N.º 120 ABRIL A JUNHO 2022 (TRIMESTRAL) ANO XXXIII 3€ (IVA INCLUÍDO)
ALIMENTOS MEDICAMENTOSOS: O QUE VAI MUDAR COM A NOVA LEGISLAÇÃO?
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL EDITORIAL
CAPACIDADE DE ADAPTAÇÃO
António Santana Diretor da IACA
ÍNDICE 03 EDITORIAL 04 TEMA DE CAPA 20 NORMALIZAÇÃO – CT37
22 INVESTIGAÇÃO 40 SPMA 42 INOVAÇÃO 44 NOTÍCIAS DAS 47 NOTÍCIAS EMPRESAS 49 IN MEMORIAM 50 AGENDA
Como diria Charles Darwin “não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças”. Esta frase está, hoje mais do que nunca, ajustada aos tempos que vivemos. Todos sentimos a dureza da atual conjuntura seja pelas dificuldades nos aprovisionamentos, seja nas escaladas dos preços, nos apoios económicos que não chegam e até nas condições climatéricas que também condicionam o desenvolvimento normal da fileira onde nos inserimos. São estes momentos que moldam os homens, as empresas e os setores. Momentos que exigem visão e determinação para estabelecer estratégias que nos permitam obter o posicionamento que se quer ter no futuro. Desde março de 2020 que o mundo entrou num processo imparável de mudanças que começou com a pandemia provocada pelo Covid-19 e continua com a estúpida invasão à Ucrânia pela Rússia, iniciada em fevereiro de 2022. Embora sejam duas guerras muito diferentes para a Humanidade, ambas colocaram em causa muitos dos princípios e fundamentos da vivência política económica e social do mundo. Na realidade o mundo caminhava, antes destes dois eventos, para uma globalização económica, onde tudo era influenciado, desde as práticas económicas e sociais e, até, o pensamento e forma de atuar de todos. Agora tudo aponta para uma nova realidade e a afirmação de Putin de que, depois desta guerra, o mundo não voltará a ser o mesmo, parece que tem todo o sentido. Hoje, as questões da agenda mediática alteraram-se e colocam-se em causa muitas políticas estratégicas anteriormente seguidas. Veja-se o caso da energia (eletricidade, gás e petróleo) e a dependência de grande parte da Europa dos fornecimentos russos. Veja-se a falta de componentes eletrónicos e microchips, por dependência da indústria chinesa e da cadeia de abastecimentos mundial. Para agravar tudo isto veja-se, também, a dependência europeia do abastecimento de cereais e fertilizantes produzidos na Ucrânia e na Rússia. São muitas as questões que estão em cima da mesa e que têm que forçosamente obrigar o mundo e a UE a adaptar-se a esta nova realidade. Ao setor agroalimentar preocupa tudo isto e, mais ainda, quando sabemos que muitos fundamentalismos sociais têm empurrado a UE para uma visão populista, onde a ciência é colocada de lado. Temos que continuar a demonstrar que as lutas que a IACA tem assumido ao longo dos tempos são agora ainda mais atuais e que merecem muito mais atenção quer dos políticos quer da sociedade. O nosso setor é um elemento vital para garantir a sustentabilidade económica, política e social e tem sido muito fustigado por fundamentalismos bacocos e muitas vezes, voluntariamente ou não, manipulados em função de interesses pouco claros. Como exemplo podemos falar dos estudos publicados pela FAO (2006) que já se demonstrou estarem mal elaborados e que colocavam a produção animal como um dos maiores emissores de gases de efeito estufa. Foi provado que estavam errados, mas ainda hoje condicionam o pensamento mundial. Se há setor que se tem adaptado às exigências da sociedade, o agroalimentar e em especial a alimentação animal, tem sido um deles. Evoluímos criando alternativas aos alimentos com farinhas de carne; evoluímos encontrando soluções ao uso de moléculas que permitiam mais produção mas colocavam em causa o ambiente; evoluímos criando políticas de uso responsável de antibióticos nos animais; evoluímos com novas práticas e políticas de bem-estar animal; evoluímos ao condicionar o uso de matérias-primas oriundas de desmatações em áreas sensíveis para o ambiente ; evoluímos sendo um setor que deveria ser considerado verde, tal é a quantidade de subprodutos de alimentos para humanos que reciclamos, transformando-os em alimentos para animais, criando uma verdadeira economia circular. A nova ordem mundial obrigará a novas adaptações e a uma maior racionalidade nas decisões e nas estratégias. A UE vai ter que se adaptar a essa nova realidade e terá que rever as políticas de produção agrícola e animal, usando a ciência, a sustentabilidade, a segurança alimentar e a proximidade das produções como vetores essenciais para a sua autonomia económica, política e social. A globalização foi parada e, como já outros afirmaram, a emergência de blocolização é mais que evidente. A produção de alimentos de forma racional, científica e sustentável tem que prevalecer na UE, sob pena de ficarmos ainda mais dependentes de outros blocos económicos, expostos a pandemias e guerras e, depois, a comer o que outros quiserem que comamos, da forma como entenderem produzir. Termino esta minha reflexão deixando um grande abraço de parabéns ao nosso Jaime Piçarra recentemente galardoado pela CESFAC (Associação Espanhola dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais) como personalidade do ano pelos trabalhos desenvolvidos em prol do setor ibérico de alimentação animal, em representação da IACA. É a demonstração do reconhecimento internacional do Engº Jaime Piçarra e da IACA, o que muito nos orgulha e anima a continuar. A LI ME N TAÇÃO A NI M A L
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ALIMENTOS MEDICAMENTOSOS: A NOVA ERA REGULAMENTAR
José Manuel Costa Divisão de Alimentação Animal, Direção-geral de Alimentação e Veterinária, Lisboa
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Na produção e sustentabilidade da cadeia alimentar
Os alimentos medicamentosos são assim uma das
de géneros alimentícios de origem animal nutritivos
vias orais para administrar medicamentos veteriná-
e seguros, os animais de criação, incluindo os peixes
rios autorizados para fins de fabrico de alimentos
de aquicultura, são muitas vezes criados em grupos.
medicamentosos para animais e é geralmente uti-
Um aspeto importante da saúde do grupo é o
lizada para tratar doenças animais em grandes gru-
desenvolvimento de planos sanitários sob a respon-
pos, em particular suínos e aves de capoeira. No que
sabilidade de médicos veterinários. Esses planos
diz respeito à administração oral de medicamentos
concentram-se em medidas preventivas de saúde e
a animais, os detentores de animais podem misturar
bem-estar animal, incluindo, criação, biossegurança
manualmente os próprios medicamentos na ração
e gestão para reduzir a incidência de doenças. O
ou na água de bebida, ou utilizar alimentos medi-
uso de vacinas, quando disponíveis, também é uma
camentosos em que o medicamento é incorporado
ferramenta importante para reduzir a doença na
no alimento composto por um fabricante aprovado
produção pecuária.
para esta atividade, seja em modo industrial ou de
Prevenir ou reduzir a incidência de doenças em pri-
autoprodução. Dependendo da situação específica,
meira instância é uma abordagem sustentável e favo-
esta pode ser a maneira mais eficaz para um pro-
rável à saúde e bem-estar animal, reduzindo a dor e o
dutor pecuário tratar os seus animais.
sofrimento dos animais, bem como reduzir os custos
O fabrico, a colocação no mercado e a utilização de
envolvidos no tratamento de surtos de doenças.
alimentos medicamentosos devem assim observar
No entanto, apesar de todas essas medidas, os
os princípios e os requisitos apropriados à qualidade,
animais podem sucumbir às doenças.
segurança e eficácia terapêutica dos produtos a dis-
É importante ressalvar que a salvaguarda da saúde
tribuir aos animais. Mais deve ter em consideração
e do bem-estar dos animais criados em grupos, sig-
o desenvolvimento de resistência aos antimicrobia-
nifica levar em consideração o facto de que, quando
nos (RAM), decorrente da crescente adaptabilidade
um animal fica doente, outros animais em contacto
e impermeabilidade das bactérias patogénicas à
também correm o risco de adquirir essa infeção.
ação dos antimicrobianos, com propagação não só
Na prática, isso significa que grupos de animais,
aos animais, bem como aos humanos pelo consumo
que podem estar sub-clinicamente infetados (infe-
de produtos de origem animal e do contacto direto
tados, mas ainda não apresentando sinais clínicos
com animais ou seres humanos, ou por outros meios.
de doença), também podem precisar de tratamento
Desde 28 de janeiro de 2022 que entrou em aplica-
com base na orientação veterinária. Esse modo
ção o Regulamento (UE) N.º 2019/4 do Parlamento
de tratamento, chamado metafilaxia, garante que,
Europeu e do Conselho, de 11 de dezembro de
além dos animais clinicamente doentes, também
2018, relativo ao fabrico, à colocação no mercado
sejam tratados aqueles que estão infetados sub-
e à utilização de alimentos medicamentosos para
-clinicamente e aqueles com alta probabilidade de
animais. Para além da atualização e harmonização
serem infetados para que seu bem-estar não seja
da legislação até então em vigor, cujos regimes
comprometido.
nacionais divergentes afetaram negativamente o
As doenças que ocorrem comumente em animais de
mercado interno e não garantiam devidamente a
criação produtores de géneros alimentícios incluem
saúde pública, o novo regulamento veio refletir o
doenças bacterianas como infeções respiratórias
progresso técnico e científico das últimas décadas,
e gastrointestinais. As doenças parasitárias são
para que as regras continuem a garantir o nível de
igualmente muito comuns e devem ser efetiva-
segurança adequado dos alimentos medicamento-
mente controladas.
sos para animais em toda a UE.
O tratamento de doenças bacterianas e parasitárias,
O regulamento introduz medidas mais rigorosas para
através de antimicrobianos e/ou antiparasitários
garantir a utilização correta dos alimentos medicamen-
veiculados por alimento medicamentoso, só pode
tosos para animais e inclui igualmente a possibilidade
ocorrer mediante receita médico veterinária que
de alimentos medicamentosos para animais de compa-
preveja a administração de medicamentos veteri-
nhia. Além disso, a produção de produtos intermédios,
nários devidamente autorizados.
a produção antecipada, o fabrico móvel de misturas, o
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fabrico industrial ou em modo de autoprodução, bem como a distribuição especializada, são permitidos e uniformizados na UE. Os alimentos medicamentosos, enquanto mistura homogénea de um ou mais medicamentos veterinários com matérias-primas para alimentação animal ou alimentos compostos para animais e pronta para ser diretamente administrada aos animais sem transformação subsequente, ou os produtos intermédios definidos como alimentos para animais que não estão prontos para ser diretamente administrados aos animais sem transformação subsequente e que consistem numa mistura homogénea de um ou mais medicamentos veterinários com matérias-primas para alimentação animal ou alimentos compostos para animais, exclusivamente destinada a ser utilizada para o fabrico de alimentos medicamentosos para animais, só podem ser fabricados e colocados no mercado por estabelecimentos devidamente aprovados.
APROVAÇÃO DE ESTABELECIMENTOS PARA FABRICO, ARMAZENAMENTO, TRANSPORTE E COLOCAÇÃO NO MERCADO DE ALIMENTOS MEDICAMENTOSOS E PRODUTOS INTERMÉDIOS • Aprovação do estabelecimento ao abrigo do artigo 13º do Reg. (UE) N.º 2019/4 que concorre com a aprovação ao abrigo do Reg. (CE) N.º 183/2005. • Obrigações do Anexo I do Reg. (UE) N.º 2019/4 + Anexo II do Reg. (CE) N.º 183/2005 : ✓ Instalações e equipamentos;
• Designar responsável pela produção e pela qualidade com formação adequada e independentes entre si. • Assegurar a conformidade com a receita médico veterinária e a isenção de interações/incompatibilidades entre os medicamentos veterinários e outros ingredientes (incl. coccidiostáticos/ histomonostáticos). • Respeitar a concentração, estabilidade e durabilidade do medicamento veterinário na mistura. • Garantir a homogeneidade e evitar contaminação cruzada. • Armazenar alimentos medicamentosos e produtos intermédios em local segregado, fechado, devidamente identificado e adequado às condições de conservação. • Transportar alimentos medicamentosos para animais e produtos intermédios em meios de transporte adequados e limpos após cada utilização, a fim de evitar qualquer risco de contaminação cruzada. • Recolher e eliminar adequadamente medicamentos veterinários, alimentos medicamentosos e produtos intermédios não conformes. • Conservar receita médico veterinária e todos os registos de produção por cinco anos.
✓ Pessoal;
Quadro 2. Disposições para fabrico
✓ Fabrico;
A rotulagem dos alimentos medicamentosos para animais e dos produtos intermédios deve respeitar os princípios gerais estabelecidos pelo Regulamento (CE) N.º 767/2009, bem como cumprir requisitos de
✓ Controlo de qualidade; ✓ Armazenamento e transporte; ✓ Conservação de registos; ✓ R eclamações e retirada de produtos da circulação; ✓ Requisitos adicionais para fabricantes móveis de misturas. Quadro 1. Aprovação de estabelecimentos
Os operadores das empresas do setor dos alimentos para animais que pretendam fabricar, armazenar, transportar e colocar no mercado alimentos medicamentosos para animais e produtos intermédios, devem considerar as obrigações legalmente previstas, e designadamente disposições específicas em matéria de instalações e equipamento, pessoal, controlo da qualidade de fabrico, armazenamento, transporte, conservação de registos, reclamações, recolha de medicamentos e rotulagem. A produção antecipada de alimentos medicamentosos para animais e produtos intermédios é possível, exceto para fornecimento ao detentor dos animais antes da apresentação da respetiva receita médico veterinária. O Regulamento (UE) N.º 2019/4 define medidas para garantir a homogeneidade dos alimentos medicamentosos para animais, bem como para evitar a contaminação cruzada, com fixação de limites máximos de transferência inevitável de substâncias farmacologicamente ativas em alimentos não visados para animais, bem como ter em conta a aplicação de boas práticas de fabrico e do princípio «tão baixo quanto razoavelmente possível» (ALARA). 6 |
FABRICO DE ALIMENTOS MEDICAMENTOSOS E PRODUTOS INTERMÉDIOS
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HOMOGENEIDADE E CONTAMINAÇÃO CRUZADA • Garantir dispersão homogénea e estabilidade do medicamento veterinário: ✓ R ealização de testes de homogeneidade e de ensaios de estabilidade • Adoção de medidas para evitar contaminação cruzada: ✓ D efinição de normas em matéria de sequenciação ou incompatibilidades das operações de fabrico, adotando linhas de produção especificas se necessário; ✓ L impeza dos circuitos após fabrico com posterior identificação, armazenamento e manuseamento do material utilizado para não comprometer a segurança dos alimentos para animais não visados; ✓ Realização de testes de contaminação cruzada. • Adoção pela Comissão de ato delegado com níveis máximos para resíduos de 24 substâncias farmacologicamente ativas em alimentos não visados para animais, decorrentes da transferência inevitável no processo de fabrico. • Níveis máximos nacionais até serem definidos os níveis máximos na UE. Quadro 3. Homogeneidade e contaminação cruzada
rotulagem específicos a fim de fornecer ao utilizador as informações necessárias para administrar corretamente os alimentos medicamentosos aos animais, ou à utilização de produtos intermédios. Do mesmo modo, são estabelecidos limites para os desvios entre o conteúdo indicado na rotulagem dos alimentos medicamentosos para animais ou dos produtos intermédios e o conteúdo real. ROTULAGEM • Obrigações do Anexo III do Reg. (UE) N.º 2019/4 + Reg. (CE) N.º 767/2009. • Adoção de tolerâncias técnicas ao abrigo do Anexo IV do Reg. (UE) N.º 2019/4 em caso de divergência entre o teor da substância ativa constante do rótulo do alimento medicamentoso ou do produto intermédio e o teor obtido no controlo oficial: ✓ Substâncias ativas antimicrobianas – 10% do valor rotulado ✓ Outras substâncias ativas > 500 mg/kg – ± 10% ≤ 500 mg/kg – ± 20% EMBALAGEM • Colocação no mercado de alimento medicamentoso ou do produto intermédio, só em embalagens ou recipientes não reutilizáveis, invioláveis e selados. Quadro 4. Rotulagem e embalagem
Por razões de segurança e para proteger os interesses dos utilizadores, os alimentos medicamentosos para animais e os produtos intermédios só podem ser comercializados em embalagens ou recipientes selados. Tal não se aplica, contudo, aos fabricantes móveis de misturas que fornecem alimentos medicamentosos para animais diretamente ao detentor dos animais, bem como aos fabricantes de alimentos medicamentosos em modo de autoprodução. A publicidade a alimentos medicamentosos para animais pode afetar a saúde pública e animal e distorcer a concorrência. Por conseguinte, PUBLICIDADE • Proibição de publicidade a alimento medicamentoso ou a produto intermédio. Exceção – publicidade diretamente dirigida a médicos veterinários que não pode incluir informações sob qualquer forma que possam induzir em erro ou levar a uma utilização incorreta. • Proibição de distribuição de amostras promocionais de alimento medicamentoso contendo antimicrobianos. • Distribuição de amostras promocionais de alimento medicamentoso que não contenham antimicrobianos só em pequenas quantidades e devidamente rotuladas como amostras exclusivas para médicos veterinários doadas durante eventos patrocinados ou nas visitas por delegados. Quadro 5. Publicidade
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a publicidade a alimentos medicamentosos para animais deve satisfazer determinados critérios. A fim de garantir a segurança da utilização dos alimentos medicamentosos para animais, o seu fornecimento e utilização deverão estar subordinados à apresentação de uma receita médico-veterinária válida para alimentos medicamentosos para animais emitida por um médico-veterinário após exame clínico ou na sequência de qualquer outra avaliação adequada do estado de saúde dos animais a tratar. Na perspetiva de assegurar uma utilização prudente, ou seja, uma utilização adequada de acordo com a receita médico-veterinária para alimentos medicamentosos para animais e o resumo das características do medicamento, dos alimentos medicamentosos em função das espécie/ categoria animal visada, e, assim, proporcionar uma base para garantir um nível elevado de proteção da saúde animal e da saúde pública, são previstas condições específicas relativas à utilização e à validade das receitas médico-veterinárias para alimentos medicamentosos para animais, ao cumprimento do intervalo de segurança e à manutenção de registos pelo detentor dos animais, se for caso disso. Tendo em conta o grave risco para a saúde pública que representa a resistência antimicrobiana, foi igualmente limitada a utilização de alimentos medicamentosos para animais que contenham antimicro-
bianos. A profilaxia ou a utilização para reforçar o rendimento dos animais é proibida, exceto, em determinados casos, no que respeita aos alimentos medicamentosos para animais que contenham antiparasitários e aos medicamentos veterinários imunológicos. A utilização de alimentos medicamentosos para animais que contenham antimicrobianos para fins de metafilaxia apenas deverá ser autorizada quando o risco de disseminação de uma infeção ou de uma doença infeciosa for elevado, em conformidade com o Regulamento (UE) N.º 2019/6 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 11 de dezembro de 2018, relativo aos medicamentos veterinários. A utilização de alimentos medicamentosos para animais que contenham alguns antiparasitários deverá basear-se no conhecimento do estado de infestação parasitária do animal ou grupo de animais, pelo que mesmo na falta de uma doença diagnosticada, é autorizada a utilização de alimentos medicamentosos para animais que contenham medicamentos veterinários imunológicos ou alguns antiparasitário. No que se refere ao comércio Intra União e à importação de alimentos medicamentosos para animais, deve-se garantir que os medicamentos veterinários neles contidos foram autorizados para ser utilizados no Estado-Membro de destino em conformidade com o Regulamento (UE) 2019/6.
PRESCRIÇÃO MÉDICO-VETERINÁRIA • Obrigação de exame clínico e diagnóstico antes da emissão da prescrição médico veterinária do alimento medicamentoso (excetuam-se os medicamentos veterinários imunológicos e, na ausência de doença diagnosticada, mas com conhecimento de infestação parasitária, medicamentos veterinários antiparasitários sem efeitos antimicrobianos). • Prescrições de alimentos medicamentosos com antimicrobianos ou decorrentes da necessidade de diagnóstico médico-veterinário a emitir exclusivamente por médicos veterinários. • Prescrições médico-veterinárias devem prever as informações previstas pelo Anexo V do Reg. (UE) N.º 2019/4 (devidamente consideradas na Prescrição Eletrónica Médico Veterinária – PEMV RAMA). • Prescrição de alimentos medicamentosos para animais deve considerar medicamentos veterinários autorizados ao abrigo do Reg. (UE) N.º 2019/6 e respeitar o respetivo resumo das características do produto (RCM) (excetuando a prescrição pela cascata). • Prescrições médico-veterinárias devem prever apenas um tratamento. • Maior restrição para as prescrições médico veterinárias de alimentos medicamentosos com antimicrobianos: • S ó um (1) medicamento veterinário com antimicrobianos; • Restrição de uso para profilaxia; • Duração do tratamento – segundo resumo das características do produto (RCM) ou, se não especificado, até 2 semanas; • Validade das receitas – animais produtores de géneros alimentícios, validade 5 dias para prescrições com antimicrobianos. • Conservação das prescrições médico-veterinárias por um período de 5 anos após a sua emissão. Quadro 6. Prescrição médico-veterinária
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COMÉRCIO INTRA-UNIÃO E IMPORTAÇÃO DE PAÍSES TERCEIROS • Trocas intracomunitárias de alimento medicamentoso ou de produto intermédio só contendo medicamentos veterinários autorizados para uso no estado-membro de destino. • Importações de alimento medicamentoso ou de produto intermédio só contendo medicamentos veterinários autorizados para uso no estado-membro de utilização. Quadro 7. Trocas intracomunitárias e importações de países terceiros
Deve ainda ser criado um sistema de recolha ou eliminação dos produtos intermédios e dos alimentos medicamentosos para animais não utilizados ou fora de prazo, inclusive através dos sistemas já existentes e quando sejam geridos por operadores das empresas do setor dos alimentos para animais, a fim de controlar os riscos que esses produtos possam representar no que se refere à proteção da saúde animal ou humana ou do ambiente.
