N.º 126 OUTUBRO A DEZEMBRO 2024 (TRIMESTRAL) ANO XXXIV 3€ (IVA INCLUÍDO)
XII JORNADAS DE ALIMENTAÇÃO ANIMAL
ESTRATÉGIAS NUTRICIONAIS PARA UMA PECUÁRIA MAIS SUSTENTÁVEL
A LI ME N TAÇÃO A N I M A L
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL EDITORIAL
ESTRATÉGIAS NUTRICIONAIS PARA A MELHORIA DA SUSTENTABILIDADE EM PRODUÇÃO ANIMAL No passado dia 21 de setembro, realizou-se, no Hotel Monte Real, em Leiria, as XII Jornadas de Alimentação Animal dedicadas ao tema “Estratégias nutricionais para a melhoria da sustentabilidade em produção animal", contaram com uma participação de cerca de 150 inscritos. A grande adesão reforça, uma vez mais, a importância dos temas discutidos e da dinâmica que estas Jornadas promovidas pela SPMA/IACA têm assumido ao longo da sua existência, sendo uma referência no nosso setor. São três as razões que nos levaram a optar pelo tema das nossas Jornadas: 1. Continuidade - em alinhamento com as anteriores Jornadas, temos como denominador comum o tema da Sustentabilidade. Nas anteriores Jornadas dedicamo-nos à Alimentação de Precisão, ao Green Feed e Inovação, ligando a Sustentabilidade à Eficiência Alimentar e Inovação. Mantemos, assim, uma linha de orientação dedicada às respostas e importância do setor da Alimentação Animal como uma importante parte da solução para os objetivos ambientais e também de resposta às necessidades alimentares de uma população mundial em crescente.
Rui Gabriel Diretor da SPMA
ÍNDICE 03 EDITORIAL 04 TEMA DE CAPA 06 JORNADAS SPMA 32 MERCADOS 34 OPINIÃO 36 INVESTIGAÇÃO 40 SPMA 44 FEEDINOV 50 NOTÍCIAS DAS 52 NOTÍCIAS EMPRESAS 54 AGENDA
2. Consistência - com a Carta de Sustentabilidade da FEFAC, assinada igualmente pela IACA, particularmente na Ambição 1 - contribuir para o clima neutral na emissão dos Gases com Efeito de Estufa (GEE) na produção animal e aquacultura através do Alimento, e na Ambição 2 - desenvolver Sistemas Alimentares Sustentáveis através da procura/incremento de recursos e da Eficiência dos Nutrientes. 3. Alinhamento - para dar corpo à nova brochura da FEFAC, apresentada este ano no Congresso da FEFAC em Ystad, na Suécia, que se destina à promoção junto das Autoridades, Parceiros e Sociedade em geral sobre o papel da Alimentação Animal ao reconhecer o potencial de estratégias nutricionais para a melhoria da sustentabilidade circular animal. Sobre a Sustentabilidade Circular e Liderança, podemos dar como exemplo o papel pioneiro da Indústria de Alimentação Animal onde mais de 70% dos seus nutrientes não são utilizáveis na Alimentação Humana. Na Europa, a Alimentação Animal utiliza mais de 62 milhões de toneladas de coprodutos (dados recolhidos apenas do setor dos industriais de alimentos para animais), as quais, de outra forma, não teriam qualquer tipo de aproveitamento, com custos ambientais e económicos para a sua eliminação. Apenas a título de curiosidade, para uma melhor compreensão da grandeza de valores, um dos grandes objetivos do Pacto Ecológico Europeu consiste em reduzir o desperdício alimentar em 50 %, ou seja, reduzir para metade os 59 milhões de toneladas de desperdício alimentar na Europa (correspondente a cerca de 131 kg por pessoa/ano). A Alimentação Animal, apenas no sector da produção de Alimentos Compostos, contribui para reciclar mais do que o total do desperdício alimentar na Europa. Este simples facto dá a dimensão da importância da Alimentação Animal no contributo das respostas para a causa da Sustentabilidade. A Alimentação Animal tem o potencial para dar respostas para os diferentes desafios que se colocam para todas as espécies e para os diferentes modelos de produção animal, quer sejam intensivos, extensivos, biológicos, entre outros, sendo que foram identificadas três categorias prioritárias: ambiente, saúde animal e bem-estar animal. Por estas razões, as Jornadas abordaram vários temas que justificam a importância da Alimentação Animal nos objetivos do Pacto Ecológico Europeu. Não obstante, as XII Jornadas de Alimentação Animal foram também, à semelhança das anteriores edições, um momento de homenagear personalidades que, por diferentes contributos, se destacaram no setor da Alimentação Animal. Desta forma, gostaríamos de parabenizar as personalidades homenageadas nas nossas XII Jornadas: • Eng. Cristina Sousa, pela sua carreira e anterior liderança da nossa Associação, e pelo importante contributo que deu ao setor enquanto Presidente. • Prof. Divanildo Monteiro, como personalidade relevante no setor da investigação e ensino da produção e alimentação animal, e como reconhecido mentor de uma nova geração que será o futuro da alimentação animal no nosso País. • Dr. José Manuel Costa, pela sua capacidade dialogante e pelo contributo exemplar de como se deve relacionar a administração pública com o setor que tutela. Por fim, as XII Jornadas só foram possíveis com o contributo de muitos, que desde já agradecemos: os participantes, patrocinadores, palestrantes e oradores, moderadores e a todo o staff da IACA que muito contribuíram para o sucesso da mesma. Os nossos maiores agradecimentos a Todos! Para o ano haverá mais, na celebração dos 30 anos da SPMA, confirmando que a Alimentação Animal continuará a fazer parte da solução! A LI ME N TAÇÃO A NI M A L
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL TEMA DE CAPA
XII JORNADAS DE ALIMENTAÇÃO ANIMAL N.º 126 OUTUBRO A DEZEMBRO 2024 (TRIMESTRAL) ANO XXXIV 3€ (IVA INCLUÍDO)
XII JORNADAS DE ALIMENTAÇÃO ANIMAL
ESTRATÉGIAS NUTRICIONAIS PARA UMA PECUÁRIA MAIS SUSTENTÁVEL
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A LIMEN TAÇÃO AN IM A L
No final das XII Jornadas de Alimentação Animal, com uma participação extraordinária de próximo de 150 pessoas, em jeito de balaço e conclusão, resumindo os diferentes temas apresentados – dentro da orientação “Estratégias Nutricionais para a melhoria da sustentabilidade em produção Animal” – creio que podemos ficar muito satisfeitos com os conteúdos apresentados: interessantes, enriquecedores, com bastantes novidades e extensões sobre a matéria que conhecemos em relação à alimentação animal. O primeiro tema, de Juan Pascoal: Sustentabilidade, mas, com perspectivas ou ângulos diferentes, convenceu-nos da importância da comunicação do setor para com o público em geral que é iludido com temas que misturam bem-estar animal, saúde e ambiente, assumindo a perceção de que a nossa alimentação é nefasta para o Planeta. A sua comunicação teve por base um livro que nos poderá ajudar a comunicar com o público em geral, e informa-nos, que somos omnívoros por ‘natureza’. Devíamos adquirir muitos desses livros, divulgá-los amplamente pela sociedade, especialmente aos professores que ensinam as crianças e jovens de forma muito tendenciosa por ter sido influenciado por uma imagem muito negativa da produção animal, muito longe da realidade. O consumo de produtos de origem animal, naturalmente de forma moderada, como acontece com qualquer alimento, é essencial a uma dieta saudável e equilibrada. A segunda palestra, de Marina Panheleux, levou-nos para os números reais do impacto da agricultura e pecuária no ambiente. A posição objetiva, com a alta eficiência obtida nos últimos anos na alimentação animal, tem permitido alimentar uma população em crescimento, e com as melhorias que se conseguem, com inovação e tecnologia, podemos contribuir para a redução das emissões, em vez de as aumentar. A terminar a parte da manhã, Lola Herrera, falou-nos da relevância da soja como fonte de proteína, da sustentabilidade e na redução da pegada ambiental, com a utilização da soja proveniente dos EUA. A contribuição de Lode Nollet levou-nos para a eficácia do uso de fósforo, e também do cálcio na alimentação animal: não só na tentativa de baixar os níveis para reduzir a poluição, com ou sem uso da enzima fitase, mas, chegar aos níveis corretos para que a produtividade e o bem-estar animal não sejam afetados, pois estes macro-minerais em excesso são negativos para a apetência e são poluentes, mas a sua deficiência influência o desenvolvimento dos ossos, crescimento, cérebro e equilíbrios gerais nos organismos. Por sua vez, Rita Costa abordou o conceito da proteína ideal, diferente para os vários tipos de animais e seus vários estados de vida com demonstração pormenorizada de cálculos e equilíbrios, reforçando
a importância de evitar a poluição, por excessos, mas, ao mesmo tempo, que as necessidades estejam cobertas para um máximo de rentabilidade assim como, para evitar desperdício devido aos desequilíbrios. É possível baixar bastante o nível de proteína total na formulação pois já temos 8 aminoácidos sintéticos que permitem que formulamos com os rácios perfeitos relacionados com cada animal, cada raça e de cada fase da sua vida. Jordi Rafael Array falou-nos da qualidade das rações, o seu fabrico e ingredientes; matérias-primas com manipulações erradas (queimadas, húmidas, fungos e toxinas, etc.) assim como moendas, pesagens, equipamentos que não funcionam de forma correta ou com manipulação errada, conduzem-nos a uma produção de alimentos ‘com defeitos’ ou não conformes, o que afeta negativamente a rentabilidade ou produtividade dos animais. É indispensável efetuarmos um controle regular e adequado da Qualidade para garantirmos a sustentabilidade. Lilian Leloutre, apresentou-nos informações, instrumentos, progressos, novidades sobre as possibilidades da redução de metano em ruminantes, com perspetivas muito positivas neste tema bastante complexo, com múltiplos fatores a ter em conta. A emissão de metano dos animais é indispensável na química do animal para a produção de leite em especial (mas também nos bovinos de carne), pois são animais que têm a possibilidade de transformar celulose, absolutamente indigesto para o ser humano, em proteína de alta qualidade. A ciência, os progressos técnico-científicos têm sido enormes em tão pouco tempo, demostrando que a alimentação animal, a genética e a pecuária, são setores dinâmicos e que podem contribuir para responder às questões de disponibilidade de alimentos de origem animal (segurança alimentar), que tenderão a crescer com o aumento da população mundial, assegurando uma Planeta com mais saúde e mais sustentável. Com a realização das XII Jornadas de Alimentação Animal, concluímos que o Setor da Alimentação Animal tem vindo a responder aos atuais desafios da Sociedade, com esforços redobrados, e em todos os seus subsetores, apostando na sustentabilidade como pilar estratégico do seu desenvolvimento, com o recurso à ciência, à tecnologia, à alimentação de precisão, à inovação e investigação. Ficou igualmente demonstrado que, ao contribuir para uma melhor saúde e bem-estar animal, para a redução das emissões e rentabilidade das produções animais, o setor é já hoje reconhecido como parte da solução. Ingrid Van Dorpe Presidente da SPMA
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL JORNADAS SPMA
Monte Real – Hotel Termas SPA Rua de Leiria, Monte Real, Leiria 2425-039 Portugal
PROGRAMA 9:30 h
Receção dos participantes e welcome drink Sessão de Abertura
10:00 h PROGRAMA José Romão Braz, IACA, Rui Gabriel, SPMA e hArnaud 16:30 DebateBouxin, FEFAC 09:30 h Receção dos participantes e welcome drink
1º Painel – Divanildo Monteiro 17:00 (UTAD), h Sessãomoderador de Encerramento Sessão de Abertura Ingrid Van Dorpe, SPMA e Jaime Piçarra, IACA O contributo sustentável e livre de desflorestação José Braz, IACA, da Rui soja Gabriel, SPMA 10:15 h Romão Herrera, e ArnaudLola Bouxin, FEFAC USSEC
10:00 h
da Sustentabilidade 1º Painel – Divanildo Monteiro (UTAD), moderador 10:45 h Sustentabilidade Juan Pascual, Elanco Animal Health
10:15 h
PATROCINADOR PLATINA PATROCINADORPLATINA PLATINA PATROCINADOR
PATROCINADORES OURO PATROCINADORES OURO PATROCINADORES OURO
O contributo da soja sustentável e livre de PATROCINADORES OURO PATROCINADOR PATROCINADOR PLATINA Avaliação do impacto ambiental na formulação de alimentosPLATINA para animaisPATROCINADORES - EstratégiasOURO desflorestação PATROCINADORES OURO PATROCINADOR PLATINA 11:15 h de melhoria Lola Herrera, USSEC
Marina Panheleux, DIN
10:45 h
Sustentabilidade da Sustentabilidade 11:45 h Pascual, Debate Juan Elanco Animal Health
h Homenagens 11:15 h12:15 Avaliação do impacto ambiental SPMAna formulação de alimentos para animais - Estratégias de melhoria 12:45 h Panheleux, Almoço DIN Marina 11:45 h
Debate
PATROCINADORES PRATA PATROCINADORES PRATA 2º Painel – José Manuel Costa (DGAV), moderador PATROCINADORES PRATA PATROCINADORES PRATA 12:15 h Homenagens SPMA PATROCINADORES PRATA PATROCINADORES PRATA h Redução da excreção de Fósforo: como equilibrar com a performance? 12:4514:30 h Almoço Lode Nollet, Huvepharma
2º Painel – José Manuel Costade (DGAV), moderador Conceito Proteína ideal, um contributo da formulação para a sustentabilidade
15:00 h
14:30 h
Rita Costa, TNA
Redução da excreção de Fósforo: como equilibrar com Controlo de Qualidade - ferramenta importante para a sustentabilidade da produção a performance? 15:30 h Nollet, animal Lode Huvepharma MEDIA PARTNER COLABORAÇÃO MEDIA PARTNER COLABORAÇÃO
Jordi Rafael Arrey, Eurocereal
MEDIA PARTNER
COLABORAÇÃO
MEDIA COLABORAÇÃO Conceito de Proteína ideal, um contributo da MEDIA PARTNER COLABORAÇÃO O alimento, a principal forma para reduzir as emissões de metano em ruminantes PARTNER formulação para a sustentabilidade 16:00 h MEDIA PARTNER COLABORAÇÃO Lilian Rita Costa, TNALeloutre, Vetalmex
15:00 h
h Debate 15:3016:30 h Controlo de Qualidade - ferramenta importante para a sustentabilidade da produção animal Sessão Encerramento Jordi Arrey,de Eurocereal 17:00 h Rafael
Ingrid Van Dorpe, SPMA e Jaime Piçarra, IACA
16:00 h
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O alimento, a principal forma para reduzir as emissões de metano em ruminantes Lilian Leloutre, Vetalmex
ALIMEN TAÇÃO AN IM A L
A FEFAC E A INDÚSTRIA EUROPEIA DE ALIMENTOS COMPOSTOS E DE PRÉ-MISTURAS
Arnaud Bouxin Diretor para os Assuntos Regulatórios e Segurança da Alimentação Animal
Para quem não sabe o que é a FEFAC, somos a Federação Europeia dos fabricantes de alimentos compostos para animais e pré-misturas para utilização em animais produtores de alimentos. As pessoas que operam no setor dos alimentos compostos para animais sabem como é poderosa a ciência da nutrição animal e como a conceção de uma dieta, os seus constituintes, o seu valor nutricional, o seu processamento e a forma como os alimentos compostos são distribuídos a um animal podem ter um impacto significativo no seu estado de saúde, no seu bem-estar e também no seu impacto no ambiente. Algumas destas soluções foram desenvolvidas há muito tempo e estão bem implementadas: é o caso, por exemplo, da utilização da fitase, uma enzima que melhora a digestibilidade do fósforo contido nos ingredientes vegetais para alimentos compostos para animais. A adição de fitase numa dieta permite reduzir a quantidade de fósforo necessária nas dietas para satisfazer as necessidades dos animais e, em última análise, reduzir significativamente a quantidade de fósforo rejeitada no ambiente. Atualmente, as emissões de fósforo no ambiente provenientes do gado são, geralmente, consideradas controláveis, graças à fitase. Algumas destas técnicas de alimentação foram oficialmente reconhecidas pela sua eficiência no quadro regulatório. Por exemplo, a utilização de aminoácidos livres e a alimentação faseada para minimizar as emissões de azoto por suínos e aves encontram-se entre as melhores técnicas disponíveis listadas na Diretiva de Emissões Industriais da UE. A legislação sobre Alimentos compostos para animais destinados a Fins Nutricionais Especiais (os chamados PARNUTS) também reconhece que os animais podem enfrentar situações em que o seu processo de assimilação, absorção ou metabolismo é temporária ou irreversivelmente prejudicado e podem, portanto, beneficiar da ingestão de alimentos compostos adequados à sua condição. Um exemplo típico é a alimentação dietética para lidar com o risco de febre do leite em vacas leiteiras. No que diz respeito à saúde animal e, mais especificamente, à saúde intestinal, o relatório RONAFA publicado conjuntamente pela EFSA e pela EMA em 2016 identifica uma série de estratégias para reduzir a necessidade de tratamento antimicrobiano, em particular, técnicas de alimentação que ajudam os animais a enfrentarem um desafio patogénico. Um exemplo típico é a redução da quantidade de proteínas nas dietas dos leitões. Atualmente, o desenvolvimento de ferramentas digitais oferece possibilidades fantásticas para adaptar a dieta dos animais às suas necessidades fisiológicas: a alimentação de precisão pode realmente
representar um avanço no caminho para uma maior sustentabilidade. Um exemplo disto é o controlo por uma câmara da distribuição de alimentos compostos aos peixes para se adaptar ao seu consumo e evitar o lançamento de resíduos no meio aquático. Não fingimos, no entanto, que a nutrição animal pode oferecer soluções a todos os desafios e pode ser uma solução por si só: a pecuária é uma alquimia subtil entre ciências zootécnicas como a nutrição, a saúde animal e a criação de animais, a estrutura das explorações, o sistema de produção e por último mas não menos importante, as competências dos agricultores. A realidade atual é que o nível de sensibilização para o potencial das técnicas de alimentação continua a ser muito limitado e o nível de adoção destas soluções pelos agricultores não é o ideal: o potencial das técnicas de alimentação avançadas para reduzir o impacto ambiental da produção e utilização de alimentos compostos para animais ou para a manutenção do estado de saúde e a melhoria do bem-estar do gado e dos animais de aquacultura carece de visibilidade e estas soluções continuam, consequentemente, a ser subestimadas. Um exemplo disto é o nível de adoção das intervenções dietéticas na conceção dos Planos Estratégicos Nacionais da PAC pelos Estados-Membros em 2023: dos 27 Estados-Membros, apenas Portugal e a Bélgica (região da Flandres) tornaram elegíveis para apoio da PAC determinadas soluções de nutrição animal para melhorar a eficiência dos alimentos compostos e reduzir as emissões de metano entérico. Este é o motivo pelo qual, enquanto FEFAC, tomámos a iniciativa de lançar a nossa própria ferramenta de comunicação para promover ainda mais técnicas avançadas de alimentação e mostrar a sua potencial eficácia e informar sobre as condições de utilização. Mas queremos igualmente disponibilizar informações factuais sobre possíveis restrições devido a logística ou legislação, usabilidade nos diferentes sistemas agrícolas, impacto económico, etc. É por isso que estamos a disponibilizar publicamente, no site da FEFAC, um conjunto de fichas informativas que apresentam estratégias práticas de alimentação. Acreditamos firmemente que um melhor acesso à informação sobre a eficácia das intervenções dietéticas para enfrentar os desafios ambientais, de saúde e bem-estar animal convencerá as autoridades nacionais de que o aumento da sustentabilidade da produção pecuária gira em torno de mais do que discussões sobre o número de animais e incentivá-las-á a investirem em técnicas de alimentação para estimular a sua adoção pelos agricultores. A L I ME N TAÇÃO A N I M A L
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL JORNADAS SPMA
OBRIGADO IACA! Decorreram a 21 de setembro de 2023 em Monte
de culturas, que pode criar um sistema mais
Real, Leiria, as XII Jornadas de Alimentação Animal,
eficiente e sustentável, onde os resíduos de
organizadas pela SPMA da IACA e subordinadas ao
uma atividade servem como inputs para outra;
tema “Estratégias Nutricionais para melhoria da
• Assegurar a monitorização e ajuste continuo
sustentabilidade em Produção animal”. Na realidade a melhoria da sustentabilidade em produção animal é um tema complexo e multidimensional, envolvendo aspetos ambientais, económicos José Manuel Costa Chefe de Divisão de Alimentação Animal Divisão de Alimentação Animal / Direção de Serviços de Nutrição e Alimentação
e sociais. As estratégias nutricionais desempenham um papel crucial nesse contexto, pois a alimentação dos animais de produção é um dos principais fatores que influenciam tanto a eficiência produtiva quanto o impacto ambiental da agropecuária. Neste contexto
mais, permitindo ajustes oportunos na dieta para maximizar a eficiência e minimizar o impacto ambiental; • Investir em educação e formação dos produtores e técnicos em nutrição animal para garantir a implementação eficaz destas estratégias. Convidado para participar no evento, e enquanto
das de forma integrada e adaptadas às condições
moderador do 2º painel, tive a oportunidade de
locais para poderem contribuir significativamente
ouvir e debater os insights de especialistas em
para tornar a produção animal mais sustentável, e
assuntos relacionados com a importância da mode-
que devem incluir, entre outras:
lação de alguns nutrientes na dieta dos animais,
da dieta para atender às necessidades específicas dos animais em função das espécies e fases de desenvolvimento visadas e que permitem o aumento da eficiência alimentar, e a redução do desperdício de recursos; • Uso de alimentos alternativos como o caso de coprodutos e derivados da agroindústria como fontes nutricionais em alimentação animal, que de outra forma seriam desperdiçados, permitindo não só reduzir o custo da alimentação, mas também minimizar o desperdício de recursos; • Melhoria da digestibilidade mediante o recurso a aditivos destinados à alimentação animal devidamente autorizados para melhorar a digestibilidade dos alimentos e a eficiência da conversão alimentar; • Promoção da redução das emissões de gases de efeito de estufa, adotando práticas de alimentação que reduzam a produção de metano entérico em ruminantes, como ajustar a proporção de fibras e concentrados na dieta ou usar aditivos autorizados cientificamente comprovados como inibidores da formação de metano;
tais como o fósforo e a proteína, a importância do controlo de qualidade e o papel do próprio alimento, enquanto fatores de relevância que contribuem significativamente para tornar a produção animal mais sustentável. O encontro pautou-se ainda por um momento de homenagem a três profissionais, cuja carreira na área da alimentação animal foi reconhecida. Partilhando esse tributo, foi com uma surpresa imensa e um sentimento profundo de gratidão que recebi a homenagem pelo trabalho que tenho vindo a dedicar ao setor da alimentação e nutrição animal, o qual iniciei em 1989 no Laboratório Nacional de Investigação Veterinária, mediante a avaliação químico-toxicológica dos alimentos para animais com responsabilidade na execução e gestão do processamento laboratorial das amostras recolhidas no âmbito do controlo oficial nacional dos alimentos para animais e, desde 2004, na respetiva área regulamentar, enquanto Chefe de Divisão de Alimentação Animal da atual Direção Geral de Alimentação e Veterinária. Este reconhecimento foi uma surpresa maravilhosa que ultrapassa todas as minhas expectativas pessoais e profissionais. Cada desafio que enfrentei e cada
• Adequação do maneio das pastagens através
sucesso que alcancei ao longo dos anos adquire
da Implementação de práticas que promovam
agora um significado ainda mais especial com esta
a sustentabilidade das pastagens, como o pas-
distinção. É um privilégio ter tido a oportunidade
toreio rotativo, que pode melhorar a saúde do
de contribuir para um setor tão essencial, e este
solo e a eficiência da produção de forragem;
A LIMEN TAÇÃO AN IM A L
de avaliação da saúde e o desempenho dos ani-
diversas áreas podem ser desenvolvidas e combina-
• Otimização da dieta com o ajuste da composição
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da produção pecuária, utilizando mecanismos
momento reforça a minha dedicação e entrega a
• Viabilização da integração dos sistemas de
esta área. Agradeço de coração por este reconhe-
produção, designadamente a produção animal
cimento, que guardarei como um marco precioso
com outras atividades agrícolas, como o cultivo
na minha carreira.
