Revista Alimentação Animal n.º 113

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N.º 113 JULHO A SETEMBRO 2020 (TRIMESTRAL) ANO XXXI 3€ (IVA INCLUÍDO)

INVESTIGAÇÃO E INOVAÇÃO

A LI ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL EDITORIAL

RUMO AO FUTURO

José Romão Braz Presidente da IACA

ÍNDICE 03 EDITORIAL 04 TEMA DE CAPA 32 INVESTIGAÇÃO 38 SPMA 42 NOTÍCIAS DAS EMPRESAS 50 AGENDA

Se já sabíamos a importância da cooperação, da investigação, inovação e desenvolvimento para o nosso futuro coletivo, a pandemia COVID-19 veio demonstrar que só podemos resistir se trabalharmos em conjunto e com objetivos comuns. A resiliência do abastecimento da cadeia agroalimentar e muito em particular do setor da alimentação animal, sobretudo durante a fase do confinamento, só foi possível porque desde os fornecedores até aos clientes, sem esquecer as autoridades oficiais, nacionais ou europeias, que colaboraram em desbloquear muitos obstáculos, em condições profundamente adversas (todos nos lembramos por exemplo de Ovar, com o cordão sanitário) tiveram sempre como foco a necessidade de nunca parar e permitir que as nossas empresas continuassem a alimentar, com qualidade e segurança, os milhões de animais existentes em Portugal, quer para a produção de produtos de origem animal (carne, peixe, leite e ovos), quer para os animais de companhia. Agora, neste tempo de reconstrução e de nos reerguermos, num cenário de grande incerteza, instabilidade, e de uma profunda crise económica, social e sanitária, não só em Portugal, mas também na União Europeia e em todo o mundo – é colocada em causa a normalidade das nossas empresas, das trocas comerciais e das nossas vidas – mais do que nunca, a ciência, a partilha de informações, a construção de uma narrativa e de um roteiro com objetivos comuns, tendo em vista a reconstrução da economia, o assegurar da competitividade das empresas e o futuro do País no pós COVID-19, sem os erros do passado, deve ser o desígnio de todos. Numa altura em que é conhecida a Agenda para 2030 – com particular ênfase no Pacto Ecológico Europeu e nas estratégias sobre a “Biodiversidade” e “Do Prado ao Prato” – os principais objetivos da reforma da PAC , os principais fundos europeus, seja no quadro da PAC, da coesão, do quadro financeiro plurianual ou da recuperação e resiliência, sabemos que a utilização das verbas terá como principal prioridade o combate às alterações climáticas, o que inclui o reforço da utilização das energias renováveis, a redução das emissões de GEE e da utilização de antibióticos, bem como a intensificação da mobilidade verde e da digitalização. No fundo, o relançamento de uma economia mais amiga do ambiente, com metas e objetivos ambiciosos à escala europeia, sem paralelo a nível mundial, de forma a não comprometer a posição da União Europeia no abastecimento global e torná-la o primeiro continente a atingir a neutralidade carbónica em 2050. Ser inclusivo, não deixando ninguém para trás neste processo de transição para uma economia verde é um chavão, mas tal só acontecerá com fortes apoios, canalizados para a inovação, investigação e desenvolvimento. Conhecidos os ataques continuados à produção e consumo de bens de origem animal, e conscientes de que não poderão existir sistemas alimentares sustentáveis sem as atividades pecuárias, pelo seu impacto no equilíbrio e desenvolvimento do território e como travão ao abandono e desertificação do Mundo Rural, não nos resta outro caminho que não seja a aposta na comunicação, com dados científicos comprovados e com compromissos claros da parte da Fileira nas principais questões que se colocam hoje aos consumidores e às sociedades modernas: a saúde e bem-estar animal, a mitigação dos impactos no ambiente e a redução da pegada ecológica, com uma produção sustentável e mais eficiente na utilização dos recursos. Aqui chegados, nunca é de mais relembrar que a sustentabilidade tem de ser equilibrada nas suas componentes ambiental, social e económica porque precisamos de empresas viáveis e competitivas para que Portugal se afirme no espaço europeu e mundial. Sem demagogias ou populismos e com políticas coerentes. Nesta perspetiva, precisamos de tecnologia e do conhecimento para atingirmos estes objetivos e para reinventarmos um modelo de cooperação ativa, com base na ligação entre as empresas, as unidades de investigação e a academia. Os Laboratórios Colaborativos, com apoios da União Europeia e da FCT permitem corporizar esse novo modelo. A criação do FeedInov é um exemplo disso. O Laboratório Colaborativo que irá estudar estratégias de alimentação inovadoras para uma produção animal sustentável, vai dar resposta às preocupações das empresas e à definição de estratégias para lidar com os desafios e as tendências que se desenham, mostrando que o Setor é parte da solução. Neste projeto a IACA, em parceria com mais 18 entidades, pretende fazer na EZN um polo de excelência da investigação em nutrição e alimentação animal. É mais um passo no historial da IACA e uma estratégia que, tal como o QUALIACA ou as ações de formação, os eventos ou os manuais, queremos que sejam estruturantes e aceleradores de mudança. Ao serviço de toda a Fileira da Alimentação Animal. Pelo potencial que representa, o FeedInov é o corolário das oportunidades que não podem ser desperdiçadas. Rumo ao Futuro! A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL TEMA DE CAPA

N.º 113 JULHO A SETEMBRO 2020 (TRIMESTRAL) ANO XXXI 3€ (IVA INCLUÍDO)

INVESTIGAÇÃO E INOVAÇÃO

NO RUMO CERTO Se uma das lições da pandemia foi a resiliência

cretos de impacto do nosso Setor e construir a

demonstrada pela cadeia alimentar, em particu-

nossa narrativa.

lar, ao nível da alimentação animal, que esteve sempre na linha da frente, não é menos verdade que tal só foi possível devido a uma notável cooperação entre todos os intervenientes, fornecedores, indústria e clientes, num enorme sentido de responsabilidade. E isso dá-nos esperança para o futuro, ainda incerto e imprevisível, para ultrapassarmos esta grave crise que para além de sanitária, é muito profunda do ponto de vista económico e social. Para já, esperamos que os fundos europeus, a “bazuca” de que se fala, permitam relançar a economia, reforçar as empresas e a sua capacidade de afirmação nos mercados interno e externo, reduza a burocracia, aposte nas infraestruturas portuárias e na ferrovia e possamos ter uma Administração Pública mais ágil e flexível, reduzindo os custos de contexto. É preciso fazer diferente, mais com menos e temos uma oportunidade que não podemos desperdiçar. Que implica um novo paradigma e um novo modelo de relacionamento e cooperação, sobretudo ao nível da ligação entre as empresas, a academia e a investigação. Apesar das dificuldades colocadas pela pandemia, a União Europeia traçou uma linha clara que marcará o nosso desenvolvimento coletivo: a aposta na resiliência, no combate às alterações climáticas, a digitalização. Temos assim uma componente de proteção ambiental e de biodiversidade como nunca tivemos no passado, que tem de ser compatibilizada com economia e competitividade. Geradora de emprego e de riqueza para o País.

curso no quadro do Alentejo 2020, estamos no GO Efluentes e lançámos, com mais 18 entidades, o Laboratório Colaborativo FeedInov, que mostra uma aposta clara na Sustentabilidade e em soluções nutricionais inovadoras para se atingirem os objetivos e os desafios que nos são impostos pela Sociedade. Aposta na inovação e na investigação, no conhecimento e na ciência. O Tema desta edição da Revista “Alimentação Animal” é assim a investigação e inovação, com vários exemplos, para além do FeedInov, temos outros CoLab e artigos ou reflexões sobre a aposta na investigação e em novas matérias-primas, diferentes projetos e abordagens como na área dos cereais ou a soja responsável. O caminho para a sustentabilidade é irreversível e o modelo que temos pela frente é o de recorrer cada vez menos a ”consumos intermédios”, menos quantidade de inputs e mais eficácia, menos intensificação e mais eficiência ecológica. Deste modo, não faz mais sentido falar-se em produções intensivas ou extensivas, mas ecologicamente eficientes. Mas este modelo necessita de tecnologia e de inovação e de uma Agenda clara do que Portugal precisa no horizonte 2030. A Agenda de Inovação recentemente apresentada pela Ministra da Agricultura que fala claramente na aposta no FeedInov e do investimento na EZN, vem, no essencial, ao encontro do que se pretende. Compatibilizar sustentabilidade com competitividade só faz sentido com tecnologia, inovação,

irão influenciar e condicionar o setor da alimenta-

experimentação e compromissos, das empresas,

ção animal e da pecuária, e toda a agricultura em

das universidades, das unidades de investigação,

geral. A IACA já teve oportunidade de se pronunciar

e com políticas públicas motivadoras, coerentes

e chamar a atenção sobre algumas metas, que são

e inclusivas.

preocupações são partilhadas quer pelos nossos parceiros, quer por Estados-membros como Portugal. Partilhamos das suas linhas gerais e estamos disponíveis para ser parte da solução. No entanto, temos de ter os nossos indicadores, dados conA LIMEN TAÇÃO AN IM A L

tentabilidade FEFAC 2030, temos projetos em

O Green Deal e a Estratégia “Do Prado ao Prato”

sobretudo “aspiracionais”, muito ambiciosas, e cujas

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Por isso, assinámos recentemente a Carta de Sus-

Para já, o que podemos concluir nesta edição da “AA” é de que estamos todos no rumo certo. Resta-nos acreditar e que as orientações dos fundos e desde logo a PAC, corporizem esta ambição. Jaime Piçarra


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ALIMENTAÇÃO ANIMAL TEMA DE CAPA

A IMPORTÂNCIA DA INOVAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES DO SETOR AGROALIMENTAR O mundo em que vivemos encontra-se em cons-

quer em alimentos para humanos. O aumento

tante e rápida mudança, originada por um con-

da eficiência na produção de alimentos, aliada

junto de forças de diversa ordem.

a uma maior utilização dos recursos endóge-

A capacidade de adaptação é hoje um fator crítico de sucesso para a sobrevivência das empresas e para o bem-estar da sociedade

Nuno Canada, Presidente do INIAV

consumo preferencial de produtos nacionais conduzirá, naturalmente, a um aumento gradual do nosso nível de autossuficiência, tendo ainda

suas equipas para explorarem novas soluções,

grande impacto na sustentabilidade ambiental,

para inovar, para fazer diferente, é cada vez

pela diminuição da pegada ecológica, social,

mais importante, também no setor agroalimen-

pela ocupação mais equilibrada do território,

tar, onde a diferenciação é a chave do sucesso.

e económica, por estarmos a apoiar a produ-

A pandemia que atravessamos trata-se de uma

ção nacional.

força de mudança de enorme impacto, podendo,

Com a tomada de posse da nova Comissão Euro-

num curto espaço de tempo, provocar alterações de

peia, em 2019, surgiu o Pacto Ecológico Europeu

grande amplitude e extensão. Estas alterações vêm

(Green Deal), o compromisso da Comissão Euro-

acelerar um processo de mudança que já estava

peia para executar a Agenda 2030 e concretizar

em curso na área da agricultura e alimentação.

os ODS. Esta nova estratégia de crescimento

Outra dimensão relevante em relação à era pós-

visa transformar a UE numa sociedade justa e

alimentação e a cadeia agroalimentar vão adquirir uma nova centralidade, nomeadamente no que diz respeito à valorização da produção nacional. Neste sentido, a abordagem estruturada da produção, transformação e distribuição de alimentos, numa lógica de cadeia de valor, bem como um grande foco nos aspetos relacionados com a qualidade e segurança, e com a saúde, vai ser

próspera, com uma economia moderna e competitiva, proteger e conservar os seus recursos naturais, impulsionar a utilização eficiente dos recursos através da transição justa e inclusiva para uma economia limpa e circular, restaurar a biodiversidade e reduzir a poluição, com a ambição de atingir a neutralidade carbónica em 2050 e proteger a saúde e o bem-estar dos cidadãos.

determinante para acrescentar valor ao longo

A investigação, a inovação, a capacidade de maior

de toda a fileira.

incorporação de conhecimento e tecnologia nas

O foco cada vez maior no consumidor, e a compreensão das suas necessidades e tendências, deve ser hoje central no desenho dos programas

várias fileiras, e pelos vários agentes do território, vão ser a base para a sustentabilidade das cadeias agroalimentares na próxima década.

de investigação e inovação, uma vez que este ali-

A abordagem holística e integrada, desde as

nhamento vai determinar a possibilidade destes

áreas do ambiente e recursos naturais, passando

programas acrescentarem valor significativo nas

pela produção vegetal e animal, transformação

empresas e na sociedade em geral, aumentando

de alimentos para alimentação animal e humana,

dessa forma o seu impacto.

incluindo novas fontes alimentares como insetos,

Além disso, ficou claro, nesta crise, que há a necessidade de aumentar o grau de autossu-

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Assim, a implementação de uma cultura de

A apetência e a capacidade das lideranças e das

-COVID 19, é que os aspetos relacionados com a

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nos, será fundamental para o futuro do País.

algas e outras, respondendo às tendências do consumidor, revela-se hoje fundamental.

ficiência dos países na produção de alimen-

As alterações nos padrões de consumo, asso-

tos. Portugal está fortemente dependente das

ciadas a um enorme aumento da procura de

importações, quer em alimentos para animais,

alimentos, vai exigir que os modelos de desen-


volvimento das organizações sofram adap-

Rede de Inovação, vão reforçar o ecossis-

zando a capacidade instalada, e tornando

tações muito significativas, nalguns casos

tema nacional de investigação e inovação

os processos de inovação mais orientados

disruptivas, impondo uma mudança da

em agricultura e alimentação, acelerando

para as reais necessidades das empresas

mentalidade das lideranças e da cultura

a incorporação de conhecimento e tecno-

e da sociedade.

organizacional.

logia nas várias fileiras.

No que diz respeito ao Sistema Científico e

O trabalho colaborativo entre as várias

soas altamente qualificadas por parte das

Tecnológico em particular, a definição clara

entidades do Sistema Científico e Tecno-

empresas, nomeadamente a contratação de

de prioridades, bem como o alinhamento

lógico Nacional e as empresas é crucial

doutorados, permitirá criar gradualmente

da capacidade instalada, e a instalar, e dos

para aumentar a competitividade do tecido

uma maior massa critica e uma cultura de

recursos para o financiamento da investiga-

empresarial nacional. Os mais recentes

inovação dentro das organizações, com

arranjos colaborativos, de que se destacam

reflexos estruturantes também ao nível

os Centros de Competências e os Labora-

da gestão estratégica, que contribuirá de

tórios Colaborativos, constituem modelos

forma decisiva para a sua diferenciação e

Neste sentido, a Agenda de Inovação do

organizacionais que permitem explorar

competitividade.

Ministério da Agricultura, bem como a

complementaridades e sinergias, maximi-

ção e da inovação, com estas prioridades, vão ser fatores críticos de sucesso neste caminho que temos de percorrer.

Adicionalmente, a contratação de mais pes-

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL TEMA DE CAPA

LABORATÓRIO COLABORATIVO FEEDINOV ESTRATÉGIAS DE ALIMENTAÇÃO INOVADORAS PARA UMA PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL

Estação Zootécnica Nacional

1. ENQUADRAMENTO

Cristina Monteiro Assessora Técnica da IACA Olga Moreira Coordenadora da Estação Zootécnica Nacional – INIAV/Santarém 8 |

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A alimentação animal é um dos principais fatores de custo nos sistemas de produção animal. A nível da União Europeia são utilizadas anualmente cerca de 794,5 milhões de toneladas (M Ton) de alimentos para animais, correspondentes a 65% de alimentos grosseiros, 9% de cereais produzidos na exploração, 5% de matérias-primas adquiridas no mercado e cerca de 21% de alimentos compostos industriais. Portugal segue a mesma tendência dos outros países europeus com um consumo de cereais e de alimentos compostos elevado, principalmente na alimentação de suínos e de aves, que representam cerca de 70% do consumo de alimentos compostos. A dependência da importação de matérias-primas para a alimentação animal é elevada, sendo a dependência de proteínas particularmente preocupante e competindo muitas vezes com o consumo humano, pelo que, o desenvolvimento de estratégias alternativas de abastecimento de proteínas que minimizem a dependência das importações e a implementação de uma economia circular para nutrientes e biomassa são de importância fundamental. A indústria de alimentos para animais no futuro terá como desafio assegurar a competitividade do setor pecuário, através do fornecimento de alimentos sãos e seguros, de elevada qualidade, competitivos e sustentáveis, aplicando o conhecimento nutricional para determinar a combinação apropriada de ingredientes, para que o seu equilíbrio nas dietas seja ideal e de acordo com as necessidades nutricionais dos animais, os quais serão eficientemente transformados em produtos de origem animal. É também possível produzir mais e melhores produtos de origem animal, com menor recurso a fontes edíveis e menor desperdício. Existe um elevado potencial na valorização de fluxos de resíduos orgânicos, de resíduos não utilizados e de novos subprodutos da cadeia da alimentação humana, através do desenvolvimento de novas tecnologias, mas também das atualmente existentes, o que inclui a reutilização de resíduos de

bioindústrias (onde estes têm potencial para produzir nutrientes e energia valiosos), com vista à otimização da sua utilização em toda a cadeia de valor. Estabelecer uma visão comum da cadeia é um pré-requisito para o desenvolvimento estratégico de uma missão comum, com regras de quantificação e ferramentas bem definidas. A capacidade inovadora da indústria de alimentos compostos para aumentar a eficiência de utilização dos recursos e minimizar as emissões será adequada para a valorização dos alimentos para animais. A sustentabilidade futura da produção pecuária também dependerá da garantia de abastecimento estratégico de alimentos para animais a longo prazo. A indústria dos alimentos para animais deve estar em constante evolução para acompanhar as restrições impostas pela legislação da UE e os novos desafios colocados pela crescente preocupação com a luta contra a resistência antimicrobiana, o impacto ambiental da produção animal e a produção de gases de efeito estufa, a reutilização de nutrientes em economia circular, a escassez de fontes de proteína para alimentação animal e a crescente necessidade do aumento da produção de géneros alimentícios em 2050. O fraco investimento em inovação, investigação e desenvolvimento experimental de que o setor agroalimentar tem sido vítima, apesar da melhoria verificada nos últimos anos (ainda insuficiente), representa uma necessidade de aposta de financiamento de Políticas Públicas para o Setor. A ciência, a investigação, o desenvolvimento experimental, a sua ligação com as empresas e a transmissão do conhecimento são essenciais e devem ser colocados ao serviço da Sociedade, para enfrentar os desafios relacionados com os mais elevados padrões de qualidade e segurança, garantindo a saúde humana e animal e o bem-estar animal, com redução do impacto ambiental. É necessário reinventar a produção de alimentos para animais, devendo a indústria portuguesa de produção de alimentos para animais poder evoluir e competir a nível europeu. Neste contexto, foi desenvolvida uma infraestrutura de interface entre a comunidade industrial e as entidades de investigação e desenvolvimento (I&D), com o objetivo de promover a inovação, difusão de tecnologia e criação/crescimento de novos negócios associados aos setores de indústria da alimentação animal e da pecuária, promovendo a sua competitividade, na forma de Laboratório Colaborativo, o CoLAB FeedInov. O CoLAB FeedInov para o desenvolvimento da sua atividade contará com o envolvimento de instituições científicas e de empresas num conceito


único e com objetivos semelhantes, constituindo-se como um ator relevante na indústria da alimentação animal. O envolvimento destas entidades não só mobilizará a massa crítica existente, através de recursos humanos próprios, como também desempenhará um papel relevante na criação de massa crítica adicional, através da contratação de recursos humanos altamente qualificados. A incorporação de novos recursos humanos com a especificidade de conhecimento pretendida e direcionada para ações específicas permitirá, em cada uma delas, o desenvolvimento de processos e produtos que respondam às questões levantadas pelo tecido empresarial, contribuindo para o aumento da respetiva competitividade.

2. OBJETIVOS Enfatizando a grande oportunidade de resolver problemas do setor da alimentação animal e do setor pecuário num cenário regional, nacional ou internacional, a proposta do CoLAB FeedInov (de alcançar diversos atores e abordagens multissetoriais) é estimular a transferência de conhecimento e tecnologia para as empresas e para o mercado face às exigências da UE, mas com foco na realidade nacional, a fim de cumprir os seguintes objetivos, com base numa abordagem integrada e de cooperação entre as diferentes entidades: • Criar uma infraestrutura de interface entre a comunidade industrial e as entidades de I&D, com o objetivo de promover a inovação, difusão de tecnologia e criação/crescimento de novos negócios nos setores da alimentação animal e da pecuária, promovendo a sua competitividade; • Estimular as relações institucionais entre empresas e entidades nacionais e internacionais de I&D, para a implementação de parcerias em projetos e para a promoção da capacidade de incorporar conhecimento e novas tecnologias geradas; • Identificar, apoiar e promover a disseminação e transferência de conhecimento científico e tecnológico entre investigadores, entidades de I&D, empresas e mercados. • Criar emprego altamente especializado. O CoLAB FeedInov trabalhará com as empresas para refletir os seus interesses e prioridades, contribuindo para aumentar a competitividade do setor. Terá uma abrangência nacional para o desenvolvimento e disseminação do conhecimento, através da promoção de tecnologias inovadoras no setor, da prospeção de necessidades da indústria, da implementação de processos de formação, da transferência de tecnologia e da promoção do empreendedorismo e do apoio à criação de negócios num ambiente com base tecnológica.