SISTEMAS DE RECOLHA OU DE ELIMINAÇÃO DE PRODUTOS NÃO UTILIZADOS OU FORA DE PRAZO • Recolha e/ou eliminação adequados de alimentos medicamentosos para animais e de produtos intermédios fora do prazo ou caso o detentor dos animais tenha recebido uma quantidade maior de alimentos medicamentosos para animais do que a que realmente utilizou para o tratamento prescrito. Quadro 8. Sistemas de recolha ou de eliminação
Pelo exposto, e ao propor um conjunto harmonizado de disposições para o fabrico, armazenamento, transporte, colocação no mercado e utilização de alimentos medicamentosos para animais e de produtos intermédios, ao nível adequado de qualidade e segurança, o Regula-
mento (UE) N.º 2019/4 pretende clarificar as obrigações de todos os fabricantes e apoiar a produção viável e económica de alimentos medicamentosos para animais. O regulamento mais permite que os médicos veterinários escolham a melhor forma de tratar os animais doentes, tendo em conta as condições locais de cada Estado-Membro. Reconhecendo-se que a saúde humana, a saúde animal e os ecossistemas estão interligados e que é, portanto, essencial, tanto para a saúde animal, como para a saúde humana, garantir uma utilização prudente dos medicamentos antimicrobianos nos animais produtores de géneros alimentícios, as novas regras também colocam um foco claro no combate à resistência aos antimicrobianos (RAM) por meio das seguintes medidas:
Os antimicrobianos não podem ser usados para compensar falta de higiene ou condições de criação inadequadas ou onde melhorias na criação de animais possam reduzir a necessidade de tratamento. O fabrico, colocação e utilização de alimentos medicamentosos, bem como de produtos intermédios, obriga ao cumprimento das disposições legais estabelecidas pelo Regulamento (UE) N.º 2019/4, no garante de um elevado nível de proteção da saúde humana e animal, fornecendo uma informação adequada aos utilizadores e reforçando o bom funcionamento do mercado interno.
Bibliografia: Regulamento (CE) N.º 183/2005 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 12 de janeiro de 2006 Regulamento (UE) N.º 2019/4 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 11 de dezembro de 2018 Regulamento (UE) N.º 2019/6 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 11 de dezembro de 2018 Medicated feed – safe and controlled oral treatment (https://ec.europa.eu/food/animals/animal-health/ vet-meds-med-feed/medicated-feed-safe-and-controlled-oral-treatment_en) Medicated feed – NOAH (National Office of Animal Health) (https://www.noah.co.uk/focus-areas/ medicated-feed/)
• Proibição da utilização de alimentos medicamentosos para animais para efeitos de profilaxia (utilização preventiva), ou para promoção do crescimento; • Definição de regras harmonizadas sobre prescrição e utilização de alimentos medicamentosos para animais, com restrições na validade das prescrições e duração do tratamento em caso de medicamento veterinário com antimicrobiano; • Estabelecimento de medidas para evitar a contaminação cruzada de medicamentos veterinários em alimentos para animais não alvo.
CONCLUSÃO O fornecimento de medicamentos veterinários através de alimentos medicamentosos é uma forma segura e sem stress de proteger a exploração pecuária, e igualmente a saúde e o bem-estar dos animais de companhia. Os animais criados em grupos requerem consideração especial para prevenir e tratar doenças nos animais em contacto na perspetiva de proteger a sua saúde e bem-estar. Os principais tipos de medicamentos veterinários nos alimentos medicamentosos para animais que combatem as doenças mais relevantes, incluem antimicrobianos e antiparasitários. O uso de antimicrobianos deve ser efetuado de forma restrita e responsável segundo o princípio: “o mínimo possível, mas tanto quanto for necessário”. A LI ME N TAÇÃO A NI M A L
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NOVO REGULAMENTO SOBRE ALIMENTOS MEDICAMENTOSOS – QUE DESAFIOS PARA A INDÚSTRIA? Rui Gabriel Médico-Veterinário, Consultor em Saúde Animal
O Regulamento Europeu 4/2019, publicado em 28 Dezembro 2018, tornou-se efetivo em todos os Estados-Membros em 28 Janeiro 2022, e constitui um significativo desafio para a Indústria e Produção, particularmente num país em que cerca de 10% dos Alimentos Compostos produzidos,segundo dados de 2018, constituem Alimentos Medicamentosos. A IACA, através da SPMA, realizou vários seminários virtuais e reuniões do seu Grupo de Trabalho sobre Alimentos Medicamentosos, o último com a participação dos responsáveis da DGAV, Dra. Inês Almeida e Dr. José Manuel Costa, para discussão da implementação do Regulamento e como lidar com as questões e dificuldades de execução que o mesmo poderá levantar. De uma forma objetiva, o que muda com a implementação imediata do novo Regulamento? As alterações imediatas relevantes no Regulamento Europeu 4/2019: • Profilaxia não é permitida, exceto para os antiparasitários e imunológicos (artigo 17º – ponto 3). • Metafilaxia apenas deverá ser autorizada quando o risco de disseminação de uma infeção for elevado, devendo ser justificado. • Produção antecipada – autorizada exceto para os Auto-Produtores e fábricas móveis de misturas. Neste ponto, a anterior legislação portuguesa já contemplava a produção antecipada do alimento medicamentoso previamente à sua prescrição, algo que não acontecia em muitos países europeus e que agora se torna regra comum. •P EMV – contempla a prescrição eletrónica, para efeitos também de rastreabilidade e monitorização do consumo de Alimentos Medicamentosos e particularmente dos antimicrobianos, enquadrado na estratégia de combate às RAM (Resistências Anti-Microbianas). Para a implementação da PMEV, a DGAV irá disponibilizar vídeos tutoriais, podendo também entretanto usar-se a receita Eletrónica Manual. •M edidas transitórias relativas à aplicação dos requisitos de aprovação e de registo dos estabelecimentos aprovados para o fabrico de Alimentos Medicamentosos: os estabelecimentos previamente aprovados de acordo com a Diretiva 90/167/CEE podem prosseguir com a sua atividade se apresentarem até 28 Julho 2022 uma declaração à Autoridade Competente (DGAV) segundo modelo estabelecido por essa mesma entidade. A DGAV informou que oportunamente irá disponibilizar o modelo.
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•R eceitas médico-veterinárias – somente podem ser emitidas após exame clínico ou por outra avaliação (a transição digital permite o recurso à telemedicina) do estado de saúde do animal (ou animais) e apenas para tratamento de uma doença diagnosticada (artigo 16º). •E m derrogação do ponto anterior – excetua-se para Alimentos Medicamentosos com medicamentos veterinários imunológicos e antiparasitários, sem efeitos anti-microbianos, se não for possível confirmar presença de uma doença diagnosticada. • Duração do tratamento – de acordo com o RCM do Medicamento Veterinário, anteriormente designado como Pré-Mistura Medicamentosa; caso não especificado não poderá exceder um mês, ou 2 semanas, no caso de Alimentos medicamentosos com Antibióticos (ponto 7). • Validade da Receita Médico-veterinária – 6 meses para animais não produtores de géneros alimentícios; 3 semanas para animais produtores de géneros alimentícios; e 5 dias para Alimentos Medicamentosos com Antibióticos (ponto 8). • Não é possível prescrever Alimentos Medicamentosos que incorporem mais do que um Medicamento Veterinário que contenha Antimicrobianos (artigo 16º – ponto 9). •R equisitos do Pessoal para o Fabrico de Alimentos Medicamentosos (Anexo 1 – Secção 2, Ponto 1) – pessoa com formação adequada (com qualificação académica e profissional entretanto clarificada por nota da DGAV) como Responsável pelo Fabrico, colocação no mercado e fornecimento aos detentores dos Animais, de Alimentos Medicamentosos e Produtos intermediários, ao qual se soma outro técnico responsável com formação adequada (também já clarificada pela DGAV) como responsável pelo Controlo de Qualidade do Alimento Medicamentoso. • Segundo o ponto 2 do mesmo Anexo 1 e Secção, estas funções (Responsável pelo Fabrico e Responsável pelo Controlo de Qualidade) devem ser independentes entre si; não podendo ser desempenhadas pela mesma pessoa. • Tolerâncias (Anexo IV) – apenas comtemplam desvios técnicos resultantes do fabrico, sendo que se considera margem de tolerância mais ou menos 10% no caso de Alimentos Compostos com Antimicrobianos. Para os restantes medicamentos, se a substância ativa for incorporada a um nível igual ou inferior a 500 mg/ Kg Alimento, a sua margem de tolerância será mais ou menos 20%. • Contaminações Cruzadas (Carry over) – a CE irá definir até 28 Janeiro 2023 os níveis máximos para cada uma das 24 substâncias antimicrobianas
atualmente autorizadas nos Medicamentos Veterinários para fabrico de Alimentos Medicamentosos com antimicrobianos, bem como os métodos analíticos para sua deteção. No entanto, compete a cada Estado Membro definir normas de transição ate à decisão da CE que se espera para janeiro 2023. No caso de Portugal, a Autoridade Competente decidiu utilizar metodologia semelhante à que atualmente se utiliza relativamente às contaminações cruzadas dos Coccidiostáticos, ou seja, 3% e 1 %, este último para contaminações em espécies não alvo sensíveis e nos alimentos de acabamento. Quais os principais desafios e questões identificadas?
o presente ano, considerando o modelo anteriormente apresentado, este tópico é considerado o maior desafio na área do Alimento Medicamentoso, e que poderá ser mesmo um “killer” se, no entretanto, não houver um entendimento e um consenso sobre uma metodologia exequível e que se suporte no método ALARA. A avaliação entretanto efetuada pela EFSA em 6 das 24 substâncias ativas indica valores de tolerância entre 0,1 e 1 PPB, o que não é obviamente exequível para uma fábrica de Alimentos Compostos, com risco acrescido de resíduos dessa natureza poderem igualmente constituir contaminantes de matérias-primas de origem animal, o que criaria dificuldades e custos acrescidos no setor, bem como criaria
obstáculos para uma economia circular que se pretende intensificar. A boa notícia neste ponto é que a metodologia que a EFSA está a implementar, que conduz a valores muito abaixo (foram estabelecidos “safe levels“ que conduzem a resultados 100 a 1000 X abaixo dos respetivos MRLs!!) resulta de um mandato de “avaliação de risco” sendo que o processo da “gestão do risco” e o impacto da sua execução está fora do âmbito do seu mandato e irá resultar, esperamos, de um processo de decisão diferenciado. Iremos continuar a trabalhar com os nossos parceiros nacionais e internacionais para tornar esta futura legislação exequível dentro do princípio ALARA e com salvaguarda para a Saúde Animal e consumidores.
No presente (esperamos que entretanto resolvidas ou parcialmente): 1. Operacionalização: a implementação da Receita Eletrónica PEMV; a logística e o fabrico em conformidade, colocam-se como uma das maiores preocupações, particularmente dos prescritores. A prescrição eletrónica tem representado um grande desafio, sendo que desde a sua implementação, a DGAV efetuou já várias atualizações e mostrou disponibilidade para continuar a desenvolver a ferramenta de uma forma mais operacional.
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2. Incompatibilidades profissionais: esclarecida a incompatibilidade entre Responsável de Produção e Responsável Controlo de Qualidade, bem como as suas qualificações técnicas e académicas, coloca-se a questão da potencial incompatibilidade entre o Diretor Técnico do Fabrico e o prescritor do Alimento Medicamentoso, se poderá ser a mesma pessoa, tema sobre o qual foi solicitado parecer jurídico. No futuro: 1. Alimento Medicamentoso para Animais de Companhia: uma das novidades do novo Regulamento, a possibilidade de produção e comercialização de Alimento Medicamentoso para os Animais de Companhia, o que poderá constituir uma nova oportunidade do setor da Alimentação Animal. A maior dificuldade, no presente momento, resulta do facto de não haver atualmente Medicamentos Veterinários registados para Alimentos Medicamentosos para Animais de Companhia, pelo que se espera que esta seja igualmente uma oportunidade para a Indústria da Saúde Animal. Entretanto, e no futuro imediato, pretende-se explorar a possibilidade do fabrico com base no modelo da cascata. 2. Contaminações Cruzadas: não sendo em Portugal uma preocupação imediata durante
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL TEMA DE CAPA
UMA SÓ SAÚDE
A saúde animal, a saúde humana e o meio ambiente que partilhamos fazem parte de um sistema profundamente interconectado.
Dr. Mário Hilário Presidente da Direção da APIFVET
À medida que a população aumenta e a procura por
doenças podem ser graves; Raiva, toxoplasmose e
alimentos cresce, e com pessoas e animais vivendo
doença de Lyme são exemplos de zoonoses. Talvez
mais próximos, a juntar à interdependência da saúde
o mais preocupante é que cerca de três quartos
humana e da saúde animal, torna-se mais relevante
das doenças infeciosas humanas emergentes –
a saúde do meio ambiente que partilhamos, sendo
incluindo SARS, Ébola e Zika vírus – durante as
inquestionável que estamos perante três dimensões
últimas três décadas foram zoonóticas, principal-
(humana, animal e ambiental) de uma mesma reali-
mente decorrentes da vida selvagem. E, não passa
dade (o Mundo em que vivemos) e que se traduziu
muito tempo sem aparecer “mais qualquer coisa”
nos últimos anos no desenvolvimento de um con-
como é exemplo a recente aparição da varíola
ceito relativamente novo para a opinião pública. É o
dos macacos.
conceito “One Health” – Uma Só Saúde – que deve
A produção segura e sustentável de alimentos é um
ser o denominador comum dos vários intervenientes
elemento-chave da "One Health.” É por isso que a
na saúde do planeta e dos seus habitantes.
APIFVET, a Associação Portuguesa da Indústria Far-
O papel da indústria farmacêutica de saúde ani-
macêutica de Medicamentos Veterinários, comple-
mal no apoio à produção de animais saudáveis é
tamente alinhada com as suas congéneres nacionais
reconhecido globalmente como um dos principais
europeias, no âmbito da Associação Europeia Anima-
contribuintes para a tríade “One Health”. A indústria
lHealthEurope recomenda uma Transição no âmbito
farmacêutica de saúde animal promove e apoia a
da Uma Só Saúde para a produção sustentável de
colaboração entre todos os setores, incentivando
alimentos – e que assenta nos seguintes pilares:
a sociedade a olhar para as três áreas: pessoas,
1 – Todas as práticas agrícolas e de agropecuária
animais e meio ambiente em conjunto, para desenvolver práticas que levem em consideração as suas complexidades e inter-relações. A ideia que conduziu ao conceito "One Health" não é nova; a influência do ambiente na saúde é conhecida há muitos anos, ainda que nem sempre reconhecida. No entanto, uma população mundial em rápido crescimento significa que o planeta Terra está cada vez mais superpovoado e que os humanos inevitavelmente viverão mais perto dos animais dos quais dependem. Outros fatores, incluindo migração em grande escala, comércio internacional e alterações climáticas, correm o risco de introduzir novas doenças em regiões onde antes eram desconhecidas e naturalmente desprotegidas. Provavelmente nunca como nos últimos anos se ouviu falar tanto
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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
devem ser reconhecidas e apoiadas, desde a produção intensiva sustentável até à denominada agroecologia. Este pilar traduz o reconhecimento de políticas que tornem as diferentes práticas agropecuária e agrícolas ambientalmente sustentáveis. Acreditamos que o bem-estar dos animais na agricultura é uma prioridade para a sociedade – é por isso que continuamos comprometidos em garantir que os animais sejam cuidados e criados nas melhores condições possíveis. A indústria farmacêutica de saúde animal apoia veterinários e produtores pecuários, fornecendo produtos e serviços para garantir cuidados abrangentes.
dos efeitos devastadores de pandemias, epidemias,
A disponibilidade de medicamentos e serviços
furacões, degelo, entre outros fatores de risco. Nes-
veterinários insere-se neste pilar e quando se
tas condições, é muito importante a atenção que se
discute a problemática da sustentabilidade do
tem dedicado à capacidade de prevenir a propaga-
setor e da sua relação com o apoio à produção,
ção de doenças que possam afetar a qualidade de
inevitavelmente surgem os ruídos e “soundby-
vida e a própria vida humana e de outras espécies.
tes” sobre a utilização de “substâncias” e de
Por isto, torna-se cada vez mais importante e é
“resistências aos antibióticos”. No entender da
essencial o diálogo entre os intervenientes nos
APIFVET o uso responsável de antibióticos é
diferentes setores.
uma ferramenta essencial no que respeita à
Cerca de 60% de todas as doenças infeciosas
produção pecuária e não deve ser usada como
humanas são zoonóticas, o que significa que podem
muleta de desinformação ou bode expiatório de
ser transmitidas entre o animal e o homem. Tais
falhas a vários níveis.
Neste momento em Portugal com a introdu-
3 – Encorajar os consumidores à tomada de
ção da prescrição eletrónica para os medi-
decisões informadas, baseadas na evidência científica.
camentos veterinários, deu-se um passo importante para melhorar a rastreabilidade dos medicamentos. É uma medida que aplaudimos e apoiamos desde sempre, mas isso não impede que se critique que se possam saltar etapas. Ainda é necessário reforçar os níveis de formação e informação junto da classe médico veterinária – nomeadamente no que respeita à prescrição responsável de antibióticos – e sem a publicação de legislação de execução nacional do novo Regu-
Para que este objetivo seja atingido, é necessário combater mitos que facilmente são disponibilizados à opinião pública através de meios mais ou menos sofisticados e com recurso a pontos de vista fundamentalistas e distorcidos, procurando que o fundamentalismo e o populismo proliferem em detrimento da ciência e da análise e debate salutar de ideias.O “soundbyte” é
mais fácil do que a procura de soluções com base na evidência científica. É fundamental que as organizações representativas do setor da produção animal encontrem mecanismos de comunicação junto das populações que desfaçam estes mitos, sem qualquer fundamentação científica. Mas devem fazê-lo de forma robusta, com base nessa evidência, com simplicidade e clareza argumentativa e não ir na armadilha da “frase que fica no ouvido” sem outro objetivo que não seja distor-
lamento Europeu de medicamentos veterinários, já em vigor, existe uma situação que nos preocupa pelo impacto que pode ter na saúde animal. Contudo temos fundamentadas esperanças que a Tutela tenha em consideração os alertas e as propostas feitos pelos vários Parceiros do setor, incluindo as suas organizações como a APIFVET e a IACA até aos produtores pecuários e incluindo o canal da distribuição.
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2 – Apoio à autonomia alimentar na Europa, claramente demonstrada nesta crise causada pela situação de conflito na Ucrânia. Não está em causa nesta avaliação os enormes problemas que muitas outras geografias
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O ST Control - Alimento Complementar Mineral tem na sua composição um conjunto de substâncias que minimizam, de forma muito efetiva, os efeitos negativos causados pelo stress térmico.
mundiais estão a passar pela mesma razão. O foco na Europa é aqui justificado pela opção de abordar um conceito estratégico da União Europeia. –A população da Europa depende dos agricultores e produtores pecuários para garantir um abastecimento seguro de alimentos saudáveis. Nesse sentido é importante que a cadeia agroalimentar seja apoiada por políticas que garantam a viabilidade de explorações agrícolas sustentáveis em termos de boas práticas de produção. A indús-
PRINCIPAIS EFEITOS: › Maior ingestão de alimento › Equilíbrio eletrolítico › Menor desidratação › Menor queda na produção de leite e recuperação mais rápida do nível produtivo › Melhora a qualidade do leite › Diminuição na incidência de problemas metabólicos nomeadamente de acidoses e cetoses › Forte proteção hepática › Forte proteção imunitária
Intervalo de ITH*
Dosagem
com produtores agropecuários e médicos
>= 70
100g vaca/dia
veterinários entre outros profissionais de
>= 74
150g vaca/dia
>= 80
200g vaca/dia
>= 85
250g vaca/dia
tria farmacêutica de saúde animal trabalha
› Melhora a digestão ruminal e intestinal
saúde para desenvolver serviços e produtos avançados que permitam uma atenção mais
*ITH: Indíce de Temperatura/Humidade.
direcionada aos animais, e medicamentos mais precisos e eficazes para manter os animais de produção bem como os animais de companhia saudáveis. Uma política europeia de autonomia alimentar tem sido repetidamente referida pela IACA, subscrevendo a APIFVET integralmente as posições desta Associação.