AGRADECIMENTO O tempo é mesmo um bem escasso, que se nos
Num tempo difícil, em que nos consideramos, muitas
escapa sem que, na maioria das vezes, tenhamos
vezes, incompreendidos, pouco valorizados, quase des-
real noção desse facto!....
cartados é bom receber gestos de apreço como o vosso.
Era minha intenção reflectir sobre o que me fizeram
O texto longo, suportado, que pudesse e devesse
e escrever um texto em que evidenciasse a surpresa,
fazer juz ao vosso gesto e ao meu sentimento tarda
o gosto, a honra que foi para mim receber da IACA,
e perderá oportunidade! Assim, fica esta nota de
aquela Homenagem. Homenagem que agradeço Divanildo Outor Monteiro
muito. Obrigado.
grande agradecimento. OBRIGADO.
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL JORNADAS SPMA
PROTOCOLO DE GARANTIA DA SUSTENTABILIDADE DA SOJA NOS EUA
A produção de soja dos EUA baseia-se num sistema nacional de leis e Lola Herrera
regulamentos de sustentabilidade e conservação, combinado com a imple-
USSEC
mentação cuidadosa das melhores práticas de produção pelas 303.191 fazendas de soja do país. Além disso, a maioria dos produtores de soja dos EUA participa de programas voluntários de sustentabilidade e conservação certificados e auditados. O Protocolo de Garantia de Sustentabilidade da Soja dos EUA (SSAP) é uma abordagem agregada auditada por terceiros que verifica a produção de soja sustentável em escala nacional. A abordagem dos EUA é quantificável e orientada para resultados, com verificação internacional de balanço de massa disponível. O Protocolo de Garantia de Sustentabilidade da Soja dos EUA descreve os regulamentos, processos e práticas de gestão que garantem a produção sustentável de soja. Esse Protocolo de Garantia de Sustentabilidade é uma parte do programa geral de sustentabilidade dos produtores de soja dos EUA. Estes processos e práticas dos agricultores dos EUA contribuem para
Delivers Solutions
O PROTOCOLO DE GARANTIA DE SUSTENTABILIDADE DA SOJA DOS EUA 1. Biodiversidade e Produção de Stocks com Elevado Teor de Carbono Medidas de Controlo e Regulamentos 1.1 Utilização dos Solos, Habitats Sensíveis e Biodiversidade
OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
O Protocolo de Garantia de Sustentabilidade da Soja dos EUA (SSAP) é uma forma de os agricultores dos EUA demonstrarem o seu compromisso com a sustentabilidade e a melhoria contínua.
2. Práticas de Produção Medidas de Controlo e Regulamentos 2.1 Saúde e Produtividade do Solo 2.2 Saúde das Culturas e Melhores Práticas de Gestão Agrícola 2.3 Resíduos e Poluição 2.4 Emissões de Gases com Efeito de Estufa, Utilização de Combustíveis Fósseis e Qualidade do Ar 3. Saúde e Bem-Estar do Público e dos Trabalhadores Medidas de Controlo e Regulamentos 3.1 Qualidade e Quantidade da água
O Protocolo de Garantia de Sustentabilidade da Soja dos EUA (SSAP) foi objeto de uma avaliação comparativa positiva com as Diretrizes de Fornecimento de Soja da FEFAC de Soja 2021 da European Feed Manufacturers’ Federation’s (FEFAC) através da ferramenta de referência personalizada e independente em: standardsmap.org/FEFAC.
3.2 Proteção das Plantas e Gestão dos Nutrientes 3.3 Condições de Trabalho e Relações Laborais 3.4 Segurança Pública e dos Trabalhadores 3.5 Relações com a Comunidade
Sustainability delivered. We are producing more while using less to help people and the planet.
4. Melhoria Contínua das Práticas de Produção e da Proteção do Ambiente Medidas de Controlo e Regulamentos 4.1 Melhoria contínua
USSEC.org/USSoySustainability
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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
A análise de fontes de dados publicamente disponíveis à escala nacional indica que, entre 1980 e 2015, os agricultores dos EUA aumentaram a produção de soja em 120%, ao mesmo tempo que diminuíram a energia utilizada na produção por alqueire em 35%. 110
a melhoria dos resultados de sustentabilidade ambiental, social e
todos os países do mundo como estratégias para “melhorar a
económica ao longo do tempo. Esses resultados com base cien-
saúde e a educação, reduzir a desigualdade e estimular o cresci-
tífica para a produção de soja dos EUA estão incluídos em Field
mento económico”, ao mesmo tempo que abordam as alterações
to Market: Relatório de Indicadores Nacionais da Aliança para a
climáticas e preservam os oceanos e as florestas. Estes objetivos
Agricultura Sustentável e é atualizado a cada cinco anos. O SSAP
ambiciosos proporcionam um enquadramento para que governos,
está organizado em quatro diretivas e onze categorias de impacto.
empresas, Organizações Não Governamentais (ONG), universidades
As categorias de impacto estão alinhadas com os oito indicadores
e instituições financeiras colaborem e apoiem áreas prioritárias
ambientais que a Field to Market relata como indicadores críticos
de melhoria. As ações dos produtores associadas ao SSAP apoiam
da agricultura sustentável.
muitos dos ODS, mas especialmente o ODS 2.4 – Produção Sus-
Os 17 Objetivos Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações
tentável de Alimentos e Práticas Agrícolas Resilientes. O Apêndice
Unidas, adotados em 2015, são o cerne da Agenda 2030 para o
1 mostra que muitos dos Critérios de Conformidade da Categoria
Desenvolvimento Sustentável e representam “um projeto comum
de Impacto do SSAP se alinham com múltiplas metas nos ODS.
de paz e prosperidade para as pessoas e o planeta, agora e no
Da mesma forma, muitos desses critérios alinham-se com outros
futuro”. Os ODS foram desenvolvidos como um apelo à ação para
padrões internacionais de sustentabilidade agrícola.
17269_anuncio_205x228.pdf
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30/05/23
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL JORNADAS SPMA
AS RAZÕES PORQUE A PECUÁRIA TORNA O MUNDO NUM LUGAR MELHOR
Juan Pascual Vice-Presidente da Elanco para Ibéria, França e Itália
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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
O governo irlandês está a equacionar abater 200 mil vacas para combater as alterações climáticas. Pelo mesmo motivo, as empresas municipais de Edimburgo, Grenoble ou Nova Iorque limitam o consumo de carne servida nas escolas públicas destas cidades. Estes são apenas alguns exemplos – lamentavelmente, existem muitos mais, – de como a classe política – dos mais diversos partidos – atua, sem se entregar a outra coisa senão aos mais alarmistas títulos da imprensa e, claro, sem consultar os cientistas, numa questão tão complexa como o aquecimento global e as implicações que a pecuária pode ter relativamente ao mesmo. Como chegámos aqui? Sem dúvida, devemos reconhecer o mundo animalista que soube colocar a discussão no seu campo de jogo. Segundo os seus porta-vozes, o gado é o maior responsável pela emissão de gases com efeito de estufa (GEE) e, como tal, qualquer coisa que não seja a eliminação da pecuária é não querer realmente resolver o problema. Infelizmente, basta fazer uma pesquisa no Google para encontrar centenas de notícias, nos mais diversos meios de comunicação, que acusam a pecuária de todos os males imagináveis: desde as próprias alterações climáticas ao aparecimento de pandemias, passando por acusar a carne de ser uma das principais causas do cancro. Todas mensagens que, pela sua frequência e porque a maioria de nós se informa a partir de títulos e conteúdos breves que, sem irem à raiz das questões, criam opinião. Mark Twain dizia que é mais fácil enganar alguém do que convencê-lo de que foi enganado. Estamos, portanto, perante uma sociedade que, embora aprecie a carne, os produtos lácteos e os ovos – o consumo continua a aumentar – , olha de soslaio para a pecuária, julga duramente a dimensão das explorações ou desqualifica pura e simplesmente a produção animal nos manuais escolares. O que fazer perante tal avalanche? Ao educar e influenciar, cada um de nós pode ser porta-voz dos muitos contributos positivos que a pecuária dá à nossa saúde, ao ambiente, à segurança alimentar e à justiça social. Não fugir ao diálogo, mas fazê-lo com rigor, educação e, sim, muita paciência. Temos duas vantagens: por um lado, a maioria das pessoas respeita a agricultura e aprecia os produtos de origem animal, não estão em posições extremas. Por outro lado, temos uma verdadeira enxurrada de dados científicos que, bem explicados, desmontam a perceção negativa que existe sobre o mundo da pecuária em grande parte da sociedade. Pois bem, analisemos alguns dos contributos essenciais dos animais destinados à alimentação humana para a nossa sociedade:
Saúde:
Os produtos de origem animal, como a carne ou o peixe, são essenciais para uma dieta saudável. Prescindir deles equivale a ter de completar a alimentação com suplementos. Existem muitos nutrientes que estão ausentes dos vegetais ou que não estão presentes nos mesmos numa forma química que possamos absorver. Temos, assim, as vitaminas B12, a vitamina A ou a vitamina D (que nem toda a população consegue metabolizar a partir da sua forma vegetal) ou minerais como o ferro ou o zinco, que são muito difíceis de obter a partir de frutas e vegetais, como também acontece com o cálcio. Em 6 g de fígado bovino, uma criança de 2 anos obterá a sua dose diária com todas as vitaminas A, B12, cálcio, ferro e zinco necessários e com apenas 9 calorias. Para fornecer apenas alguns desses nutrientes à base de espinafres, precisaríamos de 280 gramas com 66 calorias. Pensem no que uma criança come primeiro. Não é por acaso que existem hoje mais de 12 instituições médicas de prestígio, como a Real Academia de Medicina da Bélgica ou as sociedades pediátricas suíça, espanhola ou francesa, que se posicionam firmemente e desaconselham as dietas veganas, especialmente para crianças, adolescentes e mulheres em idade fértil. A última a juntar-se a este coro foi a sociedade espanhola de ginecologia
Segundo a UNICEF, 30% das mulheres em idade fértil têm deficiência de ferro (600 milhões de pessoas). Nas nossas latitudes, cerca de 15%. Desnutridas e esquecidas. UNICEF 2023.
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De acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza, a principal causa dos microplásticos no mar são as peças de vestuário sintéticas e as fibras que são despejadas na lavagem. Trinta e quatro por cento do total
De acordo com o GBD, não consumir produtos lácteos suficientes é o nono fator de risco para sofrer de cancro. Fonte: The global burden of cancer attributable to risk factors, 2010–19: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2019 www.thelancet. com Vol 400 August 20, 2022
e obstetrícia, alarmada com o aumento dos casos de anemia entre as mulheres que optam por este tipo de dietas. É também importante referir que, de acordo com o Global Burden of Diseases (GBD), um grupo de 3.600 médicos de mais de 145 países que trabalham para a OMS, o consumo insuficiente de laticínios é a 9ª causa de cancro. Sem esquecer, também, que numerosos medicamentos, como muitas vacinas, são produzidos graças a culturas de vírus em ovos de galinha ou que a heparina – um anticoagulante que salva 100 milhões de vidas todos os anos – é obtida de porcos.
Ecologia:
O gado recicla. De acordo com dados da FAO, 86% do que os animais de produção no mundo comem são pastagens ou resíduos de plantas de várias indústrias que não podemos consumir: o que sobra da beterraba após a extração do açúcar, ou das sementes de girassol após a extração do óleo, ou as cascas de moluscos da indústria conserveira, ou das sementes de algodão, ou os restos do malte uma vez terminado o processo de produção da cerveja. Estes são apenas alguns exemplos de resíduos inúteis e potencialmente poluentes que a pecuária consegue transformar em produtos nutritivos de alta qualidade. É importante salientar que 50% dos fertilizantes utilizados no planeta são à base de estrume animal. Sem eles, teríamos de construir centenas de fábricas de síntese química de nitrogénio, o que, por si só, seria alta-
De acordo com documentos da FAO, 50% dos fertilizantes utilizados no planeta são à base de estrume.
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mente poluente. Sem esquecer também que, em zonas pobres, o estrume ainda é utilizado como material de construção ou como aquecimento. No ano passado, mais de 400 mil hectares de florestas arderam na Europa. Quando o gado limpa a floresta, o número de incêndios diminui e, se ocorrerem, são menos graves. Outro contributo dos animais, geralmente, desconsiderado nas nossas latitudes, mas que se repete em áreas como a Califórnia, onde rebanhos de cabras e ovelhas são alugados para pastar e reduzir a biomassa inflamável nas suas áreas florestais. Outra forma através da qual a pecuária protege a biodiversidade é demonstrada pela piscicultura. A proteína animal mais consumida no mundo é o peixe. Atualmente, comemos mais peixes de piscicultura do que de captura selvagem. Esta é uma ótima notícia porque significa que a piscicultura evita o esgotamento dos mares. Entre os muitos produtos que os animais nos fornecem, estão as fibras que nos permitem confecionar peças de vestuário: lã, seda ou couro apresentam vantagens ecológicas, muitas vezes, desconhecidas. Conforme documentado pela União Internacional para a Conservação da Natureza, a primeira causa da presença de microplásticos nos mares reside nas fibras que são eliminadas a partir do vestuário confecionado com fibras sintéticas (lycra, nylon, etc.). Já entre as fibras vegetais, a mais utilizada é o algodão, que consome 12% do total de inseticidas utilizados no planeta. As fibras animais, por sua vez, são limpas, ecológicas, e vestir-se com elas é como vestir-se com energia solar. Além dos medicamentos, os produtos de origem animal estão presentes numa infinidade dos produtos mais inesperados: desde adesivos a cosméticos, passando por porcelanas ou líquido para travões, nada é desperdiçado dos animais e, sem a ajuda deles, estes produtos teriam de ser fabricados a partir de outros materiais, e teriam de se criar novas indústrias para os produzir, o que, sem dúvida, seria altamente poluente.
Segurança alimentar:
Se o planeta fosse do tamanho de uma folha de papel, a quantidade de terras disponíveis para a atividade agrícola representaria uma área equivalente a um cartão de visita, já que grandes áreas da Terra não suportam nenhum tipo de atividade como a Antártida ou o Saara. Mas as terras agrícolas não são, de forma alguma, todas as terras aráveis. Desse cartão de visita, apenas um terço pode ser cultivado. Dos dois terços restantes só podemos extrair algo de valor graças à pecuária. Regiões como o norte de África, a Ásia Central, os Açores ou as zonas montanhosas, com terrenos pobres ou climas extremos, não permitem obter nada de valor da terra sem a ajuda dos animais. E isto é fundamental para milhares de milhões de pessoas que encontram nos seus rebanhos os principais aliados para transformar algumas ervas daninhas em carne ou leite que as alimentam e às suas famílias.
Com a perspetiva de viver num dos países mais desenvolvidos do mundo, é fácil esquecer que, em muitas regiões, a presença de tratores ou máquinas agrícolas ainda é uma raridade. E convém lembrar que, nessas latitudes, é muito importante o papel desempenhado pelos bois ou equídeos na lavoura dos campos. Graças à sua força motriz, obtêm-se colheitas que, sem a sua ajuda, não seriam obtidas e levariam os seus habitantes à fome.
