ALIMENTAÇÃO ANIMAL EDITORIAL
REFLEXÕES Esta edição da Alimentação Animal fecha o ciclo dos primeiros 25 anos da revista, em boa hora lançada pela IACA, como o meio mais adequado para a apresentação e divulgação das realizações da Associação, das novidades do mercado, da investigação aplicada à nutrição animal e às diferentes tecnologias que abrangem o sector dos alimentos compostos e, enfim, de todos os assuntos relevantes para a Indústria. Desde a primeira hora apresentou artigos de elevada qualidade técnica e interessou um vasto conjunto de profissionais da larga comunidade científica que gravita à volta da área da alimentação animal: as universidades, os produtores de cereais e outras matérias-primas e os profissionais (nutricionistas e veterinários) ligados à gestão racional e optimizada dos efectivos animais, base de uma produção pecuária eficiente e competitiva. Um conjunto vasto de desafios se tem colocado à indústria dos ACA. Desde os pioneiros que, partindo de outras áreas de negócios souberam valorizar produtos excedentários e criar uma nova actividade até às novas empresas criadas de base para este negócio e às integrações verticais hoje existentes, foi todo um desenvolvimento industrial e pecuário verificado sobretudo a partir da década de 70 e que alterou profundamente a capacidade do país para a produção de produtos de origem animal seguros e competitivos. A indústria ultrapassou com dinamismo os anos de fortes constrangimentos administrativos e posicionou-se adequadamente para os novos desafios da economia de mercado. O seu perfil foi-se alterando: de negócio isolado e principal, integrou-se progressivamente em cadeias de valor, cujo centro de decisão principal, nalguns casos, se deslocou, ora para jusante ora para montante. Esta evolução introduziu muita heterogeneidade na sua estrutura associativa, mas nunca fragilizou a unidade da IACA. Os seus sócios souberam sempre distinguir os interesses gerais dos particulares e, ao longo do tempo, têm escolhido para a IACA líderes e equipas capazes de serem os máximos denominadores comuns da sua actividade. A filiação na Federação Europeia (FEFAC), desde muito cedo, foi outro bastião
ÍNDICE 03 04 TEMA DE CAPA E 06 DESAFIOS PERSPETIVAS EDITORIAL
18 25º ANIVERSÁRIO 22 INVESTIGAÇÃO 30 SFPM 34 NOTÍCIAS DAS 45 NOTÍCIAS EMPRESAS
de afirmação e acompanhamento da evolução da indústria na Europa. O trabalho desenvolvido pelos seus representantes, cuja qualidade é reconhecida há longos anos, tem mantido a IACA sempre em lugares de destaque na FEFAC. Atingido o seu ponto máximo de crescimento em meados da década de 90, a Indústria foi-se renovando e ajustando aos novos desafios entretanto surgidos: clientes cada vez mais profissionais, animais com melhores performances, explorações de muito maior dimensão e complexidade tecnológica, preocupações ambientais e de segurança alimentar, consumidores muito mais esclarecidos e exigentes, etc. A modernização do País e a progressiva concentração das organizações de distribuição e venda ao consumidor provocaram uma fragilidade estrutural no negócio agro-pecuário que tem limitado fortemente a sua rentabilidade. Em simultâneo, as fortes restrições ambientais existentes em Portugal e os regimes de quotas comunitárias, entre outros, não tem facilitado a manutenção dos efectivos pecuários e o aparecimento de novas unidades de produção animal, factor fundamental para o nosso crescimento. A abertura ao mercado comunitário e ao mercado global constituiu mais um enorme desafio pela complexidade dos mercados das commodities, dada a forte dependência da Indústria das importações de matérias-primas. Mais uma vez, a IACA demonstra a sua responsabilidade e actualidade ao apresentar um projecto de parceria para reforçar os controlos dos produtos importados (QUALIACA), com o objectivo de apresentar aos seus clientes produtos cada vez mais seguros e sustentáveis, minimizando potenciais crises alimentares, cujas consequências bem conhecemos do passado. Os problemas são novos e as soluções terão de ser também novas e diferentes. Mas um sector que se construiu em menos de 50 anos tem a capacidade técnica e de gestão de se reinventar e encontrar soluções adaptadas às novas realidades. Os desafios serão enormes, mas as perspectivas continuam a ser positivas, como certamente constatarão ao longo desta edição da Alimentação Animal. Uma coisa nunca poderá ser esquecida pelos Governos: nenhum país pode ter a sua população dependente da importação de bens alimentares. Muito mais do que a dependência financeira, a dependência alimentar é a última fronteira da sobrevivência enquanto comunidade. Ao longo de mais de trinta anos fiz parte dos Orgãos Sociais da IACA. A presença na Associação acompanhou a minha vida profissional e permitiu-me conhecer de muito perto as várias gerações de industriais e gestores deste sector e aprender imenso com eles. Desejo à Presidente da Direcção e à sua renovada equipa as maiores venturas na gestão da Associação. Foi uma honra e um privilégio ter integrado as equipas da IACA. José Filipe R. Santos A LI ME N TAÇÃO A N I M A L
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL TEMA DE CAPA
DESAFIOS E PERSPETIVAS
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A LIMEN TAÇÃO AN IM A L
Nesta última edição de 2014 da Revista “Alimentação
preços muito baixos, impossibilitando a transposição
Animal”, em que celebrámos, ao longo do ano, o 25º
de custos das matérias-primas na cadeia de valor.
Aniversário da publicação da IACA escolhemos como
A deflação de que tanto se fala na sociedade
Tema de Capa, Os Desafios e Perspetivas que se
portuguesa, já o nosso Setor a enfrenta desde há
colocam à Indústria e ao setor agroalimentar nos
demasiado tempo.
próximos anos.
Em 2014, falámos muito de aprovisionamento de
Motor do crescimento económico em Portugal neste
matérias-primas, seja ao nível da Qualidade, nas
período de crise e de ajustamento económico e
disponibilidades físicas, com destaque para a soja e
financeiro, com níveis de exportação nunca antes
derivados, nos contratos ou na política de aprovação
atingidos e um reconhecimento da parte do Governo
de OGM que pode vir a conhecer eventuais recuos
e da opinião pública sem paralelo no passado
no próximo ano, pelas posições assumidas pela nova
recente, a agricultura e a indústria agroalimentar
Comissão em Bruxelas. O ano que termina, conse-
continuarão certamente na ordem do dia e no centro
quência das fragilidades do mercado, da pressão do
da agenda política nos próximos anos. Porque todos
consumo e da descapitalização da Pecuária, deverá
já interiorizámos que temos de caminhar para uma
ficará marcado por uma nova quebra na produção
maior autossuficiência na produção de alimentos e
de alimentos compostos para animais em Portugal,
percebemos que um País ou um bloco dependente
tendência que se verifica nos últimos anos.
apresenta maiores vulnerabilidades e ameaças neste
O abrandamento da economia mundial, o colapso
mundo globalizado.
do preço do petróleo, as condições climatéricas
Para além desta ambição, saudável, temos ainda
mundiais, que permitiram um aumento da oferta
questões relevantes como a segurança e qualidade
de matérias-primas para a alimentação animal, em
dos alimentos, saúde e bem-estar animal, a resis-
particular de cereais e oleaginosas, com reposição
tência antimicrobiana, o desperdício alimentar, a
de stocks, bem como o embargo russo e as tensões
alimentação saudável e estilos de vida, os problemas
na Ucrânia foram os grandes condicionantes da
ambientais, a sustentabilidade e a eficiência da
conjuntura. Na sequência do encerramento das
utilização dos recursos naturais, as alterações
fronteiras russas, os preços dos produtos animais, em
climáticas e biodiversidade que são absolutamente
particular os suínos, registaram quebras significativas,
centrais na abordagem do Setor. De resto, a nova
e, de um modo geral, os preços mais favoráveis das
Política Agrícola Comum, que vai entrar em vigor
principais matérias-primas, nestes últimos meses, não
a partir do próximo ano, e o PDR 2020, consubs-
acompanharam a baixa dos produtos finais com o
tanciam e priorizam muitos destes objetivos, pelo
mesmo significado, assistindo-se a uma degradação
que os futuros investimentos na modernização e
das margens.
redimensionamento das explorações agropecuárias
Que desafios e perspetivas podemos esperar em
e unidades de transformação agroalimentar terão de
2015 e nos próximos anos?
dar respostas àqueles grandes desígnios estratégicos
Com grandes incertezas para a evolução da econo-
e criar uma Fileira responsável e sustentável.
mia mundial, a Comissão Europeia divulgou as suas
No entanto, existem muitos estrangulamentos ao
perspectivas para os mercados agrícolas até 2024.
desenvolvimento sustentado do setor pecuário e da
Em termos globais, espera-se que o leite possa ser
Indústria da Alimentação Animal que temos levado
o grande motor da evolução do crescimento do
ao conhecimento de todos, empresas e governantes:
sector agrícola, apesar de se prever uma redução
os custos de contexto, o problema do investimento
nos preços de mercado, beneficiando do aumento
mas sobretudo a quebra sucessiva dos efetivos
da procura mundial de leite e lacticínios. A procura
animais, com a natural degradação do nosso patri-
de carne estará igualmente em alta, com as expor-
mónio genético, as dificuldades de licenciamento de
tações de carnes de frango e de suíno, bem como
novas explorações pecuárias e a forma como muitas
as produções e consumos, a denotarem aumentos
autarquias olham para a atividade, a volatilidade dos
nos próximos anos. A carne de bovino, depois de
preços das principais matérias-primas e a relação,
um provável aumento em 2015, deverá regredir em
profundamente desequilibrada, ao longo da cadeia
2024 para níveis da ordem dos atuais. No âmbito
alimentar que, face ao poder da grande distribuição,
das matérias-primas, a produção de cereais deverá
conduz a uma oferta de produtos de origem animal a
manter-se estável, com preços da ordem dos 180,00
€/ton, acima das médias históricas, apesar da
entre produtores agrícolas, fornecedores de
com determinação, as dificuldades deste
previsível reconstituição dos stocks. A procura
matérias-primas e industriais de alimentos
período de ajustamento. Os desafios são
de biocombustíveis poderá diminuir, o que
compostos para reduzir a volatilidade dos
enormes mas as oportunidades existem e os
significa maiores disponibilidades de cereais
preços, para além da parametrização da
consumidores já mostraram uma preferência
e oleaginosas para a alimentação animal.
qualidade, requisito essencial para o reforço
crescente pelos produtos nacionais. Criar
No quadro da FEFAC, foi traçado um Roteiro,
da confiança no mercado e junto dos consu-
condições para a promoção do mercado interno
no qual a IACA está integrada, cujo objectivo é
midores nacionais, substituindo importações
e continuar a apostar na internacionalização é
o de produzir alimentos mais seguros, co-res-
pelo consumo de produtos de origem nacional.
fundamental, bem como simplificar e desbu-
ponsabilizando os fornecedores de matérias-
Sabemos igualmente que existe empenho na
rocratizar. O PDR reconhece a importância da
-primas, termos uma indústria competitiva e
definição de um Código de Boas Práticas entre
actividade pecuária no contexto da evolução
inovadora, com ferramentas adequadas para
a indústria e a distribuição no quadro da PARCA
da agricultura e do Mundo Rural, o que não
enfrentar a volatilidade dos mercados, e uma
e eventuais correcções na legislação em vigor
deixa de ser relevante.
indústria responsável e eficiente em termos de
sobre as práticas restritivas de comércio.
Por tudo isto, temos esperança de que o ano
utilização dos recursos, com destaque para a
A indústria mostrou que, apesar das dificulda-
de 2015, embora difícil e exigente, pode ser
utilização de soja (e outras matérias-primas)
des, arregaçou as mangas e soube enfrentar,
o ano da recuperação do nosso Setor.
responsável, a avaliação da pegada de carbono e do impacto ambiental do nosso Setor. A imagem da indústria junto da opinião pública e dos consumidores é essencial para um futuro mais positivo, consolidando a ideia de que estamos a fazer o nosso trabalho de uma forma assertiva e responsável, contribuindo para uma Sociedade cada vez melhor. No que respeita a Portugal, 2015 será um ano de transição, com eleições legislativas, pelo que seria desejável um alívio da carga fiscal para as empresas e da política de austeridade que tem caracterizado estes últimos anos, relançado, finalmente, o mercado interno. A Indústria está preocupada com o fim das quotas leiteiras e o impacto na produção de leite em Portugal mas não deixa de ser igualmente importante o problema das ajudas ligadas à pecuária (ruminantes), sem esquecer naturalmente os suínos e aves e de manter as produções com viabilidade, o qual depende em grande parte de podermos dispor de matérias-primas a preços competitivos e de maior previsibilidade no abastecimento. As fontes de proteína e a procura de alternativas, pela dependência europeia e pelos preços que alguns aminoácidos atingiram este ano, ganham uma importância estratégica. Não desistiremos dos grandes princípios que traçámos no âmbito do QUALIACA e que já permitiu que este tema fosse objecto de discussão entre a IACA, ACICO e DGAV. E também numa concorrência leal e que promova a qualidade e segurança dos alimentos produzidos pelos associados na IACA, enquanto Parceiros de Confiança. É cada vez mais necessária a aposta num aprovisionamento de proximidade e uma parceria A LI ME N TAÇÃO A N I M A L
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL DESAFIOS E PERSPETIVAS
INDÚSTRIA AGROALIMENTRAR ACREDITA NA RECUPERAÇÃO A Indústria agroalimentar continua a ser a indústria
deixar de identificar as debilidades que temos de
transformadora que mais contribui para a economia
ultrapassar:
nacional, tanto em Volume de Negócios como em
• Continuamos a viver um ambiente de escassez
Valor Acrescentado Bruto (VAB), com 14.6Mil M€
de financiamento aos projetos de investimento.
e 2.6Mil M€ respetivamente, e a segunda que mais
Este é um problema que continua à espera de
emprega em Portugal, superando os 104.000 postos
resolução e que está a amputar a dinâmica de
de trabalho. Desde 2006 que a sua taxa média anual
crescimento;
de crescimento das exportações (+8,9%) tem sido superior à das importações (+4%), contribuindo assim para um maior equilíbrio na balança comercial, embora esta seja ainda significativamente deficiPedro Queirós
tária. Tem igualmente mantido, nos últimos 5 anos,
Diretor-Geral
uma performance acima da média da economia nacional e das restantes indústrias transformadoras.
• Vivemos na iminência de um período prolongado de inflação substancialmente abaixo da meta ou mesmo de deflação e, embora o BCE tenha recentemente afastado este último cenário, receamos que se esteja a entrar numa espiral de decréscimo generalizado dos preços de bens e serviços que, ao contrário do que pode parecer
Debater as perspetivas futuras deste setor passa
numa primeira análise, terá um efeito negativo na
por definir os caminhos que permitam dar resposta
economia e irá ameaçar a retoma e o ajustamento
a três grandes desafios: o crescimento da econo-
em curso, facto que teria um impacto ampliado
mia, o foco no consumidor e o desenvolvimento
em Portugal;
sustentável. Estas são três variáveis cada vez mais conciliáveis e que irão permitir continuar a diferenciar a indústria agroalimentar.
• Assistimos a uma permanente ameaça velada de mais e mais impostos, que nascem sob o auspício do seu impacto na saúde ou no ambiente mas que
Sabemos que a maior prioridade do nosso país é
visam apenas o engordar da receita fiscal. Mais
a da inversão do ciclo de recessão em que caímos
do que a carga fiscal, já por si estranguladora das
com duras consequências, que todos conhecemos,
empresas e cidadãos, teme-se esta permanente
para os cidadãos e para as empresas. Uma forte
incerteza que afasta grande parte do potencial
retração do mercado interno ameaçou deitar por
investimento;
terra anos e anos de trabalho e investimento,
• A elevada taxa de IVA em várias categorias de
levando muitos empresários e gestores a enfrentar
produtos alimentares, com enorme diferencial
cenários que nem a experiência prática nem as teo-
face à vizinha Espanha, bem como a taxa de 23%
rias académicas mais pessimistas tinham traçado.
aplicada ao setor da restauração, retira competi-
No entanto, apesar das dificuldades, este setor
tividade às nossas empresa e, infelizmente, veio
tem-se recusado sempre a baixar os braços. Houve
confirmar o cenário de retração do consumo que
empresas que arriscaram e investiram, tentaram
a FIPA, por antecipação, traçou ao Governo.
melhorar a qualificação dos seus recursos humanos
• Por outro lado, a economia dos bens transacio-
como forma de adaptar os postos de trabalho e
náveis não pode continuar a pagar a economia
reter competências, mas acima de tudo, muitas
dos bens não transacionáveis.
perceberam que o mercado é global e que teriam que olhar para o exterior como forma, diria mesmo a única forma, de crescer!
Avisos à navegação
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ALIMEN TAÇÃO AN IM A L
As expectativas dos empresários e gestores A indústria agroalimentar está a viver um período estrategicamente desafiante, na sequência do
Temos assim a obrigação de traçar uma perspetiva
rescaldo do programa de assistência e do conse-
otimista, pois Portugal tem dado demasiada atenção
quente reajustamento da economia. Perante esta
aos profetas da desgraça, mas não podemos
realidade, as empresas têm de estar preparadas
para definir objetivos mobilizadores e um
forte atenção no que toca à decisão estratégica
levadas a cabo para posicionar a indústria
modelo de desenvolvimento consistente para
do modelo de desenvolvimento a seguir para o
portuguesa agroalimentar como cada vez mais
os próximos anos.
país e consequente programa de transformação
competitiva, inovadora e com uma estratégia
Foi com base nesta necessidade que a
económica.
de crescimento sólida e sustentada.