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A LI ME N TAÇÃO A NI M A L
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL TEMA DE CAPA
cer a realidade. Nunca é fácil combater a
mas cabe ao Governo a liderança num projeto
empresas vão encontrando barreiras reais à
desinformação, mas não devemos desistir
desta magnitude, embora reconhecendo que
inovação, independentemente de esforços em
desse combate.
estando estes triângulos – Saúde Humana,
apostar em incentivos à inovação em projetos
Saúde Animal e Ambiente – repartidos entre
legislativos. Alguns debates enviesados sócio-
diferentes Ministérios, apenas uma “task
-políticos envolvendo situações específicas e
force” com competência específica poderá
certos processos regulamentares e elevada
articular conhecimento e recursos para que
carga administrativa assim como uma visão
este objetivo essencial seja atingido.
restritiva da própria legislação algumas vezes
A APIFVET está disponível para colaborar numa campanha de informação que faça chegar à opinião pública informação responsável e devidamente fundamentada. 4 – Facilitar aos produtores pecuários e agri-
além da própria intenção do legislado, podem
cultores o acesso a novas tecnologias que
Inovação em saúde animal
permitam a prevenção e deteção precoce
A saúde animal moderna, como agora a reco-
esquecendo que todo processo de introdu-
de doenças ou de pragas que as alterações
nhecemos, começou em 1761 com a fundação
ção de um novo fármaco no mercado é caro
climáticas cada vez mais propiciam.
da primeira escola de medicina veterinária do
e longo no tempo até se conseguir obter um
mundo em Lyon. Desde então, a indústria far-
produto de qualidade, seguro e eficaz que
macêutica de saúde animal tem sido respon-
possa ser submetido e aprovado pelas auto-
sável por um fluxo constante de inovação. As
ridades europeias e/ou nacionais.
primeiras vacinas contra o antraz e a raiva
A indústria farmacêutica também contribui
foram desenvolvidas no final do século XIX,
para vários programas globais de pesquisa
com proteção contra outras doenças comuns,
e desenvolvimento. É um colaborador do
como a febre aftosa e a brucelose, no início
STAR-IDAZ, as Alianças Estratégicas globais
da década de 1930.
para a Coordenação de Pesquisa sobre as
Outros avanços na saúde animal incluem vaci-
Principais Doenças Infeciosas de Animais e
nas cada vez mais tecnologicamente avan-
Zoonoses. Este é um consórcio dedicado a
çadas, e também grandes avanços em áreas
fortalecer os vínculos na pesquisa global para
como a dor durante muito tempo não reconhe-
maximizar o impacto dos esforços globais de
cida nos animais, além de desenvolvimento em
pesquisa em doenças infeciosas de animais
outras áreas como anestesia e oncologia sem
de alta prioridade, incluindo zoonoses. Tam-
esquecer áreas mais específicas dos animais
bém está a identificar e preencher lacunas de
de companhia com medicamentos veterinários
pesquisa em mais de 30 doenças específicas
a nível dos avanços nas áreas da medicina
e emergentes por meio do desenvolvimento
humana. Novas tecnologias para vacinas como
de vacinas, diagnósticos e tratamentos.
DNA, mRNA e DIVA criaram novas maneiras
É através deste foco e compromisso em ino-
de expandir as vacinas existentes para mais
vação quer na produção de produtos quer na
regiões e mais espécies animais.
pesquisa de doenças que a indústria farmacêu-
É também importante dizer que a Indústria
tica de saúde animal, quer investir, investigar
farmacêutica de saúde animal é hoje em dia
e desenvolver como a sua contribuição para
muito mais do que “apenas” medicamentos.
o projeto Uma Só Saúde. A nível nacional, a
Além da tecnologia de forma direta, também os medicamentos veterinários são desenvolvidos de forma a que a inovação contribua para uma melhor e mais racional utilização. No entanto, qualquer que seja a tecnologia, convencional ou mais avançada, uma parte importante da resposta de prevenção são as vacinas. Usada adequadamente, a vacinação pode impedir que os animais contraiam uma doença ou retardar a sua transmissão, evitando que ela se espalhe para uma população mais ampla. A inoculação contra as principais doenças é cada vez mais a norma para evitar o abate em massa de animais. Além disso, as vacinas são uma defesa vital de primeira linha em doenças emergentes, pois o aquecimento global, a migração em massa e o aumento do comércio global trazem novas ameaças potenciais à Europa. Os fabricantes de vacinas trabalham em estreita colaboração com as autoridades para lhes permitir uma resposta tão rápida quanto possível a novas estirpes ou novas
dificultar o investimento em investigação, não
O tratamento é apenas parte da solução
APIFVET, assume esse compromisso e dis-
doenças.
numa abordagem completa do animal e das
ponibilidade de participação no projeto com
A pandemia do COVID-19 acabou por ser um
suas características. A Indústria tem vindo a
entidades da esfera governamental, Acade-
excelente exemplo de como a investigação
inovar na forma de ferramentas digitais que
mias, organizações representativas do setor
farmacêutica é uma arma fundamental na
podem analisar dados e amostras biológicas
como a IACA, outros parceiros de atividade,
prevenção e tratamento de zoonoses.
estão agora a ajudar os Médicos Veterinários
Profissionais de Saúde e suas organizações,
A interligação, homem, animal, ambiente é,
e produtores pecuários a prevenir ameaças à
para uma abordagem séria e estratégica que
pois, fundamenta nos planos de desenvol-
saúde ou diagnosticar uma doença específica
permita desenhar planos de ação exequíveis.
vimento estratégicos a nível nacional, regio-
em um animal individual. Este é um passo
O melhor combate à desinformação obtém-se
nal, global. Em Portugal, este Projeto – Uma
importante para uma tomada de decisão
pela evidência da ciência e pela capacidade de
Só Saúde – já tem alguns anos de debate
melhor e mais precoce para um cuidado ani-
o demonstrar de forma clara e fundamentada.
do conceito, de algum trabalho realizado,
mal mais holístico.
A capacidade de comunicar de forma transpa-
mas não parece ter ainda atingido o nível de
A indústria farmacêutica de saúde animal con-
rente, séria e credível, é o melhor serviço que
prioridade política que permita dar o “salto
tinua empenhada em investir em pesquisa e
podemos prestar à comunidade. Que afinal
em frente” de forma consolidada. Isso não
atualmente as empresas na Europa investem
somos todos nós, os habitantes do planeta
invalida de forma alguma os esforços que os
em média 8% da sua faturação em Investiga-
Terra que queremos viver num mundo susten-
vários “stakeholders” fazem nesse sentido,
ção e Desenvolvimento. No entanto, muitas
tável e com qualidade de vida.
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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
A LI ME N TAÇÃO A NI M A L
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL TEMA DE CAPA
AVALIAÇÃO DE CONTAMINAÇÕES CRUZADAS DE SUBSTÂNCIAS FARMACOLOGICAMENTE ATIVAS EM ALIMENTOS PARA ANIMAIS NÃO VISADOS EM PORTUGAL
Ana Cristina Monteiro Gestora de Ciência FeedInov Colab.
Enquadramento legal
Introdução
A publicação, a 11 de dezembro de 2018, do Regu-
A produção animal ocupa um lugar de destaque na
lamento (UE) 2019/4 do Parlamento Europeu e
agricultura da União Europeia e as regras relativas
do Conselho relativo ao fabrico, à colocação no
aos alimentos medicamentosos para animais, têm
mercado e à utilização de alimentos medicamen-
uma influência significativa na manutenção e cria-
tosos para animais, que altera o Regulamento (CE)
ção de animais, incluindo animais não produtores
nº 183/2005 do Parlamento Europeu e do Conse-
de géneros alimentícios, bem como na produção
lho e revoga a Diretiva 90/167/CEE do Conselho,
de produtos de origem animal.
veio estabelecer medidas adicionais para reforçar
A procura de um elevado nível de proteção da
a eficácia do funcionamento do mercado interno
saúde humana é um dos objetivos fundamentais
e explicitamente dar e melhorar a possibilidade
do direito alimentar da União, conforme definido
de tratar animais produtores e não produtores
no Regulamento (CE) nº 178/2002 do Parlamento
de géneros alimentícios com alimentos medica-
Europeu e do Conselho, e os princípios gerais esta-
mentosos para animais, assim como tornar mais
belecidos neste regulamento deverão ser aplicáveis
claras algumas das especificações já constantes
à colocação no mercado e à utilização de alimen-
na Diretiva 90/167/CEE.
tos para animais, sem prejuízo de legislação mais
No seu artigo 7º, pontos 2 e 3, o Regulamento refere que a Comissão fica habilitada a adotar atos delegados nos termos do artigo 20º, a fim de completar o Regulamento no que respeita ao estabelecimento de níveis máximos específicos de contaminação cruzada por substâncias ativas em alimentos para animais não visados, a menos que esses níveis já tenham sido estabelecidos em conformidade com a Diretiva 2002/32/CE. Os referidos atos delegados podem igualmente
direito da União no domínio alimentar. A alteração da legislação relativamente ao fabrico e colocação no mercado de alimentos medicamentosos induziu a necessidade de preparar a indústria de alimentos compostos para animais, que fabrica alimentos medicamentosos, para as alterações legislativas decorrentes da entrada em vigor do Regulamento (UE) 2019/4. Para tal, o FeedInov elaborou um estudo com o
de substâncias ativas nos alimentos para ani-
objetivo de, por um lado, obter dados que permi-
mais. No que diz respeito aos níveis máximos de
tam contribuir para o estabelecimento de níveis
contaminação cruzada, os atos delegados devem
máximos específicos de contaminação cruzada por
basear-se numa avaliação científica dos riscos
substâncias farmacologicamente ativas em alimen-
efetuada pela EFSA. No ponto 5 do artigo 7º,
tos para animais não visados e, por outro, perceber
o Regulamento refere ainda que enquanto não
qual a situação real das fábricas nacionais dada a
forem estabelecidos níveis máximos de contami-
ausência de informação sistematizada sobre esta
3, os Estados-Membros podem aplicar os níveis máximos nacionais de contaminação cruzada. A nível nacional estes limites máximos não foram
ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
saúde animal constitui um dos objetivos gerais do
estabelecer métodos de análise para a deteção
nação cruzada, em conformidade com os nºs 2 e
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específica da União. Além disso, a proteção da
matéria. O objetivo será também avaliar medidas de mitigação das possíveis contaminações cruzadas em alimentos para animais não visados.
legalmente definidos, o que significa na prática
Metodologia
que o limite máximo é zero, isto é, não podem
O estudo teve a participação de 5 fábricas de
existir resíduos de substâncias ativas em alimen-
alimentos compostos para animais que fabricam
tos para animais não visados.
habitualmente alimentos medicamentosos. Sele-
cionaram-se oito substâncias farmacologi-
As amostras foram analisadas num labora-
camente ativas (clorotetraciclina, oxitetra-
tório acreditado para o efeito e os métodos
ciclina, amoxicilina, doxiciclina, lincomicina,
de análise considerados para cada substân-
tiamulina, tilosina e colistina) devido à sua
cia ativa encontram-se no Quadro I. Importa
maior utilização através do alimento medi-
referir que a escolha do método de análise
camentoso, durante o processo de fabrico,
prendeu-se com o nível de deteção, assim
de forma a avaliar e definir níveis aceitá-
como com a precisão do método.
veis, salvaguardando a saúde e bem-estar animal, e garantindo a viabilidade da sua implementação prática. A recolha das amostras foi efetuada em alimentos para animais não visados produzidos imediatamente a seguir aos alimentos medicamentosos (sem qualquer limpeza do circuito de produção), sendo as substâncias ativas analisadas as utilizadas nos alimentos
Amostras elementares recolhidas (10)
tos diferentes, o que por vezes implicou uma adaptação na recolha das amostras. A colaboração dos técnicos das referidas fábricas permitiu um esforço adicional, para que a recolha fosse o mais precisa possível e de acordo com o protocolo de recolha previamente definido.
Substância ativa clorotetraciclina oxitetraciclina doxiciclina amoxicilina tiamulina tilosina lincomicina colistina
Limite de deteção 0,05 mg/kg 0,05 mg/kg 0,05 mg/kg 0,04 mg/kg 2 mg/kg 0,02 mg/kg 0,1 mg/kg 2 mg/kg
Método de análise HPLC-MS HPLC-MS HPLC-MS HPLC-MS HPLC-UV/VIS HPLC-MS HPLC-MS HPLC
Quadro I – Limite de deteção e método de análise aplicada a cada substância ativa considerada.
medicamentosos produzidos previamente. A recolha de amostras foi efetuada, sempre que possível, durante a descarga da misturadora. No total recolheram-se 10 amostras elementares (AE) por alimento. Das 10 amostras elementares recolhidas formaram-se 3 amostras globais (AG) com as seguintes caraterísticas: AG1 = AE1 + AE2 AG2 = AE3 + AE4 + AE5 + AE6 + AE7 + AE8 AG3 = AE9 + AE10 As três amostras globais foram analisadas separadamente para todas as substâncias ativas e de todas as fábricas participantes. O cálculo do nível de contaminação cruzada (NCC) foi efetuado tendo em conta o contributo de cada uma das amostras elementares para as três amostras globais, de acordo com a seguinte fórmula: NCC = Importa referir que as diferentes fábricas têm estruturas diferentes, com equipamen-
Recolha de amostras na fábrica
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL TEMA DE CAPA
Análise e Discussão dos Resultados
ção de medidas de mitigação das mesmas,
nação cruzada fora dos limites internos
que as substâncias ativas têm caraterísticas
estabelecidos (os quais devem ser sempre
O nível de contaminação cruzada foi cal-
diferentes, o que foi indicativo neste tra-
inferiores aos limites máximos legais);
balho, nomeadamente o facto de algumas
culado de duas formas, em valor absoluto ou em função do nível de incorporação da substância ativa. Da análise dos resultados foi possível verificar que a tilosina e a colistina foram as substâncias para as quais os níveis de con-
serem mais propensas a criarem situações de contaminação cruzada. No caso destas substâncias é necessária a implementação de medidas adicionais para limitar a ocorrência de possíveis
• Programar o fabrico dos alimentos medicamentosos para o mesmo dia, facilitando desta forma que seja realizada apenas uma limpeza após o ciclo de produção dos mesmos;
contaminações cruzadas em alimentos
• A sequência de fabrico dos alimentos deve
para animais não alvo. O controlo de subs-
esclarecer que no caso da colistina esta
ter em conta a quantidade de substância
tâncias farmacologicamente ativas é um
substância não foi detetada, visto que, as
ativa a incorporar (da menor para a maior),
processo difícil de concretizar, não só
concentrações potencialmente presentes no
as caraterísticas da substância ativa (p.
devido à sua execução prática, mas prin-
alimento se encontravam abaixo do limite de
ex. propriedades eletrostáticas e força
cipalmente devido aos vários fatores que
deteção do método.
de adesão), as espécies e/ou categorias
interferem no processo.
animais de destino (das mais sensíveis
taminação cruzada foram menores. Acresce
As substâncias para as quais de uma forma
para as menos sensíveis);
zada foram mais elevados ou cujos resul-
Recomendações de mitigação de contaminações cruzadas
• Evitar produzir alimentos compostos para
tados foram mais variáveis entre fábricas
Os resultados observados decorrentes da
cios em fase de acabamento ou produto-
amostragem das 5 fábricas nacionais permi-
res de leite e ovos, após o fabrico de um
tem verificar que existe de facto um nível de
alimento medicamentoso;
transversal os níveis de contaminação cru-
foram a oxitetraciclina e a tiamulina, respetivamente. A oxitetraciclina foi substância ativa que mais beneficiou com o cálculo com base no teor de incorporação da mesma no alimento medicamentoso, visto que o nível de contaminação cruzada absoluto de 9,0 mg apenas corresponde a 2,26 % do nível de incorporação da substância no alimento medicamentoso. Este facto importa no sentido em que a definição dos limites legais, percentual ou em quantidade absoluta da substância ativa, poderia, neste caso, diferenciar entre o alimento estar conforme ou
animais produtores de géneros alimentí-
contaminação cruzada, com algumas substâncias farmacologicamente ativas utilizadas no
• Optar por moléculas com menor proba-
alimento medicamentoso, do alimento para
bilidade de originarem contaminações
espécies não visadas produzido imediata-
cruzadas, nomeadamente revestidas;
mente a seguir. • Identificar os pontos críticos de controlo Por forma a diminuir o risco da produção
e monitorizá-los mais frequentemente,
de alimentos não conformes, existem pro-
privilegiando a limpeza dos equipamentos
cedimentos que poderão ser implementados
que representem maior risco de contami-
pelas fábricas após o fabrico de um alimento
nação cruzada.
medicamentoso, nomeadamente: • Limpeza do circuito de produção;
não conforme com a legislação em vigor,
Estas são apenas algumas sugestões práticas que permitem um melhor controlo de contaminações cruzadas, não sendo exaus-
caso as autoridades nacionais assumam
• Respeitar o princípio ALARA (As Low As
tivas. Cada fábrica tem particularidades que
para as substâncias farmacologicamente
Reasonably Achievable) no processo pro-
devem ser tidas em conta quando se planeia
ativas, os mesmo limites que estão esta-
dutivo;
um teste de contaminações cruzadas.
belecidos para os coccidiostáticos e histomonostáticos, ou seja, o valor limite
• Produção subsequente ao alimento medi-
O “Manual de Procedimentos Homogenei-
máximo de transferência inevitável para
camentoso de um alimento para espécies
dade e Contaminação Cruzada no Fabrico
o alimento para animais não visados de
não visadas não sensíveis (diminui a pro-
de Alimentos para Animais Linhas de Orien-
babilidade de causar problemas de saúde
tação para Avaliação e Gestão” da DGAV,
espécies não sensíveis.
e bem-estar animal, não alterando, no
disponível em: Manual-de-Procedimentos-Li-
entanto, a possibilidade de não confor-
nhas-de-Orientacao-Homogeneidade-e-Con-
Os resultados das duas formas de cálculo
midade com a legislação em vigor);
taminacao-Cruzada-no-Fabrico-de-Alimen-
1% para espécies sensíveis e de 3% para
permitem, no entanto, concluir que em ambas
tos-para-Animais-.pdf (dgav.pt), tem mais
as situações, existe contaminação cruzada do
• Realização com frequência de testes de
informações sobre este assunto que poderão
alimento com tiamulina e doxiciclina. Deve
contaminação cruzada, principalmente
ser úteis na elaboração e desenvolvimento
ser considerado, no delineamento dos testes
de substâncias que apresentam maior
de testes de contaminações cruzadas nas
de contaminação cruzada e na implementa-
predisposição para originar uma contami-
fábricas.
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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL NORMALIZAÇÃO - CT37
A NORMALIZAÇÃO EM PORTUGAL – O PAPEL DA COMISSÃO TÉCNICA 37
Rita Galvão Gonçalves Assessora Técnica da IACA
A Normalização é um processo que consiste, de um modo particular, na elaboração, edição e implementação de normas, i.e., de documentos técnicos de aplicação voluntária – salvo se existe um diploma legal que as torne de cumprimento obrigatório – , e que são resultantes de um consenso entre as partes interessadas. Trata-se de uma atividade desenvolvida por organismos internacionais, regionais e nacionais de Normalização, e que apresenta diversas vantagens. Por um lado, ao estabelecer disposições para uma utilização comum e repetida, permite uma compatibilidade entre produtos e garante uma adequada qualidade de bens e serviços. Por outro lado, facilita a entrada em novos mercados e salvaguarda o interesse nacional junto de organizações internacionais, demonstrando, perante terceiros, a forma rigorosa e transparente de como se desenvolve a atividade de Normalização. Pese embora possa ser impercetível para o cidadão, a verdade é que as normas contribuem e influenciam muitos aspetos da vida diária, nomeadamente, no aumento dos níveis de qualidade, segurança, eficiência e interoperabilidade, com um custo mais económico. De facto, o processo de Normalização contribui para a concretização dos 17 objetivos para o Desenvolvimento Sustentável delineados pelas Nações Unidas e que deverão ser alcançados até 2030.
• Efetividade e relevância para que as normas produzam e garantam o impacto desejado na sociedade e na economia; e, por fim, • Coerência do sistema para os utilizadores das normas. No caso de Portugal, o Organismo Nacional de Normalização (ONN) é o Instituto Português da Qualidade (IPQ), o qual estabelece as Regras e Procedimentos para a Normalização Portuguesa (RPNP) que regulam esta atividade e compreendem os procedimentos, orientações, direitos e deveres de todas as entidades e pessoas que intervêm na atividade normativa em Portugal. Existem, também, Organismos de Normalização Internacionais, nos quais podem participar todos os organismos de Normalização nacionais existentes no Mundo, como é o caso da International Organization for Standardization (ISO), assim como Organismos de Normalização Regionais, reconhecidos por cada país situados numa mesma área geográfica, política ou económica, como é o caso do Comité Européen de Normalisation (CEN). Na qualidade de ONN, o IPQ reconhece os Organismos de Normalização Setorial (ONS) públicos, privados ou mistos, que exercem atividades de normalização num determinado domínio de atividade e que coordenam Comissões Técnicas (CT), cujo trabalho técnico é o de elaboração de normas e nas quais estão representadas as partes interessadas sobre essa atividade que se está a normalizar. Atualmente, cabe ao IPQ a gestão do acervo normativo nacional, constituído por cerca de 28.533 normas – seja de génese nacional, versões portuguesas de normas europeias, normas europeias adotadas, ou versões portuguesas de normas internacionais – , e a coordenação de 178 CT, nas quais estão envolvidos mais de 3.800 peritos/vogais. Anualmente, o IPQ realiza cerca de 8.000 votações (dados do IPQ referentes a 30 de junho de 2019). Entidades Representadas
De uma forma geral, o sistema de Normalização baseia-se em seis princípios: • Transparência relativamente ao processo de desenvolvimento de normas e estrutura de normalização;
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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
ALIP CALSEG CATAA DGAV
• Abertura e paridade que promovam uma representatividade adequada e uma participação equilibrada de todas as partes interessadas;
EUROCEREAL
• Desenvolvimento sustentável que incentive o envolvimento e participação das partes menos representadas e que permita integrar no processo de normalização as expetativas e necessidades da sociedade na sua totalidade;
IACA
• Imparcialidade e consenso que garantam a existência de uma plataforma neutral para o desenvolvimento de normas;
SGS
FEEDINOV
IBEROL INIAV PERITOS
TNA
Objetivos da CT 37 Elaboração e aprovação de Normas Portuguesas (NP); Emissão de pareceres normativos (eg: caracterização de matérias-primas e determinação de contaminantes e aditivos); Participação na elaboração de normas de organismos internacionais ou regionais de normalização através de pareceres relativos a documentos técnicos; Participação, por intermédio dos seus vogais, em atividades relacionadas com o seu âmbito de trabalho quando solicitado pelo ONS.
