relacionados com a alimentação animal em discussão na UE, nomeadamente o Regulamento sobre higiene nos alimentos para animais (Regulamento (CE) nº 183/2005), aditivos (Regulamento (CE) nº 1831/2003), com especial atenção às restrições de aditivos produzidos a partir de microrganismos geneticamente modificados, novos aditivos para alimentação animal e discussão da constituição de um novo grupo de aditivos (“melhoradores da condição de saúde”). • Acompanhamento da evolução da legislação CLP e aplicação do fator M aos alimentos minerais. • Ação com a DGAV junto dos associados produtores de alimentos medicamentosos, no sentido de verificar os níveis de contaminação cruzada das diferentes substâncias farmacologicamente ativas no sector, com vista a estabelecer Limites Máximos admissíveis das mesmas, a nível nacional. • Continuação da colaboração no Projeto Mais Coelho, com análise dos resultados da testagem de diferentes alimentos com e sem aromatizantes e passagem à segunda fase, desparasitação dos animais em campo. • Avaliação, junto do Setor, das necessidades das empresas em matéria de segurança, saúde e higiene no trabalho, no sentido

Atenta às dificuldades que têm caracterizado a evolução da indústria de alimentos compostos para animais, sobretudo nestes últimos anos, em que são constantes os ataques à imagem do Setor e aos produtos de origem animal, com impacto negativo na Fileira pecuária e desde logo na nossa atividade, neste segundo ano de mandato, a Direção da IACA está consciente das dificuldades e das exigências, tendo como principal objetivo a aposta continua e reforçada nas parcerias e na dinâmica da nossa Organização, alargando a sua base de apoio e capacidade de intervenção, quer na Fileira, quer junto dos responsáveis, políticos e Administração Pública. Na certeza de que, pela sua história e experiência de 50 anos desde a criação do Grémio, e pela capacidade de nos adaptarmos às diferentes realidades que foram surgindo, somos uma Associação com visibilidade, credível e respeitada, quer pelos nossos parceiros, quer pelas autoridades, seja em Portugal ou no quadro internacional, sobretudo na UE e nos EUA, com quem temos excelentes relações institucionais, nomeadamente através da USSEC (soja) e do USGC (cereais). Por isso temos sido chamados a intervir em inúmeras missões internacionais, colaborando igualmente no documento que a FEFAC aprovou em 2016, no seu Congresso, na Turquia, e que continuará a ser o nosso motor: a Visão 2030 da Indústria da Alimentação Animal, em que a segurança alimentar, o papel da nutrição animal e a sustentabilidade são os principais eixos na adaptação aos novos tempos, enquanto parceiros de confiança e gerando valor e conhecimento na cadeia alimentar. Neste quadro de incerteza global em que vivemos, no segundo ano do nosso Mandato, para além do reforço e consolidação dos Projetos estruturantes (Alargamento e QUALIACA), e centrados na Comunicação, Formação e Informação, o que continuamos a garantir aos nossos Associados é ambição e vontade, com coerência e espírito de Missão, tendo em vista a coesão da Indústria e a sustentabilidade da IACA, como grandes orientações estratégicas no médio e longo prazo. Tendo como fio condutor, em 2019, a comemoração dos 50 anos de Associativismo, sempre na defesa dos legítimos interesses dos nossos Associados. A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL OPINIÃO

BREVE REVISÃO SOBRE O USO DE ANTIBIÓTICOS EM ANIMAIS DE PRODUÇÃO E SUAS LIGAÇÕES À RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA EM MEDICINA HUMANA*

Manuel Chaveiro Soares Grupo Valouro / IACA

Pouco depois da introdução dos antibióticos em medicina humana, os efeitos dos mesmos foram observados em animais de produção não só para o tratamento de doenças, mas também como promotores de crescimento (APC). O uso de antibióticos na produção animal melhorou o índice de conversão alimentar (IC) e a velocidade de crescimento, devido a alterações da flora intestinal, que assim disponibilizam para o animal mais calorias provenientes da dieta. Adicionalmente, os antibióticos reduziram a morbilidade e a mortalidade causadas por doenças, não só clínicas mas também subclínicas. Consequentemente, desde o início da década de 1950 tornou-se usual administrar doses sub-terapêuticas de antibióticos a animais de produção, para promover o crescimento e prevenir doenças. Assim sendo, os antimicrobianos em produção animal são utilizados para: i) promoção do crescimento; ii) prevenção de doenças (uso profilático); iii) tratamento de doenças. A promoção do crescimento e a prevenção de doenças são separadas por uma linha muito fina. Todavia, actualmente a sociedade enfrenta uma crise de resistências antimicrobianas (RAM). Representa um sério desafio global. Acresce que, num futuro próximo, não é expectável que novos antibióticos surjam no mercado. Portanto, deve ser preservada a eficácia dos antibióticos utilizados presentemente. Já em 1945, aquando da descoberta da penicilina, Alexander Fleming preveniu: "os micróbios estão educados para resistir à penicilina…". Presentemente, importa sublinhar, que é reconhecido que a maioria das resistências a antibióticos tem origem no uso destes no tratamento de doenças humanas. Mas foi também sugerido que quando os antibióticos são administrados a animais em baixas doses por longos períodos, como promotores de crescimento, ocorre uma pressão seletiva que pode conduzir ao aparecimento de RAM. Assim, foi sugerido que a resistência dos agentes patogénicos, que surgiu em animais de produção pode ser subsequentemente transmitida ao Homem – nomeadamente aquando da ingestão de carne ou outros produtos de origem animal cozinhados insuficientemente, o que leva à persistência de bactérias resistentes a antibióticos (Verraes et

al., 2013; Spellberg et al., 2016) –, e também pode ser transmitida ao ambiente. Consequentemente, na base do princípio da precaução, em 1 de Janeiro de 2006, a União Europeia baniu o uso dos últimos quatro antibióticos que ainda eram então permitidos como aditivos alimentares, administrados com vista à promoção do crescimento dos animais de produção. Atualmente na União Europeia a utilização de antibióticos é permitida para o tratamento de doenças animais, não só para defesa da saúde animal, mas também pela segurança alimentar que proporcionam (e.g. contaminação de carne com Salmonella). Por outro lado, importa assinalar que presentemente nos EUA o uso de antimicrobianos promotores de crescimento (APC) está ainda a ser debatido. Tanto quanto é do meu conhecimento, não existe uma evidência científica robusta que comprove que os agentes patogénicos zoonóticos com resistência a antibióticos transfiram essa resistência ao Homem. De qualquer forma, desde 1976 (Levy et al.) vários autores sugerem que o uso subterapêutico de antibióticos para promoção do crescimento animal é suscetível de induzir resistências antimicrobianas no Homem. Em 1999, o National Reserch Council (NRC) reconheceu que: "não existe dúvida que ocorre a passagem de bactérias com resistência a antibióticos da carne e de outros produtos de origem animal para o Homem”. O NRC também considerou que: “o número real de incidentes de passagem de agentes zoonóticos resistentes a antibióticos que causam doença no Homem pode não estar bem documentado ou mesmo ser rastreável”. Mas também acrescentou: "em contraste com a contaminação microbiana de alimentos, os resíduos de medicamentos parecem constituir um risco relativamente baixo”. No entanto, recentemente a Food and Drug Administration (US FDA) anunciou que alguma acção irá ser tomada em ordem a reduzir o uso em produção animal de antibióticos que também sejam administrados em medicina humana. Em 2013, os resultados conseguidos por Price et al., usando a total sequenciação do genoma e a filogenética, sugeriram fortemente que um microrganismo patogénico com multirresistência emergente do gado foi subsequentemente transmitido ao Homem. Cabe também notar que, em 2017, um inquérito sobre o progresso registado por diversos países

* Comunicação apresentada no simpósio "Soluções de nutrição animal contra as resistências antimicrobianas", promovido pela IACA/FEFAC, Faculdade de Medicina Veterinária, Lisboa, 9 de Outubro de 2018.

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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL


A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL OPINIÃO

na abordagem à resistência antimicrobiana (RAM), realizado pela Food and Agriculture Organization (FAO), pela World Organization for Animal Health (OIE) e pela World Health Organization (WHO), revelou que “o uso excessivo e indevido de antimicrobianos no Homem, animais e plantas, acelerou o processo de evolução natural pelo qual os microrganismos se tornam resistentes aos tratamentos antimicrobianos”. O aludido inquérito também permitiu verificar que a maioria dos países grandes produtores de frango, porco e bovinos (9 em 10 países) estão a responder à ameaça da resistência antimicrobiana (RAM), mas que apenas 64 países (41,6%) limitaram o uso de antimicrobianos de importância crítica na promoção do crescimento dos animais. Em 2001, a União Europeia (UE) definiu a estratégia para enfrentar a resistência antimicrobiana (RAM). Subsequentemente, o consumo de antimicrobianos e a RAM passaram a ser monitorizados pela UE. Além disso, as agências científicas da UE passaram a dispensar apoio aos Estados Membros na "prevenção das infecções, medidas de biossegurança e práticas de controlo nos cuidados de saúde humana e em produção animal”. “Apesar do que antecede, nos últimos anos, a incidência de infecções de terapia multi-medicamentosa e tratamentos de último recurso têm aumentado significativamente na UE” (A European One Health Action Plan agaist AMR, 2017). Em Maio de 2017, as Autoridades Portuguesas e o Sector Suinícola estabeleceram um acordo em ordem a reduzir em 30% o consumo de antibióticos nos próximos três anos, e, mais recentemente, a diminuir o consumo de colistina dos atuais 12 mg para 5 mg por unidade de população corrigida (mg/UPC). Em todo o caso, importa sublinhar que após a crise alimentar ocorrida na Europa nos finais da década de 1990, alguns grupos industriais pressionaram os decisores políticos, nomeadamente em Bruxelas, no sentido dos antibióticos promotores do crescimento (APC) serem substituídos por vários aditivos alimentares, que foram considerados como potenciais substitutos aos antibióticos. Estes novos promotores do crescimento (NPC) incluem diversas categorias de aditivos, nomeadamente probióticos, prebióticos, ácidos orgânicos e óleos essenciais. Consequentemente, tem havido uma crescente percepção do consumidor de que o uso de antibióticos em animais de produção pode dar origem a bactérias resistentes a antimicrobianos usados em medicina humana, inclusive quando se trata do con16 |

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sumo de carne sujeita a um tratamento térmico apropriado. Durante os últimos anos – em particular nos países afluentes, dotados de grandes cadeias de retalho e de restauração gourmet –, um número crescente de consumidores com maior poder de compra tem manifestado preferência por alimentos de origem animal produzidos sem antibióticos – no antibiotics ever (NAE) na terminologia anglo-saxónica. Alguns produtos de origem animal preenchem já tais requisitos. Por exemplo, nos EUA a Perdue Foods está a produzir 13 milhões de frangos por semana e, desde 2017, todas as aves criadas sem antibióticos são comercializadas sob a denominação 100% NAE (nenhum animal é tratado com qualquer antibiótico, desde a incubação ao abate). De salientar que nestas circunstâncias o controlo do Clostridium perfringens (causador da enterite necrótica) revela-se particularmente difícil; acresce que, nos EUA, o consequente aumento dos custos de produção (5-15%) nem sempre se tem refletido no preço pago ao produtor. Também desde 2017, na Holanda e na Alemanha é vendida carne de porco produzida sem antibióticos (Koeleman, 2018). Na minha opinião, a melhor recomendação para minimizar o uso de antibióticos em produção animal consiste em manter os animais em condições confortáveis e livres de situações que afetem o seu bem-estar e saúde. Será talvez interessante apresentar um exemplo ilustrativo da relação entre maneio, bem-estar e uso de antibióticos. Durante muitos anos, nas explorações avícolas que acompanho, quando as aves eram transferidas da recria (aviários à prova de luz) para as instalações de reprodução (aviários com luz natural), a mudança de ambiente e de maneio normalmente causava stress nas galinhas reprodutoras pesadas, afetando a saúde intestinal. Além disso, quando os bandos são sobrealimentados verifica-se um aumento na produção de ovos de duas gemas, peritonites, prolapsos, canibalismo e infeções por E. coli. Então, durante longos anos recorremos a tratamentos com antibióticos, mas não raro estes não foram suficientemente efetivos para evitar que a mortalidade se mantivesse durante várias semanas. Recentemente foram administrados alguns novos promotores de crescimento (NPC) e também foi feita vacinação contra E. coli (Paixão et al., 2016), mas os resultados não se revelaram satisfatórios. Entretanto, foram introduzidas melhorias importantes no maneio, nomeadamente no que concerne ao controlo estrito do peso vivo e da uniformidade do bando, e também do programa de luz aplicado (fotoperíodo

e intensidade luminosa), incluindo a correta foto-estimulação. Os resultados são muito claros: eliminação do uso de antibióticos nos nossos aviários durante o ciclo reprodutivo, exceto quando ocorre algum erro no maneio. De facto, encontramo-nos perante um desafio multifatorial com vista a minimizar o uso de antibióticos em produção animal, implicando nomeadamente: i) condições de maneio: densidade animal, espaço de comedouros e número de pipetas, iluminação (fotoperíodo e intensidade luminosa), cama; ii) condições ambientais: temperatura, humidade, ventilação; iii) biossegurança; iv) programa vacinal; v) nutrição; vi) qualidade da água; vii) grau de moenda e forma de apresentação do alimento; viii) programa alimentar; ix) melhoramento avícola (biologia molecular). A alimentação mostrou-se ser o fator de maior influência na composição da microflora intestinal. Portanto, a nutrição é um fator chave de forma a manter um adequado balanço da microbiota intestinal (entre organismos gram-negativos e gram-positivos) que é essencial para evitar o uso de antibióticos. Este desafio é particularmente maior em animais jovens, principalmente em leitões pós-desmame e em perus. Em relação à nutrição, é recomendado: i) balanço nutricional, dependendo da espécie animal, fase de crescimento e produção; ii) baixo teor proteico, mantendo concentrações adequadas de aminoácidos essenciais; iii) matérias-primas de boa qualidade (sem fatores anti-nutricionais); iv) adequado balanço electrolítico e fibra dietética; v) suplementação com antioxidantes (vitamina E e selénio); vi) uso de enzimas exógenas; vii) suplementação da dieta com outros aditivos (e.g. probióticos, prebióticos, ácidos orgânicos). Em conclusão: o uso de antibióticos é muito importante em medicina humana e também em produção animal, mas tem-se verificado um crescente desenvolvimento de resistências aos mesmos; em decorrência do que precede, é recomendável o uso judicioso de antibióticos em animais de produção – principalmente melhorando biossegurança, maneio e nutrição – e, por outro lado, o controlo das práticas inerentes à medicina humana representa uma área estratégica muito relevante. Adenda: no passado dia 25 de Outubro, o Parlamento Europeu proibiu o uso profiláctico dos antimicrobianos no sector pecuário, permitindo a sua administração aos animais de produção apenas quando o médico veterinário diagnosticou uma infecção; ademais, a Comissão Europeia foi autorizada a seleccionar os antimicrobianos reservados somente para o tratamento de pessoas.