Deloitte, em parceria com a FIPA, elaborou
Tendo por base o inquérito realizado pela
o estudo “Ambição 2020 – Na rota do cres-
Deloitte aos líderes de uma amostra de
cimento” (outubro 2014). Assistiu-se assim a
empresas da indústria agroalimentar, que no
uma sistematização dos principais indicadores
seu conjunto representam aproximadamente
da indústria agroalimentar, dos desafios de
40% do total do seu volume de negócios, as
competitividade do país e das expetativas dos
expetativas são positivas – cerca de 75%
líderes da indústria, empresários e gestores,
dos inquiridos tem expetativas favoráveis ou
bem como ao elencar de um conjunto de
muito favoráveis relativamente ao futuro da
princípios orientadores para uma possível
indústria em Portugal.
“Ambição 2020”, que de alguma forma possa mobilizar os vários agentes, agregando vontades e contribuindo para a convergência da agenda e políticas nacionais do setor. Quando comparada com indústrias congéneres, considerando uma amostra de países referência como a Alemanha, Irlanda, Holanda, Espanha, Holanda, Reino Unido e Itália, a indústria portuguesa agroalimentar apresenta o volume de negócios, total e per capita, mais reduzido, assim como a estrutura de custos mais pesada, libertando em média a mais baixa margem EBITDA deste grupo de países. A evolução do investimento em produção agrícola por km2 em Portugal tem registado um crescimento positivo, ainda que continue aquém deste conjunto de economias. Porque a análise de competitividade de qualquer indústria está necessariamente associada ao contexto do país, importa rever a posição de Portugal no Global Competitive Index, promovido pelo World Economic Forum, que é uma das referências utilizadas pelos investidores aquando das suas decisões de gestão. Com uma tendência de queda que se verificava desde 2005, Portugal surpreende este ano no ranking com a 36ª posição entre os 144 países analisados.
Na sua totalidade têm como expetativa crescer, sendo que as empresas de origem nacional apostam sobretudo na captação de novos clientes noutros mercados, enquanto as de origem internacional estão mais focadas no mercado doméstico. Tendo como horizonte 2020, duas em cada três empresas têm como expetativa que mais de 25% do seu volume de negócios seja assegurado no exterior e 15% esperam mesmo que o mercado externo venha a representar mais de 50% da sua faturação. Na perspetiva das empresas, entre um total de 21 dimensões, em média, as que são consideradas como mais críticas para o desenvolvimento do setor passam pelo foco no consumidor, contexto fiscal (carga fiscal e previsibilidade), relação com a grande distribuição, inovação e segurança alimentar.
Olhar para o futuro com confiança Também a FIPA olha para o futuro com confiança e um persistente espírito de bem servir o setor. • Acreditamos que podemos evoluir no sentido do reforço da cadeia de valor. Torna-se hoje imperativo continuar um trabalho já iniciado de aproximação e diálogo entre os vários elos. Com a recente adequação do quadro legal das práticas individuais restritivas do comércio às novas realidades, cumpre-nos continuar o trabalho conjunto iniciado com os nossos parceiros. É com particular empenho que a FIPA está a contribuir ativamente, no seio da CIP, para que seja alcançado, a nível nacional, um código de boas-práticas eficaz, consistente e que possa ser subscrito por todas as partes interessadas; • Acreditamos na internacionalização do setor e estamos a trabalhar nesse sentido. A FIPA apresentou ao Ministério da Agricultura e do Mar uma visão que espelha a realidade das empresas e as sinergias público-privada que têm de ser ciadas para que Portugal se afirme cada vez mais no
Para o futuro, os lideres auscultados, desta-
mercado global. Temos tido um papel ativo
cam a necessidade de reforçar o esforço e o
e estamos empenhados na concertação de
investimento na evolução do contexto fiscal,
esforços. É necessário trabalhar no sentido
de apoiar a exportação e internacionalização,
da valorização dos produtos produzidos em
de criar estabilidade nas politicas definidas
Portugal e das marcas nacionais com real
pelo(s) governo(s) do país, de continuar
capacidade exportadora, porque sem marcas
a privilegiar o foco no consumidor e de
fortes Portugal não conseguirá atingir as
melhorar o contexto legal (funcionamento e
metas a que se propõe.
previsibilidade).
• Acreditamos no potencial de inovação das
Já a nível de prioridades e potencial de
empresas do setor. Temos trabalhado com
melhoria das empresas individualmente, em
o Governo para o estabelecimento de uma
média, surgem no topo do ranking os temas
estratégia consistente e estamos empenha-
como reforço da marca e posicionamento da
dos em contribuir para a consolidação de um
empresa, eficiência da cadeia de abasteci-
Cluster económico devidamente abrangente
mento, desenvolvimento e capacitação dos
e de dimensão nacional, no âmbito do novo
pilares de competitividade alvo de análise, sendo
recursos humanos e inovação.
processo de reconhecimento.
que temas como o contexto macroeconómico,
Considerando todo este contexto, as expe-
Queremos efetivamente acreditar que 2015
contexto legal, contexto fiscal, a eficiência do
tativas para o futuro são positivas mas
será o primeiro ano de uma nova vida e
mercado de trabalho e o desenvolvimento do
são também vários os desafios a enfrentar,
conduzirá definitivamente o setor ao caminho
mercado financeiro continuam a merecer uma
assim como as iniciativas que devem ser
da recuperação!
Sobe assim 15 lugares face à 51ª posição que ocupava no ano 2013. Esta evolução está associada ao recente programa de ajustamento e reformas instituído no país e ao esforço dos empresários e da sociedade em geral. As melhorias verificaram-se em 10 dos 12 macro
A L I ME N TAÇÃO A N I M A L
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL DESAFIOS E PERSPETIVAS
NÃO CANTAR VITÓRIA A MEIO DO CAMPEONATO No final de 2013 foi publicado o aguardado e muito
cadeia de abastecimento a intoxicação era feita
discutido Decreto-Lei n.º 166/2013 que aprova o
usando o juridiquês como inebriante, para o exterior,
regime aplicável às práticas individuais restritivas
para a opinião pública, havia que agitar bandeiras
do comércio. Daqui a alguns anos terá, talvez,
que colocassem o cidadão comum, o consumidor,
interesse relatar os muitos episódios da história
contra as novas regras.
que levou à aprovação e publicação deste diploma.
Assim, foi repetido até à exaustão que os fornece-
Hoje, quando a memória dos acontecimentos ainda
dores portugueses iriam ser penalizados (porque
é recente, importa acima de tudo avaliar como tem
os distribuidores, para contornar as obrigações
sido a respectiva implementação, enquadrá-la no
legais, iriam preferir relacionar-se com fornecedores
quadro mais lato das relações entre fornecedo-
estrangeiros), que os fornecedores de pequena
res e distribuidores e perspectivar como a nova
dimensão e as cooperativas do sector alimentar
Pedro Pimentel
legislação pode ajudar a resolver dificuldades
iriam ser penalizados (porque os distribuidores,
Diretor-Geral
que não se esgotam apenas porque novas regras
para não terem de enfrentar obrigações mais
foram aprovadas.
exigentes, iriam dar preferência aos fornecedores
Vale a pena lembrar que no período que mediou
de maior dimensão) e que os consumidores iriam
entre a respectiva aprovação em Conselho de
ser penalizados (porque as promoções iriam acabar
Ministros, no final de Outubro de 2013 e a respectiva
e porque os preços ‘normais’ iriam forçosamente
entrada em vigor em fins de Fevereiro do corrente
aumentar).
ano, o ambiente foi de elevada tensão entre as
Pelo lado da entidade a que estou ligado, a Centro-
partes, sendo que os diferentes operadores da
marca, realizamos sessões de esclarecimento num
moderna distribuição entenderam proceder cada
alargado conjunto de empresas e ainda em diversas
um, individualmente, à interpretação do diploma
associações empresariais e noutras sessões de tra-
e cada um, individualmente, resolveu realizar as
balho. Tentamos contribuir para uma interpretação
solicitações e exigências aos seus fornecedores
construtiva do novo diploma e para uma visão não
na medida dos seus interesses.
apenas jurídica, mas também de antecipação das
Foi um período em que, aproveitando algum des-
correspondentes implicações práticas a nível de
conhecimento e uma menor atenção de muitos
negócio. Contactamos as entidades competentes
dos envolvidos, proliferaram as sessões de ‘escla-
para solicitar esclarecimento relativamente a
recimento’ que, de acordo com a interpretação
algumas dúvidas práticas que foram resultando
e interesses de cada jurista, alimentaram uma
deste contacto muito próximo com o tecido de
contestação ruidosa ao diploma, usando pormenores
empresas fornecedoras, mas também em reacção
para colocar em causa o novo Regime Legal. Poucos,
às diferentes exigências dos clientes.
nessa altura, referiram que grande parte desses legislação. Poucos, nessa altura, perderam tempo a
Os primeiros passos da implementação
analisar da legitimidade em legislar e reprimir as
Poucos dias depois da entrada efectiva em vigor
práticas comerciais abusivas, a única área verda-
do diploma, a ASAE publicou um primeiro conjunto
deiramente nova do diploma. Poucos, nessa altura,
de FAQ’s, dando resposta a algumas dúvidas que
tiveram a ousadia de afirmar que a preocupação
persistiam e, para além disso teve o bom senso de
maior do novo diploma derivava do forte incremento
adoptar um formato equilibrado e de low-profile na
e do efeito dissuasor das contraordenações. Na
sua actuação, fazendo baixar substancialmente o
verdade, o cerne da questão nunca esteve nos
nível de tensão que se verificava entre fornecedores
comportamentos, mas na sua punição.
e distribuidores.
Nessa altura, a máquina da contra-informação
Nessa fase, foi notório que a relação contratual
funcionou a todo o vapor e se para o interior da
pré-existente entre fornecedores e clientes era
pormenores não foram sequer alterados pela nova
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A LIMEN TAÇÃO AN IM A L
Fornecedores nacionais penalizados? Consumidores penalizados?
muito diferenciada de operador para operador
estavam e estão fortemente enraizadas e
da moderna distribuição e que, obviamente,
os comportamentos dificilmente mudarão
era nos clientes em que essa relação mais
sem haver uma efectiva aplicação das novas
se encontrava afastada do novo quadro legal
regras.
que a discussão era mais acesa e em que as
Das informações que vamos recebendo da
exigências eram mais unilaterais, agressivas
parte de diferentes empresas fornecedoras,
e desajustadas.
parece-nos haver uma abordagem mais cui-
Muitos fornecedores e distribuidores foram
dadosa de vários clientes no relacionamento
acordando ciclos contratuais curtos como
com os seus fornecedores, respeitando a
forma de irem adequando a sua relação aos
forma escrita, insistindo no acordo prévio
sucessivos entendimentos sobre a imple-
em relação a matérias promocionais e outras
mentação do novo Regime Legal que iam
no mercado e verificando-se uma muito
sendo feitos.
maior preocupação no efectivo cumprimento
Na sequência de démarches da Centromarca
da legislação em matéria de venda com
e, presumimos, também das de outras
prejuízo.
entidades, a ASAE foi adicionando no seu
Do lado dos fornecedores, os cuidados
website um conjunto de Preguntas Mais
redobraram-se na preparação das suas
Frequentes (FAQ’s), na tentativa de prestar
políticas de preços e condições de venda
esclarecimento quanto ao seu entendimento
e num ainda mais estrito cumprimento
na interpretação de diferentes aspectos da
das regras evitando, sob qualquer forma,
nova legislação, FAQ’s que se constituíram
situações que pudessem configurar qualquer
como uma ferramenta extremamente útil,
tipo de discriminação ao nível de aplicações
proporcionadora de um mais regular, leal
de preços ou de condições de venda.
e fluido funcionamento do mercado e uma
Contudo, uma das consequências práticas
forma eficaz de retirar pressão e tensão a
do período inicial de tensão e de alguma
uma relação comercial entre fornecedores
indefinição passou pelo estabelecimento
e distribuidores que é, por natureza, sempre
de acordos de fornecimento de ciclo curto,
difícil e complexa.
que muitas vezes funcionam de modo pouco
A própria actuação, no terreno, da ASAE tem
coerente com os contratos anteriores estabe-
sido – ao que nos apercebemos – equilibrada,
lecidos entre as partes, prevalecendo ainda
discreta e eficiente, incidindo sobre o conjunto
alguma confusão contratual e até que sejam
do mercado e não apenas em situações
celebrados os novos contratos, previstos no
mais concretas ou pontuais. Nesta altura
diploma e que devem ser formalizados até ao
conhecem-se apenas os números que foram
final de Fevereiro do próximo ano.
tornados públicos ao nível de número de
Provavelmente, a área em que a imple-
inspecções, de processos instaurados e de
mentação da nova legislação estará mais
autos de contra-ordenação aplicados, mas
longe de estar concluída será a relacionada
estamos, obviamente, curiosos relativamente
com as chamadas Práticas Negociais Abu-
em vigor do novo DL.. Contudo e de forma algo
à informação que a ASAE irá apresentar mais
sivas, área, como já antes referido, que
surpreendente, aquele indicador subiu para quase
à frente nos relatórios que a própria legislação
é, efectivamente, a verdadeira novidade
35€ nos últimos meses, sendo que este valor é
obriga, informação da qual esperamos poder
deste diploma. Neste campo, continuamos
acumulado, ou seja reflectindo um incremento
melhor aferir o padrão de actuação e a forma
a receber informação com regularidade de
ainda mais substancial se apenas analisado o
mais ou menos incisiva como essa actuação
tentativas de alterações retroactivas de
período pós-entrada em vigor da nova legislação.
aspectos da relação contratual e, muito
Finalmente, a ‘ameaça’ de que com o novo Regime
especialmente, situações em que são exigi-
Legal se iria verificar um inflacionamento dos
das compensações monetárias retroactivas
produtos ditos de grande consumo comprovada-
por acções de promoção que não foram pre-
mente não se verificou, sendo que, ao contrário,
É ainda demasiado cedo para se poder
viamente acordadas com os fornecedores
hoje os operadores da moderna distribuição
proceder a uma avaliação substancial e
e outras solicitações apresentadas como
estão confrontados com um problema muito
ponderada da aplicação do novo Regime
‘compensação de margem’ ou ‘compensação
sério relacionado com a deflação, fortemente
Legal, mas parece óbvio que a nova legislação
por degradação de rentabilidade’ e que
sentida no sector alimentar e, dentro deste,
não resolveu todos os problemas que subsis-
configuram situações de transferência
muito em especial nas áreas de negócios rela-
tiam no mercado. Muitas práticas desleais
desleal de risco de negócio.
cionadas com os produtos frescos.
é feita.
A nova lei resolveu todos os problemas?
Se, como referi, é ainda demasiado cedo para se poder proceder a uma avaliação substancial e ponderada da aplicação do novo Regime Legal, pelo menos e em relação aos ‘fantasmas’ antecipadamente agitados, pode hoje e sem grande margem de erro concluir-se que não se verificou um aumento das importações por força da aplicação do novo Decreto-Lei, sendo que os mais recentes aumentos registados neste indicador têm uma relação menor com o sector do chamado grande consumo e mesmo quando tal se verifica, o incremento das importações pode ser naturalmente assacado a alguma recuperação do consumo. Em relação às micro e pequenas empresas e às cooperativas do sector alimentar, não temos outras informações que apontem que, para lá de algumas ténues ameaças numa fase inicial, tenham sido preteridas ou afastadas das prateleiras pelos operadores da moderna distribuição. Não se verificou qualquer quebra, bem pelo contrário, do esforço promocional nos operadores da moderna distribuição. A título de exemplo e utilizando os dados facultados pela Nielsen, podemos referir que no final de 2013, em cada 100 euros comprados nos espaços comerciais da grande distribuição, 28 € referiam-se a produtos ‘em promoção’. No final do 1.º trimestre, esse valor subiu para 31,5 €, sendo – na altura – tal incremento justificado como o resultado da explosão promocional que se teria realizado, até ao final de Fevereiro, em antecipação à entrada
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL DESAFIOS E PERSPETIVAS
Hipercompetitividade e deflação Os principais operadores da moderna distribuição têm, nas suas últimas apresentações de resultados, referenciado que as suas vendas (em volume), apresentando-se estáveis ou mesmo crescentes nos últimos meses, mostram uma redução significativa de preços e de rentabilidade. As palavras-chave têm sido deflação e hipercompetitividade. Mas se a hipercompetitividade parece ser o resultado de disputa cerrada pela conquista de quota de mercado por parte dos maiores operadores, disputa na qual parece não existir outro argumento que não o esforço promocional e o preço, já no que se refere à deflação, a mesma surge apresentada como sendo um fenómeno exógeno e relativamente ao qual aqueles mesmos operadores não terão nem qualquer acção, nem qualquer controlo. Quando, hoje, verificamos a estrutura de custos dos produtos do chamado ‘grande consumo’ – pelo menos no caso dos produtos fabricados no nosso país – não encontramos razões próximas que justifiquem tal efeito deflacionador (que em alguns casos atinge os dois dígitos), havendo mesmo sectores em
Parece, pois, evidente que sectores que
Assim, por um lado, há que concluir a constru-
deram prova ao longo dos anos de um forte
ção de um instrumento de Autorregulação – o
dinamismo e de uma indesmentível capaci-
chamado Código de Boas Práticas Comerciais
dade de adaptação – a cada momento – às
– que será fundamental no melhoramento do
necessidades do mercado, terão que ser
relacionamento e da confiança entre as partes,
capazes de mais uma vez inovar, encontrando
mas em simultâneo como forma de reduzir
formas de apresentar mais diversidade na
a conflitualidade e a litigância que possam
oferta, seja ao nível de sortido e de qualidade
resultar da aplicação da nova legislação.
dos produtos, seja ao nível dos formatos de
Hoje, com a legislação nacional publicada
local de compra, seja ao nível dos serviços
e implementada, o espectro resultante do
que põe à disposição dos seus clientes,
Código de Conduta Europeu surge como
quebrando assim o ciclo vicioso da ditadura
uma boa base de trabalho e a adição de
promocional e de destruição de valor e ilu-
um pequeno conjunto de especificidades
dindo as consequências nefastas da Deflação.
nacionais poderá ser suficiente para criar
O que vem aí? Como se diz no título deste artigo, é prematuro cantar vitória a meio do campeonato. A nova legislação será, certamente, um passo importante no caminho para um maior equilíbrio na negociação e no relacionamento comercial entre fornecedores e distribuidores, mas para que tal se verifique é necessário que a mesma seja aplicada, é necessário que essa aplicação tenha um efectivo efeito dissuasor, para que práticas e comportamentos que se encontravam demasiado enraizados se
uma ampla base de adesão, seja, em primeira instância, das organizações representativas do sector, seja, finalmente, dos verdadeiros destinatários de tal Código: as empresas. Por outro lado e até 25 de Fevereiro do próximo ano terá que se proceder à revisão dos contratos pré-existentes, isto é dos contratos formalizados antes de 25 de Fevereiro de 2014. Perceber o conteúdo das propostas de revisão contratual será, também, um passo importante para perceber o efectivo grau de implementação do novo quadro legal.