3. VISÃO ESTRATÉGICA A visão estratégica que suporta os potenciais benefícios e contributos para o sistema produtivo relaciona-se com diferentes domínios nucleares, nomeadamente: tendências no consumo de produtos de origem animal, biotecnologias em nutrição e alimentação, qualidade e segurança alimentar, eficiência produtiva, sustentabilidade e impacto ambiental. Foi desenvolvido um plano de trabalho com 7 ações para responder a questões fundamentais e desafios colocados ao setor agroalimentar e considerados como pilares do CoLAB FeedInov. Os estudos sobre as tendências de consumo de produtos de origem animal (Ação 1) explorarão possíveis cenários (em 2030, 2040 e 2050). Espera-se que ajudem a direcionar os esforços da indústria (e das atividades do CoLAB) em função das tendências futuras de consumo destes produtos. Esta ação funcionará como um Observa-

tório do FeedInov, que permitirá o desenvolvimento de um Plano de Contingência para suportar o setor, caso o cenário seja de tendência para a redução global do consumo. Relativamente à eficiência de recursos, pretende-se desenvolver protocolos experimentais para a avaliação nutricional de novos recursos alimentares e de subprodutos para as diferentes espécies pecuárias. Serão estabelecidos protocolos integrados, envolvendo vários parceiros do FeedInov, conducentes à avaliação química, nutricional, toxicológica e de desempenho zootécnico do animal, de novas fontes alimentares (Ação 2). Tendo em mente o conceito de “Uma só Saúde”, pretende-se explorar o impacto que novos produtos (substâncias naturais) podem ter na produção animal e na redução do recurso a antibióticos, na segurança, na eficácia e no desempenho zootécnico dos animais, mas também como bio conservantes naturais para melhorar a conservação dos alimentos (Ação 3). A otimização do uso de fontes proteicas alternativas em alimentação animal (insetos, microalgas, proteaginosas, entre outros), para reduzir a respetiva dependência externa é um dos objetivos da Ação 4. Analisará a produção de ingredientes alternativos para alimentação animal e a sua aplicação em nutrição animal. Estas fontes alimentares alternativas podem oferecer soluções promissoras para aumentar a circularidade dos sistemas de produção animal e reduzir o seu impacto ambiental. Pretende-se desenvolver abordagens inovadoras à aplicação da economia circular em alimentação animal, testando o uso de subprodutos de outras indústrias. Boas práticas no setor e promoção do desenvolvimento da indústria de alimentos compostos para animais, de acordo com os requisitos e necessidades do mercado europeu, assim como, a aposta na melhoria do setor, na produção mais consciente e informada, com acesso à inovação e desenvolvimento na área da produção animal serão alcançadas com as ações descritas na Ação 5. Na Ação 6, as estratégias para aumentar a eficiência alimentar através da alimentação de precisão, direcionada para as necessidades nutricionais dos animais e também para a composição das matérias-primas mais utilizadas na indústria dos alimentos compostos e nas caraterísticas dos animais, serão possíveis pelo desenvolvimento de Sistemas Inteligentes. A A7 tornará possível explorar os sistemas de informação utilizados pelos agricultores (redes sociais, tecnologias de informação e comunicação, eletrónica e robótica) e a sua influência na respetiva tomada de decisões; o desenvolvimento de novas metodologias de inovação tecnológica de sistemas agrícolas com os utilizadores finais; o intercâmbio de conhecimento entre agricultores e indústria para a inovação; desenvolvimento e implementação de modelos de gestão e negócios. A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL TEMA DE CAPA

O Plano proposto para o FeedInov permite enfrentar os desafios para 2030 e responderá aos três tópicos principais reconhecidos para o setor pecuário europeu: otimização da eficiência dos recursos nutricionais, animais saudáveis p ​​ ara humanos saudáveis e​​ sistemas de produção animal socialmente responsáveis do ponto de vista nutricional e ambiental.

4. ESTRUTURA E LOCALIZAÇÃO DO FEEDINOV A forma legal do CoLAB FeedInov é o de uma Associação de direito privado sem fins lucrativos, FeedInov – Associação para a Investigação e Inovação em Nutrição e Alimentação Animal, constituída a 26 de novembro de 2019. O CoLAB FeedInov será dirigido por uma Diretora-Geral para a Ciência e a Inovação, tendo como apoio um Gestor(a) de Ciência, ambos Doutorados, os quais respondem perante a Direção da Associação FeedInov, constituída por 5 elementos, o Presidente, o Vice-Presidente e três vogais eleitos em Assembleia Geral e de acordo com os estatutos da Associação. O CoLAB FeedInov integra 19 instituições parceiras: um instituto de investigação público (INIAV – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária); uma associação setorial (IACA – Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais); quatro instituições académicas (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto, Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa e Universidade de Évora); dois centros de investigação (REQUIMTE e INESC TEC); onze empresas (Avenal Petfood, S.A.; Finançor Agro-Alimentar, S.A.; Ingrediente Odissey, Lda.; Allmicroalgae – Natural products, S.A.; Raporal, S.A.; Rico Gado Nutrição, S.A.; Sorgal – Sociedade de óleos e rações, S.A.; Racentro – Fábrica de rações do centro, S.A; Tecnipec – Serviços Pecuários, S.A.; TNA – Tecnologia e Nutrição Animal, S.A.; Zoopan – Produtos pecuários, S.A.). Todas as associadas têm assento na Assembleia Geral, que elegeu uma Direção para a Associação FeedInov. O CoLAB FeedInov estará localizado e desenvolverá atividade na Estação Zootécnica Nacional – EZN (INIAV-Santarém), que reunindo infraestruturas laboratoriais e de experimentação animal permite o desenvolvimento das atividades descritas. A EZN está vocacionada para a Investigação, Desenvolvimento e Inovação, com o objetivo de criar e transferir conhecimento para o setor agropecuário, através da investigação aplicada e da prestação de serviços técnicos especializados. Alberga múltiplas competências experimentais em diversos setores da produção animal e, em particular da nutrição e alimentação animal, e possui recursos para se manter como referencial nesta área do conhecimento. Para reduzir a fragmentação existente entre a comunidade científica e o setor privado da área industrial e de negócios, o CoLAB FeedInov será a interface para a mobilização de pessoal científico dos parceiros de universidades e de centros de investigação para os parceiros de negócios. O reforço do conhecimento instalado dos recursos existentes com novos recursos humanos, trabalhando em conjunto, terão a capacidade para desenvolver o conhecimento necessário, de modo a obter as soluções de inovação pretendidas para o fortalecimento do setor da indústria dos alimentos para animais e para o setor pecuário. A incorporação de novos recursos humanos com a especificidade de conhecimento pretendida e direcionada para ações específicas, permitirão em cada uma delas o desenvolvimento de processos e produtos que respondam às questões levantadas pelo tecido empresarial, contribuindo para o aumento da respetiva competitividade. A contratação prevê, no período inicial de execução de 36 meses, a contratação de 1 Diretor-Geral de Ciência e Inovação (PhD); 1 Gestor de Ciência (PhD) e 5 Técnicos de investigação (MSc). 10 |

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5. IMPACTOS E RESULTADOS ESPERADOS O FeedInov agrega uma base de participantes forte, experiente e com conhecimento dos diferentes cenários científicos e empresariais, permitindo gerar um impacto significativo a nível nacional e internacional envolvendo a criação de emprego científico, o desenvolvimento de investigação científica de excelência e de processos e produtos inovadores com potencial comercial, a mobilização e a criação de massa crítica nacional através do envolvimento de organizações relevantes, com fortalecimento da colaboração institucional. Os impactos previstos relacionam-se com o aumento da competitividade das empresas e uma maior notoriedade do setor e dos seus produtos, com valorização e diferenciação do produto final nos mercados nacional e internacional. Criação de emprego qualificado e científico O FeedInov será ativo na promoção e criação de emprego qualificado e científico. O CoLAB contratará gradualmente pessoal científico (PhD e MsD) e técnicos qualificados e orientados para a inovação. Paralelamente, os parceiros do CoLAB também contribuirão com sua própria equipa científica e técnica, criando uma equipa robusta capaz de implementar a Agenda de Inovação proposta e enfrentar os desafios identificados. A equipa do FeedInov trabalhará em estreita colaboração com os parceiros de negócios fornecendo-lhes o conhecimento necessário para realizar as atividades de I&D acordadas. Contributo e estímulo para uma economia baseada no conhecimento O FeedInov irá gerar novos conhecimentos e inovação (alinhados com a Agenda e com o Plano de Ação de I&D), que serão relevantes para os setores pecuário e do fabrico de alimentos para animais. Como parte das suas atividades envolver-se-á no desenvolvimento de grupos de trabalho com especialistas da cadeia de valor da alimentação animal tendo em vista a amplitude nacional da partilha e disseminação do conhecimento. Contribuirá ainda para uma economia baseada no conhecimento através da prestação de serviços às empresas, fortalecendo a sua competitividade, e para o desenvolvimento de projetos de colaboração nacionais e internacionais envolvendo empresas com experiência e conhecimento específicos. Prestará serviços técnicos, e de investigação e desenvolvimento em toda a cadeia de produção de alimentos para animais e na sua integração em sistemas de produção agrícola. O CoLAB FeedInov atuará como um Centro para o desenvolvimento, agregação e disseminação de conhecimento a todos os interessados na ​​ cadeia de valor. Desenvolvimento de soluções inovadoras para enfrentar desafios complexos O FeedInov desenvolverá soluções e promoverá práticas visando gerar um impacto máximo, como segue: • Desenvolvimento de estudos sobre tendências no consumo de produtos de origem animal. • Desenvolvimento de ferramentas, como manuais, códigos e guias de apoio aos operadores de mercado nas suas atividades, o que lhes permitirá cumprir mais rigorosamente a legislação, contribuindo para aumentar a segurança alimentar e para melhorar a saúde e o bem-estar dos animais, também identificados pela Comissão Europeia (CE) como prioritários. Além disso, fornecerão soluções para a redução do desperdício alimentar, numa perspetiva de economia circular e de “resíduo zero”. • Promoção de boas práticas no setor da alimentação animal para o desenvolvimento de alimentos compostos que atendam aos requisitos do mercado europeu.


• Desenvolvimento de processos para caracterizar e obter, de maneira sustentável, matérias-primas para a alimentação animal com melhoria da eficiência do uso de nutrientes e consequente redução da produção de resíduos e das emissões de gases de efeito estufa. • Promoção do uso de fontes alternativas de proteína (leguminosas, algas e insetos), bem como de subprodutos alimentares, com redução da competição por matérias-primas com a alimentação humana. • Promoção do conceito de proteína sustentável e de alimentação de precisão, com o objetivo de maximizar a quantidade de nutrientes absorvidos pelos animais através da sua alimentação e consequente redução do impacte ambiental. • Desenvolvimento de processos para melhorar a gestão de recursos e aumentar a eficiência e sustentabilidade. Produção de massa crítica O envolvimento de organizações do cenário científico e de negócios, mobilizará a massa crítica existente na área, mas também desempenhará um papel relevante na criação de massa crítica adicional. O CoLAB FeedInov atuará como uma interface entre a comunidade industrial e entidades científicas, facilitando a mobilização de pessoal científico dos parceiros de universidades e de centros de investigação (potencialmente envolvendo estudantes de doutoramento) para os parceiros de negócios, com benefício mútuo dos diferentes atores (tecido empresarial e investigação).

Além disso, o FeedInov realizará atividades de formação a três níveis: formação avançada de recursos de I&D, MsD, PhD e pós-PhD, com base em protocolos de cooperação; formação especializada de técnicos, gestores e produtores nos domínios da indústria de alimentos para animais e produção animal; e estágios para estudantes técnico-profissionais e universitários, e investigadores. Por meio dessas três abordagens, o FeedInov contribuirá para a expansão do conhecimento e a criação de nova massa crítica. Fortalecimento da colaboração institucional O FeedInov, sendo uma Associação sem fins lucrativos que envolve algumas das entidades científicas e comerciais mais relevantes em Portugal será uma plataforma importante para aumentar e alavancar colaborações adicionais entre os seus membros e outros atores do setor. Outro objetivo será aumentar a colaboração institucional através da participação em programas de financiamento competitivo nacionais e internacionais, permitindo estabelecer colaborações internacionais e aumentando a sua rede de contactos. A colaboração institucional fortalecida no CoLAB FeedInov e também o envolvimento de múltiplos atores de toda a cadeia de valor levarão a uma maior competitividade do setor, permitindo também aumentar a sua competitividade face a outros Estados-Membros.

NUTRIÇÃO E SAÚDE ANIMAL

A nossa experiência, a sua eficiência Inovação

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL TEMA DE CAPA

INNOVPLANTPROTECT, UM LABORATÓRIO COLABORATIVO PARA A PROTEÇÃO DAS CULTURAS

Pedro Fevereiro CEO do InPP 12 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

O mundo como o conhecemos depende da produção

ras, sobretudo quando a produção agrícola é levada

primária. Isto aplica-se em particular à população

a cabo no espaço mediterrânico. Estas dificuldades

humana, ainda em fase de crescimento. O número de

estão relacionadas, por um lado com as alterações

pessoas existentes (cerca de 7,8 mil milhões) implica

climáticas em curso, e com a globalização do comér-

formas eficientes e sustentáveis de produção de

cio de produtos agrícolas, que deslocam pragas e

alimentos, quer eles provenham de origem animal

doenças para novas geografias, para muitas das

ou vegetal. Mas em última análise, é da quantidade

quais não existem métodos de proteção, e por outro

e qualidade de produtos agrícolas que depende a

com a proibição, em particular no espaço da união

sociedade humana observada como um todo.

europeia, de princípios ativos que têm vindo a ser

Existem várias formas de produzir alimentos vege-

utilizados, mas que se consideram atualmente noci-

tais, quer sejam eles para ser consumidos por seres

vos, quer para o meio ambiente, quer para os seres

humanos, quer sejam para ser consumidos por ani-

humanos em particular. Assim muitas das culturas

mais domésticos, utilizados estes para produzir

agrícolas, especialmente no arco mediterrânico,

alimentos, para trabalhar, para companhia entre

encontram-se ameaçadas e sem métodos adequa-

outros fins. Três dessas formas são facilmente reco-

dos disponíveis para as proteger.

nhecíveis: o modo de produção agrícola tradicional,

Exemplo destas ameaças é a Xylella fastidiosa,

o modo de proteção integrada e o de agricultura

uma bactéria que se instala nos vasos condutores

orgânica. Independentemente do modo utilizado,

de numerosas plantas, entre elas as de culturas

todos eles procuram aumentar a sustentabilidade,

permanentes como a vinha, o olival e o amendoal.

o que implica aumentar a produtividade ao mesmo

Esta bactéria apareceu pela primeira vez em 2013

tempo que se tenta atingir um equilíbrio para todo o

no sul da Itália, tendo sido identificada, pela primeira

sistema, com enfâse atual na componente ambiental,

vez em Portugal em 2019. Esta bactéria produz um

considerada por alguns como a base de um triângulo

biofilme que bloqueia os vasos condutores, preju-

onde assentam as restantes componentes (social e

dicando o fluxo ascendente da seiva bruta, cau-

económica) do trinómio da sustentabilidade.

sando uma doença que na oliveira é conhecida por

Existem diferentes condições que influenciam a efi-

síndrome do declínio rápido da oliveira. Não existe

ciência da produção agrícola. Uma delas é a capaci-

atualmente uma solução para proteger as plantas

dade de proteger as culturas de fatores ambientais,

desta doença, e atualmente esta é uma doença de

ou alternativamente de os ultrapassar, utilizando

quarentena em Portugal.

diversos tipos de tecnologia. Dois tipos de fatores

Um exemplo de uma praga em expansão em Por-

podem ser considerados, os fatores abióticos e os

tugal para a qual também não existe uma solução

fatores bióticos, embora em geral ambos os tipos

eficiente é a da Drosophila suzukii, uma mosca

de fatores estejam, de facto, interligados.

da fruta (drosófila de asa manchada) que tem um

Relativamente aos fatores bióticos todos os modos

ciclo de vida muito curto e que ameaça prunóideas,

de produção utilizam tecnologias que tentam reduzir

como as cerejas e os pêssegos e pequenos frutos

o impacto das doenças, das pragas e das infestan-

como o morango.

tes na produtividade e na qualidade dos produtos

Ainda como exemplo de uma praga para a qual não

agrícolas vegetais. Mas mesmo assim calcula-se

existe solução eficaz é o percevejo marmoreado

que entre 30 a 50% da produção agrícola mundial

(Halyomorpha halis). O percevejo marmoreado,

é perdida para estes fatores. Nos últimos 70 anos

também chamado de percevejo asiático, nativo

a utilização de produtos químicos de síntese tem

da China, Japão, península da Coreia e Taiwan, é

sido a tecnologia mais utilizada para controlar os

um inseto sugador que tem capacidade de injetar

fatores bióticos que condicionam as produções

sucos gástricos e digerir, por exemplo, a polpa de

agrícolas e a utilização destes produtos são, efe-

um tomate. Este inseto foi acidentalmente introdu-

tivamente, a única forma de conseguir produtivi-

zido na Pensilvânia em 1998, e já foram encontrados

dades que permitam rentabilizar os investimentos

exemplares em Portugal, sendo considerada a praga

feitos no estabelecimento de culturas comerciais.

do século XXI. Os percevejos asiáticos alimentam-

Nos últimos 20 anos, no entanto, têm-se acumulado

-se de várias culturas agrícolas incluindo o milho

dificuldades para se garantir a proteção das cultu-

e o tomate, e frutas como a pera, a uva e a maçã.


A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL TEMA DE CAPA

superem as soluções para proteção das culturas. Estas estratégias precisam evoluir tão rapidamente quanto os desafios colocados pelos diversos fatores bióticos. Os desdobramentos das intervenções devem ser assim orientados pelo conhecimento da capacidade evolutiva e da plasticidade do conteúdo genético do fator biótico específico. O InPP contribui para os desígnios, objetivos temáticos, domínios estratégicos e estruturais da Estratégia de Especialização Inteligente para o Alentejo, região onde está sedeado, através do desenvolvimento de uma unidade de I&D&I que criará soluções que aumentarão a produtividade das culturas temporárias e permanentes. Estes aumentos serão conseguidos através da aplicação de novos produtos e novos métodos de controlo e gestão de pragas e doenças nas diversas culturas como por exemplo no olival, nos prados permanenUma nova raça (Warrior) da ferrugem amarela (Puccinia striiformis f. sp. tritici) está atualmente presente em Portugal, afetando as culturas de cereais como o trigo e a cevada. Não se conhecem genes de resistência para esta doença, e apesar de existirem soluções fitofarmacêuticas, estas são caras e cada vez mais indesejadas. A extensão do problema da falta de soluções adequadas para a proteção de culturas é bem reconhecida pela ECPA (European Crop

tes e temporários, no milho, nos cereais praganosos, no arroz, nas hortícolas e nas fruteiras. Para atingir seu objetivo principal, InPP tem sete objetivos específicos: • Produzir novos biopesticidas à base de ácidos nucleicos, pequenos RNAs capazes de impedir a tradução de RNAs mensageiros de proteínas essenciais à interação planta/agente patogénico ou planta/inseto;

Protection) quando refere que nunca foi tão importante aumentar

• Produzir novos biopesticidas à base de proteínas ou oligopéptidos,

os rendimentos da base agrícola existentes enquanto se protege

bloqueadores da atividade de proteínas essenciais à interação

a biodiversidade e o meio ambiente, num cenário de aumento da

agente patogénico-planta;

população humana, da procura de alimentos e da pressão sobre os recursos naturais. É neste contexto que surge, através da coordenação da Universidade Nova de Lisboa, e após a concessão em 19 de Outubro de 2018, pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, do título de Laboratório Colaborativo, o InnovPlantProtect (InPP). Este Laboratório Colaborativo constitui-se como uma associação privada sem fins lucrativos, a InnovPlantProtect – Associação, fundada em Elvas, a 14 de Janeiro de 2019, por 12 entidades fundadoras – a Universidade Nova de Lisboa e a Universidade de Évora, o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV), o CEBAL, a Câmara Municipal de Elvas,

• Selecionar ou adicionar resistências contra pragas e doenças em culturas específicas; • Desenvolver novas formulações e matrizes para aplicação de biopesticidas a culturas agrícolas; • Desenvolver novos métodos para diagnosticar, selecionar e modelar a emergência e disseminação de pragas e doenças; • Analisar e gerir metadados para a identificação de alvos específicos; • Avaliar os riscos de pragas e doenças e sugerir formas de gestão de risco de pragas e doenças.

a Bayer Crop Science e a Syngenta Crop Protection, a Fertiprado,

Para atingir estes objetivos o InPP utilizará, entre outras, as seguin-

a Casa do Arroz, a ANPROMIS, a FNOP e a ANPOC. Na sequência

tes tecnologias nucleares: prospeção & edição de genomas; RNA de

da constituição do InPP surgiu uma candidatura ao Fundo Social

interferência; melhoramento assistido por marcadores moleculares;

Europeu, que permitiu garantir o financiamento dos contratos dos

nanotecnologia; gestão de metadados; internet das coisas; inteligên-

quadros do InPP ao longo dos primeiros 3 anos. Com a aprovação

cia artificial; e sistemas ciber-físicos.

deste financiamento, o InPP iniciou a sua instalação em 1 de janeiro

Para realizar os produtos e serviços acima referidos o InPP está a mon-

do corrente ano.

tar em Elvas, nas instalações do INIAV, na antiga Estação Nacional de

O principal objetivo do InPP é desenvolver soluções inovadoras e sus-

Melhoramento de Plantas, um conjunto de laboratórios que terá como

tentáveis, baseadas em moléculas biológicas e ferramentas de enge-

função desenvolver inovação, em colaboração com os seus associados,

nharia molecular direcionadas (evitando a recombinação do DNA, para

para produzir provas de conceito das soluções desenhadas, de forma

que não existam condicionantes adicionais aos processos de licencia-

que as mesmas possam vir a ser comercializadas. Ao mesmo tempo,

mento), para proteger as culturas mediterrânicas de pragas e doenças

o InPP desenvolverá serviços que permitirão aos agricultores gerir de

atualmente sem soluções de controlo no mercado, ou controladas por

forma precoce e atempada os surtos de pragas e doenças, utilizando

fitofármacos em vias de ser descontinuados. Complementarmente a

para tal métodos digitais modernos como a inteligência artificial e a

este objetivo, o InPP fornecerá serviços para diagnosticar e rastrear

aprendizagem de máquina ("machine learning").

a emergência de pragas / doenças, para monitorizar a disseminação

O InPP tem ainda como objetivo ajudar a tornar a região de Elvas e

e modelar e gerir os riscos de pragas e doenças.

o Alentejo mais reconhecidos como áreas dinâmicas que apoiam a

O InPP desenvolverá também estratégias que minimizem os fenó-

inovação, proporcionam emprego qualificado aos jovens e atraem

menos evolutivos que permitem que pragas e agentes patogénicos

investidores para região.