O Papel da Comissão Técnica 37 A IACA é o ONS que coordena a CT 37, um órgão técnico constituído em 1972 e representado por entidades com representatividade suficiente ligadas ao setor da alimentação animal. A normalização na indústria dos alimentos para animais assume um papel determinante a nível analítico, principalmente em situações de disputa entre produtores e clientes, e entre produtores e as autoridades competentes. Apenas é possível garantir resultados analíticos comparáveis através de métodos e laboratórios acreditados, sendo para tal o controlo analítico no âmbito do Protocolo QUALIACA um bom exemplo. Nos últimos três anos, a CT 37 reuniu-se 12 vezes e teve como atividades a emissão de 96 pareceres/votos europeus e internacionais, assim como a preparação, finalização e revisão das provas de autor da versão nacional dos documentos (ver tabela na coluna da direita). Para o ano de 2022, está planeado trabalhar normas relacionadas com a determinação do teor de celulose bruta, do teor de cálcio, e do teor de proteína digestível. Efetivamente, o papel da CT 37 é de extrema importância. Por um lado, a polivalência dos membros que a constituem permite uma troca de conhecimentos, impressões e experiências. Por outro lado, o facto de a comissão ter acesso à metodologia atual na área, logo de antemão, permite acompanhar e seguir o que está a ser feito a nível Europeu e Mundial. A participação numa rede global possibilita que a CT 37 esteja permanentemente atualizada, o que, face aos desafios que temos
pela frente no horizonte 2030, constitui uma ferramenta relevante tendo em vista os objetivos de melhoria da eficiência, competitividade e desenvolvimento sustentável.
2019
2020
2021
NP ISO 13307:2019 NP ISO 20588:2020 Microbiologia de géneros Alimentos para animais – alimentícios e alimentos Vocabulário para animais – Técnicas de colheita de amostra NP ISO 5506:2019 Derivados de soja – Determinação da atividade ureásica
NP EN ISO 13906:2021 Alimentos para Animais – Determinação do teor em fibra bruta ácido detergente (AFD) e lenhina ácido detergente (ADL)
NP ISO 5985:2020 (com emenda) Alimentos para animais – Determinação do teor em cinza insolúvel em ácido clorídrico
NP 1785:2019 Alimentos para animais – Determinação do teor de açúcares NP 2027:2019 Alimentos para animais – Determinação do teor de lactose
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A LI ME N TAÇÃO A NI M A L
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO
LIMITAR A DEGRADAÇÃO DA PROTEÍNA NO RÚMEN. PORQUÊ?
Elisabete Carneiro Eng.ª Zootécnica, Gestora de Zona da ADM Portugal S.A.
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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
A eficiência produtiva e consequente rentabilidade,
tino delgado – proteína não degradada no rúmen.
é um dos pilares da produção de ruminantes. A
Limitar a degradação ruminal da proteína alimentar,
nutrição, nomeadamente a nutrição proteica, é um
permite que uma maior quantidade de aminoácidos
fator cuja monitorização se reveste de extrema
chegue ao intestino delgado, reduzindo o risco de
importância, pelo elevado impacto na produção, e
carência de aminoácidos essenciais aumentando
porque a sua variação dá origem a resultados dis-
assim a eficiência da nutrição proteica e alimentar.
tintos no desempenho do animal. Ela é essencial
Em determinados casos, as frações de proteína
para um ótimo crescimento e para a máxima pro-
microbiana e de proteína não degradada no rúmen
dução de leite. Da proteína exigida pelos ruminan-
são suficientes para atender às necessidades do
tes, uma é a proteína que é degradável no rúmen
animal. Mas em animais de elevada produção, a
e de cuja degradação resulta a disponibilização de
combinação destes aminoácidos não representa
amoníaco utilizado pela microflora ruminal para o
quantidade suficiente para suprir as exigen-
seu crescimento e multiplicação a que posterior-
tes necessidades do animal. Torna-se por isso
mente designamos de proteína microbiana. A outra,
essencial melhorar a quantidade de proteína que
é uma proteína bypass (proteína não degradável no
escapa a degradação ruminal de forma a aumen-
rúmen), que é posteriormente digerida e absorvida
tar a quantidade de aminoácidos disponíveis para
no intestino delgado.
absorção no intestino delgado sem, no entanto,
A compreensão da dinâmica de degradação ruminal
limitar a quantidade de azoto para a síntese
da proteína é essencial para se formular dietas com
microbiana no rúmen.
níveis adequados de proteína degradada no rúmen
Em nutrição de ruminantes tem-se como objetivo
(favorecendo a microflora ruminal) – e de proteína
fornecer o mínimo de proteína bruta na dieta,
não degradável no rúmen, promovendo uma dieta
mas, também fornecer a quantidade adequada de
e digestão mais eficiente e que otimiza o desem-
proteína degradável no rúmen de forma a obter a
penho produtivo e a saúde do animal.
máxima eficiência ruminal e consequentemente a
Embora se fale em necessidades proteicas, o rumi-
otimização da produção de proteína microbiana.
nante, na verdade, tem necessidades específicas em
A previsão e conhecimento da degradabilidade
determinados aminoácidos considerados limitantes,
da proteína no rúmen é uma informação básica
uma vez que caso não sejam fornecidos em quan-
necessária para otimizar os recursos alimentares
tidades suficientes na dieta, impedem a correta
utilizados na nutrição de ruminantes; uma previsão
síntese proteica do animal, mesmo quando sejam
e conhecimento precisos do perfil de degradação
alimentados com dietas de elevado teor proteico.
da proteína no rúmen é também essencial na redu-
Os aminoácidos são nutrientes necessários para
ção do custo alimentar, na redução do impacto
a manutenção, crescimento, reprodução, saúde e
ambiental e auxilia na garantia do bem-estar animal.
lactação; são utilizados como os diferentes ‘blocos
Importa referir também que, o desajuste entre a
de construção’ na síntese de proteína. Portanto,
degradação proteica no rúmen, e a disponibilidade
é indispensável fornecer a quantidade adequada
de energia à microbiota ruminal resulta, tal como
dos diferentes aminoácidos para que ocorram os
o fornecimento excessivo de ureia ou proteína
processos vitais e funções produtivas do animal.
bruta, no aumento dos valores de ureia sanguínea
Grande parte dos aminoácidos que são absorvidos
(e consequentemente do leite); tal, além de ser um
no intestino delgado, são provenientes da proteína
indicador de baixa eficiência alimentar, representa
microbiana sintetizada no rúmen a partir da proteína
uma agressão à homeostasia reprodutiva e produ-
degradada no rúmen. O amoníaco (NH3) é um dos
tiva e bem ainda um impacto ambiental negativo
produtos da fermentação ruminal e é o substrato
que traduz um desperdício de fontes proteicas e
que permite o crescimento microbiano. Os restantes
aumento da excreção de azoto para o ambiente.
aminoácidos absorvidos no intestino delgado que
Fontes proteicas de elevada degradabilidade,
representam uma menor proporção são fornecidos
quando digeridas pelo ruminante, resultam na
pela proteína bypass ou protegida que escapam à
produção de elevadas concentrações de amoníaco
degradação ruminal e que chegam intactos ao intes-
no rúmen; quando essa concentração ultrapassa o
limiar de utilização pela microbiota, é absorvido e terá de ser depois, excretado sob a forma de ureia. Neste processo o animal tem que gastar energia para que o fígado possa converter amoníaco em ureia, permitindo assim a excreção. De forma a aumentar a eficiência de utilização da proteína, as fontes proteicas devem ser protegidas da excessiva degradação ruminal, protegendo-se em simultâneo o animal dos efeitos tóxicos das elevadas concentrações sanguíneas de amoníaco e ureia que dela resultam. Diversos trabalhos de pesquisa demostram que a utilização de suplementos proteicos
tar, aos melhores resultados zootécnicos e inclusivamente à redução do nível de suplementação ou aporte proteico na dieta. Assim a questão a colocar será: Limitar a degradação da proteína no rúmen. Como? Entre os diversos processos estudados que permitem que a proteína escape à degradação ruminal, alguns aludem à limitação do crescimento da microflora ruminal (as bactérias são as principais responsáveis pela degradação proteolítica), sendo possível retardar a degradação da proteína no rúmen. Outros, referem o recurso a compos-
tos metálicos selecionados, estáveis e habitualmente disponíveis, e, outros mencionam também os extratos de plantas. Os extratos de plantas são principalmente compostos do metabolismo secundário que geralmente não são utilizados no processo metabólico, como taninos, terpenos, óleos essenciais, etc. A sinergia entre os diferentes processos e o conhecimento da degradabilidade da proteína da dieta permite otimizar a sincronização da degradação permitindo a mais eficiente utilização da proteína aportada pela dieta permitindo a redução do seu custo e do seu impacto ambiental.
bypass na alimentação de ruminantes, tem efeito positivo na produção. Esses suplementos proteicos são cada vez mais dispendiosos e aumentam o custo da dieta pelo que a avaliação do custo/benefício da sua utilização é fundamental na tomada de decisões do técnico nutricionista. Porém, por vezes, esta
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25/05/2022
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estratégia por si só não é suficiente para atingir os objetivos zootécnicos definidos. Existem algumas razões pelas quais isso poderá acontecer, a saber: • O acréscimo de uma fonte de proteína não degradável, pode alterar a degradabilidade da dieta até o ponto em que não haja disponível suficiente proteína degradável para a microflora ruminal; consequentemente a síntese de proteína microbiana diminui, o que se traduzirá numa redução do fluxo de proteína microbiana (aminoácidos) para o intestino delgado. • Algumas fontes de proteínas não degradáveis poderão ter sido severamente danificadas pelo calor durante o seu processamento tornando-as indigeríveis. A proteína não escapa apenas ao rúmen, mas, também, uma grande parte passa intacta por todo o trato gastrointestinal. • A suplementação de proteína bypass poderá não fornecer os aminoácidos necessários. Podem existir aminoácidos essenciais específicos a limitar (e por isso designados de limitantes) a produção e a síntese proteica, dependendo dos alimentos fornecidos. A otimização da utilização de proteína bypass e limitação da degradação da proteína no rúmen conduzem à maior eficiência alimenA LI ME N TAÇÃO A N I M A L
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO
COMBATER A RESISTÊNCIA AOS ANTIBIÓTICOS COM ALTA PERFORMANCE Tem havido uma pressão crescente sobre o setor
profissionais acreditam que as alternativas mais
pecuário para responder à crescente procura por
promissoras aos antimicrobianos são, em ordem
proteína animal e, ao mesmo tempo, reduzir o uso
de prioridade: Melhorias na biossegurança, mais e
de antibióticos.
melhor vacinação, uso de zinco, melhoria da quali-
O uso de antibióticos na produção animal tem implicações importantes não apenas na saúde e bem-estar animal, como também na segurança e no acesso aos alimentos a nível global, mas também para o comércio e acesso ao mercado de produtos pecuários. Nuno Marques Veterinário, Global Product Manager na DSM
A resistência é o problema
induzir resistência a antibióticos, razão pela qual o uso de zinco em dosagens farmacológicas (25003000 ppm) será proibido na Europa a partir de junho de 2022. Outros países podem seguir o exemplo. Melhor biossegurança Mais e melhores vacinas
ferramenta de controle das doenças em alguns
Óxido de Zinco
sistemas modernos de produção pecuária, o seu
Melhoria da qualidade das rações
resistência antimicrobiana (AMR), o que levanta sérias preocupações que precisam de ser abordadas em relação à saúde humana e animal. No campo, também há um número crescente de rela-
Mais diagnóstico Tabela 1. Veterinários de suínos europeus perspetivam alternativas | Fonte: Postma et al., 2015
tórios sobre falhas terapêuticas relacionadas com
Um conjunto de ferramentas holístico
níveis crescentes de resistência aos antibióticos.
Felizmente, a indústria tem um conjunto bem
Na maioria dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), o uso de antibióticos na produção animal está a diminuir, à medida que os sistemas tradicionais de produção pecuária evoluem e são adotadas medidas alternativas para o controle das doenças (OMS). Vários países europeus mostraram recentemente que reduções muito substanciais no uso de antibióticos podem ser alcançadas num curto período de tempo, sem efeitos negativos na saúde animal e na produção, desde que acompanhadas de melhores práticas de maneio e de biossegurança. O surgimento do comércio de carne proveniente de produções livres de antibióticos e rótulos como "No Antibiotics Ever" (NAE) pode ter levado a uma diminuição do uso e a uma queda da comercialização de antibióticos.
ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
vários estudos indicam que o uso de zinco pode
Embora os antibióticos sejam uma importante
uso inevitavelmente resulta em seleção para a
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dade das rações e mais diagnóstico. No entanto,
conhecido de ferramentas que se podem combinar para reduzir a necessidade do uso de antibióticos, nomeadamente biocidas para aplicação na água, adsorventes de micotoxinas, otimização das fórmulas dos alimentos, enzimas e aditivos de desempenho eubióticos/intestinais. A água é o nutriente mais importante e está envolvida em todos os processos fisiológicos de um animal. A água também é um meio que pode transportar infeções bacterianas, virais e protozoárias nas pecuárias. Infelizmente, a importância da qualidade da água é geralmente negligenciada. A qualidade da água é essencial para uma boa digestão, por isso as suas características físico-químicas devem ser medidas, controladas e melhoradas. As pecuárias envolvidas na redução de antibióticos precisam de dar mais ênfase no controle dos níveis das micotoxinas nos alimentos que se apro-
Num estudo recente, médicos veterinários euro-
ximem ou excedam os limites recomendados. As
peus envolvidos na produção de suínos foram
micotoxinas perturbam o equilíbrio da microbiota
questionados sobre quais as melhores alternati-
intestinal e assim desregulam as funções intesti-
vas aos antimicrobianos na suinicultura, conside-
nais e prejudicam a resposta imune local, o que
rando a eficácia esperada, viabilidade e retorno
pode resultar no uso excessivo de antibióticos na
do investimento. Os resultados indicaram que os
produção animal.
A LI ME N TAÇÃO A N I M A L
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO
Otimização da formulação
que os probióticos reduzem o risco de cer-
Um equívoco muito comum em torno da
tas doenças infeciosas, como certos tipos
redução de antibióticos é nos focarmos
de diarreia.
apenas no controle das doenças intes-
Isso pode ser acompanhado por uma neces-
tinais. Geralmente a atenção é enfocada
sidade reduzida de antibióticos contra infe-
nos patógenos. Este mal-entendido vem
ções secundárias. Os probióticos são especi-
de experiências que indicam que esses são os principais problemas de saúde observados quando qualquer programa de redução de antibióticos é implementado. No entanto, a realidade é que estes são as consequências e não as causas do problema principal. Nutrientes em excesso, especialmente proteínas e gordura, que não são bem digeridos e absorvidos fazem aumentar a proliferação microbiana no intestino. A digestibilidade ideal pode ser alcançada e mantida quando não há muitos nutrientes na dieta. Isso pode ajudar a controlar todos os patógenos e as doenças que eles geram. Portanto, a alimentação por fases ou o aumento das fases da dieta aumentam a precisão da formulação da ração, de acordo com as necessidades do animal.
ficamente selecionados para não contribuir Figura 1: Efeitos antimicrobianos dos ácidos orgânicos.
atravessar a membrana celular de bactérias gram-negativas, como Salmonella e E. coli (Figura 1). Uma vez dentro da célula, o pH intracelular, mais alto, faz com que o ácido se dissocie, libertando os iões de hidrogénio, o que consequentemente diminui o pH intracelular. O metabolismo bacteriano é dependente da atividade enzimática, que é diminuída no pH mais baixo. Para restabelecer o equilíbrio, a célula é forçada a usar energia para bombear os iões de hidrogénio através da membrana para restaurar o pH citoplasmático normal. A exposição a um ácido orgânico pode causar a morte das bactérias.
Reversão da resistência O uso global de antibióticos na produção animal continua a enfrentar maior escrutínio e uma mudança bem-sucedida para alternativas está em andamento em muitos lugares. Concluiu-se que a resistência e tolerância aos antibióticos nas bactérias são consequências evolutivas naturais e, num futuro previsível, o uso prudente de antibióticos é a melhor e mais rápida forma de limitar o crescimento da resistência antimicrobiana. Hoje temos o conhecimento e as ferramentas corretas para reduzir substancialmente o uso de antibióticos na produção animal, sem impacto negativo na produção e na saúde e bem-estar animal.
menta para controlar a proliferação de amplamente adotadas devido ao impacto
bióticos.
Os ácidos orgânicos não dissociados podem
As enzimas são a segunda melhor ferrabactérias nos intestinos. Elas têm sido
para a disseminação da resistência aos anti-
Fitogénicos & probióticos
Essa redução também resultará na diminui-
Uma categoria de fitogénicos, os óleos
ção e, eventualmente, na reversão da resis-
na redução dos custos na formulação e
essenciais, são misturas de compostos fito-
tência aos antibióticos, o que trará benefícios
na melhoria da produtividade. As enzimas
químicos com propriedades antimicrobia-
adicionais para a saúde e produção animal,
literalmente cortam compostos maiores em
nas, como carvacrol, timol, cinamaldeído,
bem como para a saúde humana, segurança
pedaços menores. Estes compostos simples
entre outros.
alimentar global e numa garantia de que con-
são então absorvidos para serem utilizados pelo animal para fins de manutenção e produção, evitando assim o excesso de nutrientes no intestino posterior, que causam a proliferação microbiana.
Óleos essenciais como o cinamaldeído podem atuar como um inibidor do Quorum Sensing (QS), também conhecido como comunicação bacteriana célula a célula. É um mecanismo pelo qual as bactérias podem controlar a expressão genética em
Ácidos orgânicos Os ácidos orgânicos, como os ácidos fórmico, propiónico, acético e benzoico, são bacteriostáticos e bactericidas. Quando na forma dissociada, atuam como bacteriostáticos, os ácidos dissociados podem baixar o pH criando um ambiente hostil para as bac-
resposta à expansão da população. O QS é regulado por pequenas moléculas produzidas pelas bactérias que são chamadas de autoindutores. Quando um determinado nível é atingido, uma proteína ativadora da transcrição é acionada e a expressão de genes relevantes, como os necessários
térias e desempenham um papel importante
para a virulência, é ativada.
na prevenção das bactérias Gram-negativas
Os probióticos são microrganismos vivos,
de invadir e proliferar ao longo do trato gas-
principalmente pertencentes aos géneros
trointestinal, também criam condições exce-
Lactobacillus e Bifidobacterium que têm
lentes para o crescimento de lactobacilos e
efeito benéfico sobre o hospedeiro. Do ponto
outras bactérias benéficas.
de vista do uso de antibióticos, observou-se
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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
tinuaremos a produzir proteína animal de uma forma sustentável.
A LI ME N TAÇÃO A N I M A L
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO
A UTILIZAÇÃO DE NÍVEIS MAIS ELEVADOS DE FITASE PARA REDUZIR A INCLUSÃO DIETÉTICA DE FOSFATOS INORGÂNICOS
Diego Parra Gerente Técnico – EMEA
A preocupação mundial com a sustentabilidade levou
de nutrientes, a formulação deverá ser revista para
muitos países a legislarem para reduzir a poluição
assegurar que está disponível substrato suficiente
de fósforo (P) e azoto. A utilização de fitase micro-
para a libertação desejada dos nutrientes.
biana em alimentos para animais poderá reduzir
O fitato é mal digerido pelos animais monogástri-
significativamente a concentração de P no estrume
cos, sendo por isso que se introduziu a fitase. Sem a
através da libertação de P do fitato armazenado em
utilização da fitase, os regimes alimentares típicos
matérias-primas, reduzindo assim o requisito de
precisariam de ser suplementados com quantida-
suplementação de fosfato inorgânico em regimes
des substanciais (16 kg–8 kg) de fosfato mineral,
alimentares para animais. O P libertado a partir da
fosfato monocálcico ou fosfato dicálcico (MCP ou
degradação de fitato pela fitase pode ser utilizado
DCP), dependendo da fase e da espécie. Sabe-se
para satisfazer os requisitos dos animais e reduzir
que o fitato, presente em todos os alimentos para
o teor fosforoso inorgânico no estrume.
animais de origem vegetal, se liga a proteínas e
O fósforo desempenha uma função essencial no
minerais no regime alimentar, reduzindo a digesti-
metabolismo celular, como parte do sistema ener-
bilidade e a utilização de nutrientes importantes.
gético (ATP) da célula, nos mecanismos regulado-
A enzima fitase hidrolisa ácido fítico, libertando
res celulares e na mineralização óssea. Através do
P e eliminando a sua capacidade de quelação de
respetivo envolvimento nesses processos metabó-
metais, bem como melhorando o valor nutricional
licos e estruturais, o P é essencial para os animais
das matérias-primas (Imagem 1). A utilização de
alcançarem o seu potencial genético ótimo no
fitase permite a reformulação, não só reduzindo
crescimento e na eficiência alimentar, bem como
a quantidade necessária de fosfato mineral, mas
no desenvolvimento esquelético. Devido à função
também ajudando a diminuir a inclusão de mate-
crucial do P no desenvolvimento ósseo e na mine-
riais proteicos, devido ao impacto da fitase (espe-
ralização óssea, a necessidade deste mineral é mais
cialmente em doses elevadas) na digestibilidade/
elevada em animais jovens em fase de crescimento.
disponibilidade de aminoácidos. Vários estudos
Nos regimes alimentares de animais não ruminan-
indicaram que o fitato aumenta a excreção de ami-
tes, como frangos de carne, o problema associado
noácidos endógenos, enquanto a utilização de fitase
à nutrição com P é como disponibilizar melhor ao
reduz os fluxos no íleo de minerais e aminoácidos
animal o P existente no regime.
endógenos em frangos de carne.
Os regimes alimentares para aves de capoeira e suínos são, na sua maioria, principalmente compostos por ingredientes de origem vegetal. Nas plantas, o P está presente sob diferentes formas, por exemplo, ligado a moléculas orgânicas, tais como fosfolípidos e proteínas, mas, na sua maioria, está presente como parte de fósforo fítico, que constitui cerca de 0,18% a 0,25% nos cereais mais comuns.