Há algumas semanas, a Ministra da Agricultura
E o que esperar do mercado? Quais as perspectivas?
e do Mar dizia em entrevista ao Jornal de
Portugal atravessou, nos últimos três anos,
Negócios, que entendia que as relações con-
um duríssimo período de ajustamento, com
tratuais entre fornecedores e distribuidores
consequências indiscutíveis em termos de
melhoraram com o novo diploma e lembrava:
restrições financeiras, de crescimento brutal
“a legislação foi feita com o consenso possível.
do desemprego, de alterações de padrão de
Naturalmente que nem todos se reviram na
consumo. Contudo, o impulso depurador que
legislação [...]. A lei não foi feita para que
estas crises geram tem também diversos
tudo ficasse como estava. Não foi feita para
impactos positivos e que tão mais positivos
se procurar encaixar na nova lei as práticas
serão se resultarem em alterações estruturais
antigas. Foi feita precisamente para motivar
de comportamentos e não meramente acções
a transformação nessas práticas”.
de adaptação que, ultrapassada a crise,
Também o Presidente da República, Aníbal
não terão capacidade de vingar face aos
Cavaco Silva, referia recentemente – a este
anteriores ‘vícios’.
compras), mas o que está em promoção
propósito – que “o poder político não se pode
Alguns exemplos de alterações aparen-
(substituindo compras).
alhear da necessidade de existir um diálogo
temente estruturais com contornos bem
Não sendo certamente o único fenómeno que
equitativo entre produtores e as grandes
positivos poderão ser o forte crescimento do
a induz, parece claro que a Deflação agora
empresas distribuidoras”. E acrescentava: “não
empenhamento exportador, a racionalização
tão fortemente denunciada pelos grandes
queremos que o poder excessivo de alguns
de estruturas empresariais, conferindo-lhes
operadores do retalho, em larga medida,
acabe por trazer prejuízos injustos a outros”.
maior flexibilidade e competitividade ou a
mais não é do que o resultado dessa hiper-
Nos próximos meses há – para além do
preferência crescente dos consumidores
competitividade, dessa saturante obsessão
aprofundamento da respectiva implemen-
nacionais por produtos portugueses.
promocional, desse combate permanente por
tação – duas matérias ligadas com o novo
No que se refere ao mercado do grande con-
conquista de quota de mercado, mas de um
diploma que irão, estou certo, merecer forte
sumo, o BPI divulgou recentemente uma Nota
mercado de valor cada vez menor.
atenção de fornecedores e distribuidores.
de Research onde, de forma sucinta e objectiva,
que quer os custos das matérias-primas, quer alguns outros custos associados à produção sofreram mesmo um notório crescimento. Ao invés, qualquer consumidor que entre nos espaços principais insígnias da grande distribuição em Portugal não pode deixar de notar o aumento exponencial de ofertas promocionais com as mais variadas propostas de redução de valor. E tal acontece sem que se verifique um correspondente crescimento das quantidades vendidas em resultado daquelas promoções. Não apenas porque se verifica uma banalização do fenómeno, mas também porque os consumidores, passaram a comprar não porque está em promoção (antecipando
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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
alterem definitivamente.
traçava o retrato e as pistas de evolução mais
A Nota de Research indica que os resul-
mais positivas, mas tal tem vindo a ser a
relevantes para o sector. Assim, indicava que
tados dos principais operadores poderão
sua ‘sina’ nos últimos anos.
a alteração da conjuntura económica se revela
ser fortemente pressionados pela deflação,
Parece, pois, que parte da resposta terá que
favorável à retoma do consumo privado, con-
especialmente notória no sector alimentar
passar pela agregação de esforços no seio
siderando haver um Outlook moderadamente
e, no seu seio, com maior incidência nos
de cada sector, mas também entre sectores.
positivo. Indicava também que o mercado do
produtos frescos. E avança que a estraté-
Agregação que vise reforçar a sua capa-
retalho nacional é dos mais concentrados da
gia dos operadores deve progressivamente
cidade negocial perante os principais
Europa, mas que a disputa pelo seu domínio
abandonar o preço como foco único e avançar
clientes. Agregação que permita exigir
gera uma hipercompetitividade, em especial
para áreas como as da qualidade, do sortido,
mais firmemente contratos, práticas e
entre os dois principais operadores: Sonae e
do melhoramento dos espaços comerciais
comportamentos legalmente adequados e
Jerónimo Martins.
ou da inovação.
eticamente irrepreensíveis. Agregação que
Refere igualmente que o esforço promocio-
E conclui com a preocupante, mas não sur-
crie condições para que outros operadores
nal atingiu um pico máximo, que não deve
preendente, nota de que algumas insígnias
na área comercial possam ser competitivos
ser ultrapassado, acrescentando que essas
a operar no mercado português – casos da
e atractivos para os consumidores. Agre-
promoções fizeram as marcas de fabricante
Auchan, Minipreço e Leclerc – poderão estar
gação que possibilite atacar mercados
recuperar espaço perante as marcas próprias
em risco de o abandonar, o que a concretizar-
externos sem descurar o mercado nacional.
dos distribuidores, mas que a saturação está
-se representaria um rude golpe na estrutura
Agregação que permita utilizar as estruturas
a implicar uma forte redução da sua eficácia
do mercado nacional, um incremento do já
representativas desses sectores, como é
e da sua rentabilidade. Apesar disso, esta
excessivo grau de dependência dos fornece-
o caso da IACA ou da Centromarca, para
estratégia apenas resultou em ganhos de quota
dores face aos seus principais clientes e um
fazer eco das suas preocupações e ajudar
para Continente e Pingo Doce, sendo que todas
passo mais na rota para um quase-duopólio.
na construção de soluções.
as outras insígnias e, mais ainda, o comércio
Visto este cenário do lado dos fornecedores,
tradicional são fortemente perdedores.
as perspectivas não são exactamente as
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL DESAFIOS E PERSPETIVAS
ROTEIRO PARA FONTES ALIMENTARES MAIS SEGURAS, MAIS INOVADORAS, RESPONSÁVEIS E EFICIENTES EM TERMOS DE RECURSOS* Introdução: Tendências da política europeia No meu primeiro relatório, como Presidente da FEFAC, gostaria de descrever a forma como avaliamos as oportunidades e os riscos para as atividades do nosso setor de alimentos compostos, cujo foco principal é o desenvolvimento de uma pecuária e aquacultura competitivas na Europa. Na FEFAC, somos apaixonados pela nossa principal missão que é ajudar os produRuud Tijssens
tores pecuários a defenderem o nosso mercado
Presidente
doméstico na UE para produtos de origem animal e, ao mesmo tempo, obter uma parte justa das novas oportunidades em mercados globais altamente cativos das proteínas animais no contexto da realidade europeia de política e de mercado. Estou pessoalmente entusiasmado com a perspetiva de que a UE se tornará o maior exportador mundial de laticínios nos próximos dez anos e estou extremamente satisfeito por dar as boas-vindas a Michael Nalet, na nossa Assembleia Geral, não só como presidente da EDA, mas também como Diretor-geral da Lactalis, a maior empresa de laticínios mundial, a fim de descobrir o que é necessário para se tornar um líder mundial no mercado de proteínas animais. No entanto, antes de vos apresentar as ações-chave da FEFAC que procuram maximizar ainda mais as nossas oportunidades de mercado, ao mesmo tempo que se controlam melhor os nossos riscos, deixem-me partilhar convosco algumas observações sobre o nosso ponto de partida como o maior setor de abastecimento agrícola em termos de volume e de valor.
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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
cidadãos participem no ambiente de mercado mundial geralmente positivo, impulsionado pela demografia e pela classe média chinesa em ascensão e outras economias emergentes. Cabe-nos a nós convencermos os nossos líderes políticos de que a cadeia Agroalimentar da UE é um ativo económico importante e não um passivo que suga o dinheiro dos contribuintes, tal como muitos deles ainda acreditam. O nosso setor tem vindo a revelar-se mais resistente do que outros segmentos da economia durante a crise e, em muitos Estados-Membros da União Europeia, é o único grande setor industrial que oferece um PIB significativo e potencial de crescimento do emprego. Foi esse o motivo pelo qual a FEFAC apoiou totalmente a declaração política conjunta sobre “Motivos para reflexão – Uma visão para libertar o potencial da agricultura e da indústria alimentar na UE”, que foi elaborada pelas 11 maiores organizações de cadeias agroalimentares da UE e que foi publicada em maio e enviada para as instituições da UE, para o Presidente do Conselho Agrícola da UE e para todos os Ministros da Agricultura e que será partilhada com os eurodeputados. A nossa declaração conjunta contém 17 recomendações políticas sobre Inovação, sustentabilidade e tomada de decisões mais inteligentes. Permitam-me referir apenas alguns dos pontos principais: Atualmente, o setor agrícola e o setor alimentar combinados representam 30 milhões de postos de trabalho, ou seja, 13,4% do emprego total e 3,4% do valor acrescentado bruto na Europa a 28. A Europa é um grande importador e
As eleições para o PE são um sério aviso para
exportador mundial de alimentos e dispõe de
os nossos decisores políticos de que existe
algumas das terras mais férteis do mundo.
a necessidade de virar a página, alterando as
Deve utilizar estas vantagens para desempe-
suas mentalidades com vista a quebrar o ciclo
nhar o seu papel na alimentação da crescente
vicioso da recessão económica ligada à gestão
população na Europa e no mundo como um
da crise da dívida, permitindo que os nossos
todo. Ao inovar e garantir constantemente a
competitividade dos seus agricultores e
– Promover uma indústria pecuária e
Acredito que esta é a demonstração
da sua indústria alimentar, a Europa será
de alimentos compostos competitiva
perfeita da nossa capacidade para ajudar
capaz de enfrentar este desafio e continuar
e inovadora.
a desenvolver um consenso com base na
a fornecer uma quantidade suficiente de alimentos de alta qualidade, a preços acessíveis, todos os dias. Os consumidores europeus desfrutam dos mais elevados padrões alimentares, que são fornecidos
– Investir numa indústria de alimentos compostos eficiente em termos de recursos e responsável.
ciência, a nível comunitário e internacional, o que resulta em novas iniciativas para trabalhar no sentido de uma maior coerência regulatória na avaliação e gestão de risco de segurança dos alimentos a
à mesa”. A inovação ajuda a manter esses
1. Segurança dos alimentos compostos
padrões da forma mais eficaz e eficiente. A
Tornou-se uma tradição todos os presi-
nossas empresas de alimentos compostos.
Europa pode ser globalmente competitiva e
dentes FEFAC repetirem, nesta ocasião,
Eu compreendo que a prossecução deste
garantir uma vibrante criação de empregos
que a salvaguarda da integridade da nossa
objetivo irá revelar-se uma viagem por
e crescimento económico, permitindo a
cadeia de fornecimento de alimentos é
uma estrada longa e sinuosa, mas não
inovação, assegurando a implementação
a base para o sucesso e viabilidade da
nos podemos dar ao luxo de ficar parados
das boas práticas e eliminando cargas
nossa indústria de alimentos compostos.
e devemos chegar a um acordo relativa-
regulamentares desnecessárias no setor
A segurança alimentar não é negociável e
mente a novas metas para continuarmos
agroalimentar. A agricultura encontra-se
pertence, portanto, à área pré-competitiva.
na direção certa. Deixaremos de conseguir
intimamente ligada à natureza e ao meio
Trata-se de um pré-requisito para os nossos
explicar a quem está de fora da nossa
ambiente. Tecnologias, produtos e práticas
clientes na cadeia de valor e consumidor
cadeia, por que motivo o mesmo milho
inovadoras podem ajudar a tornar mais
final dos produtos de origem animal e
contaminado com aflatoxina que, no ano
eficiente e sustentável o uso dos recur-
isto é absolutamente legítimo. Uma das
passado, criou o caos nos nossos mercados
sos naturais e, assim, melhorar a pegada
principais tarefas comuns da FEFAC é
de alimentos compostos, foi declarado
ambiental da agricultura.
promover tecnologias de tranformação
“apto para o efeito” pela FDA e pode ser
Quando se olha para estas mensagens
seguras e inovadoras.
exportado da Alemanha para os EUA para
políticas chave, apoiadas por uma lista
Estou, portanto, extremamente satisfeito
a alimentação dos animais!
de recomendações políticas altamente
pelo facto de a FEFAC, em estreita coope-
Outro exemplo perfeito deste novo espí-
pragmática e prática, não ficarão surpreen-
ração com a AFIA (Associação da Indústria
rito de cooperação na cadeia de alimentos
didos ao ouvir que estou extremamente
de Alimentos Compostos dos EUA), a sua
compostos é a primeira carta conjunta
feliz com a opção do nosso Conselho,
organização irmã dos Estados Unidos, e
entre a FEFAC e a AFIA apresentando as
no ano passado, de convidar também os
outros membros da IFIF, a nossa Federação
suas recomendações aos negociadores
principais oradores da Comissão Europeia
Internacional dos Industriais de Alimentos
TTIP europeus e norte-americanos sobre
Compostos, terem conseguido convencer
como melhorar a coerência regulamentar
os reguladores de alimentos compostos
e a cooperação entre os dois blocos
em todo o mundo a concluírem as dire-
comerciais. No meu entender, somos o
trizes do novo Codex para a realização
único setor Agroalimentar que conseguiu
de avaliações de risco de segurança de
apresentar uma visão comum dos EUA e da
alimentos e definição da ordem dos riscos
UE sobre os principais passos no sentido
de segurança dos alimentos, no tempo
de melhorar a cooperação regulamentar
recorde de apenas dois anos. Estas novas
com vista a aumentar as oportunidades de
diretrizes foram adotadas pela Comissão
comércio de ambos os lados do Atlântico
Deixem-me recapitular algumas das nossas
do Codex Alimentarius, em julho de 2013, e
para os nossos produtos.
atividades diretas, realizadas ao nível da
levaram a FAO a oferecer aos reguladores
Mais perto de casa, a FEFAC desenvolveu
FEFAC, baseadas em três ações princi-
dos alimentos compostos e à indústria um
um roteiro abrangente sobre a segurança
pais que contribuíram para as orientações
novo programa de parceria público-privada
políticas da cadeia agroalimentar europeia
dos alimentos compostos com base na
sobre a implementação da segurança dos
acima referidas.
análise e conhecimentos do nosso Comité
alimentos compostos na nossa 8ª reunião
EFMC e do nosso Grupo de Trabalho sobre
de reguladores de alimentos IFFI/FAO, em
os contratos, que partilharam as suas reco-
Atlanta, em janeiro de 2014.
mendações sobre a forma de implementar
ao longo de toda a cadeia do “campo até
e os especialistas, juntamente com os nossos parceiros chave da cadeia, para a nossa reunião da Assembleia Geral Pública. Também gostaria de vos convidar a todos, pessoalmente, a divulgarem as mensagens comuns da nossa cadeia agroalimentar entre a vossa própria classe política, incluindo os ministros da Agricultura e os recém-eleitos eurodeputados.