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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL


No final de sua implementação (em 5 anos), o CoLAB tem como objetivos contratar 50 quadros altamente qualificados: um diretor executivo, 5 diretores de departamento, 5 investigadores doutorados júnior, 14 investigadores com mestrado, 14 investigadores com licenciatura, 3 técnicos administrativos, 6 técnicos de laboratório, 1 gestor de comunicação e 1 gestor de processos. Numa primeira fase de instalação o InPP terá no final dos primeiros três anos, 39 quadros altamente qualificados (11 doutorados, 14 mestres e 14 licenciados). O órgão decisório do InPP é a Assembleia Geral (AG) dos seus associados, que elege um Conselho de Administração, o qual seleciona um Diretor Executivo e um Fiscal Único, que são aprovados pela AG. Um Conselho Consultivo Científico, composto por 15 elementos terá a função de ajudar a definir a agenda de Investigação e Inovação. O InPP está organizado em 5 departamentos: Novos biopesticidas; Proteção de culturas específicas; Gestão de dados e análises de risco; Métodos colaborativos de monitorização e diagnóstico de pragas e doenças; Novas formulações e matrizes para aplicações de biopesticidas. Nesta fase de instalação o InPP tem vindo a desenvolver projetos para apresentar soluções para doenças das culturas como a produzida pela Xylella fastidiosa, a ferrugem amarela, a estenfiliose, um fungo que ataca a pera rocha, e a piriculariose, um fungo que ataca o arroz. Está também a apoiar os esforços para controlo da Trioza eritreae (vetor da doença "citrus greening"). Para desenvolver estes projetos o InPP tem vindo a candidatar-se a programas de financia-

mento competitivos, quer ao nível nacional, quer ao nível europeu, aceitando também financiamento privado para o desenvolvimento de soluções específicas. O InnovPlantProtect tem como visão utilizar os conhecimentos científicos mais modernos para, em colaboração com os produtores, as empresas de fitofármacos e de sementes, instituições de investigação da região onde está sedeado e o poder local, resolver os problemas colocados à agricultura mediterrânica pela redução da disponibilidade de princípios ativos e pelo aparecimento de novas pragas e doenças para as quais não existem soluções de prevenção e controlo. O InPP pretende sobretudo desenvolver Inovação, pelo que a sua atividade se desenvolverá ao nível dos TRL (Technological Rediness Level – nível de prontidão tecnológica) 4, 5 e 6. A expetativa do InPP é que entre 3 a 5 anos alguns dos seus produtos se encontrem já comprovados e em fase de licenciamento para aumentar a sustentabilidade e eficiência da produção agrícola mediterrânica.

Ferrugem amarela

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL TEMA DE CAPA

O LABORATÓRIO COLABORATIVO PARA A BIOECONOMIA AZUL: COMO MOLDAMOS O FUTURO?

Elisabete Matos Coordenadora Técnico-Científica do B2E 16 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

A implementação do conceito de Laboratório Cola-

novos e existentes e incluirão processos de interna-

borativo (CoLAB), com o objetivo claro de fomen-

cionalização da capacidade científica e tecnológica

tar o emprego qualificado em Portugal através da

nacional, apoiando assim os setores do crescimento

valorização social e económica do conhecimento,

azul com maior potencial: a biotecnologia e a aqua-

proporcionou ao setor da Bioeconomia Azul uma

cultura, de forma a contribuir para os novos usos e

oportunidade única. De facto, para quem atua na

valorização dos recursos naturais vivos marinhos. O

fronteira entre a indústria e a academia (grupo ao

B2E permitirá assim gerar pontes entre a inovação

qual me orgulho de pertencer), há muito que é evi-

e a transferência de tecnologia, através do fluxo

dente a falta de atores que façam a transposição

de ideias criativas da investigação para (e fora de)

para a indústria da excelente ciência desenvolvida

ambientes industriais e sociais, para além do con-

no nosso país. Muitos projetos de investigação

texto empreendedor académico restrito.

bem-sucedidos, que chegaram à fase de prova de

Para atingir os nossos objetivos, reconhecidamente

conceito de novos produtos ou até à escala piloto,

ambiciosos, contamos com um conjunto de associa-

não são posteriormente valorizados. Não porque não

dos (Tabela 1) com competências inigualáveis, tanto

exista mercado para eles, mas por questões bem

da ciência como da indústria, sem esquecer as enti-

mais irrelevantes, em teoria: não há quem passe

dades setoriais relevantes. O B2E integra institui-

do piloto ao industrial; os investigadores não con-

ções de I&D de renome nas áreas da Aquacultura e

seguem vender os seus produtos; e outras razões

Biotecnologia, com elevadas capacidades técnicas

facilmente ultrapassáveis – em teoria.

e excelentes instalações para realizar investigação

Na prática, o que acontece é que os investigadores

de ponta em áreas complementares. A presença de

não só não estão preparados para vender a sua ciên-

instituições socioeconómicas estratégicas (parcei-

cia, como também não são particularmente benefi-

ros industriais de alta tecnologia, centros de inter-

ciados com isso (posso sugerir um novo indicador

face tecnológica e instituições intermediárias e de

de desempenho, além do financiamento obtido e do

interface) como associados do CoLAB B2E assegura

número de publicações e patentes? Que tal “valor

uma capacitação eficiente ao nível das competên-

gerado na indústria”?). Ajudava se a indústria e a aca-

cias transferíveis e, deste modo, garante que as

demia falassem a mesma linguagem, o que acontece

soluções desenvolvidas possam chegar ao mercado.

raramente e não estimula a comunicação eficaz. Por

Assim, no setor da investigação, contamos com a

sua vez, são ainda raras as empresas que têm noção

Universidade do Porto (ICBAS e FCUP), a Universi-

clara, não só das suas necessidades, mas também

dade de Aveiro (CESAM), a Universidade do Minho

do potencial existente na ciência para as atender. É

(ICVS/3B’s), o CIIMAR e o INESC TEC. Por outro lado,

lamentável, porque os investigadores portugueses

a representar o setor da indústria, contamos com

destacam-se na resolução de desafios antes até

empresas que abrangem um leque vasto de ativi-

de as empresas descobrirem que os têm. É mesmo

dades: a Sonae MC, a A2O, a Ingredient Odissey, a

essencial trabalharmos a comunicação: a linguagem

Safiestela, a Savinor, e destaco a Sorgal e a Sparos,

científica é muito distinta da linguagem industrial, o

associadas da IACA. Finalmente, contamos com o

que não estimula as simbioses entre os dois meios.

Fórum Oceano, o cluster que reúne as entidades

É este o enquadramento (ou desalinhamento) que

que atuam em setores ligados ao mar, sejam estes

levou à criação do Laboratório Colaborativo para a

apoiados em recursos biológicos ou não.

Bioeconomia Azul (CoLAB B2E). O B2E veio fechar

As atividades específicas a desenvolver pelo CoLAB

a lacuna existente no setor entre a academia e a

B2E incluem i) a implementação da agenda nacional

indústria, o chamado "vale da morte" da inovação.

de investigação e transferência de tecnologia; ii) a

Sob o lema “Inspirado pelo Oceano – Impulsionado

recolha, organização e partilha de informação, a

pelo Mercado – Alimentado pelo Conhecimento”, o

organização de networking, o desenvolvimento das

B2E tem como principal objetivo (como referido

empresas do setor, a constituição de novos mode-

acima) aumentar o valor económico e social de pro-

los de negócio que valorizem o conhecimento e a

dutos e serviços, de forma a promover a criação de

inovação, nomeadamente através da criação de spin

empregos altamente qualificados. Estes produtos

offs e startups, o fomento da iniciativa legislativa

e serviços serão baseados em produtos biológicos

e o lançamento de projetos mobilizadores à escala


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ALIMENTAÇÃO ANIMAL TEMA DE CAPA

fundamentais para a manutenção da saúde e dos serviços dos ecossis-

Empresas

temas marinhos. A consistência, a segurança e a qualidade do forneci-

A20 – Água, Ambiente e Organização Lda.

www.naviasolutions.com

Ingredient Odyssey Lda.

www.entogreen.org

Safiestela – Sustainable Aquafarming Investments S.A.

www.sea8.eu

Savinor – Sociedade Avícola do Norte S.A.

www.sojadeportugal.pt www.savinoruts.pt

Sonae MC – Serviços Partilhados, S.A.

www.sonae.pt

Sorgal – Sociedade de Óleos e Rações S.A.

www.sojadeportugal.pt www.aquasoja.pt

partilha e transferência de conhecimento; iii) a internacionalização;

Sparos, Lda.

www.sparos.pt

Juntamente com os restantes Laboratórios Colaborativos – destacando

CIIMAR – Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental

www.ciimar.up.pt

Universidade de Aveiro: CESAM – Centro de Estudos do Ambiente e do Mar

www.cesam.ua.pt www.ua.pt

Universidade do Minho: ICVS/3B’s – Laboratório Associado, Instituto de Ciências i3bs.uminho.pt da Vida e da Saúde / Grupo de Investigação em www.uminho.pt Biomateriais, Biodegradáveis e Biomiméticos www.up.pt www.icbas.up.pt www.fc.up.pt

total dos recursos biológicos marinhos, alinhada com os princípios da economia circular. De forma resumida, podemos dizer que o CoLAB B2E prosseguirá os seus fins com base nos seguintes eixos de ação: i) a dinamização do mercado relativo aos produtos do setor; ii) a e iv) a captação de financiamento para o setor da Bioeconomia Azul. o FeedInov, do qual a IACA é associada – enfrentamos no futuro desafios únicos. A União Europeia publicou este ano a estratégia "Farm to Fork", onde se estabelecem os princípios da alimentação sustentável. A nível de segurança alimentar não há comparação possível com a UE, que sempre primou pelas decisões tomadas em prol da saúde humana, bem-estar animal e padrões elevados de qualidade dos produtos colocados no mercado. Do mesmo modo, a agroindústria europeia não só cumpre com os regulamentos impostos, mas até, muitas vezes, vai além dos mesmos, de forma a garantir que os alimentos que nos chegam ao prato são, de facto, de qualidade superior. Esta mensagem quase nunca chega ao consumidor, infelizmente. A verdade é que vivemos num mundo em que a informação é global, mas a legislação é local. informações preocupantes e incorretas acerca da nossa indústria?

www.inesctec.pt

Instituições Intermédias: Cluster do Conhecimento e Economia do Mar Fórum Oceano – Associação da Economia do Mar

promoção de estratégias de biorrefinaria deve garantir a valorização

Com que frequência vemos (nas redes sociais, em documentários)

Centros de Interface Tecnológica INESC TEC – Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência

qualquer outro uso de valor acrescentado) devem ser equilibradas de maneira a enfrentar os desafios ambientais e de sustentabilidade. A

Unidades de Investigação, Laboratórios Associados e Instituições de Ensino Superior

Universidade do Porto: Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar e Faculdade de Ciências

mento de biomassas marinhas para alimentação humana e animal (ou

www.forumoceano.pt

Tabela 1 Associados do CoLAB B2E.

Poderíamos dar o exemplo da utilização de hormonas e antibióticos como promotores de crescimento na produção animal, prática ainda comum em alguns países, mas proibida na União Europeia há duas décadas. No entanto, o consumidor não tem conhecimento de tal e, quando confrontado com este tipo de informação negativa, perde a confiança no setor que o alimenta. Também aqui, na literacia da população, os CoLABs têm um papel importante a desempenhar. E ainda que a UE seja um modelo internacional a seguir, há ainda muito

nacional ou global; iii) a promoção da colaboração entre os centros de investigação e as empresas do setor, promovendo a formação e qualificação de quadros académicos em temáticas empresariais; iv) o incentivo à partilha de conhecimento entre associados, bem como outras formas de cooperação; v) a promoção da internacionalização dos associados, através do apoio à integração em redes e plataformas internacionais, e ao acesso ao mercado global; vi) a valorização e novos usos dos recursos naturais de forma sustentável, bem como o desenvolvimento de novos produtos com aplicações biotecnológicas, a diversificação de espécies produzidas em aquacultura e novas tecnologias para uma aquacultura sustentável; vii) a promoção de atividades de I&D em empresas e instituições do setor através do apoio a candidaturas a fundos públicos estruturais e ao concurso direto a fundos europeus, bem como a realização de ações de promoção junto de investidores privados nacionais e internacionais. O B2E pretende ajudar a moldar uma nova Bioeconomia Azul, alavancada em tecnologias de automação 4.0 e data exchange. A gestão estratégica da recolha de espécies selvagens, juntamente com uma produção mais sustentável, operada sob condições controladas, são 18 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

trabalho pela frente, nomeadamente nas seguintes linhas: • Aumento do bem-estar animal nas produções que, também ao contrário da mensagem muitas vezes passada, é bem-vindo pela indústria, por resultar quase sempre em ganhos produtivos e económicos relevantes (melhor crescimento, menos doenças, entre outros ganhos); • Procura de estratégias de redução do uso de antibióticos, seja através da desejável diminuição da ocorrência de patologias durante a produção, seja na procura de alternativas saudáveis antimicrobianas; • Promoção da economia circular, da redução do desperdício de nutrientes e da proteção da biodiversidade, pois só com ecossistemas saudáveis poderemos assegurar a alimentação mundial a longo prazo; • Promoção de uma alimentação saudável e natural, que ajude a reverter a incidência de doenças crónicas nas populações dos países desenvolvidos, especialmente as pandemias de obesidade, doenças cardiovasculares e diabetes.


Em simultâneo, será imprescindível aumentar a competitividade das empresas, que só assim poderão fazer face à concorrência internacional, que opera sob um conjunto muito distinto, por vezes desleal, de regras. Todas estas ações terão como pano de fundo o Acordo de Paris já que, sem a tomada de ações concretas com vista à descarbonização e à mitigação das alterações climáticas, não haverá futuro para nós. No que respeita à nutrição animal, especialmente em aquacultura, mas também de espécies terrestes (na medida em que ingredientes de origem marinha de elevada qualidade têm um papel relevante a desempenhar no desenho de dietas funcionais para todas as espécies) estes desafios só poderão ser enfrentados efetivamente de forma colaborativa. Para tal, contamos com os nossos associados, mas também com outros CoLABs e com associações como a IACA, com a sua perspetiva singular do setor dos alimentos compostos nacional. Além dos principais desafios que enfrentamos e já referidos, é importante também relembrar que estes desafios devem ser enfrentados enquanto alimentamos uma população crescente, que se espera atingir 9,7 biliões em 2050. Tal só será conseguido se atuarmos de forma inteligente, reduzindo o desperdício e diversificando e intensificando a produção alimentar de forma sustentável.

É também aqui, ajudando a levar para o mercado as soluções inovadoras desenvolvidas pelos nossos cientistas, que os CoLABs têm um papel a desempenhar.

Equipa COLAB B2E

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL TEMA DE CAPA

BENEFÍCIOS DA ESTEVA E DOS SEUS TANINOS NA ALIMENTAÇÃO DE RUMINANTES As crescentes preocupações com a sustentabilidade dos sistemas de produção animal, associadas aos elevados custos das matérias primas convencionais têm levado à procura por recursos alimentares alternativos que possam ser aplicados na alimentação animal sem comprometer a produtividade e a qualidade dos produtos. Subprodutos agroindustriais e plantas arbustivas, pela sua elevada disponibilidade e baixo custo, têm sido largamente estudados para aplicação na alimentação animal, particularmente em ruminantes pela capacidade que estes animais têm de converter recursos de baixo valor nutricional em produtos alimentares de elevada qualidade (carne e leite). Os subprodutos agroindustriais e as plantas arbustivas, além de serem fontes importantes de nutrientes, contêm frequentemente na sua composição compostos bioativos com propriedades benéficas na saúde e bem-estar animal, na qualidade dos produtos e no ambiente. A Esteva (Cistus ladanifer L., Figura 1) é uma planta arbustiva endémica da região mediterrânea. Encontra-se de norte a sul de Portugal, sendo particularmente abundante no sul, onde surge de forma espontânea ocupando extensas áreas em espaços agrícolas e florestais. Nutricionalmente a Esteva é um alimento desequilibrado e de baixo valor. Contém moderados teores de fibra (318-410 g de NDF/kg matéria seca (MS)), baixo teor proteico (55 – 100 g/kg MS) e baixa digestibilidade da matéria orgânica (249 – 315 g/kg MS) [1]. A Esteva contém um elevado teor de taninos condensados (32 – 161 g/kg MS) [1], principalmente quando a planta é jovem e durante o verão. Os taninos condensados são genericamente considerados compostos antinutritivos. Contudo, o consumo de taninos condensados pode ser prejudicial, benéfico ou não induzir qualquer efeito nos animais dependendo da concentração na dieta, da sua estrutura química, da composição da dieta base, da espécie e estado fisiológico dos animais [2]. Pela riqueza em taninos condensados, a Esteva tem suscitado

Eliana Jerónimo1,2, Teresa Dentinho3,4 20 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

1

entro de Biotecnologia Agrícola e Agro-Alimentar do AlenC tejo (CEBAL) / Instituto Politécnico de Beja (IPBeja), 7801908 Beja, Portugal

2

ED – Mediterranean Institute for Agriculture, Environment M and Development, Portugal, CEBAL, 7801-908 Beja, Portugal

3

Instituto Nacional de Investigação Agraria e Veterinária, Polo de Investigação da Fonte Boa (INIAV-Fonte Boa), 2005-048 Vale Santarém, Portugal

4

Centro Investigação Interdisciplinar em Sanidade Animal (CIISA), Avenida da Universidade Técnica, 1300-477 Lisboa, Portugal

grande interesse para utilização na alimentação animal pelos benefícios que estes compostos podem induzir em termos de eficiência alimentar, saúde e bem-estar animal, qualidade dos produtos e no ambiente. Ao longo de mais de duas décadas têm sido desenvolvidos estudos em Portugal sobre a utilização de Esteva ou de extratos de taninos condensados de Esteva na alimentação animal, que incluem a avaliação da sua composição química e nutritiva, estudos in vitro, metabólicos e ensaios produtivos com pequenos ruminantes (borregos e cabras leiteiras). Os resultados obtidos até ao momento são bastante promissores. Na Tabela 1 são apresentados os principais resultados obtidos em ensaios produtivos com borregos e cabras leiteiras. Uma das preocupações quanto à incorporação de Esteva ou de extratos de taninos de Esteva na dieta de ruminantes é o possível impacto negativo no desempenho produtivo dos animais. Em ensaios realizados com borregos foram testadas quantidades entre 50 e 250 g/kg de Esteva na dieta [3–6] (Tabela 1). Apenas num dos ensaios se verificou redução do ganho médio diário nos animais alimentados com o nível mais elevado de Esteva (250 g/kg de Esteva na dieta) [6]. Com níveis de incorporação até 200 g/kg de Esteva na dieta a produtividade dos borregos não foi comprometida [4–6]. A inclusão de extrato de taninos condensados na dieta pode condicionar o desempenho produtivo, mas os resultados mostram que 1,25% de taninos condensados de Esteva na dieta de borregos (consumo médio diário de 15 g de taninos condensados) não afetou o ganho médio diário [6]. Em cabras leiteiras, o consumo de 20 g/ dia de taninos condensados de Esteva também não afetou a produção de leite (Tabela 1) [Jerónimo et al., dados não publicados].

Melhoria da Utilização Digestiva da Proteína Um dos efeitos mais importantes da ingestão de taninos condensados pelos ruminantes é a capacidade que têm de melhorar a utilização digestiva da proteína dos alimentos por impedirem a sua excessiva e rápida degradação no rúmen. A pH ruminal (pH 5,5 – 7,0) os taninos ligam-se à proteína dos alimentos, reduzindo a sua solubilidade e a degradação microbiana. Como consequência, maior quantidade de proteína de origem alimentar passa aos compartimentos pós ruminais onde é então libertada por dissociação dos complexos tanino-proteína em


condições ácidas no abomaso (pH 2,5-3,5) e em condições alcalinas no intestino delgado (pH ≈ 7,5), sendo então digerida e absorvida pelo animal. Em ensaios in vitro e metabólicos foi possível verificar que o tratamento do bagaço de soja com 15 g/kg de taninos condensados de Esteva é uma forma válida para proteger a proteína alimentar da degradabilidade ruminal, permitindo que maior quantidade chegue ao intestino delgado onde é utilizada de forma mais eficiente pelo animal e sem comprometer a , digestibilidade total do alimento [7, 8]. Com o aumento da eficiência de utilização digestiva da proteína dos alimentos pelos taninos é possível reduzir o teor de proteína das dietas sem impacto negativo no desempenho produtivo dos animais. Num ensaio realizado com borregos alimentados com uma dieta com teor de Proteína Bruta (PB) restringida a 12% em que a fonte proteica (bagaço de soja) foi tratado com 15 g/kg de taninos condensados de Esteva os animais tiveram um desempenho produtivo semelhante aos borregos alimentados com uma dieta convencional com 16% PB (Figura 2) [9]. Pelo contrário, animais alimentados com dieta com 12% PB sem taninos apresentaram menores ganhos médios diários. Estes resultados refletem a maior eficiência proteica da dieta com taninos comparativamente com as outras dietas (Figura 2) [9]. Neste mesmo ensaio verificou-se que os animais alimentados com taninos condensados de Esteva apresentavam menores teores de N-NH3 no sangue, o que sugere que a excreção de ureia na urina será menor [9]. A presença de taninos de Esteva na dieta tem mostrado ser benéfica do ponto de vista ambiental por induzirem a alterações nas vias de excreção de azoto, com aumento da excreção de azoto fecal, que beneficia o teor de matéria orgânica do solo e redução do azoto urinário, que se volatiliza facilmente para a atmosfera com forte efeito poluente. Os resultados obtidos nos vários estudos in vitro, metabólicos e produtivos mostram que a proteção da proteína alimentar pelos taninos condensados de Esteva é consistente e indicam que os extratos de taninos de Esteva podem ser utilizados como aditivos alimentares para melhorar a eficiência digestiva da proteína dos alimentos, reduzir os níveis de proteína na dieta com consequente redução dos custos da alimentação e reduzir a poluição ambiental, mantendo a produtividade animal e a qualidade da carcaça e da carne.

Redução da Degradação da Proteína em Silagens Por ação das enzimas das plantas e pela atividade microbiana a proteína das forragens quando ensiladas é degradada, com perda de valor nutritivo. Quando são ingeridas pelos animais estas silagens, com baixo teor de proteína verdadeira e elevado teor de N solúvel, originam elevadas quantidades de N-NH3 no rúmen que excede a capacidade de utilização pelos microrganismos e por isso acaba por se perder sob a forma de ureia na urina. O tratamento das forragens com taninos condensados tem sido explorado como forma de proteger a proteína da degradação durante o ensilamento. A aplicação de níveis crescentes de extrato de taninos condensados de Esteva (0, 40, 80 e 120 g/kg MS de taninos condensados) em luzerna, ensilada em silos experimentais, permitiu confirmar o efeito protetor dos taninos condensados de Esteva sobre a proteína da luzerna no silo e selecionar o nível mais adequado a utilizar [10]. Níveis de 80 e 120 g/kg de taninos condensados mostraram ser demasiado elevados por provocarem reduções acentuadas na digestibilidade da matéria orgânica (13 e 22% respetivamente). A aplicação de 40g/kg MS de taninos condensados parece ser adequada para proteger a proteína durante o armazenamento no silo, e também da degradação ruminal, sem comprometer a digestibilidade total do alimento [10; Dentinho, dados não publicados]. Estes resultados sugerem que os extratos de taninos condensados da Esteva têm potencial para serem usados como aditivos de silagens para melhorar a utilização digestiva da proteína das silagens por reduzirem a proteólise da proteína das forragens no silo e no rúmen.