Sociedade:
Por mais incrível que possa parecer, em grandes áreas do planeta, as mulheres não estão autorizadas a possuir terras. No entanto, estão autorizadas a possuir gado. E são essas poucas cabras ou galinhas que lhes permitem iniciar uma atividade económica que, segundo nume-
rosos relatos, as ajudam a aumentar a sua autoestima e também a sua posição económica que, na grande maioria dos casos, investirão na melhoria da condição nutricional e educativa das suas próprias famílias. A pecuária contribui, assim, para gerar um círculo virtuoso que é fundamental para tirar milhões de famílias da pobreza. E termino estes exemplos com algo muito simples, mas, ao mesmo tempo, muito significativo. Existem milhões de pessoas no planeta que desfrutam da companhia dos seus animais de estimação. Cães e gatos estão presentes em metade dos lares, fazendo com que os seus donos tenham uma vida mais feliz, com a sua companhia e amizade. Pois bem, os nossos melhores amigos precisam de carne – ou peixe – para viver. Para eles, a pecuária também é essencial, pois sem ela não poderiam viver. Espero que estes exemplos – existem muitos mais – sirvam para uma conversa produtiva com qualquer pessoa que tenha dúvidas sobre os contributos da pecuária para a nossa sociedade. Cabe a cada um de nós educar-nos e esta função de apostolado no nosso contexto. Cabe-nos a nós mudar o estado de espírito, ninguém virá fazer esta mudança por nós. E se conseguirmos fazê-lo, a classe política, sem dúvida, agirá em conformidade. Convido-vos, portanto, a fazerem este exercício de formação e, se considerarem útil, convido-vos a lerem o livro que publiquei recentemente sobre este assunto no qual desenvolvo em profundidade estas e outras questões da nossa relação com os animais atualmente. O seu título é "Razões para ser omnívoro. Pela sua saúde e pela saúde do planeta." É um texto amplamente documentado que conta com mais de 400 referências bibliográficas. Mas, para além de um texto ou de outro, o que conta é documentar-se, agarrar o touro pelos cornos e falar muito sobre um trabalho nobre que dá um enorme contributo como é a pecuária.
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AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL DOS ALIMENTOS PARA ANIMAIS E ESTRATÉGIAS DE MELHORIA I Contexto:
Marina Panheleux Group Innovation Manager (DIN – CCPA Group)
A redução da pegada de carbono é uma questão crucial e altamente divulgada à escala global. Todos os setores de atividade estão em causa, e a agricultura não é exceção, representando o 2.º ou 3.º setor de emissões de gases com efeito de estufa (GEE) consoante o país (12% da produção de GEE em Portugal em 2020). Para além das controvérsias sobre os números, principalmente relacionadas com os perímetros de avaliação considerados nos cálculos das emissões, cada setor deve avaliar objetivamente o seu nível de emissões e as etapas de progresso acessíveis. Ao mesmo tempo, os riscos para a competitividade e a autossuficiência alimentar são critérios a considerar, porque a produção local é um desafio e uma solução para reduzir as emissões em benefício do clima. O quadro regulamentar está continuamente a ser ajustado no âmbito da política europeia do «Pacto Verde» e da sua versão «do prado ao prato» na agricultura e na alimentação, com compromissos para 2030 e 2050. Estão em curso discussões sobre alegações ambientais com o objetivo de evitar o greenwashing. A rotulagem ambiental dos alimentos é um dos temas de alto risco de muitas iniciativas locais de empresas privadas. Os compromissos voluntários em matéria de sustentabilidade estão a ganhar terreno em consonância com o objetivo da UE de atingir a neutralidade carbónica até 2050. Se quisermos aceitar o desafio de reduzir a pegada ambiental da produção animal, todo o setor pecuário tem de estar envolvido e unido: desde os fornecedores de matérias-primas, ingredientes e aditivos
até aos fabricantes de ração para animais, fábricas de lacticínios e matadouros e, claro, ao consumidor final. Temos de agir em conjunto. Existe uma grande variabilidade no nível de emissão e na origem dos GEE de um produto alimentar para outro (Kg CO2/Kg). As áreas a melhorar também variam consoante o produto (Figura 1). A nutrição animal (alimentação e uso da terra para produzir matérias-primas) é a primeira alavanca identificada nos monogástricos, enquanto a produção animal é a primeira área a ser trabalhada em ruminantes.
II Pontos fortes e fracos do quadro metodológico para avaliar a pegada ambiental dos alimentos: Avaliação de impacto baseada numa metodologia cientificamente reconhecida, mas complexa. Apesar da complexidade da questão, o quadro metodológico está a tornar-se mais claro, com recomendações de referência a nível europeu. As diretrizes são propostas no guia: “Avaliação e Desempenho Ambiental da Pecuária” (LEAP), estabelecido em 2016 e revisto em 2020 pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura). Com base neste guia, a União Europeia criou as PEFCR (Product Environmental Footprint Category Rules), que são regras propostas para o cálculo da pegada ecológica específica de cada setor de atividade, incluindo a nutrição animal. O método de cálculo, Life Cycle Assessment (LCA), considera diferentes indicadores (tabela 1) para avaliar a pegada ambiental global de todo um sistema
Figura 1: Percentagem relativa de fatores de emissão de gases com efeito de estufa ao longo da cadeia de valor para determinados produtos alimentares (One World in Data).
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de produção. Esta abordagem segundo critérios múltiplos permite identificar potenciais transferências de poluição. A realização de uma LCA requer a definição dos limites e unidades do estudo (por exemplo, emissões/kg de leite). 16 a 19 critérios são estudados nas bases de dados mais relevantes. Impact Category
Impact Factors and Associated Units
Impact on the environnement
Climate change (kg CO2 eq/tonne of product) Ozone depletion (kg CFC11 eq/tonne product) Eutrophication in freshwater (kg P eq/tonne product) Acidification (mol H+ eq / ton product) Freshwater Ecotoxicity (eCTUe/tonne of product)
Impact on human health
Particulate matter (disease inc / tonne of product) Human toxicity, non-carcinogenic/cancer (CTUh/tonne product)
Impact on resources
Land Use (Pt/tonne of product) Water consumption (m3 priv./tonne of product) Resource use, fossil (MJ / tonne produced)
Tabela 1: Exemplos do impacto dos factores avaliados nas base de dados LCA.
Várias bases de dados são atualmente identificadas no campo da alimentação animal, tais como: GFLI, Agri-footprint, Ecoalim, Ecoinvent ... A base de dados GFLI destaca-se pela quantidade e diversidade de dados disponíveis, apesar de a base de dados ser jovem e não possuir matérias-primas orgânicas. II.1 Variabilidade para a mesma matéria-prima: exemplo do bagaço de soja (base de dados GFLI; tabela 2) A utilização de bases de dados requer uma análise prévia da forma como os dados são construídos para fazer as escolhas relevantes em termos de descrição das matérias-primas. O valor associado a um país é uma média das diferentes origens utilizadas nesse país (distribuição através de uma dotação económica) e não o valor da matéria-prima “produzida” no país. Products GFLI 2.0 database – economic allocation
Country
Climate change (kg CO2 eq / ton product)
Soybean meal (solvent) /BR Economic S
Brazil
4258
Soybean meal (solvent) /FR Economic S
France
1743
Soybean meal (solvent) /PT Economic S
Portugal
2384
Soybean meal (solvent) /US Economic S
United States of America
525
Tabela 2: Ilustração da variabilidade do impacto das alterações climáticas para a mesma matéria-prima (exemplo do bagaço de soja).
II.2 Principais pontos fracos e domínios a melhorar: • LCA Metodologia: – Complexidade: Requer uma grande quantidade de dados, especialmente relacionados ao transporte. – Variação na definição dos limites de avaliação, o que leva a dificuldades na comparação. – Não são considerados determinados parâmetros: biodiversidade, qualidade do solo, serviços com impactos «positivos», duração das rotações, etc. – Controvérsias porque favorece sistemas intensivos em favor de sistemas extensivos.
• Base de dados: – Os critérios e as unidades podem diferir de uma base de dados para outra. – Nenhuma qualificação para todas as matérias-primas => regras de extrapolação a serem formalizadas. Exemplo: alocação económica de subprodutos. – Tal como acontece com muitas bases de dados, a exaustividade é essencial. Vemos uma falta de dados para aditivos. Até à data, a base de dados GFLI oferece apenas um valor para aditivos, que não é, portanto, nem preciso nem específico. Isto gera, portanto, muitas perguntas para os utilizadores: qual é a aproximação para as matérias-primas não fornecidas (vitaminas, oligoelementos, enzimas, etc.)? Embora cada vez mais empresas estejam realizando LCAs dos seus produtos, a inclusão em bancos de dados não é fácil até o momento.
III Avaliação da pegada ambiental e dos fatores de melhoria ilustrados na formulação: A análise da contribuição das matérias-primas nas fórmulas de suínos e frangos (contexto de matérias-primas e preços França) ilustra o peso preponderante da origem do bagaço de soja sobre o impacto de GEE da ração completa. O gráfico 1 mostra o impacto significativo ligado ao bagaço de soja brasileiro, o que explica até 80% do impacto de GEE de uma ração de aves em crescimento. Uma vez que o bagaço de soja provém de uma origem não desmatada (por exemplo, soja dos EUA), a percentagem ligada à farinha torna-se menor e mostra que os cereais são a 2ªcontribution alavanca para a melhoria Rawentão materials to GHG impact (gráfico 2). (with Brasilian Soybean meal = 1)
100% 90% 80% 100% 70% 90% 60% 80% 50% 70% 40% 60% 30% 50% 20% 40% 10% 30% 0% 20% 10% 0%
Raw materials contribution to GHG impact Amino Acids (with Brasilian Soybean meal = 1) Minerals Amino Acids Oil Minerals
Seed Oil meals Cereals Seed meals byproducts Swine grower Poultry grower
Cereals Cereals byproducts Cereals
Swine grower Poultry grower Raw materials contribution to GHG impact (with US Soybean meal = 2)
100% Raw materials contribution to GHG impact (with US Soybean meal = 2) 90% 80% 100% 70% 90% 60% 80% 50% 70% 40% 60% 30% 50% 20% 40% 10% 30% 0% 20% Swine grower Poultry grower 10% 0% Gráficos 1 e 2: Contribuição (%) das categorias de matérias-primas para o valor Swine grower Poultry grower de GEE (kg CO2/Ton) de rações para suínos e aves.1 = Exemplo com bagaço de soja de origem brasileira (de áreas desmatadas). 2 = Exemplo com bagaço de soja de origem dos EUA (de áreas não desmatadas).
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50% 40% 30% 20% 10% 0%
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No entanto, os níveis de valores de GEE emitidos (kg CO2/T) desses alimentos são menores em contextos sem bagaço de soja brasileiro (Tabela 3). Whith Brazilian Soybean meal Raw materialsSwine contribution to GHG impact grower Poultry grower GHG Impact (with Brasilian Soybean meal = 1) (kg 100%CO2/ T) Amino Acids 715 1491
Whith US Soybean meal Swine grower
Poultry grower
423
442
90% Minerals 80% Tabela 3: Impacto de GEE avaliado com 2 origens de bagaço de soja (Maté70% ria-prima e lista de preços França – Base de Dados Ecoalim). Oil 60% 50% Seed meals 40%
A 30% substituição parcial ou total é possível com matérias-primas Cereals 20% concentradas em proteínas, como o bagaço de girassol “muito rico byproducts 10% Cereals em0%proteínas”, com efeitos sobre o valor das emissões de gases Swine grower Poultry grower com efeito de estufa estimadas entre – 6% (alimentos para suínos) e – 7% (alimentos poedeiras) – cálculos feitos com a base Raw materials contribution to GHG impact de dados Ecoalim. (with US Soybean meal = 2)
III.1100%Impacto da redução dos gases com efeito de estufa noutros 90% critérios ambientais: uma realidade a ter em conta 80% 70% A redução da pegada de carbono (emissões de GEE) dos alimentos 60% não50%deve ser feita em detrimento de outros fatores de poluição. A 40% preservação dos recursos hídricos, a qualidade do solo, etc. são fato30% res20% a considerar. As transferências de poluição são possíveis. 10% 0% O gráfico 3 ilustra este trabalho de formulação para reduzir as emisSwine grower Poultry grower sões de GEE de um concentrado proteico (fornecido a vacas leiteiras). Paralelamente à redução das emissões de GEE, verifica-se a transferência de impacto ao nível da acidificação do solo e da utilização dos solos (simulação com a base de dados Ecoalim). Por outro lado, outros fatores são influenciados positivamente: mede-se a redução do fósforo e do consumo de energia.
Swine grower
Emission (base 100) / Constraint optimisation 20% Feed Price (Base 100) 10% Climate change (CC) 0% 100) emissions (Base -10%emissions Eutrophication (Base 100) -20%
Poultry grower
Price optimisation
Scenario 1 = Climate change optimisation
Scenario 2 = CC+ Optimization
100
102
102
100
88
ECOAL_GHG kg CO2/T 89
100
92
E_ACIDIF mol H+/T
E_EUTRO kg PO4²-/T E_LAND 90
m²/an
E_ENERGY MJ/T E_PHOS
kg P/T
Tabela 4: Exemplo de cenários de formulação para gerir os impactos ambien-30% tais (2 critérios: alterações climáticas e eutrofização) O perfil da-40% matéria-prima está a mudar de acordo com a incorporação de proteaginosas, DDGS, aminoácidos sintéticos em paralelo com a redução do bagaço de soja de origem desmatada e do milho (figura 2).
100%
Sun ower meal Valine
90%
Premix
80%
Threonine
Methionine
70%
Lysine
60%
Phosphate Salt
50%
calcium carbonate Sodium bicarbonate
40%
Oil
30%
Corn DDGS Faba bean
20%
Corn
10% 0%
Soybean Meal (deforested) Wheat
Price Opt
CC Optimisation
Climate change and eutrophisation opt
20% 10% ECOAL_GHG kg CO2/T
0%
E_ACIDIF mol H+/T E_EUTRO kg PO4²-/T
-10%
E_LAND
m²/an
E_ENERGY MJ/T
-20%
E_PHOS
kg P/T
-30% -40%
Gráfico 3: Otimização na redução de emissões de GEE (simulação interna – base de dados Ecoalim – Protein concentrated feed for Dairy cow). 100%
Sun ower meal III.2 Formulação segundo critérios múltiplos: uma realidade Valine 90% acessível para passar da avaliação na formulação para a formuPremix 80% lação restrita. Threonine O princípio da formulação é uma otimização da fórmula ao menor Methionine 70% custo. Isto sugere que qualquer adiçãoLysine de restrições levará a um 60% aumento do preço dos alimentos paraPhosphate animais. Neste contexto, Salt 50% a utilização da ferramenta de formulação segundo critérios calcium carbonate múltiplos permite ao formulador e ao comprador fazer escolhas Sodium bicarbonate 40% informadas entre várias restrições, evitando assim, no caso da Oil 30% pegada ambiental, transferências de poluição, Corn DDGS controlando simulFaba bean 4). É possível reduzir 20% taneamente os custos adicionais (tabela Corn as emissões de GEE em 11% e a eutrofização em 10% com um 10% Soybean Meal (deforested) aumento do custo de 2%.
0%
Wheat
Price Opt
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Figura 2: ilustração dos perfis de matérias-primas obtidos com os 3 cenários: otimização de preços, otimização de alterações climáticas (CC) e otimização de eutrofização CC+.
CC Optimisation
Climate change and eutrophisation opt ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
Conclusões Os alimentos para animais são responsáveis por 25 a 60% do impacto ambiental da pecuária, dependendo do tipo de produção. Existem soluções específicas para cada espécie para reduzir a pegada ambiental da alimentação animal. Uma alavanca importante para reduzir as emissões de GEE dos alimentos é o uso de soja de terras não desmatadas. A formulação segundo critérios múltiplos é uma ferramenta interessante para reduzir o impacto ambiental, pois evita a transferência de poluição ao não focar apenas nas emissões de GEE, que representam apenas uma parte da pegada ambiental. A preservação de outros recursos é primordial. Agora, os alimentos explicam apenas parte do impacto ambiental de um produto de origem animal. Considerar o efeito sobre o desempenho permite relativizar os “benefícios reais”, porque a formulação de alimentos “amigos do ambiente” não deve ser feita em detrimento da produção. É através da combinação de várias alavancas: formulação “amiga do ambiente”, otimização do desempenho, redução de períodos improdutivos, redução de desperdícios, melhoria da eficiência alimentar que melhor conciliaremos as questões ambientais e a autonomia alimentar.
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PROTEÍNA IDEAL - UM CONTRIBUTO DA FORMULAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE
Rita Carvalho Costa DVD, MSc, PgDip std.
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O tema da sustentabilidade é sem sombra de dúvida algo incontornável, mas sobre o qual devemos ter uma abordagem pragmática. A carta de sustentabilidade 2023 apresentada pela FEFAC pressupõe, além de regulamentação para rotulagem e questões relacionadas com o uso de antibióticos, uma redução dos gases emissores de efeito de estufa em 55% até 2023 (com particular ênfase no metano – 35%). Avaliando em relação aos níveis de 2005, estas emissões nos EU-27 foram reduzidas em 19%, sendo que Portugal se encontra acima da média europeia com menos 22% de GEE. Portanto, embora ainda não tenhamos chegado aos níveis de 1990, Portugal encontra-se a 23% de distância do seu objetivo para 2030. Foi criada também em 2020 a estratégia do “Prado ao Prato”, que prevê uma série de medidas entre elas a redução de 50% na perda de nutrientes (ambicionando zero deterioaração do solo) e ainda reduzir fertilizantes em 20%. Sendo Portugal um dos países da UE com alto défice de matérias-primas e com apenas 75% de autoaprovisionamento no consumo de carne, este desafio torna-se altamente exigente. Existe ainda a teoria preconizada por muitos que a produção de alimentos para animais compete com a produção de alimentos para pessoas, esta premissa é facilmente contrariada pelos dados de 2018 da FAO em que 86% da alimentação utilizada pelos animais não é adequada para consumo humano (nomeadamente forragens, resíduos de culturas, subprodutos, etc.), sendo nós assim pioneiros em Economia Circular. Na minha opinião, a visão que políticos como o Comissário Timmermans têm na sua grande maioria do nosso setor, obrigando-nos com estes acordos a uma perda de excelência e eficiência produtiva, com uma transferência da produção animal para regimes mais extensivos e com menos animais por unidade, é enganadora e compromete sim a sustentabilidade dos recursos, como preconiza o Green Deal. Ninguém tem dúvidas que as alterações climáticas são consequência da atividade humana, começando desde que fizemos as primeiras fogueiras. Todos geramos uma quantidade enorme de resíduos e emissões no nosso dia-a-dia. Contudo o setor primário é categoricamente um alvo preferencial dos ativistas climáticos e dos media, que com imagens chocantes tentam frequentemente convencer a opinião pública das consequências
das nossas atitudes supostamente descuidadas e penalizadores para o ambiente, frequentemente alicerçadas em informações falsas ou omissas ou sem um enquadramento correto. Mas se procurarmos dados independentes, como estes do Eurostat 2021, a Indústria Produtora de Energia produz 23,7% do GEE, seguida pela dos transportes com 24,1%, e toda a atividade agro-pecuária corresponde a 10,7%. Assim, muito se fala do amoníaco dos dejetos causados pela suinicultura e avicultura, e dos gases dos ruminantes, criando-se extensas e exigentes normativas que a produção animal tem que cumprir, exigências estas ainda não aplicadas no dia-a-dia de outras indústrias.
Os estudos sobre estes assuntos diferem muitíssimo em resultados e conclusões (muitas vezes em linha de conta com os princípios da entidade que o financiou).