– Assegurar um fornecimento de alimentos compostos seguros.
nível europeu e global, ajudando, assim, a criar igualdade de condições para as
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL DESAFIOS E PERSPETIVAS
um plano de ação passo a passo para pro-
Eu próprio assisti à Assembleia-geral da
o aumento da volatilidade do mercado. A
mover a adoção, ao nível dos fornecedores,
COCERAL, que se realizou em maio, em
nova PAC não oferece grande ajuda, pois a
da nossa abordagem “topo da pirâmide”,
Viena, para discutir os próximos passos
sua capacidade e gestão para intervir em
assumindo maior responsabilidade pelos
para o desenvolvimento de uma parceria
situação de crise de mercado será de inte-
testes e amostragem das matérias-primas
responsável em matéria de segurança dos
resse marginal. Com vista a fazer o melhor
para alimentação animal que colocam
alimentos compostos e questões relacio-
uso da nossa capacidade de servir como
no mercado. Sabemos, no entanto, que
nadas. A nossa nova Equipa de Gestão
amortecedor para absorver, pelo menos
não vamos conseguir chegar lá sozinhos,
de Incidentes de Segurança de Alimentos
parcialmente, futuros choques de preços
Compostos começou, em 1 de janeiro de
nos nossos mercados agrícolas, devemos
2014, a analisar sistematicamente todas
estimular o desenvolvimento de mercados
as novas notificação de alerta RASFF UE
futuros, que devem abranger uma ampla
sobre segurança de alimentos compostos,
gama de produtos, incluindo produtos de
o que resultou na iniciativa de gestão de
origem animal, de modo a permitir que os
risco de acompanhamento envolvendo
nossos clientes da pecuária bloqueiem as
organizações chave de fornecedores, tais
margens de lucro para melhor proteger o
como a FEFANA , no caso da contaminação
seu investimento. Os novos instrumentos de
uma vez que não somos uma indústria única. Precisamos da cooperação estreita entre as nossas associações industriais, os correspondentes sistemas de garantia de segurança dos alimentos e as autoridades de controlo competentes, tal como foi discutido no ano passado no workshop do Serviço Alimentar e Veterinário da UE sobre a aplicação do regulamento de higiene dos alimentos para animais. Estas ações devem ser complementadas por iniciativas legislativas adicionais ao nível da UE, sempre que necessário.
Bt63 de cloreto de colina da China, e a EAPA, no caso da contaminação com ADN de ruminantes de alimentos para peixes. Este trabalho permitiu à FEFAC envolver-se com os serviços competentes de forma mais eficaz, numa fase inicial, ajudando a
Os nossos fornecedores devem assumir
preparar discussões mais bem informadas
as suas responsabilidades, incluindo a
ao nível da SCoFCAH onde se equacionaram
responsabilidade pelo produto, caso os
medidas de gestão de risco proporcionadas
seus produtos não estejam em conformi-
e pertinentes.
dade com a legislação da UE. A legislação
Vamos ser claros, o trabalho sobre ali-
europeia sobre segurança dos alimentos compostos viola o direito contratual e, por
mentos compostos seguros nunca estará terminado, mas a nossa ambição clara ao
isso, recomendamos a todos os membros
nível da FEFAC, do Conselho e do Praesi-
da FEFAC que apliquem a recomendação
dium é tomarmos medidas mais decisivas
do nosso Grupo de Trabalho para a cláu-
que permitam à nossa indústria manter-se
sula geral de contrato de segurança dos
na linha da frente ao nível europeu e global,
alimentos compostos.
por exemplo, afastando-se do antigo papel
A FEFAC vai continuar a investir num
defensivo de “bombeiro” e assumindo uma
diálogo estruturado com os principais grupos de fornecedores, incluindo reuniões de especialistas técnicos sobre questões de segurança dos alimentos compostos. Uma primeira reunião com os especialistas da COCERAL sobre planos de amostragem para a aflatoxina no milho aconteceu em março deste ano, o que levou à conclusão
abordagem pró-ativa do tipo o “ataque é a melhor defesa”, tal como se pode exemplificar muito bem pelo nosso novo Grupo de Trabalho para o vírus PED que está a destruir o setor suinícola norte-americano e canadiano e que esperamos poder manter fora das fronteiras da UE.
regulação da MIFID que procuram aumentar a transparência dos mercados também devem igualmente ajudar a melhorar a liquidez dos mercados futuros, atraindo mais investidores externos. A FEFAC sugeriu, à DG AGRI e aos principais parceiros da cadeia, o desenvolvimento de novas ferramentas de monitorização para que se possa medir o impacto real, no fornecimento de proteínas ao mercado, do pacote de reformas da PAC, seja através de programas nacionais que permitem a produção de proteínas em áreas de interesse ecológico ou através da rotação obrigatória de culturas. O Comité de Produção Industrial de Alimentos Compostos da FEFAC lançou, com sucesso, o conceito de um balanço de proteína da UE, que também contabilizaria o fornecimento de proteínas através da nossa produção de cereais e, possivelmente, num próximo passo através da nossa produção de forragens e de pastagens. Um primeiro cálculo aproximado efetuado pelo Comité mostrou que o fornecimento total de proteínas através dos nossos cereais forrageiros é igual à quantidade de proteína do bagaço de
abordagens de testes em lotes de tama-
2. Uma indústria competitiva e inovadora
nhos diferentes para garantir que qualquer
O nosso Congresso FEFAC, realizado com
o senhor Joost Korte, em fevereiro de
resultado de testes de cargas pode ser
grande sucesso em Cracóvia, no ano pas-
2014, conceito esse que foi bem recebido
ligado à entrega por camião ao nível da
sado, mostrou-nos a importância de dispor
e esperamos que, com o apoio da COPA-
fábrica de rações.
das ferramentas adequadas para lidar com
-COGECA, FEDIOL e COCERAL.
de que é necessário conciliar as respetivas
14 |
ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
soja importado. Apresentámos o conceito ao novo Diretor-Geral adjunto da DG AGRI,
A nossa agenda de investigação e inovação
Esta evolução do trabalho foi bastante
Ambiental dos Produtos) adicionais foram
estratégica para nutrição animal foi entre-
facilitada pelo nosso novo Comité de
selecionados para carne vermelha, laticínios
tanto integrada no documento-quadro do
Sustentabilidade, que já se reuniu três
e peixes. Estes resultados servirão de
nosso Grupo de Trabalho Animal da UE
vezes desde que foi oficialmente criado
base ao futuro quadro regulamentar da
(ATF) apoiado por todas as organizações
em novembro do ano passado, com mais
UE sobre as designações de produtos
parceiras chave de cadeia da pecuária da
de 20 especialistas, apoiados por três
“verdes” para alimentos. Por isso, estamos
UE. A ação conjunta de lobby pela ATF
Grupos de Trabalho e grupos de redação;
numa boa posição para ajudar a moldar as
já nos permitiu ganhar o reconhecimento
claramente um sinal de “forte procura e
novas regras com base em ciência sólida
e a visibilidade ao nível da DG INVESTI-
as expectativas” da nossa sociedade para
e nos nossos dados coletivos da indústria.
GAÇÃO e da DG AGRI para garantir que
essa área de trabalho importante.
as prioridades do nosso setor da cadeia
Ao mesmo tempo, as pressões políticas e
O projeto comum FEFAC & AFIA das linhas
do mercado sobre a indústria dos alimentos
de orientação ACV (Avaliação do Ciclo de
compostos têm vindo a aumentar substan-
Vida) dos alimentos compostos foi avaliado
cialmente em relação a novas iniciativas e
positivamente e revisto pelo Grupo Con-
garantias sobre o fornecimento responsável
sultivo Técnico da FAO. Isto significa que
das nossas matérias-primas, com a principal
ainda podemos esperar a sua adoção formal
prioridade para a soja e derivados.
A proposta da FEFAC para a definição
este ano pela FAO, criando-se, assim, uma
de uma meta de nivelamento obrigatório
primeira referência global. Estas diretrizes,
O novo código florestal brasileiro foi
para os biocombustíveis na atual revisão
depois de confirmadas, serão um alicerce
da Diretiva sobre Energias Renováveis foi
fundamental para o próximo passo no plano
bem acolhida pelo Parlamento Europeu,
de trabalho no sentido de desenvolver
que adotou algumas das nossas ideias fun-
uma ferramenta de cálculo de alimentos
damentais no seu relatório de novembro de
compostos de ACV global e uma base de
serão retomadas nos respetivos planos de trabalho, ao abrigo do programa de I&D Horizonte 2020 e da plataforma de Parceria da Inovação Europeia para a Agricultura, liderada pela DG AGRI.
2013, mas não conseguiu dar um mandato de negociação ao relator. A posição da indústria de alimentos compostos procura o equilíbrio certo entre a disponibilidade destes coprodutos e o aumento da concorrência por matérias-primas, que também são usadas pelo nosso setor, têm sido reconhecidas pelos principais atores políticos e parceiros da cadeia da UE. Resta saber se é possível fazer progressos no sentido de uma posição comum do Conselho que dá prioridade ao uso de culturas primárias na alimentação humana e animal.
3. Uma indústria de alimentos compostos responsável e eficiente em termos de recursos
dados ACV de alimentos compostos para a qual a AFIA & FEFAC concordaram em preparar um estudo de viabilidade que analisa a abordagem mais rentável para desenvolver estes novos instrumentos que permitirão às nossas empresas de alimentos compostos calcularem e compararem a sua própria pegada de produto, utilizando a mesma metodologia contra um conjunto de dados padrão recolhidos a partir do atual projeto de pegada de alimentos compostos holandês e outras fontes de dados europeias e norte-americanas.
finalmente aprovado, dando um período de transição até abril de 2016 a todos os produtores de soja brasileiros para se registarem oficialmente com vista a determinar com precisão o uso correto da terra, incluindo a desflorestação futura. O novo código precipitou o fim da moratória da soja que terminará até ao final de dezembro deste ano. A USSEC (Conselho de Exportação de Soja dos Estados Unidos) publicou o seu protocolo de sustentabilidade sobre soja responsável, que foi objeto de um estudo científico comparativo independente que concluiu que é quase equivalente à norma RTRS. O Fórum dos Bens de Consumo, que representa os grandes retalhistas, publicou o seu projeto de linhas de orientação para a compra de soja responsável, esta-
Em paralelo, o consórcio europeu de ali-
belecendo uma meta de desflorestação
mentos compostos liderado pela FEFAC
equivalente a zero. O Fundo Mundial
concorreu com sucesso à participação no
para a Vida Selvagem (WWF) publicou o
projeto-piloto da UE como um dos 11 con-
seu boletim sobre soja concluindo que a
sórcios que irão testar a nova metodologia
indústria dos alimentos compostos não
Vou terminar a minha panorâmica geral,
da Pegada Ambiental dos Produtos da UE,
está a fazer o suficiente para promover
destacando o progresso substancial e men-
a partir de junho de 2014 até ao final de
a soja responsável. Tal situação foi repu-
surável que conseguimos alcançar desde o
2016 Este será o primeiro passo para o
diada pelas nossas empresas e membros
nosso último Congresso, em Cracóvia, com
desenvolvimento de regras de categoria de
que já investiram fortemente na promoção
o desenvolvimento e implementação do
Produtos para os alimentos compostos que
de uma oferta sustentável, ao passo
nosso plano de ação sobre uma indústria
será um contributo essencial para apoiar
que a IUCN (União Internacional para a
de alimentos compostos responsável em
o respetivo trabalho no setor da produção
Conservação da Natureza) publicou o seu
termos de recursos.
animal, onde três pilotos PAP (Pegada
próprio estudo comparando sistemas de A L I ME N TAÇÃO A N I M A L
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL DESAFIOS E PERSPETIVAS
certificação atualmente disponíveis para
produção com vista a evitar outra armadilha
não foi dita sobre estes grupos e que
a soja responsável. Ao mesmo tempo,
de “nicho de mercado”. Não há uma solução
ainda podemos contribuir para a definição
os principais intervenientes no mercado
rápida e fácil para um problema complexo
de prioridades para o plano de ação PEI
no Reino Unido e Alemanha anunciaram
como a desflorestação, no qual a soja
2016/2017 De qualquer forma, iremos lan-
a sua decisão de se afastarem da soja
desempenha apenas um papel marginal,
çar a nossa própria campanha para se olhar
não-transgénica, resultando num aumento
por isso, precisamos da cooperação com
para futuras fontes de proteínas, que é um
da pressão sobre a cadeia dos alimentos
todos os atores intervenientes, a começar
fator-chave para a eficiência de recursos
compostos para o fornecimento de soja
pelas autoridades respetivas, que são os
e competitividade da nossa indústria. O
responsável. A UE organizou, uma confe-
intervenientes principais em matéria de
nosso Comité de Alimentos para Peixes
rência de alto nível sobre desflorestação
execução dos requisitos legais.
começou a campanha com um primeiro
que pode abrir o caminho para futuras medidas políticas potencialmente “discriminatórias” contra as importações de áreas vulneráveis. Acredito que a lista restrita é uma ilustração clara de que o mercado e o quadro político estão a alterar-se rapidamente à nossa volta e, portanto, estou muito grato ao nosso grupo de redação sobre a soja, que apresentou, em março de 2014, um roteiro FEFAC atualizado sobre soja responsável, recomendando ao nosso Conselho a criação do nosso próprio sistema de referência para a comparação de diferentes sistemas. Este deve ser composto por um conjunto de critérios mínimos, sujeitos a um processo gradual de melhoria contínua, que iremos considerar conjuntamente como a linha de base para a compra de produtos de soja responsável. Quero deixar claro que a própria FEFAC não está a comprar uma única tonelada de bagaço de soja responsável, mas que o nosso papel é ajudar a moldar as bases para o fornecimento convencional de soja responsável através de uma abordagem gradual orientada para o volume. Existe um consenso claro na cadeia, e também no seio
Neste momento, gostaria de felicitar a Angela Booth, a recém-eleita presidente do nosso Comité de Sustentabilidade, pela sua assiduidade e foco estratégico na gestão desta agenda e pelas conquistas impressionantes, que permitem à FEFAC ganhar visibilidade, reconhecimento e aceitação rápidas por parte da Comissão Europeia e elo essencial e de confiança no processo de desenvolvimento destas novas ferramentas que apresentam um valor verdadeiramente revolucionário para os nossos membros e parceiros da cadeia alimentar. Gostaria de estender os meus agradecimentos pessoais a todos os presidentes e especialistas dos nossos Comités que sacrificaram o seu tempo e melhores ideias para ajudarem a nossa indústria a aceitar a pesada carga de trabalho e gerando conceitos e ideias verdadeiramente inovadores para desenvolver novas soluções para antigos e novos desafios. Termino o meu relatório, referindo as novas iniciativas da DG AGRI para implementar a Plataforma Europeia de Inovação para a Produtividade e Sustentabilidade Agrícolas. Estamos satisfeitos por ver que
não pode ser alcançado por um único
os nossos especialistas foram convidados
sistema de certificação e fico satisfeito
para o grupo sobre proteínas futuras, que
por ver, na nossa discussão direta, tanto
já apresentou um primeiro relatório, em
com as organizações de produtores de
maio. Lamentamos, porém, que não tenham
soja nos EUA e no Brasil, bem como com a
sido convidados quaisquer especialistas
Indústria Europeia de Laticínios e o CGF, e
do setor dos alimentos compostos para os
ainda com os comerciantes e a FEDIOL, que
outros grupos setoriais sobre antibióticos
contam com a FEFAC para a cooperação
e agricultura de precisão, que não têm,
e coordenação direta deste assunto. E a
portanto, foco na contribuição do setor
FEFAC deve, em última análise, facilitar o
de alimentos compostos, mas percebemos
alinhamento dos respetivos critérios de
pela DG AGRI que a última palavra ainda
ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
abril deste ano, procurando ganhar uma maior aceitação do mercado para PAP de não-ruminantes e óleos derivados de plantas GM e proteínas. Outros eventos estão previstos ao nível do PE e, para o próximo ano, durante a Expo Milão que tem como tema principal alimentar o planeta.
pelos parceiros da cadeia da UE, como um
das ONG responsáveis, que este objetivo
16 |
workshop público de interessados, em
Conclusão Como conclusão, acredito que o nosso novo Praesidium, com o apoio muito ativo dos nossos comités e grupos de trabalho, fez progressos significativos na implementação do mandato do Conselho no sentido de uma indústria de alimentos mais segura, mais competitiva e responsável. Como referi anteriormente, tenho plena consciência de que estamos numa viagem que não podemos fazer sozinhos – estou certo de que todos conhecem o lema: se querem viajar rápido, viajem sozinhos, se querem chegar ao destino, viajem acompanhados. Por isso, estou confiante de que os planos de ação da FEFAC relativos à segurança dos alimentos, à competitividade e à eficiência dos recursos e fornecimento responsável vai provar o seu valor e eficácia, satisfazendo as necessidades dos nossos clientes e consumidores por produtos de origem animal, a preços acessíveis, produzidos de forma responsável, e as exigências sociais definidas no novo quadro político comunitário em matéria de eficiência de recursos. * Relatório Anual da FEFAC, 2014
Máximo rendimento. Demonstrado!
P 1921 P 1535 P 1570 P 1524 P 0933 P 0640
Pioneer Hi-Bred Sementes de Portugal S.A. Campo Pequeno, 48 - 6º Esq. 1000-081 Lisboa Tel.: 217 998 030 - Fax: 217 998 050
O logótipo da DuPont Pioneer e o símbolo do trapezóide são marcas registadas da Pioneer Hi-Bred International Inc. Des Moines Iowa USA.