Modulação da bioidrogenação ruminal e melhoria da composição em ácidos gordos da gordura de ruminantes Como consequência do processo de bioidrogenação ruminal, pelo qual os ácidos gordos insaturados da dieta dão origem a ácidos gordos saturados e a um conjunto de ácidos gordos intermediários da bioidrogenação com diferentes graus de insaturação, as gorduras dos ruminantes são caracterizadas por elevadas quantidades de ácidos gordos saturados e quantidades variáveis de ácidos gordos trans. Devido a este perfil de ácidos gordos, as recomendações nutricionais frequentemente apontam para a redução do consumo

de produtos dos ruminantes, ignorando-se que os diferentes ácidos gordos saturados apresentam efeitos distintos na saúde humana e a presença de ácidos gordos com efeitos benéficos na gordura dos ruminantes [11]. Estratégias nutricionais que possam reduzir o teor em ácidos gordos saturados e aumentar o conteúdo em ácidos gordos considerados benéficos nos produtos dos ruminantes, particularmente em ácidos gordos polinsaturados da série n-3 e nos ácidos vacénico (18:1 trans11) e ruménico (18:2 cis-9, trans-11) têm sido extensamente estudadas. O ácido ruménico, um isómero conjugado do ácido linoleico (CLA), é produzido no rúmen [12], mas a sua principal via de produção é por síntese endógena por dessaturação do ácido vacénico nos tecidos [13]. Taninos condensados, com origem em várias fontes, têm mostrado ser capazes de modular a bioidrogenação ruminal, aumentando quer a quantidade de ácidos gordos polinsaturados que passam pelo rúmen sem serem alterados como a síntese ruminal de ácido vacénico [2]. Os nossos resultados mostram que a inclusão de 250 g/kg de Esteva numa dieta base de luzerna desidratada suplementada com 60 g/kg de óleos vegetais permite aumentar a síntese ruminal dos ácidos vacénico e ruménico e o teor em ácido ruménico na gordura intramuscular de borrego [3]. Estes resultados foram associados a presença de elevadas quantidades de taninos condensados na Esteva. Trabalhos in vitro mostraram que os taninos condensados da Esteva têm capacidade de modular a bioidrogenação ruminal e aumentar a produção dos ácidos vacénico e ruménico [14,15]. Este resultado abriu a possibilidade ao uso de extrato de taninos condensados de Esteva na dieta de ruminantes como um aditivo alimentar para melhorar o perfil de ácidos gordos nos produtos dos ruminantes. Num ensaio com borregos foi possível verificar que a aplicação de extrato de taninos condensados de Esteva na dose de 1,25% de taninos condensados permite incrementar em 25% a proporção do ácido vacénico na gordura intramuscular comparativamente à dieta sem taninos, no entanto, não se verificou o aumento do ácido ruménico [6]. A baixa deposição de gordura observada em todas as dietas deste ensaio poderá ter limitado a síntese de ácido ruménico na gordura intramuscular apesar da maior disponibilidade de precursor para a síntese endógena [6]. No entanto, a inclusão de 20 g/dia de taninos condensados de Esteva na dieta de cabras leiteiras teve um efeito reduzido no perfil A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

|

21


ALIMENTAÇÃO ANIMAL TEMA DE CAPA

de ácidos gordos do leite, sem alteração no teor dos ácidos vacénico e ruménico. Tal como observado para a Esteva, o efeito de outras fontes de taninos condensados na composição em ácidos gordos da gordura dos ruminantes tem sido inconsistente. Fatores como a composição e concentração dos taninos, a dieta base utilizada, mas também diferenças entre espécies podem explicar estas inconsistências.

Melhoria da estabilidade oxidativa da carne Um dos maiores desafios na comercialização de carne é a retenção da qualidade durante o período de conservação e venda. As reações de oxidação são uma das principais causas de perda da qualidade da carne, levando à degradação dos atributos sensoriais e nutricionais. Antioxidantes sintéticos são largamente utilizados na alimentação animal para melhorar a estabilidade oxidativa da carne. No entanto dadas as preocupações dos consumidores quanto a potencias riscos para a saúde deste tipo de compostos, nos últimos anos tem sido crescente o interesse por plantas e extratos de plantas ricos em compostos antioxidantes para aplicação na alimentação animal. A incorporação de Esteva na dieta de borregos em quantidades entre 100 e 250 g/kg de Esteva na dieta reduziram a oxidação lipídica nas carnes ao longo de um período de conservação de 7 dias [4,16,17]. Os mecanismos pelos quais o consumo de Esteva melhora a estabilidade oxidativa da carne ainda não são completamente claros, uma vez que a Esteva apresenta na sua composição vários compostos com atividade antioxidante, como vitaminas e outros compostos fenólicos para além dos taninos condensados [1,18,19]. No músculo de borregos alimentados com 200 g/kg de Esteva foi verificado o aumento da concentração de α-tocoferol (vitamina E), sugerindo que o efeito protetor da Esteva contra a oxidação lipídica na carne está relacionado com a aumento da concentração de α-tocoferol no músculo [16]. No entanto o efeito protetor contra a oxidação lipídica decorrente do consumo da Esteva não foi encontrado em todos os ensaios. Um dos fatores que pode ajudar a explicar estes resultados é a dieta base utilizada. Outros ingredientes da dieta também fornecem compostos com atividade antioxidante, que por si podem permitir níveis de proteção antioxidante elevados, não se evidenciado o efeito da Esteva. 22 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

Efeito antiparasitário

Referências

Diversos trabalhos têm mostrado que os taninos condensados podem ser uma alternativa para o controlo de parasitas gastrointestinais, reduzindo assim a dependência de anti-helmínticos de síntese. A inclusão de Esteva na dieta de borregos reduz o nível de eliminação de ovos de estrongilídeos gastrointestinais (EGI) [20]. A redução dos níveis de eliminação de ovos de EGI também foi observada em borregos e em cabras alimentadas com dietas suplementadas com extratos de taninos condensados [20]. Os resultados quanto à ação anti-helmíntica da Esteva ou seus extratos de taninos são ainda limitados, mas abrem boas perspetivas para a sua utilização no controlo de parasitas gastrointestinais.

1 – Guerreiro, et al., Grass and Forage Science 2016, 71, 437–447; 2 – Frutos, et al., Animal Feed Science and Technology 2020, 269, 114623; 3 – Jerónimo, et al., Journal of Agricultural and Food Chemistry 2010, 58, 10710–10721; 4 – Francisco, et al., Meat Science 2015, 100, 275–282; 5 – Francisco, et al., Animal 2018, 12, 872–881; 6 – Guerreiro et al., Meat Science 2020, 160, 107945; 7 – Dentinho, et al., Small Ruminant Research 2014, 119, 57–64; 8 – Dentinho, et al., Animal 2007, 1, 645–650; 9 – Dentinho, et al., Livestock Science 2020, 236, 104021; 10 – Dentinho, et al., Grass and Forage Science 2019, 74, 78–85; 11 – Vahmani, et al., Meat Science 2020, 165, 108114; 12 – Harfoot and Hazelwood. Lipid metabolism in the rumen. In The Rumen microbial ecosystem; Elsevier: London (UK), 1997; pp. 382–426; 13 – Griinari, et al., Journal of Nutrition 2000, 130, 2285–2291; 14 – Guerreiro, et al., Animal Feed Science and Technology 2016, 219, 304–312; 15 – Costa, et al., Journal of the Science of Food and Agriculture 2017, 97, 629–635; 16 – Jerónimo, et al., Meat Science 2020, 164, 108092; 17 – Jerónimo, et al., Meat Science 2012, 92, 841–847; 18 – Guimarães, et al., Industrial Crops and Products 2009, 30, 427–430; 19 – Barrajón-Catalán, et al., Food and Chemical Toxicology 2010, 48, 2273–2282; 20 – Jerónimo, et al., Voz do Campo 2020, 239, Agrociência VI-VIII; 21 – Francisco et al., Animal 2016, 10, 2061–2073.

Redução de Metano Um dos grandes desafios que se coloca na produção de ruminantes reside na redução das emissões de metano para a atmosfera. Num estudo in vitro realizado recentemente foi possível verificar que silagem de luzerna tratada com 40 g/kg de taninos condensados de Esteva gera menores produções de metano comparativamente à silagem de luzerna sem taninos condensados (Figura 3) [Dentinho et al., dados não publicados]. Os resultados obtidos até ao momento mostram que a Esteva ou os seus taninos condensados podem induzir vários benefícios quando aplicados na dieta dos ruminantes, especificamente melhoram a eficiência proteica dos alimentos, a composição em ácidos gordos e a estabilidade oxidativa dos produtos, e reduzem o nível de eliminação de ovos de parasitas gastrointestinais, as emissões de azoto para o ambiente e a produção de metano. No entanto, o efeito da Esteva ou dos seus taninos parece ser condicionado por um conjunto de fatores, como a concentração, a dieta base ou da espécie animal, pelo que os estudos devem prosseguir no sentido de otimizar e validar as condições de utilização de forma a garantir a eficácia deste tipo de estratégias nutricionais. Trabalho desenvolvido no âmbito do projeto CistusRumen – Utilização sustentável da Esteva (Cistus ladanifer L.) em pequenos ruminantes – Aumento da competitividade e redução do impacto ambiental (ALT2003-0145-FEDER-000023) financiado pelo programa Alentejo 2020 através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional. Mais informações em: http://cistusrumen.pt/

Figura 1. Esteva (Cistus ladanifer L.)


75

60

50 25

ab

b

0

150

40

a 2.5 a b

2.0

b

1.5

Gás

100

1.0

b

Metano

a Produção Total de Gás e Metano (mL)

Produção Total de Gás e Metano (mL)

200

80

b

20

125

L0

0

L40

100

100

80

75

60

Metano/Gás

Metano/Gás total (%)

Ganho médio diário (g/dia)

a

100

100

Eficiência Proteica (kg peso vivo/kg proteina ingerida)

250

L40

Metano/Gás total (%)

Figura 1. Esteva (Cistus ladanifer L.)

L0

125

40 Figura 503. Produção ruminal in vitro de gás total e metano e50 concentraçãoa de metano com silagens de 0.5 b a b 25 20 luzerna 0com 0 (L0) e 40 (L40) g de taninos condensados de Esteva/kg de MS (Dentinho et al., dados não 0.0 0 0 publicados).16% 12% 12%+TC 16% 12% 12%+TC Dietas (nível de proteína bruta)

Gás

Metano

Metano/Gás

Figura 3. Produção ruminal in vitro de gás total e metano e concentração de metano com silagens de Figura Figura 2. Ganho diárioproteica e eficiência proteica das dietas experimentais Figura 2. Ganho médio diário médio e eficiência das dietas experimentais em borregos. Dietas: 16%3.-Produção ruminal in vitro de gás total e metano e concentração de luzerna com metano 0 (L0) e com 40 (L40) g dede taninos condensados detaninos MS (Dentinho et al., dados não silagens luzerna com 0 (L0) ede 40Esteva/kg (L40) g de condensaemde borregos. Dietas: dieta com 16% de PB; 12% – dieta com 12% de PB; dieta com Tabela 16% PB;1. 12%Principais - dieta16% com– 12% de PB; 12% + TC – dieta com 12% PB e extrato de taninos efeitos da incorporação de Esteva ou de Extratos de taninos condensados de Esteva publicados). + TC –[9]. dieta com 12% PB e extrato de taninos condensados de Esteva [9]. dos de Esteva/kg de MS (Dentinho et al., dados não publicados). condensados12% de Esteva

na dieta de borregos e cabras Dieta base

Tabela 1. Principais efeitos Extratos de taninos condensados de Esteva Taninosda incorporação de Esteva Efeito ou da de inclusão de Esteva ou Extrato Proteína na dieta de borregos e cabras Condensados Animais de Taninos Condensados de Esteva nas

Esteva/Extrato

Óleo

(g/kg MS)

(g/kg MS)

(g/kg MS)

(g/kg MS)

Dieta base

Esteva (folhas e caules jovens) 6 0

0

149

8.48

0

60

143

8.17

250

0

250

60

128

20.7

50

0

165

2.5

50

40

157 Concentrado:

2.9

50

80

164 (50:45,40 ou 30)2

Luzerna desidratada

2.6

Concentrado:

100

0

162

6.5

Luzerna desidratada

100

40

156

6.9

(50:45,40 ou 30)2

100

80

159

7.4

Luzerna desidratada:semea de trigo (90:10)1

Concentrado com Cereal: Luzerna desidratada (50:50 ou 35)3 Concentrado com Polpa de citrinos desidratada:Luzerna desidratada (50:50 ou

Luzerna

35)3

desidratada4

200

0

Concentrado com Cereal: Luzerna desidratada 165 (50:50 ou 35)3 16.3

200

40

Concentrado com Polpa de citrinos 162 14.5 desidratada:Luzerna desidratada

200

80

0

60

Luzerna desidratada4

Concentrado:Luzerna desidratada (75:25) + feno ad libitum6

(50:50 ou 35) 155

3

Luzerna 171 desidratada4

16.1 0.4

150

50

168

3.5

0

60

178

0.8

150

50

Concentrado: 170 Feno (85:15)5 5.6

Óleo

Proteína

(g/kg MS)

(g/kg MS)

(g/kg MS)

0

60

162

125

60

147 Luzerna

250

60

133

4.1 desidratada4

Taninos Condensados

dietas

Animais

(g/kg MS)

Efeito da inclusão de Esteva ou Extrato de Taninos Condensados de Esteva nas dietas

Esteva (folhas e caules jovens) = Ingestão 0 0 250 250

0 60

Borregos 0 60

e GMD; ↑ gordura 149 8.48↑ síntese ruminal=de Ingestão e GMD; ↑ gordura subcutânea; ácido subcutânea; ↑ síntese ruminal de ácido 143 8.17ácidos vacénico vacénico e↑ e ruménico vacénico e ↑ ácidos vacénico e ruménico Borregos 150gordura21.0 gordura com intramuscular na dieta com na intramuscular nanadieta Esteva e óleo; 128 20.7Esteva e óleo; ↓ oxidação lipídica ↓ oxidação lipídica

50

0

165

2.5

50

40

157

2.9

50

80

164

2.6

100

0

100

40

100

80

200

0

200

40 Borregos

= Ingestão, GMD, composição da carcaça e parâmetros físico-químicos da carne; ↑ 18:1 trans-10 com inclusão de Esteva

6.5 = 162 Ingestão, GMD, composição da carcaça e óleo na dieta; 6.9 Borregos e156parâmetros físico-químicos da carne; ↓ Oxidação lipídica; 159

7.4

↑16518:1 trans-10 com inclusão ↑ deconcentração Esteva de α-tocoferol; 16.3 ↓ da variação dos parâmetros da cor ao e óleo na dieta; longo da conservação 162 14.5

80

155

↓ Oxidação lipídica; 16.1

0

60

171

↑ concentração de α-tocoferol; 0.4

150

50

0

60

150

50

170

0

60

162

4.1

125

60

147

15.3

250

60

133

26.6

-

120

nd

-

120

nd

162

4,1

200

157

Extrato de

Concentrado: Feno (85:15) 5

Luzerna desidratada:semea de trigo 150 (90:10)1 21.0

Esteva/Extrato

-

3.5 dos parâmetros= Ingestão, ↓168da variação da corGanho ao Médio Diário, e Borregos composição da carcaça; ↓ tenrura, 178 0.8 da conservação longo suculência e aceitabilidade geral da carne 5.6

Borregos

↓ Ingestão e GMD na dieta com 250 g/kg de Esteva

= Ingestão, Ganho Médio Diário, e Extrato de Taninos Condensados de Esteva Borregos composição da carcaça; ↓ tenrura, 160 à dieta com 16% de PB; suculência endaceitabilidade geral= GMD da carne

60

↑ eficiência proteica; = composição da carcaça e parâmetros físico-químicos da carne; ↓ Ureia no sangue em relação à dieta com 16% PB

↓ GMD na dieta com 41 g/kg de Extrato;

↓ Ingestão e GMD na dieta com↑250 ácidosg/kg vacénico na gordura 154 11,9 Borregos de Esteva intramuscular na dieta com 20,5 g/kg de

15.3

20,5

26.6

41

60

155

20,3

extrato

-

50

181

nd

= Produção de leite;

50

181

nd

Concentrado:Luzerna desidratada Taninos Condensados (75:25) + feno ad libitum6 de

Esteva 40,6

Borregos 60

Borregos

Cabras

↓ teor em gordura no leite

1 - Jerónimo et al., 2010, 2012 [3,17]; 2 – Francisco et al., 2015, 2016; Jerónimo et al., 2020 [4,16,21]; 3 - Francisco et al, 2018 [5]; 4 – Guerreiro et al., 2020 = GMD dieta com 16%condensados; de PB; nd – não determinado [6]; 5 – 160 Dentinho et al., 2020 [9]; nd 6 - Jerónimo et al., dados não publicados; 7 - bagaço de sojaàcom 15 g/kg de taninos

-

-

-

-

120

nd

157

-

120

nd

-

60

162

4,1

20,5

60

154

11,9

41

60

155

20,3

-

50

181

nd

40,6

50

181

nd

Borregos

Borregos

Cabras

↑ eficiência proteica; = composição da carcaça e parâmetros físico-químicos da carne; ↓ Ureia no sangue em relação à dieta com 16% PB

7

↓ GMD na dieta com 41 g/kg de Extrato; ↑ ácidos vacénico na gordura intramuscular na dieta com 20,5 g/kg de extrato = Produção de leite; ↓ teor em gordura no leite

1 - Jerónimo et al., 2010, 2012 [3,17]; 2 – Francisco et al., 2015, 2016; Jerónimo et al., 2020 [4,16,21]; 3 - Francisco et al, 2018 [5]; 4 – Guerreiro et al., 2020 [6]; 5 – Dentinho et al., 2020 [9]; 6 - Jerónimo et al., dados não publicados; 7 - bagaço de soja com 15 g/kg de taninos condensados; nd – não determinado

Tabela 1. Principais efeitos da incorporação de Esteva ou de extratos de taninos condensados de Esteva na dieta de borregos e cabras

A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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23

7


ALIMENTAÇÃO ANIMAL TEMA DE CAPA

A INOVAÇÃO E O SETOR DOS CEREAIS PRAGANOSOS, OLEAGINOSAS E PROTEAGINOSAS O Centro Nacional de Competências dos Cereais

parceiros. Com esta consulta, não só o CEREAL-

Praganosos, Oleaginosas e Proteaginosas, desig-

TECH viu legitimada a sua proposta inicial, como

nado por CEREALTECH, surgiu para dar resposta

reuniu ainda muitos contributos definidores de

às necessidades de um setor que, nas últimas

linhas de trabalho concretas.

décadas, se tem confrontado com uma série de

Finalmente, foi feito um trabalho de consolida-

condicionalismos e adversidades que em muito

ção de todos os inputs e chegou-se assim àquela

afetaram a sua produção.

que é hoje a versão final da Agenda de Inovação

Com efeito, dando sequência à Estratégia Nacio-

CEREALTECH.

nal para a Promoção da Produção de Cereais

Trata-se de uma Agenda sistematizada em três

(ENPPC), aprovada pela Resolução do Conselho

níveis organizacionais, com Objetivos Macro,

de Ministros n.º 101/2018, e com o objetivo de pro-

cada um com as suas Áreas de Atuação e estas,

mover o desenvolvimento da fileira dos Cereais,

por sua vez, organizadas em Linhas de Trabalho.

Oleaginosas e Proteaginosas, especialmente atra-

Num futuro muito próximo, pretende-se criar

vés da investigação, capacitação, criação de valor,

um quarto nível de informação com a definição

parceria e cooperação, juntaram-se a ANPOC, o

de Metas para cada Linha de Trabalho, gerando

INIAV, o IPBeja, a IACA, a APIM e os Cervejeiros de Portugal para, através de protocolo assinado em julho de 2018, constituir o CEREALTECH. Dava-se assim o primeiro passo para um trabalho que se pretende integrado e participado por toda a fileira (investigação, produção e transformação) e criavam-se as condições para a definição de uma Agenda de Inovação para o setor, uma das medidas consideradas estratégicas pela ENPPC para estabilizar e melhorar o rendimento dos agricultores; promover ações de mitigação e adaptação às alterações climáticas; e promover a produção de bens públicos, a preservação e a utilização eficiente dos recursos naturais. O processo de definição da agenda de inovação CEREALTECH passou por várias fases, resultantes de um estudo da realidade do setor e consulta generalizada à fileira. Assim e numa primeira fase, foi desenvolvido pelos parceiros CEREALTECH um trabalho de

assim objetivos muito precisos para as ações definidas a este nível (Fig. 1). São quatro os Objetivos Macro: 1) Aumento e Estabilidade da Produção; 2) Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos; 3) Segurança, Qualidade, Diferenciação e Valorização; e 4) Capacitação, Comunicação e Transferência de Conhecimento (Fig. 2). Cada Objetivo Macro foi desdobrado em três Áreas de Atuação, à exceção do objetivo Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos, que se desdobrou em seis áreas. Por seu lado, cada Área de Atuação deu origem a uma série de Linhas de Trabalho, tendo sido identificadas ações muito específicas a desenvolver no âmbito de cada uma delas. Não iremos aqui enumerar estas ações. Iremos apenas sistematizar os contextos em que as Linhas de Trabalho da Agenda de Inovação CEREALTECH se inserem.

análise das necessidades a nível nacional e de benchmarking para identificação do que melhor se faz noutros países. Deste trabalho resultou um primeiro esboço da Agenda de Inovação, com a enumeração de um conjunto de objetivos principais, designados por Objetivos Macro; e a definição de uma série de Áreas de Atuação. Seguiu-se uma consulta generalizada à fileira, em

José Palha Presidente da ANPOC 24 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

sede de Grupo Focal, para reforço e validação do primeiro esboço de agenda sugerido pelos

Figura 1 – Organização da Agenda de Inovação CEREALTECH

Figura 1 – Organização da Agenda de Inovação CEREALTECH

São quatro os Objetivos Macro: 1) Aumento e Estabilidade da Produção; 2) S Eficiência no Uso dos Recursos; 3) Segurança, Qualidade, Diferenciação e


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ALIMENTAÇÃO ANIMAL TEMA DE CAPA

Figura 1 – Organização da Agenda de Inovação CEREALTECH

São quatro os Objetivos Macro: 1) Aumento e Estabilidade da Produção; 2) Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos; 3) Segurança, Qualidade, Diferenciação e Valorização; e 4) Capacitação, Comunicação e Transferência de Conhecimento.