O que já é provado indiscutivelmente é que o metano exalado pelos bovinos, procedente do seu processo de fermentação ruminal, produz 25 vezes mais efeito de estufa que os CO2. Outra questão, é o seu real impacto no buraco do ozono e o seu grau de responsabilidade pelo efeito de estufa. O metano não representa mais de 12% da atmosfera. A vida média do metano e a sua concentração na atmosfera é muitíssimo inferior aos dos outros GEE, sobretudo comparado com o dióxido de car-
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bono (CO2) procedente da atividade humana e da utilização de combustíveis fósseis, praticamente 80%. A duração do metano na atmosfera é de aproximadamente 10 anos, enquanto que a do CO2 é 100 x mais, portanto 1.000 anos. Assim interrogo-me, será a culpa mesmo só das vacas? A proteína ingerida mas não digerida ou retida pelos animais origina excreção de Azoto (N) que, juntamente com o CO2, metano (CH4) e oxido nitroso (N2O) contribui para o efeito de estufa, acidificação dos solos, eutrofização do meio aquático e deterioração da qualidade do ar (o amoníaco é irritante para as vias respiratórias com quantidades acima de 25ppm). Sabemos que a gestão e espalhamento de resíduos e o próprio maneio da produção e instalações pecuárias também contribuem com emissões de GEE, mas em termos de alterações climáticas é a produção de alimentos que tem o maior impacto, cerca 65%. Atualmente existem várias estratégias nutricionais que contribuem para reduzir a excreção de NH3: – Aumentar o nível de NSP na dieta transita a excreção da maior parte do N da urina para as fezes, reduzindo o pH do chorume (através do aumento dos AGV), onde o N é predominantemente incorporado em proteína bacteriana e mais dificilmente convertido em amónia. – Sabemos que a amónia no chorume é convertida no seu gás tóxico a pH 8-12, portanto reduzir o pH das excreções leva a menor formação de amoníaco. Para isso temos duas estratégias: • Reduzir o balanço electrolítico da dieta (dEB: Na + K – CI mEq/Kg DM) ou, • Adicionar sais acidificantes como CaSO4, CaCl2 ou Benzoato de cálcio (sendo este particularmente eficaz) em vez de CaCO3. – Reduzir a proteína bruta da dieta, suplementando com aminoácidos essenciais reduz a excreção de N pelo animal. É precisamente neste ponto onde mais me debruço neste artigo. Do total de N ingerido por um porco, 30% é retido e 70% é excretado, contas redondas. Mas os nutricionistas prestam 70% da sua atenção ao N retido, e 30% ao excretado. É altura de mudar um pouco este paradigma de pensamento.
Em termos de estratégias de formulação, ao valorizar os aminoácidos individualmente, conseguimos trabalhar com um risco mais controlado em termos de necessidades de N (sem o estimar pela equação que conhecemos PB= N x 6,25), alcançamos um controlo mais preciso em requerimentos de performance e rentabilidade dos animais ao mesmo tempo que nos permite baixar a %PB, mantendo ajustadas as necessidades nutricionais.
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Os AA sintéticos existem há mais de 4 décadas. Existem 20 ao todo, 10 considerados essenciais (ou indispensáveis), 8 dos quais já sintetizados. Chamo a atenção para o caso da Arginina que é considerada essencial nas Aves, devido ao ciclo da ureia ineficaz na sua síntese, ao contrário dos suínos. Adicionalmente, tanto a Glicina, o Aspartato e a Glutamina, apesar de serem considerados Não Essenciais, são envolvidos na produção de Ác. Úrico, portanto, os broilers são ainda mais sensíveis às interações entre os Aminoácidos Essenciais (AAE) e os Não Essenciais (AANE). Os AAE são os mesmos para suínos e aves, mudando sim a ordem em que são limitantes. A Lisina é o 1º AA limitante para dietas de crescimento em Suínos, enquanto que nas Aves a Metionina é o primeiro aminoácido limitante, não somente em função da sua grande exigência para formação da ovoalbumina, mas também sendo precursor de cistina, crucial para formação das penas. Ao formular com base no perfil de AA requerido para cada espécie e atributo/fase produtiva, em vez de mínimos de %PB, somos capazes de suplementar para os AA limitantes, permitindo reduzir a quantidade de PB ingerida, trabalhando no conceito de proteína ideal. O mercado dos AA sintéticos é enorme, foi avaliado em US$ 26,53 biliões em 2021 e projetando-se para atingir US$ 47,96 bilhões até 2030, crescendo a um CAGR de 6,5% entre 2023 a 2030. A Avicultura consumiu 44% da produção de AA de 2020, seguido da Suinicultura com 37% e o mercado da Aquacultura aparece já como 3º consumidor (Research & Markets). A Lys, Met e Thr são os principais AA utilizados em produção de alimentos compostos para animais com uma taxa de crescimento esperada de 4-5% até 2030, segundo dados da Evonik. No conceito de Proteína Ideal a quantidade de AAE é descrita como um rácio AA:Lys. O conceito em Aves também é descrito em termos de rácio AA:Lys, apesar dos primeiros AA limitantes serem os sulfurados. Formulando com base neste conceito, prevemos uma otimização de todos os processos metabólicos que carecem de AA, onde o desequilíbrio em algum deles compromete potencialmente o crescimento e/ ou saúde do animal. Na proteína ideal todos os AAE são igualmente limitantes, com um mínimo desperdício de N. Este conceito permite que os requerimentos de Lys variem (por kg/ ração ou por unidade de energia), mas mantendo intactas as suas relações para com os restantes AA, logo, mantendo a proteína ideal. Formulando com base em cada AAE, a %PB é automaticamente ajustada numa perspetiva de LCF – Least Cost Formulation, portanto os rácios são trabalhados pelo nutricionista como constantes no programa de formulação, normalmente em SID AA, expressos em AA digestíveis standardizados.
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Contudo, ao trabalhar com relações AA:Lys perdemos sensibilidade em termos de otimização, económica em relação ao custo individual de cada AA sintético. É algo que não podemos deixar de ter em conta. As necessidades de AA variam conforme a população animal (idade, género, genética, estado fisiológico), ambiente e estatuto sanitário. Numa breve referência aos rácios de AA recomendados em Suínos e em Aves: em relação a Lys, a proporção de AA é relativamente consistente, havendo variações conforme as metodologias utilizadas na sua determinação. Os requerimentos dos AA sulfurados são mais elevados nas aves, sendo apenas o 4º ou 5º limitante nos suínos. Também os AA ramificados são mais altos em aves (Val, Ile e Leu) enquanto que a necessidade de Trp é muito mais alta em suínos. Arg não é considerada essencial em suínos, logo não há recomendação. Ocorrem enormes discrepâncias entre as diferentes publicações em termos de necessidades nutricionais. Para isto contribui não só os modelos de regressão utilizados nos testes de estudo dose-resposta, mas também a digestibilidade e os níveis nutricionais das dietas utilizadas, o próprio maneio alimentar, condições hígio-sanitárias, e características dos indivíduos em teste (estirpe ou raça, género, idade, estado fisiológico, etc). Existem recomendações publicadas no seguimento da diretiva das emissões industriais da UE (2010/75/EU Integrated Pollution Prevention and Control), onde foi publicado um documento de referência para as melhores práticas disponíveis em produção intensiva, disponível para consulta pública (Best Available Techniques Reference Document for the Intensive Rearing of Poultry or Pigs 2017).
Ao formular, outra das questões cruciais a ter em conta é a relação entre os AA e a Energia.
Em Suínos, quando estamos a formular com restrição de %PB, devemos trabalhar as necessidades energéticas em Energia Limpa (ou Net Energy), pois é esta que tem em consideração o impacto das perdas calóricas na utilização de todos os nutrientes, logo valoriza melhor a eficiência das dietas mais baixas em PB%. Na medida em que o incremento calórico da digestão da PB é significativamente maior que o dos lípidos ou amidos, logo, o impacto na NE é maior. Em Aves, devemos utilizar a AMEn: energia metabolizável corrigida para N zero (normalmente deduzindo 28-34KJ/g de N retido em relação à Energia Metabolizável). Nas aves utilizar a EL não acarreta vantagem face a Energia Metabolizável Aparente (AME). Isto porque as dietas de aves têm menor %FB (e sabemos que a digestão da FB causa elevado incremento calórico), ocorre uma menor fermentação intestinal nesta classe de animais (logo menos perdas energéticas pela produção de gases) e a excreta ocorre como ác. úrico, logo extremamente difícil de medir/quantificar. A AMEn da dieta depende assim da eficiência da ave na deposição proteica (carne, ovos) e do teor e digestibilidade da PB da dieta. Ao corrigir para N = 0 torna o valor da EM da dieta independente da utilização da proteína, i.e, assume que todo o N ingerido é excretado como ác.úrico, logo penaliza a energia de matérias-primas ricas em PB. Quando dietas de baixa PB são implementadas, parte do conteúdo proteico na dieta é substuído por lípidos e/ou hidratos de carbono, logo com níveis de NE mais elevados. Se as dietas de baixa PB forem otimizadas com base na ME e não em NE, estaremos a subvalorizar o verdadeiro teor energético da dieta. Isto teria impacto negativo na performace dos animais e na qualidade de carcaça (mais gordura).
Esta conclusão leva-nos a próxima questão, quão baixo em %PB podemos formular?
Na nossa prática diária baseamo-nos em recomendações essencialmente das próprias casas de genética (tanto em aves como em suínos) e nas recomendações das instituições de investigação científica como NRC, FEDNA, INRA, etc em termos dos rácios de aminoácidos necessários, apoiando a nossa decisão enquanto nutricionistas no feedback do produtor face à performance e qualidade/rendimento esperado, e do médico-veterinário assistente em termos de saúde intestinal e desafios clínicos, aplicando medidas corretivas sempre que necessário. 24 |
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Em termos de redução de excreção de N, em Suínos 1% a menos de PB equivale a menos 10% de excreção urinária de N e menos 3,3% nas fezes. Em média, são menos 2,5gr/dia de N total excretado por cada ponto percentual de redução na %PB (Garcia-Launay., 2014), com as consequências benéficas em termos ambientais. Em termos de rendimento no porco, podemos reduzir cerca de 2%PB em ração de crescimento sem afetar negativamente tanto os ganhos médios diários como as taxas de conversão, assumindo claro uma NE constante e AAE a cumprir (ou a exceder até em alguns estudos) os requerimentos da genética. Contudo, existe uma redução significativa nos GMD com redução %PB a níveis de 13%, assim como a FCR aumenta com 14,5% PB ou menos. (Martinez-Aispuro et al 2014, Figueiroa et al, 2012, Pluk and Van Krimpen 2018)
Dietas com uma redução de 4% PB, para manter a performance, exige suplementação com Ile e His (e Leu), algo que já existe mas ainda não amplamente disponível nas fábricas portuguesas (Zhao et al, 2019). Em matéria de sustentabilidade ambiental, esta redução de %PB permite menos 74% de emissões de NH3. Mas como a sustentabilidade assenta também no pilar económico e não apenas ambiental, e custos?
Acarreta ainda menor impacto na qualidade do solo e do meio aquático. À semelhança dos suínos, nas aves os GMD e taxas de ingestão permanecem inalteradas ao reduzir a PB% em 2% numa dieta de crescimento padrão de broilers, contudo o rendimento do peito é inferior em reduções de PB% de 2% a 3% (Van Harn, 2017). Adicionalmente a FCR tende a degradar-se: 0.01 kg / 1% redução PB. Existem várias teorias explicativas desta situação: • Havendo uma elevada %AA livres, os primeiros limitantes (Met, Lys, Thr) são absorvidos mais cedo no TGI comparados com os provenientes da PB, que precisam ser digeridos. A taxa de síntese proteica é então prejudicada por um desequilíbrio nos AA circulantes.
Num estudo próprio, atendendo às matrizes TNA e preços de mercado 2023, mantendo inalterado EN e SID Lys, limitar a PB a 16% numa dieta de crescimento padrão de suínos, respeitando o conceito de proteína ideal, encarece 14€/ton (assumindo que temos Valina disponível caso contrário encareceria ainda mais 21€). Com a oferta de Ile conseguimos reduzir até 15,3% PB mas custa uns adicionais 18€/ton. Sem oferecer Trp e Thr é impossível manter conceito de proteína ideal.
O mesmo exercício numa ração de porcas em lactação (limitando a PB 17%), sobe 19€/ton. E não nos esqueçamos do papel essencial do equilíbrio dos AA de cadeia ramificada – nomeadamente a Valina – no papel da galactogénese). Caso não exista Val dispo-
nível na fábrica, o alimento encareceria uns adicionais 26€ para manter proteína ideal. No caso das Aves, estudos de Estudos de Cauwenberghe and Burnham (2001), Jialin (2004) e Belloir (2017) demonstram que menos 1 ponto percentual de PB equivale a: • menos 7-10% excreção N (ác. úrico) • menos 2,4% de humidade nas camas • redução de N volatilizado em até 30%
• Genéticas de crescimento mais rápido podem necessitar de revisão nos seus requerimentos, eventualmente com maiores rácios de AA. Pois o incumprimento da proteína ideal prejudica os animais, independentemente do teor em SID Lys da dieta. • Deficit de N ou de AA Não Essenciais. Esta hipótese tem gerado maior consenso na comunidade científica. As perdas endógenas e metabolismos não proteicos nas aves geram enormes perdas de AANE. Sintetizar Ác. Urico consome aspartato, glutamina e glicina. Assim a Glicina + Serina têm um papel relevante, levando a falta de precursores ou a síntese mais lenta que o necessário. Num exercício económico semelhante ao realizado nos suínos, numa dieta padrão de crescimento de Broilers, mantendo a AMEn e SID Lys, reduzir PB para 18% como preconizado é impossível sem oferecer Ile e Arg sintéticas. E mesmo com a oferta destes AA, o alimento sobe 12€/ton. É possível manter custos controlados com PB 19%, mas não sendo possível conceito de Proteína Ideal íntegro.
Em suma, Incorporar AAE no alimento permite reduzir a %PB, sendo o fator mais importante para a eficiência da utilização da proteína o seu perfil em AA digestíveis. A %PB pode ser reduzida de forma segura e sustentável, desde que AAE sejam fornecidos em quantidade e proporção adequada, respeitando o conceito de proteína ideal. Empregando estes conceitos na formulação a quantidade total de N excretado é substancialmente reduzida. Considerando limites, os riscos para a performance dos animais são controlados, mas o impacto em custo económico desta forma de trabalhar com redução de %PB aos níveis preconizados na nossa realidade é ainda limitador, tendo em conta a oferta de matérias-primas disponíveis de forma regular no nosso país, e a disponibilidade e custo dos AA sintéticos. O setor encontra-se empenhado em trabalhar em estratégias e soluções de forma a contribuir para cumprir a Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Somos parte da solução. A L I ME N TAÇÃO A N I M A L
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CONTROLO DE QUALIDADE – FERRAMENTA IMPORTANTE PARA A SUSTENTABILIDADE DA PRODUÇÃO ANIMAL Para o mundo em desenvolvimento prevê-se para as próximas décadas um incremento da procura de alimentos em mais de cinquenta por cento e
• Fiabilidade: 0,3 % do valor real pesado. • Homogeneidade: CV de 8-5%
em particular, a procura por alimentos de origem
• Tamanho de Partículas: < 2,6 Sgw (geometric
animal em cerca de setenta por cento. Ao mesmo
st. deviation)
tempo, a agricultura deve diminuir o seu impacto
A granulação é outro ponto-chave nesta nova etapa
ambiental, que atualmente é grande e continua a
porque nos permite melhorar a digestibilidade do
crescer, em particular pela erosão dos solos e da
alimento. Para conseguir uma boa qualidade de
escassez de água.
grânulo é necessário obter um grau de gelatiniza-
Quando falamos de Sustentabilidade relacionada
ção do amido mínimo (20-30%), através da relação
com a alimentação animal na Europa, o primeiro
temperatura / tempo / humidade no condiciona-
Jordi Rafael Arrey
ponto hoje a considerar é a redução da dependên-
mento da farinha.
Qualivet / Eurocereal
cia que temos pela soja importada, devido ao seu
A curto prazo, o Controlo de Qualidade de cada
elevado impacto ambiental, pelo que é necessário
empresa será cada vez mais importante para con-
estudar outras fontes de proteína, de preferência
trolar o processo de fabrico, mas também para veri-
produzidas localmente, e aplicar o conceito de
ficar a qualidade nutricional das matérias-primas.
nutrição de precisão.
Em particular, existem atualmente várias ferramen-
A utilização de matérias-primas locais e seus copro-
tas para determinar se os processos de produção
dutos requer normalmente estudos nutricionais
do bagaço de soja, bagaço de colza, DDGS, etc,
adicionais e um aumento do seu controlo devido à
foram corretos para se obter um produto digestível
sua variabilidade. Possivelmente a alteração mais
e com um perfil adequado de aminoácidos. Os tra-
rápida e importante a efetuar está na revisão dos
tamentos térmicos nos seus processos de fabrico
mínimos nutricionais necessários para uma redução
podem reduzir a quantidade e disponibilidade de
dos teores de proteína e de fósforo, substituindo
alguns aminoácidos, por reações de Maillard ou
as matérias-primas "problema" (soja e fosfatos)
desnaturação proteica (em particular da lisina, o
por aditivos (enzimas e aminoácidos industriais).
aminoácido mais sensível a um excesso de tempe-
As nossas fábricas de alimentos compostos devem
ratura). No caso do seu valor proteico, são exemplos
preparar-se para esta nova etapa de produzir com mais precisão, verificando se tem garantias tecnológicas em cada etapa de produção dos seus
de lisina reativa, que nos permitem utilizar estas matérias-primas mais corretamente.
Neste sentido, o processo de dosificação será ainda
PARÂMETROS PARA AVALIAR A QUALIDADE DA SOJA
aditivos obriga a uma revisão da sua tolerância e fiabilidade, para assegurar a sua incorporação a doses altas (ex. lisina) ou a doses muito baixas (ex.
– Rácio Lisina / Proteína * Deve ser >6% (USSEC-USSOY >2,85% Lys total)
– Solubilidade em KOH * Deve estar entre 73-85% (USSEC-USSOY 78-85%)
enzimas ou novos aminoácidos).
– Índice Dispersão Proteica (PDI)
O tamanho de partículas após a sua moenda e a
* Deve estar entre 15-40%
homogeneidade das misturas ganham também
– Lisina Reativa
importância, para assegurar uma correta distribuição
* Deve ser >90% (USSEC-USSOY >88%)
de todos os aditivos utilizados, de forma a obtermos melhores e mais eficientes produções animais.
ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
o índice de dispersão da proteína (PDI) ou a %
alimentos. mais importante, porque a incorporação de mais
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de ferramentas a análise da solubilidade em KOH,
O valor da solubilidade em KOH e o nível de Lisina Reativa valorizam bem a digestibilidade da proteína
A título de recomendação, os valores adequados
e da lisina. A análise destes parâmetros permite
para uma ótima fabricação de um alimento com-
ajustar melhor os níveis de aminoácidos às neces-
posto, poderão ser:
sidades reais dos animais, através da correção
dos coeficientes de digestibilidade (CSID) dos nutrientes Proteína Bruta Digestível e Lisina Digestível das matérias-primas (exemplo, Soja 47% PB): Crude Protein CSID (broiler) = 29.3 (+/-16.7) +0.123 (+/-0.032) KOH solubility+0.284(+/-0.099) CP+0.395(+/-0.206) Reactive Lysine Lys CSID (broiler) = 71.6 (+/-6.43) +0.118(+/-0.035) KOH solubility+ 0.190(+/-0.116) CP
dependem do seu nível). Em termos práticos, obrigará as fábricas a terem um controlo de receção baseado na tecnologia NIR e a proceder a armazenamentos separados de matérias-primas em função da sua qualidade (possivelmente com a consequência de aumentarem / reduzirem do número de silos). Outro ponto a considerar num futuro próximo, tendo em conta as alterações climáticas, são o nível crescente e o aparecimento de novas micotoxinas. Esta toxina tem efeitos negativos importantes na produção animal, pelo que um controlo dos seus teores de matérias-primas será fundamental para minimizar estes problemas e para respeitar a futura legislação europeia que está para ser publicada! Em relação a novas matérias-primas, a farinha de insetos é prometedora para substituir a proteína da soja, reduzindo os impactos ambientais. O rácio de crescimento dos insetos é muito superior ou das aves ou dos porcos, com uma eficiência muito mais alta na conversão dos seus alimentos em proteína animal de qualidade. Concluindo, tecnicamente é possível formular alimentos para animais
Os controlos destes parâmetros são de particular importância, porque
mais sustentáveis em termos ambientais, mas a sua produção tem desafios ao nível do Controlo de Qualidade, em particular na valorização das matérias-primas à entrada nas fábricas e no controlo dos
a Lisina Digestível é o aminoácido mais importante na formulação (num conceito de "proteína ideal" também os restantes aminoácidos
processos de fabrico. Será necessária cada fábrica fazer a sua própria autoavaliação e começar a tomar medidas para esta nova realidade.