A LI ME N TAÇÃO A NI M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL PARCERIAS

OS JOVENS E A ALIMENTAÇÃO ANIMAL Não menos importante será evidenciar o papel cumprido por esta indústria no desenvolvimento sustentado do território, combatendo a desertificação e o abandono e promovendo a coesão e a biodiversidade. Este conhecimento será facilitado pelo contacto com profissionais do setor, nomeadamente jovens trabalhadores cujo tesQuais os principais passos que são dados para

temunho permita uma identificação direta com

garantir a qualidade dos alimentos? E que tipo

os estudantes.

de cuidados devem ser tomados na altura da seleção? Estes serão alguns dos temas em desta-

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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

que durante o ano de 2019, no espaço da revista

Chegar às Escolas

Forum Estudante dedicado às boas práticas ali-

No âmbito deste projeto, as Escolas também

mentares, numa parceria com a Associação Por-

irão receber a mensagem da sustentabilidade

tuguesa das Indústrias de Alimentos Compostos

na área da Alimentação, com ações realizadas

para Animais – IACA.

nas escolas. No Dia Mundial do Animal, a 4 de

Este espaço mensal contará com informação

outubro, os estudantes e comunidade escolar

sobre a indústria da alimentação animal, numa

poderão a ficar a saber mais sobre o tema da

lógica de desmistificação de algumas ideias pré-

Alimentação Animal.

-concebidas sobre o setor. Uma das principais

Já a 16 de outubro, no Dia Mundial da Alimentação,

metas passa, assim, por dar a conhecer os pas-

serão visitadas 50 escolas e algumas empresas do

sos dados no sentido de garantir o crescimento

setor, dando a conhecer tudo o que é feito nesta

saudável dos animais envolvidos na indústria

área, com o auxílio dos técnicos da Associação

agropecuária.

Portuguesa das Indústrias de Alimentos Compos-

Para tal, esta parceria focará temas como Segu-

tos para Animais. Neste dia, os estudantes pode-

rança, Nutrição, Saúde ou Bem-Estar Animal. Atra-

rão participar em dinâmicas como a "Construção

vés do conhecimento destes conceitos, pretende-

da Roda dos Alimentos dos Animais", o "Quiz da

-se também assegurar que os jovens estudantes

Alimentação Animal" ou o workshop "O que come

portugueses possuem literacia alimentar que lhes

o meu animal de estimação?".

permita tomar decisões informadas e lúcidas, em

Através deste registo lúdico-pedagógico, pre-

relação à sua própria alimentação.

tende-se motivar os jovens a saber mais sobre

Desta forma, estarão em destaque as práticas

o setor da Alimentação Animal. É do desconheci-

inovadoras e as boas-práticas do setor, em liga-

mento que nascem as ideias pré-concebidas e as

ção a conceitos atuais como economia circular

visões limitadas. Ao levar aos jovens a informação

ou rentabilização de coprodutos. Por outro lado,

mais relevante sobre a realidade do setor, será

pretende-se dar a conhecer as indústrias e profis-

possível garantir uma visão mais justa sobre o

sões associadas, explorando as suas ligações da

trabalho realizado por milhares de profissionais,

Química ou da Engenharia, por exemplo.

em todo o País.


A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL AMBIENTE

QUANTIFICAR A PEGADA AMBIENTAL DE PRODUTOS ALIMENTARES NO ESPAÇO EUROPEU Como determinar a Pegada Ambiental de um Produto tem sido uma questão progressivamente discutida no seio da União Europeia (UE) por clientes, consumidores e outras partes interessadas. Neste artigo abordamos a dimensão e o impacte que a alimentação animal gera ao longo de todo o ciclo de vida sobre o ambiente. Actualmente já é possível determinar a Pegada Ambiental de um Produto, sendo possível projectar medidas visando a minimização dos seus impactes ambientais e socio-económicos. Tiago Rogado Eng.º do Ambiente (Caravela Sustentável)

Em novembro de 2016, foi lançado o projeto piloto PEFMED, cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, através do Programa Interreg MED de Cooperação Transnacional. Foi traçado um desafio extremamente ambicioso pela UE junto dos parceiros do sul da Europa (Portugal, Espanha, Itália, Eslovénia, Grécia e França) e que envolveu as respectivas federações alimentares enquanto parceiros de projecto: determinar a pegada ambiental de produtos alimentares. Propunha-se aplicar uma metodologia que define critérios padronizados definidos pela União Europeia para diversos sectores alimentares: vinho, azeite, produtos lácteos, carne, água embalada e rações animais. Verifica-se ainda que este projecto é enquadrado em função da Recomendação da Comissão 2013/179/ UE de 09 de Abril de 2013, sendo que a análise de ciclo de vida é actualmente um requisito normativo da nova versão da ISO 14001:2015.

A parceria com a FIPA e a Herdade do Carvalhoso no projecto PEFMED No artigo publicado na revista "Alimentação Animal" em Abril de 2018 foi apresentado o projecto PEFMED e os primeiros resultados aplicados à sua primeira fase de implementação. 20 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

Em Portugal, este estudo foi desenvolvido com a colaboração dos parceiros institucionais FIPA – Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares e a Herdade do Carvalhoso (HdC), sediada no Ciborro, Montemor-o-Novo, no Alentejo. Foram desenvolvidas pela empresa consultora Caravela Sustentável (Eng.º Samuel Niza e Eng.º Tiago Rogado) diversas actividades de consultoria definidas no âmbito do projecto aplicáveis para determinar a pegada ambiental do produto final comercializado pela HdC, em particular, no que se refere à ração biológica comercializada para fase final de engorda para bovinos (N330).

Uma vez que a metodologia da “Pegada Ambiental do Produto” considera os impactes de um produto ao longo do seu ciclo de vida, desde o cultivo de matérias-primas, passando pela transformação, transporte e utilização até à eliminação e reciclagem, foram identificados onde se verificam os maiores impactes inerentes ao processo.

Foi assim possível proceder à recolha de informação detalhada de modo a apresentar os cálculos preliminares da pegada ecológica da ração alimentar em estudo recorrendo a um software especializado para o efeito para determinar os respectivos indicadores ambientais aplicáveis. Esta metodologia permitiu obter informações para classificar cada produto alimentar de acordo com o seu desempenho ambiental, incentivando as empresas a inovar em processos de produção sustentáveis.


100%

80%

60%

40%

20%

0%

-20%

-40%

-60%

-80%

-100%

Feed Production

Raw Materials

RM Transportation

Transport to farm

Em Março de 2018, o relatório preliminar entregue identificava os indicadores ambientais e territoriais que maior contributo geravam para pegada ambiental do produto em análise. Para garantir que a metodologia definida para a determinação da Pegada Ecológica do Produto fosse implementada de modo uniformizado para todos os produtos agroalimentares em cada estado membro, em 2017 e em 2018 foram realizadas diversas reuniões técnicas com os diversos especialistas em análise de ciclo de vida representantes de cada estado membro (em Madrid, Bolonha, Atenas, Paris e Lisboa).

metas inerentes à sua actividade considerando também as questões sócio-económicas. Ou seja, foi e é possível também determinar qual a pegada sócio-económica gerada pelas actividades económicas por si desenvolvidas. De Abril a Novembro de 2018, foram analisadas e selecionadas as melhores técnicas disponíveis e medidas de eco inovação passíveis de serem implementadas a curto e médio prazo na HdC, com vista a obter melhores desempenhos e proveitos ambientais e sócio económicos, capazes de reduzir o seu impacte nestas vertentes e por conseguinte minimizar a pegada ecológica do produto. Durante este período foram elaborados documentos técnicos que fundamentam a análise efectuada, nomeadamente a realização de relatórios sobre cenários económicos a adoptar para implementação de medidas ecoinovadoras, definir uma análise SWOT sobre a implementação das medidas de sustentabilidade considerando as melhores técnicas disponíveis e planos de acção para implementação de medidas de redução da pegada ambiental do produto.

Perspectivas Futuras

A integração no projecto PEFMED de indicadores sócio-económicos Para além da análise à pegada ambiental, o projecto PEFMED também testou a implementação de 14 indicadores sócio-económicos nas diferentes cadeias de produto e clusters. Foram analisadas temáticas relacionadas com a Saúde e Segurança, Formação, Emprego local, Bem-estar, Investigação e Desenvolvimento (I&D), Condições de Trabalho, Património, etc, que permitiram que as empresas parceiras envolvidas no projecto europeu, conhecessem melhor toda a sua cadeia de abastecimento, melhorar as relações com fornecedores e parceiros, definindo assim estratégias, planos de acção e

Todos os passos desenvolvidos ao longo dos dois anos e meio de implementação do projecto PEFMED, permitem-nos concluir com alto grau de optimismo que actualmente é possível determinar o cálculo de pegada ambiental nos alimentos compostos para animais, determinar os respectivos indicadores sócio-económicos da empresa comercializadora do produto e implementar de modo estruturado planos de acção em matéria de sustentabilidade devidamente suportados por uma metodologia de trabalho devidamente validada pela União Europeia. Implementando esta ferramenta, as empresas reforçarão decididamente a confiança que os clientes finais terão nos seus produtos comercializados, podendo ser um elemento claramente diferenciador pela positiva num mercado cada vez mais competitivo e globalizado, marcando assim uma posição decisiva na agenda ao combate às alterações climáticas, na potenciação da análise do ciclo do seu produto e previsivelmente na economia circular. W. Edwars Deming disse: “sem dados, somos apenas alguém com uma opinião”. Ora implementando a metodologia europeia para determinar a pegada ecológica do produto, preferimos citar a frase proferida pelo Sr. Eng.º Joaquim Grilo (Herdade do Carvalhoso) no decorrer das reuniões deste projecto, “(…) deixemos a natureza cuidar da humanidade, já que a humanidade desistiu de cuidar da natureza (…)” A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL PRÁTICAS COMERCIAIS

O TRIÂNGULO VIRTUOSO

Pedro Pimentel

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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

Dizia há algumas semanas o Presidente da Centromarca, Nuno Fernandes Thomaz, numa entrevista de fundo, que idealmente desejava, no final da sua missão naquela função, que “não fosse necessária legislação e uma série de instrumentos sancionatórios para haver uma concorrência leal e equidade nas relações [comerciais entre fornecedores e distribuidores]. E, claro, que o valor estivesse melhor distribuído ao longo da cadeia [de aprovisionamento] ”. Claro que estou de acordo com aquele desejo e sim, num mundo ideal isso seria o que todos desejaríamos. Como por certo, desejaríamos que o comportamento ético de todos fosse irrepreensível e não tornasse necessária a existência de regras estritas nem de autoridades para as fiscalizar. Num mundo ideal, todos gostaríamos que apenas estivessem alunos numa sala de exame ou que um jogo de futebol não precisasse de um árbitro. Num mundo ideal, as leis seriam meras regras aceites e praticadas por todos e os tribunais algo desnecessário e obsoleto. Mas, infelizmente, estamos ainda bastante longe desse mundo ideal. E no mundo real em que vivemos, um mundo de interesses por vezes excessivamente egoístas e contraditórios, precisamos de regras equilibradas e objectivas, eficazes e dissuasoras. Regras coercivas, mas também regras voluntárias, Regras que promovam e premeiem as melhores práticas, mas que também previnam e penalizem os comportamentos abusivos. Depois de largos anos em que a relação entre fornecedores e distribuidores se foi progressivamente degradando, com desequilíbrios negociais crescentes e com práticas eticamente não aceitáveis igualmente em crescendo, entendeu-se, a partir de dada altura, que se deveria caminhar para a aprovação e implementação de legislação suficientemente forte e dissuasora, que permitisse criar um novo quadro de contratualização e de relacionamento entre as duas partes. A aprovação, no final de 2013, do decreto-lei das Práticas Individuais Restritivas do Comércio, vulgarmente conhecido como o diploma das PIRC, acaba por surgir como um primeiro marco desse percurso e foi, naquele momento, uma efectiva pedrada-no-charco, apresentando-se como uma evolução marcante e bastante feliz face a um quadro legal anterior que, entre outros aspectos, pecava por uma moldura contraordenacional pouco ou nada dissuasora. O novo quadro regulamentar, mesmo à escala europeia, podia ser considerado bastante inovador. Hoje, cinco anos volvidos da sua entrada em vigor, é já possível fazer um balanço sério e sereno da sua implementação, sendo inquestionável o efeito prático positivo que ele introduziu no relacionamento entre

produtores e retalhistas, mesmo considerando uma fase inicial de alguma fricção e efervescência, natural num diploma que alterava aspectos relevantes da relação comercial, introduzindo um quadro com algumas novas obrigações. O diploma é bastante amplo, abordando vários institutos legais importantes, como a venda com prejuízo, a impossibilidade de recusa de venda ou o quadro de práticas consideradas abusivas. A venda com prejuízo, quer pela maior facilidade de fiscalização, quer por alguma campanha mediática realizada em seu redor, acabou por assumir um certo protagonismo, havendo mesmo quem se refira ao diploma das PIRC como a lei da venda com prejuízo, mas, na verdade, esse é apenas um dos aspectos abordados pela legislação. Na verdade, muitos dos fantasmas colocados em torno da nova legislação prendiam-se exactamente com os efeitos que as normas relacionadas com a venda com prejuízo teriam ao nível, por exemplo, do potencial inflacionamento de produtos ou da menor capacidade de realização de promoções, mas a prática mostrou que esses fantasmas não tinham qualquer razão de ser. Por outro lado, aspectos aparentemente menores do mesmo – veja-se o caso da redução a escrito das diferentes tramitações da relação comercial – acabaram por dar um contributo fundamental para o sucesso relativo da sua implementação, O capítulo mais inovador do diploma é, sem dúvida, o relacionado com as denominadas práticas comerciais abusivas, incidindo em aspectos cruciais como os da unilateralidade ou da retroactividade. Contudo, este foi também uma das áreas desta legislação de mais difícil monitorização e fiscalização pois mesmo quando existiram, por parte das autoridades competentes, fundadas dúvidas quanto à legalidade de determinadas práticas, em demasiados casos foi impossível o apuramento da prova ou convencer as empresas penalizadas a facultar esses mesmos meios de prova, pelo receio das consequências ao nível do relacionamento comercial com os operadores em causa. Apesar disso, penso poder afirmar, sem receio de desmentido, que a implementação do diploma das PIRC acabou por introduzir novas (e melhores) práticas no relacionamento entre as partes. Não restringiu a forte agressividade negocial, mas conferiu maior previsibilidade à relação comercial. Tornou os negociadores muito mais atentos aos imperativos legais. Melhorou a qualidade jurídica da contratualização. Não limitou, como as informações de mercado profusamente destacam, a capacidade promocional dos retalhistas, nem gerou nenhum efeito inflacionista pernicioso, pelo que não redundou em qualquer impacto negativo