Figura 2 – Figura Objetivos Macro e seu Desdobramento Áreas de Atuação 2 – Objetivos Macro e seu Desdobramento porpor Áreas de Atuação

Figura 6 6–– Áreas Áreas de Atuação respetivas Trabalho do objetivo Figura de Atuação e respetivaseLinhas de TrabalhoLinhas do objetivode Capacitação, Comunicação e de Conhecimento Capacitação, Comunicação eTransferência Transferência de Conhecimento

Em traços gerais, é esta a Agenda de Inovação CEREALTECH. Uma agenda que visa responder, Cada Objetivo Macro foi desdobrado em três Áreas de Atuação, à exceção do objetivo de forma integrada e sistemática, às necessidades de toda a fileira e, simultaneamente, uma Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos, que se desdobrou em seis áreas.

agenda virada para o país e para a sociedade, fomentando o desenvolvimento económico e Aumento e Estabilidade da Produção

social e produzindo alimentos de qualidade indiscutível para os portugueses. Por seu lado, cada Área de Atuação deu origem a uma série de Linhas de Trabalho, tendo sido identificadas ações muito específicas a desenvolver no âmbito de cada uma delas. Não iremos Trata-se de um objetivo em que a promoção da experimentação e o aqui enumerar estas ações. Iremos apenas sistematizar os contextos em que as Linhas de www.cerealtech.pt aprofundar do conhecimento têm um papel muitíssimo relevante, sem Trabalho da Agenda de Inovação CEREALTECH se inserem.

1. Aumento e Estabilidade da Produção

esquecer a necessidade de criação dos mecanismos de recolha, sistematização e difusão de informação essencial à produção agrícola (Fig. 3).

Trata-se de um objetivo em que a promoção da experimentação e o aprofundar do conhecimento têm um papel muitíssimo relevante, sem esquecer a necessidade de criação dos mecanismos de recolha, sistematização e difusão de informação essencial à produção agrícola. Figura 3 – Áreas de Atuação e respetivas Linhas de Trabalho do objetivo Aumento e Estabilidade da Produção

2. Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos

Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos É um objetivo que visa, de forma generalizada, o estudo, a identifi-

É um objetivo que visa, de forma generalizada, o estudo, a identificação e a promoção das cação e a promoção das práticas agrícolas que conduzem a um uso práticas agrícolas que conduzem a um uso mais sustentável e eficiente dos recursos. As suas mais sustentável e eficiente dos recursos. As suas Linhas de TraLinhas de Trabalho englobam níveis de intervenção sucessivamente mais macro, começando nos recursos e terminando numa visão mais integrada do território e da organização e balho englobam níveis de intervenção sucessivamente mais macro, funcionamento do setor. Importa, com este objetivo, tornar mais eficiente a utilização dos Figura 3 promover – Áreas adeagricultura Atuação de e respetivasaprofundar Linhas de Trabalho objetivo recursos; conceito dedoserviços dos começando nos recursos e terminando numa visão mais integrada Figura 3 – Áreas de Atuação e respetivas Linhas deprecisão; Trabalho do objetivooAumento e Estabilidade da Produção ecossistemas lógica integrada; e, não menos importante, promover a estruturação e do território e da organização e funcionamento do setor. Importa, Aumento e numa Estabilidade da Produção modernização do setor.

2. Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos

com este objetivo, tornar mais eficiente a utilização dos recursos;

É um objetivo que visa, de forma generalizada, o estudo, a identificação e a promoção das promover a agricultura de precisão; aprofundar o conceito de serpráticas agrícolas que conduzem a um uso mais sustentável e eficiente dos recursos. As suas viços dos ecossistemas numa lógica integrada; e, não menos imporLinhas de Trabalho englobam níveis de intervenção sucessivamente mais macro, começando tante,epromover a estruturação e modernização do setor (Fig. 4). nos recursos e terminando numa visão mais integrada do território e da organização funcionamento do setor. Importa, com este objetivo, tornar mais eficiente a utilização dos recursos; promover a agricultura de precisão; aprofundar o conceito de serviços dos Segurança, Qualidade, Diferenciação e Valorização ecossistemas numa lógica integrada; e, não menos importante, promover a estruturação e modernização do setor. Este objetivo centra-se, predominantemente, no produto, reconhe-

3. Segurança, Qualidade, Diferenciação e Valorização

cendo a importância do diagnóstico, identificação e posicionamento Este objetivo centra-se, predominantemente, no produto, reconhecendo a importância do diagnóstico, identificação e posicionamento de marcas diferenciadoras; reforçando a relevância de marcas diferenciadoras; reforçando a relevância da criação de da criação de mecanismos de rastreabilidade e integração da fileira; e finalmente, evidenciando mecanismos de rastreabilidade e integração da fileira; e finalmente, a importância da segurança alimentar, seja no que se refere ao produto em si, seja no modo como os vários aspetos da segurança alimentar são comunicados. Trata-se, portanto, de um evidenciando a importância da segurança alimentar, seja no que se objetivo que4 tem missão a criação produtos valorSustentabilidade acrescentado, com uma estratégia Figura –4 Áreas de Atuação Linhas de Trabalho dode objetivo e Eficiência no Uso dos Figura –como Áreas dee respetivas Atuação ederespetivas Linhas de Trabalho do objetivo refere ao produto em si, seja no modo como os vários aspetos da Recursos de marketing bem definida, reconhecida e defendida por toda a fileira, em que a origem, a Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos segurança alimentar são comunicados. Trata-se, portanto, de um qualidade e a rastreabilidade são fatores chave. objetivo que tem como missão a criação de produtos de valor acrescentado, com uma estratégia de marketing bem definida, reconhecida e defendida por toda a fileira, em que a origem, a qualidade e a rastreabilidade são fatores chave (Fig. 5).

Capacitação, Comunicação e Transferência de Conhecimento este Figura 4 – Áreas de Atuação e respetivas Linhas de Trabalho do objetivo Sustentabilidade e Eficiência no Com Uso dos Recursos

objetivo o CEREALTECH pretendeu reunir todas as ver-

tentes da difusão de informação. Temos, por um lado, a vertente da passagem do conhecimento, com a evidente necessidade de

Áreasede Atuação e de respetivas de Trabalho do objetivo FiguraFigura 5 – Áreas5de–Atuação respetivas Linhas Trabalho do Linhas objetivo Segurança, Qualidade, Diferenciação e Valorização Segurança, Qualidade, Diferenciação e Valorização transmissão

4. Capacitação, Comunicação e Transferência de 2 Conhecimento 6 | ALIMEN TAÇÃO AN IMAL Com este objetivo o CEREALTECH pretendeu reunir todas as vertentes da difusão de informação. Temos, por um lado, a vertente da passagem do conhecimento, com a evidente necessidade de

(e consequente apreensão) de conhecimento técnico


a todos os intervenientes da fileira. E, por

alimenta, que se pretende moderna e efi-

às necessidades de toda a fileira e, simulta-

outro, a vertente da comunicação. Mais

ciente, e estimuladora da biodiversidade e

neamente, uma agenda virada para o país e

do que nunca, fala-se hoje na necessidade

da sustentabilidade (Fig. 6).

para a sociedade, fomentando o desenvol-

de comunicar melhor o setor agrícola. O

Em traços gerais, é esta a Agenda de Ino-

vimento económico e social e produzindo

CEREALTECH reconhece essa necessidade

vação CEREALTECH. Uma agenda que visa

alimentos de qualidade indiscutível para os

e identifica, até, duas Linhas de Trabalho

responder, de forma integrada e sistemática,

portugueses.

distintas, mas que se complementam e se enriquecem mutuamente: a comunicação para o setor, que se centra na divulgação e esclarecimento dentro da fileira, incluindo a promoção de uma maior articulação e trabalho em rede; e a comunicação para a sociedade, baseada em factos concretos, conhecidos e validados pelo setor; e veiculados de forma clara e transversal à sociedade. É um trabalho que se pretende estruturado e continuado com o objetivo de tornar a comunicação mais eficiente, mais produtiva, mais transparente e, não menos importante, que consiga mostrar ao mundo aquele que é o papel da agricultura na sociedade: uma atividade absolutamente fundamental, que

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL TEMA DE CAPA

A AGENDA DE INOVAÇÃO DO CENTRO NACIONAL DE COMPETÊNCIAS DAS CULTURAS DO MILHO E SORGO – INOVMILHO Enquadramento geral A cultura dos cereais em Portugal sofreu alterações profundas nas últimas décadas, nomeadamente no seguimento da adesão de Portugal

Inovação para os próximos anos, documento este que resultou do levantamento das ações que se julga mais relevantes implementar no nosso país e que ficou concluída no passado mês de maio.

à CEE e a consequente integração na PAC, cujo

As cerca de 80 ações identificadas neste docu-

impacto se deu sobretudo a partir de 1991, após

mento, resultaram da consulta efetuada aos trinta

o final da etapa de transição.

e três parceiros deste Centro de Competências, entre os quais a IACA, ao longo dos últimos dois anos, em inúmeras reuniões de trabalho e Dias de Campo.

A superfície cultivada com cereais ocupava, no final dos anos 80, cerca de 900 mil hectares, aproximadamente 10% do território nacional. Essa área tem vindo gradualmente a diminuir, a maior parte convertida em pastagens, sendo, em 2016, de 257 mil hectares. A produção também dimi-

Para melhor sistematização deste documento, foi opção dividir as ações apresentadas em sete grandes capítulos que passamos a discriminar:

nuiu, embora de modo menos pronunciado fruto do aumento de produtividade conseguido pelos

– Solo e Fertilização

agricultores, tendo passado de 1,65 milhões de toneladas para 1,1 milhões, no mesmo período. O nosso país é historicamente dependente da importação de cereais, mas se os níveis de auto-aprovisionamento eram de 60% em 1989, a dimi-

– Caracterização e valorização dos recursos genéticos –F itossanidade, Agricultura de Precisão, Digitalização e Mecanização

nuição da produção e o aumento das necessidades conduziram a um valor atual que se revela preocupantemente reduzido face às crescentes incertezas que se vivem ao nível da geopolítica mundial (cerca de 35% no caso do milho).

– Eficiência de Rega – Ambiente e Biodiversidade – Valorização da Produção Nacional

Tendo consciência desta realidade, o XXI Governo Institucional aprovou em 2018 a Estratégia Nacional para a Promoção da Produção de Cereais, que propõe a aplicação de dezassete medidas, entre as quais se destacam algumas relacionadas com a Inovação.

A Agenda de Inovação Numa altura em que se colocam crescentes e contínuos desafios aos produtores nacionais de milho e sorgo, a Inovação representa um facto fundamental de competitividade da nossa agricultura, contribuindo de forma decisiva para um uso mais eficiente e equilibrado dos recursos naturais – água, ar e solo.

Tiago Silva Pinto Secretário-Geral ANPROMIS 28 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

Ciente deste desafio, constituiu uma das prioridades do Centro Nacional de Competências das Culturas do Milho e Sorgo definir a sua Agenda de

– Informação e Comunicação Por último, cabe realçar que as ações identificadas, carecem agora de financiamento no âmbito do atual e do futuro Programa de Desenvolvimento Rural (PDR), sob pena de não alcançarmos um dos objetivos propostos na Estratégia Nacional para a Promoção da Produção de Cereais, que passa por contribuir para uma maior competitividade técnica e económica dos produtores nacionais de milho e sorgo, de forma a aumentarmos o grau de auto-aprovisionamento em cereais do nosso país.


Nós temos os recursos para o apoiar

Estamos aqui para o ajudar a concretizar a ambição de crescer. Temos um conhecimento profundo de nutrição e produção animal, sustentado em 100 anos de experiência, na presença em 75 países e numa forte aposta em Investigação. Como seu parceiro de negócio, queremos ser a força motriz do seu crescimento, através das melhores soluções nutricionais e mais sustentáveis práticas de maneio. Desta forma, cumprimos a nossa missão de alimentarmos animais saudáveis com responsabilidade.

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL TEMA DE CAPA

SOLUÇÕES DA SOJA DOS EUA PARA A ALIMENTAÇÃO E O RETALHO NA EUROPA A apresentação oficial da estratégia Farm to Fork da Comissão Europeia em 20 de maio de 2020 aconteceu num momento em que a Covid19 dominava as manchetes em todo o mundo. No entanto, mesmo enquanto continuamos a recuperar da Covid, está claro que o mundo necessita de respostas sobre como projetar o sistema alimentar para ser sustentável e fornecer quantidades de alimentos seguros para uma população crescente. Devido à atual crise sanitária, esta questão ganha definitivamente importância. A comunidade da soja dos Estados Unidos acredita que a sua soja sustentável é uma resposta importante a esta pergunta. Relevante para a indústria de alimentação animal, mas também para o setor alimentar, retalhistas e operadoras de serviços alimentares que precisam de conhecer as origens e as credenciais sustentáveis dos alimentos que produzem e vendem. Neste contexto, o Conselho de Exportação de Soja dos EUA (USSEC) organizou, em 17 de junho, o webinar ‘Soluções da soja dos EUA para a alimentação e o retalho na Europa’.

SSAP Para verificar a soja sustentável, a comunidade da soja dos EUA criou em 2013 o seu Protocolo de Garantia de Soja Sustentável (na sua sigla inglesa, SSAP). Constantemente atualizado, este protocolo oferece aos produtores de soja dos EUA ferramentas e incentivos para melhorar continuamente as suas práticas sustentáveis. “O SSAP baseia-se nas leis nacionais de conservação”, afirma Brent Babb, Diretor Regional UE/ MENA da USSEC. “98% dos produtores de soja dos EUA participam neste Programa Agrícola voluntário. Oferece-lhes fortes incentivos, tais como prémios mais baixos para seguro de colheitas, mas a participação neste programa também os sujeita a auditorias. O não cumprimento implica uma penalização financeira.”

Cumprimento da conservação De acordo com Dave White, ex-chefe do Serviço de Conservação de Recursos Naturais (NRCS) do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que audita os agricultores, os produtores de soja dos Estados Unidos têm de cumprir uma legislação rígida. “Desde a Lei Agrícola de 1985, os agricultores devem estar em conformidade com o programa agrícola dos EUA, especialmente em terras altamente erodíveis, o que exige que os agricultores tenham o plano de proteção de sustentabilidade correto”, afirma ele. “Nem é permitido drenar ou converter qualquer zona húmida. Independentemente do tipo de administração que os EUA tiveram, todas as Leis Agrícolas até ao 30 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

momento reconfirmaram o cumprimento da conservação para os agricultores. Estas leis rígidas vieram para ficar.”

Impacto da sustentabilidade A cada ano, o NRCS audita aleatoriamente cerca de 20 mil explorações agrícolas quanto a violações. “Em 2018, foram quase 24 mil explorações agrícolas, mas, no ano passado, foram pouco mais de 18 mil, devido ao excesso de cheias”, refere White. “Selecionamos explorações agrícolas com base em denúncias, recomendações de agências do USDA, potenciais violações observadas ou extensões de terra com variações do ano anterior. Nos últimos anos, apenas 2,5 a 3% das áreas agrícolas auditadas não estavam em conformidade e tiveram que proceder a alterações para estarem em conformidade ou incorreriam em penalizações financeiras. Olhando para o impacto, vemos uma redução de 34% da erosão em terras agrícolas entre 1982 e 2015. O USDA também estima um ganho líquido de zonas húmidas de mais de 100.000 hectares entre 1997 e 2007 e uma redução geral de áreas agrícolas em quase 22 milhões de hectares entre 1982 e 2015".

Cultivar em solo saudável A perspectiva de uma agricultora é-nos dada por Meagan Kaiser que é agricultora de soja no Missouri e também cientista do solo. “Como cientista, gosto da agricultura de precisão e dos seus benefícios para a saúde do solo”, diz ela. “Utilizamos dados de GPS e drones para verificar os campos em busca de défices de nutrientes ou replantio se houver uma cheia como no ano passado. Temos vindo a testar constantemente a saúde do solo ao longo dos anos e sobrepomos estes dados com dados das nossas atividades de agricultura de precisão. Isto ajuda-nos a focar na qualidade da colheita, a otimizar a produção, a reduzir o uso da água e as emissões de gases com efeito estufa e a melhorar a saúde do solo. Temos uma visão holística do solo. Minimizamos a nossa mobilização, deixamos os resíduos das colheitas na terra para se decomporem e monitorizamos a capacidade do solo de drenar ou reter a água. Tudo isto melhora o sequestro de carbono e a atividade microbiana e evita a erosão. O solo é o nosso maior recurso e, ao protegermos os nossos cursos de água através de faixas de proteção, retemos nutrientes no solo e reduzimos a erosão. Terras e zonas húmidas menos produtivas que utilizamos para habitat como pássaros migratórios e aves aquáticas. Também fazemos a rotação das nossas culturas, principalmente a soja e o milho, que se alimentam bem com potássio e fósforo. Como agricultores,


(www.andritz.com)

sabemos que cada ano é diferente, mas como resultado da agricultura de precisão e de práticas sustentáveis, conseguimos melhorar as nossas produções, margens e a saúde do nosso solo.”

Agricultores hi-tech e criativos Meagan Kaiser é uma agricultora com uma perspectiva científica ao passo que Marty Matlock é um cientista com a perspetiva dos agricultores. “Meagan Kaiser operacionaliza o que o SSAP envolve”, refere Matlock, que é Diretor Executivo do Centro de Resiliência da Universidade do Arkansas e Professor de Engenharia Ecológica no departamento de Engenharia Biológica e Agrícola. “A intensificação da agricultura tem um custo e é necessário impulsionar uma agricultura sustentável. Fazemos isto através de KPI ambientais sobre emissões de gases com efeito estufa, perda de solo, uso de energia, terra e água, qualidade da água, eficiência no uso de nutrientes e biodiversidade. Estes KPI são medidos e baseados em resultados, orientados pela ciência, neutros em termos de tecnologia e transparentes. Todos eles estão incorporados no SSAP e cabe aos agricultores decidirem utilizar e beneficiar do protocolo. Estes agricultores são produtores hi-tech bem treinados e os solucionadores de problemas mais criativos na cadeia de abastecimento.”

Programa de Reserva de Conservação Matlock confirma o impacto positivo da agricultura de conservação, mostrando as métricas relacionadas com os KPI. “Mais de 75% dos agricultores de soja dos EUA utilizam a mobilização de conservação que melhora a saúde do solo e reduz a erosão. Devido aos períodos de seca no período 2011-2015, o uso da água aumentou, mas, de forma geral, todos os indicadores mostram bons resultados. Tal como Meagan refere, tanto a produção como a saúde do solo melhoraram. Os agricultores têm mais de 10 milhões de hectares de terra no Programa de Reserva de Conservação (PRC). Esta é uma área reservada de terrenos de cultivo, com um terço do tamanho da Alemanha, que não é cultivada durante, pelo menos 15 anos, para o benefício da qualidade da água, saúde do solo e biodiversidade.”

Do solo para o mercado De acordo com Matlock, um impacto mais positivo pode ser vislumbrado na redução da pegada de carbono da agricultura nos EUA. A Blonk Consultants, empresa especialista em Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), pesquisou esta questão para a soja dos EUA e de 6

outros países (Argentina, Brasil, França, Itália, Rússia e Ucrânia). “Em todas as etapas da cadeia de valor, do solo para o mercado, pesquisamos os fatores de produção agrícola e as emissões ocorridas”, explica o investigador principal Janjoris van Diepen, da Blonk Consultants. “Isto vai desde o cultivo ao transporte e ao processamento. Os dados vêm da nossa base de dados exclusiva Pegada Agrícola que também é utilizada para outras bases de dados de alimentação animal internacionais, tais como a GFLI e a base de dados Alimentação Animal CE . Comparámos também o impacto da mudança de uso da terra (MUT) na pegada de carbono. ”

(www.geelencounterflow.com)

(www.technipes.com)

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O impacto da desflorestação A Blonk Consultants conclui que em todos os países de origem e sem ter em conta a MUT, o cultivo é o fator que mais contribui para a emissão de CO2 devido à produção e utilização de fertilizantes, utilização de energia nas explorações agrícolas e resíduos de colheitas. “Vários países têm uma pegada de carbono relativamente baixa devido à maquinaria eficiente, utilização mínima de fertilizantes e produções mais elevadas, o que diminuiu o impacto do carbono por quilograma de produto”, afirma Van Diepen. “No entanto, tendo em conta a MUT, principalmente a desflorestação apresenta um resultado totalmente diferente, com a Argentina e o Brasil a serem, de longe, os países que mais contribuem, embora haja um impacto mínimo da MUT no desempenho da soja dos EUA. Se calcular que, na pegada de carbono das aves de capoeira com uma ACV do solo para o matadouro, os frangos alimentados com soja dos EUA apresentam uma pegada de carbono 46% mais baixa do que a soja proveniente da Argentina e do Brasil.”

Transferir o SSAP através da cadeia de valor Os retalhistas pedem cada vez mais aos seus fornecedores que forneçam dados sobre a pegada de carbono e o impacto ambiental dos seus produtos. “Isto é importante e levará a uma maior utilização da pesquisa de ACV”, conclui Brent Babb. Na sua opinião, um protocolo baseado em métricas como o SSAP é um elemento importante desta transparência baseada em factos. “Estamos agora a focar-nos na transferência da verificação do SSAP através da cadeia de valor e para além dos trituradores de soja”, afirma. "Além da indústria da alimentação animal, também a indústria alimentar, os retalhistas e os operadores ligados aos serviços devem ver o que o SSAP implica e quais as soluções sustentáveis continuamente melhoradas que o mesmo representa.”