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ESTRATÉGIAS NUTRICIONAIS PARA A SUSTENTABILIDADE: PODEM OS ALIMENTOS AJUDAR A ATINGIR AS METAS DE MITIGAÇÃO DO METANO NOS RUMINANTES?
Lilian Leloutre RD TECHNA FRANCE NUTRITION
O acordo internacional da COP21 compromete os estados signatários a implementar planos para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa com o objetivo de limitar o aumento das temperaturas a menos de 1,5ºC até 2050. A nível europeu, este compromisso traduz-se num programa denominado “FIT FOR 55” que visa reduzir as emissões em 55% comparando com 1990 até 2030 e, além disso, chegar à neutralidade climática até 2050. A agricultura contribui em 22% das emissões de gases com efeito de estufa a nível mundial e, por isso, tem o seu papel a desempenhar nas estratégias de redução. As principais emissões de gases de efeito de estufa em agricultura são: – O metano representa 45 % do total das emissões: fermentação entérica dos ruminantes e stock de efluentes. – O óxido nitroso (N2O) representa 42 % do total das emissões: fertilizantes azotados, efluentes pecuários e resíduos de colheitas. – O dióxido de carbono (CO2) representa 13% do total das emissões: consumo de energia fóssil por máquinas na exploração agrícola, aquecimento dos edifícios das explorações, ... Porque estamos interessados particularmente no metano? Em primeiro lugar pela sua importância quantitativa, pois representa 45% do total das emissões. Além disso, embora o poder de aquecimento do metano (CH4) seja superior ao do dióxido de carbono, devemos ter em conta que o metano é um poluente com uma vida útil "curta", ao contrário do CO2. Portanto, é muito eficaz reduzir as emissões de metano porque produzirão efeitos rapidamente visíveis. Os objetivos do programa FIT FOR 55 para a redução de metano são os seguintes: • -11 a -30% até 2023 • -24 a -47% até 2050 Então será tecnicamente possível reduzir 50% as
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emissões de metano nos ruminantes? Isto é o que iremos ver inicialmente. De seguida iremos descrever os obstáculos que existem para atingirem esses objetivos.
1 – A variedade de emissões de metano dos ruminantes de leite: CAP2ER O Instituto Técnico em França (IDELE) desenvolveu uma ferramenta para calcular o desempenho ambiental das explorações pecuárias – CAP2ER (cálculo automático das performances ambientais das explorações de ruminantes). Esta ferramenta baseia-se numa base de referência de fatores de emissão de gases de efeito de estufa para todas as operações unitárias que contribuem para a produção de leite: produção de forragens, alimentos concentrados, gestão de efluente, … Calcula os impactos positivos e negativos no meio ambiente. Desde 2013, IDELE registou o diagnóstico CAP2ER de + de 5000 explorações leiteiras. Os valores médios são os seguintes:
As diferentes origens dos gases de efeito de estufa são repartidas da seguinte forma: – 55% resultam das fermentações entéricas e a produção de CH4 – 16% resultam dos efluentes sob a forma de CH4 – 10% resultam dos fertilizantes azotados sob a forma de N20 – 12% resultam dos alimentos sob a forma de N20 e de CO2 – 6% resultam do CO2 produzido combustível e eletricidade Atrás deste valor médio de 1,01 kg eqCO2 / litro de leite existe uma forte variabilidade segundo a intensificação de produção e desempenho dos animais. As emissões dos gases de efeito de estufa variam entre – de 0,81 kg eqCO2/litro para 10% das melhores explorações e + de 1,30 kg eqCO2/kg de leite para as menos eficazes. Paralelamente as pastagens utilizadas pelos ruminantes constituem um fixador de carbono.
VOCÊ TEM A AMBIÇÃO DE CRESCER NÓS TEMOS OS RECURSOS PARA O APOIAR Estamos aqui para o ajudar a concretizar a ambição de crescer. Temos um conhecimento profundo de nutrição e produção animal, sustentado em 100 anos de experiência, na presença em 75 países e numa forte aposta em Investigação. Como seu parceiro de negócio, queremos ser a força motriz do seu crescimento, através das melhores soluções nutricionais e mais sustentáveis práticas de maneio. Desta forma, cumprimos a nossa missão de alimentarmos animais saudáveis com responsabilidade. De Heus, ao serviço da nutrição dos seus animais.
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Segundo os sistemas forrageiros, a capacidade de fixar CO 2 atmosférico varia entre 0,11 kg eqCO2/litro de leite para os sistemas pouco forrageiros a 0,26 kg eqCO2/litro de leite no caso dos sistemas mais forrageiros. Estes valores, baseados em equações de previsão, demonstram que existem “fontes” de progresso ou melhoria. A diferença entre os extremos está muito acima de 30% do valor das emissões.
2 – O que dizem as publicações científicas? Claudia Arndt da Universidade de Mazingira, no Quénia, coordenou uma meta-análise baseada em 430 publicações que estudaram 98 estratégias de redução das emissões de metano em ruminantes de leite e carne. O estudo distingue as estratégias que consiste em aumentar os níveis de produção e, consequentemente, resultam de uma diluição do metano por unidade de produção (intensivo: CH4IM para o leite, CHIG para a carne) e aquelas que visam reduzir a metagénese diária independentemente da produção de leite ou carne (Daily CH4). Os resultados do estudo bibliográfico na tabela abaixo mostram que as estratégias publicadas apresentam potenciais de redução muito variáveis, entre 9 e 35%. Estes resultados foram observados em animais em condições experimentais, ou seja, não resultam de cálculos baseados em equações de predição.
4 – Como medir as emissões de metano? A primeira dificuldade numa estratégia de redução advém da natureza das emissões que surgem continuamente no ar através da expiração dos animais. É, portanto, particularmente difícil de medir. Existem diferentes métodos: gás traçador ou sistema de aspiração (SF6), câmara respiratória, detetor laser, sensor associado a uma manjedoura (Greenfeed). Estes métodos são mais ou menos complicados e é relativamente caro a implementação e, ainda, difícil de colocar em prática em explorações comerciais. Outra abordagem consiste em prever as emissões a partir da informação sobre a ração (exemplo, equação TECHNA) ou a partir das características do leite (espectro MIR do leite). Rede de coleta de informação permite a construção de equações de predição de CH4 utilizando o espectro MIR do leite.
Aplicações das equações de predição resultantes de amostras de + de 80 explorações da zona oeste de frança.
Segundo estes autores, as adoções de 100 % dos dois tipos de estratégias permitiriam reduzir as emissões em 31% em relação a 2012 e, assim, atingir os objetivos do FIT FOR 55 até 2030.
3 – Outras estratégias ao nível do produtor Existem também estratégias de redução das emissões de metano ao nível do produtor. Nas condições de produção francesa, por exemplo, o método CARBON AGRI foi certificado pelas autoridades francesas para permitir a comercialização das economias de carbono geradas pelas seguintes estratégias: – Redução dos animais improdutivos na exploração: – Redução da idade ao primeiro parto e aumento da longevidade: redução de 5% a 8% das emissões de CH4 – Melhoria da saúde dos animais: redução de 2% a 4% das emissões de CH4 – Gestão de efluentes: – Forma de armazenamento e de distribuição: redução de 1 a 4% das emissões de CH4 – Metanização dos efluentes: redução de 4 a 5 % das emissões Como conclusão, podemos dizer que combinando as diferentes estratégias apresentadas, é tecnicamente possível reduzir 30% as emissões de metano provenientes dos ruminantes. Quais são os obstáculos à implementação destas estratégias? 30 |
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Estas equações mostram as diferenças significativas entre as explorações. Também é possível observar as mudanças ao longo do ano nas condições de produção francesas.
5 – Como informar os consumidores?
Conclusão
A etiquetagem do valor de carbono dos alimentos dos animais ou do leite é uma questão importante para favorecer as técnicas que reduzem as emissões. Atualmente existem bases de dados dos valores de carbono das matérias-primas (base de dados europeia GFLI, base de dados francesa AGRIBALYSE), mas estas bases apenas fornecem o valor de CO2 ligado à produção e transporte de matérias-primas, as emissões entéricas ligadas aos ruminantes não são tomadas em conta. Atualmente não existe consenso sobre o método de cálculo e a rotulagem destas emissões.
Tecnicamente existem soluções que permitem reduzir as emissões de método dos ruminantes em 30%, produzindo a mesma quantidade de leite ou carne. Atualmente não existe um consenso europeu sobre a rotulagem e o método de rastreabilidade das reduções para a sua comercialização, mas começam a surgir organizações (em França: CARBON AGRI). O desenvolvimento de estratégias de redução das emissões de CH4 exige uma remuneração significativa pelos esforços implementados, quer através do preço do leite ou da carne, que através do preço por ton de carbono.
6 – A comercialização das reduções de emissões A comercialização das reduções da emissão de equivalente CO2 envolve uma organização complexa que deve reunir líderes de projetos de redução (os produtores) e os compradores dessas reduções. Neste mercado voluntário o valor de troca de 1 tonelada de CO2 é aproximadamente 50 €/ton em frança. O Instituto Técnico IDELE em França estruturou a comercialização das reduções das emissões de CO2 pelos produtores de bovinos no âmbito da certificação de métodos pelo Estado (label bas-Carbone) e uma associação CARBON AGRI que reúne líderes de projetos. A 4ª chamada do projeto foi lançada em 2023. Os volumes comercializados nas chamadas precedentes do projeto desde 2020 é de 1,4 Milhões de eqCO2. A remuneração líquida por produtor é aproximadamente 30 €/ton de eqCO2.
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL MERCADOS
COMÉRCIO DE GRÃOS ENTRE BRASIL E PORTUGAL: DESAFIOS E OPORTUNIDADES O Brasil consolida-se como um dos principais
Brasil ultrapassar os Estados Unidos na liderança
players no mercado mundial de sementes, liderando
do ranking de origens do cereal.
a produção e a exportação de soja e procurando o
Atingir a diversificação de mercados para colocar
topo no ranking dos principais abastecedores de
toda essa produção é meta prioritária. E entre esses
milho no mundo e aproximando-se dos principais
mercados, não há motivos para descartar Portugal e
produtores mundiais. Em 2022/23, o país colheu
se tornar a principal origem de abastecimento desse
156 milhões de toneladas de oleaginosas e deve
país europeu. As oportunidades favorecem ambos
fechar a temporada com 94 milhões de toneladas
os países e, nesse sentido, já há movimentos para
embarcadas. Números recordes.
estreitar a relação.
No caso do milho, a colheita totalizou 137 milhões
Os ministérios da Agricultura do Brasil e de
de toneladas e as exportações estão estimadas
Portugal deverão revisar suas iniciativas de
em 47,2 milhões de toneladas. Na produção, esta-
cooperação no setor agrícola. O tema foi deba-
mos apenas atrás de China e Estados Unidos. Nas
tido em junho entre as autoridades dos dois
exportações, há quem Principais estime Países que oProdutores número de possa Milho
países. A ideia é resgatar as relações comer-
450
ciais e abrir novas oportunidades. A coopera-
chegar a 50 milhões de toneladas, o que faria o Em Milhões de Toneladas Brasil
EUA
China
Média P. Produção
400 350
Principais Países Produtores de Milho
450 300
Brasil
EUA
China
ção entre os países na área 266,048
Média P. Produção
257,148 252,983 Em Milhões de Toneladas 248,963 400 240,812 237,389 250 236,247 235,372 450 231,966 Brasil EUA China Média P. Produção 225,832 350 200 Em Milhões de Toneladas 400 226,589 266,048 300 257,148 252,983 150 248,963 350 240,812 237,389 250 236,247 235,372 231,966 266,048 100 225,832 300 257,148 252,983 200 248,963 226,589 50 240,812 237,389 250 236,247 235,372 231,966 150 225,832 0 200 226,589 13/14 14/15 15/16 16/17 17/18 18/19 19/20 20/21 21/22 22/23 23/24 100
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mentar mundial. Essa necessidade intensificou-se com a pandemia, com a guerra e com as mudanças cli-
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brasileiro. A guerra na Ucrâ-
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Principais Países Produtores de Soja
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mento daqueles países, devido às incertezas e as discussões sobre o corredor de cereais. Ao Brasil, não interessa ficar dependente de um único comprador, já que a China tem sido o principal destino dos produtos agrícolas brasileiros. Há, claro, uma série de desafios eles, a falta de um acordo entre
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situação dúbia sobre o forneci-
para essa consolidação. Entre
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para garantir a segurança ali-
máticas. A garantia de oferta é
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da agricultura é fundamental
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Mercosul e União Europeia. As barreiras ambientais, muitas vezes usadas como imposições contrárias às compras no Brasil, precisam ser removidas. A preocupação com a sustentabi-
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O40000 facto é que o Brasil produz de forma sustentável e essas infor-
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30000 mações precisam chegar aos consumidores europeus. Precisamos
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táculos a serem superados, parece límpido que as oportunidades e soluções são ainda maiores nessa relação que promete ser benéfica
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para os dois países. Maiores Players Exportadores de Milho em Milhões de Toneladas
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Avaliação de Processos de Fabrico: - Homogeneidade de Misturas - Avaliação de Contaminações - Monitorização de Matérias primas - Monitorização de Alimentos para Animais
Análise Nutricional Serviços de Diagnóstico
Pré-misturas Alimentos Complementares
Serviços Técnicos Veterinários
Controlo de Especificações: - Matérias-primas - Pré-misturas - Alimentos para Animais
Serviços de Formulação Assistência Veterinária Apoio Técnico a Explorações A L I ME N TAÇÃO A N I M A L
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL OPINIÃO
A CIÊNCIA NA BASE DO DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA
Manuel Chaveiro Soares Engenheiro Agrónomo, Ph. D.
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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
A ciência tem proporcionado avanços notáveis, conduzindo a uma produção crescente de alimentos, se bem que em 2021 o número de pessoas afetadas pela fome em todo o mundo se eleve ainda a 828 milhões. É na segunda metade do século XIX que emergem os primeiros cientistas que viriam a ter uma importância decisiva na melhoria das técnicas agronómicas, com reflexos favoráveis na produtividade agrícola e consequente diminuição da fome que então afligia a maioria da população mundial. Permito-me destacar três eminentes cientistas do final do século XIX que deram um contributo extraordinário para o desenvolvimento das técnicas agronómicas e, consequentemente, proporcionaram maior segurança alimentar à humanidade: (i) Mendel, que formulou as leis da hereditariedade, as quais regem a transmissão dos caracteres hereditários e viriam a revelar-se essenciais para o desenvolvimento da genética, que veio permitir o melhoramento eficaz de plantas e de animais, com reflexos extraordinários nas respetivas produtividades; (ii) Louis Pasteur que, para além de importantes descobertas no domínio da medicina, criou a técnica de pasteurização dos alimentos (só passado quase um século é que a mesma se veio a aplicar ao leite em Portugal!), derrubou a teoria da geração espontânea aristotélica, para considerar formas microscópicas de vida, tendo demonstrado que o solo apresenta vida microbiana intensa e chamando a atenção para que «a importância dos infinitamente pequenos é infinitamente grande», dando início ao desenvolvimento da microbiologia do solo; (iii) Liebig, que teve a coragem de refutar a teoria do húmus proposta por Aristóteles havia 2000 anos, tendo descoberto que as plantas se alimentam de nutrientes inorgânicos, chegando à famosa fórmula NPK – dando assim início à era dos fertilizantes inorgânicos. Neste domínio cumpre anotar que em 1908 Haber descobre no laboratório as condições para a síntese química do amoníaco a partir do azoto da atmosfera e do hidrogénio da água, usando gás natural e assim libertando uma quantidade elevada de dióxido de carbono (gás de efeito de estufa); em 1912 o engenheiro metalúrgico Carl Bosch, da empresa BASF, industrializou o processo de obtenção do amoníaco – constituinte dos adubos azotados, como o sulfato de amónio. Estes dois cientistas foram galardoados com o Prémio Nobel da Química, respetivamente em 1918 e 1931. Atualmente, como alternativa, pode produzir-se o chamado amoníaco verde, utilizando-se energia eólica ou solar, evitando assim impactos no ambiente decorrentes do fabrico supramencionado.