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ALIMENTAÇÃO ANIMAL PRÁTICAS COMERCIAIS

para o consumidor. Reduziu a conflitualidade e a litigância. Libertou recursos e energias do processo, canalizando-os para onde deveriam estar permanentemente focados: no negócio. Mas o diploma atingiu a plenitude dos seus objectivos? O diploma cobre todas as situações que careciam de tratamento jurídico? E as suas disposições são imutáveis? Obviamente, a resposta a todas estas questões é Não. O mercado funciona de forma dinâmica. A forma como os operadores interactuam é igualmente dinâmica. O texto aprovado no final de 2013 foi a consensualização possível de interesses bastante antagónicos. Os meios com que as autoridades competentes foram dotados para monitorizar o mercado e fiscalizar o diploma foram manifestamente curtos para a dimensão do que está em causa... Por isso, não surpreende e consideramos muito positiva a intenção do Governo de proceder a uma actualização deste diploma. E, não obstante a metodologia agora seguida ser bastante distinta da utilizada na preparação do decreto-lei de 2013, os dados conhecidos apontam para soluções interessantes e com impacto potencialmente positivo. Sendo que estamos ainda a falar de projectos de diploma e, como tal, ser – obviamente - prematuro tecer considerações sobre as alterações propostas, diria que aspectos como os da garantia de confidencialidade de eventuais denunciantes, da densificação do tratamento dos chamados débitos unilaterais ou da equiparação dos vários tipos de desconto para efeitos de cálculo da venda com prejuízo nos parecem passos no sentido certo. Como positiva nos parece também a intenção anunciada de reforçar os meios de fiscalização da ASAE, reforçar a respectiva cooperação com a Autoridade de Concorrência ou tornar mais fluída a troca de informação entre ASAE e a Autoridade Tributária e Aduaneira (AT). Despachado o tema da legislação e nacional e das PIRC, avancemos para o segundo dos catetos deste triângulo virtuoso: o da legislação europeia. No momento em que este artigo é escrito estará por dias a aprovação, primeiro pelo Parlamento Europeu, depois pelo Conselho, da Directiva comunitária em matéria de Unfair Trading Practices, um diploma que regula as Práticas Comerciais Desleais em ambiente B2B, em contaponto com a Directiva 2005/29, relativa às Unfair Commercial Practices, de matriz B2C. Esta nova Directiva, corresponde a uma reclamação – com quase duas décadas - de um conjunto alargado de entidades ligadas à pro24 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

dução e transformação. E foi antecedido por uma miríade de relatórios, comunicações e livros de várias cores. Iniciativas que em vários momentos não foram mais do que o ‘empurrar-o-assunto-com-a-barriga’ por parte de diferentes instâncias comunitárias (com a honrosa excepção do Parlamento Europeu). Travaram-se avanços primeiro com o argumento de o tema ser relevante apenas nalguns Estados-Membros. Mais tarde, com o argumento de que as iniciativas de autorregulação tenderiam, por si só, a mitigar estas práticas desleais. Finalmente, em março do ano transacto, o Comissário Europeu da Agricultura, Phil Hogan, apresentou um primeiro draft do diploma, o qual, desde então, tem sido alvo de ampla discussão e objecto de múltiplas pressões no sentido de condicionar – no sentido da sua minimização, por parte dos retalhistas, e da sua densificação, pelo lado dos fornecedores - o seu formato final. A versão do texto acordado no seio do Trílogo – integrando Parlamento, Comissão e Conselho Europeu – está algo longe daquilo que as organizações representativas dos fornecedores desejariam, mas está igualmente afastada daqueles que eram os argumentos aduzidos pelos retalhistas de oposição à Directiva. E como referia um responsável comunitário, numa intervenção a que assisti há dias, qualquer diploma europeu resulta sempre da arte do compromisso e uma forma de aferir se o mesmo pondera bem os interesses antagónicos que se enfrentam, passa por verificar se as partes se ‘mostram igualmente descontentes’. O que parece ser o caso… E se o resultado final é menos ambicioso do que aquilo que desejaríamos e que em dado momento da negociação pareceu ser passível de ser alcançado, é também verdade que a aprovação deste diploma corresponde a vários passos em frente. Desde logo, à constatação da existência, no conjunto do espaço europeu, de um conjunto de práticas comerciais desleais, que introduzem distorções ao funcionamento da cadeia de aprovisionamento, prejudicando diversos dos seus elos e não resultando em benefício dos consumidores. Por outro lado, foi igualmente reconhecido que a existência de legislações nacionais em 20 dos 27 Estados-Membros, ajudando a resolver os problemas existentes em cada um desses mercados, adopta abordagens distintas e cria problemas ao nível das transacções transnacionais. Finalmente ao estabelecer que a Directiva funciona como mínimo denominador comum (de minimis) permitindo aos vários países, no

respectivo processo de transposição, manter ou adicionar dispositivos legais que vão para lá da Directiva. E este aspecto é da maior importância para Portugal, onde a legislação nacional – o anteriormente referido diploma das PIRC – é bastante mais amplo e ambicioso do que a grande maioria das disposições contidas no texto comunitário. Tal não obsta a que o processo de transposição da Directiva deva ser realizado (e acompanhado) com o maior cuidado. Mesmo considerando que a Directiva tem um prazo largo de transposição (dois anos, em princípio) não deixa por isso – e desde já – de ser um factor mais a ajudar construir este melhorado quadro de relacionamento comercial no sector do grande consumo. E sobra o último dos três lados deste triângulo: o da autorregulação, consubstanciada no Código de Boas Práticas Comerciais na Cadeia Agroalimentar. Portugal, na segunda metade da década de noventa, foi um dos primeiros países, a nível mundial, a estabelecer um instrumento de autorregulação, com a formalização de um primeiro Código de Boas Práticas Comerciais, subscrito pela Confederação de Indústria (a CIP) e pela APED, em representação dos distribuidores. O documento consensualizado entre as partes e de cariz voluntário, continha mecanismos de acompanhamento e recomendação e sobre os seus ombros, numa altura em que o desequilíbrio negocial não era tão amplo, foi colocada a expectativa de contribuir para a melhoria do relacionamento entre as partes, que uma legislação débil e pouco dissuasora – como a que existia então - não conseguia alcandorar. E se numa primeira fase as partes se mostraram aparentemente empenhadas na obtenção de resultados práticos, a incapacidade de discutir temas mais críticos e a falta de respaldo legislativo face aos comportamentos menos éticos foi retirando tracção ao processo, fazendo com que grande parte das recomendações emitidas fosse relacionada com matérias menores, muitas vezes a destempo e, mesmo assim, nem sempre obtendo a abertura para a sua adopção por parte dos operadores a quem as mesmas se destinavam. Desta forma, a operacionalidade do Código foi sendo sucessivamente minada e a sua utilidade progressivamente questionada, o que acabou por conduzir à denúncia do mesmo por parte da CIP já no início desta década e quase 15 anos depois da respectiva formalização. Essa decisão mostrou-se relevante no curso do processo que conduziu à aprovação da legis-


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lação PIRC, pois vincou a opção, do lado das diferentes organizações representativas de produção e transformação, de que o caminho se teria que iniciar com a regulação (a legislação) e apenas posteriormente - e complementarmente - haveria condições para avançar para a autorregulação, O decreto-lei que aprova aquele regime haveria mesmo de conter um conjunto de disposições que abria a porta ao estabelecimento de códigos de conduta voluntários que contribuíssem para um mais fluido cumprimento da legislação. Ao longo de mais de dois anos as partes envolveram-se num largo e duro processo negocial, tendo – no final de 2016 – subscrito um texto de Código que é público (ver www.boaspraticas.pt) e passível de adesão directa por parte de todos os operadores envolvidos na Cadeia Agroalimentar. O documento recolhe a sua base e inspiração, em larguíssima medida, no seu congénere europeu, a chamada Supply Chain Initiative, e nele são estabelecidos um conjunto de princípios genéricos de relacionamento, uma tabela bastante circunstanciada de exemplos de práticas abusivas e, em contraponto, de práticas leais. E ainda um quadro de implementação, onde avulta o mecanismo previsto de resolução de litígios. Se relativamente aos princípios o acordo entre parceiros foi quase imediatamente unânime, o grosso da discussão centrou-se na adição (ou não) de exemplos de práticas – abusivas e leais – que recolhessem aspectos relevantes no mercado português, bem como sobre as orientações relativas ao mecanismo de resolução de litígios e ao restante quadro de implementação. E como não poderia ser de outra forma, o texto final foi o do consenso possível e é sobre ele que, hoje, importa perceber e utilizar em prol de um melhor relacionamento entre as partes. O Código é de natureza voluntária e os seus mecanismos sancionatórios são relativamente débeis e assentam especialmente em aspectos reputacionais. Mas, nos dias que correm, os danos reputacionais têm um impacto muito relevante em operadores que na sua comunicação corporativa e comercial não se cansam de repetir os seus compromissos em matéria de compliance, de ética e de transparência. Por outro lado, se enquanto documento genérico o Código é um factor não descurável seja na negociação comercial, seja na redução da litigiosidade, a sua força maior depende do número e importância das empresas aderentes. E, como tal, a sensibilização dos principais operadores nacionais seja para a adesão ao instrumento de autorregulação, seja para a sua adopção e incorporação nos seus processos

internos, foi eleita pela Governação do Código como a grande prioridade para 2019. Por isso e porque, do ponto de vista da resolução de conflitos, o recurso às opções oferecidas pela legislação deve ser a última e não a primeira das alternativas, a vertente autorregulação assume uma especial importância e deve ser empenhadamente assumida pelos operadores. Não como uma mera carta de intenções ou uma demonstração de boa vontade, mas como um verdadeiro guião de qualidade e melhoria contínua, fomentando a complementaridade e a cumplicidade entre as partes, induzindo aquilo que deveria ser o móbil último de todos os negócios: o estabelecimento de relações win-win-win… para quem produz, para quem comercializa, para quem consome. Se tempos houve em que se repetiam as queixas quanto à inexistência de um quadro regulador com capacidade de interferir e melhorar o relacionamento comercial entre fornecedores e distribuidores, hoje existe este triângulo virtuoso, de regulação e autorregulação, nacional e europeia, que estabelece regras e mecanismos de dissuasão e cria consensos e compromissos que, se devidamente adoptados e implementados, evitarão ou, pelo menos, mitigarão desnecessárias querelas entre as partes, focando as energias dos operadores no que é realmente relevante: a produção, a qualidade, o investimento, a inovação, a experiência de compra e a satisfação do consumidor. O corrente ano de 2019, seja em termos de contexto internacional, seja em termos de conjuntura interna e da própria dinâmica do mercado nacional do chamado grande consumo, oferece um amplo conjunto de ingredientes, que promete desafios vários e forte ‘animação’ aos diferentes operadores. Das dificuldades resultantes das tensões comerciais entre as grandes potencias económicas internacionais às singularidades introduzidas por um calendário eleitoral interno longo e penoso. Da antecipação de uma conjuntura económica em compressão à crescente tensão social a que se assiste. De um mercado FMCG em desaceleração à entrada de novos operadores de retalho no nosso país ou à possibilidade de redesenho da paisagem comercial com as dificuldades visíveis noutros. Não é, pois, difícil de adivinhar que a concorrência entre operadores do retalho se vai agravar, que a pressão sobre os fornecedores vai crescer e que a intervenção das autoridades terá que ser mais presente, mais cirúrgica e mais eficaz… e para tal é fundamental a qualidade e a operacionalidade das regras do jogo. Saibam todos – operadores e autoridades – jogá-lo!

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

PEPTIDOGLICANOS E FUNCIONALIDADE GASTROINTESTINAL NAS AVES Introdução A microbiota intestinal intervém em numerosas funções fisiológicas (Salzman et al., 2007; Lee e Hase, 2014; Marchesi et al., 2016; Round e Maz-

Estima-se que até 90% do peso seco das células de bactérias G+ é composto por PGN, em comparação com cerca de menos de 10% no caso das bactérias G – (Figura 1).

manian, 2009) tais como funções protetoras e estruturais, assim como processos metabólicos. Além do mais, contribui para uma ótima digestão e absorção, regulação do metabolismo da energia, prevenção de infeções das mucosas e modulação do sistema imunitário. Ricardo Martínez-Alesón

São numerosos os fatores que influenciam a funcionalidade gastrointestinal, incluindo a microbiota intestinal e a sua interação com o hospedeiro. Com efeito, demonstrou-se que a microbiota intestinal modula o desenvolvimento do trato gastrointestinal e melhora a sua morfologia, estimulando o desenvolvimento do sistema imunitário, com o consequente impacto no bem-estar dos animais. A microbiota é composta por bactérias Gram-positivas (G+) e Gram-negativas (G-). As paredes celulares destas bactérias são compostas em diferente proporção por peptidoglicanos

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(PGN). Estes fragmentos de paredes celulares bacterianos podem acumular-se no trato gastrointestinal diminuindo a sua funcionalidade, com o consequente impacto negativo na digestão e absorção de nutrientes para as aves, assim como uma limitação e diminuição do seu desenvolvimento e crescimento. Com efeito, em alguns trabalhos observou-se que os PNG podem ter um efeito pró-inflamatório no trato gastrointestinal

Figura 1 – Estrutura da parede celular em bactérias Gram + e Gram -

Quimicamente, os peptidoglicanos (PGN), também chamados mureínas, são polímeros de açúcares e aminoácidos que formam a estrutura da membrana plasmática da maioria das bactérias. Os açúcares são compostos formados por ß-(1,4) N-acetil glucosamina (NAG) e N-acetil ácido murâmico (NAM). O N-acetilmurânico está unido a um tetrapéptido (segmento de 4 aminoácidos) que se caracteriza por possuir D-aminoácidos (Figura 2). A composição do tetrapéptido é ligeiramente diferente em G+ e G-. Os diferentes tetrapéptido estão ligados entre si, quer através de pontos de pentaglicina (pentapéptido formado por 5 glicinas), como acontece com as G+, quer diretamente, como ocorre nas G-, formando estruturas tridimensionais rígidas que conformam as paredes das células bacterianas, conferindo a consistência e permeabilidade necessárias às mesmas.

(Linskens et al., 2001; Kyburz et al., 2003; Mayer, 2012; Wheeler et al., 2014).

O que são os peptidoglicanos? Os peptidoglicanos (PGN) são polímeros presentes nas paredes celulares das bactérias que conferem rigidez e dão forma às células, quer sejam esféricas, em forma de cotonetes, em espiral ou filamentosas. A estrutura polimérica dos PGN é única e exclusiva das células bacterianas. 26 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

Figura 2 – Estrutura de um polímero de peptidoglicano


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A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

Bactérias mortas, resíduos Fragmentos de parede celular bacterianos e funcionalidade bacteriana e peptidoglicanos gastrointestinal no intestino

absorção de gorduras, vitaminas lipossolúveis e carotenoides, entre outros. Um dos produtos destas alterações é o ácido litocólico (LCA) que tem baixa absorção e cujo excesso pode exer-

O trato gastrointestinal é um dos habitats

Os resíduos e fragmentos bacterianos no

microbianos mais densamente povoados nos

intestino delgado incluem restos das princi-

animais. Apenas os intestinos da população

pais povoações microbianas que compõem o

A morte natural como parte do ciclo de vida

mundial de frangos de carne podem conter

microbioma intestinal, tais como: lactobacilos,

bacteriano, assim como a multiplicação das

aproximadamente 23 megatoneladas de bac-

enterococos, enterobactérias, fusobactérias

bactérias que compõem a microbiota geram

térias (Whitman et al., 1998).

e eubactérias, que contribuem para a acu-

abundantes quantidades de resíduos bacte-

As células mortas e fragmentos celulares

mulação de resíduos de paredes celulares

rianos no trato gastrointestinal e, portanto,

bacterianos, denominados resíduos ou dejetos bacterianos, constituem a maior parte da biomassa bacteriana. Estima-se que 60% da

ao longo do trato intestinal. Principalmente

cer um ação tóxica sobre a mucosa intestinal.

de PGN.

as espécies anaeróbias (Eubacterium spp., Clostridium spp., Lactobacillus spp., Fuso-

matéria fecal bacteriana são bactérias mortas

bacterium spp.,) e Bacteroides são fontes

ou não viáveis. A maior parte destas bactérias

importantes de resíduos no cego.