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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
Imagem 1. Nutrientes que podem ser libertados a partir da decomposição de moléculas de fitato.
Os níveis de fitato variam nos ingredientes de ali-
Os nossos resultados mostram que a fitase deve ser
mentos para animais e, subsequentemente, nos pró-
um aditivo obrigatório em alimentos para animais. A
prios alimentos, sendo portanto essencial analisar
utilização de fitase como suplemento de alimentos
a composição de fitato dos mesmos, possibilitando
para animais demonstrou ser eficaz na mitigação dos
assim uma utilização de fitase ótima para concre-
efeitos negativos do fitato nos regimes alimenta-
tizar poupanças fiáveis nos custos com alimentos
res para animais de pecuária e permite melhorar a
para animais. Portanto, os fornecedores de fitase
ingestão dos alimentos e o peso corporal.
deverão conseguir ajudar na determinação dos níveis
Com fitato dietético suficiente, pode-se aplicar uma
de fosfato fítico em matérias-primas e regimes ali-
matriz para P que reduziria os níveis de fosfatos
mentares. Depois, com base nos dados da análise
inorgânicos no regime alimentar. Efetivamente, com
Evolução do preço de DCP (junho de 2021 a junho de 2022)
Euros por tonelada
€ 1 500
Gráfico 1. Teor de fitato das principais matérias-primas utilizadas na formulação de alimentos para animais (dados internos da AB Vista).
doses mais elevadas de fitases mais eficazes, pode-se substituir mais
€ 1 300 € 1 100 € 900 € 700 € 500
2
22
-2
n-
ay M
Ju
2
2
-2
r-2
ar
Ap
M
Ja n22 Fe b22
De c-2 1
t-2 1 No v21
21 p-
Oc
Se
1
21 gAu
l-2
nJu
Ju
21
€ 300
P inorgânico pela libertação de fitase. A quantidade de P inorgânico
Gráfico 3. Evolução do preço de fosfato dicálcico (DCP) no ano passado (2021–2022).
removida da formulação dietética dependerá do teor dietético de
aplicar uma matriz completa, à base de minerais, energia e aminoá-
fitato, da dosagem e do tipo de fitase a utilizar, bem como dos valo-
cidos, em vez de apenas valores de minerais (Gráfico 4). Todas essas
res da matriz nutricional aplicados.
recomendações são comprovadas por ensaios de validação e bons
O Gráfico 2 indica níveis exemplificativos de MCP num regime ali-
conhecimentos subjacentes aos produtos, o que torna as matrizes
mentar inicial para frangos de carne, baseado em farinha de trigo/
propostas robustas e aptas para serem utilizadas com segurança.
soja (Regime 1) ou farinha de milho/soja (Regime 2). Em alimentos de
As recomendações para esses níveis mais elevados basearam-se
crescimento e acabamento para animais, será tipicamente possível
num conjunto de dados de holo-análise com a inclusão de limites de
remover todo o fosfato inorgânico da fórmula.
confiança, o que proporcionou margens de segurança adicionais para libertações de nutrientes. Os dados obtidos utilizando fitase Quan-
kg de fosfato/t
kg de MCP em alimento para frangos de carne por tonelada tratada, dependendo da dosagem de fitase 20 15
tum Blue (AB Vista) corroboram a utilização de doses mais elevadas de fitase (1000 a 2000 FTU/kg). Esses dados sugerem que ocorre
16,6
14,6
10 4,9
5
6,9 3,7
uma maior degradação de fitato, com a remoção das propriedades
5,7 2,7
4,7 1,4
3,4
0 0
500
750
1000
1500
0,2
2,5
antinutrientes e também a libertação de mais P.
2000
Poupanças de custos por tonelada de alimentos para animais devido à aplicação de diferentes matrizes (mineral e completa) e dosagens de fitase
FTU/kg Diet 2
Gráfico 2. Exercício sobre alimento inicial para animais que mostra a quantidade de MCP, em quilogramas (kg) por tonelada tratada, que deve ser utilizada em diferentes regimes alimentares, dependendo da dosagem de fitase aplicada.
As diferentes fitases podem ter eficácias diferentes, não só ao comparar produtos no nível normalizado, mas também quanto ao impacto do aumento do nível da dose na libertação de P. O último fator depende da eficácia da fitase em termos de encontrar as moléculas de fitato derradeiras, bem como da respetiva capacidade de libertar P a partir de fitato parcialmente degradado, como IP4 e IP3.
Euros por tonelada de alimento para animais
Diet 1
€ 25,0
€ 23,1 € 18,8
€ 20,0 € 14,4
€ 15,0 € 10,0 € 5,0
€ 4,6
€ 7,4
€ 6,0
€500 Min.
1,000 Min.
2,000 Min.
500 Full
1,000 Full
2,000 Full
“Min.”: matriz de minerais (P, cálcio e sódio) “Full”: matriz nutricional máxima (P, cálcio, sódio, aminoácidos e energia)
Gráfico 4. Exercício sobre a utilização de diferentes dosagens e matrizes, mostrando as poupanças de custos no alimento final para animais.
O preço dos fosfatos destinados a alimentos para animais aumentou
Demonstrou-se que a resposta dos animais às fitases é logarítmica.
acentuadamente durante o último ano (Gráfico 3). Isso levou os nutri-
Portanto, à medida que os preços dos alimentos para animais sobem
cionistas a olharem para a possibilidade de utilizar enzimas fitase em
e, assim, também sobe o valor do aumento de produtividade dos ani-
concentrações mais elevadas (de 1000 a 2000 FTU/kg) do que as nor-
mais (como tem ocorrido em anos passados), um nível mais elevado
malmente utilizadas (500 a 1000 FTU/kg), com o objetivo de libertar
da dose de fitase é economicamente mais vantajoso. Contudo, como
mais P. Para além das matrizes de minerais habitualmente aplicadas (P,
a curva de resposta da dose não é linear, o formulador deve assegurar
cálcio e sódio), as empresas também começaram a adotar estratégias
que são atribuídos à fitase os valores de matriz adequados quando
que incluem valores de matriz adicionais no software de formulação,
a taxa de inclusão varia.
tais como energia e aminoácidos. Os preços de todas as matérias-pri-
A aplicação de uma dosagem mais elevada de fitase com a utilização
mas e artigos energéticos (eletricidade, gás, combustível) aumentaram
máxima dos valores da matriz de nutrientes é uma ferramenta nova
para além de níveis recorde, devido à atual situação político-económica.
e rentável nos regimes alimentares para aves de capoeira e suínos,
Uma das estratégias que a AB Vista promove é a utilização de doses
melhorando a sustentabilidade ambiental e financeira e podendo ser
mais elevadas de fitase do que as normalmente utilizadas (acima de
uma solução vantajosa em termos de custos, especialmente conside-
1000 FTU/kg), com a finalidade de libertar a quantidade máxima de
rando os atuais preços dos ingredientes.
nutrientes das moléculas de fitato para eliminar o seu efeito anti-
Para mais informações ou referências, contacte emea@abvista.com,
nutricional no regime alimentar. Para além disso, foi aconselhada a
antonio.pratas@winfarm.pt A LI ME N TAÇÃO A N I M A L
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29
ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO 2
AUMENTAR A PRODUTIVIDADE ATRAVÉS DA MELHORIA DA SAÚDE ANIMAL
Sabemos que a saúde animal é a chave para uma produtividade ideal. Animais saudáveis produzem mais e melhor com investimentos e recursos semelhantes ou até mesmo menores. Uma saúde ótima anda de mãos dadas com um maior e melhor bem-estar animal e com a redução da necessidade de medicar os animais. No entanto, manter animais saudáveis significa investir tempo e esforço.
Na De Heus, desenvolvemos o programa Natural Power que permite estabelecer um caminho claro para uma produção com animais altamente saudáveis e altamente produtivos através da ativação do seu natural”. O “poder programa Natural Power baseia-se em três pilares:
NATURAL POWER O programa Natural Power baseia-se em três pilares: COMPROMETIDOS COM A SAÚDE ANIMAL 1. Nutrição 1. Nutrição
O PROGRAMA NATURAL POWER AJUDA 2.A: Maneio
2. Maneio
• Obter animais robustos e saudáveis
3. Saúde
3. Saúde
• Aumentar o desempenho e a eficiência da exploração • Prevenir doenças através da higiene e da biossegurança • Reduzir a necessidade de medicações
Catarina Brás Diretora Técnica da De Heus
Melhore a saúde dos animais ativando o seu “poder natural” Como qualquer produtor sabe, animais produtivos são o garante de uma exploração eficiente e sustentável. Ao melhorarmos a saúde dos animais iremos potenciar os resultados económicos da exploração. NUTRIÇÃO E ESTRATÉGIA ALIMENTAR OTIMIZADAS A eficiência das explorações é cada vez mais NUTRIÇÃO ESTRATÉGIA ALIMENTAR No pilar Nutrição a investigação e E a experiência global da De Heus permitiram desenvolver um um fator crucial num mundo como o denovo hoje, modelo OTIMIZADAS de formulação, ideal para a obtenção de animais mais saudáveis e produtivos, e queque quando combinado com uma estratégia alimentar adaptada à exploração permite atingir assolado por instabilidades económicas No pilar Nutrição a investigação e a experiência melhores resultados. condicionam os custos dos fatores de produção da De permitiram desenvolver um novo IMPACTO DASglobal ESTRATÉGIAS DEHeus MANEIO e por alterações climáticas com impacto nos modelo de formulação, ideal para a obtenção de O pilar Maneio do programa Natural Power é extenso e focado na água, instalações e condições resultados produtivos das culturas. Os custos de ambientais. animais mais saudáveis e produtivos, e que quando produção dos produtos de origem animal (carne, combinado umaesquecido" estratégia adaptada A água é muitas vezes "o com nutriente e a alimentar sua importância desconsiderada ou leite, ovos…) são cada vez mais voláteis menosprezada e nem nem sempre a sua qualidade é a melhor ou ideal nas explorações. Da mesma à eexploração permite atingir melhores resultados. instalações e condições ambientais têm um papel fundamental na saúde dos animais e sempre esta volatilidade é acompanhadaforma, pelos na sua produtividade e não podem ser subestimadas. Todos estes parâmetros deverão ser preços pagos ao produtor. IMPACTO DAS ESTRATÉGIAS DE MANEIO Saber gerir o dia-a-dia de uma exploração já não O pilar Maneio do programa Natural Power é é suficiente para se ser produtor. A perceção do extenso e focado na água, instalações e condi-NATURAL POWER consumidor relativamente ao bem-estar animal e ções ambientais. à sustentabilidade cresce de ano para ano e a pro- A água é muitas vezes “o nutriente esquecido” e a dução não pode ignorar esta tendência cada vez sua importância desconsiderada ou menosprezada mais enraizada na sociedade. e nem sempre a sua qualidade é a melhor ou ideal
UM CAMINHO INCONTORNÁVEL PARA ANIMAIS CADA VEZ MAIS SAUDÁVEIS Sabemos que a saúde animal é a chave para uma produtividade ideal. Animais saudáveis produzem mais e melhor com investimentos e recursos semelhantes ou até mesmo menores. Uma saúde ótima anda de mãos dadas com um maior e melhor bem-estar animal e com a redução da necessidade de medicar os animais. No entanto, manter animais saudáveis significa investir tempo e esforço. Na De Heus, desenvolvemos o programa Natural Power que permite estabelecer um caminho claro para uma produção com animais altamente saudáveis e altamente produtivos através da ativação do seu “poder natural”. 30 |
ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
nas explorações. Da mesma forma, instalações e condições ambientais têm um papel fundamental na saúde dos animais e na sua produtividade e não podem ser subestimadas. Todos estes parâmetros deverão ser permanentemente monitorizados e ajustados sempre que necessário de forma que também estes elementos possam contribuir para maximizar a expressão do “poder natural” dos animais.
A IMPORTÂNCIA DE UMA ESTRATÉGIA FOCADA NA SAÚDE ANIMAL O pilar Saúde concentra-se em três tópicos principais: biossegurança, prevenção de doenças e utilização responsável de medicamentos. As regras de biossegurança são essenciais numa moderna exploração, pois para além de impedirem a entrada dos agentes patogénicos (biossegurança
impedirem a entrada dos agentes patogénicos (biossegurança externa) e impedirem que estes se espalhem dentro do ambiente da exploração (biossegurança interna) são também a primeira imagem da exploração e do seu profissionalismo junto dos seus visitantes. Os especialistas De Heus trabalham em estreita colaboração com os produtores para os ajudarem a desenvolver planos cuidadosamente adaptados às explorações de forma a melhorar externa) e impedirem que estes se espalhem dentro do ambiente da prioridade de atuação e é estabelecido o cronograma de execução a saúde digestiva e o bem-estar geral dos animais. exploração (biossegurança interna) são também a primeira imagem da exploração e do seu profissionalismo junto dos seus visitantes. Os especialistas De Heus trabalham em estreita colaboração com os produtores para os ajudarem a desenvolver planos cuidadosamente adaptados às explorações de forma a melhorar a saúde digestiva e o bem-estar geral dos animais.
do programa. A adesão ao Programa Natural Power permitirá que a exploração evolua e implemente os melhores e mais rentáveis procedimentos de produção e se adapte a novas exigências da legislação e da sociedade em matéria de saúde e bem-estar animal, otimizando o desempenho dos animais através da ativação do seu “poder natural”. Conseguir animais saudáveis é um esforço coletivo, só possível quando o produtor trabalha com todas as partes interessadas e envolvidas no processo produtivo.
ABORDAGEM ADAPTADA À ESPÉCIE ANIMAL, AO TIPO DE PRODUÇÃO E À EXPLORAÇÃO E SEMPRE FOCADA NOS RESULTADOS ABORDAGEM ADAPTADA À ESPÉCIE ANIMAL, AO TIPO
O ProgramaDENatural Power inicia-se com uma primeira análise minuciosa da exploração PRODUÇÃO E À EXPLORAÇÃO E SEMPRE FOCADA NOS RESULTADOS realizada pelo especialista De Heus juntamente com o produtor. Com base nos resultados O Programa Natural Power inicia-se com uma primeira análise minuPREVENIR A RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA obtidos definem sobre qual dosrealizada 3 pilarespelo – Nutrição, Maneio e Saúde – deve ser dada a ciosa da exploração especialista De Heus juntamente Muitos antibióticos usados na medicina veterinária também são com o produtor. Com base nos resultados obtidos definem sobre prioridade de atuação e é estabelecido o cronograma de execução do programa. utilizados na medicina humana. Esta combinação aumenta o risco qual dos 3 pilares – Nutrição, Maneio e Saúde – deve ser dada a
de que as bactérias se tornem resistentes aos medicamentos o que representa uma ameaça para a saúde humana. Felizmente, é possível reverter esta tendência através de uma utilização responsável dos antibióticos como prática curativa e nunca profilática.
QUER SABER MAIS? Fale connosco para saber mais sobre o Programa Natural Power e sobre a forma como o podemos ajudar a alcançar uma melhor produção, mais sustentável e com o máximo respeito pela saúde e pelo seu bem-estar dos seus animais.
A adesão ao Programa Natural Power permitirá que a exploração evolua e implemente os melhores e mais rentáveis procedimentos de produção e se adapte a novas exigências da legislação e da sociedade em matéria de saúde e bem-estar animal, otimizando o desempenho dos animais através da ativação do seu “poder natural”. Conseguir animais saudáveis é um esforço coletivo, só possível quando o produtor trabalha com todas as partes interessadas e envolvidas no processo produtivo.
(sugestão: colocar este parágrafo numa caixa autónoma, com fundo azul ou verde) PREVENIR A RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA Muitos antibióticos usados na medicina veterinária também são utilizados na medicina humana. Esta combinação aumenta o risco de que as bactérias se tornem resistentes aos medicamentos
NATURAL POWER
A LI ME N TAÇÃO A NI M A L
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31
ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO
VANTAGENS DA GRANULAÇÃO Falando sobre rações em farinha ou granulado, ambas têm um processo inicial semelhante. A mistura dos diferentes ingredientes pode ser feita por pré-moagem ou pré-mistura.
Figura 4 – Exemplo de ração granulada
Mariano Izquierdo Responsável pelas Áreas de Negócio Rações e Óleos na Península Ibérica
Figura 1 – Exemplo diagrama Figura 2 – Exemplo diagrama de pré-moagem de pré – mistura
Na pré-mistura (fig. 1), os produtos são moídos individualmente e armazenados nos silos diários, enquanto que na pré-moagem (fig. 2) os produtos são armazenados inteiros, da mesma forma que são recebidos. Toda a mistura é depois enviada para um pré-misturador estático, antes de ser moída e subsequentemente misturada no misturador. Tradicionalmente em Portugal, quando o produto final é rações em farinha, depois do misturador, já se considera produto final, sem qualquer tipo de processamento adicional. Na granulação, para além da compactação, geralmente temos a adição de vapor no condicionador que resulta numa ligeira redução da carga microbiana, e com a adição de um retentor depois do condicionador, conseguimos garantir a redução praticamente total dos microrganismos presentes na ração, como vimos há duas edições atrás, com a adição de vapor.
Figura 3 – Relação da temperatura e humidade nos microrganismos
Hoje em dia o processo de higienização deve-se aplicar tanto em granulados como farinados, permitindo assim uma redução do uso de conservantes. Nas figuras 4 e 5 temos exemplos dos dois tipos de ração: enquanto no granulado (fig. 4) temos tudo compactado em péletes, no farinado (fig. 5) podemos ver diferentes granulometrias e diferentes produtos. Numa primeira conclusão, podemos dizer que cada pélete representa uma mistura uniforme e é necessário classificar as vantagens importantes do processo de peletização de acordo com a sua importância: aumento da ingestão de ração (por exemplo, em frangos de 32 |
ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
Figura 5 – Exemplo de ração farinada
carne), redução da heterogeneidade, isto é, a forma uniforme do pélete impede o animal de remover partículas grandes ou finas da ração. Os animais alimentados com péletes gastam menos tempo e energia na ingestão da ração e também assimilam mais nutrientes por unidade de energia gasta do que os animais alimentados com dietas farinadas. A diminuição do tamanho das partículas, a melhoria da palatabilidade e a diminuição da actividade microbiológica estimulam o aumento da densidade dos nutrientes e da digestibilidade, devido à gelatinização de amido e uma digestão mais lenta, melhorando o factor de conversão. Do ponto de vista ambiental, sendo o pélete praticamente isento de pó, há menos emissões de pó para a atomosfera durante o carregamento e transporte. E com menos emissões, ocorrem menos perdas de produto. Do ponto de vista do armazenamento, o granulado tem uma densidade entre 2 a 2,5 vezes maior do que a farinha, possibilitando a utilização de silos mais pequenos e menos complexos. Nas rações de farinha, quando armazenadas em silos, são necessários silos mais caros e mais complexos, para garantir uma redução da segregação, porque o produto mais fino e mais denso tem tendência a escoar de forma mais fácil pelo centro (figura 6 esquerda “Center flow”), ficando os ingredientes maiores e mais ligeiros, para o final. Para reduzir este efeito e garantir que a ração farinada é escoada como “Mass flow”, são necessários equipamentos adicionais como vibroextratores e silos com multi-saídas, o que provoca um investimento inicial superior. No entanto, como os péletes fluem livremente, apenas uma razeira oscilante é suficiente para dosificar os produtos, tanto para o
• Possibilidade de integrar grandes quantidades de aditivos.
Vantagens de armazenamento e transporte • Devido à maior fluidez do pélete, as operações de transporte e carregamento são facilitadas.
Figura 6 – Comportamento de produto na descarga de silos de armazenamento.
• O seu armazenamento e transporte não implica a desintegração da mistura, o produto vai ser sempre homogéneo
• Os silos podem ser mais pequenos, devido ao aumento da densidade. • Menos espaço de armazenamento e transporte devido à sua maior densidade. • Redução do desperdício e baixa produção de pó.
Vantagens na produção • Custos de produção mais baixos, devido à possibilidade de utilizar ingredientes mais baratos. • Menor risco de contaminação cruzada.
ensaque, como no local de consumo. O efeito da segregação pode ocorrer durante o transporte, tanto no camião como no próprio saco de armazenamento. Do ponto de vista do processo de fabricação, o granulado permite uma redução do custo de produção, possibilitando usar ingredientes mais económicos, e uma maior variedade de ingredientes, resultando num produto mais completo e nutritivo. Para animais que necessitam de ingerir partículas mais pequenas, é possível migalhar. Em comparação com as farinhas, as migalhas são ainda aglomeradas de várias partículas, que são principalmente utilizadas para alimentar os animais jovens. Os péletes/ crumbs (migalhas) são transportados para uma peneira onde as multas são removidas do produto para processamento posterior. Os péletes ou migalhas são transportados diretamente para o recipiente do produto acabado ou pré-revestido com líquidos. Especialmente vitaminas e enzimas que são sensíveis a temperaturas elevadas perderiam o seu efeito e são, portanto, adicionadas após a granulação. Além disso, o revestimento é utilizado para a adição de gordura, uma vez que a gordura adicionada antes da peletização diminui consideravelmente as propriedades naturais de ligação dos produtos e, consequentemente, a qualidade dos péletes.
Jornada tecnológica de Rações. Coimbra, 4 Outubro 2022 A equipa da Buhler Portugal Feed tem o prazer de o convidar para o nossa Jornada Tecnológica de Nutrição Animal para produtores de rações, que terá lugar no Hotel Tryp Coimbra a 04 de Outubro de 2022. Se estiver interessado em participar, por favor contacte-nos.
eventoclientes.bmad@buhlergroup.com www.buhlergroup.com
Em resumo: Vantagens para o animal
Jornada Tecnológica de Nutrição Animal
• Redução de bactérias e fungos • Utilização máxima de cada ingrediente devido – à digestibilidade do grânulo. – maior e melhor ingestão de ração. • Digestão mais lenta de certos ingredientes e, consequentemente, melhor factor de conversão alimentar
Roman Grundler Product Manager Digital & Automation at Bühler. Digitalização Pelleting Pro Moisture
Ernst Nef Feed Milling Consultant. Moagem Granulação
A LI ME N TAÇÃO A N I M A L
Innovations for a better world.