A LI ME N TAÇÃO A N I M A L
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL 25º ANIVERSÁRIO
ANIVERSÁRIO DA REVISTA ALIMENTAÇÃO ANIMAL
Manuel Lima
Comemorar o primeiro quarto de século é certamente motivo de regozijo para todos aqueles que na IACA asseguram a publicação da revista “Alimentação Animal”, uma das minhas referências no panorama da cadeia agroalimentar. De inteira justiça, saudar particularmente os mentores e iniciadores do projeto, que acreditaram nas virtudes de uma edição do género e na utilidade da mensagem a passar aos intervenientes da cadeia de valor da indústria representada pela IACA. Felicitações a todos pelos contributos valiosos que prestam aos interessados na causa.
Secretário-Geral
No desempenho das minhas funções no movimento associativo avícola, sempre identifiquei a IACA como parceiro estratégico de diálogo e, logo passei a consultar a revista “Alimentação Animal”, ferramenta que considero indispensável para acompanhar os desenvolvimentos no setor da indústria de alimentos compostos para animais, aceder a informação sobre os mercados das matérias primas alimentares e outras notícias da especialidade. Por isso, na minha prática, associo naturalmente a revista “Alimentação Animal” à missão da IACA, cujos trabalhos muito considero. A “Alimentação Animal” soube conquistar o seu espaço e tornar-se a “marca” de prestígio na defesa dos interesses representados pela IACA. Relevante o facto de não deixar de preocupar-se com os impactos dessa atividade industrial nos setores económicos a juzante, como no caso da avicultura, na medida em que a alimentação animal é um dos meios de produção mais determinantes para a viabilidade das explorações pecuárias, e a avicultura nacional é já o principal cliente dos fabricantes de alimentos para animais de produção. A importância desta visão integrada da cadeia de valor tem sido por diversas vezes salientada na vossa revista, que atesta a proximidade dos interesses defendidos por cada uma das nossas organizações associativas, a IACA e a FEPASA. São vários os exemplos de atuação como parceiros de um só negócio, na defesa da qualidade da 18 |
ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
indústria agroalimentar portuguesa, na promoção da segurança das produções e na melhoria da competitividade das empresas nacionais, que pressupõem o assumir de compromissos e partilha de responsabilidades para garantir as condições mais adequadas a um percurso sustentável da fileira. A “Alimentação Animal” tem sido porta voz destas e outras preocupações, continuando a ser uma janela de oportunidade para os diferentes agentes da atividade agroalimentar expressarem os seus pontos de vista sobre as mais variadas problemáticas setoriais. Haverá ainda um longo caminho a percorrer e acredito que vão existir no futuro razões suficientes para celebrar novos marcos históricos de longevidade da “Alimentação Animal”. Será a prova segura de respeito pelo seu estatuto editorial e pelo alcance dos objetivos estabelecidos, que continuarão a prestigiar a política institucional da IACA e a orgulhar as empresas associadas e todos aqueles que dão corpo a esta vossa publicação.
A EXPLORAÇÃO DA VACA LEITEIRA NOS ÚLTIMOS 25 ANOS NO DOURO LITORAL O fator alimentar Temos que começar por dizer que ao escolher o título deste trabalho na comemoração dos 25 anos desta revista, fazemo-lo porque após o lançamento da Revista AA – lançada há precisamente 25 anos – ocorreram profundas mudanças na produção de leite no Douro Litoral. Porém, a exploração comercial da vaca na função produção de leite tem no Douro Litoral, tradição de muito mais que 25 anos, como todos sabemos. Arnaldo A. Dias da Silva*
Neste intervalo de tempo as explorações leiteiras foram sofrendo alterações, particularmente após a nossa adesão à UE, nesta como noutras regiões do país, fruto das circunstâncias que têm envolvido o sector. A adesão à UE não foi, certamente, das menos importantes. Neste número da Revista AA, quero fazer algumas reflexões sobre alterações que terão ocorrido no Douro Litoral – sobretudo o seu provável impacto na indústria de alimentos compostos para animais. As forragens de outono-inverno – designadamente a silagem de milho ou de azevém estremes ou, com muita frequência, consociadas com uma gramínea e, mais raramente, com uma leguminosa, constituem as principais forragens cultivadas na região. A sua oferta em verde às vacas, é uma forma cada vez menos frequente. Porém, a oferta da erva sob a forma de feno ou, cada vez mais frequentemente, sob a forma de silagem, muitas vezes deixada nos campos pelo menos durante os meses de Maio e Junho envolta em rolo de plástico, é cada vez mais frequente. Nestas formas, as forragens representam, em geral, cerca de 30 a 75% da dieta das vacas durante a lactação – dependendo do estádio de lactação da vaca – ou 70 a 80% da dieta durante o período em que as vacas estão secas. Num e caso e noutro, mandam as regras de alimentação que a participação de forragens na dieta deve depender, sempre, da sua qualidade. A importância das percentagens atrás mencio-
*P rofessor Catedrático Emérito, Alimentação Animal, UTAD
nadas vai decorrer, naturalmente, da qualidade das forragens que as vacas leiteiras têm pela
frente. Infelizmente penso que não é demais repetir algumas realidades elementares que deviam estar sempre presentes. Por aquilo que vamos observando no terreno, não cremos que a situação hoje seja muito diferente da que foi descrita por Lage e outros em 2011 (UNIÃO, 2011), no que respeita à qualidade das silagens. Deste modo as suas observações continuam pertinentes. Podemos resumi-las nos seguintes pontos: 1 – De uma forma geral, as silagens de milho são de boa ou muito boa qualidade. Todavia, como julgamos que ainda temos algum caminho para percorrer na qualidade, nas próximas campanhas de silagens de milho devemos melhorar o tamanho da partícula da planta. Em nossa opinião, a atenção dos operadores das máquinas de colheita deverá focar-se mais no tamanho do corte da planta, para que este seja suficientemente pequeno. Deste modo, vamos garantir boa compactação no silo e seremos capazes de maximizar a ingestão de silagem, tendo obrigatoriamente que garantir um teor de fibra efetivo na dieta que estimule a ruminação e, assim, prevenir acidoses no rúmen e, como consequência provável, uma quebra no teor em gordura do leite; 2 – Se não bastasse o que podemos observar frequentemente na manjedoura das vacas, teríamos as análises químicas que comprovam serem as silagens de erva em geral, no Douro Litoral, de má ou de muito má qualidade. Sendo certo, que as incertezas do tempo, tornam muitas vezes difícil escolher o momento ideal do corte, estará nas nossas mãos tomar algumas medidas para termos silagens de erva de melhor qualidade. Aqui parece-me justo destacar o excelente trabalho de esclarecimento junto das organizações de agricultores – que pudemos observar – e as demonstrações de campo, que a LALLEMAND tem realizado para pôr A L I ME N TAÇÃO A N I M A L
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL 25º ANIVERSÁRIO
de pé práticas que conduzam a realizar
de Vila Conde, digamos que entraram no
aumentou bem como no país, Portugal é
boas silagens de erva.
negócio dos alimentos compostos.
hoje autossuficiente em leite. Felizmente.
Desta forma, poderemos economizar
Com fabrico próprio – em muito casos redu-
As mudanças acima referidas acarretaram
milhares de calorias e toneladas de
zido à simples mistura de matérias-primas
profundas mudanças noutros planos. Cito
proteína utilizáveis pelas vacas, anual-
– o sector cooperativo nortenho entrou
apenas o do melhoramento genético, o dos
mente perdidas na Primavera, perdas
diretamente no mercado. A granulação é
equipamentos e instalações – na maior
agravadas, eventualmente devido à
feita numa fábrica de alimentos compostos
parte dos casos as novas instalações,
chuva frequente na região, nesta época
tradicionais. Normalmente a formulação
concebidas de forma mais elaborada e
do ano.
dos alimentos complementares é feita por
de acordo com nova legislação, as quais
técnicos das Cooperativas.
tiveram reflexo positivo indiscutível na
A liberalização do comércio de matérias-
melhoria do bem-estar das vacas – no
-primas, coincidiu com a entrada em cena
melhoramento sanitário e na gestão
no mundo dos alimentos compostos para
(reprodutiva e económica) dos efetivos.
3 – A importância dos conselheiros técnicos não apenas na formulação de regimes alimentares equilibrados mas que saibam definir estratégias de alimentação adequadas, não apenas às vacas em lactação, mas também para vacas secas, permitido maximizar a ingestão de nutrientes ou dos seus precursores, revela-se absolutamente necessária face às muito elevadas produções de leite que já temos hoje.
Esta figura de conselheiro técnico – engenheiros zootécnicos e médicos veterinários – já assume hoje expressão nítida na região. Diríamos, finalmente…
A sua ação exerce-se ao nível da formulação de dietas durante o crescimento das novilhas, a lactação e a gestação ou, mais geralmente, dos cuidados técnicos e da vigilância médico-veterinária começando na fase de aleitamento do vitelo.
A questão da assistência técnica será cada vez mais importante por uma razão simples: temos cada vez mais vacas de muito alta produção. Senão vejamos, quantas vacas haverá hoje a produzir mais de 11 000 leite ao fim de 305 dias de lactação? Seguramente alguns milhares na nossa região do Douro Litoral!
animais, de novos atores técnicos – os engenheiros zootécnicos. Mas um aspeto que não deve ser negligenciado neste período, foi o da possibilidade dos agricultores conhecerem – e até provarem, como alguns fizeram... – matérias-primas úteis que conheciam vagamente ou não conheciam de todo, como possíveis de utilizar no fabrico de alimentos compostos para animais – casos da polpa de citrinos, do corn-gluten feed, da polpa de beterraba e das cascas de soja, por exemplo.
As grandes alterações na estrutura produtiva
Desafios para o futuro Mas o desenvolvimento não pode parar nem mesmo abrandar com o sucesso alcançado. Foi assim que se progrediu sempre ao longo da História. Nos tempos que correm – é nossa convicção – que talvez seja mais necessário que nunca determinação rara para dizer que o desenvolvimento científico e aplicação da biotecnologia que dele resulta são cada vez mais necessários como sustenta Spiertz (2010). Pensamos que isto é uma necessidade absoluta. E, por fim, acompanhando as reflexões de
A análise dos Relatórios Anuais da Asso-
Jude Capper sobre dados experimentais,
ciação Nacional para o Melhoramento dos
precisamos todos de compreender, que a
Bovinos Leiteiros – ANABLE – , permite
pegada de carbono de 1 litro de leite – é
retirar algumas ilações técnicas impor-
hoje muito menor do que era “nos bons
tantes: houve uma diminuição considerável
velhos tempos...”, assim ficando muito mais
do número de vacas e de produtores de
espaço para fruir livremente a natureza.
leite. Esta diminuição foi muito clara no
Assim, a conclusão, é surpreendentemente
Douro Litoral.
simples: produtores de leite e cientistas
Ao mesmo tempo o tamanho das explora-
têm de se embrenhar numa luta serena mas
ções que ficaram ou as que se constituí-
sem quartel contra a ignorância, venha ela
ram ativas aumentou muito. Atualmente,
de onde vier – mesmo dos sítios de onde
já existe na região algumas dezenas de
não se admitia que viesse!
ordenhas robotizadas em funcionamento. Talvez nem todos reconheçam que destas
Bibliografia
mudanças resultou um aumento da pro-
Lage, A., Torres, A., Morgado e Azevedo
dução de leite na região. Isto aconteceu
S. 2011 – Melhores Práticas de Ensilagem
Houve um fator, a nosso ver decisivo para
por razões que podem dizer-se de forma
da Erva. UNIÃO.
as mudanças nesta região nos últimos
simples: há menos produtores, há menos
Spiertz H. (2010) – Food production, crops
anos – foi a liberalização de venda das
vacas, há menos explorações leiteiras
and sustainability: restoring confidence in
matérias-primas. A União das Cooperativas
mas, as que hoje temos, têm muito mais
science and technology. Current Opinion in
do Norte (UCANORTE) e algumas Coopera-
animais e as vacas são muito mais produ-
Environment Sustainability, vol 2, n. 5-6
tivas individualmente, como foi o caso da
tivas. A produção de leite no Douro Litoral
p. 439-443.
Outros fatores
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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
A L I ME N TAÇÃO A N I M A L
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO
SUPERDOSING FITASE – BENEFÍCIOS PARA ALÉM DA POUPANÇA DE NUTRIENTES Michael Bedford e Carrie Walk O USO TRADICIONAL DA FITASE
AvP o óptimo da taxa de inclusão aumenta. Em
A grande maioria do uso de fitases comerciais centra-se na redução dos custos da alimentação através da poupança de fontes de fósforo inorgânico (P) e, em menor grau, de cálcio (Ca). Com cada 0,01% de P disponível (AvP), avaliado entre €0,07 e €0,22, dependendo das exigências e custos dos ingredientes, o retorno do investimento de uma fitase pode significar 10:1. Como resultado, não é de surpreender que a utilização de fitase seja quase universal em dietas de monogástricos. As curvas de dose/resposta têm sido criadas para todos os produtos no mercado e têm-se mostrado log-linear (Figura 1), ou seja, é necessário um aumento logarítmico da dose para manter um aumento linear no desempenho.
alguns casos, o óptimo é menos do que 500 FTU (na verdade, é inferior a 200 FTU se o custo da fitase é €0,87/kg de ração e o valor de 1% AvP é apenas €4,5) e noutros, é muito mais do que 500 FTU. Os exemplos aqui dados graficamente referem-se apenas para o valor criado pelas economias de P; se a economia de cálcio (Ca), sódio, energia e aminoácidos também for levada em conta, então a poupança de formulação seria consideravelmente maior e a óptima taxa de inclusão aumentaria proporcionalmente. Figura 2 – Custo da dose de fitase e valor da libertação de AvP
Figura 1 – Matriz de P vs. dose para uma fitase libertando 0,15% AvP a partir de 500 FTU / kg no alimento
A partir dessas informações a taxa mais económica de uso pode ser calculado, embora a maioria dos utilizadores de fitases usem uma taxa fixa, perdendo uma oportunidade de poupança significativa. A situação actual é resumida na Figura 2, onde a maioria dos nutricionistas fixa a fitase no alimento em 500 FTU/kg, como representado pela linha vertical vermelha, quase independentemente do valor de fosfato libertado e do custo de fitase adicionada. É claro que a taxa máxima de retorno sobre o investimento, que é a diferença entre a linha de curva de resposta “valor de AvP,” e a linha recta, “custo do produto”, não é fixa. Com um custo mais elevado do produto, a taxa de inclusão optima do produto diminui e com um valor maior de
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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
Com os recentes aumentos dos preços dos nutrientes, o incentivo para aumentar a dose de fitase é maior e muitos utilizadores têm em conformidade aumentado os níveis de inclusão. Em alguns casos, as doses de fitase equivalente para a libertação de 0,17% AvP têm sido utilizadas. Dependendo da fitase utilizada, a dose necessária para alcançar tal matriz varia de 700 a 16.500 FTU/kg, enfatizando ainda mais as diferenças na eficácia entre os diferentes produtos comerciais de fitase. Apesar disso, tal abordagem não tira o máximo proveito dos benefícios de superdosing da fitase em frangos. Neste artigo, superdosing é definido como: “A aplicação de uma dose de fitase equivalente a uma matriz de AvP de 0,20% ou superior, enquanto usando um máximo de matriz AvP de apenas 0,15%”.
Se tal estratégia for seguida, além das poupanças na formula-
1. Perto da destruição completa do fitato (IP6)
ção obtidas pelo valor da matriz de 0,15% AvP, o desempenho
O fitato, em virtude da sua carga negativa em todos os pH encon-
resultante em frangos na conversão alimentar (IC), melhora
trados no sistema digestivo, pode interferir com a digestão das
em média cerca de 4 pontos.
proteínas carregadas positivamente (que constitui a maioria
Isto proporciona mais valor do que a redução de custo que seria
no estômago) e com a absorção de catiões, especialmente o
obtida se a matriz total tivesse sido utilizada.
zinco, ferro, cobre, magnésio e Ca. O impedimento pelo fitato da digestão de proteínas na fase gástrica pode reduzir a taxa
SUPERDOSING – PORQUE É QUE CONDUZ A UMA
de digestibilidade total da proteína, mas a adaptação (isto é,
MELHORIA NO DESEMPENHO?
a secreção de mais ácido clorhídrico e pepsina) pelo animal
A aplicação de superdosing como definido acima tem sido demonstrada em seis ensaios sucessivos realizados nos EUA, Ásia, Brasil e Reino Unido, por resultar em média numa melhoria de 4 pontos no IC quando comparada com uma dieta suplementada com uma dose padrão de fitase de 500 FTU/kg. Na Figura 3, uma dieta de controlo positivo (PC) foi suplementada com 0,1% extra de Ca e P a partir de fontes inorgânicas, de modo a assegurar que o PC estava de facto adequado nesses nutrientes. Este foi o caso, uma vez que não houve diferenças no desempenho de frangos entre o PC ou PC +fosfato bicálcico (DCP). A adição de 500 FTU/kg de Quantum Blue ao mesmo PC resultou numa ligeira mas não significativa melhoria do IC corrigido para o peso. Na verdade, a alimentação do controlo negativo (CN) onde 0,15% AvP e 0,165% de Ca foram removidos da dieta PC (a matriz de 500 FTU/kg de esta enzima), não resultou numa deterioração significativa do desempenho, uma vez mais, confirmando que o PC não era deficiente em P ou Ca. Assim, quando a adição de doses crescentes da fitase, Quantum Blue, ao NC resultou na melhoria do IC corrigido para o peso corporal, foi evidente que este benefício não é um resultado da libertaçao de Ca ou P. De onde é que tal benefício no desempenho vem se a dieta é suplementada com fitase era supostamente adequada em Ca e P? Figura 3 – Análise conjunta dos seis ensaios: IC corrigido para o peso corporal de frangos de 0 a 35/42 dias (n = 35)
pode ser suficiente para esconder tal efeito. A consequência de tal compensação é que mais energia seja desviada para a digestão, em detrimento do crescimento. Como resultado, a digestibilidade aparente dos nutrientes da ração pode não ser necessariamente reduzida, mas a energia net para o crescimento e, portanto, para eficiência de utilização, é comprometida. A adição de fitase a uma ração destas resulta numa melhor eficiência e, à medida que mais e mais fitato é destruído, existe menos impacto negativo sobre a eficiência da digestão.