HRV

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

MICROBIOTA E SAÚDE INTESTINAL: COMPREENSÃO ATUAL E POSSIVEIS MODULAÇÕES Autor: Paul Cardozo, Ph.D. Departamento técnico, Andrés Pintaluba S.A. Traduzido e adaptado por Ana Maria Gaspar; Vetalmex, Aditivos Químicos Lda

Paul Cardozo

Em produção intensiva de suínos, o equilíbrio do ecossistema intestinal tem muitas implicações para os animais, não apenas para a sua saúde e bem-estar, mas também para a eficiência produtiva cuja importância cresceu nas últimas duas décadas. Não há dúvida, de que a compreensão e o maneio adequados do ecossistema intestinal é essencial para otimizar a digestibilidade da dieta, minimizar a excreção de nutrientes e manter o intestino íntegro e saudável. A microbiota intestinal desempenha um papel crucial na defesa do intestino; muitos investigadores consideram-no como um órgão de defesa mais, já que as bactérias benéficas atuam como uma barreira, limitando o crescimento de patógenos e favorecendo o sistema imunológico. Atualmente, o desenvolvimento da microbiota intestinal tem especial interesse nos animais jovens, pois contribui para o bem-estar do animal, minimizando os problemas nutricionais e aumentando a resistência a enfermidades.

Microbiota intestinal: um mundo por descobrir O trato gastrointestinal dos animais alberga uma complexa comunidade de microrganismos. Esses microrganismos procuram o lugar mais adequado, onde competem e interagem entre si, constituindo

Artigo

Lactação D0

D7

D14

finalmente uma população relativamente estável e diversificada representando a microbiota intestinal. O leitão ao nascer, não tem bactérias no seu intestino, pelo que, a composição da sua microbiota será muito influenciada pelo seu ambiente (mãe, fezes, instalações, etc.). Swords et al. (1993) indicaram que durante os primeiros 7 dias de vida do leitão, 80% da microbiota do cólon é colonizada por microrganismos aeróbios ou anaeróbios facultativos; posteriormente, a quantidade destas bactérias diminuiu gradualmente e é substituída por bactérias anaeróbias estritas (Clostridium spp, Eubacterium spp, Fusobacterium spp, Propionibacterium spp, Streptococci e Bacteroides spp.). Num estudo interno ( Fig.2), desenvolvido em 2019 com suínos recém-desmamados, foram encontrados um total de 20 filos, sendo os mais abundantes o filo Bacteroidetes e Firmicutes, coincidindo com estudos anteriores em microbiota intestinal de mamíferos (Lamendella et al. 2011). Devemos ter em conta que a microflora intestinal é numericamente densa e metabolicamente ativa (Macfarlane e Macfarlane, 1995); isso significa que, é distribuída de acordo com o meio apresentado por cada segmento intestinal do animal. Ao nível do estômago e duodeno, onde o ritmo de passagem é muito alto e o pH é baixo, o meio é tão hostil para a maioria das bactérias que não costumam alojar-se nesta secção, pelo que, a concentra-

Transição

D21

D28

D35

D42

Engorda D49

D56

D180

Anaerobiose Nascimento Fase 1 (0 – 7 dias)

Lactobacillus spp. Escherichia coli

Desmame Fase 2 (7 – 21 dias)

Clostridium spp. Lactobacillus spp. Eubacterium spp. Propionibacterium spp Streptococcus spp.

Dia 120 Fase 3 (21 – 120 dias) Bacteroides spp. Clostridium spp.

Figura 1. Três fases da colonização do cólon distal em porcos, durante 120 dias de vida (adaptado de Swords et al., 1993).

32 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

Num estudo interno ( Fig.2), desenvolvido em 2019 com suínos recém-desmamados, foram encontrados um total de 20 filos, sendo os mais abundantes o filo Bacteroidetes e Firmicutes,


ção geralmente não excede 103-105 UFC/g de conteúdo e a diversidade geralmente é pequena e muito resistente ao meio ácido, além disso, a população desenvolveu sistemas de ancoragem ao epitélio para não ser arrastada pelo fluxo de alimentos. Nas secções finais do intestino delgado o número de bactérias aumenta entre 107-108 UFC/g de conteúdo. Ao nível do intestino grosso, o ritmo de passagem é muito mais baixo e o pH está mais próximo da neutralidade. Nestas condições, a concentração bacteriana é maior (1010-1011 UFC/g) e a diversidade ultrapassa as 500 espécies que convivem num ecossistema muito complexo. Além disso, nesta secção, a microbiota assume um papel fundamental, especialmente pela fermentação de frações não digeridas, especialmente porções de fibra que resultam em ácidos gordos de cadeia curta, ácido láctico e gases. Os ácidos gordos resultantes, juntamente com os ami-

Figura 2. Estudo dos microrganismos do cólon distal em porcos desde o desmame até aos 35 dias (Fonte: APSA I+D, Pintaluba, S.A., 2019).

noácidos e vitaminas produzidos, são absorvidos pelo animal. No entanto, embora a capacidade dessa microflora para diferentes substratos seja alta, mudanças bruscas nos substratos podem desencadear modificações no meio e, consequentemente, na diversidade populacional causando disbioses e problemas intestinais.

ENDOFEED DC

Melhora a digestibilidade dos nutrientes Complexo Multienzimático

Mudança de Alimentação: De líquido a sólido Após o desmame, são introduzidas dietas sólidas à base de cereais que causam mudanças drásticas no leitão. Por isso, pode ser observado um curto período de jejum, seguido de uma mudança na morfologia e funcionalidade

ic cn é t o

o

da estrutura intestinal provocando alterações na quantidade, composição e

Zo vo i t i Ad

complexidade das bactérias presentes no intestino. Os hidratos de carbono são o ingrediente de maior proporção na alimentação de suínos, representando mais de 60% da matéria seca da dieta (Bach Knudsen e Jorgensen, 2001). Uma ração de porcos é composta na maior parte por polissacáridos amiláceos (40 –

Decompõe os Polissacáridos Não Amiláceos (PNA)

70%), por polissacáridos não amilá-

Liberta os nutrientes dos PNA e diminui a viscosidade intestinal

ceos (PNA, 10-30%) e quantidades relativamente pequenas de mono, di

Melhora a digestibilidade dos nutrientes e o desempenho produtivo

e oligossacáridos (1-2%, 1-5% e 1-10%,

Otimiza a formulação da ração, reduzindo os custos com a alimentação

respetivamente).O amido, geralmente, vem a ser bem digerido e absorvido no intestino delgado. No entanto, uma parte do amido pode resistir à digestão

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A L I ME N TAÇÃO A N I M A L | 3 3 Campo Grande, Nr. 30 4º A/B • 1700-093 • Lisboa (Portugal) • Tel. +351 217 81 56 20 • vetalmex@vetalmex.com


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posteriores. Juntamente com o amido resistente, os PNA constituem o principal substrato que atinge o intestino grosso (30-50%). No caso das leguminosas e outros suplementos proteicos, a composição dos PNA inclui, além da celulose, quantidades significativas de oligossacáridos da série rafinosa, (OSR, 4 a 6%), galactomananos, arabinogalactanos e pectinas que podem causar flatulência, diarreia e stresse aos animais. É do conhecimento geral, que os PNA da ração modificam a microbiota intestinal, aumentando a viscosidade, a diminuição do ritmo de passagem do alimento através do trato gastrointestinal, bem como, a disponibilidade de substrato não digerido, que será fermentado pelas bactérias do intestino grosso. Alguns PNA promovem a abundância intestinal de Escherichia coli e Brachyspira sp. que comprometem a saúde do animal, bem como, clostridios potencialmente patogénicos. Baixa fermentabilidade

Alta fermentabilidade

Baixa Alta Baixa Alta EEM P < valor viscosidade viscosidade viscosidade viscosidade Fezes, Bactérias totais

9,5

9,8

8,5

9,6

0,18

0,001

Enterobacterias

9,0

10,3

7,0

7,6

0,58

0,004

Lactobacillus spp.

6,9

5,6

6,2

6,1

0,41

0,202

Enterocuccus spp.

8,1

6,9

6,6

7,7

0,29

0,010

Streptococcus spp.

7,8

8,5

7,4

7,7

0,18

0,004

Clostridium spp.

7,7

8,7

6,4

7,1

0,40

0,007

BacterioidesPrevotella

8,9

10,5

8,0

8,4

0,20

<0,001

Nos últimos anos os processos tecnológicos de fabricação de enzimas evoluíram muito, os custos de produção são menores, pelo que, as possibilidades de usá-las na ração de porcos são muito promissoras. Não só isso, mas também para melhorar o desempenho produtivo do animal e reduzir os custos de formulação através de uma melhoria na utilização do alimento. Nesta situação, torna-se difícil tomar decisões para selecionar um determinado produto enzimático. Num ensaio de simulação comparativa (Andrés Pintaluba S.A.), foram avaliados diferentes produtos enzimáticos; desde uma enzima de atividade única, misturas enzimáticas e complexos multienzimáticos (CME). Utilizou-se bagaço de soja, que é conhecido por, além de ser um ingrediente presente em qualquer tipo de ração, conter oligossacáridos da série rafinosa, poderosos fatores antinutricionais que causam flatulência e diarreia em leitões. As condições do trabalho foram as seguintes: o bagaço de soja foi incubado com as diferentes enzimas a 3 pH diferentes (3, 4 e 5), à temperatura de 37ºC e, o tempo de incubação, foi de 24 horas. Após a incubação, foi determinada a degradação do teor de OSR do substrato, bem como a determinação da glucose como elemento final da degradação dos OSR (Figura 3).

Artigo

Tabela 1. Diversidade bacteriana em fezes de porcos alimentados com PNA fermentáveis e viscosos (Adaptado de Metzler-Zebeli et al., 2010).

Drew et al. (2004) observaram que utilizando altos níveis de proteína na dieta do porco, havia um aumento significativo da população de Clostridium perfringens no ílion e no cego. A própria composição da ração (proteína, gordura, fibra, presença Figura 3. Degradação dos OSR da soja e libertação da glucose por diferentes Observa-se claramente que o complexo multienzimático produtos enzimáticos a diferentes níveis (CME) de pH obtido a partir da fermentação de aditivos) ou a sua apresentação (farinha ou granulado) são fato-fúngica (Aspergillus niger), tem maior capacidade de degradar os OSR de soja e libertar mais glucose res que condicionam o equilíbrio da microbiota e a sua relação comem comparação com os outros produtos enzimáticos, sejam de atividade única ou sejam misturas de enzimas. Observa-se claramente que o complexo multienzimático (CME) obtido a saúde do animal. Num outro estudo, com leitões alimentados com o complexo multienzimático (CME), observou-se que após 42 dias do ensaio, os animais apresentavam consistência nas fezes em maior comparação com o a partir da fermentação fúngicamelhor (Aspergillus niger), tem capacigrupo controlo. Os resultados indicaram que, a suplementação de CME tem efeito bioregulador na dade de degradar os OSR de soja e libertar mais glucose em compaintestinal do hospedeiro, evitando desequilíbrios no mesmo, potenciando ao mesmo tempo o Estratégia nutricional para modular a microbiotaflora desenvolvimento da microflora. Portanto, espera-se que ocorra um sejam aumento de na contagem de bactérias ração com os outros produtos enzimáticos, atividade única benéficas frente a uma possível diminuição na contagem de bactérias patogénicas. intestinal ou sejam misturas de enzimas. 2. Pontuação da consistência fezes* em animais suplementados ComplexomultienNas condições intensivas de produção suinícola, especialmente noTabelaNum outro estudo, comdas leitões alimentados com o com complexo Multienzimático (CME). desmame, o risco do aparecimento de doenças clínicas e subclínicas zimático (CME), observou-se que após 42 dias do ensaio, os animais Idade leitãomelhor CONTROLO P< valor é elevado. No entanto, muitos dos episódios clínicos têm origem apresentavam consistênciaCME nas fezesEEM em comparação com 21 2,81 3,31 0,180 0,074 multifatorial onde, sem dúvida, os mais importantes estão ligados à o grupo Dia controlo. Os resultados indicaram que, a suplementação 2,75 4,06flora intestinal 0,196 0,028 dieta (Hampson et al., 2001). de CME Dia tem40 efeito bioregulador na do hospedeiro, Dia 60 3,25 3,50 0,228 0,454 Até ao momento, o maior esforço da indústria está focado em evitando desequilíbrios no mesmo, potenciando ao mesmo tempo o * 5. Muito bem,, 4. Bem, 3. Aceitável, 2. Insuficiente, 1. Pobre, 0. Muito Pobre incorporar na ração aditivos legalmente permitidos na UE, que desenvolvimento da microflora. Portanto, espera-se que ocorra um exerçam uma ação moduladora da população microbiana ou aumento na contagem de bactérias benéficas frente a uma possível Finalmente, observou-se que os produtos resultantes da hidrólise dos PNA podem modular diretamente um efeito antimicrobiano. No entanto, há poucapositivamente diminuição na contagem de bactérias patogénicas. a microflora intestinal (Chesson e Stewart, 2001; Pluske et al., 2002). estudos em suínos indicaram que as os carboídrasas exógenas aumentaram produção dedos compreensão dos benefícios associados ao uso de enzimasInúmeros Finalmente, observou-se que produtos resultantes daa hidrólise ácidos gordos de cadeia curta intestinal (AGCC) e isso foi associado ao aumento da abundância e exógenas sobre a ecologia e funcionalidade da microbiotaatividade PNA podem modular positivamente a microflora intestinal (Chesson relativa de Lactobacillus spp., Ruminococcus spp., Prevotella spp. e Roseburia spp. no intestino grosso, entre2001; outros (Durmic 1998; Murphy et al., 2012). AGCC, incluindo acetato, intestinal em suínos. e Stewart, Pluskeetetal.,al., 2002). 34 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL


Idade leitão

CONTROLO

CME

EEM

P< valor

Dia 21

2,81

3,31

0,180

0,074

Dia 40

2,75

4,06

0,196

0,028

Dia 60

3,25

3,50

0,228

0,454

* 5. Muito bem, 4. Bem, 3. Aceitável, 2. Insuficiente, 1. Pobre, 0. Muito Pobre

Tabela 2. Pontuação da consistência das fezes* em animais suplementados com Complexo Multienzimático (CME).

Numerosos estudos em suínos indicaram que as carboídrasas exógenas aumentaram a produção de ácidos gordos de cadeia curta intestinal (AGCC) e isso foi associado ao aumento da abundância e atividade relativa de Lactobacillus spp., Ruminococcus spp., Prevotella spp. e Roseburia spp. no intestino grosso, entre outros (Durmic et al., 1998; Murphy et al., 2012). AGCC, incluindo acetato, propionato e butirato (Topping e Clifton, 2001) desempenham funções chave na proliferação do epitélio intestinal e, portanto, na função de barreira intestinal (Scott et al., 2013). Além dos AGCC, a microbiota intestinal produz uma variedade de pequenos metabolitos e neurotransmissores, como o ácido g-aminobutírico (por Bifidobacteria e Lactobacililli), acetilcolina (por Lactobacililli), dopamina (por Bacillus),

noradrenalina (por Escherichia) e serotonina (por Enterococcus e Streptococcus) que poderiam regular muitas funções fisiológicas intestinais, incluindo secreção e motilidade do fluido intestinal no intestino delgado e grosso (Bourassa et al., 2016).

Implicações A microbiota é importante porque participa ativamente com uma série de processos fisiológicos, anatómicos, nutricionais e imunológicos do hospedeiro, influenciando a saúde e o bem-estar animal, bem como, o desempenho produtivo do hospedeiro. A investigação sobre o uso de Complexos Multienzimáticos (CME) para modular a microbiota intestinal e, portanto, melhorar a saúde intestinal dos animais ainda estão em desenvolvimento. Evidências científicas crescentes sugerem que um CME pode ser vantajoso ao degradar estruturas maiores de PNA e melhorar os seus efeitos prebióticos e moduladores da microbiota intestinal fazendo parte de uma abordagem mais integrada no controlo a nível nutricional dos patógenos entéricos e, portanto, em benefício da saúde do hospedeiro em condições de produção intensiva. Referências bibliográficas, disponíveis em Vetalmex Lda – amgaspar@vetalmex.com –

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

DESMAME SUSTENTÁVEL DE LEITÕES COM OS NÍVEIS CORRETOS DE ZINCO

Susanne Kirwan  1

O uso de óxido de zinco com elevados teores de inclusão já é proibido em alguns países Europeus e esta proibição vai extender-se a toda a Europa em 2022. Embora o modo de ação do Óxido de Zinco não seja completamente compreendido, o que é claro é que não existe um único produto que possa substituir diretamente os distintos efeitos benéficos do Zinco, especialmente no que corresponde à integridade intestinal e ao microbioma. O objetivo deste artigo é avaliar o efeito de elevados teores de Óxido de Zinco e a validação de alternativas em condições de campo.

Introdução

Szabolcs Tóth  2

É necessário fazer a distinção entre as necessidades fisiológicas de Zn como mineral essencial e o uso medicamentoso do Óxido de Zinco (ZnO), tendo este último consequências indesejáveis no ambiente e no desenvolvimento de resistências antimicrobianas. Tendo estes pontos em consideração, e independentemente da proibição, é essencial procurar alternativas aos elevados teores de inclusão de ZnO atualmente utilizados.

A necessidade fisiológica de Zinco

Mauro di Benedetto 3

Valentine Van Hamme 4

O Zinco é um mineral essencial, recomendado pelo NRC em 46.6 mg Zinco por dia em leitões durante as primeiras duas semanas após o desmame. Tendo em conta a ingestão após o desmame e o límite máximo imposto pela União Europeia – 150 ppm neste periodo – os leitões necessitariam ingerir 341 grs de alimentos compostos por dia desde o dia do desmame. Na realidade, este valor de ingestão só é atingido duas semanas após o desmame, significando que a quantidade de Zinco necessário para cobrir as necessidades fisiológicas não são garantidas. Esta situação pode contribuir para diarreias que por sua vez aumentam as perdas de Zinco. Níveis insuficientes de minerais podem também levar a situações de canibalismo quando os animais procuram fontes de minerais, isto pode ter um impacto significativo no bem-estar animal.

Uso de Óxido de Zinco em altos níveis de inclusão A biodisponibilidade do Zn no ZnO ronda os 20%, o que significa que o efeito das doses mais elevadas de inclusão (2500 ppm) resulta do seu efeito direto 1 - Global Technical Service Manager – Intestinal Health, Kemin Europa N.V. 2 - Technical Service Manager Monogastric, Kemin Europa N.V. 3-H ead of Technical Service Monogastric, Kemin Europa N.V. 4-B usiness Manager Intestinal Health, Kemin Europa N.V.

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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

no sistema gastrointestinal. O ZnO não é palatável e a sua inclusão resulta numa redução da ingestão, com efeitos negativos para o sistema gastrointestinal e os resultados produtivos. Potenciais substitutos deveriam ter um efeito neutro ou positivo na ingestão de alimento.

Integridade e estrutura do intestino O Zinco é essencial para a manutenção da integridade intestinal e das uniões estreitas (tight junctions), estas têm uma função essencial já que alguns agentes patogénicos dependem de translocação para causar doença severa. Mesmo sem agentes patogénicos presentes, a perda de integridade intestinal compromete a absorção de nutrientes e aumenta o impacto de micotoxinas. Os butiratos1 podem ser uma das alternativas à inclusão de elevados teores de ZnO, já que são absorvidos de forma muito eficiente e têm um efeito direto na integridade intestinal e uniões estreitas. Os butiratos devem ser de libertação lenta para garantir a sua ação ao longo do trato gastrointestinal4.

Impacto no microbioma O mecanismo de ação do ZnO com relação ao seu impacto no microbioma não é completamente conhecido, incluindo os efeitos sobre os agentes patogénicos (Yu et al.6 e Højberg et al.2). Algumas das possíveis soluções têm uma ação bem descrita sobre o microbioma, promovendo a proliferação da flora intestinal benéfica, tais como Lactobacilli e Bifidobacteria ao mesmo tempo que modulam as populações indesejáveis no intestino (E. coli, Clostridia spp.). Os ácidos orgânicos de libertação lenta exercem um efeito modulador sobre a flora Gram – enquanto alguns pré ou próbioticos, por exemplo, Bacillus, produzem moléculas bifidogénicas que promovem a proliferação de flora benéfica (como Lactobacilli e Bifidobacteria)3.

Imunidade A carência de Zinco, mesmo ligeira, tem um efeito significativo na imunidade dos suínos. A inclusão de elevadas doses de ZnO pode ter encoberto as necessidades de genéticas modernas, expostas quando as elevadas doses são retiradas. A suplementação com beta-(1,3)-glucano suporta o desenvolvimento e maturação mais rápida do sistema imunitário5.

Alternativas testadas no campo Para validar esta estratégia de substituição de ZnO um estudo comercial foi realizado na Hungria com desmame aos 26 dias de idade. O objetivo deste estudo era a substituição de elevadas doses de ZnO no alimento por uma solução com um


custo equivalente que oferecesse pelo menos os mesmos resultados produtivos, a mesma saúde e bem-estar aos leitões. Trezentos e trinta e dois leitões foram incluídos neste estudo, divididos em tratamentos com o mesmo número de animais em duas repetições. Os alimentos pré-starter e starter foram medicados com Amoxicilina (400 mg/kg) e Colistina (120 mg/kg), e foram baseados em dietas comerciais. O pré-starter foi oferecido desde os 6,2 / 7,5 kg, durante 15 dias e aos 10 / 11 kg o alimento starter passou a ser usado durante os restantes 26 dias. Na primeira repetição (estudo 1) foram incluidos 160 leitões e na segunda 172 leitões.

Este estudo demonstrou que é possível desmamar leitões com apenas níveis fisiológicos de Zinco e manter a performance e saúde dos leitões durante o período do pós desmame. O consumo mais elevado de alimento no grupo sem elevados teores de ZnO pode ter sido devido à melhor palatibilidade, e paralela ao consumo foi a melhoria do índice de conversão alimentar dos leitões nos grupos com elevados teores de ZnO. A solução sem elevados teores de ZnO resultou em quase €7 (estudo 1) e €8.70 (estudo 2) de benefícios financeiros, devido à melhor saúde e menor mortalidade, e à melhor conversão alimentar.

Conclusão O uso de altas doses de ZnO foi substituído com sucesso por um conjunto de alternativas. O potencial efeito de uma melhor palatabilidade refletiu-se nos dois estudos numa ingestão de alimento mais elevada. Estas soluções demonstraram também ser economicamente viáveis.