A importância dos adubos azotados na produtividade das culturas é de tal modo relevante que se estima que metade da atual população mundial (8 mil milhões de pessoas) sobrevive graças à utilização dos adubos azotados. Esta a razão por que o Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, engenheiro eletrotécnico António Guterres, tem vindo recentemente a revelar enorme preocupação com as dificuldades criadas às exportações de adubos azotados provenientes da Rússia e da Ucrânia – principais exportadores do mundo. Na sequência do importante contributo dispensado por Mendel no domínio da genética, cumpre destacar o papel desempenhado pelo engenheiro agrónomo Norman Borlaug que, após a II Grande Guerra, tendo-se apercebido que a fome matava milhões de cidadãos, nomeadamente na América Latina e na Ásia, foi impelido a dedicar-se com êxito ao melhoramento genético do trigo, aumentando 10 vezes a sua produtividade, tendo para isso criado um trigo anão e resistente às doenças (e, posteriormente, empenhou-se também no melhoramento genético do milho e do arroz). Em 1970 Borlaug foi galardoado com o Prémio Nobel da Paz (pois o pão também serve para conseguir paz no mundo) e, mais recentemente Bill Gates (2021) considerou-o (sic) «um dos maiores heróis da história da humanidade». Aliás, recorde-se que em 2020 o Prémio Nobel da Paz foi também atribuído ao Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas (PAM) pela liderança no combate à fome. Ainda no que concerne ao melhoramento genético das plantas, de assinalar que, na sequência da descoberta, em 1953, da estrutura tridimensional do ácido desoxirribonucleico (DNA) – que justificou a atribuição do Prémio Nobel a três cientistas –, emergiu a engenharia genética que permitiu conferir às plantas transgénicas (OGM) resistência a herbicidas e a insetos, para além de também poder melhorar o seu valor nutritivo. Em 2019 foi lançado um fertilizante biológico que contém uma bactéria geneticamente modificada (GM) que fornece à planta azoto do ar, mitigando assim as externalidades negativas associadas aos adubos azotados. Mais recentemente desenvolveram-se as Novas Técnicas Genómicas (NTG), que permitem a edição do genoma de modo preciso, sem introduzir ADN exógeno, sendo que esta nova tecnologia (denominada CRISPR-Cas9) dá lugar ao desenvolvimento de cultivares resistentes a pragas e doenças, menos exigentes em fertilizantes e mais resistentes à seca. Acrescente-se que o desenvolvimento, em 2012, do aludido sistema, justificou a atribuição do Prémio
Nobel da Química de 2020 a duas cientistas: a francesa Emmanuelle Charpentier e a norte-americana Jennifer Doudna. A propósito dos avanços extraordinários que se têm alcançado no domínio da moderna biotecnologia, refira-se também que um grupo de cientistas norte-americanos e israelitas – preocupados com as mudanças climáticas – recentemente propôs uma estratégia para remover o CO2 da atmosfera, utilizando para o efeito uma tecnologia inovadora – que inclui poderosos métodos de biologia sintética e de sistemas (SSB) – suscetível de modificar as plantas de modo a removerem irreversivelmente o CO2 da atmosfera (DeLisi et al., 2020). Os aludidos cientistas apontam vários exemplos suscetíveis de aplicação da mencionada tecnologia (e favoráveis à sustentabilidade ambiental), tais como: (i) alterar a relação entre as raízes e a parte aérea da planta, para aumentar a quantidade de CO2 retido no solo; (ii) aumentar a eficiência fotossintética das plantas; (iii) tornar as plantas mais resistentes à secura, modificando as folhas de modo a diminuírem a evaporação da água; (iv) elevar a produtividade das culturas, o que irá aumentar a sustentabilidade, na medida em que é necessária menor área de cultivo para determinada produção. Adicionalmente, os referidos cientistas sugerem outras modificações genéticas das plantas (e.g. trigo) que se revestem de muito interesse, designadamente a capacidade de fixarem o azoto, à semelhança do que se verifica com as leguminosas, podendo desse modo consumirem grandes quantidades de óxido nitroso – um gás com efeito de estufa relevante. Sugerem ainda que as bactérias poderiam ser modificadas para utilizarem o CO2 como fonte de carbono, em vez de hidratos de carbono. No que concerne ao melhoramento genético animal, no pós-guerra têm-se vindo a alcançar progressos notáveis na produtividade e, consequentemente, também na eficiência alimentar, com vantagens óbvias em termos de sustentabilidade ambiental, económica e social. Em Portugal, no que respeita às vacas leiteiras, a produção média de leite por vaca duplicou; no que concerne à produção suína, o número de leitões desmamados por porca/ano quase que triplicou; e, no tocante aos frangos de carne, o índice de conversão alimentar baixou de 4,4 para 1,4 – tudo o que precede expressa uma eficiência crescente, conducente à redução das áreas cultivadas (sustentabilidade ambiental) e a um decréscimo dos preços de venda (sustentabilidade económica e social), que veio a ser acompanhado por um crescente consumo de proteína animal em Portugal, o qual pode explicar a maior estatura dos jovens de hoje
comparativamente com a dos seus avós criados antes dos anos 1950. No domínio da sanidade vegetal, importa assinalar a síntese do primeiro pesticida, em 1939, pelo químico suíço Paul Müller, galardoado com o Prémio Nobel em 1948, como reconhecimento pelo impacto imenso que o DDT teve na luta contra as doenças causadas por insetos, designadamente malária e tifo. A Academia Nacional das Ciências Norte-Americana estimou que, só na Índia, o DDT salvou 500 milhões de vidas humanas até 1970. Este inseticida revelou-se seguro para os humanos, mas maligno para o ambiente, em particular para as aves, o que levou a bióloga Rachel Carson a publicar um livro intitulado “Primavera Silenciosa”, o qual viria a conduzir à proibição do uso do DDT em muitos países, nomeadamente na Suíça em 1969 e nos EUA em 1972, e, para além disso, o referido livro ajudou a lançar o movimento ambientalista. Cabe notar que 99,99 por cento dos pesticidas (em peso) são sintetizados pelas próprias plantas e, apesar do uso adicional dos produtos fitofarmacêuticos para proteger as plantas dos seus inimigos (doenças, pragas e infestantes), em 2020 a Organização da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO) estimou que as pragas e as doenças das plantas são responsáveis pela perda de cerca de 40 por cento das culturas alimentares no Mundo, o que deixa milhões de pessoas sem alimentos suficientes para comerem. Esta problemática agudiza-se ao admitirmos que a FAO estima que será necessário incrementar 60% a produção de alimentos até 2050, aumentando para o efeito a eficiência do uso dos recursos naturais, tendo presente a sustentabilidade económica, social e ambiental. De sublinhar que todas as substâncias dos produtos fitofarmacêuticos utilizados em Portugal são previamente avaliadas pelas autoridades competentes da UE e, por sua vez, em Portugal a autoridade sanitária competente (DGAV) controla regularmente os resíduos de pesticidas nos alimentos, sendo que os resultados obtidos deixam-nos tranquilos no que respeita à observância dos limites máximos autorizados. Presentemente observa-se até uma tendência para a produção de alimentos com resíduos zero. A este propósito, acrescente-se que, nomeadamente em Portugal, observa-se um crescente interesse por parte dos agricultores para substituírem os inseticidas de síntese por métodos de luta biotécnica contra as principais pragas de diversas culturas. Um desses métodos recorre à confusão sexual, no qual feromonas de síntese correspondentes às emitidas pelas fêmeas para atraírem
os machos ao acasalamento são distribuídas na atmosfera, perturbando assim os machos e impedindo-os de encontrar as fêmeas. Também as Novas Técnicas Genómicas (NTG), provavelmente autorizadas na UE num futuro próximo, irão permitir desenvolver variedades resistentes a fungos, reduzindo assim as aplicações de fungicidas na agricultura e contribuindo deste modo para a proteção do ambiente. No que concerne à mecanização agrícola importa sublinhar que esta experimentou um progresso enorme no último século, dispensando os agricultores da realização de trabalhos penosos, melhorando a eficiência da produção agrícola e libertando numerosa mão-de-obra para a indústria e os serviços. Atualmente a agricultura de precisão usa computadores em conjunto com imagens de satélite para automatizar o trabalho desenvolvido pelas máquinas agrícolas. De salientar ainda que a engenharia hidráulica tem dispensado um contributo relevante para o aumento da produtividade agrícola, nomeadamente em Portugal, cujo clima mediterrânico na variante atlântica (e que poderá sofrer um agravamento devido às alterações climáticas), apresenta prolongadas estiagens. Em meados do século passado, o engenheiro agrónomo e silvicultor Vieira Natividade considerou que estas estiagens «pesam sobre a agricultura portuguesa como uma trágica maldição». Esta a razão por que os regadios públicos e privados têm conhecido uma crescente expansão em Portugal, mas segundo o último Recenseamento Agrícola (2019) ocupam ainda apenas 562 255 ha, se bem que seja reconhecido que o regadio entre nós consegue produzir em média cerca de seis vezes mais Valor Acrescentado Bruto face ao sequeiro. Neste âmbito reconhece-se que importa reabilitar estruturas de regadio envelhecidas e pouco eficientes, nomeadamente proceder à reconversão dos sistemas de adução em canal para tubos fechados; adicionalmente cumpre investir cada vez mais em tecnologia digital, incluindo a agricultura de precisão, com vista a uma gestão eficiente da água de rega, podendo assim obter-se uma poupança de 70%. Em conclusão, podemos afirmar que a ciência tem proporcionado avanços notáveis no campo agronómico, conduzindo a uma produção crescente de alimentos, suscetível de alimentar uma população que vem experimentando um enorme aumento, se bem que em 2021 o número de pessoas afetadas pela fome em todo o mundo se eleve ainda a 828 milhões, não raras vezes em decorrência de condições políticas, económicas e sociais desfavoráveis à produção de alimentos. A L I ME N TAÇÃO A N I M A L
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO
MANEIO NUTRICIONAL DA DISENTERIA SUÍNA
Nelson Santos Brandsweet
Xavier Córdoba NutriBioGenics
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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
A disenteria suína, causada pela Brachyspira hyodysenteriae, é uma doença microbiana que pode afetar leitões, mas geralmente ocorre em suínos durante a fase de engorda. A Brachyspira hyodysenteriae é uma espiroqueta de 6 a 11 µm de comprimento por 0,35 µm de largura e é altamente beta-hemolítica. A Brachyspira é um patógeno com alta resistência nas fezes, podendo resistir por mais de 150 dias. No entanto, é um micro-organismo muito sensível em ambientes secos e quentes, não sendo comum observar surtos de Brachyspira em verões secos e quentes. Aves, insetos ou roedores podem ser vetores que auxiliam na transmissão, mas a principal via de contágio são as fezes contaminadas. Também é importante observar que as porcas podem ser portadoras assintomáticas que transmitem a doença aos leitões. A imunossupressão ou uma mudança significativa na dieta podem predispor a um surto de disenteria. A doença resultante é caracterizada como uma doença aguda do cólon e ceco, causando lesões hemorrágicas e necróticas na mucosa e submucosa do intestino grosso, altamente infiltradas por PMN (polimorfonucleados). Inicialmente, a doença manifesta-se como uma diarreia pastosa com muco e filamentos de sangue vermelho, indicando sua origem no intestino grosso. Os animais mostram menos apetite, e também pode ocorrer alguma morte súbita. Se não for tratada a tempo, a diarreia pode evoluir para fezes mais aquosas, com mais sangue e um exsudado mucopurulento típico. Os animais perdem drasticamente o apetite e a condição corporal, apresentando desidratação grave e alta mortalidade. Além de diagnosticar a doença pelos sintomas, podemos confirmá-la por meio de culturas microbianas e PCR. A disenteria suína é uma doença que não tem uma taxa elevada de mortalidade, desde que seja tratada. Os animais que se recuperam ou são tratados tardiamente apresentam um desempenho muito pobre ao longo da sua vida produtiva, o que é um problema
particularmente grave numa exploração, já que a morbilidade pode atingir níveis de 90%. Assim como na maioria das doenças transmitidas por micro-organismos patogênicos, a melhor estratégia para prevenir a doença é implementar um bom plano de biossegurança. No entanto, este não é um tema fácil de abordar, sendo necessário ser muito organizado e perseverante, uma vez que a Brachyspira é muito resistente nas fezes se as condições forem favoráveis. Durante o outono, é comum aumentar a incidência da doença devido à alta humidade e à queda de temperaturas que favorecem a propagação da enfermidade. Uma boa desinfeção, juntamente com uma estratégia de “All in/All out”, são fundamentais para manter a doença sob controle. Outro aspeto a destacar é a promoção de uma boa saúde intestinal, pois o agravamento da saúde intestinal aumenta o risco de surtos de disenteria suína. O agravamento da saúde intestinal pode ser causado por várias razões que muitas vezes se retroalimentam, já que uma síndrome de má absorção pode levar a uma disbiose intestinal que provoca inflamação intestinal e imunossupressão, que por sua vez, agrava novamente a síndrome de má absorção e acaba provocando um surto de disenteria suína. Uma vez estabelecida a doença, existem tratamentos antibióticos eficazes, à base de pleuromutilinas, macrolídeos ou lincosamidas. Também existem uma série de alternativas nutricionais naturais que, combinadas de forma holística, podem ajudar a controlar a doença. Na NBG, acreditamos que a patologia deve ser abordada sempre sob uma perspetiva holística, uma vez que, como vimos, trata-se de uma doença com um forte componente multifatorial. Especificamente, na NBG, acreditamos que, para ter sucesso no tratamento da doença, a abordagem nutricional deve considerar os seguintes pontos: • Eliminar o máximo possível de Brachyspira e patógenos oportunistas com um antimicrobiano natural potencializado. • Reduzir a reinfeção com mecanismos que dificultem a multiplicação de Brachyspira. • Reverter a inflamação dos tecidos afetados. • Regenerar os tecidos danificados. • Reforçar a imunidade animal, especialmente a nível das mucosas.
Efeito do NBG EnteroShield-BH em porcos de 18-105 Kg com um surto severo de Disenteria Porcina, Can Bosch, 2023 2.6
2.5
Efeito do NBG EnteroShield-BH em porcos
2.4 de 18-105 Kg com um surto severo
de Disenteria Porcina, Can Bosch, 2023
2.3 2.6
Indice de conversão do grupo (g/g)
Efeito do NBG EnteroShield-BH em Seguindo a filosofia de tornar os porcos alimentos Tratamento Antibiotico em água 2.5 de 18-105 Kg com um surto severo Tratamento Antibióticos emNutriBioGenics, água + NBG a medicina dos animais, na Porcina, Can Bosch, 2023 2.4de Disenteria EnteroShield-BH desenvolvemos o NBG EnteroShield-BH, NBG EnteroShield-BH 2.3 2.6 um produto poderoso Indice demuito conversão do grupo antimicro(g/g) 2.5 biano e anti-inflamatório base de curcuTratamento Antibiotico emàágua 2.4 Tratamento Antibióticoscom em água + NBG mina potencializados a tecnologia EnteroShield-BH 2.3 NBG BioBoost e NBG Protect para Indice de conversão do grupo (g/g) ajudar NBG EnteroShield-BH a reduzir os problemas suína. Tratamento Antibiotico da em disenteria água Efeito Tratamento do NBG EnteroShield-BH em+porcos Antibióticos em água NBG soziO tratamento com NBG EnteroShield-BH deEnteroShield-BH 18-105 Kg com um surto severo nho de nãoDisenteria reduziu aPorcina, mortalidade ao mesmo nível NBG EnteroShield-BHCan Bosch, 2023 que o tratamento com antibióticos, mas diminuiu 0.4 0.3
Efeito do NBG EnteroShield-BH em porcos 0.2 de 18-105 Kg com um surto severo
0.1de Disenteria Porcina, Can Bosch, 2023
0 0.4
Custo da medicamentação injetavel
Efeito do NBG EnteroShield-BH em porcos (€/animal) de 18-105 Kg com um surto severo 0.2de Disenteria TratamentoPorcina, Antibiotico na água Can Bosch, 2023 0.3
0.1 0.4 0 0.3 0.2 0.1
0
Tratamento Antibióticos na água + NBG EnteroShield-BH NBG EnteroShield-BH Custo da medicamentação injetavel (€/animal)
o consumo de antibióticos injetáveis e melhorou o crescimento dos animais. Apesar de ter sido observado um ligeiro aumento na mortalidade em comparação com o grupo tratado com antibióticos, o grupo com NBG EnteroShield sozinho conseguiu atingir o mesmo índice de conversão.
Como conclusão do artigo, gostaríamos de destacar os seguintes pontos: A disenteria suína é uma doença causada pela Brachyspira hyodysenteriae, um patógeno intestinal que geralmente afeta os suínos durante a fase de engorda. A disenteria suína apresenta uma alta morbidade, mas uma baixa mortalidade se for tratada adequadamente. Os animais que se recuperam da doença tendem a reduzir sua produtividade
ao longo de todo o ciclo produtivo, causando consideráveis perdas económicas. A prevenção da disenteria suína é um fator chave, mas requer um bom programa de biossegurança que evite a contaminação cruzada e preste especial atenção à desinfeção da exploração. Existem vários antibióticos eficazes para tratar a doença, embora também haja múltiplas terapias naturais para tentar conter tanto os microrganismos patogénicos como os sintomas da doença. Dadas as características da doença, uma abordagem holística do problema, como a proposta com NBG EnteroShield-BH, é essencial para controlar a doença.
Tratamento Antibiotico na água Tratamento Antibióticos na água + NBG Custo da medicamentação injetavel EnteroShield-BH (€/animal) NBG EnteroShield-BH Tratamento Antibiotico na água
Efeito Tratamento do NBG EnteroShield-BH em+porcos Antibióticos na água NBG deEnteroShield-BH 18-105 Kg com um surto severo de Disenteria Porcina, Can Bosch, 2023 NBG EnteroShield-BH 225 220
Efeito do NBG EnteroShield-BH em porcos
215 de 18-105 Kg com um surto severo
de Disenteria Porcina, Can Bosch, 2023
210
225 205
EfeitoConsumo do NBGdeEnteroShield-BH em ração de 18 a 105 Kg deporcos PV ( Kg ) 220 de 18-105 Kg com um surto severo Tratamento Antibiotico água 2023 de Disenteria Porcina, CanemBosch, 215 Tratamento Antibióticos em água + NBG 210 225 EnteroShield-BH NBG EnteroShield-BH 205 220 Consumo de ração de 18 a 105 Kg de PV ( Kg ) 215 Efeito do NBG EnteroShield-BH em porcos Tratamento Antibiotico em água 210 de 18-105 Kg com um surto severo Tratamento Antibióticos em água + NBG de Disenteria Porcina, Can Bosch, 2023 EnteroShield-BH 205 Consumo de ração de 18 a 105 Kg de PV ( Kg ) NBG EnteroShield-BH 2.6 Tratamento Antibiotico em água 2.5 Efeito do NBG EnteroShield-BH em porcos Tratamento Antibióticos em água + NBG 2.4 de 18-105 Kg com um surto severo EnteroShield-BH Porcina, Can Bosch, 2023 NBG EnteroShield-BH 2.3de Disenteria Indice de conversão do grupo (g/g) 6 Tratamento Antibiotico em água
4
Efeito Tratamento do NBG EnteroShield-BH em+porcos Antibióticos em água NBG deEnteroShield-BH 18-105 Kg com um surto severo NBG EnteroShield-BH Porcina, Can Bosch, 2023 0 de Disenteria 2
Mortalidade (%)
6
EfeitoTratamento do NBG EnteroShield-BH em porcos Antibiotico na água 4 de 18-105 Kg com um surto severo Tratamento Antibióticos na água + NBG 2 de Disenteria Porcina, Can Bosch, 2023 EnteroShield-BH NBG EnteroShield-BH
6 0
Mortalidade (%)
4
EfeitoTratamento do NBG EnteroShield-BH Antibiotico na águaem porcos 2 de 18-105 Kg com um surto severo Tratamento Antibióticos na água + NBG de Disenteria Porcina, Can Bosch, 2023 EnteroShield-BH 0 0.4
Mortalidade (%) NBG EnteroShield-BH
0.3
Tratamento Antibiotico na água Tratamento Antibióticos na água + NBG EnteroShield-BH NBG EnteroShield-BH
0.2 0.1
0
Custo da medicamentação injetavel (€/animal) Tratamento Antibiotico na água Tratamento Antibióticos na água + NBG EnteroShield-BH NBG EnteroShield-BH
A L I ME N TAÇÃO A N I M A L
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO
CONTROLO DE SALMONELLA EM FÁBRICAS DE ALIMENTOS COMPOSTOS INTRODUÇÃO
Luis Conchello Business Manager MillSMART & Food Safety KEMIN EUROPA N.V
As doenças de origem alimentar, como a salmonelose, continuam a ser uma das principais causas de morbilidade, mortalidade e perdas económicas significativas a nível mundial. A EFSA publicou relatórios que confirmam o elevado número de pessoas afetadas por esta doença, tornando-a, assim, numa das principais doenças infeciosas conhecidas. Tanto a nível europeu como mundial, os alimentos de origem animal, tais como os ovos ou a carne, continuam a ser as principais causas da doença. Os animais podem ser infetados por Salmonella através de diferentes fontes, especialmente os alimentos compostos, a água potável ou o ambiente. Um surto de Salmonella numa exploração fará com que a doença se propague rapidamente de um animal para o outro.
CONTROLO DE SALMONELLA AO LONGO DA CADEIA ALIMENTAR
O controlo de patógenos ao longo de toda a cadeia alimentar – desde os alimentos compostos para animais aos seres humanos – exigirá uma série de intervenções em vários pontos dessa cadeia. Um controlo exaustivo de Salmonella e bons programas de monitorização devem ser realizados com a devida diligência, dada a sua importância para as principais partes interessadas da cadeia. Começando pelas matérias-primas, tanto durante o seu armazenamento como no seu processamento, continuando com as fábricas de alimentos compostos e a sua produção; as explorações agrícolas e os animais nelas alojados, os matadouros e as carcaças, e terminando com as fábricas de processamento de alimentos e a própria carne. Esta abordagem deve ser combinada com um bom programa de biossegurança, com os seus pontos críticos de controlo, medidas e ações implementadas em pontos específicos. A recolha e monitorização destes dados através dos procedimentos adequados – tanto de recolha de amostras como os próprios dados – permitirão a tomada de decisões baseadas em dados reais. Isto garantirá que os riscos associados à segurança dos alimentos compostos para animais sejam bem avaliados e que possam ser realizadas ações corretivas no âmbito do programa de monitorização para evitar, na medida do possível, a recontaminação com Salmonella ao longo de toda a cadeia alimentar. 38 |
ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
SALMONELLA – CONTROLADA MEDIANTE 4 INTERVENÇÕES Centrando-nos nas fábricas de alimentos compostos, o controlo da Salmonella pode ser conseguido com quatro intervenções.