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO
VIABILIDADE NO MOMENTO DO NASCIMENTO DO LEITÃO MARCA DE GARANTIA DE SEGÓVIA Miguel Hidalgo1, Beatriz Isabel2, Ricardo Neto3, María Soto3 Palavras-chave: Leitão de Segóvia, imunidade, viabilidade
RESUMO A presença de genéticas hiperprolíficas na suinicultura tem sido um desafio na gestão dos partos em todas as explorações, ainda mais naquelas que se dedicam à produção de Leitão da Marca de Garantia Segóvia, na qual é vedada, por lei, a aplicação de ferro intramuscular nos leitões. Este facto implica uma desvantagem para este tipo de leitões uma vez que a sua viabilidade fica comprometida.
34 |
ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
número de leitões, os últimos nascem com menor peso e mal imunizados, é-lhes mais difícil chegarem às tetas, já ocupadas por um grande número de irmãos, que deixam as que dão menos leite para os que estão mais atrasados. Isto representa um grande desafio de gestão em todas as explorações de suínos, mas as que se dedicam à produção de leitões da Marca de Garantia (M.G.) de Segóvia têm um problema acrescido; pois, em regra (Caderno de Encargos M.G. Leitão de Segóvia; página web Instituto Tecnológico e Agrário da Junta de Castela e Leão) não é permitido administrar
O objetivo deste trabalho é melhorar a viabilidade dos leitões, com a Marca de Garantia Segóvia, através da inclusão de um imunomodulador na alimentação das mães. Selecionaram-se dois grupos experimentais para o estudo: um grupo de porcas “não tratadas”; com 31 porcas e um grupo com 37 porcas cuja alimentação incluía um produto com ß-(1,3)-glucanos da alga Euglena gracilis, numa quantidade de 1g/porca/dia (Aleta™), o tratamento foi administrado durante as últimas 4 semanas de gestação e durante a lactação (28 dias), este grupo foi designado “grupo tratado”. Analisou-se a concentração de imunoglobulinas do tipo IgA, hematócrito e hemoglobina no sangue, assim como os principais parâmetros zootécnicos de ambos os grupos.
ferro intramuscular devido à repercussão negativa
O suplemento com o imunomodulador na alimentação materna afetou significativamente o peso no momento do nascimento e os parâmetros bioquímicos sanguíneos P<0,05. A melhoria significativa obtida nos valores de hematócrito, hemoglobina, IgA e peso no momento do nascimento mostra-nos uma possível nova ferramenta nutricional para ajudar os leitões Marca de Garantia de Segóvia no seu desenvolvimento pré e pós-natal.
Determinar o efeito da incorporação, na alimentação
INTRODUÇÃO
Um total de 69 porcas, distribuídas aleatoriamente
Atualmente, as porcas conseguem parir um maior número de leitões, mais do que o colostro propriamente dito (morfologicamente, de acordo com a genética, têm entre 12 a 16 tetas). Ao parir um maior
tratado (GT). Tratamento: 1g/porca/dia de Aleta™ pré-
que tem no aspeto dos leitões uma vez assados. A administração de ferro parenteral é uma prática de gestão comum nas restantes explorações de suínos (não incluídas nesta M.G.), pois é bem sabido que os leitões nascem com deficiência de ferro no sangue e poucas reservas nos seus tecidos, o que gera, muitas vezes, anemias ferropénicas. Além disso, o colostro e o leite da porca também não fornecem as quantidades de ferro necessárias para conseguirmos atingir níveis adequados que garantam a vitalidade necessária para continuar a amamentar (fornece 10% das necessidades diárias). (Quiles, Hevia; 2003).
OBJETIVO de porcas no último terço da gestação e durante a lactação, de uma substância imunomoduladora, sobre os parâmetros hematológicos no sangue e parâmetros zootécnicos como o peso no momento do nascimento, que estão relacionados com a viabilidade do leitão.
MATERIAL E MÉTODOS por dois grupos; um grupo não tratado (GnT) e outro -misturado de fábrica. Durante as 4 últimas semanas de gestação e durante a lactação. Análise laboratorial: 60 soros de leitões GnT e 60 soros de leitões GT. Determinação de hemoglobina (Hb), hematócrito (Hto)
1
Veterinário e Responsável pela Qualidade do Grupo Gastronómico José María.
2
Departamento de Produção Animal, UCM.
no momento do nascimento, dias até ao desmame.
3
KEMIN, Animal Nutrition & Health division, EMENA.
Análise estatística: programa SAS Enterprise 7.1.
e IgA. Compilação de dados: Nascidos vivos, peso vivo
GRUPO NÃO TRATADO (GnT)
σ
GRUPO TRATADO (GT)
σ
Valor de P Tratamento
N.º Parto
Tto*NP
PARÂMETROS HEMATOLÓGICOS – IMUNOLÓGICOS Hemoglobina
7.194
±1.276
8.059
±1.060
0.0002
0.3494
0.002
Hematócrito
28.137
±4.565
31.567
±3.978
0.0001
0.1924
0.0083
IgA
34.731
±16.639
49.799
±8.173
0.0175
0.143
0.3714
PARÂMETROS ZOOTÉCNICOS PVN
1.377
±0.349
1.496
±0.344
0.0007
0.0001
0.0335
NV
13.464
±3.28
14.000
±2.851
0.185
0.1159
0.6395
Dias desmame
26.262
±3.836
24.276
±3.08
0.509
0.0001
0.0001
(: média aritmética | σ: desvio padrão | PVN: peso vivo no momento do nascimento | NV: nascidos vivos)
Tabela 1. Parâmetros hematológicos e parâmetros zootécnicos nos grupos experimentais
CONCLUSÕES 1. Os valores de Hb e Hto foram determinados para leitões MG de Segóvia, não referenciados até agora. 2. A inclusão de um imunomodulador (Aleta™) melhorou significativamente os parâmetros sanguíneos, sem representar um problema de qualidade da carne no assado do produto final. 3. A inclusão de um imunomodulador (Aleta™) melhorou significativamente as concentrações de IgA no soro dos leitões. Além disso, os valores de IgA foram determinados em leitões <7 dias de vida, não referenciados até agora.
Figura 2. Quantificação de IgA (mg/mL) entre os leitões experimentais
4. Com a melhoria dos parâmetros hematológicos e imunológicos, existe uma melhoria nos parâmetros zootécnicos do PVN e dias
RESULTADOS
5. É necessário realizar estudos mais exaustivos para determinar melhorias noutros parâmetros produtivos e de qualidade da carcaça.
A inclusão do imunomodulador na alimentação das porcas melhorou significativamente o peso vivo no momento do nascimento, a concentração de hemoglobina, hematócrito e IgA (Tabela 1).
DISCUSSÃO Uma melhoria nos valores de Hb e Hto reduz a anemia ferropénica, o que leva a uma maior viabilidade do leitão durante a lactação (Quiles e Hevia, 2003). Estes valores não afetaram de forma negativa a avaliação sensorial dos leitões GT uma vez assados. Com o tratamento realizado na experiência; as concentrações de IgA aumentaram significativamente nos leitões GT relativamente aos leitões GnT. A diferença entre as médias foi de +43,4%. Uma melhoria nos valores de IgA conduz a uma maior viabilidade dos leitões durante a lactação, desenvolvendo um sistema imunológico mais forte (Salmon H., 2009 e Bandrick, M., 2014). Com o tratamento realizado na experiência; o peso vivo no momento do nascimento aumentou de forma significativa nos leitões GT em relação aos leitões GnT. Uma melhoria no PVN conduz a uma maior viabilidade do leitão durante a lactação (Vázquez et al., 2019).
para o desmame.
BIBLIOGRAFIA Agrovetmarket [Internet]. Área de Investigación y Desarrollo Investigación en Salud Animal, Quiles A. y Hevia M, Anemia Ferropénica del lechón, (2003); [10 páginas]. Disponível em: https://www.agrovetmarket.com/resources/investigacion_y_desarrollo/articulos_ tecnicos/121_anemia_ferropenica_del_lechon_uni_murcia_espanol_ bb1da8a31c.pdf Salmon H. Mammary gland immunology and neonate protection in pigs. Homing of lymphocytes into the MG. Adv Exp Med Biol. 2000; 480:279-86. doi: 10.1007/0-306-46832-8_32. PMID: 10959435. Bandrick M, et al. Colostral antibody-mediated and cell-mediated immunity contributes to innate and antigen-specific immunity in piglets. Dev Comp Immunol. 2014 Mar;43(1):114-20. doi: 10.1016/j.dci.2013.11.005. Epub 2013 Nov 16. PMID: 24252519; PMCID: PMC3902642 Vázquez et al., 2019. Efectos postnatales de la variación de peso al nacimiento en el cerdo ibérico. Tese de doutoramento. A LI ME N TAÇÃO A N I M A L
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35
ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO
CAPOTA DE AMÊNDOA NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL – OPORTUNIDADE E DESAFIOS Eliana Jerónimo1,2, Liliana Cachucho1,3, Olinda Guerreiro1,2, Mª Teresa P. Dentinho3,4
O aumento da área dedicada a algumas atividades agrícolas em Portugal deve ser encarado como uma oportunidade para a produção pecuária pela disponibilização de coprodutos com características compatíveis com a sua utilização na alimentação animal. Um desses exemplos é o crescimento do amendoal que mais que duplicou a sua área na última década (26 877 ha em 2011 vs. 58 404 ha em
detergente ácido (ADL) na MS, respetivamente), o que tornam este coproduto muito interessante para
2021 ) [1]. Durante este período, à exceção da região do Algarve, onde a área de amendoal diminuiu, em todas as outras regiões de Portugal continental a área aumentou [1]. A região do Alentejo contribuiu
bono altamente fermentáveis na forma de sacarose, frutose, glucose, inositol e sorbitol [3,4]. Apresenta
grandemente para este crescimento (908 ha em 2011 vs. 22 543 ha em 2021), passando de 3,4% em 2011 para 38,6% da área total de amendoal em Portugal [1]. A região Norte continua a ser a região com a maior área de amendoal (44,9 %) [1]. Como esperado, o significativo aumento na produção de amêndoa é acompanhado pela maior dispo-
um teor em matéria seca elevado, ainda que seja muito variável (45,5 – 89,0%) [2]. Por outro lado, apresenta baixos níveis proteicos (6,36% na MS) e de gordura (1,19% na MS), uma digestibilidade da matéria orgânica na ordem dos 54% e da proteína na ordem dos 27% [2]. É uma fonte de compostos bioativos, como compostos fenólicos, incluindo taninos condensados, e compostos triterpenóides, que lhe conferem importantes atividades biológicas [5]. A composição química e o valor nutricional de amostras de capota de amêndoa recolhidas na região do
na casca verde mais externa do fruto e representa cerca de 50% do peso do fruto (Figura 1). A capota
Alentejo no âmbito do Grupo Operacional SubProMais é apresentada na Tabela 1. Mais informações
Figura 1. Capota de amêndoa
1
2
Centro de Biotecnologia Agrícola e Agro-Alimentar do Alentejo (CEBAL) / Instituto Politécnico de Beja (IPBeja), 7801-908 Beja, Portugal MED – Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento & CHANGE – Instituto para as Alterações Globais e Sustentabilidade, CEBAL, 7801-908 Beja, Portugal
4
Tabela 1. Composição química e valor nutricional da Capota de Amêndoa Média
Mínimo
Máximo
Matéria seca (%)
70,7
45,5
89,0
Cinzas (% MS)
11,7
9,40
15,8
Matéria orgânica (% MS)
88,2
84,2
90,6
Proteína bruta (% MS)
6,36
3,30
10,1
Gordura Bruta (% MS)
1,19
0,40
2,10
Fibra Bruta (% MS)
14,4
10,2
20,6
NDF (% MS)
30,5
19,5
46,0
ADF (% MS)
23,9
16,2
36,1
ADL (% MS)
9,29
4,70
14,6
Açúcar (% MS)
25,1
10,3
34,0
Amido (% MS)
1,80
1,04
2,68 3 955
3 898
3 831
Fenólicos totais (eq. ácido gálico, mg/g MS)
Energia Bruta (kcal/kg MS)
31,7
11,8
69,0
Digestibilidade da matéria seca (%)
56,9
44,1
66,8
Digestibilidade da matéria orgânica (%)
54,0
41,7
62,7
Digestibilidade da Energia (%)
49,2
36,2
59,5
Energia Digestível (kcal/kg MS)*
1 919
-
-
Energia Metabolizável (kcal/kg MS)*
1 600
-
-
UFL (/kg MS)*
0,53
-
-
Centro Investigação Interdisciplinar em Sanidade Animal (CIISA), Avenida da Universidade Técnica, 1300-477 Lisboa, Portugal
UFV (/kg MS)*
0,44
-
-
Digestibilidade da proteína (%)*
27
-
-
Proteína digestível (g/kg MS) *
17
-
-
Instituto Nacional de Investigação Agraria e Veterinária, Polo de Investigação da Fonte Boa (INIAV-Fonte Boa), 2005-048 Vale Santarém, Portugal
NDF – Fibra solúvel em detergente neutro; ADF – Fibra solúvel em detergente ácido; ADL – Lenhina solúvel em detergente ácido; * Parâmetro calculados segundo Sauvant et al. [6].
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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
aplicação na alimentação animal [2]. A capota de amêndoa é uma excelente fonte de hidratos de car-
nibilidade de coprodutos decorrentes desta cultura, como é exemplo a capota de amêndoa que consiste
de amêndoa apresenta elevado teor em açúcares
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(29,1% na Matéria Seca (MS)) e moderado teor em conteúdos parietais (14,4% de fibra bruta na MS; 25,0; 18,9 e 6,6% de fibra em detergente neutro (NDF), fibra em detergente ácido (ADF) e lenhina em
sobre a composição química destas amostras estão disponíveis na base de dados de alimentos (https://www.subpromais.pt/). O elevado teor em açúcares e moderado teor de fibra na capota da amêndoa tornam este coproduto um recurso alimentar interessante para aplicação na alimentação animal, podendo ser utilizado como fonte de energia e de fibra em substituição de cereais ou forragens. A capota de amêndoa tem sido principalmente utilizada em dietas para ruminantes, existindo também alguns estudos sobre a sua incorporação nas dietas de monogástricos, ainda que em menor número. Em ruminantes, a capota de amêndoa tem sido utilizada principalmente em substituição de forragens, em níveis que podem ir até 25% na dieta de vacas leiteiras [7,8], 35% na dieta de cabras leiteiras [9] e 40% na dieta de borregos [10–12] sem comprometimento do desempenho produtivo. A utilização da capota da amêndoa como substituto de cereais foi testada recentemente num trabalho com vacas leiteiras em que níveis de 7, 13 e 20% de capota da amêndoa em substituição de milho permitiram elevados níveis de produção de leite sem afetar a sua composição [13]. No entanto, chama-se a atenção para os baixos níveis proteicos da capota de amêndoa que exigem a sua associação com matérias-primas ricas em proteína ou a uma suplementação azotada adequada para que o desempenho produtivo dos animais não seja afetado. Em suínos a utilização de 15% de capota de amêndoa na dieta não comprometeu o crescimento e a eficiência alimentar [14]. Em frangos até aos 18 dias de idade, níveis de 6-9% de capota de amêndoa na dieta também não afetaram o ganho de peso e a eficiência alimentar [15]. A mistura de feno de luzerna e de aveia com 15, 30 ou 45% de capota de amêndoa permitiu assegurar as necessidades de manu-
vacas leiteiras, é uma prática corrente, existe regulamentação que define a denominação dos coprodutos da amêndoa que se usam na alimentação animal e a rotulagem de acordo com a sua composição química. Assim, o que designam por “Almond hull” (capota de amêndoa) não deve conter mais do que 13% de humidade, 15% de fibra bruta e 9% de cinzas (com base na matéria fresca). Se apresentar entre 15 e 29% de fibra bruta, o produto deve ser rotulado como “Almond Hull and Shell” (casca e capota de amêndoa). Se o teor em fibra bruta exceder os 29%, o produto deve ser rotulado como “Almond Shell” (casca de amêndoa) [17]. Dado a impacto da presença de outros componentes no valor nutricional da capota da amêndoa, o preço do produto, na Califórnia, está dependente da sua composição, havendo uma desvalorização do produto com o aumento da quantidade de outros componentes, como por exemplo presença da casca rija ou de outras impurezas (ramos, folhas, terra, pedras) [18]. Em Portugal, tanto quanto sabemos, ainda não existe preço para a capota de amêndoa. A experiência portuguesa com a utilização de capota de amêndoa na alimentação animal é ainda residual, pelo que é natural que nas operações de colheita e de separação da capota amêndoa do fruto ainda não exista a preocupação com a obtenção de uma capota de amêndoa com baixos níveis de outros componentes. No entanto, para uma utilização sistemática e em larga escala deste coproduto na alimentação animal é importante proceder a uma triagem adequada no sentido de remover o máximo possível de outros componentes que prejudiquem o valor nutricional do produto [18], minimizando assim a variabilidade na composição química e nutritiva do produto.
tenção em cavalos [16]. A crescente disponibilidade de capota de amêndoa associado à sua composição química e valor nutricional tornam este coproduto uma potencial alternativa a cereais e/ou forragens na alimentação animal, principalmente para ruminantes. No entanto, há aspetos a ter em atenção que podem condicionar a utilização deste coproduto, nomeadamente pelo impacto que podem ter no desempenho produtivo dos animais, como a variabilidade na sua composição química e valor nutricional e questões relativas ao seu manuseamento e conservação.
Variabilidade na composição química e valor nutricional da capota de amêndoa
Conservação Os elevados teores de matéria seca e as condições climatéricas favoráveis na época de colheita da amêndoa (agosto-outubro) oferecem boas perspetivas para a estabilização deste coproduto por secagem natural. A secagem natural pode ser um processo simples e económico de estabilização deste coproduto, mas não isenta de riscos uma vez que depende das condições climatéricas. Após a colheita, a capota de amêndoa é removida ficando normalmente amontoada ao ar livre (Figura 2). A exposição à humidade,
A composição química e valor nutricional da capota depende da variedade, do estado de crescimento e de maturação da amêndoa, mas também das condições ambientais [5,14]. Para além destes fatores, a presença de pequenos ramos e folhas da árvore, pedaços da casca rija, ou até de amêndoa, bem como de solo junto da capota da amêndoa acrescem variabilidade na composição química e, sobretudo podem condicionar o valor nutricional do produto que fica disponível para a utilização na alimentação animal. Por exemplo, a presença de ramos da árvore e de casca rija aumenta o teor de fibra bruta e reduz a digestibilidade e a contaminação com solo aumenta o conteúdo em cinza com alto teor de sílica. No estado da Califórnia, Estados Unidos da América, onde a utilização da capota de amêndoa na alimentação animal, principalmente em
Figura 2. Capota de amendoa amontoada
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO
nomeadamente à chuva pode criar condições para o surgimento de bolores e perda de açúcares, reduzindo o valor nutricional do produto. Por outro lado, o amontoamento da capota de amêndoa pode dificultar a secagem uniforme do produto, aumentando a possibilidade de degradação. A secagem artificial é independente das condições climatéricas e permite a secagem rápida de uma elevada quantidade de biomassa. No entanto, o difícil acesso a tecnologias de secagem artificial e os elevados custos energéticos associados a estes processos podem tornar inviável a sua utilização para estabilização deste coproduto. O recurso a fontes energéticas alternativas poderá ser uma opção a considerar. A ensilagem com outras matérias-primas, incluindo outros coprodutos, é uma alternativa à desidratação para conservação da capota de amêndoa, e permite utilizar capota de amêndoa com diferentes graus de humidade. Pelo seu elevado teor em matéria seca, a capota de amêndoa pode ser ensilada com coprodutos com elevada humidade, como cenoura, dreche de cerveja, batata-doce ou repiso de tomate [19]. No âmbito do projeto SubProMais, foi preparada uma silagem composta por capota de amêndoa, dreche de cerveja e feno de luzerna nas proporções de 20:60:20 [20], resultando numa silagem estável, com 44% de MS e elevado teor de proteína (19%) (Figura 3). Esta silagem foi utilizada para substituir parcialmente o alimento concentrado na dieta de ovelhas de carne durante a fase de lactação (Figura 4). A substituição parcial do concentrado pela silagem não afetou o crescimento dos borregos até ao desmame e permitiu reduzir substancialmente os custos com a alimentação das ovelhas nesta fase do ciclo produtivo. A capota de amêndoa é uma importante fonte de energia e de fibra podendo ser um recurso alternativo aos cereais e forragens na alimentação animal. Há, contudo, aspetos relevantes que precisam de ser melhorados, nomeadamente: o conhecimento sobre a composição química e o valor nutricional da capota de amêndoa que se produz em Portugal, otimizar as condições de triagem no sentido de reduzir a presença de componentes indesejáveis que podem reduzir o seu valor nutricional, adotar processos de manu-
Figura 3. Silagem com capota de amêndoa
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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
Figura 4. Ovelhas de carne alimentadas com silagem com capota de amêndoa e concentrado
seamento e conservação que evitem a sua degradação, e disponibilizar informação quanto a formas e níveis de incorporação nas dietas dos animais.
Agradecimentos: SubProMais (PDR2020-101-030988, PDR2020-101-030993) financiado pelo Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural (FEADER) no âmbito do PDR2020; Programa de Potenciação de Transferência de Tecnologia do CEBAL – Reforço de Capital Humano Altamente Qualificado de Interface (ALT20-05-3559-FSE-000076); Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) através dos projetos UIDB/00276/2020 e UIDB/05183/2020 e da bolsa de doutoramento atribuída a LC (2020.05712.BD).