“Superdosing é uma novidade e, provavelmente, a forma economicamente mais interessante de usar fitases, particularmente quando os preços das matérias primas e assim, o custo da dieta, como parte do aumento de custo de produção dos animais, sobem”.
A questão que permanece é, qual é a quantidade de IP6 que constitui um problema. Por exemplo, numa típica dieta de milho-soja para frangos, o teor médio de fitato varia de 0,7 a 1,1% (dando 0,16 a 0,31% de P fítico) e maior se casca de arroz ou outros subprodutos são utilizados. Vários estudos têm mostrado que as dietas mais ricas em fitato reduzem o desempenho, mas até ao momento nenhum estudo identificou o nível de IP6, abaixo do qual os efeitos negativos no desempenho deixam de existir. O nosso melhor palpite é que este límite é cerca de 0,025-0,05% de P fítico, o que significa que mais de 80% do fitato presente em dietas comerciais normais precisa ser hidrolisado, e por conseguinte, as fitase libertam 0,2-0,25% de P fítico. Isto é bem acima do que geralmente é conseguido com os níveis
A resposta relaciona-se com a destruição de um potente anti-nutriente, o fitato (inositol-6-fosfato), e, possivelmente, em virtude da produção de inositol a partir de fitato, que foi recentemente demonstrado contribuir em parte para o efeito superdosing. Estes mecanismos são discutidos com mais detalhe a seguir.
de utilização de fitase atuais, e significa que a enzima deve procurar e hidrolisar o IP6 mesmo quando as concentrações residuais caem. Até agora as fitases têm trabalhado num ambiente rico em substrato, mas neste cenário o substrato vai-se tornar severamente limitante. A L I ME N TAÇÃO A N I M A L
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO
Nesta aplicação, fitases que pareciam ser equivalentes a libertar 0,1% AvP podem divergir dramaticamente na sua capacidade para destruir 80% ou mais do fitato. Assim, o superdosing não é simplesmente o aumento da dose de uma fitase, é aumentar a dose até ao ponto de 80-90% do fitato ser hidrolisado. Isto pode simplesmente não ser possível com alguns dos produtos no mercado. 2. IP6 não será o único alvo Uma consideração adicional com o superdosing é que a destruição de IP6 pode não ser suficiente. A destruição de fitato, ou seja, IP6, e partir dai do IP5 e, em menor medida de IP4, foi originalmente pensado como sendo tudo o que era necessário para remover o efeito anti-nutritivo do fitato. A suposição era de que as fosfatases endógenas ácidas e as fosfatases alcalinas no intestino eliminariam o IP4 e os ésteres menores. No entanto, evidências recentes sugerem que não é este o caso e que quantidades significativas de IP4 podem acumular-se no estômago e no intestino delgado quando os níveis típicos de fitase são usadas (Figura 4). Doses significativamente mais elevadas de fitase são necessárias para evitar esta acumulação e de facto com algumas fitases isso pode não ser possível uma vez que não são eficazes na remoção de fosfato do IP4. O facto do IP4 acumular confirma
que as fosfatases endógenas não são significativas na remoção do IP4 como assumido anteriormente. Dada a recente evidência de que mesmo o IP3 pode reduzir significativamente a actividade da pepsina e a solubilidade do zinco e outros iões metálicos, isso sugere que o benefício do superdosing pode estender-se à destruição dos ésteres IP menores até IP2 ou mesmo IP1. Este nunca foi até hoje o foco da utilização de fitase mas, talvez, deva passar a ser pois pode ser uma das razões pela qual o superdosing traz benefícios em termos de desempenho. Prosseguem os trabalhos em curso neste campo e esperamos revelar as concentrações de IP6, IP5, IP4 e IP3 que devem ser consideradas o limite acima do qual o desempenho é comprometido. 3. Inositol – um nutriente potencial gerado pela hidroólise completa do fitato O fitato (ou ácido fítico) é hexafosfato de inositol; deste modo a completa defosforilação irá produzir inositol mais seis fosfatos. O inositol é conhecido por ter efeitos promotores de crescimento em pintos desde a década de 1940 e tem um papel no metabolismo da gordura e na função celular. Trabalhos mais recentes provaram que o inositol promove o crescimento e a eficiência alimentar, tanto em dietas deficientes e suficientes em P. A razão exata pela qual isto acontece não é conhecida, mas trabalhos recentes (Rama Rao e Bedford, 2013) investigaram os efeitos de inositol (0 ou 3 kg/t) e uma superdose de fitase (0 ou 1.500 FTU/kg),
Figura 4 – Efeitos da dieta controlo (Painel A) ou 500 FTU/kg de Fitase Citrobacter brakkii (Painel B) sob o fitato e ésteres do IP no trato gastrointestinal (Pontopiddan et al., 2012)
num arranjo fatorial. A dose de inositol (3 kg/t) foi selecionada pois representava o montante que seria produzido se o fitato da dieta fosse convertido em inositol. O resultado foi que tanto o inositol como a fitase melhoraram o crescimento e a eficiência alimentar, com a fitase a superar o inositol (Figura 5). Figura 5 – Influência de inositol (0 ou 3 g/kg) ou uma superdose (1500FTU/kg) de uma nova fitase E. coli no IC corrigido para o peso corporal de frangos com 42-dias
Não houve benefício da combinação dos dois, o que sugere que o efeito da fitase foi parcialmente explicado pelo efeito do inositol. Por outras palavras, o benefício do superdosing é parcialmente devido à produção in situ de inositol. A conversão completa do IP6 para inositol é claramente uma tarefa ainda maior do que a destruição de 80-90% de IP6 dietético. 24 |
ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
PORQUE NÃO DEVE USAR A MATRIZ DE P
Conclusões
COMPLETA QUANDO USA SUPERDOSING?
O Superdosing é uma maneira nova e provavelmente o meio econo-
1) Segurança. Garantir uma matriz de AvP de 0,20-0,25% não
micamente mais interessante de usar fitases, particularmente quando
é possível, quando as concentrações de ingrediente e de P
o preço das matéria primas e assim, o custo da dieta como parte do
fítico, variam. Em alguns casos, o teor total de P fítico da
custo significativo da produção animal, sobem.
dieta pode ser menor do que a matriz usada, o que pode
Para ter sucesso usando o superdosing, a fitase tem de ser capaz
levar a deficiências de P se a dieta for formulada com esse
de trabalhar em concentrações de IP6,IP5, IP4 e IP3 muito baixas, a
requisito.
fim de assegurar a maximização da produção de inositol. As fitases
2) Os requerimentos em P de um animal com superdosing podem mesmo ser mais elevados do que o controlo. Isto pode ser devido ao aumento da taxa de crescimento, mas outra consideração sob investigação é saber se o inositol gerado quando é utilizada a superdosing é re-fosforilado
atualmente no mercado diferem marcadamente nesta capacidade, e como resultado, provavelmente diferem na resposta ao superdosing. Isto está em contraste gritante com as suas capacidades relativas para promover uma hidrólise parcial do fitato, que todas são capazes de realizar, e é evidente que todos os fabricantes são capazes
para IP1 e ésteres de fitato mais elevados no corpo. O IP3
de fornecer uma estimativa da dose necessária para libertar por
e o IP4 são conhecidos por estar envolvidos na sinalização
exemplo 0,1% AvP.
celular, e o IP6 é encontrado em todas as células e pensa-se
No entanto, a razão entre as dosagens de produto necessárias para
ser um potente antioxidante. Tais ésteres fosfóricos de
fornecer 0,1% AvP muda dramaticamente quando o objectivo é pro-
inositol seriam mais necessários em animais em rápido
porcionar uma dose de 0,2% ou superior de AvP (ou seja, superdosing).
crescimento. Se for este o caso, então o inositol que é
Actualmente, estas questões não estão totalmente bem descritas, e
absorvido pode consumir quantidades consideráveis de P
precisam ser melhor compreendidas, de modo que a aplicação com
ao ser re-fosforilado.
sucesso do superdosing de fitase possa melhorar o desempenho animal.
A L I ME N TAÇÃO A N I M A L
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25
ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO
EXTRUSÃO DE CEREAIS ENRIQUECIDOS COM PERMEATO DE SORO LÁCTEO: PROCESSO PRODUTIVO Genericamente a extrusão é a operação de dar forma a uma substância plástica ou material moldável, forçando a sua passagem através de uma abertura. Nos finais do século XVII, já se empregava a extrusão para fazer tubos de chumbo. Esta con-
Bruno Penha Eng.º Agrónomo Director Técnico
sistia no pré-aquecimento do material para posteriormente passá-lo por uma matriz mediante um êmbolo. O processo não foi desenvolvido até princípios do século XIX, quando Thomas Burr construiu a primeira máquina hidráulica. Na atualidade, um extrusor é considerado um biorreactor de alta temperatura e breve tempo de residência que transforma uma ampla variedade de matérias-primas em produtos intermédios ou produtos finais. Este artigo será centrado na extrusão de cereais, que apesar de ser uma das técnicas mais habituais, é, todavia, uma grande desconhecida. Utilizada no âmbito industrial durante os últimos 50 anos, o seu uso limitava-se a dar forma e misturar cereais distintos. Atualmente, utiliza-se para transformar uma ampla variedade de matérias-primas em produtos intermédios modificados ou produtos finais. Produtos como as massas, os cereais para o pequeno-almoço, as comidas para bebés, as batatas fritas e a comida seca, entre outros, conseguem-se principalmente graças à extrusão. O processo da extrusão dos alimentos é uma forma de cozinhar rápida, contínua e homogénea. Mediante este processo de indução de energia térmica e mecânica é aplicado ao alimento processado, alta pressão e elevada temperatura, durante um curto espaço de tempo. Como resultado, produzem-se uma série de alterações
Figura 1 – Aspiração e limpeza dos cereais 26 |
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na forma, estrutura e composição do produto. Este tipo de extrusão é denominada “extrusão por via húmida” já que utiliza vapor de água, água ou determinados líquidos alimentares para o processamento de cereais e proteínas destinados à alimentação animal e humana. O soro lácteo procedente da indústria de fabrico de queijos é utilizado tradicionalmente nalgumas zonas geográficas como alimento nas explorações pecuárias, misturado com a ração. Nos últimos anos, o soro lácteo adquiriu um grande interesse económico-industrial devido às possibilidades que a sua fragmentação oferece, podendo separar-se a proteína, a gordura e a lactose, por processos distintos. No entanto, para que o produto resultante desta fragmentação, o permeato lácteo, possa ser incorporado na alimentação dos animais jovens como leitões, vitelos e cordeiros, deve ser previamente desmineralizado por nanofiltração, já que de outra maneira a sua elevada concentração em cloro, sódio e potássio provocaria diarreias nos animais. A extrusão dos cereais destinados à alimentação animal exige “per si” que todos os processos até à obtenção do produto final tenham características especiais. Assim, é imprescindível uma completa e exaustiva limpeza do cereal que vai ser processado por extrusão, de maneira a que se eliminem não só as partículas grosseiras, mas que esta seja também extensível às frações mais finas, que geralmente acompanham os cereais. Para tal contamos nas fábricas com potentes aspirações de pó: na receção, crivos, peneiros seletivos e separadores (Figura 1).
Está demostrado em inúmeros trabalhos e análises microbiológicas que a percentagem mais importante da carga contaminante do cereal encontra-se precisamente no pó e na fração fina. O processo posterior à limpeza do cereal será a moenda. O rendimento do moinho estará diretamente relacionado, entre outros, com a limpeza do cereal que entra no seu alimentador. Desta maneira, evitaremos um desgaste inapropriado dos martelos, roturas dos peneiros e possíveis explosões causadas por faíscas geradas por pedras, cristais ou metais que tenham podido introduzir-se no mesmo. Naturalmente, a qualidade da moenda será mais homogénea. Outro dos fatores chave para conseguir uma extrusão de qualidade será o tamanho da partícula do cereal moído. É aconselhável conseguir que a farinha tenha a maior capacidade possível de absorção de permeato láctico, pelo que uma moenda muito fina será contraproducente. A incorporação do permeato lácteo no processo de extrusão deve considerar-se como um dos pontos críticos para a obtenção de um bom produto final. A alta concentração de lactose contida no extrato seco total do permeato tem o risco de desencadear reações de Maillard, provocadas pela temperatura no interior do extrusor. O correto delineamento tecnológico dos acondicionadores prévios ao extrusor, juntamente com a apropriada temperatura de processamento do permeato, ajudará a que tais reações não se produzam. Para se conseguir uma boa extrusão do cereal misturado com o permeato lácteo devem-se harmonizar os quatro parâmetros fundamentais do processo: Temperatura, humidade, pressão e tempo. Com isto conseguiremos e asseguraremos que os níveis de gelatinização do amido no produto final sejam superiores a 75% e a digestibilidade apropriada. Se considerarmos a extrusão como um dos pontos críticos de todo o processo, a posterior secagem e arrefecimento do produto deve ser contemplada como determinante. A evaporação da água contida deve ser levada a cabo utilizando técnicas de secagem de produto sobre leito fluido. O aumento da vida útil do produto final e a sua melhor conservação dependerão deste processo. Se submetermos o produto a altas pressões, este ao sair para o exterior, perderá parte da água por evaporação e o resultado é um produto com baixa atividade da água, portanto, mais duradouro. A utilização de cereais extrudidos e enriquecidos com permeato lácteo nas primeiras fases da alimentação de animais como leitões, vitelos e cordeiros representa um fornecimento de lactose inovador. As vantagens (Figura 2) mais relevantes da utilização de cereais extrudidos com permeato lácteo são: • Maior ingestão de ração devido a uma maior palatabilidade • A lactose incorpora-se e reparte-se uniformemente por toda a superfície do cereal • Eliminam-se as “bolitas” de soro no pó das rações farinadas • Previne a separação de ingredientes misturados e portanto, os animais não os podem selecionar
• Incorpora-se à ração uma maior percentagem de cereal extrudido, pelo que se incrementa a digestibilidade do cereal e portanto da ração • A limpeza prévia do cereal e o tratamento em condições de temperatura e pressão elevadas conseguem uma excelente higienização da ração • É uma alternativa ao uso de soro em pó, economicamente mais atrativa
Figura 2 – Vantagens da extrusão láctea
Características nutricionais dos cereais extrudidos enriquecidos com permeato de soro lácteo Os produtos mais habituais são fabricados com base no Trigo e no Milho. Devido às características da proteína e do amido, o trigo permite uma maior incorporação de permeato no produto final, por isso em produtos à base de trigo, podemos chegar a níveis de lactose-láctico com mais de 15%. No caso do milho, as características vítreas do seu amido, a baixa percentagem em proteína, a menor capacidade de panificação e o conteúdo em gordura, fazem com que a incorporação de permeato seja menor, alcançando um valor máximo de lactose-láctico no produto final próximo de 11%. A incorporação deste tipo de matérias-primas no fabrico de rações para leitões é cada vez mais habitual, já que permite incorporar uma elevada quantidade de lactose na ração final, eliminando os problemas tecnológicos na manipulação dos soros (higroscopicidade, falta de fluidez, etc.). Além disso, pelo facto de ser um processo de secagem do soro de elevada eficiência energética, o preço torna muito atrativa a sua incorporação. Outro dos aspetos interessantes é a limpeza e facilidade de conservação. Dado que o processo de extrusão requer que as impurezas sejam mínimas, o cereal tem de submeter-se a diferentes filtros de eliminação de impurezas (pó, pedras, metais). Este processo de limpeza faz com que o cereal a processar tenha uma menor quantidade de microrganismos e micotoxinas. Num trabalho realizado na Extrunoga, no qual se recolheram amostras de cereal após a limpeza e do pó que se elimina do cereal, verificou-se uma redução substancial tanto de enterobactérias, como de fungos e de micotoxinas (Figuras 3), no cereal. A L I ME N TAÇÃO A N I M A L
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Do ponto de vista nutricional, a inclusão destes cereais extrudidos com permeato lácteo depende do nível de lactose final que se queira alcançar. Níveis de 35% são habituais, nos dias de hoje, nas rações de leitões de primeira idade, podendo alcançar 50%. Como referência, a inclusão de 35% de Trigolac (Trigo extrudido enriquecido até 15% com lactose e 1,5% de ácido láctico), forneceria à ração final 5,25% de lactose e 0,53% de ácido láctico, juntamente com 27,3% de trigo extrudido. Na figura 5 encontram-se as matrizes nutricionais de Trigolac 16,5 e Maizlac 11.