Resíduos no intestino: peptidoglicanos de origem bacteriana

(cerca de 75%) são G+ e cerca de 90% da sua

Os PGN representam a maior parte do com-

Num estudo realizado in vitro observou-se que

parede celular é formada por PGN (Cowieson

ponente destes resíduos. Como já se descre-

a proporção de bactérias intactas e resíduos

e Ward, 2018).

veu, este heteropolímero é formado por uma

celulares bacterianos tem uma proporção de

Como parte do ciclo vital normal da microbiota

cadeia de açúcar com alternância de compo-

3,5:1. Esta proporção reduziu-se de 1,2 para

intestinal, após a morte das bactérias, os PGN

nentes N-acetil glucosamina e ácido N-acetil

1 após 24 horas e baixou para 0,45 após 96

que ficam livres no lúmen intestinal podem

murâmico. O ácido N-acetil murâmico é o

horas. Isto demonstra que a lise espontânea de

limitar ou interferir na digestão e absorção

ponto de ligação para as subunidades péptidas

bactérias ocorre à medida que o tempo passa.

de nutrientes, assim como noutras funções

de três a cinco aminoácidos que são unidas a

Noutro estudo in vivo, a proporção de células

da fisiologia intestinal. Assim, a digestão, o

outras cadeias de açúcar por pontes péptidos

bacterianas intactas e resíduos celulares apre-

crescimento e a produtividade das aves são

de um a sete aminoácidos.

sentou diferenças significativas dependendo

As diferenças específicas de composição nos

da localização no trato gastrointestinal, o que

afetados de forma negativa.

sugere que as populações bacterianas mais

A biomassa bacteriana "morta" e os frag-

PGN de diferentes bactérias podem propor-

mentos bacterianos no intestino não cos-

cionar uma "impressão digital" por classe

tumam ser considerados nos estudos

bacteriana. Em geral, os PGN de bactérias G

de fisiologia e digestibilidade intestinal,

– são idênticos entre as diferentes estirpes,

focando-se unicamente na porção "viva"

ao passo que os PGN de bactérias G+ podem

As bactérias e os seus resíduos celulares

do microbioma, apesar da influência de

ser muito diversos. Até à data, descreveram-

(PGN) acumulam-se e cobrem a mucosa intes-

ambas as frações sobre a fisiologia gas-

-se na literatura 100 tipos diferentes de PGN.

tinal podendo afetar a absorção, alterando

velhas se encontram nos segmentos do trato onde a proporção entre bactérias intactas e resíduos bacterianos está no nível mais baixo.

trointestinal. Na Figura 3 representa-se

o equilíbrio intestinal e podendo chegar a

a natureza relativa das bactérias vivas e

lesionar os enterócitos, o que supõe uma

mortas e os fragmentos bacterianos com base nos dados disponíveis em estudos recentes (Bem-Amor et al., 2005).

O crescimento bacteriano excessivo afeta a absorção de nutrientes Um aumento na carga bacteriana da micro-

maior permeabilidade intestinal (Figura 4). A excessiva proliferação de bactérias anaeróbias é mais frequente quando há crescimento desmesurado das bactérias intestinais.

biana intestinal pode provocar alterações, geralmente por aumento da permeabilidade intestinal e absorção de endotoxinas, amoníaco, D-lactato e PGN de origem bacteriana. Como consequência de um crescimento excessivo de Figura 3. – Representación gráfica del intestino, indicando las bacterias vivas y muertas y los fragmentos de bacterias muertas.

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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

bactérias no intestino, certas enzimas, sais e ácidos biliares são alterados ou inativados pelas bactérias, o que provoca situações de má

Figura 4 – Fragmentos de paredes celulares (PGN) depositados nas vilosidades intestinais.


As principais espécies bacterianas presentes

habituais como consequência da divisão celu-

tinal, o que é crucial para prevenir a colo-

no conteúdo duodenal de animais afetados

lar. Acredita-se que os PGN são absorvidos

nização bacteriana do intestino delgado

por um crescimento excessivo de bactérias

na mucosa intestinal já que existem diversos

ao arrastar e deslocar as bactérias e os

intestinais são os coliformes, estafilococos,

mecanismos destinados à sua eliminação,

seus resíduos celulares associados para

enterococos, predominando Clostridum e

evitando assim que sejam prejudiciais para

o intestino grosso.

Bacteroides spp. Estas últimas bactérias

o organismo. No entanto, a função gastroin-

anaeróbias são as maiores responsáveis pela

testinal pode ver-se alterada como conse-

consequente acumulação dos seus resíduos

quência do desequilíbrio entre a produção e

celulares ricos em PGN, com grande potencial

a eliminação dos referidos resíduos celulares.

para danificar a superfície das vilosidades e

Assim, uma exposição prolongada e intensa

do epitélio intestinal e, como consequência,

a PGN no trato intestinal pode dificultar a

provocando uma diminuição da absorção.

função gastrointestinal.

Os desequilíbrios alteram a função gastrointestinal

Como conclusão, uma correta digestão e eliminação de PGN com outros resíduos celulares pode contribuir para melhorar a função gastrointestinal que tem uma influência direta no rendimento das aves.

A motilidade gastrointestinal normal inclui

A bibliografia encontra-se na posse dos

uma complexa e muito coordenada série

autores. Para a respetiva consulta, é favor

de acontecimentos, com o propósito de

dirigir-se aos mesmos.

No lúmen intestinal, os fragmentos de parede

deslocar o conteúdo digestivo através

celular bacteriana que contêm PGN podem

do trato gastrointestinal. Um excesso de

ser libertados a partir de bactérias saudáveis

bactérias reduz a motilidade gastrointes-

A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

ANÁLOGO HIDROXILADO DE METIONINA (HMTBa), A CHAVE PARA ASSEGURAR UMA PRODUÇÃO COMERCIAL DE FRANGOS RENTÁVEL Stanislaw Budnik PhD, Senior Technical Manager, Novus Europe.

A produção de carne de aves é uma das mais

tica. Hoje, no mercado, existem disponíveis 3

dinâmicas no mundo com projeção de continuar

diferentes fontes de metionina: DL-metionina

a crescer durante a próxima década. A carne de

(DLM), L-metionina e Análogo hidroxilado de

frango é a carne de aves mais popular por ser

metionina ou HMTBa (Ácido 2-hidroxi-4 – (metil-

Silvia Peris PhD,

muito atrativa para o consumidor devido à sua

tio)butanóico).

Head of Technical Services, Novus Europe

qualidade dietética e nutricional, à sua ampla

muito competitivo, caracterizado por margens de

Vantagem económica do Análogo Hidroxilado da Metionina em comparação com DL-Metionina

lucro muito apertadas. Esta situação força os avi-

O Análogo hidroxilado da metionina é uma molé-

cultores a procurarem continuamente melhorias

cula quimicamente diferente da DL-Metionina e

do seu processo de produção: desde a gestão da

L-Metionina: é uma forma de percursor natural da

exploração, nutrição e bem-estar das aves até

metionina que é absorvido de forma diferente no

ao matadouro e indústria de transformação. A

corpo do animal e utiliza menos energia compara-

performance final dos frangos continua a ser o

tivamente com as outras fontes de metionina. A

indicador principal do sucesso do negócio. Parâ-

melhor maneira de fazer uma comparação justa

metros como índice de conversão alimentar (IC),

entre as diferentes fontes relativamente ao seu

saúde intestinal, dinâmica de crescimento do ani-

benefício para o animal, é analisar os resultados

mal, rendimento e qualidade da carne são forte-

comerciais atuais durante um período conside-

disponibilidade, fácil preparação e preço. Os produtores de frango trabalham num mercado

mente influenciados pelas escolhas nutricionais feitas num ciclo de produção. Um dos aminoácidos essenciais envolvidos no crescimento adequado das aves é a metionina: selecionar a fonte ideal é assim a chave para melhorar a rentabilidade da produção.

rável de tempo. A indústria dos Estados Unidos da América (EUA), o maior mercado de produção de frango, possui uma organização independente de benchmarking que recolhe esses dados ano após ano. Dados de aproximadamente 100 mil milhões de aves, recolhidos durante um período de 12 anos

Metionina, um aminoácido essencial A metionina é classificada como sendo o primeiro aminoácido limitante em

proporciona-nos uma visão sobre os efeitos do Análogo hidroxilado da metionina versus a DL-metionina em parâmetros economicamente importantes. Aproximadamente 75% dos frangos dos

frangos, pois não pode ser pro8,000

também porque as matérias pri-

6,000

mas tipicamente presentes na dieta não contêm metionina suficiente para o ótimo desenvolvimento do frango. Para assegurar um crescimento eficiente, o alimento necessita de ser suplementado com metionina sinté30 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

Milhões aves

duzido pelo próprio animal e

DLM

HMTBa

4,000 2,000 0

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Ano

Para otimizar as performances dosfrangos frangos, areceberam densidade do alimento tem aumentadocom nos últimos anos Figura 1. Maior número de dietas suplementadas devido às alterações na genética dos animais que requerem mais aminoácidos para sintetizar mais HMTBa no mercado dos EUA proteína para crescer mais rápido e atingir pesos vivos mais elevados que no passado. Isto tem sido uma tendência fundamental da indústria que resultou em mudanças na formulação das dietas para responder continuamente às novas necessidades nutricionais dos animais. Aves a consumir DL-metionina vão parar de comer quando o plasma sanguíneo atingir um nível de excesso de metionina. Já o Análogo hidroxilado da metionina é convertido nos tecidos do animal de forma mais eficiente que a DL-metionina assegurando uma ingestão contínua, originando melhores resultados produtivos. Os dados de benchmarking dos EUA


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A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

EUA consomem Análogo hidroxilado da metionina (estandardizado a 88% de valor de metionina, significando 100% numa base equimolar) em comparação com somente 25% do mercado alimentado com DL-metionina (Figura 1).

positivo na saúde intestinal e no estado antioxidativo, o que pode ser traduzido por maiores taxas de sobrevivência das

A utilização da fonte ideal de metionina tem também um impacto no estado sanitario do animal durante 3). O Análogo hidroxilado da metionina, devido à suas caracteristicas de acido o aves periodo (Figura de crescimento. orgânico, tem um impacto positivo na saúde intestinal e no estado antioxidativo, o que pode ser traduzido por maiores taxas de sobrevivência das aves (Figura 3).

Para otimizar as performances dos frangos, a densidade do

97.0 96.7 DLM HMTBa 96.4 ções na genética dos animais que requerem mais aminoácidos 96.1 95.8 8,000sintetizar mais proteína para crescer mais rápido e atingir para 95.5 da fonte ideal de metionina tem também um impacto no estado sanitario do animal durante pesos vivosDLM mais HMTBa elevados que no passado. Isto tem sido uma A utilização95.2 6,000 o periodo de 94.9crescimento. O Análogo hidroxilado da metionina, devido à suas caracteristicas de acido tendência fundamental da indústria que resultou em mudanças orgânico, tem 94.6um impacto positivo na saúde intestinal e no estado antioxidativo, o que pode ser traduzido taxas de sobrevivência das aves (Figura 3). na4,000 formulação das dietas para responder continuamente às por maiores94.3 94.0 novas necessidades nutricionais dos animais. Aves a consumir 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2,000 97.0 Ano DL-metionina vão parar de comer quando o plasma sanguíneo

Milhões aves

Percentagem

alimento tem aumentado nos últimos anos devido às altera-

96.7

DLM

HMTBa

fonte de3. metionina tem um profundo impacto com nos resultados abate. Como mostra a Figura 0 um nível de excesso de metionina. Já o Análogo hidroxi- AFigura Maior também sobrevivência dos frangos HMBTaaocomparado com aves 96.4 atingir

4, os96.1 produtores de frango observaram uma melhoria no rendimento da carcaça com HMTBa em alimentados com DLM Percentagem

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

lado da metionina é convertido nos tecidos do animal de forma comparação 95.8 com produtores que suplementavam o alimento com DL-metionina (Figura 4). Com um Ano

aumento médio de 1.7% no rendimento da carcaça por ave, os avicultores conseguem obter mais carne

95.5 mais eficiente que a DL-metionina assegurando uma ingestão vendável 95.2por cada ave. O benefício económico total pode ascender a aproximadamente 25000 a 35000 € Paracontínua, otimizar as performances dos frangos, a densidade do alimentoprodutivos. tem aumentado nos anos por cada de aves abatidas. originando melhores resultados Osúltimos dados 94.9milhão A fonte de metionina também tem um profundo impacto nos resul-

Rendimento %

devido às alterações na genética dos animais que requerem mais aminoácidos para sintetizar mais 94.6 de benchmarking dos EUA mostram que aves alimentadas proteína para crescer mais rápido e atingir pesos vivos mais elevados que no passado. Isto tem sido uma tados 94.3 ao abate. Como mostra a Figura 4, os produtores de frango tendência indústria que resultou mudanças na formulação das dietas para responder com fundamental Análogodahidroxilado da em metionina foram mais eficientes 94.0 observaram uma melhoria no rendimento da carcaça com HMTBa 82 continuamente às novas necessidades nutricionais dos animais. Aves a consumir DL-metionina vão parar 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 a converter o alimento em carne comparativamente às aves em comparação com produtores que suplementavam o alimento 80 de comer quando o plasma sanguíneo atingir um nível de excesso de metionina. Já o Análogo hidroxilado Ano alimentadas DL-metionina (Figura 2). que Esta questão está com DL-metionina da metionina é convertidocom nos tecidos do animal de forma mais eficiente a DL-metionina assegurando 78 (Figura 4). Com um aumento médio de 1.7% no A fonte de metionina também tem um profundo impacto nos resultados ao abate. Como mostra a Figura umabem ingestão contínua, originando melhores resultados produtivos. Os dados de benchmarking dos EUA definida em publicações científicas suportada por dados 76 da carcaça por os avicultores conseguem obterem 4, osrendimento produtores de frango observaram umaave, melhoria no rendimento da carcaça com HMTBa mostram que aves alimentadas com Análogo hidroxilado da metionina foram mais eficientes a converter 74 posteriores da indústria. comparação com produtores que suplementavam o alimento com DL-metionina (Figura 4).total Com um o alimento em carne comparativamente às aves alimentadas com DL-metionina (Figura 2). Esta questão mais carne vendável por cada ave. O benefício económico aumento médio 72 de 1.7% no rendimento da carcaça por ave, os avicultores conseguem obter mais carne está bem definida em publicações científicas suportada por dados posteriores da indústria. pode a aproximadamente 25000 a 35000 € 25000 por acada vendável por ascender cada ave. O benefício económico total pode ascender a aproximadamente 35000 € 70 por cada milhãode de2005 aves abatidas. milhão aves abatidas. 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2.01 1.98 1.95 1.92 1.89 1.86 1.83 1.80 1.77