Bibliografia: 1. INE, Estatísticas da produção vegetal, 2021; 2. Base de dados de alimentos: https://www.subpromais.pt/; 3. Saura-Calixto et al., 1983. J Agric. Food Chem, 31, 1255–1259; 4. Offeman et al., 2014. Ind Crops Prod, 54, 109–114; 5. Prgomet et al., 2017. Molecules, 22; 6. Sauvant et al., 2002. Valeurs Nutritives Pour Les Ruminants. In Tables de Composition et de Valeur Nutritive Des Matières Premières Destinées Aux Animaux d'élevage (Porcs, Volailles, Bovins, Ovins, Caprins, Lapins, Chevaux, Poissons), INRA Editions: Paris, França; 7. Aguilar et al., 1984. J Dairy Sci, 67, 97–103; 8. Robinson PH, 2017. Cooperative Extension – University of California, Davis; 9. Reed et al., 1988. J Dairy Sci, 71, 530–533; 10. Rad et al., 2016. J Anim Sci, 94, 349–358; 11. Phillips et al., 2015. J Agric and Life Sci, 2, 11–15; 12. Vonghia et al., 1989. Asian-Australas J Anim Sci, 2, 535–536; 13. Swanson et al., 2021. J Dairy Sci, 104, 8846–8856; 14. Homedes et al., 1993. California Agriculture, 47, 27–28; 15. Wang et al., 2021. Poult Science, 100, 100853; 16. Clutter et al., 1992. J Equine Vet Sci, 12, 99–102; 17. California Department of Food and Agriculture, Almond Hull Products. January 1st, 2013 – December 31st, 2013; 18. Asmus J, 2015. Nutritionist Perspective on Almond Hulls as a Feed Ingredient. Presented at the Almond Hullers Educational Seminar, CGFA, Sacramento, USA; 19. Cachucho et al., 2021. Voz do Campo, julho 2021, pp. 22–25.
Hemicell HT Mais energia para sua saúde e seus lucros
Hemicell HT (β-mananase) é uma enzima focada na saúde e poupadora de nutrientes. Pequenas quantidades de β-mananos nas dietas de frangos de carne e de porcos podem causar uma resposta imune inata que pode desperdiçar energia valiosa do alimento e afetar negativamente o crescimento e desempenho.1-2 Hemicell HT decompõe esses β-mananos e minimiza a resposta imune induzida pelo alimento (RIIA), resultando em redução dos custos de alimentação e aumento do lucro:3-7 Também existem benefícios à saúde. Hemicell HT melhora a integridade intestinal (I2) e reduz lesões de pododermatites graves em frangos.7 Em leitões, melhora o ganho medio de peso (GMD) e Índice de conversão (IC) em até 4%.8
Hemicell HT. Para animais saudáveis e lucros em saúde 1. Geniec N.O., Alei F., and Klasing K. 2015. “Effect of Hemicell HT enzyme on the immune system of chickens and their performance.” International Poultry Scientifi c Forum Georgia World Congress Center, Atlanta, Georgia January 26-27 2015; n/a: 54. 2. Saki A.A., Matzugi M.T., and Kamyab A. 2005. “Effect of Mannanase on Broiler Performance, Illeal and In-vitro Protein Digestibility, Uric Acid, and Litter Moisture in Broiler Feeding.” International Journal of Poultry Science 2005; 4: 21-26. 3. D M Anderson & Hsiao H.-Y. “New Feed Enzyme Development.” ChemGen Corp. 2009. 1: 1-30. 4. Trial PPG-53. E. van Eerden et al, 2014. “Effect of Hemicell on Production Performance and Clinical Scores in Broiler Chickens.” Report no. 1366. 5. Qiao, Y., Zhu, X., Zhai, L., Payne, R., and Li, T. 2017. Dietary soybean meal level and β-mannanase supplementation affected immunioproteins in carotid artery and morphology and aquaporin water channels in small intestine of nursery pigs. Journal of Animal Science Vol. 96, suppl. S3. PSIII-36. 6. Elanco DoF Dietary soybean meal level and β-mannanase supplementation affected immunoproteins. 2017. 7. Poulsen, K., Baker, K.T., Kwiatkowski, T. Evaluation on the Effects of β-mannanase on Intestinal Health in Broilers, Based on 31 Trials. Presented as poster IN-1 at 3rd International Symposium on Alternatives to Antibiotics Challenges and Solutions in Animal Health and Production. 16-18 December 2019 The Berkeley Hotel, Bangkok, Thailand. 8. Pettey, L., Carter, S., Senne, B. and Shriver, J. 2002. Effects of ß-mannanase addition to corn-soybean meal diets on growth performance, carcass traits, and nutrient digestibility of weanling and growing/fi nishing pigs. J. Anim. Sci. 80: 1012-1019. Hemicell HT, Elanco e a barra diagonal são marcas registadas da Elanco ou das suas filiais. © 2020 Elanco Animal Health, Inc. ou suas filiais. PM-PT-21-0099
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL SPMA
SECÇÃO DE PRÉ-MISTURAS E ADITIVOS
SAVE THE DATE: XI JORNADAS DE ALIMENTAÇÃO ANIMAL A 22 SETEMBRO 2022 No próximo dia 22 setembro 2022, iremos realizar as nossas XI Jornadas de Alimentação Animal dedicadas ao tema Green Feed & Inovação, para o qual agradecemos que, desde já, reservem esta data. Os detalhes do programa serão partilhados oportunamente, mas antecipamos a informação sobre a participação de: • GFLI; • USSEC; • FeedInov; • Várias empresas associadas que irão partilhar a sua visão e experiência Trata-se de um tema que será, inevitavelmente, crítico e prioritário no futuro próximo, de forma a respondermos, uma vez mais, aos desafios da agenda europeia relativamente ao Pacto Ecológico Europeu, e mostrarmos a nossa liderança e exemplo que muito irão contribuir para a imagem do nosso setor.
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ATUALIZAÇÃO DOS OBJETIVOS DA SPMA PARA 2022 Decorridos mais de seis meses do presente ano, impõe-se que se faça uma atualização dos objetivos que haviam sido definidos no início do mandato da Direção da Secção de Pré-Misturas e Aditivos: • Nova legislação sobre Alimentos Medicamentosos – Especial foco na implementação e no seguimento desta nova legislação; Ativação do Grupo de Trabalho e contributos dados pelos membros; À data, permanecem ainda algumas questões operacionais relacionadas com a receita eletrónica. Contudo, o tema das contaminações cruzadas (carry over e tolerâncias) irá continuar, particularmente, a merecer a maior atenção. • Revisão da legislação sobre aditivos (REFIT) – Previa-se que o draft da Comissão Europeia fosse apresentado para o Q1 2022, mas foi agora alterado para final do presente ano; De acordo com as informações atuais serão criados novos grupos funcionais de aditivos dedicados, exclusivamente, à sustentabilidade e bem-estar animal; Informação mais detalhada encontra-se partilhada nos documentos dos Comités da FEFAC na presente secção. •N ova legislação sobre Limites Máximos de Tolerância para as Micotoxinas do Fusarium – Também estava previsto que o draft da Comissão Europeia fosse publicado para o Q1 2022, mas foi adiado para o final do presente ano; Sabe-se que a Comissão mantém a sua posição de fixar limites máximos para as micotoxinas do Fusarium para os alimentos compostos, não havendo consenso para manter ou alterar o estatuto de níveis de tolerância nas matérias-primas, bem como nas potenciais propostas de mitigação do problema das contaminações por micotoxinas; A invasão da Ucrânia, por parte da Rússia, é também outro fator que está na base do atraso da referida legislação; Informação complementar poderá ser encontrada nos documentos dos Comités da FEFAC. • Declarações das denominadas Substâncias Perigosas aos Centros de Anti-Veneno (no caso de Portugal, CIAV) – embora a legislação seja efetiva somente mais tarde, começamos a realizar estudos, em alinhamento com a FEFAC, para o agrupamento de substâncias perigosas, com determinadas características, para futura proposta à Comissão; O objetivo consiste em sermos proativos e termos, enquanto Indústria, uma posição comum que possamos defender como proposta junto da Comissão.
•P reparar implementação do Green Feed e Green Label – O quadro legislativo sobre esta matéria está proposto para 2023, mas requer uma preparação prévia; Em alinhamento com o GFLI (Global Metrics for Sustainable Feed) e o LCA Institute, usando como modelo a ferramenta PEFCR (Product Environmental Footprint Category Rules); Para dar cumprimento a este objetivo, iremos realizar as nossas próximas Jornadas com o tema Green Feed & Inovação. Para além dos objetivos apresentados, outros temas têm merecido a nossa particular atenção, desde logo o impacto no nosso setor da guerra na Ucrânia, mas também em temas: implementação da nova legislação das proteínas animais transformadas; proibição da comercialização de medicamentos veterinários, para uso oral, que contenham óxido de zinco, em espécies produtoras de géneros alimentícios; restrição do uso da colistina, entre outros. Dado a atual situação geopolítica, temas como o Food Security (segurança alimentar) e a nossa requerida Soberania Alimentar estarão sempre na ordem do dia em alinhamento com a Direção da IACA.
Resumo do 43º Comité de Pré-misturas e Alimentos Minerais No passado dia 9 de março foi realizado, em formato híbrido, o 43º Comité de Pré-misturas e Alimentos Minerais, sob a presidência de Reinder Sijtsma, e que contou também com a presença do perito francês François Xavier Lechénet do SCoPAFF. Esta reunião permitiu fazer o acompanhamento de temas já iniciados anteriormente, mas também abordar novos e que resultam da situação de conflito atual entre a Ucrânia e a Rússia. De facto, foram identificadas as dificuldades existentes e futuras em termos de abastecimento de matérias-primas e de micro ingredientes – sulfato de magnésio, óxido de magnésio, cloreto de potássio, leveduras, ureia, entre outros – cujo principal fornecedor era a Rússia. Foram também apontadas dificuldades logísticas e os elevados preços da energia que, em casos mais dramáticos, poderão levar ao encerramento de fábricas de produção. À semelhança do discutido no Comité de Nutrição Animal, uma das principais temáticas abordadas foi a revisão da legislação dos aditivos (REFIT), sendo que não se espera alterações drásticas comparativamente ao que se encontra regulamentado atualmente, o que levanta algum ceticismo no que respeita à futura falta de incentivos para novos produtos inovadores. A FEFAC reforçou ser
uma prioridade a defesa do estatuto legal de aditivo dos coccidiostáticos, ressalvando que a liderança deste ponto deveria ser da COPA/COGECA, FEFANA e da AVEC. Quanto ao resultado da avaliação relativamente ao aditivo tecnológico antioxidante etoxiquina – suspenso desde 2017 – reconheceu-se que o parecer da EFSA não foi conclusivo em relação à segurança para os animais de longo ciclo de vida, animais reprodutores e consumidores, o que torna incerta a possibilidade da sua reautorização. Não obstante, a FEFAC irá partilhar com a CE a sua avaliação das consequências da suspensão do seu uso, em particular a redução do prazo de validade das vitaminas, pré-misturas e alimentos compostos para animais. Foi solicitado, também, o acompanhamento da evolução relativa ao estatuto da vitamina D3 – considerada como um produto de origem animal – e as questões legais relativas à sua importação de países terceiros. Relativamente à gestão de incidentes relacionados com o óxido de etileno, a CE definiu um limite máximo de 40 mg/kg para a soma de óxido de etileno e 2-cloro-etanol expressa em óxido de etileno, em cloreto de colina. Comentou-se o facto de alguns fornecedores já terem suspendido as vendas de cloreto de colina, em estado líquido, sendo que alguns destes fornecedores encontram-se já em fase de revisão do processo, por forma a cumprir com o limite estipulado, o que poderá levar ainda cerca de um ano. Não obstante, não foram reportados casos de não conformidade, até ao momento. Houve ainda tempo para abordar a alteração ao Regulamento (CE) 1272/2008 do Parlamento Europeu e do Conselho de 16 de dezembro de 2008 relativo à classificação, rotulagem e embalagem de substâncias e misturas, nomeadamente no que respeita à nomeação dos organismos responsáveis pela receção das informações relativas à resposta de emergência na saúde pública. Para cada alimento que contenha substâncias perigosas na sua constituição deverá ser submetido um formulário ao CIAV – no caso de Portugal – , o que significa, por exemplo, que uma empresa de pré-misturas que tenha entre 300 e 1000 fórmulas, terá de realizar à volta de 2000 a 5000 notificações anualmente, considerando que cada fórmula pode ter variações relativamente às substâncias consideradas perigosas. Não obstante, o Regulamento permite fazer o agrupamento de componentes e, nesse sentido, foi aprovado um plano de ação elaborado pela Task Force conjunta FEFAC/FEFANA sobre legislação química no que respeita ao desenvolvimento de uma opção alternativa para a notificação de pré-misturas perigosas a centros de envenenamento. Está previsto que a próxima reunião se realize a 4 de outubro, em regime híbrido. A LI ME N TAÇÃO A NI M A L
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INOVAÇÃO
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XXV FEIRA NACIONAL DO PORCO A XXV Feira Nacional do Porco regressou à cidade do Montijo, com um balanço a exceder as expetativas da organização e dos expositores, marcada também pela visita da Ministra da Agricultura e da Alimentação e de várias delegações políticas. Num momento de grande dificuldade, o setor soube unir-se e mostrar, uma vez mais, a sua capacidade de resistência e luta. A FPAS voltou a organizar a Feira Nacional do Porco, que decorreu nos dias 12, 13 e 14 de maio, na cidade do Montijo, já considerada como "A Capital do Porco". Adiada por dois anos em consequência das restrições da covid-19, as expetativas para esta edição eram muitas, sobretudo num momento de incerteza que assola toda a fileira. Ao longo dos três dias, mais de 15 mil pessoas passaram pela feira, representando o valor mais elevado de sempre, mesmo quando comparado com 2018, que registou cerca de 10 mil visitantes. "A XXV Feira Nacional do Porco foi o palco perfeito para a concretização de bons negócios, múltiplos contactos e muita reflexão sobre a situação que o setor atravessa, com os principais intervenientes a escutar as preocupações dos suinicultores e a procurar definir estratégias para o futuro", refere David Neves, Presidente da FPAS e da Comissão Organizadora da Feira. A escolha da cidade do Montijo para acolher novamente este evento foi uma decisão que reflete a boa parceria que a FPAS e a Câmara Municipal do Montijo têm desenvolvido ao longo dos anos. Realçando a suinicultura como parte da tradição e história do concelho, a Câmara voltou a cooperar com a organização da feira, saldando-se por ser um parceiro essencial para a sua realização. A provar a relevância desta feira no panorama económico português, a Feira recebeu visitas de quase todos os partidos com representação parlamentar, que tiveram assim a oportunidade de ouvir as queixas e os apelos de toda a fileira. No dia 12, a feira abriu as portas bem cedo para receber os primeiros alunos do 4º ano das escolas do agrupamento escolar do Montijo, que puderam contactar diretamente com os animais vivos expostos no recinto e receber ensinamentos sobre o mundo da suinicultura e alimentação. Estas visitas, bem como o Concurso de Pintura Infantil, são fundamentais para envolver os mais novos com o mundo rural e a pecuária, fazendo-os tomar maior consciência da importância do setor alimentar. Durante a tarde, decorreu a cerimónia de inauguração, que contou com a participação de Maria do Céu Antunes, Ministra da Agricultura e da Alimentação, acompanhada pela Comissão Parlamentar da Agricultura e Pescas e pelo Presidente da Câmara do Montijo, Nuno Canta. Após a visita aos pavilhões e do contacto direto com os expositores, a sessão terminou com os discursos oficiais dos três representantes no Auditório e a assinatura do Protocolo de Cooperação com o Centro de Acolhimento Temporário "Sol dos Meninos", instituição de solidariedade social do Montijo apoiada pela FPAS e a Comissão Organizadora da Feira, que atribuiu a esta entidade parte do valor das entradas e a totalidade das verbas angariadas no leilão da Pig Parade, num montante de cerca de 6 mil euros. A primeira noite foi animada pela Rádio Popular FM, apresentada por Susana Roldão, que trouxe ao palco os músicos Doce Geração, Ana Duarte, Miguel Moura, Luis Gomez e Toy, que protagonizou o momento alto da noite. Na sexta-feira, os visitantes voltaram a afluir ao certame, sobretudo o setor profissional, que deu provas da vontade de voltar a reunir-se pessoalmente. Pela primeira vez, a Bolsa do Porco foi realizada ao vivo, no espaço do Auditório, aberta à assistência. Com o bom tempo a ajudar, dia 13 foi também escolhido por algumas delegações políticas para visitarem a Feira Nacional do Porco, terminando o dia com o concerto de Quim Barreiros, seguido por Miguel Bravo e o DJ Gaisita. 44 |
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Sábado, tal como nas edições anteriores, foi o dia com mais afluência das famílias, que aproveitam a feira para um programa de festa. A grande atração foi o conjunto de quatro ilhas com as raças Malhado de Alcobaça, Bísaro, Alentejana e Porco Industrial, instaladas no corredor de entrada no Parque de Exposições Acácio Dores, que mereceram as atenções de todos os visitantes, promovendo assim a ligação emocional com o mundo rural. Como seria de esperar, as tasquinhas e as animações noturnas, a cargo das Sevilhanas do Aposento do Barrete Verde de Alcochete, Los Romeros e o DJ Gaisita, proporcionaram bons momentos de convívio. No total, o certame abrangeu uma área coberta de 7.000 m2, distribuída por 4 pavilhões, com a representação de mais de 120 empresas nacionais e internacionais, nomeadamente alemãs, francesa, espanholas e várias multinacionais.
Visitas políticas A Feira Nacional do Porco pauta por ser um encontro entre o setor mas também uma janela da suinicultura para os vários intervenientes da vida política e económica nacional. Por esse motivo, executivo e forças políticas manifestaram desde logo o interesse em estar presente no certame. No dia 12 de maio, a cerimónia de inauguração contou com a presença da Ministra da Agricultura e da Alimentação, Maria do Céu Antunes, que chegou acompanhada pelo Presidente da Comissão Parlamentar da Agricultura e Pescas, Pedro do Carmo, e pelos respetivos deputados da Comissão, nomeadamente do PS, PSD, Chega, IL e PCP. Após a visita oficial, as delegações do PSD, IL e Chega fizeram a sua própria incursão pela feira, auscultando os empresários. Na sexta-feira, a Comissão Organizadora recebeu ainda a visita de uma delegação do PCP, encabeçada pelo deputado João Dias, e outra do Bloco de Esquerda, liderada por Joana Mortágua. No sábado, foi a vez do CDS marcar presença na feira e conhecer as dificuldades do setor.