REFERÊNCIAS

Figura 1. Sumário das intervenções nos dois grupos

Enquanto o alimento controlo continha 3 kg/T de ZnO, no pré-starter sem elevadas doses de ZnO, um butirato de libertação normal foi substituído por um butirato de libertação lenta. Os alimentos pré-starter e starter incluiam ácidos orgânicos livres, que foram parcialmente substituídos no pré-starter e completamente substituídos no starter por ácidos orgânicos encapsulados de libertação lenta (Figura 1). Os alimentos compostos com a solução para a retirada de ZnO incluiram Bacillus subtilis (PB6) a 2x108 CFU por kg de alimento para suportar o microbioma. Durante o período em que o pré-starter foi usado não se observaram diferenças na performance e na saúde (diarreia) entre os dois grupos com ou sem inclusão de elevados teores de ZnO. Durante o período do starter, os leitões incluídos no grupo sem elevados teores de ZnO consumiram mais alimento, obtiveram melhor conversão alimentar (FCR kg/kg: – 0,66 , 0,67) e pesos mais elevados do que os leitões que consumiram o alimento com elevados teores de níveis de ZnO, 4,8 e 3,6 kg para o estudo 1 e estudo 2 respetivamente. Um sumário dos resultados pode ser visto na tabela 1 .

Adams, C. Nutrition-based health in animal production (2006). Nutr. Res. Rev., 19(1), pp. 79-89. Højberg, 0., Canibe, N., Damgaard Poulsen, H., Skou Hedemann, M. and Borg Jensen, B. (2005). Influence of Dietary Zinc Oxide and Copper Sulfate on the Gastrointestinal Ecosystem in Newly Weaned Piglets. Appl. Environ. Microbiol. 71 (5) 2267-2277. Ozone, Y., Inouea, A., Shiraishia, H., Hamashimaa, K., Masudab, K. and Shiojimab Masanori, S. (2002). Purification and characterization of 3,3-dihydroxyazetidine from culture medium of Bacillus mesentericus and B. subtilis. Jour. Microbiol. Meth. 50:1, pp 91-95. Smith, D.J., Barri, A., Herges, G., Hahn, J., Yersin, A.G. and Jourdan, A. (2012). In vitro dissolution and in vivo absorption of calcium [1-(14)c] butyrate in free or protected forms. Jour. Agric. Food Chemistry 60, pp. 3151-7. Van Hamme, V. and Smeets, N. (2019). Dietary algal beta – (1.3)-glucan modulating inflammation and cell mediated immune responses in piglets through their mother sow. (In press). Yu, T., Zhu, C., Chen, S., Gao, L., Lv, H., Feng, R., Zhu, Q., Xu, J., Chen, Z. and Jiang, Z. (2017). Dietary High Zinc Oxide Modulates the Microbiome of Ileum and Colon in Weaned Piglets. Frontiers in Microbiol. 8:825.

Tabela 1, Sumário dos resultados zootécnicos, mortalidade e benefício económico

Uma diminuição de casos de necrose auricular severa foi também observada no grupo sem elevados níveis de ZnO sendo a principal responsável pela redução da mortalidade, isto pode ser resultado de uma melhor absorção de minerais e uma melhor saude gastrointestinal. A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL SPMA

SECÇÃO DE PRÉ-MISTURAS E ADITIVOS

Notícias Através do Plano Estratégico “Do Prado ao Prato”, a Comissão Europeia apostou num modelo de desenvolvimento para o Setor Alimentar que levanta várias questões, em particular dúvidas sobre a competitividade futura da Europa a nível mundial, pondo em causa a sustentabilidade económica dos produtores agrícolas e pecuários europeus. Este e outros pontos deste Plano foram discutidos nas IX Jornadas de Alimentação Animal. Por coincidência, nas vésperas da sua realização o Governo Português apresentou na AgroGlobal, uma Agenda para Inovação em Agricultura, confirmando a importância e o acerto da escolha deste tema pelas empresas da SPMA, para estas Jornadas. Tarde de mais para analisar e discutir esta Agenda nas JAA, foi apresentado à Indústria de Alimentação Animal portuguesa um programa que no futuro interessa conhecer, discutir e participar, como é o caso da IACA através da sua presença nos chamados Centros de Competências e no FeedInov, um laboratório colaborativo para desenvolver estratégias de alimentação animal mais sustentáveis. Pedro Folque

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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL


A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL SPMA

RESUMO DO 37º COMITÉ DE PRÉ-MISTURAS E ALIMENTOS MINERAIS Decorreu a 10 de março o 37º Comité de

ser retomadas em breve, com base nas novas

os presentes requisitos como aplicáveis a

Pré-Misturas e Alimentos Minerais em Bru-

indicações da DG SANTE à EURL, para recon-

partir de 1 de janeiro de 2024, assumindo

xelas, mas com várias participações via web,

siderar os limites mínimos de desempenho

que os produtores pecuários que utilizam

devido à pandemia de Covid 19. Este comité

exigidos para os métodos de análise a ser

pré-misturas podem ser considerados utili-

contou com a participação especial da Alicia

submetido pelos operadores. A iniciativa

zadores industriais e que os alimentos mine-

Juarez da FEFANA.

da FEFANA, da Europabio e da AMFEP de

rais estão fora do âmbito da legislação das

elaborar uma avaliação de impacto sobre as

substâncias perigosas. Ficou decidido for-

consequências da imposição de tolerância 0

mar um grupo de trabalho para analisar os

na presença de rADN foi saudada.

custos/encargos administrativos inerentes

A reunião começou com a troca de impressões entre os seus membros sobre os principais fatores de mudança que afetam a cadeia de alimentação animal, em particular o

Foi anunciado pela FEFANA que não irá

fornecimento de aditivos para a alimentação

submeter mais dossiers de aditivos à EFSA

animal pela indústria de pré-misturas (restri-

para reautorização como fez anteriormente,

ções legislativas que limitam a gama de adi-

pois a experiência com a vitamina B2 foi

tivos para alimentação animal autorizados, a

bastante negativa, o que não significa que a

elevada dependência de países terceiros, o

FEFANA não continue a dar apoio aos seus

risco de não conformidade com a legislação

associados nestes processos. Os membros

GM e o risco de fraude) e a crescente com-

do Comité consideraram preocupante a

plexidade da legislação química.

possibilidade dos requerentes dos dossiers

Os membros do Comité observaram que

de reautorização de aditivos para a alimen-

certas ambições do "Green Deal" podem ser favoráveis à indústria de alimentação animal (p.e. ​​ a facilitação da autorização de aditivos para alimentação animal), outras não (ambiente livre de tóxicos), podendo, por vezes ser conflituantes. É fundamental

tação animal, se virem a focar apenas nas principais espécies animais e, consequentemente, alguns aditivos se perderam, por exemplo aditivos para a alimentação de peixes, considerando as recentes imposições da EFSA na reautorização de aditivos para

às diferentes opções setoriais, esperadas na próxima versão do anexo VIII do Regulamento 1272/2008, com base em formulações práticas de pré-misturas, com o objetivo de identificar qual a opção (ou combinação de opções) mais adequada. Importa referir que as notificações têm de ser atualizadas de cada vez que se altera um fornecedor, a fórmula do produto, a concentração de determinado aditivo, etc. e em todos os países onde o produto é colocado. Todas as misturas que apresentem um perigo físico ou para a saúde têm de ser notificadas, as que apresentam apenas perigos para o ambiente estão, para já, isentas de notificação. A Comissão analisou soluções para determinados setores e aconselhou a indústria alimentar a adap-

para a indústria ter capacidade de identifi-

estas espécies animais.

car, o mais cedo possível, problemas poten-

Relativamente à utilização de etoxiquina, os

soluções e tentar adequá-las.

membros do Comité partilharam preocupa-

Os membros do Comité consideraram sufi-

ciais na renovação da autorização de alguns aditivos para alimentação animal, a fim de minimizar o impacto no mercado e permitir ações direcionadas.

ção em relação aos atrasos no processo de reautorização desta substância e à suspensão da sua utilização já no segundo trimes-

tá-las ao setor ou procurar combinações de

cientemente clara a interpretação da Comissão de que, as instruções para o uso de alimentos compostos complementares que

O Praesidium da FEFAC convidou os comités

tre de 2020, assim como, as dramáticas

a refletirem sobre a evolução da indústria de

consequências em termos de vida útil das

pré-misturas no contexto da visão da FEFAC

pré-misturas contendo vitaminas e caro-

para uso direto na água, podem não indicar

e, recomendaram ter em mente esta evolu-

tenóides estabilizadas com outros antioxi-

que o alimento complementar em si pode

ção em trabalhos futuros, não esquecendo

dantes. No que diz respeito aos potenciais

ser distribuído na água potável e, como tal,

que a missão da FEFAC não é envolver-se

resíduos devido à contaminação cruzada,

decidiram não contestar esta interpretação.

em dossiês de autorização. Neste contexto

observaram que a maioria das autoridades

o Presidente do Comité, Reinder Sijtsma,

nacionais, não incluiu para já, este controlo

ofereceu-se para redigir um documento sobre

como meta específica nos controlos oficiais.

a visão da indústria de pré-misturas para

contenham aditivos para a alimentação animal, com um limite máximo e não autorizados

No que diz respeito à possibilidade de ser implementado um limite máximo de resíduos de níquel nas matérias-primas minerais para

Relativamente à obrigatoriedade de noti-

a alimentação animal, nos compostos de

ficação de misturas perigosas aos centros

oligoelementos, aglutinantes e antiaglome-

Lamentavelmente, verificou-se que o pro-

de veneno o Comité expressou preocupa-

rantes, consideraram que esta posição é de

gresso, a nível da DG SANTE, sobre os aditi-

ção com os custos do cumprimento das

alguma forma perigosa sem haver elementos

vos produzidos através de processos de fer-

novas regras relacionadas, mas também

científicos a suportá-la, pelo que foi pedido

mentação e a presença de rADN nos mesmos,

com quantidade de trabalho que este pro-

ao Secretariado da FEFAC para apresentar

foi bastante limitado. As discussões devem

cesso implica. Concordaram em interpretar

estas preocupações à Comissão.

integrar na visão geral da FEFAC.

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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL


RESUMO DO 118º COMITÉ DE NUTRIÇÃO ANIMAL O 118º Comité de Nutrição animal decorreu em Bruxelas, a 11 de março de 2020, com alguns dos membros a participar por videoconferência e a participação especial, como convidado do Frans Verstraete (DG SANTE). Foram discutidos os principais pontos do "Green Deal" tendo sido recomendado à FEFAC a promoção proativa da sua visão sobre a nutrição animal, enfatizando o potencial de melhoria (por exemplo, digestibilidade, alimentação de precisão, etc.); foi também salientada a necessidade de lembrar que a inovação não se baseia apenas nos aditivos para a alimentação animal e sugerido o conceito "One Nutrition" como um bom veículo de comunicação e uma maneira de enfatizar o papel principal desempenhado pela indústria de alimentação animal no fecho do ciclo da bioeconomia; relembrou-se de que a eficiência dos nutrientes estava listada entre os temas cobertos pela Carta de Sustentabilidade da FEFAC; e por fim, foi recomendado que as associações membro da FEFAC procurem envolver-se nas plataformas nacionais de gestão da utilização de azoto. Foram partilhadas com o Frans Verstraete (DG SANTE) as preocupações da indústria sobre as discussões em andamento no SCoPAFF relativas à possível substituição dos valores de orientação para toxinas de fusário em alimentos compostos por limites máximos, mantendo os valores de orientação para as matérias-primas para a alimentação animal. A indústria opõe-se pois seria nesta fase da cadeia que todos os constrangimentos de uma contaminação iriam ocorrer contrariando o principio do "top da pirâmide" (forma mais eficaz de prevenir a contaminação da cadeia é controlando no início da mesma) e deixando a indústria sem forma de se proteger por meios legais ou financeiros perante os parceiros da cadeia, tendo os membros do comité defendido que o conceito de valores de orientação é suficiente para proteger a saúde e o bem-estar dos animais, se implementados e compreendidos corretamente, em particular em termos de ações corretivas. Congratulou-se o desempenho do grupo de trabalho sobre a PSA/biossegurança, ficando claro que a indústria discorda com a posição da EFSA de diferenciar a sua avaliação da exposição entre explorações suinícolas, dependendo do tamanho das mesmas (limiar de 100 porcas), e consideraram que uma diferenciação entre sistemas biológico e convencional faria mais sentido, tendo em conta a diferença de natureza e origem das fontes de proteína utilizadas. A re-autorização das PATs de suínos na alimentação de aves e vice-versa deverá ocorrer a partir de 2021 e foi recomendado que as associações nacionais começassem a comunicar com os parceiros a jusante, incluindo distribuidores, o mais

cedo possível para uma possível reutilização destas matérias-primas nos alimentos compostos. No entanto, concluiu-se que seria importante uma avaliação cuidadosa dos benefícios económicos potenciais da reutilização das PATs contra o custo das medidas para evitar a contaminação cruzada, tendo em vista a ausência de tolerância à presença de ADN de ruminantes. O Comité recomendou à FEFAC apoiar a campanha da Comissão da UE para a promoção de alternativas à castração cirúrgica de porcos, incluindo formulação específica de alimentos e estratégias alimentares para limitar o odor sexual, lembrando que isto pode ser apenas parte da solução. Este Comité congratulou-se com as várias iniciativas interessantes propostas pelo Comité de Medicamentos Veterinários da UE (CVMP) para incentivar a colocação no mercado de medicamentos veterinários como alternativa aos antibióticos;

convidou o Secretariado a solicitar medidas semelhantes a serem consideradas pela DG SANTE e pela EFSA para estimular o mercado de aditivos para a alimentação animal; tomou nota de algumas reflexões do CVMP, sugerindo requisitos legais especiais para fitoquímicos à base de plantas e outras substâncias ativas não biológicas para a avaliação da substância, em apoio às alegações de redução do uso de antimicrobianos e recomendou que a FEFAC solicitasse uma extensão do âmbito do conceito de alimentos para animais com fins nutricionais, a fim de permitir que tais alegações sejam feitas no âmbito do regime alimentar. Os membros do Comité concordaram em verificar os parâmetros usados ​​pela EFSA para a exposição alimentar dos animais, isto é, composição representativa das dietas alimentares e ingestão diária de alimentos e informar o Secretariado caso identificassem desvios significativos da realidade.

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS DAS EMPRESAS

NANTA COMEMORA 25 ANOS DA SUA PRIMEIRA CERTIFICAÇÃO DE QUALIDADE PELA AENOR Pioneira no setor na obtenção da mais exigente certificação de qualidade seguros para a alimentação animal não

O Compromisso da Nanta é assumir os

parou. Este nível de controle de qualidade,

objetivos dos seus clientes na primeira

com o uso das tecnologias mais recentes,

pessoa, enfrentando com responsabilidade

tem dado à Nanta o reconhecimento do

o desafio de ajudar os agricultores a alimen-

mercado desde o seu início."

tar o mundo. Para tal, ajuda a aumentar a

Durante mais de 25 anos, a Nanta continuou a trabalhar no seu compromisso de cuidar de todos os processos para um sisEm 1995, a Nanta foi o primeiro fabricante

tema de excelente qualidade. "Implemen-

ibérico, de rações compostas para alimen-

támos a primeira rede NIR em Espanha,

tação animal, a obter a certificação de

na Europa e quase o diria a nível mundial.

qualidade ISO 9001 da AENOR. Com base

Quinze anos depois, é uma prática comum

na norma internacional ISO 9001, um dos

no nosso setor. As certificações ISO e a

sistemas de qualidade mais reconhecidos

forma de trabalhar a qualidade também

internacionalmente, este certificado declara

foi algo inovador na época e, felizmente,

que a Nanta implementou um sistema de

hoje é mais comum", destaca Jesús Lizaso,

gestão que aposta na eficiência, qualidade

Diretor de formulação, qualidade e nutrição

e melhoria contínua como forma de alcançar

da empresa.

a excelência no serviço ao cliente.

A Nanta é do mesmo modo pioneira na

"Além de ser uma certificação de padrão de

obtenção, em 2008, do Certificado de

qualidade, o Certificado ISO 9001 da AENOR

Gestão de Segurança Alimentar AENOR

significou uma melhoria muito importante

ISO-22000, que demonstra perante toda a

na gestão, tanto a nível produtivo como

cadeia alimentar que, entre outras ativida-

empresarial. Isso levou-nos a criar pro-

des, a empresa planeia, implementa, opera,

cedimentos padrão e que o trabalho de

mantém e atualiza um sistema de gestão

todos fosse efetuado com o mesmo tipo de

de segurança alimentar que visa fornecer

informação e na mesma direção.” – Pedro

produtos seguros para os animais e, por-

Cordero, Diretor-Geral da Nanta –.

tanto, para o consumidor final. Em 2009, a

A Nanta é hoje a empresa líder em nutrição animal da Península Ibérica devido ao seu potencial de produção, comercialização, serviço e da sua capacidade de colocar no mercado inovações importantes para o setor, transformando-as em produtos e

produção com eficácia e eficiência que se traduzem em rentabilidade para as explorações dos seus clientes e otimiza recursos a partir da sustentabilidade, sempre contando com pesquisa e inovação para garantir a máxima saúde animal, qualidade e segurança alimentar.

Sobre a Nanta Nanta é uma empresa líder na fabricação e comercialização de alimentos compostos para animais na Península Ibérica. Iniciou a sua atividade em 1968 e, desde então, o alto grau de comprometimento com os seus clientes e o mundo da pecuária em geral, a tecnologia utilizada e os seus programas de investigação e desenvolvimento e qualidade têm sido uma verdadeira força motriz para este setor industrial. Uma clara vocação e compromisso com a inovação que a empresa mantém e manterá no futuro.

empresa alcança também o Certificado de

Incluída na multinacional Nutreco, a Nanta

Gestão Ambiental ISO 14001, com o qual

possui 22 centros de produção equipados

a Nanta demonstra o seu compromisso

com tecnologia de ponta e todos certifi-

com o planeta, controlando e adaptando,

cados pela norma ISO 14001 para o meio

à legislação em vigor, os impactos da sua

ambiente e OHSAS 18000 para prevenção

atividade no ambiente.

de riscos ocupacionais. Bastante importante e digna de destaque, é a certificação

métodos práticos e úteis para os clientes.

O futuro da Nanta é marcado pela sustenta-

Não é de estranhar, já que desde a sua

bilidade, colocando à disposição dos agricul-

fundação em 1968, a Nanta sempre deu

tores – no âmbito do seu projeto "Nutrição

– como explica António Santana, Diretor

Sustentável" (www.nutricionsostenible.com)

da Nanta em Portugal – a maior priori-

– toda a experiência, conhecimento e ino-

No seu portefólio de mais de 200 produtos,

dade à qualidade, inovação e segurança

vação da empresa, de forma a fornecê-los

existem alimentos para porcos brancos e

alimentar. "A Nanta, nas suas origens, já

de ferramentas e recursos para produzir no

ibéricos, coelhos, aves, bovinos de carne e

era uma empresa muito focada na inova-

âmbito de uma Sustentabilidade integral:

de leite, ovelhas e cabras e também para a

ção. A busca por confiança com produtos

económica, social e ambiental.

alimentação de cães, gatos e cavalos.

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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

ISO 22000 de Segurança Alimentar, que é a garantia de segurança e qualidade dos produtos da empresa.


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FARINHA DE PEIXE, AFINAL UMA MATÉRIA-PRIMA SUSTENTÁVEL! Os alimentos para peixes de aquacultura da AQUASOJA, produzidas pela SORGAL, são desenvolvidos e otimizados segundo princípios de Sustentabilidade, Segurança Alimentar, Eficiência Produtiva e Bem-Estar Animal. O Grupo Soja de Portugal baseia todo o seu modelo de negócio em processos de economia circular, privilegiando dessa forma a minimização de desperdícios e maximizando a utilização de recursos locais, com o consequente contributo para a diminuição da pegada de carbono da sua atividade. Esta inovadora forma de atuação é uma vantagem na medida em que somos capazes de controlar:

– A origem das matérias-primas animais, permitindo o aumento do controlo e consequentemente da segurança alimentar; – A distância à produção, (a utilização de ingredientes locais, exige menos transportes, menos consumo de energia e em última análise, uma redução da pegada de carbono); – Evitando desperdício; Desde a sua origem, a AQUASOJA tem investido no desenvolvimento de fórmulas cujo consumo de matérias-primas oriundas de peixe e animais terrestres é superior ao consumo de matérias-primas vegetais. Esta opção é justificada pelas vantagens já referidas, mas não só. Historicamente, a farinha de peixe foi a principal fonte proteica das rações para a maioria das espécies de peixe e crustáceos produzidos em aquacultura. Tal aconteceu pela sua grande

disponibilidade, mas sobretudo pelos excelentes resultados zootécnicos obtidos, fruto da sua composição nutricional. A farinha de peixe apresenta um conteúdo equilibrado de aminoácidos e de outros nutrientes quando comparada com as fontes proteicas de origem vegetal, que geralmente são limitadas em alguns aminoácidos essenciais e ricas em fatores anti-nutricionais, com consequentes efeitos negativos no crescimento dos animais. A proteína encontrada na farinha de peixe possui um alto valor biológico para os animais monogástricos, com um elevado teor de aminoácidos essenciais. Além disso, este alimento também possui um bom teor de ácidos gordos insaturados e alto teor de minerais (principalmente fósforo disponível ou selénio) e vitaminas (A, D ou complexo B). No entanto, estas farinhas são, na sua grande maioria, oriundas de peixe capturado propositadamente para este fim, edível e não edível – recursos selvagens finitos. Não é previsível que se assista a um crescimento da disponibilidade de pescado selvagem a nível mundial nos próximos anos, o que limita a disponibilidade de farinha de peixe. Aliás, os números têm mostrado que o aumento da disponibilidade de pescado só será possível com um crescimento sustentado da Aquacultura. Por outro lado, é lugar-comum que a maior parte do peixe consumido no Mundo chega ao consumidor após ter sofrido algum tipo de transformação. Consequentemente, estão assim igualmente disponíveis enormes quantidades de co-produtos passíveis de serem reintegrados na cadeia alimentar. Tradicionalmente estes

co-produtos têm sido pouco ou nada valorizados e processados de uma forma inadequada, gerando farinhas de muito baixo valor nutricional. Dada a importância que as farinhas de peixe de oriundas de co-produtos terão no futuro, a otimização da recolha e transformação, com o consequente aumento de qualidade é uma tarefa primordial. Ao dia de hoje, apenas 33% da farinha de peixe produzida anualmente é originária de co-produtos gerados da transformação do pescado (Jackson & Newton, 2016). Neste sentido, e devido ao seu modelo de economia circular, a farinha de peixe utilizada pela AQUASOJA é proveniente, na sua grande maioria, da transformação de co-produtos oriundos da Indústria Conserveira. Estes co-produtos, produzidos localmente e corretamente processados, apresentam uma excelente qualidade nutricional, produtiva e económica. E mais importante ainda, por não terem tido origem em peixe capturado propositadamente para transformar em farinha, cumprem duas vezes o propósito de alimentar a população, pois uma parte é consumida diretamente e outra gera indiretamente mais peixe, ao servir para alimentar eficazmente outros peixes. A AQUASOJA desta forma contribui para um mundo mais sustentável, desenvolvendo soluções nutricionais, que no final são produtoras “líquidas” de peixe, capazes de satisfazer as necessidades dos seus clientes. Tiago Aires Diretor Técnico da AQUASOJA.