Figura 3 – Nível de fungos, enterobactérias no Trigo e Milho após a limpeza e no pó extraído da limpeza
Por outro lado, o produto conserva-se muito bem devido à baixa atividade da água, à baixa humidade do produto final (<11%) e ao elevado teor em lactose (Figura 4). A esta baixa atividade da água, adiciona-se a atividade conservante do ácido láctico.
Figura 5 – Matrizes de cereais extrudidos com permeato lácteo – Trigolac 16,5 e Maizlac 11
Figura 4 – Atividade da água no Trigo e Milho extrudidos enriquecido com permeato
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Como conclusão, devido à elevada qualidade nutricional, organolética e higiénica, bem como como pela facilidade de manipulação e a minimização de problemas derivados da utilização do soro, o uso destes produtos no fabrico de rações para animais jovens é uma realidade cada vez mais comum. Numa altura em que se procuram incessantemente alternativas viáveis e fidedignas, que permitam valorizar a nutrição/alimentação animal do ponto de vista técnico e económico, a utilização de cereais extrudidos com permeato lácteo é uma garantia de confiança.
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL SFPM
SECÇÃO DOS FABRICANTES DE PRÉ-MISTURAS
SFPM
NOTÍCIAS DA SFPM
–C om a presença de algumas empresas portuguesas, efectuou-se em Madrid, nos dias 5/6 de Novembro, o XXX Curso de Especialização FEDNA. –A assessora técnica da IACA engª Ana Cristina Monteiro, esteve presente em Bruxelas a 14.10.14, no 26º Comité de Pré-Misturas e Minerais da FEFAC (ver resumo pag. seguinte). –R ealizaram-se a 14.10.14, na sede da IACA em Lisboa, as eleições para a SFPM- Secção de Fabricantes de Pré-Misturas. Com a presença da TNA, Eurocereal, Tecnipec, Vetlima, Reagro e Prémix (rep. pelo SG da IACA), foram eleitos para o mandato de 2015/17, as seguintes empresas/representantes: • Tecnipec-Serviços Pecuários,SA; rep. por João Vieira Barreto. • Eurocereal-Fab. e Com. de Prod. Agropec.,SA; rep. por José Pedro Folque Gouveia. • TNA- Tecnologia e Nutrição Animal,SA; rep. por Luís Manuel Frade Batista. Após as eleições, a nova Direcção da SFPM designou o representante da Tecnipec, João Vieira Barreto, como presidente da Secção e futuro representante na nova Direcção da IACA.
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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
SFPM / Pedro Folque Realizaram-se no passado dia 14 de Outubro as eleições para a SFPM-Secção de Fabricantes de Pré-Misturas, da IACA, resolvendo o problema da sua continuidade futura, derivado do reduzido número de membros e à falta de disponibilidade destes para participarem numa estrutura directiva. A solução encontrada (ver Notícias da SFPM), termina com a minha responsabilidade pela Secção e com a minha participação na Direcção da IACA, após 6 anos de vida associativa. O balanço e a avaliação do meu desempenho neste período, não devem ser feitos por mim, pelo que nesta altura apenas gostaria de deixar algumas considerações finais: •E m relação à SFPM, fazendo parte na nova Direcção, manterei o meu apoio e colaboração, principalmente nas áreas técnicas, na organização das Jornadas de Alimentação Animal e no projecto QUALIACA. Penso que o futuro “Alargamento da IACA” será particularmente importante para a Secção, permitindo-lhe evoluir para “Aditivos e Pré-Misturas”. •N o que diz respeito à IACA, uma palavra de estímulo e confiança à nova Direcção a eleger em Dezembro, para terminar os projectos anteriormente referidos (Alargamento da IACA e QUALIACA), fundamentais para o futuro da Associação. • Por fim, uma palavra de agradecimento a todos os meus colegas de direcções (SFPM e IACA) pela colaboração e amizade, em particular à presidente engª Cristina de Sousa, pela confiança e consideração sempre demonstradas. Um particular muito obrigado ao meu colega e amigo Jaime Piçarra, secretário-geral da IACA, e a toda a equipa da Associação (Ana Cristina, Amália, Luís Manuel, Fátima e Ana), pelo apoio e enorme profissionalismo demonstrado. Malveira, Novembro de 2014 Pedro Folque
26º COMITÉ DE PRÉ-MISTURAS E ALIMENTOS MINERAIS DA FEFAC Bruxelas, 14 de Outubro 2014 Principais assuntos discutidos:
Implementação das anteriores reautorizações (p.e. cobalto) – Problemas práticos O Regulamento (UE) No 131/2014 que corrige o Regulamento (UE) Nº 601/2013 entrou em vigor a 4 de Março de 2014 e requer que os compostos de cobalto autorizados para a alimentação animal sejam utilizados na forma não pulverulenta. Em paralelo, o Regulamento (UE) No 107/2014 relativo à retirada do mercado dos aditivos para a alimentação animal, cloreto de cobalto hexa-hidratado, nitrato de cobalto hexa-hidratado e sulfato de cobalto mono-hidratado, e que altera o Regulamento (CE) No 1334/2003, foi adotado. Os membros do painel informaram de problemas relacionados com: –O uso da forma revestida de carbonato de cobalto devido à referência incorreta no Regulamento (UE) No 601/2013; – A aplicação de regras transitórias: alguns especialistas referiram que, a ausência de regras específicas de transição para as pré-misturas causa problemas visto que os sais de cobalto
rotulados antes de 4 de Setembro de 2014 podem ser utilizados após 4 de Setembro de 2014 de acordo com as regras anteriores, mas as pré-misturas só podem ser utilizadas se produzidas e rotuladas antes de 4 de Setembro de 2014, pelo que é um contrassenso poder-se utilizar o aditivo, mas não poder ser fabricada a pré-mistura; as disposições de transição para a retirada de aditivos para a alimentação animal são muito mais claras e devem ser utilizadas sistematicamente; o período de transição é considerado muito curto; –A gestão dos requisitos de utilização da forma não pulverulenta de certos sais de cobalto leva a que na prática os compostos em que estes requisitos são impostos sejam muito menos utilizados; –O utro fator apontado prende-se com a inexistência de uma definição de “forma não pulverulenta” na legislação. Ficou decidido enviar-se uma carta para a Comissão a pedir três datas para o termo de utilização: uma para o aditivo, uma para a pré-mistura que o contenha e a última
para o alimento composto fabricado com a pré-mistura.
Estatuto das preparações A DG SANCO fez uma proposta com vista à alteração dos Anexos III e IV do Regulamento (CE) Nº 1831/2003 para especificar requisitos quanto à natureza dos ingredientes e à sua rotulagem. Na próxima versão preliminar, é esperado que seja requerida a indicação no rótulo da presença de aditivos tecnológicos com teor máximo legislado, e informação sobre outros aditivos tecnológicos utilizados através de outros meios (não no rótulo). Isto é na prática uma derrogação da obrigação de declarar o aditivo na rotulagem como referido no Regulamento (CE) No 1831/2003. Por exemplo, a reautorização da Vitamina A está a ser avaliada de momento e acredita-se que esta não será reautorizada como aditivo mas sim como preparação, pelo facto de ser normalmente fabricada com um aditivo tecnológico, conservante da própria Vitamina A. O conservante geralmente utilizado é a etoxiquina, cuja autorização como aditivo está também a ser reavaliada. Presentemente não há uma definição legal para “Preparações”. A L I ME N TAÇÃO A N I M A L
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL SFPM
Próximas reautorizações (vitaminas, oligoelementos) – âmbito da ação A EFSA estimou que com a sua proposta irá reduzir a quantidade de zinco excretada no ambiente em cerca de 20%. Para completar a avaliação de risco, a EFSA reviu a literatura relevante, assim como as informações recebidas pelas autoridades dos diferentes Estados-membros e das partes interessadas, incluindo a FEFAC. Em comparação com os dados fornecidos pela FEFAC, baseados nas práticas nutricionais presentes, as recomendações da EFSA são muito inferiores, em particular para perus de cria, pequenos ruminantes e peixes. De acordo com a EFSA, o uso de fitases nos alimentos para leitões, porcos de engorda e marrãs permitiria uma maior redução dos teores máximos em cerca de 30% (de 150 para 110 mg Zn/kg de alimento para leitões e marrãs e de 100 para 70 mg Zn/kg alimento para porcos de engorda). Para os especialistas a utilização de fitases está completamente fora de questão, sendo um assunto nutricional e não de segurança alimentar, e como tal não é da competência da EFSA. Os especialistas dos comités “Milk Replacers” e “Fish Feed” já informaram que os valores propostos pela EFSA não são praticáveis no caso de vitelos e salmonídeos. Foi preparada uma carta baseada nos comentários dos especialistas dos Comités. No entanto, no que diz respeito aos porcos de engorda a carta carece de suporte científico. Iodo: O Painel FEEDAP recomendou num documento de 2013 a redução do teor máximo de iodo em alimentos completos: •V acas leiteiras/pequenos ruminantes leiteiros – 2 ppm; • Galinhas poedeiras - 3 ppm; • Cavalos - 3 ppm. Os produtos de origem animal são importantes fontes naturais de nutrientes para os seres humanos e qualquer redução da sua quantidade vai afetar a composição dos produtos de origem animal. Neste sentido, sabe-se haver já deficiência em iodo em raparigas adolescentes. 32 |
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No entanto, este argumento deverá ser utilizado com cuidado, uma vez que não é esperado que a pecuária seja a solução para problemas de saúde do consumidor, devido a deficiências em determinados nutrientes. A suplementação de 2 ppm de iodo em vacas de leite é a recomendação atual, estabelecer o limite máximo em 2 ppm não deixa qualquer margem de manobra na suplementação deste oligoelemento. Ferro: O painel FEEDAP na sua opinião científica sobre o sulfato ferroso heptahidratado, publicada a 20 de Fevereiro de 2014, recomenda a redução do teor máximo em ferro atualmente autorizado em alimentos completos para bovinos e frangos de 750 para 450 mg Fe/kg, e para “PetFood” de 1,250 para 600 mg Fe/kg. O limite para os coelhos é considerado demasiado baixo e deve ser aumentado. A proposta de redução para um valor máximo de 450 ppm em ruminantes da EFSA é também demasiado restritiva, visto que no caso de elevadas inclusões de óxido de magnésio na alimentação destes animais, a interação entre estes elementos limita a utilização do ferro. Existe ainda a questão fundamental de que apesar das matérias-primas atingirem ou ultrapassarem o limite máximo legal de ferro, as necessidades dos animais podem não estar a ser cumpridas, uma vez que a utilização do ferro pelos animais está dependente da sua biodisponibilidade. No que diz respeito às vitaminas, o processo de decisão da Vitamina D está suspenso até a EFSA ter acesso a dados científicos quanto aos requisitos para peixes. Para a Vitamina A, a Comissão Europeia propôs implementar novos limites particularmente para animais adultos. Vitamina B2: Três dossiers para a reautorização foram entregues (estirpe específica), mas um pode ser retirado. Este facto pode ter um sério impacto no mercado de Vitamina B2. A Vitamina B2 é produzida por fermentação, por isso espera-se que no futuro venha especificado no ato legislativo e consequentemente na rotulagem qual o microrganismo utilizado na sua produção.
Tolerâncias analíticas A pedido do Comité, o Secretariado pediu aos serviços da DG SANCO uma nota explicativa quanto à aplicação de tolerâncias e desvios analíticos para a divulgação quantitativa dos constituintes analíticos e dos aditivos na rotulagem de alimentos compostos, baseado nos documentos VDLUFA e AFNOR. Os serviços da DG SANCO indicaram que o método quadrático de determinação da tolerância total, já foi previamente considerado para o estabelecimento de tolerâncias totais para antibióticos, mas que o processo parou quando os antibióticos foram proibidos. A Comissão Europeia informou também que estão a trabalhar em tolerâncias analíticas específicas para aditivos para alimentação animal, assim como num guia sobre como definir as incertezas analíticas. As atuais práticas durante os controlos oficiais em caso de incumprimento são as seguintes: –E m certos países, em caso de incumprimento, é realizada uma segunda análise e, em caso desta confirmar o primeiro resultado, então o produto é considerado não-conforme, independentemente da incerteza analítica; –N outros países, para os contaminantes, a avaliação do incumprimento tem em conta a média de duas análises subsequentes mais a aplicação da incerteza analítica (princípio “para além de qualquer dúvida razoável”); –N outros países, a abordagem acima aplica-se apenas quando a amostra foi retirada pela autoridade de controlo oficial; –A s autoridades belgas desenvolveram um guia para aplicação de incertezas analíticas no caso de controlos de aditivos para alimentação animal; –S e as incertezas analíticas/tolerâncias se aplicam em geral para os controlos de contaminantes e aditivos em alimentação animal, em certos países uma política tolerância 0 é utilizada para a contaminação com salmonela, o que não é praticável. Não há base legal para as tolerâncias de aditivos em pré-misturas.
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS
22 ª FEIRA NACIONAL DO PORCO Secretário de Estado da Alimentação) e do governante: num momento em que a suinicultura portuguesa enfrenta uma baixa de preços que decorre do embargo russo, temos de estar juntos na resolução dos problemas da Fileira, sendo decisivo o próximo Quadro Comunitário de Apoio e muito em particular o Programa de Desenvolvimento Rural 2020; a resolução de problemas ambientais, encontrar novos mercados de exportação, ultrapassar os problemas de licenciamento, a aposta no Interprofissional, na qualidade dos
UMA REFERÊNCIA PARA A FILEIRA Se na edição anterior da Revista “AA”, por manifesta falta de espaço, destacámos a atribuição da Insígnia de Ouro à nossa Presidente Cristina de Sousa pelo Presidente da CESFAC, D. Joaquin Unzué, é de elementar justiça, pela sua importância para o futuro da Fileira que testemunhássemos nas páginas da “Alimentação Animal” uma notícia sobre a 22ª edição da Feira Nacional do Porco que decorreu no Montijo, de 26 a 28 de setembro e que se revestiu de assinalável êxito. No dia 26 de setembro, a Sessão de Abertura foi presidida pelo Secretário de Estado Nuno Vieira e Brito, sendo de notar um discurso de particular cumplicidade entre a mensagem do Presidente da FPAS (pela sua importância reproduzimos o discurso deste dirigente aquando da receção à Ministra Assunção Cristas e que inclui os principais pontos referidos junto do
produtos, na inovação e investigação, dar esperança e acreditar que este Setor tem futuro e é importante para a economia do país, tendo em vista a redução do deficit agroalimentar e o objetivo de se atingir uma autossuficiência em valor no horizonte 2020. Na sua visita à Feira, no dia 27 de setembro, a Ministra da Agricultura e do Mar consubstanciava estas mensagens, referindo-se à importância do Setor e de toda a Fileira que representa, num discurso que se centrou nos chamados 4 I : Inovação,
Com mais de 3000 visitantes, 200 expo-
Investigação, Industrialização e Interna-
sitores, e Jornadas Técnicas de grande
cionalização.
mais-valia, pela divulgação e partilha de conhecimentos, a Feira foi sem dúvida um inegável sucesso e assumiu-se como uma referência no Setor. O grande objetivo, como referiu o líder de uma vasta equipa de profissionais incansáveis que preparou a 22ª edição da Feira Nacional do Porco, Vitor Menino, é preparar já 2016 e ter como ambição fazer deste evento uma
Ainda no mesmo dia, da parte da tarde, infelizmente por motivo de doença do Presidente da APIC, Dr. Carlos Ruivo, (felizmente, recuperou rapidamente), coube-nos a honra de apresentar, em sua substituição, o Plano de Ação da FILPORC – Associa-
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referência europeia do Setor. Não temos dúvidas de que, mais tarde ou mais cedo, assim acontecerá, porque o potencial existe e a vontade é enorme. Portugal merece!!! Terminamos assim este testemunho com
ção Interprofissional da Carne de Porco.
fotografias de associados da IACA e
Refira-se que esta nova entidade mereceu
parceiros da Revista “AA” que estiveram
particular relevo com um stand conjunto
presentes na Feira do Porco.
das FPAS, APIC e IACA, com a imagem
Parabéns à organização, parabéns à ALISP
institucional da FILPORC.
e FPAS.