DLM-FCR

HMTBa-FCR

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Ano

Figura 2. Maior eficiencia alimentar global alcançada com HMTBa vs DLM

HMTBa

82 O valor completo do HMTBa Elevado80número de dados comercias suportam a escolha de Análogo hidroxilado da metionina (Alimet®, Novus Int.) como a principal fonte de suplementação de metionina da dieta para aumentar as 78 performances produtivas para um nível substancialmente elevado. Foram demonstradas melhorias no 76 das aves, sobrevivência e rendimento da carcaça que claramente revelam que HMTBa é a crescimento fonte ideal para suportar as performances das aves. 74 Rendimento %

IC ajustado

Ano

DLM

72 70

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Ano

Aves alimentadas com alimentos suplementados com Análogo hidroxilado da metionina também DLM HMTBa demonstraram uma maior dinâmica de crescimento atingindo o objetivo do peso vivo estandardizado a 2,72 kg entre 0,5 a 1,7 dias mais cedo comparativamente a aves alimentadas com DLM. Esta diferença de Figura 4. Maiores rendimentos de carcaça com a utilização de HMTBa na dieta O valor completo do HMTBa alimentadas com alimentos Análogo 1 diaAves no período de engorda reflete um lucro adicional desuplementados 7500 € por cada 1 milhãocom de frangos quando se em comparação com a suplementação com DLM Elevado número de dados comercias suportam a escolha de Análogo hidroxilado da metionina (Alimet®, optahidroxilado pela Análogo hidroxilado da metionina em vez da DL Metionina. da metionina também demonstraram uma maior dinâ- Novus Int.) como a principal fonte de suplementação de metionina da dieta para aumentar as mica de crescimento atingindo o objetivo do peso vivo estandar- performances produtivas para um nível substancialmente elevado. Foram demonstradas melhorias no crescimento das aves, sobrevivência e rendimento da carcaça que claramente revelam que HMTBa é a dizado a 2,72 kg entre 0,5 a 1,7 dias mais cedo comparativamente fonte ideal para suportar as performances das aves.

a aves alimentadas com DLM. Esta diferença de 1 dia no período

de engorda reflete um lucro adicional de 7500 € por cada 1 milhão de frangos quando se opta pela Análogo hidroxilado da metionina em vez da DL Metionina.

O valor completo do HMTBa

Elevado número de dados comercias suportam a escolha de Análogo hidroxilado da metionina (Alimet®, Novus Int.) como a principal fonte de suplementação de metionina da dieta para aumentar as performances produtivas para um nível substancial-

A utilização da fonte ideal de metionina tem também um

mente elevado. Foram demonstradas melhorias no crescimento

impacto no estado sanitario do animal durante o periodo

das aves, sobrevivência e rendimento da carcaça que claramente

de crescimento. O Análogo hidroxilado da metionina, devido

revelam que HMTBa é a fonte ideal para suportar as performan-

à suas caracteristicas de acido orgânico, tem um impacto

ces das aves.

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

CERTIFICAÇÃO EM PRODUÇÃO LIVRE DE ANTIBIÓTICOS (PLA) EM SUÍNOS DO DESMAME AO ABATE – IMPLICAÇÕES NA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS COMPOSTOS Perante o desafio atual da proliferação de bactérias multirresistentes a antibióticos e da necessidade da sua redução na produção de suínos, o Grupo TERVALIS (Teruel, Espanha) detentor das empresas de produção de suínos (PORTESA de 9000 porcas e TERRA IBÉRICA com 2500 porcas) iniciou em junho de 2015 um projeto ambicioso focado na desmedicalização. Este projeto culminou, em setembro de 2016, com a obtenção de uma certificação para a produção e comercialização de carne fresca e transformados que não receberam qualquer antibiótico a partir do desmame. Andrés Donadeu González – Coviella Diretor Técnico GLOBAL FEED Diretor Técnico ADIBIO

As carnes e transformados resultantes deste processo

• Formação, consciencialização e forte compromisso de todos os colaboradores: forte componente de motivação de toda a equipa de trabalho. • Aplicação rigorosa dos programas de vacinação. • Verificações analíticas frequentes (3-4 vezes/ano).

AIRESANO, empresas do GRUPO TERVALIS.

• Programa de alimentação desenhado especificamente para alcançar estabilidade digestiva: formulação com perfis em fibra dietética, digestibilidade proteica, cloretos em valores mínimos…

Este projeto foi inicialmente desenvolvido para que esta certificação fosse apenas implementada no sua cedência à AENOR (entidade certificadora), convertendo-a assim, numa certificação aberta (acessível a qualquer empresa), a primeira deste tipo na Europa. O desenvolvimento deste projeto contemplou os diferentes campos: Explorações: registo e traçabilidade de todos os lotes de animais e implementação de boas práticas de gestão animal e formação de pessoal. Fábrica de rações: traçabilidade completa dos alimentos não medicados e controlo dos limites de contaminação cruzada. Empresas industriais de carne: Implementação de sistemas de registos da traçabilidade completa desde entrada até ao produto final comercializado. Centros de investigação e desenvolvimento científico: Estabeleceram-se acordos de colaboração em investigação de nutraceuticos (fitobióticos), para otimizar e potenciar as seguintes atividades: antioxidante, antimicrobiana (bactericida e/ou antiparasitária), anti-inflamatória e imunorreguladora. Estas linhas de investigação e desenvolvimento são tuteladas e dirigidas pelas empresas do Grupo TERVALIS que desenvolvem a sua atividade no âmbito da nutrição animal: GLOBAL FEED e ADIBIO, no departamento de I+D+i (investigação, desenvolvimento e inovação). As bases técnicas de produção para obtenção e

• Programa de maneio alimentar em multifase (são administradas 7 a 8 rações diferentes do desmame ao abate), “choice feeding”. • Utilização de nutraceuticos à base de extratos de cítricos e aliáceas.

DESENVOLVIMENTO EM INVESTIGAÇÃO O departamento I+D+i em nutrição animal do grupo TERVALIS, estabeleceu protocolos com centros de investigação externos para o teste e avaliação dos seus extratos vegetais à base de cítricos e aliáceas. Tanto os extratos cítricos como os de aliáceas, bem como qualquer princípio ativo candidato a ser utilizado, são submetidos a provas de eficácia. Alguns dos trabalhos e técnicas realizadas pela DIGESPORC (grupo de investigação da Faculdade de Veterinária de León, dirigida pelo Prof. Doutor Pedro Rubio Nistal), são: 1. Concentração inibitória miníma (MIC) e concentração mínima bactericida (MBC); 2. I nibição de biofilme; 3. Cinética de ativação para diferentes patógenos estudados; 4. Teste de integridade da parede celular por citometria de fluxo;

dução livre de antibióticos (PLA), regem-se pelos

5. Análise por espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier;

seguintes pontos-chave:

6. Microscopia eletrónica de varrimento.

preservação das condições que permitem uma pro-

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

• Levantamento das dimensões e estrutura da exploração de forma a ser otimizado o espaço para o animal, acesso ao alimento e à água.

de certificação são comercializados pela CARTESA e

âmbito das empresas do grupo, mas culminou com a

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• Valorização inicial do status sanitário e nível de biossegurança da exploração bem como da área geográfica onde se encontra inserida: densidade de explorações, desinfeção, vazios sanitários…


As avaliações da atividade antimicrobiana são levadas a cabo nos principais patógenos digestivos (E. Coli, Clostridium perfringens e Cl difficile, diversos serovares de Salmonella, Campylobacyter coli e C. jejuni e Brachispira hyodysenteriae) bem como em Staphilococcus aureus resistentes a meticilina (MRSA). Estes estudos foram publicados em diversas revistas científicas. Após a sua avaliação, os produtos desenvolvidos são testados no campo em condições reais. A fórmula/”receita” destes produtos é obtida pela combinação, em diferentes proporções, dos extratos cítricos e/ou aliáceos, assim como a sua conjugação com outros princípios ativos e matéria-primas. A fórmula do produto tem sempre como base a fase de produção animal, o nível de exigência do desafio encontrado e os objetivos que queremos alcançar. Estes objetivos podem ser classificados em: • Objetivos metabólicos para melhoria da eficácia nutricional do alimento e correção de desequilíbrios fisiológicos em porcas, leitões e engordas. • Objetivo em saúde intestinal para conseguir estabilidade digestiva, atuando como potenciadores de bactérias simbióticas benéficas e ação antimicrobiana contra patógenos digestivos.

Na fábrica de alimentos compostos • Através da análise dos registos de traçabilidade, a AENOR verifica em todas as auditorias, se houve envio indevido de alimento medicado com antibióticos, para animais afetos ao programa de certificação. Assim, tem de existir uma correta identificação das explorações e prevenção de contaminação cruzada do alimento dos animais afetos ao protocolo da certificação. • Mediante amostras analisadas de alimento composto, estabelecem-se os valores máximos de contaminação cruzada. Estes valores têm em conta desde o antibiótico utilizado na produção do alimento composto imediatamente anterior ao enviado à exploração, até ao que está ao que está a ser utilizado na exploração PLA. Consideram-se três níveis de contaminação cruzada: fábrica de alimentos compostos, transporte e silo da exploração. • Da auditoria à contaminação cruzada podem ser levantadas não conformidades (leve, grave ou crítica). Esta categorização é feita em função da percentagem de amostras com resultado positivo, tendo em conta os valores estabelecidos anteriormente e a verificação de correspondência entre o antibiótico encontrado em cada um dos níveis (fábrica, transporte e exploração).

DESENVOLVIMENTO E IMPLEMENTAÇÃO DE PLA EM CONDIÇÕES DE CAMPO Nas explorações • Tem de certificar-se que não se administram tratamentos profiláticos ou metafiláticos com antibióticos, ficando desta forma, excluída a medicação via alimentação e/ou via bebida. Havendo necessidade de se realizar um tratamento metafilático com antibióticos no lote por motivos de biossegurança ou bem-estar animal, pode realizar-se, no entanto, esses animais terão de excluir-se do processo de certificação. • Os animais com sintomas iniciais de patologia devem ser identificados e, após correto diagnóstico, deverá aplicar-se o tratamento com um antibiótico específico (apenas injetável ou tópico).

Figura 1 –Software de produção com classificação do alimento

• Os animais tratados com antibióticos são identificados com recurso a um brinco eletrónico onde se pode registar o dia, antibiótico e quem realizou a administração. • Os animais tratados com antibióticos passam a ser PC (produção convencional) e quando forem enviados para abate, terão obrigatoriamente de constar numa guia de transporte diferente dos animais PLA. • Nas auditorias semestrais / anuais realizadas pela AENOR (auditora responsável pela certificação em PLA) audita-se a administração de antibióticos através do controlo do stock inicial e final e consumos registados.

Figura 2 – Software de produção com classificação de alimento de forma a evitar contaminações cruzadas de alimentos medicados

A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

• Na fábrica de alimentos compostos PORTESA, uma vez que também fornecem explorações que não estão afetas à certificação PLA, aplica-se um protocolo para minimizar a possibilidade de contaminação cruzada. Assim estabelece-se uma pauta de fabrico segundo a classificação do alimento em: nunca medicados, eventualmente medicados, sempre medicados. O sistema implementado (ver figura 1 e 2) impede a possibilidade de fabricar um alimento nunca medicado após um medicado. Na prática só se fabrica um alimento nunca medicado (para uma exploração PLA) após o fabrico de outro alimento nunca medicado ou após um alimento eventualmente medicado em que não tivesse sido introduzida medicação.

pois, nas exigências da mesma, o grupo não é contemplado como estritamente não medicado. • Tratamentos antiparasitários: Tendo em conta as análises realizadas trimestralmente, não foi necessário o tratamento via alimento em nenhuma das fases de produção (porcas, leitões e engorda), sendo que o último tratamento realizado (branqueamento e desparasitação) foi em junho de

• Consumo em mg de antibióticos por CPU: Este valor calcula-se trimestralmente, corresponde à totalidade de antibióticos utilizados via tópica e injetável (não há consumo via alimentação e água desde fevereiro de 2016). O resultado obtido de maneira sistemática desde o 2º trimestre de 2016 até ao 4º trimestre de 2018 oscila entre 1 a 3mg/CPU. Na tabela apresenta-se o resultado da evolução do ano de 2018.

2015. Este tipo de tra-

total ANO acumulado

tamento também está permitido pela certificação pois não é uma exigência da mesma.

Tabela 1 – CPU referentes ao ano de 2018

Na indústria de carnes • Realizam-se verificações nos procedimentos de traçabilidade desde o momento de entrada ao matadouro, até ao desmanche e elaboração de produtos transformados. • A detentora da titularidade da certificação é da AIRESANO FOODS, SL (centro gestor) onde são incluídas todas as estruturas afetas à certificação (exploração de multiplicação, engorda, matadouro, sala de desmanche, de elaborados e secador de presuntos. (ver figura 3)

RESULTADOS OBTIDOS (não exigidos pelo programa de certificação) Os resultados finais obtidos do desenvolvimento e implementação das medidas anteriormente descritas nos diferentes níveis da produção permitiram alcançar: • 94.9% de animais abatidos livres de antibióticos desde o desmame (dado obtido a 31/12/2018) • Porcas reprodutoras: não medicadas com antibióticos em alimento e em água nos últimos 38 meses (último tratamento foi realizado em outubro de 2015). Os tratamentos com antibióticos em reprodutoras foram reduzidos drasticamente, sendo agora residuais e sempre individuais. Tendo em conta a certificação, este grupo poderia ser tratado sem que esta fosse afetada 36 |

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Figura 3 – Certificação AENOR – Produção livre de antibióticos a partir do desmame


o aminoácido essencial para minimizar os níveis de proteína em dietas para frangos?