Prémio Inovação A grande novidade que esta feira trouxe para o setor foi o Prémio Inovação XXV Feira Nacional do Porco, na vertente de Bem-Estar Animal, Nutrição e Ambiente, que partiu da iniciativa da Comissão Organizadora com o objetivo de reconhecer o investimento das empresas expositoras nas áreas de investigação, desenvolvimento e inovação. A concurso estiveram produtos, processos e desenvolvimentos técnicos e tecnológicos apresentados pelas empresas expositoras, que valorizam o setor da suinicultura, acrescentando valor nas áreas identificadas. Este Prémio Inovação da XXV Feira Nacional do Porco pretende ser um incentivo aos desenvolvimentos comerciais mais inovadores, promovendo a inovação e o desenvolvimento na suinicultura portuguesa, podendo a mesma empresa apresentar vários projetos a concurso e em áreas diferentes. A avaliação do Prémio Inovação da XXV Feira Nacional do Porco foi realizada por um painel de jurados independente, nomeado pela Comissão Organizadora, que apurou em cada categoria um 1º, 2º e 3º classificados, bem como uma Menção Honrosa. Premiados: PRÉMIO INOVAÇÃO NA ÁREA DO AMBIENTE 1º classificado: EQUI-AMB Sistema Integrado de Gestão de Chorumes e Emissões Empresa: Equiporave Ibérica Lda Descrição: Sistema EQUI-AMB que permite, ao monitorizar, registar e gerir os níveis de emissões na exploração suinícola (dentro ou ao nível das lagoas ou tanques de retenção) e atuar de forma a neutralizar as emissões
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NH3, CH4, H2S. Como Sistema Integrado, conta com vários produtos, como por exemplo: • Produtos Passivos/Estáticos: HEXA-COVER: COBERTURAS DE LAGOA; EQUI-FLEXITANQUE, Em conjunto com • Produtos Ativos/Dinâmicos: FRESH-NIEBLA 110 com moléculas antiodor; canhões de nebulização antiodor. Este sistema pode ter associado um sistema de alarmística ligado ao telemóvel, portátil, etc., permitindo emitir relatórios diários/semanais das ocorrências com recurso à Certificação Europeia EN 12830:2018. 2º classificado: Solução de Monitorização de Lagoas de Efluentes Pecuários Empresa: Farmcontrol 3º classificado: IDAL Empresa: MSD PRÉMIO INOVAÇÃO NA ÁREA DO BEM-ESTAR ANIMAL 1º classificado: IDAL Empresa: MSD Animal Health Portugal Descrição: Dispositivo de vacinação intradérmico (sem recurso a agulhas) para imunização de leitões, porcos de engorda e reprodutoras, possibilitando a resposta a exigências de mercado específicos que exigem produto livre de agulhas. Existem dois modelos disponíveis, com uma ou duas ponteiras, permitindo, respetivamente, a inoculação de uma ou duas vacinas em simultâneo. Possibilidade de sincronizar com aplicação móvel e análise de dados em plataforma digital – Tecnologia "The Idal Way". Esta tecnologia permite rastrear os dispositivos sincronizados para controlo de serviços e revisões, e para análise das vacinas e doses administradas diariamente. Principais características: menos stress no ato da vacinação; menos dor; menor risco de transmissão iatrogénica de agentes patogénicos entre suínos; resposta imunitária rápida e eficaz; possibilidade de associação de várias vacinas entre si; menos danos nos tecidos; ausência de agulhas partidas nas carcaças; efeitos pós vacinais reduzidos; redução do número de agulhas utilizadas em porcas e leitões no processo de vacinação. 2º classificado: Solução de Monitorização Ambiental em Salas de Recria/ Engorda de Suínos Empresa: Farmcontrol 3º classificado: EQUI – Anti-Fogo Empresa: Equiporave Menção Honrosa: Porta de Polipropileno com abertura em quatro posições Empresa: Rosma PRÉMIO INOVAÇÃO NA ÁREA DA NUTRIÇÃO 1º classificado: Natural Power Empresa: De Heus Nutrição Animal S.A. Descrição: O programa NATURAL POWER é um processo que se baseia em 3 pilares: Nutrição, Maneio e Saúde. Permite estabelecer um caminho claro para a produção de animais saudáveis e altamente produtivos, através da ativação do seu "poder natural", sem recurso a antibióticos, prevenindo assim a resistência antimicrobiana. Principais características: no pilar da Nutrição, a investigação e a experiência global da De Heus permitiram desenvolver um novo modelo de formulação que, combinado com estratégias adaptadas às explorações, permite a obtenção de animais mais saudáveis e produtivos. Como vantagens, garante a obtenção de animais robustos e saudáveis; aumenta o desempenho e eficiência da exploração; previne a doença através de higiene e biossegurança; reduz a necessidade de medicações. 46 |
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2º classificado: EQUI-Nutri – Estação de Testagem Individual Empresa: Equiporave 3º classificado: PremixInov Empresa: Premix
Cariz de solidariedade social Pela primeira vez, a Feira Nacional do Porco integrou uma componente de solidariedade social, com a doação da totalidade do Leilão Pig Parade e uma parte do valor das entradas ao Centro de Acolhimento Temporário "Sol dos Meninos", no Montijo. No total, foram angariados cerca de 6 mil euros, a provar que o setor consegue mobilizar-se em torno de causas nobres e fazer a diferença junto dos mais vulneráveis. Foi com orgulho que a FPAS se associou ao "Sol dos Meninos". Criado em 1996 pelo Centro Social de S. Pedro do Afonsoeiro, esta é uma estrutura de acolhimento transitório com capacidade para 10 crianças, dos 0 aos 12 anos, que funciona também como uma "unidade de emergência", em resposta a situações mais gravosas e/ou com condições específicas que exigem medidas de carácter urgente, como é o caso de vítimas de maus tratos, abandono, abusos sexuais, negligência, etc. O Centro de Acolhimento Temporário (CAT) "Sol dos Meninos" tem como missão responder às necessidades de acolhimento, apoio, alojamento imediato e transitório de crianças em situações de risco social, bem como de estudar as situações sociofamiliar, psicológica, clínica e jurídica das crianças, promovendo o encaminhamento para o Projeto de Vida mais adequado, em articulação com os serviços e Instituições envolvidas na resolução de cada caso. Em 36 anos, o CAT já acolheu 263 crianças, das quais 253 foram encaminhadas para o seu "Projeto Vida".
Pig Parade À semelhança das visitas das crianças e do Concurso de Pintura Infantil, a Pig Parade pretende, sobretudo, envolver o público jovem com o mundo da suinicultura e o setor alimentar. Para o efeito, foram entregues esculturas de porcos em fibra de vidro, de tamanho real, a escolas do concelho do Montijo para que fossem pintados e decorados de acordo com a criatividade dos alunos. Ao longo do certame, os porcos foram expostos e vendidos em leilão, com as verbas a reverter para o "Sol dos Meninos". No total, com esta ação, foram angariados 950 euros.
DIA MUNDIAL DO LEITE, 1 DE JUNHO A Elanco lança uma campanha para promover os benefícios dos laticínios e valorizar o setor do leite A Elanco Animal Health lança a campanha digital “Claro como o leite”, que divulga os benefícios dos laticínios para a nossa saúde, com o objetivo de promover o seu consumo e realçar a valiosa contribuição do setor do leite para a sociedade. O leite e os seus derivados contêm nutrientes essenciais à vida, que fornecem proteínas, gorduras, água, hidratos de carbono simples, vitaminas A, D, E, B2 e B12 e ainda minerais como o cálcio, o fósforo e o potássio. É importante incluir o consumo de leite e dos seus derivados na nossa alimentação diária e em todas as etapas da nossa vida, tendo sempre o cuidado de adaptar as quantidades de acordo com o sexo, a idade, o peso e o estado de saúde. Os laticínios são essenciais a uma alimentação completa e equilibrada, razão pela qual a OMS recomenda o seu consumo. Por ocasião do Dia Mundial do Leite, a Elanco agradece o esforço diário dos produtores, dos criadores e dos veterinários que trabalham para que alimentos tão essenciais como os laticínios cheguem ao consumidor em condições de segurança alimentar e com todas as suas propriedades. A Elanco mantém o seu compromisso com o setor dos laticínios, desenvolvendo produtos, ferramentas de diagnóstico, análise de dados e jornadas de formação com o duplo objetivo de evitar doenças e melhorar a saúde e o bem-estar das vacas leiteiras, ajudando os veterinários e os criadores de gado a fazer frente aos desafios e a aproveitar as oportunidades das suas explorações. De acordo com a visão One Health, ter animais saudáveis é fundamental para lidar com assuntos globais como a segurança alimentar e a nutrição, a saúde e o bem-estar dos seres humanos, a sustentabilidade e a saúde do planeta.
Sobre a Elanco Mais de 60 anos de alimentação e saúde animal A Elanco Animal Health é uma empresa farmacêutica americana que produz e fornece produtos, serviços e conhecimento a veterinários, produtores e tutores de animais de companhia, para que os animais tenham vidas saudáveis. Com presença em mais de 90 países e com mais de 10.000 funcionários em todo o mundo, a empresa assume um compromisso com a criação e a manutenção de um ambiente de trabalho colaborativo, promovendo a inovação tanto na investigação científica como nas operações quotidianas, sensibilizando o
consumidor para a importância da segurança alimentar à escala global e reforçando o vínculo entre o ser humano e os animais. A Elanco incorpora o conceito One Health na sua atividade quotidiana para melhorar a saúde e o bem-estar dos animais, das pessoas e do
planeta, perfilhando a visão de que a nossa vida é enriquecida pelos alimentos e pela companhia que os animais nos oferecem. Fundada em 1954, a Elanco tem a sua sede principal em Greenfield, Indiana (EUA), e conta com 20 centros de produção e mais de 200 marcas.
Logística • Comercial • Imobiliário • Renováveis
Farinha de soja extrusada - Fullfat
Maizlac
Trigolac
60 anos ao serviço do sector agroalimentar
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Marín | Vilagarcía | Cee | A Coruña | Ferrol | Ribadeo | Cartagena | Madrid | Viana do Castelo | São Paulo | Paracas
ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS DAS EMPRESAS
GRUPO LUSIAVES É PIONEIRO EM BEM-ESTAR ANIMAL Lusiaves são submetidas a auditorias anuais por
tos pilotos deste esquema. Homologada pelo
parte do organismo de certificação. A melhoria
Institute of Agrifood Research and Technology,
contínua, o autocontrolo e a rastreabilidade são
da Catalunha, e pelo NEIKER – Instituto Basco
também aspetos verificados exaustivamente de Investigação e Desenvolvimento Agrário, é pela certificação.
a principal entidade de certificação a nível ibé-
O uso da marca de certificação Welfair® asso-
rico, apresentando os mais elevados padrões de
ciada à rotulagem final dos produtos pressu- rigor na avaliação do bem-estar animal. põe que todas as organizações pertencentes à
Avelino Gaspar, Presidente do Grupo Lusia-
cadeia de fornecimento, desde as explorações, ves, sublinha que a obtenção desta certificaestejam certificadas. A Certificação em Bem-
ção “é o reconhecimento de que caminhámos,
-estar Animal Welfair® assegura ao consumi- nos últimos anos, na direção certa ao colocar O Grupo Lusiaves é o primeiro grupo empresa-
dor que os animais detentores desta insígnia o bem-estar animal no centro das nossas
rial em Portugal 100% certificado em bem-es- vivem, em todo o seu ciclo de vida, em condi-
preocupações”. Por outro lado, é também
tar animal na produção de frango. É também o
ções eticamente responsáveis de bem-estar, de
“resultado de um amplo e intenso trabalho
primeiro a obter a Certificação em Bem-estar
acordo com os protocolos estabelecidos pelos dos colaboradores desta organização e de
Animal Welfair® da AENOR, em Portugal, no
projetos europeus Welfare Quality e AWIN®
grandes investimentos em equipamentos”.
setor avícola. Esta certificação assegura ao
(Animal Welfare Indicators).
Refere que “melhorámos muitos procedi-
consumidor que os animais detentores desta
Os projetos que estão na base desta certifi-
mentos, aumentámos as equipas, intensi-
insígnia têm, em todo o seu ciclo de vida, con- cação – Welfare Quality e AWIN® – desen-
ficámos a formação dos colaboradores”.
dições de bem-estar eticamente responsáveis. volveram sistemas para avaliar e controlar a
Avelino Gaspar realça ainda que o facto de
Em cerimónia que reuniu responsáveis e convi-
qualidade do bem-estar animal em quintas, em
ao Grupo Lusiaves terem sido entregues de
dados do Grupo Lusiaves, a AENOR entregou às espaços de crescimento, no transporte e nos
uma só vez nove certificados para diferentes
diversas empresas do Grupo, nomeadamente centros de transformação (Avisabor, Campoa-
empresas é revelador da “nossa capacidade
à Lusiaves e à Campoaves, os certificados ves, Comaves e Lusiaves). Esta avaliação e con-
e da qualidade do nosso trabalho e mostra
relativos à Certificação em Bem-estar Animal trolo permite conhecer o estado de bem-estar que, com esta dimensão, somos pioneiros a Welfair®. Esta certificação aplica-se a toda a
dos animais nas instalações e efetuar melhorias apresentar condições únicas de bem-estar
cadeia de valor do Grupo, incluindo a produ-
contínuas em função das necessidades.
animal, numa extensa cadeia de valor”.
ção de frango biológico Campoaves, frango Este processo de certificação é o único no
O Grupo Lusiaves encontra-se entre os maio-
do campo Campoaves e frango Lusiaves. Isto mundo que se baseia totalmente em proto-
res grupos empresariais portugueses e é con-
representa cinco explorações de frango bio-
colos científicos verificados, de forma inde-
siderado, nacional e internacionalmente, uma
lógico Campoaves, 124 de frango do campo pendente, por um consórcio de cientistas da
referência no setor avícola e agroalimentar.
Campoaves e 307 de frango Lusiaves, sendo
União Europeia. As auditorias baseiam-se na
Integrando mais de 30 empresas, assumiu uma
algumas delas detidas pelas empresas de pro-
observação direta do animal, com a avaliação
estratégia de verticalidade do negócio, que o
dução do Grupo (Campo Vivo, Campo Aberto,
de quatro princípios do bem-estar animal: boa faz atuar em diversas áreas de atividade. Em
Lusicresce e Lusipintos) e outras por produto- alimentação, bom alojamento, boa saúde e com-
permanente antecipação das tendências e das
res parceiros do Grupo. Todas as explorações
portamento apropriado.
estão abrangidas por esta certificação.
A AENOR, uma empresa global, com atividade sempre esteve focado na inovação tecnoló-
necessidades do consumidor, o Grupo Lusiaves
Esta certificação veio reconhecer as boas prá- em 90 países, mais de 80.000 centros de traba-
gica, de forma a garantir elevados padrões
ticas já existentes no Grupo Lusiaves e conso- lho certificados em todo o mundo e mais de 160
de qualidade, sustentabilidade e responsabili-
lida, assim, um conjunto de opções estratégicas acreditações e reconhecimentos, foi o primeiro dade ecológica. Algumas das suas marcas, tais que fazem parte da sua atividade. Para manter
organismo de certificação em bem-estar animal como a Lusiaves e a Campoaves, são líderes
a certificação Welfair®, as unidades do Grupo
e o que esteve na génese dos primeiros proje-
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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
de mercado.
IN MEMORIAM Joaquim Rebelo Abranches Um Homem à frente do seu tempo Nascido em 10 de setembro de 1932, faleceu no dia 11 de junho de 2022, quase a celebrar 90 anos, o nosso grande amigo Joaquim Rebelo Abranches, personalidade muito ligada à IACA e à Indústria da Alimentação Animal, e que teve uma grande influência, sobretudo a partir da década de 70, pelo seu espírito inovador ao nível da tecnologia de fabrico, da qualidade e de uma avaliação científica. Um homem à frente do seu tempo. Algarvio de gema, que muito se orgulhava, Engº Agrónomo, técnico da então Direção Geral da Indústria onde iniciou a sua carreira, o Engº Joaquim Rebelo Abranches, destacou-se como Assessor Técnico da IACA desde 1977 a 1996, salientando-se a realização de um estudo sobre a o ponto de situação das fábricas de todo o País, na altura do GNIACA, que viria a ser muito importante para se perceber os investimentos que teriam de ser feitos, a constituição da CT 37, as Fichas Técnicas ou o apoio laboratorial à Indústria, muitas destas iniciativas, pioneiras, em colaboração com o DTIA e a saudosa Drª Armanda Severo.
Integrou ainda as Comissões de estudo e organizadora do GNIACA (Grémio Nacional dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais) no período de fevereiro de 1966 a 1968 e da Comissão Diretiva, de janeiro de 1969 a 31 de dezembro de 1970. Homem bom, de grande carácter, visão e competência, foi certamente mais uma personalidade que marcou e prestigiou a IACA e o Setor que representamos. Tivemos a felicidade e a honra de o ter como amigo e com ele aprendido e convivido. Foi ainda um grande empreendedor na sua terra, entre outras atividades, empresário agrícola ligado sobretudo à produção de citrinos, tendo igualmente inovado com a introdução de novas variedades, tendo em vista a competitividade e sustentabilidade. Agradecendo, em nome da IACA, as mensagens que recebemos e que transmitimos à Família, aqui deixamos uma que sintetiza tudo aquilo que sentimos e que ficará para sempre no coração dos seus amigos e de todos os que o conheceram: “É realmente uma perda importante para o setor agropecuário português. Perde-se alguém que com o seu saber acompanhou
durante anos a IACA e ajudou-a a manter-se na vanguarda do setor. Mas não se perde só esta importante faceta da ciência; perde-se um grande Amigo de todo o momento. Fica-nos a saudade.” E a sua Obra. Obrigado por tudo o que deu à IACA e ao Setor que orgulhosamente representamos, Engº Joaquim Rebelo Abranches.
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FICHA TÉCNICA
AGENDA DE REUNIÕES DA IACA
ALIMENTAÇÃO ANIMAL Revista da Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais – IACA NIPC‑ 500835411
Data
ABRIL
5
• V Jornadas de Homologação de Produtos Fitofarmacêuticos 2022, FCT-UNL, Monte da Caparica
6
• Reunião com SGS • Reunião do Conselho Fiscal da IACA • Reunião do Projeto InsectERA • Reunião da Comissão Executiva
José Romão Braz
8
• Plenário da SPMA • Fórum das Associações da FIPA (virtual)
CONSELHO EDITORIAL E TÉCNICO
11
• Reunião com Ministra da Agricultura e Alimentação (Praça do Comércio, Lisboa)
12
• Assembleia-Geral da IACA
13
• Sessão IPQ esclarecimentos sobre nova plataforma ISOlutions • Assembleia-Geral do CIB
20
• Sessão de Encerramento do GO Efluentes Pecuários: Gestão e Valorização (INIAV-Polo de Inovação da Fonte Nova (EZN))
21
• Comité Gestão da Segurança de Alimentos para Animais da FEFAC (Paris)
TRIMESTRAL ‑ ANO XXXIII Nº 120 Abril / Maio / Junho 2022
DIRETOR
Ana Monteiro Jaime Piçarra Pedro Folque Manuel Chaveiro Soares Rui Gabriel
COORDENAÇÃO Jaime Piçarra Amália Silva Serviços IACA
ADMINISTRAÇÃO, SEDE DE REDAÇÃO E PUBLICIDADE (incluindo receção de publicidade, assinaturas, textos e fotos) IACA ‑ Av. 5 de Outubro, 21 ‑ 2º E 1050‑047 LISBOA Tel. 21 351 17 70
EMAIL iaca@iaca.pt iaca.revista@iaca.pt
21 a 25 28
• Formação IPQ sobre normalização 2022: processo de normalização nacional; elaboração e redação dos documentos normativos portugueses
28 e 29
• Intervenção no evento da USSEC para Portugal/Espanha sobre o ponto de situação e perspetivas dos mercados das matérias-primas (Madrid)
Data
MAIO
3e4
• Participação, em representação da FEFAC, no EFFAB Annual General Meeting (Évora)
9
• Reunião do Comité Executivo da FEFAC (Bruxelas e híbrido)
10
• Comité Alimentos de Aleitamento da FEFAC (Bruxelas)
11
• Comité Sustentabilidade da FEFAC (Paris)
12 a 14
www.iaca.pt
EDITOR Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais – IACA
EXECUÇÃO DA CAPA Salomé Esteves
EXECUÇÃO GRÁFICA Sersilito ‑ Empresa Gráfica, Lda. Travessa Sá e Melo, 209 4471‑909 Gueifães ‑ Maia
• Reunião Direção da IACA (Montijo)
17
• Dia do Agricultor, Participação na Mesa-Redonda (INIAV/ Polo de Inovação de Elvas)
19
• Comité de Alimentos para peixes da FEFAC (virtual)
22 a 27
DEPÓSITO LEGAL
• Missão sobre Sustentabilidade nos EUA com a USSEC • Formação IPQ sobre normalização 2022: processo de normalização europeu e internacional; votações e implementação nacional dos documentos normativos
Data 1 2, 3, 6 e 7
JUNHO • Reunião do “Board” da FEFAC (Utrech) • Reunião conjunta do “Board” e do Colégio de Diretores-Gerais da FEFAC (Utrecht) • Assembleia-Geral da FEFAC (Utrech) • II Jornadas Vetlima (virtual)
7
• 8 º Congresso da FIPA (35º Aniversário) (Lisboa)
8
• Ciclo de Conferência: Produção pecuária sustentável – Eficiência Alimentar, FNA, CNEMA
15
• Comité Produção Industrial Alimentos Compostos da FEFAC (Paris e híbrido)
21
• EURACTIV Hybrid Conference “Reducing European methane emissions – The potential of EU livestock”
24
• V Gala Prémios Porco D’Ouro (Alpiarça)
28
• Task Force Green Labelling da FEFAC
30
• Reunião Geral da Indústria “Como gerir a incerteza na Cadeia de Abastecimento” (Faculdade de Medicina Veterinária) • Estratégia para a Melhoria da Segurança Alimentar, Nutrição Animal e Sustentabilidade na alimentação animal na região do Alentejo-Sessão de encerramento da Operação ALT20-01-0853-FEDER-000038 do Programa Operacional Regional do Alentejo IACA/ SANAS (Faculdade Medicina Veterinária) • Reunião de Direção da IACA
PROPRIETÁRIO Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais ‑ IACA Av. 5 de Outubro, 21 ‑ 2º E 1050‑047 Lisboa
• XXV Feira Nacional do Porco (Montijo)
13
31
SITE
• Ovibeja (Beja)
Nº 26599/89
REGISTO EXCLUÍDA DE REGISTO NOS TERMOS DO DISPOSTO NA ALÍNEA A) DO N.º 1 DO ART.º 12.º DO DECRETO REGULAMENTAR N.º 8/99, DE 9 DE JUNHO, REPUBLICADO PELO DECRETO REGULAMENTAR N.º 2/2009, DE 27 DE JANEIRO
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De acordo com o RGPD, de 25/05/2018, a IACA reconhece e valoriza o direito à privacidade e proteção dos dados pessoais, pelo que conserva esses dados (nome e morada) exclusivamente para o envio da Revista “Alimentação Animal”, que nunca serão transmitidos ou utilizados para outros fins. A qualquer momento, poderá exercer o direito de retirar esse consentimento enviando-nos um e-mail para privacidade@iaca.pt
VOCÊ TEM A AMBIÇÃO DE CRESCER NÓS TEMOS OS RECURSOS PARA O APOIAR Estamos aqui para o ajudar a concretizar a ambição de crescer. Temos um conhecimento profundo de nutrição e produção animal, sustentado em 100 anos de experiência, na presença em 75 países e numa forte aposta em Investigação. Como seu parceiro de negócio, queremos ser a força motriz do seu crescimento, através das melhores soluções nutricionais e mais sustentáveis práticas de maneio. Desta forma, cumprimos a nossa missão de alimentarmos animais saudáveis com responsabilidade. De Heus, ao serviço da nutrição dos seus animais.
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Aleta™ protege os porcos durante os períodos de stress Aleta é um beta-1.3-glucano derivado de algas com concentração superior a 50%, modulando a resposta imunitária, melhorando a qualidade do colostro, e a resposta em situações de stress e doença. Este potente imunomodulador com origem numa alga unicelular, Euglena gracilis, ajuda os animais nos períodos de stress e doença, melhorando a resposta vacinal. Melhora a qualidade e quantidade do colostro, resultando numa melhoria de viabilidade e performance dos leitões. Esta melhor resposta imune tem como resultado uma melhoria nos parâmetros produtivos: • Índice de conversão • Ganho de peso diário • Redução da mortalidade
Para mais informação: 214 157 500 Campo Grande 35 - 8ºD, 1700-087 Lisboa, Portugal
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