VETLIMA REALIZA PRIMEIRA REUNIÃO TÉCNICA DE CUNICULTURA A VETLIMA – Sociedade Distribuidora De

de ideias e temas fundamentais para o setor

Produtos Agro-Pecuários, em parceria com

da produção cunícula para consumo humano.

a BIOMIN, realizou no passado dia 17 de setembro a primeira reunião técnica de cunicultura Vetlima.

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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

Nesta 1ª Reunião Técnica de Cunicultura, que contou com a presença de um grupo restrito de especialistas de várias empresas ligadas

O evento realizou-se no Sea Porto Hotel, em

à produção de coelhos, a Vetlima apresentou

Matosinhos, e teve como objetivo a apre-

a sua gama de produtos ligados ao setor com

sentação de soluções Vetlima – produtos

destaque para as Vitaminas, Antibióticos e

e serviços – direcionadas para o setor da

Desinfetantes. A Vetlima aproveitou ainda

cunicultura em Portugal, bem como o debate

a ocasião para fazer o pré-lançamento de


um produto antibiótico que irá disponibilizar para o mercado brevemente. Seguidamente, decorreu a apresentação da BIOMIN com apresentação de dados e estudos sobre a importância da proteção contra micotoxinas na cunicultura. O tema dos antibióticos, foi precisamente um dos mais discutidos durante o evento, com especial foco na sua utilização racional e outras alternativas. As apresentações ficaram ao encargo de Luís Coimbra da Vetlima e do Dr. Fernando T. Lima, Gestor Técnico Internacional da BIOMIN para a Europa, Médio Oriente e África.

Sobre a VETLIMA A VETLIMA, S.A. é a maior empresa portuguesa no setor da Indústria Farmacêutica Veterinária. Possui um portfolio alargado de nutracêuticos e farmacêuticos composto por produtos de fabrico próprio e pela representação exclusiva de várias marcas multinacionais de renome. Com uma unidade de produção na Azambuja, a VETLIMA é uma reconhecida produtora de Pré-misturas Medicamentosas e de Leites de Substituição para animais de produção em Portugal. A estratégia da VETLIMA assenta na produção própria, reforço das parcerias estratégicas no mercado nacional e pela internacionalização da Empresa e expansão da marca para mercados internacionais como a América Latina, África e Ásia.

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ELANCO CONCLUI A AQUISIÇÃO DA BAYER ANIMAL HEALTH capacidade e a disciplina na execução de ambas as empresas”.

• A grandeza e as capacidades da empresa após a aquisição, posicionam a Elanco como líder, a longo prazo, na atrativa e duradoura indústria da saúde animal. • Combina o enfoque histórico da Elanco nos médicos veterinários, com a experiência direta com o consumidor da Bayer Animal Health, para abrir novas oportunidades de crescimento sustentável. Permite à Elanco capitalizar as tendências emergentes que estão a ser aceleradas pela pandemia da COVID-19, com o desejo crescente dos proprietários de animais de companhia em aceder online aos cuidados e aos produtos, bem como à venda retalhista e à distribuição direta a casa. • A transação fortalece a estratégia de Inovação, Portefólio e Produtividade (IPP) da Elanco, impulsionando a transformação da carteira para equilibrar a oferta de produtos para a saúde dos animais de companhia e dos animais de produção. • A transação foi avaliada no fecho em 6.890 milhões de dólares, financiada através de 5.170 milhões em efetivo e 72,9 milhões em ações da Bayer. PORTUGAL, Lisboa (3 de agosto de 2020) – A Elanco Animal Health Incorporated (NYSE: ELAN) anunciou hoje que finalizou o processo de aquisição da Bayer Animal Health. A transação, avaliada em USD 6,89 mil milhões, amplia o tamanho e as capacidades da Elanco, posicionando a companhia como líder, a longo prazo, na atrativa e duradoura indústria da saúde animal. “Quase dois anos depois de se ter iniciado a nossa viagem como companhia independente, conseguimos uma evolução significativa na criação de uma companhia mundial, guiada por um propósito específico, dedicada à saúde animal, tudo isto enquanto resistimos às pandemias em termos de saúde animal e humana mais significativas do século: a Peste Suína Africana e a COVID-19”, comentou Jeff Simmons, presidente e CEO da Elanco. “Cumprir com a conclusão do processo de aquisição no momento oportuno e chegar ao Dia 1 neste contexto tão desafiante, enfatiza a profunda 46 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

“Este marco é outro passo chave na história da Elanco. Mas, em última instância, hoje trata-se de melhorar a vida dos animais, das pessoas e melhorar a saúde do planeta. Os animais de companhia e a proteína de origem animal são mais importantes do que nunca”, disse Simmons. “A interrupção no fornecimento de alimentos e o aumento nas taxas de desemprego estão a aumentar os desafios para a segurança alimentar em todo o mundo. Ao mesmo tempo, diversos estudos demonstram que o aumento no tempo que as pessoas passam em casa alterou a relação a longo prazo entre os animais de companhia e os seus tutores, já que os animais proporcionam – cada vez mais – um precioso apoio emocional. Sabemos que melhorar a vida dos animais, simplesmente melhora a vida”. Assim, a pandemia acelerou tendências que estão a transformar a indústria, em particular o desejo e a necessidade dos proprietários de animais de companhia em aceder aos cuidados veterinários e a produtos de saúde animal numa diversidade de formas, incluindo compras online e a sua entrega em casa. Ao combinar a Elanco e a Bayer Animal Health, une-se a forte relação que existe entre a Elanco e os médicos veterinários, e a experiência da Bayer Animal Health, no comércio retalhista e online, criando assim um líder multicanal melhor posicionado para servir os médicos veterinários e os tutores dos animais de companhia nos canais de compra da sua preferência. Esta aquisição fortalece a estratégia de Inovação, Portefólio e Produtividade (IPP) da Elanco, algo que a empresa já vem realizando desde que é cotada em bolsa, desde 2018. Ambas as empresas chegam à conclusão desta transação com um enfoque disciplinado na estratégia e uma execução diligente para manter o impulso que a integração de ambas as companhias proporciona. • Inovação: a sólida carteira de Investigação e Desenvolvimento (I+D) da Elanco é agora reforçada com a expectativa de cinco lançamentos previstos da Bayer, o que eleva a 25 o total previsto da Elanco para 2024, sendo cinco dos quais esperados para finais de 2021. A transação também agrega novas capacidades de I+D, incluídas nas plataformas inovadoras de dosagem e plataformas tecnológicas. Também a Elanco contempla o acesso a certos direitos da carteira de I+D da divisão de Crop Science da Bayer e a certos ativos farmacêuticos clínicos.

•P ortefólio: a integração amplia a carteira de produtos da Elanco para proporcionar aos produtores, aos tutores de animais de companhia e aos médicos veterinários soluções mais completas para a saúde animal. Ao combinar o enfoque histórico da Elanco com o médico veterinário e a experiência de venda direta ao consumidor da Bayer, a transação abre novas oportunidades de crescimento e expande a presença multicanal da Elanco, o que permite à empresa estar no lugar e com a forma sob a qual os clientes querem comprar. aúde para Animais de Companhia (Pet S Health): a combinação de ambos os portefólios aumenta o negócio de produtos dirigidos para os animais de companhia da Elanco em aproximadamente 50 por cento de volume de faturação, e quase triplica o negócio internacional da empresa nesta área. Este portefólio ampliado proporciona uma atenção aos animais de todas as idades e etapas, desde a prevenção de doenças e o bem-estar dos cachorros, até ajudar os animais a continuarem a ser uma parte ativa e central da família nos seus últimos anos de vida. A transação também amplia a carteira da Elanco de parasiticidas para animais de companhia com tratamentos tópicos e coleiras, o que converte a coleira Seresto no produto mais importante da Elanco a nível mundial. nimais de Produção (Farm Animals): a comA binação de ambas as empresas complementa os portefólios também aos animais de produção, o que posiciona a Elanco para servir um setor ainda mais amplo da indústria e a aproveitar melhor a informação e os serviços para os clientes. A transação soma uma série de marcas chave para a pecuária, melhora a carteira global de bioproteção e expande a empresa para a presença na aquacultura para peixes de águas quentes. • Produtividade: a Elanco planeia aproveitar a sua ampla experiência em processos de integração para unir de modo eficiente e rápido o novo negócio. Espera-se que a companhia consiga gerar um fluxo significativo de caixa operativo como resultado da indústria duradoura e da resiliência dos portefólios. Embora o prazo para cumprir os objetivos do acordo tenha sido afetado pela pandemia da COVID-19, a empresa ainda espera entregar entre USD 275 e USD 300 milhões em sinergias para 2025. “O mais importante é que hoje trata-se fundamentalmente dos produtores, dos médicos


veterinários e dos donos de animais de companhia a quem servimos. Se a COVID-19 deixou algo claro, é que o mundo precisa mais do que nunca dos animais e do trabalho que os produtores e veterinários desenvolvem”, acrescentou Simmons. “Juntos, estamos melhor posicionados para apoiar e defender os nossos clientes e proporcionar-lhes soluções para as suas necessidades mais importantes, para que possam continuar a produzir e a proporcionar alimentos saudáveis e produzidos de modo sustentável para as nossas mesas, como a carne, leite, peixe e ovos. Também para ajudar a que os animais de companhia tenham vidas saudáveis, ativas e se mantenham no centro das nossas famílias. Juntos, temos o potencial de melhorar a saúde animal e a vida de milhões de pessoas”.

Termos de financiamento Aquando da conclusão deste processo, a Bayer recebeu 5.170 milhões de dólares em efetivo, composto por entradas decorrentes das emissões de capital da companhia e da unidade de capital tangível no primeiro trimestre de 2020, e o financiamento da dívida do Empréstimo a prazo B, com valor no primeiro trimestre de 2020, que concluiu com o fecho da transação. Também foram emitidas aproximadamente 72,9 milhões de ações da Elanco Animal Health para a Bayer AG. Estas ações estarão sujeitas a certos termos, sendo que a Bayer não pode vender nenhuma ação durante os primeiros 90 dias. Nos 90 dias seguintes, 50% das ações são elegíveis para a venda e as restantes podem ser vendidas após 180 dias. Também a Elanco completou os desinvestimentos anti-monopólio necessários, que se anunciaram previamente. Os produtos desinvestidos tiveram lucros em 2019 entre 120 e 140 milhões de dólares.

tempo que temos um impacto significativo nas nossas comunidades a nível local e mundial. Na Elanco, trabalhamos com a nossa visão de “Alimentos e Companheirismo que Enriquecem a Vida” e a Elanco Healthy PurposeTM, bem como o nosso marco de Responsabilidade Social Corporativa tudo para promover a saúde dos animais, das pessoas e do planeta. Para mais informações, visite www.elanco.com

Declarações prospetivas Este comunicado de imprensa contém declarações prospetivas (com esse termo define-se a Lei de Reforma de Litígios sobre Títulos Privados de 1995) sobre as nossas expectativas relativamente à combinação da Elanco e da Bayer Animal Health, incluída a capacidade de gerar um fluxo de caixa operativo signifi-

cativo, e reflete os objetivos atuais da Elanco. As declarações prospetivas baseiam-se nas nossas expectativas atuais e pressupostos sobre o nosso negócio e outras condições futuras. Dado que as declarações prospetivas se relacionam com o futuro, pela sua natureza, estão sujeitas a incertezas inerentes, riscos e alterações de circunstâncias que são difíceis de predizer. Como tal, os nossos resultados reais podem diferir materialmente dos contemplados pelas declarações prospetivas. Para maior discussão sobre estes e outros riscos e incertezas, consulte as apresentações mais recentes da Elanco perante a Comissão da Bolsa de Valores dos Estados Unidos. Salvo o que se exige por lei, a Elanco não se compromete a atualizar as declarações prospetivas para refletir eventos posteriores à data deste comunicado.

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Assessores A Goldman Sachs assumiu a assessoria financeira da Elanco e Paul, Rifkink, Wharton & Garrison LLP e Hengeler Mueller, Slaughter, e May, assumiram a assessoria legal da Elanco.

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60 anos ao serviço do sector agroalimentar

SOBRE A ELANCO Elanco Animal Health (NYSE:ELAN) é um líder mundial em saúde animal, dedicado a inovar e a oferecer produtos e serviços para prevenir e tratar doenças em animais de produção e animais de companhia, criando valor para produtores, proprietários de animais de companhia, médicos veterinários e a sociedade no seu conjunto. Com quase 70 anos de história em saúde animal, estamos comprometidos a ajudar os nossos clientes a melhorar a saúde dos animais sob o seu cuidado, ao mesmo

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A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS DAS EMPRESAS

HAPPYONE MEDITERRANEUM E HAPPYONE PREMIUM ANGARIAM MAIS DE 6.500 EUROS PARA A CRUZ VERMELHA PORTUGUESA COM AJUDA DE TODOS OS PORTUGUESES

Inaugurada em fevereiro de 2015, a petMaxi é um projeto pioneiro em Portugal, com tecnologia de vanguarda a nível mundial, mas com capitais e sócios 100% nacionais. Com equipamentos inovadores e com uma equipa multidisciplinar, procura encontrar as melhores soluções para a saúde e felicidade dos nossos amigos de 4 patas. Em

Entre 6 de abril e 30 de maio, foram angariados mais de 6.500 €, resultantes da campanha de apoio à Cruz Vermelha. A petMaxi, enquanto empresa com cariz solidário desde a sua criação, não ficou indiferente ao estado atual do País, e às suas consequências económicas, previstas para este ano. Nesse sentido, para além do donativo de 7.000€ feito em abril, promoveu uma campa-

nha entre 6 de abril e 30 de maio nas marcas happyOne Premium e happyOne Mediterraneum, que se traduziu numa doação para esta entidade. A PetMaxi, além de um donativo de 7.000€ fez "marketing de causa", doando 5% do valor de cada venda de produto, entre 06 de Abril e 30 de Maio, que resultou no valor de 6.542,62€.

2017 lançou o super premium happyOne Mediterraneum com ovo fresco, uma inovação na Europa. Disponibilizam também produtos complementares à alimentação seca (sílica, snacks e brevemente húmidos), sempre com a mesma exigência de qualidade e segurança que têm no fabrico da ração.

Com o slogan “Feeding Happiness”, a petMaxi tem como principal preocupação ajudar a garantir a saúde e bem-estar dos animais e dos seus tutores. Marcas: happyOne MEDITERRANEUM, happyOne Premium, happyOne, Domus, Campeão e Rufia.

AB VISTA NOMEIA NOVO DIRETOR-GERAL AB Vista nomeou Juan Ignacio Fernandez como seu novo Diretor-Geral, substituindo Richard Cooper, que se aposentou após 16 anos no cargo. Richard é sinónimo da marca AB Vista desde seu lançamento em 2005 e levou o negócio de uma start-up a uma empresa global altamente respeitada, que está entre as três melhores do mercado em seus segmentos principais. Durante sua gestão, o portfólio de produtos e serviços da empresa cresceu para abranger os setores de aves, suínos, ruminantes e aquicultura. Além disso, Richard supervisionou a introdução do conceito de Quantum Blue Superdosing, que é amplamente reconhecido como agente de uma mudança radical no uso de fitase, onde a melhoria da conversão alimentar tornou-se tão importante quanto a libertação de fitato. Juan Ignacio, ex-diretor comercial da região EMEA, assumirá o cargo de Diretor-Geral em 1 de setembro. Engenheiro agrónomo com especialização em produção animal e MBA, além de diversas qualificações em nutrição animal, ele tem mais de 25 anos de experiência na indústria, tendo trabalhado para diferentes empresas de aditivos para rações até ingressar na AB Vista em 2015. Comentando sobre sua nomeação, Juan Ignacio disse: “Estou muito feliz por ter assumido 48 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

o cargo e, embora substituir Richard seja um grande desafio, foi imensamente positivo ter tido a oportunidade de trabalhar tão estreitamente com ele nos últimos três anos". “A indústria tem seus desafios, principalmente no momento atual. No entanto, a AB Vista tem demonstrado, de forma constante, sua capacidade de apresentar avanços científicos para a indústria de nutrição animal com produtos como Quantum Blue e, mais recentemente, Signis. Eu pretendo continuar fortalecendo o sucesso da empresa em enzimas para rações, aplicando os pontos fortes da AB Vista na ampliação do mercado de aditivos para rações”. “Temos uma equipa muito forte aqui na AB Vista com diversos conhecimentos, habilidades, experiências e origens. Estou confiante que a paixão e a dedicação de nossa equipa manterão o sucesso contínuo nos próximos anos”. José Nobre, CEO da AB Agri, empresa controladora da AB Vista, disse: “Agradecemos e parabenizamos o Richard por tudo o que ele conquistou durante seu tempo na AB Vista e desejamos-lhe uma aposentadoria longa e feliz. Richard pode deixar nossa família sabendo que ela estará em boas mãos. Juan Ignacio tem sido um membro importante de

nossa equipe de liderança por algum tempo e sua nomeação é um movimento muito positivo para o nosso negócio. Estou muito animado com o futuro uma vez que continuaremos fornecendo o serviço excepcional para nossos clientes. ” Notas ao editor: AB Vista é uma empresa de tecnologia de nutrição animal que oferece produtos e serviços técnicos pioneiros para a indústria global de ração animal. Desde a sua fundação em 2004, a AB Vista cresceu e se tornou uma das três melhores empresas na área de enzimas para rações e também é um dos maiores fornecedores de betaína natural para a indústria global de nutrição animal. A empresa investe fortemente em pesquisa e desenvolvimento e possui um portfólio crescente de produtos e serviços que abrangem os setores de aves, suínos, ruminantes e aquicultura. AB Vista está sediada no Reino Unido, com escritórios regionais localizados nos EUA, Brasil, Singapura, Espanha, Índia, China, Alemanha e Finlândia. AB Vista faz parte da AB Agri, a divisão agrícola da Associated British Foods, uma das maiores empresas de alimentos e varejo da Europa com uma capitalização de mercado de £ 22 bilhões.


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FICHA TÉCNICA

AGENDA DE REUNIÕES DA IACA

ALIMENTAÇÃO ANIMAL Revista da Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais – IACA NIPC­‑ 500835411

TRIMESTRAL ­‑ ANO XXXI Nº 113 Julho / Agosto / Setembro 2020

DIRETOR José Romão Braz

CONSELHO EDITORIAL E TÉCNICO Ana Monteiro Jaime Piçarra Pedro Folque Manuel Chaveiro Soares

COORDENAÇÃO Jaime Piçarra Amália Silva Serviços IACA

ADMINISTRAÇÃO, SEDE DE REDAÇÃO E PUBLICIDADE (incluindo receção de publicidade, assinaturas, textos e fotos) IACA ­‑ Av. 5 de Outubro, 21 ­‑ 2º E 1050­‑047 LISBOA Tel. 21 351 17 70

EMAIL iaca@iaca.pt

SITE www.iaca.pt

EDITOR Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais – IACA

EXECUÇÃO DA CAPA

Data 1

• Reunião com DGERT sobre Contratação Coletiva de Trabalho

2

• Webinar IACA/USSEC – “O Impacto da COVID-19 nos Mercados”

6

• Webinar CiB – “EDIÇÃO DO GENOMA: Aplicações na produção de alimentos e na medicina”

8

• Reunião Direção FIPA (virtual) • Reunião CT 37 (virtual)

15

• Reunião do FEEDINOV (virtual)

17

• Reunião Direção IACA (virtual)

22

• Task Force COVID-19 da FEFAC (virtual)

Data

Sersilito ­‑ Empresa Gráfica, Lda. Travessa Sá e Melo, 209 4471­‑909 Gueifães ­‑ Maia

• Task Force COVID-19 da FEFAC (virtual)

19

• Task Force COVID-19 da FEFAC (virtual)

24

• Task Force Agricultura Biológica da FEFAC (virtual)

26

• Reunião com a USSEC (virtual)

Data

DEPÓSITO LEGAL Nº 26599/89

SETEMBRO

2

• Task Force COVID-19 da FEFAC (virtual)

4

• Colégio dos Diretores-Gerais da FEFAC – Reunião com a Presidência alemã da União Europeia (virtual)

7

• Reunião do “Board” da FEFAC (virtual)

8

• Comité de Sustentabilidade da FEFAC (virtual)

11

• Reunião da Direção IACA (virtual)

16

• Reunião Direção FIPA (virtual)

15, 16 22 e 24 17 17 e 18

• VI Curso de Iniciação à Produção e Alimentação de Suínos – FEDNA, CESFAC, IACA, USSEC (virtual) • Zoom webinar IX Jornadas de Alimentação Animal – “DO PRADO AO PRATO”: O papel da alimentação animal • VII Workshop SANFEED (virtual)

21

• Reunião com CONSULAI sobre o Projeto SANAS (Alentejo 2020) (virtual)

24

• Assembleia-Geral Extraordinária da FEFAC (virtual) • 1ª Reunião conjunta “Board” e Colégio dos Diretores-Gerais da FEFAC (virtual)

25

• XXIX Congresso FEFAC (virtual) • Apresentação da Carta de Sustentabilidade da FEFAC 2030 (virtual) • XII Jornada Técnica para Responsables de Calidad de las Fábricas de Galis – AGAFAC (virtual)

29

• Assembleia-Geral Extraordinária do FEEDINOV (virtual)

30

• Visita ao Complexo Portuário, Industrial e Logístico de Sines

PROPRIETÁRIO Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais ­‑ IACA Av. 5 de Outubro, 21 ­‑ 2º E 1050­‑047 Lisboa

AGOSTO

5

Salomé Esteves

EXECUÇÃO GRÁFICA

JULHO

REGISTO EXCLUÍDA DE REGISTO NOS TERMOS DO DISPOSTO NA ALÍNEA A) DO N.º 1 DO ART.º 12.º DO DECRETO REGULAMENTAR N.º 8/99, DE 9 DE JUNHO, REPUBLICADO PELO DECRETO REGULAMENTAR N.º 2/2009, DE 27 DE JANEIRO

50 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

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O FUTURO A LONGO PRAZO É: MELHOR PROTECÇÃO DA INTEGRIDADE INTESTINAL

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