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

PRODUTOS DE LEVEDURA COMO UMA FERRAMENTA NUTRICIONAL PARA MELHORAR O DESEMPENHO E O BEM-ESTAR ANIMAL Para a maioria dos animais, o princípio de vida

a receber uma atenção crescente como fonte de

é o período mais complicado pois o sistema

proteína funcional na nutrição humana e animal.

imunitário não está completamente desenvol-

Em comparação com a levedura Saccharomyces

vido. A microbiota intestinal é propensa a um

cerevisiae, as leveduras baseadas em Kluyve-

desequilíbrio, tornando os animais jovens mais

romyces fragilis têm os níveis de proteína bruta

suscetíveis a doenças. Um desenvolvimento sau-

e aminoácidos – ácido glutâmico – mais elevados

dável da microbiota intestinal em estágios ini-

resultando num potencial crescente na melhoria da

ciais de desenvolvimento resulta em um melhor

palatabilidade da ração. Embora as leveduras à pri-

desempenho e a menos perdas na vida adulta,

meira vista pareçam semelhantes, as suas origens

Birgit Keimer,

aumentando, assim, a lucratividade da explora-

não o são. Por exemplo, S. cerevisiae pode ser um

R&D Manager, Biochem Zusatzstoffe GmbH

ção. As mudanças de alimentação criam stress

subproduto da produção de etanol ou da produção

adicional para os animais nas primeiras idades.

de cerveja. Para alem destas origens, há também

Durante esses períodos, os animais frequente-

as que chamamos de leveduras primárias. Estas

mente diminuem o consumo de alimento tor-

leveduras são desenvolvidas propositadamente

nando-se ainda mais suscetíveis a doenças. O

para se aplicar na nutrição humana ou animal.

desafio é superar esses períodos de mais stress

Tanto o S. cerevisiae como o K. fragilis podem ser

apoiando o sistema imunológico do animal garan-

leveduras primárias.

tindo uma alta ingestão de alimentos de forma a promover uma microbiota intestinal estável e saudável. Os produtos de levedura têm um potencial significativo nos animais mais jovens para superar estes desafios proporcionando um Bastian Hildebrand, Technical Manager Southwestern Europe, Biochem Zusatzstoffe GmbH

desenvolvimento saudável do trato gastrointestinal. As aplicações mais conhecidas são as de levedura viva como probióticos e as paredes de levedura como prebióticos. Recentemente, as leveduras hidrolisadas estão a receber uma maior atenção, uma vez que a sua aplicação é particularmente interessante nos animais mais jovens, com o objetivo de melhorar a palatabilidade da ração e o desenvolvimento da fisiologia e imunologia intestinal. A levedura hidrolisada pode ser descrita como uma fonte proteica funcional por não ser apenas uma fonte proteica digestível, mas muito mais uma fonte de aminoácidos funcionais, como aminoácidos de sabor umami,

Ruben Crespo, Technical Sales Manager Spain, Biochem Zusatzstoffe GmbH

de ácidos nucleicos/nucleótidos, e componentes imuno-modulatórios de paredes de levedura.

Origem das leveduras

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

As paredes de levedura são derivadas de células de levedura através de uma autólise celular onde a parede é separada do restante, o extrato. As paredes de levedura são posteriormente purificadas e secadas até transformar no produto final. Os polissacáridos MOS e ß-glucanos são os principais componentes dos produtos de parede de levedura que podemos encontrar no mercado. A componente MOS são carboidratos indigeríveis, que têm efeitos reguladores positivos sobre a flora intestinal. Devido à sua afinidade, os MOS são capazes de aglutinar (ligar) às fímbrias do tipo 1 os seguintes patógenos – E. coli & Salmonela – e assim prevenir a adesão destas bactérias à parede intestinal (Borowsky et al., 2009; Vahjen et al., 2015). O complexo MOS – Bactéria será excretado pelas fezes. Como a adesão apresenta o primeiro passo na invasão microbiana, o bloqueio das fímbrias pode prevenir ou eliminar a infeção. De forma simultânea, a flora intestinal desejada (bífido-bactérias, lactobacilos ssp) é

As cepas de leveduras mais utilizadas são os

suportada pela estimulação do seu crescimento

Saccharomyces spp. das quais a mais conhecida

ou atividade no trato intestinal.

e estudada é a S. cerevisiae, comumente conhe-

β-1.3-1.6-glucanos são polissacáridos de alto peso

cida como levedura de padeiro. Atualmente outras

molecular. Têm efeitos estimulantes sobre o sis-

Feed Safety for Food Safety® cepas de levedura, como Kluyveromyces spp. estão 38 |

Paredes de levedura

tema imunológico inespecífico, ativando macrófa-


A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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39


ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

gos e aumentando a produção de citocinas,

de levedura e 70% de extrato de levedura.

de doença, por exemplo, subnutrição (Sauer

que são o iniciador da resposta imune. Assim,

A componente de parede de levedura tem

et al., 2011). Na prática, os nucleótidos da

os ß-glucanos podem reforçar a defesa natu-

uma função semelhante à parede de leve-

dieta são suplementados na forma purifi-

ral contra as bactérias, vírus e parasitas. Os

dura referida no ponto anterior. Ajuda a

cada ou via levedura hidrolisada (Andrade

produtos de parede de levedura diferem em

reduzir a pressão patogénica das bacté-

et al., 2011; Waitiu et al., 2017).

qualidade, especialmente na sua atividade de

rias gram-negativas e apresentam efeitos

ligação aos patógenos. Quanto mais MOS o

imuno-moduladores, melhorando assim

produto contiver, mais forte será o efeito

a microbiota intestinal. Juntamente com

de ligação. Existem também diferenças nas

as componentes da parede de levedura,

origens das leveduras. Presume-se que a

as perspetivas para produtos de levedura

atividade da parede celular de uma levedura

hidrolisada baseiam-se nos componentes

primária seja vantajosa em comparação com

de extrato de levedura que são interessan-

subprodutos da produção da cerveja ou do etanol. Outra característica importante é o tamanho de partícula. Quanto menor o tamanho de partícula, maior a superfície de contacto o que permite uma maior capacidade de ligação. Assim, vários estudos comparativos demonstram uma alta variação entre diferentes produtos MOS na sua capacidade de inibir a ligação dos patógenos às células epiteliais. Vahjen et al. (2015) testaram a eficiência de diferentes produtos MOS na sua capacidade de reduzir a ligação da E. coli às células epiteliais intestinais. Todos os produtos MOS reduziram a adesão da E. coli comparativamente com o controlo, mas demonstraram, de forma significativa, uma diferente capacidade de inibir a adesão dos patógenos (Figura 1).

tes para aplicar em nutrição animal devido a conter proteína altamente digestíveis, aminoácidos, ácidos nucleicos, vitaminas e minerais. A levedura hidrolisada é, com uma digestibilidade aparente de aproximadamente 90%, comparável a outras fontes de proteína animal contendo aproximadamente 50% de proteína bruta. Juntamente com as necessidades essenciais de aminoácidos na nutrição animal, dois dos aminoácidos – treonina & ácido glutâmico – encontrados na levedura hidrolisada são de particular interesse devido às suas propriedades de sabor a umami. O sabor a umami melhora a palatabilidade e a ingestão dos alimentos. Um estudo recente realizado com leveduras hidrolisadas (TechnoYeast®, Biochem Zusatzstoffe) alimentadas a lei-

Figura 2+3 – A incorporação de levedura hidrolisada de Kluyveromyces fragilis à dieta melhora o consumo de ração (Figura 2) e o desempenho de crescimento (Figura 3) em leitões após o desmame, no qual CON é uma dieta padrão e HY Kluyv. é a dieta padrão com aplicação on top da levedura hidrolisada (Keimer et al., 2016), ab = P < 0.05; AB = P < 0.1

tões desmamados mostrou um aumento significativo no consumo médio diário de ração e no ganho médio diário (Figura 2 +

Conclusão

3). Na nutrição animal, os nucleótidos são

Há várias leveduras e produtos de levedura

discutidos para desempenhar um papel

disponíveis no mercado. As paredes de

importante no desenvolvimento do trato

levedura e a levedura hidrolisada K. fra-

gastrointestinal e podem afetar as bac-

gilis parecem ser os mais benéficos para

térias intestinais em monogástricos mais

incorporar em alimentos para animais nas

jovens. Embora os nucleótidos possam

primeiras idades. O desafio nesta fase da

ser sintetizados de novo, vários tecidos,

produção é evitar a quebra de ingestão

incluindo aqueles com uma taxa de reno-

durante períodos de stress. O sabor a

vação rápida, como o intestino, podem ser

umami da levedura hidrolisada melhora a

beneficiados de um fornecimento exógeno

palatabilidade da ração proporcionando

Levedura hidrolisada

de forma a diminuir os gastos de energia.

um bom consumo, e a proteína altamente

Quando doentes, períodos de ingestão limi-

digestível e os ácidos nucleicos garantem

A levedura hidrolisada é uma matéria-prima

tada ou crescimento rápido, como o período

um crescimento saudável. Os riscos de

relativamente nova na nutrição animal e

de desmame, os nucleótidos podem-se

potenciais desafios de doença são redu-

depende da hidrolise de produtos de leve-

tornar nutrientes semi-essenciais, pois

zidos devido às propriedades prebióti-

dura (por exemplo, K. fragilis). A hidrólise

em geral os nucleótidos estão presentes

cas do MOS e efeitos imuno-moduladores

é um método suave de forma a preservar

em níveis muito baixos nas dietas. Os

dos ß-glucanos. A combinação de efeitos

todos os nutrientes. Após o processo de

nucleótidos alimentares, têm demonstrado

permite que a levedura hidrolisada possa

hidrólise, as células de levedura são separa-

um efeito benéfico para uma recuperação

competir com vários outros aditivos (por

das em duas componentes: 30% de parede

intestinal mais rápida em várias situações

vezes caros) aos mesmo tempo.

Figura 1 Os mananoligossacarídeos derivados de parede celular de levedura inibem a ligação da E. coli às células epiteliais intestinais, mas diferem na sua eficiência (Média das células infetadas, ±SD) adaptado de Vahjen et al, 2015.

40 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL


A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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41


ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

PERIGOS MICROBIOLÓGICOS No último Encontro realizado em Fátima uma ques-

A indústria está particularmente atenta a alguns

tão levantada por alguns oradores foi a segurança

perigos com que tem de lidar todos os dias, as

alimentar na indústria de rações. Na verdade, este

micotoxinas são um exemplo disso mesmo, mas

tema que tem desde há vários anos legislação

outros há que pela sua “aparente” complexidade

aplicável à alimentação humana e animal é foco de

de execução analítica ainda não se englobam nas

permanente atenção por operadores, fiscalizadores e consumidores. Existe hoje uma preocupação

mos dos perigos microbiológicos.

crescente sobre os perigos que afetam a produção

A contaminação microbiológica está presente no

primária e a forma como estes se podem transmitir Artur Melo CEO Ambifood

análises de rotina da maioria das empresas. Fala-

na cadeia alimentar. Se é expectável um aumento considerável de produção animal nas próximas décadas, isso trará vários desafios para a indústria e no topo estará, certamente, assegurar a segurança alimentar em toda a cadeia. Julgo, até, que nunca fez tão sentido a conhecida frase "do prado ao prato", hoje já esquecida, mas a qual encerra em si mesma esta obrigação económica e social a que todos estamos sujeitos. A segurança alimentar é, não só, um pré-requisito para a segurança alimentar humana, com também um fator de bem-estar animal, de saúde e gerador de desenvolvimento económico. Bastará relembrar os incidentes recentes relativos a casos como a BSE, dioxinas, micotoxinas, E.coli, e dos impactos que geraram no setor.

ambiente que nos rodeia, o que até favorece o nosso sistema imunitário ao criar defesas para os microrganismos com que contata. Se assim não fosse viveríamos num mundo de esterilidade o que no limite nos seria desfavorável. Quando falamos de critérios microbiológicos, o Regulamento 183/2005 que estabelece os requisitos de higiene dos alimentos para animais refere explicitamente "a necessidade de definir critérios microbiológicos baseados em critérios científicos de risco" e na obrigação de "cumprir critérios microbiológicos específicos". A questão fundamental é saber quais são os organismos que queremos controlar e os limites a que deveremos estar cingidos. Desde logo há uma exceção porque já legislada, a salmonela, que deverá estar ausente em 25g de amostra, tal qual para a alimentação humana, devido à sua patogenicidade e consequências para a saúde. O grupo dos outros microrganismos que nos interessam serão aqueles a que chamaria indicadores microbiológicos de qualidade e englobam os que pela sua natureza podem ser nefastos, ou seja, os coliformes que se podem encontrar na água, plantas e material fecal, a e.coli que pertencendo aos grupo dos coliformes tem alojamento no trato intestinal e consequências mais graves em caso de contaminação, os bolores e leveduras porque

No caso da indústria de alimentos para animais

causam deterioração de produtos, por exemplo

já existe legislação aplicável relativa à higiene

desenvolvendo o aparecimento de micotoxinas, e

relativamente aos perigos biológicos, químicos e físicos. Por exemplo, a implementação de um sistema de HACCP, ou Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controlo, é um requisito básico de autocontrolo que arrasta consigo transformações das organizações e, sobretudo, de mentalidades.

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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

a contagem total de microrganismos como indicador do processo de higienização. Existem já empresas preocupadas com estes temas e que têm o seu próprio controlo microbiológico e dentro de cada uma, as suas próprias especificidades é que condicionam o estabelecimento dos cri-

A elaboração do manual, a definição de critérios,

térios microbiológicos. De referir que não falamos

a implementação, a sua aceitação e cumprimento,

somente de matéria-prima ou produto acabado,

são alguns desafios que se colocam a todos os

mas também de processos de higienização. Não

intervenientes.

há sistema de HACCP que não seja fundamentado


em boas práticas de higiene que sejam apli-

inequívocas. Tendo em conta que na maioria

cadas aos equipamentos, às instalações e as

das empresas existe uma estufa e que será

que incidem sobre as pessoas.

preciso mais algum equipamento adicional, diria que o pequeno investimento compensa

O outro parâmetro de avaliação relativo a

largamente o benefício de ter um resultado

esta temática é a escolha do método micro-

em tempo útil, que é o que se pretende

biológico, a qual depende de vários fatores.

sobretudo quando há necessidade de libe-

Em primeiro lugar, das condições físicas para

rar produto, analisar uma matéria-prima ou

instalar esses métodos, em segundo, dos

validar um procedimento.

recursos humanos existentes, e finalmente do orçamento disponível. Se a opção recair

meios se apresentam liofilizados e a amos-

Na lista de notificações em 2017, 293 foram

sobre métodos tradicionais de microbiologia,

tra é inoculada numa placa de plástico com

relativas a salmonela e em Portugal houve 6

a implementação fica mais complexa dada a

um meio líquido em condições normais de

notificações, sendo que outros microrganismos,

natureza destes métodos, pois são métodos

pipetagem, fica mais exequível a qualquer

patogénicos ou não, foram também notificados.

de inoculação em placa, com preparação de

laboratório da indústria optar por instalar

Por isso, a definição de critérios microbiológi-

meios de agar, movimentação e inoculação de

um pequeno espaço dedicado às análises

cos e a sua monitorização deve ser uma opção

placas com os consequentes perigos de con-

microbiológicas. Em regra, estes métodos

no sentido de preservar o produto e evitar

taminação externa, do ambiente, e interna,

são fáceis de realizar e a sua execução é

perdas económicas, sobretudo se tivermos

da própria amostra. Porém, se se optar por

simples. Por outro lado, são mais rápidos

em atenção que alguns produtos são particu-

métodos alternativos rápidos, nos quais os

que os métodos tradicionais e as leituras

larmente sensíveis a deterioração microbiana.