1. Matérias-primas para alimentação animal O principal objetivo é prevenir a entrada da Salmonella nas instalações. Os controlos das matérias-primas são essenciais para identificar aquelas que representam um risco elevado. Historicamente, estas matérias-primas apresentam uma prevalência elevada de Salmonella e tendem a sofrer processos específicos de aquecimento, como também ocorre em muitas instalações de processamento de oleaginosas. Todas as farinhas, tanto as de origem vegetal como as de origem animal, representam um risco elevado de contaminação e classificam-se como tal. É importante salientar que isto depende, em grande medida, do fornecedor, pelo que, se for necessário, é possível rever as normas de higiene definidas pelo fornecedor. Num estudo no qual foram avaliadas a soja e outras proteínas de origem vegetal como possíveis fontes de contaminação por Salmonella em suínos, observou-se que diferentes sorovares de Salmonella (28) eram frequentemente isolados em lotes de bagaço de soja (14,6%) e de colza (10,0%) importada (Wierup e Häggblom). Os veículos de transporte também devem ser desinfetados e submetidos a processos periódicos de manutenção. Além disso, os processos de controlo de pragas garantem que as aves e os roedores que possam ser portadores de Salmonella não entram nas instalações, uma forma prática de impedir a sua entrada. Tratar matérias-primas de alto risco com uma solução antimicrobiana – Sal CURB® da Kemin – é uma solução rentável e eficaz e permite que a solução microbiana comece a exercer o seu efeito, garantindo igualmente que a carga microbiana que possa chegar até ao misturador seja claramente reduzida.
2. Ambiente O segundo objetivo será prevenir o crescimento da Salmonella no interior das instalações. Isto é conseguido controlando o risco de condensação e de libertação de pó em diferentes locais no interior das instalações. O pó é uma clara fonte de recontaminação ambiental, pois é um veículo principal para a Salmonella. A probabilidade de encontrar Salmonella no pó numa fábrica de alimentos compostos é muito elevada.
A condensação ocorre devido a diferenças de temperatura significativas entre o alimento composto, o ar ou as superfícies dos equipamentos. Níveis elevados de água ativa no alimento composto vão favorecer o crescimento da Salmonella. Uma ventilação adequada na fábrica é essencial, pois: Previne a acumulação de vapor, condensação e pó. Elimina o ar contaminado. É importante garantir que o fluxo de ar é controlado e medido, especialmente, o ar que se utiliza para arrefecer os pellets, que deverá ser filtrado e proveniente de fora da instalação para reduzir a contaminação dos alimentos compostos em pellets. A contaminação ambiental combate-se usando o tratamento cíclico de um antimicrobiano como o Sal CURB® nos alimentos compostos. O tratamento cíclico aplica a solução antimicrobiana ao alimento composto, a determinados intervalos durante um período, numa sequência cíclica “on” e “off”. O alimento composto atuará como um veículo para permitir que os ingredientes voláteis limpem as partículas de alimento composto do ambiente à medida que esta avança pelos sistemas da fábrica.
3. Descontaminação A terceira intervenção envolve a inclusão de etapas de descontaminação no interior das instalações. Isto pode conseguir-se através do efeito sinérgico de fatores como o calor ou os tratamentos químicos. O tratamento com calor aplica-se mediante, por exemplo, o acondicionamento e a granulação do alimento composto em farinha. O tratamento químico refere-se à adição da solução antimicrobiana Sal CURB®. É muito importante, como parte da higiene do alimento composto, que se atinjam as temperaturas de acondicionamento e granulação necessárias para matar fungos e bactérias, como a Salmonella. Dependendo do tipo de dieta, as temperaturas podem ultrapassar os 85°C ou rondar os 60°C. As temperaturas excessivas podem ter um efeito negativo sobre alguns nutrientes essenciais ou compostos bioativos. Temperaturas demasiado elevadas resultarão num maior grau de condensação posterior e, como tal, num maior risco de contaminação microbiana afetando a segurança dos alimentos compostos. Por outro lado, temperaturas demasiado baixas diminuem as reduções no número de registos microbianos e, mais uma vez, a segurança
microbiológica dos alimentos compostos fica comprometida. A segurança microbiológica dos alimentos compostos é um fator-chave. Ao adicionar a solução Sal CURB®, esta exerce a sua ação biocida por contacto, além de atuar sinergicamente com o tratamento térmico, se utilizado, garantindo uma destruição microbiana praticamente total. Uma matriz de segurança ideal seria um modelo que utilizasse uma combinação de 5 fatores para eliminar a Salmonella. Os fatores seriam a temperatura, o tempo, a pressão, o teor de humidade e o tratamento químico. O aumento de cada um desses fatores, conforme indicado na literatura, afetará a destruição de bactérias patogénicas. Este método deverá aplicar-se a matrizes individuais e às condições do processamento para maximizar a capacidade de alcançar os objetivos e limites críticos, garantindo uma destruição efetiva.
4. Recontaminação A quarta intervenção é a prevenção da recontaminação. Isto é conseguido através do efeito residual produzido pela aplicação de Sal CURB®. É composto por uma combinação sinérgica de ácidos orgânicos, os seus sais, surfactantes e um inibidor da corrosão que garante a morte dos componentes voláteis por contacto, ao mesmo tempo que os sais garantem uma proteção residual duradoura. Os surfactantes melhoram a dispersão do Sal CURB® e os seus ingredientes ativos numa solução aquosa ativada, garantindo a máxima dispersão e a máxima penetração no alimento composto.
OS SERVIÇOS DA KEMIN
Cada uma das intervenções sugeridas contam com o apoio total dos Serviços da Kemin, incluindo a monitorização laboratorial (CLS), a tecnologia de engenharia de aplicação e o apoio técnico. Customer Laboratory Services (CLS Lab) O nosso laboratório (CLS) é responsável por utilizar as melhores técnicas de amostragem com vista a garantir que as amostras recolhidas são representativas. O controlo exaustivo do risco alcança-se através de boas auditorias ao nível da fábrica de alimentos compostos, em combinação com uma longa série de potenciais análises laboratoriais. Além disso, elaboram-se protocolos personalizados e testes de eficácia para fornecer recomendações de dosagem mais específicas.
O controlo da eficácia é feito continuamente e os resultados, com todos os dados, são analisados e comparados com outros de outras matérias-primas e alimentos compostos provenientes de toda a região EMENA. Serviços de Engenharia (KAS) Os serviços de engenharia de aplicação da Kemin constituem uma parte essencial da eficácia e resultados dos antimicrobianos utilizados. O desafio da segurança alimentar reside não apenas na prevenção da contaminação e recontaminação, mas também no tratamento das matérias-primas potencialmente inseguras. Isto é especialmente difícil porque, especificamente, a Salmonella está distribuída de forma muito heterogénea. Os equipamentos de aplicação, com os bicos de última geração, garantem que o produto seja aplicado sob a forma de uma solução que se dispersa com baixa tensão superficial. Desta forma, garante-se que gotas menores saiam dos bicos, cobrindo uma superfície maior e alcançando a cobertura máxima. Isto garante a dispersão e a penetração do antimicrobiano aplicado. O produto é, então, aplicado uniformemente, minimizando os riscos de Salmonella e maximizando a segurança alimentar. Serviços Técnicos O serviço de apoio técnico é composto por especialistas em produção de alimentos compostos e segurança alimentar, que se encarregam de disponibilizar apoio técnico, fornecendo guias e recomendações de trabalho que são complementados pelos programas de biossegurança, dando, assim, aconselhamento prático personalizado para cada caso. A implementação eficaz do programa HACCP e das medidas de biossegurança e BPF/BPH em toda a cadeia alimentar é crucial para garantir que não ocorre contaminação e recontaminação com Salmonella e confirmar a segurança alimentar.
As intervenções alinhadas com estas medidas e com estes procedimentos são apoiadas por um grupo de especialistas com vista a criar um programa de deteção e controlo de Salmonella específico para cada cliente e garantir uma produção de alimentos saudáveis, seguros e rentáveis. A L I ME N TAÇÃO A N I M A L
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL SPMA
SECÇÃO DE PRÉ-MISTURAS E ADITIVOS
Teve lugar, no passado dia 11 de outubro na sede da IACA, a Assembleia-Eleitoral para votar a futura Direção da SPMA, tendo sido eleita a seguinte Lista (única candidata), para o Mandato 2024/2026: • TNA – Representada pelo Engº João Barreto • VETLIMA – Representada pelo Dr. Rui Gabriel • PREMIX – Representada pela Engª Ingrid Van Dorpe Como decorre do Regulamento interno da Secção, foi designado o Engº João Barreto como Presidente da SPMA, a partir de 1 de janeiro de 2024.
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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
ENTREGA DE PRÉMIO SPMA AO DR. ANTÓNIO ARNAUT Não tendo sido possível estar presente em 2022, nas XI Jornadas de Alimentação Animal, em 2023, a IACA deslocou-se à Vetalmex, para entregar o prémio ao colega e amigo António Arnaut, culminando assim a merecida Homenagem, com o SG a referir umas breves palavras de
agradecimento por tudo o que nos deu, quer na IACA, quer no Setor. Seguiu-se um simpático almoço de convívio, no seu restaurante preferido, que marcou a "despedida" profissional da empresa. Obrigado António, e até breve. Até sempre!
A L I ME N TAÇÃO A N I M A L | 4 1
ALIMENTAÇÃO ANIMAL SPMA
RESUMO DO 33º COMITÉ DE GESTÃO DE SEGURANÇA DOS ALIMENTOS PARA ANIMAIS No passado dia 22 de novembro foi rea-
não-alvo, desde que este último cumpra
da IACA, deu o seu contributo ao fazer
lizado, em regime misto, o 33º Comité
com os limites máximos específicos de
referência dos vários projetos nos quais
de Gestão de Segurança dos Alimentos
contaminação cruzada, i.e., 1% ou LOQ,
está envolvido, nomeadamente, no pro-
para Animais (Feed Safety Management
conforme os casos. O Comité comentou
jeto InsectERA que visa possibilitar a
Committee).
o facto de que poderão existir incremen-
industrialização e comercialização de
tos substanciais de material de flushing
inovadores produtos com base em inse-
e, consequentemente, as empresas terão
tos, em diversas áreas, nomeadamente,
de fazer mais investimentos em estrutu-
na alimentação animal. Foi feita refe-
ras de armazenagem. Por outro lado, as
rência, igualmente, o projeto FeedValue
estatísticas demonstram, de uma forma
cujo objetivo primordial é a valorização
Um dos temas mais debatidos foi o rela-
geral a nível europeu, que a produção de
de coprodutos numa lógica de cascata
tivo às novas regras, prestes a serem
alimentos medicamentosos tem vindo
de valor e de abordagem integrada dos
adotadas pela Comissão Europeia, sobre
a decrescer, o que dificulta a decisão
sistemas de produção, na promoção da
os limites máximos de resíduos de subs-
de realizar investimentos neste tipo de
integração de atividades como os copro-
tâncias ativas antimicrobianas em ali-
produção. Levanta-se a questão quanto
dutos em alimentos para animais e nos
mentos não alvo. Recordando, enquanto
à obrigatoriedade de uma rotulagem
serviços de ecossistemas; e ainda o
regra, o limite máximo deverá ser de 1%
específica em alimentos com resíduos
projeto LivingLab que pretende reduzir
da substância ativa utilizada no último
de contaminação cruzada acima do LOQ.
a pressão da atividade agrícola na utili-
A reunião iniciou-se com a reeleição de Angela Booth e de Manfred Hessing para Presidente e Vice-Presidente do Comité, respetivamente.
lote produzido de alimento medicamentoso ou de produto intermédio e que foi produzido antes do alimento não alvo. Contudo, existe uma derrogação a esta regra, a qual define um limite máximo correspondente ao Limite de Quantificação (LOQ), estipulado no Anexo deste novo Regulamento, para cada substância antimicrobiana. Esta derrogação aplica-se a: 1) alimentos destinados a animais produtores de géneros alimentícios (exceto peixes) quando produzidos após um alimento medicamentoso para aquicultura; 2) alimentos destinados a animais na sua fase produtiva, cujos produtos (ovos e leite) destinam-se ao consumo humano; 3) e a alimentos destinados a animais produtores de géneros alimentícios e que se encontram no período de abate correspondente ao intervalo de segurança mais longo para as espécies animais visadas. Note-se que este Regulamento permite que as matérias-primas utilizadas para flushing das linhas de produção e dos veículos de transporte, após
Outro tema amplamente discutido foi o relacionado com a potencial exclusão da nota de rodapé 1 do Anexo I do Regulamento (CE) 396/2005 relativo aos limites máximos de resíduos de pesticidas
pecuária, contribuindo para a sustentabilidade, economia circular e encerramento do ciclo de nutrientes. De entre outros temas, um que mereceu
alimentícios e dos alimentos para ani-
destaque foi o da revisão do anexo da
mais de origem vegetal ou animal. Esta
Diretiva 2002/32 relativa às substâncias
nota de rodapé é aplicada em produtos
indesejáveis, e que deverá contemplar
utilizados, exclusivamente, para a ali-
modificações de certos limites, alguns
mentação animal e que não estão incluí-
ajustes técnicos e a introdução de uma
dos no Capítulo 12 do referido Anexo,
nova secção relativa à p-fenetidina, THC
o que significa que não são aplicados
e níquel.
Limites Máximos de Resíduos (LMR) de
A próxima reunião está prevista para abril
pesticidas. A verdade é que diferentes Estados-membros têm diferentes interpretações quanto à exclusividade de uma determinada matéria-prima para alimentação animal. Por esta razão, a Comissão Europeia coloca em cima da mesa, uma de duas opções: excluir completamente a nota de rodapé 1 ou mantê-la mediante o cumprimento de um guia de orientação para a sua aplicação. Durante a reunião foi feita uma mesa-re-
medicamentosos, respetivamente, e que
donda sobre as iniciativas de cada país
não cumpram com os limites máximos de
relativamente à diminuição da compe-
contaminação cruzada referidos, pode-
tição entre géneros alimentícios e ali-
rão ser incorporadas em um alimento
mentos para animais. Portugal, através
ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
efluentes e coprodutos da atividade
no interior e à superfície dos géneros
a produção e o transporte de alimentos
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zação dos recursos naturais e valorizar
de 2024, em formato presencial.
A LI ME N TAÇÃO A N I M A L
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL FEEDINOV
NOTÍCIAS #Partilhando Sucessos
Com o objetivo de promover a literacia e consciencialização sobre
Lançamento de 1º Jogo Mobile educativo sobre Pecuária e Sustentabilidade
saudável e sustentável, junto das gerações mais jovens, “A Quinta
biodiversidade, economia circular, bem-estar animal e alimentação
O arranque deste projeto decorreu junto da comunidade escolar de Santarém, alcançando mais de 800 alunos no ano letivo de 2023/24. Mas a previsão, até 2026, será a de impactar positivamente os cerca de 600 mil alunos, desde o pré-escolar até o 2º ciclo, do Ensino Básico público em Portugal. No Dia Mundial da Alimentação, celebrado em 16 de outubro de 2023,
do Vale” contribui também para o desenvolvimento da competência digital dos alunos, alinhando-se com a tendência europeia.
Destaques do Jogo “A Quinta do Vale”
realizámos a cerimónia de lançamento do inovador jogo educativo “A Quinta do Vale”, desenvolvido pelo FeedInov CoLab, em colaboração com a GameDev Técnico. A iniciativa teve lugar na Escola Básica do Vale de Santarém, com a presença do: • Vice-Presidente da Câmara Municipal de Santarém e Vereador com o Pelouro da Educação, João Teixeira Leite; • Presidente da Junta de Freguesia do Vale de Santarém, Manuel João Heitor Custódio; • Vereador do Município de Santarém, Nuno Russo; • Diretora do Agrupamento de Escolas Alexandre Herculano, Margarida Franca; • Coordenadora da Escola Básica do Vale de Santarém, Cristina Marchante; O projeto foi apresentado pela dedicada equipa de desenvolvimento da Game Dev Técnico e pela Gestora para a Ciência do FeedInov, Ana Cristina Monteiro.
• Primeiro Jogo Mobile em Portugal sobre Pecuária e Sustentabilidade: “A Quinta do Vale” é pioneiro em abordar, em Portugal, esta temática através de um jogo digital. • Educação sobre Sustentabilidade: O aumento estimado de 20% na procura global por produtos alimentares de origem animal até 2050 destaca a urgência desse tema junto das futuras gerações. A promoção de boas práticas e iniciativas para otimizar a utilização de recursos naturais é fundamental para enfrentar desafios futuros. • Educação Digital: Embora a sustentabilidade ambiental já tenha sido abordada nos currículos europeus, conforme indicado no relatório abrangente da Eurydice intitulado “A Educação Digital nas Escolas /da Europa”, é importante destacar que, até o momento, esta ainda não se consolidou como um princípio educativo fundamental em metade dos sistemas educativos europeus. Este desafio revela a importância crítica de iniciativas como “A Quinta do Vale”. • Amplo Público-Alvo: De acordo com as projeções da DGEEC
Inovação na Educação e Sustentabilidade
(Direção Geral de Estatística, Educação e Ciência) para 2026,
“A Quinta do Vale” é um jogo educativo e didático, disponível para download na Play Store desde 16 de outubro, que visa fornecer conhecimentos sólidos e atualizados sobre os princípios da
espera-se um número significativo de alunos em diferentes níveis
pecuária sustentável. Este jogo, direcionado a crianças com idades entre os 6 e os 11 anos, oferece uma experiência offline com um controlo de tempo diário, adaptado às necessidades da faixa etária em questão.
ção do Instituto Politécnico de Santarém, a fim de concretizar
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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
de ensino, o que torna a disseminação do conhecimento sobre esta temática ainda mais crucial: 126.129 no ensino pré-escolar, 296.978 no 1º ciclo e 147.481 alunos no 2º ciclo do ensino básico (DGEEC, 2022). Nesse sentido, o FeedInov está também a estabelecer uma parceria com a Escola Superior de Educaa elaboração de manuais informativos com elevada qualidade científico-pedagógica, acessíveis tanto online quanto offline, para docentes e encarregados de educação em todo o país. Isso garantirá que qualquer escola ou aluno em Portugal tenha acesso fácil ao projeto, aos seus conteúdos informativos e ao jogo.
• Projeto iniciou-se em Santarém: O jogo, nesta fase inicial, está a ser utilizado e divulgado nas escolas do Município de Santarém, através das atividades do projeto “FeedInov vai à escola” integrado na Oferta de Recursos Educativos, cujas ações de sensibilização alcançarão 4 agrupamentos de escolas, 16 escolas e mais de 800 crianças do pré-escolar ao 1º Ciclo do Ensino Básico. Ana Sofia Santos, CEO do FeedInov, considera que este jogo é um marco na promoção da educação sobre sustentabilidade e produção animal, referindo que “aproximar as gerações futuras dos processos agrícolas é essencial para a consciencialização da importância que a agricultura tem na sustentabilidade do nosso planeta e no garante da segurança alimentar. Este projeto vem dar um contributo sustentado e coerente para a perceção e compreensão da importância de assuntos tão atuais como a preservação da biodiversidade, o bem-estar animal, a sustentabilidade e a economia circular.” Já, para João Teixeira Leite, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Santarém e Vereador com o Pelouro da Educação, “a ferramenta educativa “Quinta do Vale” é um enorme contributo para a valorização e aproximação
1º Workshop Nacional da Rede Temática EUnetHORSE Marcámos um passo significativo para o Setor Equino Europeu com a realização do 1º Workshop Nacional da Rede Temática EUnetHORSE. Este consórcio europeu essencial para o Setor Equino reúne 15 parceiros de 9 países na Europa. O workshop organizado pelo FeedInov CoLab em parceria com a Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa (FMV-UL), ocorreu a 29 de novembro passado nas instalações da Escola Superior Agrária de Santarém, com a participação de 12 especialistas do setor, visando
da agricultura às nossas crianças. É muito importante que as crianças, de forma criativa e dinâmica, percebam a importância dos alimentos, e as soluções sustentáveis que podem estar ao dispor através de uma política agrícola assente numa economia circular. Sendo, igualmente, determinante incutir desde cedo os benefícios para a saúde de uma alimentação saudável”.