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A LI ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL SPMA

SECÇÃO DE PRÉ-MISTURAS E ADITIVOS

SFPM / SPMA, 25 ANOS NA IACA Coincidindo com a comemoração dos 50 Anos da IACA, a SPMA faz 25 Anos (1994-2019). Depois de um processo complexo durante a Direção do Dr. Jaime Lança de Morais, foi criada esta Secção através de um Regulamento próprio aprovado em Assembleia Geral Extraordinária da IACA realizada a 29 de abril de 1994, posteriormente integrado nos Estatutos da Associação. Inicialmente com 11 associados, teve como 1ª direção: Carlos Cortes (Iberil), Vítor Cabeleira (Sanipec) e Ingrid Van Dorpe (Premix). A Secção tem apoiado de várias formas a IACA e os seus associados ao longo destes anos, tendo estado sempre presente através da sua representação na Direção da associação, nos Comités da FEFAC, na CT37 e em várias iniciativas ou eventos como por exemplo: Códigos de Boas Práticas, Reuniões da Indústria, Cursos de Formação, Revista Alimentação Animal, QUALIACA ou Jornadas de Alimentação Animal. Em 2016 na Direção da Engª Cristina de Sousa, com o objetivo da IACA se assumir como "a associação representante do setor da Alimentação Animal em Portugal", dá-se um novo alargamento da base de associados, aprovado na Assembleia Geral de 14 de abril de 2016. Com a entrada de empresas portuguesas de comercialização de aditivos para a IACA, em 15 de dezembro de 2016, a secção passa a denominar-se de SPMA – Secção de Pré- Misturas e Aditivos, atualmente com 15 associados.

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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL


R E U N I Ã O DA S E C Ç Ã O D E PRÉ-MISTURAS E ADITIVOS 1 de março de 2019, sede da IACA, Lisboa

– Estiveram presentes todos os associados da SPMA, com a exceção da DIN / CCPA que justificou a sua ausência: Tecnipec (J. Barreto), Eurocereal (P. Folque), TNA (L. Baptista), Vetalmex (A. Gaspar), Nutrinova (G. Santos), Wisium (C. Aguiar), Brandsweet (N. Santos), Vetlima (R. Gabriel), Indukern (T. Costa), Elanco (T. Grosso), Tecadi

2. Nova Legislação – Em particular, o novo Regulamento de Alimentos Medicamentosos, a entrar em vigor em janeiro de 2022. Registe-se o

Rosa) e a assessora técnica da IACA, engª Ana Monteiro.

para participarem e colaborarem nestas ações, em particular nas dirigidas aos consumidores, reconhecendo o esforço

desaparecimento das "Pré-Misturas Medi-

que a IACA está a fazer para “Comunicar”.

camentosas", a revisão das tolerâncias

– Tendo em conta que também a secção

permitidas no fabrico de alimentos medi-

faz 25 anos este ano (1994 – 2019), foi

camentosos e as novas diretrizes para a

decidido que a SPMA colabore através

recolha e o tratamento dos resíduos fabris.

de um Patrocínio de Ouro nas comemo-

(M.Ferráz e L. Ferráz), Zoopan (P. Castelo), Premix (I. Van Dorpe), Reagro (L.

– Foi solicitado às empresas da SPMA

rações dos 50 Anos da IACA, marcando

3. P rojetos de Investigação / Colaboração da IACA – Foram descritos pela engª A. Monteiro,

presença através de um cartaz / roll-up dos “25 Anos da SPMA”.

– Antes da entrada na ordem de traba-

e com a possibilidade de as empresas

lhos, a direção da secção em nome dos

da secção poderem colaborar / partici-

6. VIII Jornadas de Alimentação Animal SPMA / IACA

associados, deu as boas vindas ao novo

par em alguns projetos de investigação,

– Foi decidido como tema geral para as

associado Nutrinova.

nomeadamente “+ Coelho”, “GoEfluentes”,

próximas JAA, a "Alimentação Animal e

“InovFeed”, “SanFeed” e “Alentejo 2020”.

Ambiente”, tendo em conta a sua atuali-

1. C omité de Pré- Misturas e Alimentos Minerais da FEFAC, Bruxelas, 19 de março 2019

dade e necessidade de aplicação futura.

4. QUALIACA

– Estas Jornadas este ano, tendo em conta os

– O sistema português foi recentemente

25 Anos da SPMA e os 50 Anos da IACA,

– As engsª Ana Monteiro e Ingrid Van

convidado para integrar o Foro Derio que

deverão procurar atingir um nível superior,

Dorpe, representantes da SPMA /

reúne os diferentes sistemas de qualidade

pelo que se procurará ter menos oradores,

IACA nos Comités da FEFAC, fize-

espanhóis e no e-Pienso, uma plataforma

desde que garantida a habitual reputação

ram uma apresentação dos princi-

de troca de experiências e resultados.

profissional. Como "temas base" de enqua-

pais assuntos a discutir, com destaque para:

– O balanço do ano de 2018 do funcionamento do QUALIACA em Portugal foi

a. autorização da comercialização de

razoável, mas com a necessidade de se

vitaminas de fermentação (B2 / B12).

assegurar uma maior rapidez de comuni-

b. criação de um novo grupo funcional de aditivos ("melhoradores do bem-estar animal”). c. revisão da principal legislação da alimentação animal (Reg. 1831/2003)

cação dos resultados pela DGAV.

5. Atividades dos 50 Anos da IACA – Foram enunciadas e explicadas as principais atividades da IACA para a cele-

dramento do tema global, consideraram-se os seguintes pontos: "O Futuro da Produção Animal" / "O Futuro da Alimentação Animal" / "O Futuro das Pré-Misturas e dos Aditivos em Alimentação Animal". – Foi escolhida como Data Objetivo o dia 19 de setembro (5ª feira). O Local possivelmente será a EZN em Santarém, se tiver condições logísticas para um evento desta natureza.

bração dos seus 50 Anos de existência:

7. Outros Assuntos

d. comunicação das fichas de segurança

Jantar de Gala + Seminário (25 de outu-

– SIPACE: a direção questionou os presen-

de produtos perigosos ao "Centro

bro); Livro Comemorativo dos 50 Anos;

tes sobre o seu funcionamento este ano.

de Venenos" nacional e aplicação do

Fórum Estudante; Dia do Animal (4 de

Os presentes continuam a detetar várias

fator M aos alimentos complementa-

outubro) e Dia da Alimentação Animal

limitações na sua utilização e a questionar

res minerais.

(16 de outubro).

o (não) tratamento dos dados estatísticos. A LI ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS

EUA ADOTAM PROTOCOLO DE GARANTIA DA SUSTENTABILIDADE DA SOJA PARA OS BIOCOMBUSTÍVEIS será apoiada por um sistema independente

área florestal destinada à conservação da

de auditoria e conformidade de terceiros. A

biodiversidade, com mais de 158 milhões de

RED restringe a produção de matérias-pri-

acres reservados para esse fim.

mas de biocombustível de terras que foram

A utilização das melhores práticas de ges-

convertidas para produção agrícola a partir

tão pelos produtores de soja dos EUA e a

das categorias de terras designadas como

mais recente tecnologia ajudaram a reduzir

zonas húmidas, incluindo turfeiras, pasta-

a produção de gás de efeito estufa em 42%

gens e florestas. Desde a Lei Agrícola de

por tonelada e a erosão do solo em 66%.

1985, há mais de 30 anos, que os EUA têm

[2] O Departamento de Agricultura dos EUA

limites semelhantes na conversão de terras.

apoia as práticas de sustentabilidade da

O SSAP-RED vai além do SSAP existente,

agricultura com mais de 5,6 mil milhões de

pois dispõe de um sistema de auditoria e

dólares em financiamento para a conserva-

conformidade de terceiros para apoiar todos

ção todos os anos e realiza uma média de

Com base no amplamente aceite Protocolo

os aspetos do esquema.

23.000 auditorias anualmente para garantir

de Garantia da Sustentabilidade da Soja dos

“Este é mais um passo na direção certa para

a conformidade.

EUA (SSAP), o novo programa, designado por

a indústria da soja dos EUA. O SSAP-RED

Sobre o USSEC – O Conselho de Exportação

SSAP-RED, aborda os requisitos específicos

é um compromisso com o futuro assumido

de Soja dos EUA oferece aos produtores de

dos regulamentos da RED, incluindo restrições

pelos produtores de soja dos EUA”, afirmou

soja dos EUA oportunidades para melhorarem

à conversão de terras com compromissos em

Derek Haigwood, presidente do USSEC. “Os

a nutrição humana, a produção pecuária e a

termos de auditoria, conformidade e relató-

produtores e exportadores norte-americanos têm-se esforçado por cumprir os requisitos

aquicultura. Esta missão é realizada com um

rios. “O reconhecimento do SSAP-RED pela Comissão Europeia é um marco importante

da RED e estão ansiosos por trabalhar com

na documentação da sustentabilidade global

os nossos produtores e negociantes na União

da soja dos EUA para os mercados europeu

Europeia. “

e globais”, referiu Jim Sutter, CEO do Conse-

Os produtores de soja dos EUA há muito que

lho de Exportação de Soja dos EUA (USSEC).

estão empenhados no uso sustentável e efi-

“Este é um reconhecimento importante para

ciente da terra e dos recursos e na produção

a Soja dos EUA e irá aumentar ainda mais as

de soja sustentável que teve início com a Lei

oportunidades de comercialização da soja

de Conservação do Solo, em 1935. Desde 1980,

dos EUA na UE e noutros mercados globais.”

as terras agrícolas diminuíram mais de 20

Com vista a cumprir os requisitos específicos

milhões de hectares nos EUA, ao passo que

da RED, o SSAP-RED conta com uma série

a floresta aumentou mais de 1,4 milhões de

de componentes inovadores, incluindo uma

hectares. [1] Em 2015, reconhecendo os siste-

Autodeclaração dos produtores a declararem

mas de agricultura sustentável e regenerativa

a sua adesão às restrições de conversão

nos EUA, a Organização das Nações Unidas

do uso da terra e a sua aplicação de Boas

para a Alimentação e a Agricultura (FAO) clas-

Práticas Agrícolas (BPA). A Autodeclaração

sificou o país no primeiro lugar em termos de

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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

suporte técnico baseado na ciência e uma rede global de parcerias, incluindo produtores de soja, exportadores, organizações agroindustriais e agrícolas, investigadores e agências governamentais. O USSEC funciona internacionalmente e trabalha com programas de aquicultura em diferentes países para ajudar a garantir sustentabilidade e rentabilidade para os produtores do setor. Os programas do USSEC são parcialmente financiados pelo Conselho Unido da Soja (USB). [1] National Resource Inventory [2] Field to Market Fontes: anúncio do USSEC e União Europeia http://europa.eu/rapid/press-release_IP-19-748_ en.htm


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ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS

APRESENTAÇÃO DA APCA O que é a APCA? A Associação Portuguesa de Ciência Avícola é uma associação criada por um grupo de profissionais oriundos das várias áreas e empresas do sector avícola nacional, que lançou a si próprio o desafio de criar uma organização sem fins lucrativos que voltasse a activar a divulgação científica e os encontros profissionais do sector.

de repetir o evento, propondo-se realizar a

Em concreto, acreditamos que podemos

segunda edição em Maio de 2020, mas desta

ajudar a sociedade a atingir o objectivo

vez em Lisboa.

tão importante da produção de géneros

Para este ano estão já previstos dois even-

alimentícios seguros, acessíveis e saudá-

tos: um workshop de avicultura, a ter lugar

veis, de uma forma sustentável e em har-

em Coimbra no dia 26 de Março; e o (espe-

monia com as suas preocupações acerca,

remos que seja apenas o primeiro de muitos)

por exemplo, da resistência dos microrga-

encontro nacional de investigação avícola,

nismos aos antibióticos e o respeito pelo

dia 20 de Novembro, ainda com lugar a

bem-estar animal.

designar.

Que perspetivas existem para a Quais são os objectivos e necesQuais os Contributos e a visão produção avícola em Portugal, sidade da Associação? face aos Desafios da Sociedade perante as realidades da União A associação tem como objectivo principal Numa sociedade com uma comunicação cada Europeia e no mercado mundial a divulgação dos avanços científicos em

todas as áreas da Avicultura, de uma forma geral. No entanto, dado ser uma associação portuguesa, pretende ainda ser uma plataforma que ajude a alavancar e a divulgar a investigação científica nacional nas várias vertentes da Avicultura. Para alcançar este propósito, a APCA irá procurar servir de elo de ligação entre a comunidade científica nacional (dinamizando encontros entre as várias instituições de investigação e investigadores científicos nacionais), os profissionais do sector (através da divulgação entre os seus membros) e a comunidade científica internacional (através, por exemplo, da sua recente entrada como ramo português da World Veterinary Poultry Association). Por último, a APCA poderá, graças ao seu carácter cientifico, desempenhar um papel importante junto da sociedade portuguesa, servindo de veículo e de consultor científico em processos conducentes à tomada de decisões por parte do Estado, nomeadamente em temas relacionados com a higiene e segurança alimentar, melhores práticas produtivas e económicas, gestão ambiental e saúde e bem estar animal.

Plano de actividades A APCA organizou em Maio de 2018 o seu primeiro simpósio, em Coimbra, tendo excedido as suas expectativas em relação à adesão ao evento, dado que os valores de assistência suplantaram o número de associados. Esse facto veio reforçar o esforço feito e a ideia 48 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

vez mais rápida e imediata, e com acesso às

A avicultura nacional está a chegar à idade

redes sociais, o rigor da informação que nelas

adulta, consolidando a sua posição e melho-

é veiculado por vezes perde-se. A APCA pro-

rando cada vez mais as suas práticas de tra-

põe-se seguir uma linha de rigor científico,

balho. Hoje em dia o número de empresas

comprovado e isento de grupos de influência,

é reduzido mas com níveis de eficiência de

promovendo o debate sério dos temas que,

excelência, de tal maneira que uma grande

na sua área de trabalho, podem afectar o

fatia da sua produção se destina à exporta-

bem-estar das pessoas e o impacto no meio

ção. Somos um país pequeno mas com uma

e na sociedade.

avicultura grande, de tal modo que somos

A associação irá procurar ser uma voz racio-

autossuficientes na produção de carne de

nal e científica, chamando a atenção para os

frango e ovos. A exportação é uma realidade

novos caminhos que se podem abrir na pro-

transversal a todas as áreas da atividade

dução avícola como actividade económica

avícola sendo uma vantagem competitiva as

e profissional, e suportar ou contrapor com

pessoas que trabalham nessas organizações,

segurança e isenção as preocupações, neces-

tornando-as mais eficientes possuindo um

sidades e emergências que possam surgir na

nível técnico acima da média ou muito seme-

sociedade actual.

lhante aos pares europeus.


PORTUGAL JÁ EXPORTA CARNE DE PORCO PARA A CHINA A primeira carne de porco portuguesa com

Luís Capoulas Santos e dos operadores

mentares (cujo record foi atingido em 2018),

destino à República Popular da China foi

entre os quais o negócio foi estabelecido

assegurando a competitividade e sustenta-

expedida no dia 30 de janeiro. Dez con-

- a empresa portuguesa AGP Meat e o chi-

bilidade do Setor.

tentores, com 270 toneladas de carne,

nês ACME Group.

no valor de um milhão de euros, saíram

As exportações de carne de porco portu-

das instalações industriais da Maporal, em Reguengos de Monsaraz e, passando pelo Porto de Sines, tiveram como destino final Hunan, a província chinesa que representa um consumo potencial de 73 milhões de habitantes.

guesa para a China vão movimentar um Volume de Negócios de 100 milhões de euros em 2019 e de 200 milhões de euros em 2020. Os principais intervenientes referiram que se “trata de um dia histórico para a sui-

O momento foi assinalado numa cerimónia

nicultura portuguesa”, ao qual a IACA se

oficial que contou, entre outras entidades,

associou, desejando que este caminho possa

com a presença do embaixador da China

alavancar a tão desejada recuperação da

em Portugal, Cai Run, do Ministro da Agri-

suinicultura portuguesa e contribuir para

cultura, Florestas e Desenvolvimento Rural,

o fortalecimento das exportações agroali-

A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS

COMEMORAÇÕES DO CENTENÁRIO DA DIREÇÃO-GERAL DOS SERVIÇOS PECUÁRIOS Veterinária, em memória do legado realizará diversas iniciativas que visam assinalar a efeméride. Os eventos a realizar ao longo do ano de 2019 ilustrarão o percurso evolutivo dos Serviços Veterinários Oficiais, desde 1919, divulgando as actividades que fazem parte da sua história, realizadas com dedicação e empenho por todos os colaboradores que, nos dias de hoje dão continuidade à preparação das estratégias para alavancar o futuro. Em 2019, a Direção Geral de Alimentação e Veterinária celebra o Centenário da Direcção-Geral dos Serviços Pecuários. Instituída pelo Decreto n.º 5787-P de 10 de maio de 1919, teve atribuições nas áreas da Sanidade Animal, do Melhoramento Zootécnico e da Higiene dos produtos de origem animal, sob a tutela do Ministério da Agricultura. Ao longo dos tempos, estes serviços foram adquirindo por mérito próprio, um estatuto importante no desenvolvimento e evolução de diversos setores da agropecuária, mantendo as suas funções e ajustando a sua orgânica às competências que lhe foram sendo atribuídas, na sequência de diversas restruturações ministeriais. Decorridos 100 anos, é notório o alargamento e a amplitude das atribuições afetas aos serviços veterinários, consequência do reconhecimento do impacto da sua atividade para a sociedade e capacidade de adaptação às solicitações e expetativas face aos mais diversos desafios. A importância histórica deste Centenário determina que lhe seja concedido o merecido relevo, pelo que, a Direção-Geral de Alimentação e

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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL


ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS DAS EMPRESAS

A NUTRINOVA – NUTRIÇÃO ANIMAL, S.A. ALCANÇA A ACREDITAÇÃO DO SEU L A B O R ATÓ R I O P E LO REFERENCIAL NORMATIVO NP EN ISO/IEC 17025 Em Fevereiro de 2019 o Instituto Português de Acreditação – IPAC (organismo nacional de acreditação) concedeu ao Laboratório da Nutrinova, S.A. a Acreditação que reconhece a sua competência técnica e o funcionamento do seu Sistema de Gestão, de acordo com os requisitos gerais de competência para laboratórios de ensaio estabelecidos pelo referencial normativo NP EN ISO/IEC 17025, no âmbito alimentar e agroalimentar. O Certificado de Acreditação e o respetivo Anexo Técnico têm o número L0735. A Acreditação do Laboratório da Nutrinova, S.A. reforça a confiança nos resultados obtidos nos ensaios no âmbito da Acreditação, o reconhecimento de autoridades e a satisfação de Clientes, a nível nacional e internacional. O Laboratório da Nutrinova, S.A. realiza um conjunto abrangente de ensaios em diversos produtos para a alimentação animal. Os resultados permitem o controlo da Qualidade e de especificações técnicas, a avaliação nutricional e a determinação de contaminantes, substâncias indesejáveis e toxicológicas. Adicionalmente, dispõe de serviços de diagnóstico laboratorial por sorologia e bacteriologia. O Laboratório utiliza técnicas estatísticas no tratamento e análise dos resultados, empenhando-se também na comunicação e satisfação dos Clientes, nomeadamente na interpretação e esclarecimento dos resultados reportados. O Laboratório da Nutrinova, S.A. é constituído por uma Equipa dinâmica e multidisciplinar de Colaboradores com formação académica e qualificados para as funções que desempenham. O Sistema de Gestão implementado no Laboratório da Nutrinova, S.A. é uma das ferramentas de melhoria contínua associada à atividade da Nutrinova – Nutrição Animal, S.A. A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS DAS EMPRESAS

ZOOPAN PRESENTE NA EUROTIER tos internacionais, aumentámos em 50% a área relativamente a edições anteriores, numa exposição que também tem crescido e ocupou uma área total de 260 mil metros quadrados. A edição de 2018 contou com a presença de 2.586 expositores (1.517 dos quais internacionais, representando um total de 60 países). Durante a edição a Zoopan divulgou as novidades para 2019 como os adsorventes de micotoxinas, programas de nutrição, comA Zoopan esteve mais uma vez representada na Eurotier; foi a quarta presença consecutiva na maior feira Mundial dedicada a animais de produção. Foi o maior investimento de sempre da nossa organização em even-

diferenças esbatidas pelo interesse comum na melhoria continua através da partilha de experiências. Acabámos com o sentimento que contribuímos para o sucesso desta feira em que o número de visitantes chegou aos 154.948 (46.742 dos quais internacionais) representando 141 países.

plementos vitamínico-minerais em baldes e a nova gama de vitaminas liquidas. Foi também interessante notar que a maioria dos clientes internacionais da Zoopan esteve presente, proporcionando momentos de confraternização ímpares com culturas e

NOVOS AVANÇOS NA PESQUISA CCPA EM NUTRIÇÃO E IMUNIDADE A CCPA/DIN, Grupo CCPA Portugal, continua em crescimento no mercado da alimentação de aves de caça Com uma vasta experiência nos domínios da nutrição animal, a CCPA/DIN, Grupo CCPA Portugal, propõe, através da sua gama de alimentos para aves de caça, soluções naturais que promovem e asseguram o conforto digestivo das aves e uma formulação adaptada a cada estágio da sua vida, de modo a garantir um desenvolvimento muscular e uma qualidade de plumagem irrepreensíveis. O Premix utilizado na gama dos reprodutores favorece, pela sua granulometria adaptada, a assimilação de vitaminas e de oligoelementos para a melhoria das performances reprodutivas das aves (taxa de postura, eclosabilidade, viabilidade...) Assim, as aves de caça passam a beneficiar dos últimos avanços na pesquisa CCPA no campo da nutrição e da imunidade. E para melhor preparar o animal face a situações de stress ambiental presentes durante o período 52 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

de criação e no seu próprio habitat natural,

CONTEXTO

a alimentação fundamenta-se em normas nutricionais e em programas alimentares. Habilitar e estimular o organismo a lutar

contra essas situações de stress são os

objectivos principais. Para o efeito, o Grupo de certos marcadores de stress próprios mos o Estatuto Antioxidante (SAO), que traduz a capacidade do animal em lutar contra o stress. O gráfico 1 mostra-nos os diferentes fatores de stress em cativeiro e no meio natural:

Infeções Inflamações Vacinações

Ambiente

Activação do Sistema Imunitário

CCPA e a DIN têm trabalhado no controlo das aves de caça. Entre eles nós encontra-

Parasitas

Vírus Bactérias

S T RE S S

Transições Transporte Livres Mudança de ambiente Mudança de Temperatura e Humidade Radiações Moléculas Químicas

Radicais Livres…. Stress Oxidativo 0 2 . CH . H 2 O 2 . HCCL . NO

Gráfico 1

O Stress provocado liberta radicais livres que desencadeiam problemas de crescimento, de mortalidade e de plumagem.

Devido à sua formulação e ao conhecimento adquirido, a técnica permite reforçar o nível de antioxidantes no animal para os ajudar a combater mais eficazmente a presença de radicais livres sem lhes afetar a performance. O gráfico 2 apresenta a medição do Estatuto Antioxidante realizada em aves de caça, perdizes.(Controlo vs Formulação Grupo CCPA). Para mais informações consulte o seu nutricionista da DIN-Grupo CCPA.

Gráfico 2

A suplementação alimentar a partir da recria das aves permite modificar significativamente os parâmetros sanguíneos das aves e melhorar o Estatuto Antioxidante.


A MAPRICO E A GLOBALFEED ORGANIZARAM NOS PASSADOS DIAS 27 FEVEREIRO E 08 MARÇO, UMA VISITA / REUNIÃO TÉCNICA À FÁBRICA DE FOSFATOS DA GLOBALFEED, EM HUELVA. Realizou-se a apresentação dos participantes aos administradores e técnicos da GlobalFeed e iniciou-se uma visita pormenorizada ao laboratório, guiada pela responsável do mesmo, na qual foi apresentado todo o programa de controlo e análise desde a entrada de matérias-primas para produção, até ao produto acabado (fosfato dicálcico, monocálcico e cálcico-sódico). No laboratório visitou-se também a zona de armazenamento de amostras, na qual se encontram guardadas, por um período mínimo obrigatório de 3 anos, todas as amostras provenientes da produção e de todas as cargas expedidas. Visitou-se a zona de produção, na qual foi explicado todo o processo de fabrico dos diferentes produtos comercializados, terminando a visita à fábrica na zona de embalamento, stockagem e expedição. A visita da fábrica foi seguida por uma jornada técnica, onde a GlobalFeed quis focar e afirmar todo o seu “know how” como lideres na produção de fósforo digestível. Foram abordados nesta jornada técnica os seguintes temas:

1. FOSFATOS Conceitos gerais dos diversos tipos de fosfatos Tecnologia Globalphos. Estudos UPV - digestibilidades. D C P – Fosfato Dicálcico

A Maprico e a GlobalFeed agradecem a presença / participação de todos os convidados, esperando que tenha sido uma visita proveitosa, para o conhecimento técnico sobre a elaboração de uma matéria-prima de uso continuado e imprescindível na alimentação e bem-estar animal.

M C P – Fosfato Monocálcico SCP-SOCALPHOS - Fosfato de Cálcio-Sódico. 2. ADIBIO Empresa do grupo Tervalis que se dedica ao desenvolvimento de soluções para a produção animal livre de antibióticos (PLA) Produtos e programas de produção animal com certificação AENOR livre de antibióticos. 3. MUCOSOY 50 Mucosa hidrolisada de suíno. 4. FITASE FOSFATADA Foram apresentados todos os estudos e trabalho desenvolvido pelo grupo para a produção de uma fitase, que irá brevemente ser lançada no mercado.

A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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53


FICHA TÉCNICA ALIMENTAÇÃO ANIMAL Revista da Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais – IACA NIPC­‑ 500835411

TRIMESTRAL ­‑ ANO XXX Nº 107

AGENDA DE REUNIÕES DA IACA

Janeiro / Fevereiro / Março 2019

DIRETOR José Romão Braz

CONSELHO EDITORIAL E TÉCNICO Ana Monteiro Jaime Piçarra Pedro Folque Manuel Chaveiro Soares

COORDENAÇÃO Jaime Piçarra Serviços da IACA

ADMINISTRAÇÃO, SEDE DE REDAÇÃO E PUBLICIDADE (incluindo receção de publicidade, assinaturas, textos e fotos) IACA ­‑ Av. 5 de Outubro, 21 ­‑ 2º E 1050­‑047 LISBOA Tel. 21 351 17 70 Telefax 21 353 03 87

EMAIL iaca@iaca.pt

Data 17

• Assembleia Geral da Bolsa do Bovino

18

• Curso sobre Legislação Aplicável ao Setor dos Alimentos para Animais – Estação Zootécnica Nacional (Santarém)

23

• Reunião da Direção

24

• Reunião na Associada Cargill II - Nutrição Animal, S.A.

25

• Curso sobre Legislação Aplicável ao Setor dos Alimentos para Animais – Estação Zootécnica Nacional (Santarém)

30

• Presença da IACA na expedição de Carne de Porco para a China

Data

www.iaca.pt

• Curso sobre Legislação Aplicável ao Setor dos Alimentos para Animais – Estação Zootécnica Nacional (Santarém)

7

• Conferência USSEC/IACA sobre Mercados e Soja Sustentável

11

• Curso sobre Legislação Aplicável ao Setor dos Alimentos para Animais – Sessão extra na IACA

14

• Reunião GoEfluentes no INIAV (Polo de Santarém)

19 a 21

• Colégio dos Diretores Gerais da FEFAC – Bucareste • Reunião com a Presidência da UE – Bucareste • Workshop sobre Peste Suína Africana – Bucareste

21 e 22

• Reunião do FORO DERIO (Catalunha) – Espanha

EXECUÇÃO DA CAPA Eduarda Loureiro

EXECUÇÃO GRÁFICA Sersilito ­‑ Empresa Gráfica, Lda. Travessa Sá e Melo, 209 4471­‑909 Gueifães ­‑ Maia

PROPRIETÁRIO Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais ­‑ IACA Av. 5 de Outubro, 21 ­‑ 2º E 1050­‑047 Lisboa

DEPÓSITO LEGAL Nº 26599/89

REGISTO EXCLUÍDA DE REGISTO NOS TERMOS DO DISPOSTO NA ALÍNEA A) DO N.º 1 DO ART.º 12.º DO DECRETO REGULAMENTAR N.º 8/99, DE 9 DE JUNHO, REPUBLICADO PELO DECRETO REGULAMENTAR N.º 2/2009, DE 27 DE JANEIRO

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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

• Reunião com FIPA sobre a Reforma da PAC pós 2020

Data

MARÇO

1

• Grupo de Diálogo Civil e Culturas Arvenses da DGAGRI – Bruxelas • Reunião com DGAGRI sobre o Acordo UE/ EUA – Bruxelas • Plenário da SPMA – Secção de Pré-Misturas e Aditivos na IACA

7

• Reunião da CT37 na IACA • Reunião com DGAGRI sobre Balanço da Proteína na UE

EDITOR Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais – IACA

FEVEREIRO

1

22

SITE

JANEIRO

8

• Grupo de Diálogo Civil da DGAGRI sobre a Reforma da PAC – Bruxelas

13

• Reunião da Direção

14

• Deslocação a Huelva para Entrevista à Global Feed/Maprico

15 e 16

• X Jornadas Internacionais de Suinicultura na UTAD em Vila Real

18

• Reunião com Empresa de Assessoria de Comunicação

19

• Comité Pré-Misturas e Alimentos Minerais da FEFAC – Bruxelas

20

• Comité Nutrição Animal da FEFAC – Bruxelas

20 e 21

• Presença na FIGAN 2019 - Saragoça

21

• Assembleia Geral da FIPA

25

• Mesa Redonda sobre PEFMED na Alimentaria

27

• Formação sobre Normalização no IPQ • Reunião do Conselho Fiscal

28

• Reunião com Forum Estudante

De acordo com o RGPD, de 25/05/2018, a IACA reconhece e valoriza o direito à privacidade e proteção dos dados pessoais, pelo que conserva esses dados (nome e morada) exclusivamente para o envio da Revista “Alimentação Animal”, que nunca serão transmitidos ou utilizados para outros fins. A qualquer momento, poderá exercer o direito de retirar esse consentimento enviando-nos um e-mail para privacidade@iaca.pt


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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL


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