Entrevista Exclusiva na RTP com Ana Sofia Santos
Pode ver, na edição do programa Açores Hoje da RTP, a transmissão da entrevista exclusiva com Ana Sofia Santos, Diretora para a Ciência e Inovação do FeedInov CoLab sobre o jogo “A Quinta do Vale”. Assista à entrevista aqui. https://fb.watch/oj5T1xUB-w/ A LI ME N TAÇÃO A N I M A L
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL FEEDINOV
identificar 15 necessidades prioritárias para fortalecer o sistema equino em Portugal. O programa incluiu apresentações sobre a Rede Temática EUnetHORSE, resultados preliminares dos 40 inquéritos nacionais realizados e metodologias de trabalho participativo. No final, foi consolidada uma lista de necessidades identificadas para orientar futuras ações no setor. Este é um passo significativo no consórcio europeu EUnetHORSE, liderado em Portugal pelo FeedInov e FMV-UL, que visa ainda, nos
Neste exclusivo evento nacional, 24 formandos da APPACDM, entre os 17 e 51 anos, participaram da ação de formação “Os Insetos: O Alimento do Futuro”. Santarém, já reconhecida como a capital inovadora na produção de insetos, consolidou mais uma vez a sua posição como referência no desenvolvimento de conhecimentos práticos e profissionais.
Ação Inovadora: Integração e Sustentabilidade Social
próximos anos, proporcionar fichas técnicas, ferramentas digitais,
Realizada nas instalações da
visitas cruzadas entre parceiros, recomendações para decisores
APPACDM Santarém, a ação teve como propósito conscien-
políticos e formação em cada país do consórcio.
cializar e integrar a comunidade, com conhecimentos práticos, para o setor de produção de insetos. A escolha estratégica do local reflete o compromisso do FeedInov com o valor
FeedInov inova Santarém com celebração do “Dia Nacional da Cultura Científica” na APPACDM
da responsabilidade social, marcando o evento como uma iniciativa única em Portugal, neste Dia Nacional da Cultura Científica, dedicada à comunidade de cidadãos com deficiência mental. A iniciativa posiciona Santarém como um modelo de sustentabilidade nos eixos social, económico e ambiental. Além de oferecer conhecimentos sobre a produção de insetos, reforça o compromisso da cidade em liderar um setor sustentável e inclusivo, promovendo a diversidade e a cultura científica.
Destaques do programa
Santarém viveu no passado dia 24 de novembro, um momento relevante de celebração da cultura científica (a propósito do Dia Nacional da Cultura Científica), iniciativa promovida pelo FeedInov CoLab em colaboração com a EntoGreen e a APPACDM de Santarém.
Santarém: Capital Inovadora na Produção de Insetos
Destacamos, do programa do evento, a participação de Eva Fronteira, colaboradora do FeedInov, que fez a abertura e introdução ao Dia Nacional da Cultura Científica; seguindo-se a intervenção de Myriam Taghouti, investigadora também do FeedInov, abordando a temática do ambiente e a indústria dos insetos; posteriormente Clarice Souza, da EntoGreen, discutiu o ciclo de produção de frass. De salientar que a Entogreen ofereceu inclusive Frass para a horta da APPACDM. O evento contou igualmente com a participação de Marcelo Leitão e Tiago Mariano do FeedInov. Como celebração simbólica, festejamos nesta data também o 2º aniversário do projeto “FeedInov Vai à Escola” com um delicioso bolo.
[Formação em Foco]
Formação crucial para o setor de alimentos para animais em Portugal O FeedInov CoLab, em colaboração com a DGAV – Direção-Geral de Alimentação e Veterinária e a IACA – Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais, organizaram uma série de três dias de formação intensiva sobre a “Legislação Aplicável ao Setor dos Alimentos para Animais”. 46 |
ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
A ação decorreu na Estação Zootécnica Nacional, localizada em Santarém, entre os dias 23 a 25 de outubro de 2023. Com uma duração total de 21 horas, o programa abrangeu sete unidades de formação distintas, cada uma delas essencial para garantir a qualidade e segurança dos alimentos destinados aos animais: • Unidade 1: Legislação Alimentar Geral • Unidade 2: Alimentos para animais
Investigação; B2E Blue Bioeconomy Colab; Food4Sustainability; Innovplantprotect; +ATLANTIC. Obrigada a todos os participantes pela tarde de trabalho promissor e cheio de possibilidades!
Explorando o Futuro da Aquicultura: Encontro em Bolonha! No evento de natureza global realizado em Bolo-
• Unidade 3: Requisitos de higiene e riscos do setor
nha, a 27 de outubro de 2023, o Workshop de
• Unidade 4: HACCP e controlo de qualidade • Unidade 5: Rotulagem, comercialização e utilização de alimentos para animais • Unidade 6: Importação e trocas comunitárias de alimentos para animais
Treinamento NewTechAqua teve um começo fantástico. Organizado pelo CIHEAM Bari e realizado
• Unidade 7: Modo de produção biológica A iniciativa contou um painel diversificado de formadores, entre eles: Ana Cristina Monteiro (FeedInov); José Manuel Costa – DGAV – Direção-Geral da Alimentação e Veterinária – Direção de Serviços de Nutrição e Alimentação (DGAV-DSNA); Maria João Fradinho (Faculdade de Medicina Veterinária – UL); Ana Avelar (DGAV-DSNA) e Rita Gonçalves (IACA). Mais uma ação de formação de comprometimento com o cumprimento das normas legais para garantir a segurança dos alimentos destinados aos animais em Portugal.
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[Agenda em Retrospectiva]
Café Com CoLABS O dia 9 de outubro de 2023 foi dia de colaboração na Estação Zootécnica Nacional, em Santarém! O evento Café com CoLABS reuniu vários representantes de Laboratórios Colaborativos para discutir estratégias de colaboração e explorar parcerias futuras. Organizado pelo FeedInov CoLab, o encontro reuniu representantes dos CoLABs: S2aquacolab ; CoLAB VINES&WINES; More – Colab Montanhas de
A M EL H O R SU P E RO U -SE As regras de ouro de uma fitase: • Resultados superiores devido a uma maior atividade a pH muito baixo: poupança superior nos custos de formulação e na produção animal. • Melhorar a sustentabilidade: a sua utilização permite formular dietas sem P inorgânico. • O produto de maior termoestabilidade do mercado, que resiste a condições extremas de processamento dos alimentos. • Disponibilização de serviços de valor acrescentado, para uma melhor otimização dos alimentos. Contacte o nosso Distribuidor autorizado, Reagro SA. Email : inove.tec@reagro.pt
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL FEEDINOV
na bela cidade de Bolonha, na Alma Mater Studiorum – Università di Bologna, este workshop pretendeu ser um divisor de águas no mundo da aquicultura. Com o foco alinhado na piscicultura de precisão, assim como na digitalização do setor – importante para a sua sustentabilidade futura – o projeto NewTechAqua apresentou ferramentas e modelos que surgirão como os pilares do futuro da aquicultura. Foi entusiasmante para a organização receber 19 participantes de 6 países diferentes, todos ansiosos para explorar e discutir estas inovações de ponta. Destacamos a participação notável do investigador do FeedInov CoLAB, João Nascimento, que integrou a equipa de Portugal (composta ainda pelo consultor Gonçalo Brito e por João Janeiro, investigador do S2aquacolab).
13º Seminário da ATF em Bruxelas
O FeedInov CoLab participou das discussões cruciais no programa do 13th ATF Seminar, iniciativa que contou com insights de palestrantes renomados como Frank O’Mara, Jean-Louis Peyraud, Claire Bury, David Kenny e mais! O evento decorreu a 15 de novembro de 2023, na prestigiada University Foundation – Bruxelas. Destacamos do programa as comunicações dedicadas ao tema “What is the most appropriate tool to measure sustainability?”; o painel de palestras focado em “What is being used in practice by farmers on GHG mitigation?”; e no tema “The challenges of young farmers entering livestock farming”. De salientar ainda a participação de: Wolf-
Webinar Online do dia 29 de novembro A iniciativa inseriu-se na Agenda Mobilizadora Insectera, consórcio que engloba 42 parceiros e está comprometido em encontrar soluções alimentares/nutricionais alternativas para enfrentar desafios globais como o aumento da população, as alterações climáticas e o desperdício alimentar; assim como contribuir para a transição verde em direção à sustentabilidade ambiental, baseada numa economia circular. O evento contou com a co-organização do FeedInov CoLab, líder do eixo INFEED, e que esteve em destaque neste webinar. Do Programa do evento, salientamos a participação de Daniel Murta, Presidente da Comissão Executiva deste projeto; de Cristina Monteiro, Gestora para a Ciência do FeedInov, que explorou o tema “Potencialidades e constrangimentos na utilização de matérias-primas derivadas de insetos na alimentação animal". Tiago Mariano, investigador do FeedInov, fez a “Contextualização das tarefas do eixo InFeed e apresentação dos parceiros envolvidos”. 48 |
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gang Burtscher, Diretor-Geral da DG AGRI – Comissão Europeia e de Humberto Delgado Rosa, Diretor da Unidade D – Biodiversidade / DG ENVI – Comissão Europeia.
Tour des Capitales O FeedInov CoLAB participou do “Tour des Capitales”, um evento europeu de destaque organizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, em colaboração com a Agência Nacional de Inovação, a Fundação para a Ciência e a Tecnologia e a European Commission. Foram 2 dias intensos de colaboração e discussões (14 e 15 de nov) sobre a valorização do conhecimento na Europa. Indústria, academia, organizações intermediárias e decisores reuniram-se para explorar desafios e oportunidades. O FeedInov CoLab marcou presença, com a participação de Ana Cristina Monteiro, Gestora para a Ciência, contribuindo para o ambiente colaborativo que promove a valorização do conhecimento. Juntos, discutimos estratégias para enfrentar os desafios e exploramos iniciativas colaborativas.
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS
ASPOC LANÇA LIVRO “PRATO DO DIA: CARNE DE COELHO – ANTIGAS E NOVAS RECEITAS DA COZINHA MEDITERRÂNEA” A Associação Portuguesa de Cunicultura (ASPOC) anuncia a publicação de um livro exclusivo de receitas de carne de coelho, que celebra a versatilidade e a riqueza culinária deste ingrediente. Com o título “Prato do dia: Carne de Coelho – Antigas e novas receitas da cozinha mediterrânea”. O livro apresentado ao público, no dia 11 de novembro, no Palácio da Independência, em Lisboa é um projeto que contou com a colabora-
Sobre a ASPOC: Fundada em 1991, a ASPOC dedica-se à defesa dos interesses do setor da carne de coelho, designadamente no que diz respeito ao seu progresso técnico e económico, formação profissional e promoção do consumo. Grande parte do trabalho desta associação é desenvolvido em estreita colaboração com o Ministério da Agricultura, nomeadamente com a Direção Geral de Alimentação e Veterinária.
ção do Chef Hélio Loureiro, que atuou não só como autor principal,
Links da Campanha:
mas também como coordenador e embaixador do livro. Além disso,
Facebook: https://www.facebook.com/carnedecoelhoosegredo Instagram: https://www.instagram.com/carnedecoelhoosegredo Site: https://carnedecoelhoosegredo.eu/
o Chef Hélio Loureiro convidou uma seleção de chefs de renome nacional para contribuírem com as suas receitas de carne de coelho, acrescentando um toque único e diversificado ao livro. Entre os chefs convidados estão Justa Nobre, Paula Peliteiro, Leonel Pereira, António Nobre e Marco Gomes. O livro também é enriquecido com o prefácio escrito por Virgílio Nogueiro Gomes e fotografias de Jorge Simão. Além das diversificadas receitas, o livro inclui um capítulo especial dedicado à componente nutricional da carne de coelho e seus benefícios na integração de uma dieta equilibrada e saudável. Os conteúdos foram cuidadosamente elaborados em colaboração com a Associação Portuguesa de Nutrição (APN), com o objetivo de fornecer informações importantes aos leitores. A carne de coelho tem uma longa tradição na gastronomia portuguesa, sendo uma presença constante ao longo da história. Este livro pretende destacar a riqueza histórica da culinária nacional, oferecendo aos leitores um vislumbre das antigas e novas tradições culinárias, apresentadas por chefs reconhecidos pelo seu compromisso em promover a cultura gastronómica portuguesa. António Fernandes, vice-presidente da ASPOC, considera que “este é um importante projeto que surge no âmbito da campanha “O Segredo da Dieta Mediterrânea” que temos desenvolvido ao longo dos últimos três anos, através da qual apelamos ao consumo da carne de coelho, fomentando mensagens de redescoberta da mesma”. O Chef Hélio Loureiro afirma: “No receituário português, encontramos muitas referências à carne de coelho, servido e confecionado de muitas e variadas formas, sendo que é um alimento que atravessa a nossa história e está representado em inúmeros livros de cozinha. Assim, este livro pretende precisamente mostrar a riqueza histórica da gastronomia nacional, dando-nos a conhecer a tradição culinária deste importante ingrediente”. O livro “Prato do dia: Carne de Coelho – Antigas e novas receitas da cozinha mediterrânea", vai estar disponível em livrarias, com um pvp estimado de 18,00€. 50 |
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS DAS EMPRESAS
35º ANIVERSÁRIO DIN Teve lugar, no dia 28 de outubro 2023, no restaurante Dão Catering, em Santa Comba Dão, o almoço do 35º aniversário da DIN.
O evento assinalou mais um marco na história da empresa celebrando realizações passadas, e consolidando e expandindo a jornada que a DIN tem pela frente, como entidade de referência no setor da alimentação animal. Com uma equipa excecional e clientes dedicados, o futuro é promissor.
Engenheiro João Almeida, Engenheiro Jaime Piçarra, Exma. Embaixadora da Costa do Marfim Annick Capet-Bakou, Dr. José Manuel da Costa, Dr. Leonel Gouveia e Rui Branquinho.
JORNADAS TÉCNICAS DE AVICULTURA DA SOJA DE PORTUGAL Sustentabilidade, Responsabilidade e Inovação No dia 9 de novembro, decorreu em Viseu mais uma edição das Jornadas Técnicas de Avicultura promovidas pela SOJA DE PORTUGAL, em promovidas pelas suas participadas AVICASAL e SAVINOR. Este evento anual contou com a presença de cerca de 200 parceiros, profissionais e técnicos do setor avícola. Os temas abordados evidenciaram-se como pilares essenciais para a construção de uma avicultura moderna e sustentável. Partilhamos alguns insights das apresentações realizadas: – A Eficiência e Sustentabilidade no Processo de Produção: A eficiência é fundamental para o sucesso da atividade avícola, garantindo uma produção de qualidade e onde a sustentabilidade é um imperativo global; – O Uso Prudente de Antibióticos: a importância de usar antibióticos de forma responsável e segura; – O Bem-Estar Animal – Exigência do Consumidor e Chave para o Sucesso: O bem-estar animal não é apenas um a preocupação ética, mas também uma exigência crescente dos consumidores; Investir em bem-estar animal pode diferenciar as empresas e garantir o sucesso a longo prazo; equilibrando uma produção eficiente com o bem-estar dos animais. 52 |
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AGENDA DE FICHA TÉCNICA REUNIÕES DA IACA ALIMENTAÇÃO ANIMAL Revista da Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais – IACA NIPC- 500835411
TRIMESTRAL - ANO XXXIV Nº 126 Outubro / Novembro / Dezembro 2023
Data
OUTUBRO
02
• Dia da DGAV - “Uma década a promover a saúde humana e a proteger os animais e plantas", CCB Lisboa
09
• Reunião do Comité de Acompanhamento Nacional PEPAC, Lisboa
11
• Webinar New Bioindustry - The future has already begun, virtual • Assembleia Eleitoral da SPMA
12
• Webinar In2Market: Estratégia de comunicação global da Agenda InsectERA, virtual • Reunião com CONSULAI sobre Projeto SANAS • Reunião kickoff do Projeto FeedValue, virtual
16
• Reunião sobre a Lei do Medicamento Veterinário, Montijo
17
• Evento – "A importância da Biotecnologia para a sustentabilidade na agricultura”, Lisboa
18
• Reunião com Ordem dos Médicos Veterinários, Lisboa
DIRETOR José Romão Braz
CONSELHO EDITORIAL E TÉCNICO Ana Monteiro Jaime Piçarra Pedro Folque Manuel Chaveiro Soares Rui Gabriel
COORDENAÇÃO Jaime Piçarra Amália Silva Serviços IACA
ADMINISTRAÇÃO, SEDE DE REDAÇÃO E PUBLICIDADE
19 a 21
• Congresso da APEZ, Angra do Heroísmo
23 a 25
• Curso de Legislação aplicável ao setor dos alimentos para animais, Santarém
24
• Reunião com CCDR Alentejo sobre Projeto SANAS
25
• Aniversário do Clube de Produtores do Continente
28
• 35.º Aniversário DIN
30
• Assembleia-Geral Extraordinária sobre Projeto InsectERA, virtual
Data
NOVEMBRO
02
• Reunião com CONSULAI sobre Projeto SANAS
03
• Reunião com CALSEG sobre o QUALIACA
09
• Grupo de Diálogo Civil da PAC, Bruxelas
10
• Reunião de Direção da IACA
13
• Reunião FoodDrinkEurope, virtual • VII Grande Conferência do Jornal da Economia do Mar, Cascais
15
• CiB organiza mesa-redonda na rádio TSF, Lisboa
17
• Reunião do Eixo InFeed sobre Projeto InsectERA, virtual
20
• Reunião do Eixo Raw Materials and Production sobre Projeto InsectERA, virtual • Reunião do Conselho Agroalimentar da CIP, hibrida
Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais – IACA
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• Reunião sobre a colaboração para a promoção e internacionalização da Agenda Mobilizadora InsectERA, virtual
EXECUÇÃO DA CAPA
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• Reunião do Comité de Gestão da Segurança da Alimentação Animal, virtual • Seminário ACICO sobre Controlos Oficiais, virtual
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• Assembleia-Geral do CiB, Lisboa
(incluindo receção de publicidade, assinaturas, textos e fotos) IACA - Av. 5 de Outubro, 21 - 2º E 1050-047 LISBOA TEL. 21 351 17 70 (Chamada para a rede fixa nacional)
EMAIL iaca@iaca.pt iaca.revista@iaca.pt
SITE www.iaca.pt
EDITOR
Salomé Esteves
EXECUÇÃO GRÁFICA Sersilito - Empresa Gráfica, Lda. Travessa Sá e Melo, 209 4471-909 Gueifães - Maia
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• Webinar InFeed: os insetos na alimentação animal – potencialidades da sua utilização e novas tecnologias de análises, virtual
Data
DEZEMBRO
PROPRIETÁRIO
06
• Conferência sobre Bem-Estar Animal, Vila Real • 2ª Assembleia-Geral Ordinária, da Agenda Mobilizadora InsectERA, Santarém
11
• Reunião da CT37, Lisboa • Workshop da Comissão Europeia/DG AGRI sobre a Resiliência na Agricultura, virtual
12
• Visita ao Instituto Superior de Agronomia, Lisboa
DEPÓSITO LEGAL
13
• Reunião de Direção da FIPA
Nº 26599/89
14
• Reunião da Direção e Assembleia-Geral da IACA
REGISTO
15
• Reunião do Comité Inovação dos Prémios Agricultura COFINA/BPI
Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais - IACA Av. 5 de Outubro, 21 - 2º E 1050-047 Lisboa
EXCLUÍDA DE REGISTO NOS TERMOS DO DISPOSTO NA ALÍNEA A) DO N.º 1 DO ART.º 12.º DO DECRETO REGULAMENTAR N.º 8/99, DE 9 DE JUNHO, REPUBLICADO PELO DECRETO REGULAMENTAR N.º 2/2009, DE 27 DE JANEIRO
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De acordo com o RGPD, de 25/05/2018, a IACA reconhece e valoriza o direito à privacidade e proteção dos dados pessoais, pelo que conserva esses dados (nome e morada) exclusivamente para o envio da Revista “Alimentação Animal”, que nunca serão transmitidos ou utilizados para outros fins. A qualquer momento, poderá exercer o direito de retirar esse consentimento enviando-nos um e-mail para privacidade@iaca.pt
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