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS
INTERVENÇÃO DO PRESIDENTE DA FPAS NA 22ª EDIÇÃO DA FEIRA NACIONAL DO PORCO Devolver a ESPERANÇA e o investimento ao sector Suiníicola é o principal objectivo que nos move. Esperança que permita trazer jovens a acreditar e a apostar no sector de forma a que rapidamente sejamos auto-suficientes em carne de porco no nosso País. Não me canso de repetir, somos uma actividade com futuro, temos condições privilegiadas para produzir porcos no nosso país, uma vez que: – Temos terra e água abundantes, temos clima invejável, temos saber como os melhores. –E xma Senhora Prof. Dra. Assunção Cristas, Ministra da Agricultura e do Mar –E xmo Senhor Eng.º Nuno Canta Presidente da Câmara Municipal do Montijo –E xmos Autarcas presentes – Exmos representantes da Administração Pública –E xmos Dirigentes Associativos – Exmos Senhores Expositores – Amigos Suinicultores – Senhoras e Senhores Em nome da FPAS e a ALISP, entidades organizadoras desta XXII Feira Nacional do Porco AGRADEÇO: –A toda a equipa que me orgulho de comandar, pela determinação com que trabalhou para tornar possível este evento; – À Câmara Municipal do Montijo e à União de Freguesias de Montijo e Afonsoeiro pelo apoio, disponibilidade e meios que nos concederam; – Ao Crédito Agrícola pelo importante patrocínio e apoio ; – e a todos vocês, empresas e empresários que directa e indirectamente tornaram esta feira, numa referência Ibérica da Suinicultura. Obrigado em nome da fileira do porco em Portugal. 36 |
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Condições necessárias para o sucesso. Começamos, também a ter um Estado, que finalmente sentimos como parceiro, e a entender que esta é uma actividade que o País precisa. Sentimos que fundamentalismos que nos perseguiram no passado, e em alguns casos infelizmente, ainda perseguem, começam a ficar na gaveta. Que se começa a legislar em prol de quem quer produzir com sustentabilidade e respeito pelas normas legais, e não contra quem quer produzir. Prova disso a recente aprovação pelo Conselho de Ministros de diploma que estabelece com caracter extraordinário, o regime de regularização e de alteração ou ampliação de explorações pecuárias, incompatíveis com os PDM, ou com condicionantes de uso do solo. Falamos do lendário REAP, que não sendo em muitos casos exequível, condicionou o acesso de muitas explorações a investimentos no PRODER, limitando a modernização das mesmas e o desenvolvimento do sector. Começamos a ver um Estado determinado em abrir canais à exportação, condição essencial para fugir à concentração da procura, que se verifica em Portugal, e que tanto nos tem prejudicado. Nós temos equipas, de Norte a Sul, das raças autóctones às exóticas, falamos
uma só voz. Temos ideias e dinâmicas inovadoras exequíveis para relançar o sector. Se todos, Administração, Suinicultores e profissionais da fileira, rumarmos no mesmo sentido, atingiremos os objectivos que pretendemos. Queremos ajudar a preencher o interior rural do País. Queremos deslocalizar as explorações ou parte delas de onde sejam um problema, para onde possam ser uma oportunidade. Essa é a menina dos nossos olhos, pela qual temos batalhado com êxito. Chamamos-lhe SEGMENTAÇÃO DE CICLO e dar-nos-á a oportunidade de repensar, reestruturar e redimensionar as explorações, de forma a aumentar-lhes a rentabilidade e a competitividade, resolvendo problemas de território e ambiente, contribuindo para a melhoria da produtividade da agricultura em geral, através da incorporação de nutrientes orgânicos no solo, com todos os benefícios para o ambiente, sustentabilidade rural e balança de pagamentos. Aproveitar o próximo PDR para levar a efeito este tipo de investimentos, é uma oportunidade que nós Suinicultores não devemos desperdiçar. Pretendo destacar também a recente fundação do FILPORC –Associação Interprofissional da Fileira da Carne de Porco, veículo fundamental para o desenvolvimento de todo o sector, que demonstra que a fileira está unida em torno de objectivos comuns. Destaco ainda pela sua importância, os três protocolos que iremos amanhã celebrar, nesta XXII Feira Nacional do Porco: –C om a UTAD – Universidade de Trás-os-Montes, que visa a participação em projectos de investigação, desenvolvimento, formação e transferência de tecnologia, em produção suinícola, que nos munirá com o necessário conhecimento, para finalmente podermos tomar posições de defesa dos suinicultores portugueses, com base em critérios científicos.
– Um outro com o INIAV (Polo da Estação Zootécnica Nacional) que tem por objectivo o aprofundamento de estudos, apoio, e dinamização raça Malhado de Alcobaça, importante património genético, em sérios riscos de extinção em Portugal, e
trativos, relativamente a interpretações de assuntos ambientais. – Temos de ultrapassar este regime que aplica coimas equivalentes às aplicadas a multinacionais petrolíferas, levando ao encerramento de explorações. – Temos, Sr. Secretário de Estado, de
– Ainda um terceiro com o INIAV e a EDIA,
ultrapassar as objecções ao uso de Soja
tendo em vista o desenvolvimento de
OGM, e que Bruxelas decida politica-
unidades experimentais de composta-
mente sobre a autorização de importação
gem, visando a valorização agrícola dos
das 8 variedades propostas à Comissão
dejectos suinícolas e dos subprodutos
Europeia.
agrícolas e agro-industriais.
– Temos de ultrapassar o impacto negativo
Cremos que são passos importantes no
que o embargo russo está a causar na
desenvolvimento de um sector que, apesar
economia do nosso sector.
das potencialidades, enfrenta pesados constrangimentos que temos que ultrapassar:
Senhores e Senhoras Hoje felizmente as oportunidades para
– Temos de ultrapassar o excesso de zelo
suinicultura, são mais que os problemas.
e diferenças de critério, muitas vezes
Felizmente que ultrapassados estão os
regionais, de alguns funcionários adminis-
AF_raporal_anuncio_148x210mm.pdf
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14/04/14
dades. Renasceu a esperança na Suinicultura em Portugal. Alegra-me que em tempo de vacas magras, e de dificuldades gerais para as empresas e para os portugueses, esta XXII Feira Nacional do Porco, tenha a representatividade, e a dinâmica que aqui estão bem demonstradas. Obrigado a todos, autarcas do Montijo, patrocinadores, expositores, palestrantes, representantes da administração pública, suinicultores, dirigentes associativos, colaboradores, que trabalharam para tornar esta numa importante referência Ibérica do sector Suinicola. Preparar 2016 começa na próxima segunda-feira. Tornar esta feira, numa referência Europeia do sector, será o próximo objectivo. Muito obrigado a todos.
tempos em que só descortinávamos dificul-
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS
5º CONGRESSO DA INDÚSTRIA PORTUGUESA AGROALIMENTAR No passado dia 28 de outubro teve lugar
Na qualidade de Key-note speaker, António
O Representante da FAO em Portugal,
o 5º Congresso da Indústria Portuguesa
Lobo Xavier referiu na sua intervenção a
Hélder Muteia, falou da importância e do
Agroalimentar. A Sessão de Abertura
importância dos clusters. Segundo este
futuro dos sistemas alimentares e das
foi marcada pelos discursos do Presi-
orador as empresas do setor agroali-
relações complexas que estes sistemas
dente da FIPA Jorge Tomás Henriques,
mentar estão a perceber a riqueza das
implicam e que têm de ser pensadas em
do Presidente da CIP, António Saraiva, e
relações que estabelecem em toda a
conjunto. Na sua intervenção explicou
do Secretário de Estado da Agricultura,
sua cadeia de valor, do envolvimento
ainda que a indústria agroalimentar é
José Diogo Albuquerque. António Saraiva
dos diversos stakeholders de diferentes
fundamental na procura de alimentos, nas
relatou alguns dos fatores que, no seu
áreas e da forma como cada um pode
matérias-primas e na eficiência de recursos.
entender, estão a travar o crescimento
trazer valor ao conjunto. Agora urge saber
Para este orador a tendência que o setor
em Portugal e que só políticas públicas
aquilo que se pede a cada interveniente
agroalimentar enfrenta passa quer pela
podem resolver, a política fiscal: a carga
no ambiente dos negócios: as soluções em
fiscal reduz confiança dos consumidores e
pressão da sustentabilidade e quer pela
Portugal passam necessariamente pela
reduz competitividade das empresas; e o
dos consumidores que são cada vez mais
UE; e é fundamental haver estabilidade e
Financiamento da economia: Estado tem
quem dita as regras.
previsibilidade na política macroeconómica
de liquidar dívidas às empresas, facilitar
Ao nível dos debates, moderados pelo
e nas políticas setoriais. Não se pode dar
jornalista Nicolau Santos, tiveram lugar
estabilidade, por um lado, e, por outro,
3 momentos de importante reflexão
manter a incerteza através da ‘criatividade
sobre temas relevantes para o futuro
fiscal’. Na sua intervenção António Lobo
da Indústria: Responder aos desafios da
Xavier referiu-se ainda ao associativismo
economia, Responder aos desafios dos
empresarial que deve ser mais racional e
consumidores e Responder aos desafios
participativo.
da Sustentabilidade.
Nuno Netto, partner da Deloitte abordou
Pemitimo-nos destacar este último que
os principais indicadores da Indústria
contou com a presença da Presidente
Agroalimentar Portuguesa, como a sua
da IACA, na qualidade de Presidente do
contribuição para a economia, os desa-
Conselho de Administração da Raporal.
acesso ao crédito (sobretudo PME), promover taxas de juro mais baixas, fomentar recapitalização das empresas. Para o orador é necessário criar estabilidade e, para isso existe uma estratégia, mas o rumo tem de ser estável e não pode ser imprevisível. No mesmo painel José Diogo Albuquerque escolheu falar das exportações do setor agroalimentar, um indicador que nos deixa otimistas para o objetivo da autossuficiência em valor em 2020. Ainda segundo o Secretário de Estado da Agricultura o Governo está a trabalhar para fazer chegar os fundos estruturais às empresas, para simplificar processos e para privilegiar aqueles que trabalham em conjunto.
fios da competitividade do país e as expectativas dos líderes da indústria empresários e gestores. Considerando todo este contexto, na perspectiva da Deloitte, as expectativas futuras para a indústria são positivas, no entanto, são vários os desafios que enfrenta e são várias as iniciativas que deve realizar. Por fim, foi apresentado um conjunto de princípios orientadores para uma possível Ambição 2020, que de alguma forma
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possa mobilizar os agentes da Indústria,
A Presidente do Conselho de Adminis-
agregando vontades e contribuindo para
tração da Raporal, Cristina de Sousa
a convergência da agenda e políticas
chamou a atenção dos convidados para o
nacionais do setor.
extremo rigor e cuidado que existe numa
exploração pecuária. Referiu que a maioria
sempre uma preocupação das empresas,
percorrer e que assenta em três motores
dos consumidores, por exemplo não tem
porque disso está dependente o seu
fundamentais: exportações, consumo e
noção dos cuidados de higiene que existem
futuro. Lembrou ainda que os preços
investimento. Neste contexto, Leonardo
numa simples operação numa exploração
da energia têm ditado o fim de muitas
Mathias explicou o contributo da Indústria
deste tipo. O representante da Fileira do
indústrias. O Diretor de Comunicação
Agroalimentar, os pontos fortes do setor e
Pescado Manuel Tarré, falou da inesgota-
e Relações Institucionais da Central de
os desafios para o futuro. A sua interven-
bilidade dos recursos marítimos e de um
Cervejas, Nuno Pinto Magalhães explicou
ção terminou referindo que o Governo está
progressivo aumento do consumo de peixe,
que para a empresa que representa a
empenhado na ajuda à internacionalização
aumento esse que tem sido proporcional à
sustentabilidade passa inequivocamente
das empresas portuguesas.
informação dada aos consumidores, isto é,
pela inovação e que esta representa 15%
quanto mais informado está o consumidor
da faturação da empresa.
sobre os benefícios do pescado mais este
O V Congresso da FIPA foi encerrado pelo
produto é consumido. O Administrador
seu presidente, Jorge Tomás Henriques
delegado da Cerealis Rui Amorim de
e pelo Secretário de Estado Adjunto
Sousa, focou a sua intervenção no facto
e da Economia, Leonardo Mathias. O
da sustentabilidade e da competitividade
representante do governo falou sobre o
estarem intimamente relacionadas. Para
caminho sólido de recuperação económica
o empresário a sustentabilidade tem sido
e de crescimento que Portugal já está a
MAIOR BENEFÍCIO ECONÓMICO COM UMA NUTRIÇÃO AVANÇADA Reduza os seus custos de alimentação, aumente a flexibilidade na formulação de alimentos, melhore a uniformidade dos animais e reduza o impacte ambiental, com estas soluções nutricionais inovadoras. Em utilização individual ou combinada, estes produtos enzimáticos termoestáveis e de elevada fiabilidade, são adaptados às necessidades individuais, de forma a aumentar a rentabilidade na produção de suínos e de aves. Contacte o nosso distribuidor autorizado REAGRO SA, pelo telefone 21 791 6000/29 ou por e-mail inove.tec@reagro.pt
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HOMENAGEM AO PROFESSOR ARNALDO DIAS DA SILVA Associação Portuguesa de Engenharia Zootécnica
Chaveiro Soares Nas minhas primeiras
É para a Associação Portuguesa de Engenharia Zootécnica (APEZ) uma honra poder fazer esta justa homenagem a uma tão grande figura da Engenharia Zootécnica em Portugal. Embora sendo Engº Agrónomo de formação, o Professor Arnaldo Dias-da-Silva é um verdadeiro Zootécnico de coração e alma. A zootecnia vive-se, experiencia-se, o gosto pela zootecnia transmite-se pela acção de personalidades que respiram a sua essência, que transparecem a sua existência. O Professor é uma dessas personalidades. Ao longo do seu trajecto de vida, pessoal e profissional, o Professor contribuiu para a disseminação do conhecimento da zootecnia no geral, da nutrição animal em particular. Esteve na formação do então Instituto Politécnico de Vila Real (IPVR), esteve na criação do curso de Engenharia Zootécnica na UTAD, esteve na base das alterações curriculares que o mesmo foi tendo ao longo dos tempos. Foi, desde sempre, um grande defensor de um perfil de Engenharia para o curso. Foi, e é, mentor técnico e científico de muitos Engenheiros Zootécnicos que hoje trabalham por esse Portugal fora e além fronteiras. Foi, e é, um dos grandes impulsionadores da investigação científica na área da nutrição animal. A sua colaboração com a APEZ no sentido de zelar pela importância da profissão de Engenheiro Zootécnico, e da Engenharia Zootécnica foi/é imprescindível. Dotado de uma personalidade particular e de um discurso assertivo e mordaz, foi de várias discussões, por vezes acesas, que resultaram grandes contributos para a acção da APEZ enquanto associação profissional e na organização de grandes eventos, como os Congressos de Zootecnia. O Professor é um Zootécnico com Z grande. O Professor é um grande amigo! O seu contributo permanece, fica marcado na História da Zootecnia em Portugal. E fica marcado no coração e história da APEZ e dos seus membros. Obrigado. Vila Real, 10 de Maio de 2014 APEZ
palavras gostaria de expressar o maior reconhecimento pelo honroso convite que a prestigiosa Associação Portuguesa de Engenharia Zootécnica (APEZ) amavelmente me dirigiu, para participar nesta justa homenagem ao Professor Emérito Arnaldo Alves Dias-da-Silva. Embora consciente das minhas limitações e insuficiências para enaltecer com propriedade as qualidades do Homem e o mérito da Obra que todos admiramos, não posso deixar de manifestar a felicidade que sinto por me ter sido concedida a oportunidade de participar activamente na presente sessão, em boa hora promovida pela Associação Portuguesa de Engenharia Zootécnica, que assim distingue publicamente o insigne Zootecnista que, desde há mais de três décadas, a par de uma intensa actividade científica, vem empenhando as suas notáveis capacidades pedagógicas na formação de inúmeros Engenheiros Zootécnicos, para além do contributo que tem dispensado à notoriedade e prestígio desta classe profissional. Cumpre salientar que falar em público sobre um amigo, por quem nutro profunda admiração, constitui tarefa simultaneamente agradável e delicada. Com efeito, por um lado é sempre um prazer enaltecer as qualidades humanas, intelectuais e profissionais de um amigo, mas, por outro lado, sinto algum pudor em expressar publicamente os meus sentimentos de amizade, apreço e veneração. Não obstante o que precede, tenho como uma elevada honra a responsabilidade que me foi concedida pela APEZ para vir, neste dia e neste lugar, esboçar o percurso de vida admirável do distinto professor da Universidade de Trás os Montes e Alto Douro (UTAD), Arnaldo Dias-da-Silva. Vai para meio século o dia em que tive o privilégio de conhecer o então caloiro, do Instituto Superior de Agronomia (ISA), Arnaldo Alves Dias-da-Silva. Estando eu já no 4º ano da Licenciatura, acontece que, por feliz coincidência, estávamos ambos instalados no denominado Lar Ultramarino, situado muito próximo da Tapada da Ajuda, recentemente inaugurado e, por sinal, com óptimas
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instalações, propícias ao estudo e à camaradagem. Porventura por afinidade de personalidades, logo nos primeiros contactos criou-se uma empatia entre nós, que derivou para uma estima mútua, na qual assenta uma amizade inquebrantável ao longo de meio século, vivida com maior ou menor proximidade, consoante as vicissitudes inerentes às nossas vidas profissionais. Conforme referido anteriormente, Arnaldo Dias-da-Silva iniciou os estudos superiores em 1964, terminando a fase lectiva do Curso de Engenheiro Agrónomo cinco anos depois. No ano seguinte dirigiu a revista Agros, então uma muito prestigiada publicação da Associação de Estudantes de Agronomia, onde teve oportunidade de desenvolver, nomeadamente, a sua reconhecida aptidão para a comunicação escrita. No entretanto e nos meses seguintes, o ainda aluno Dias-da-Silva exerceu duas actividades no ISA que o acompanhariam durante toda a sua ulterior vida académica: a docência, então como monitor, no âmbito da Zootecnia, e a investigação, designadamente nos domínios do pastoreio e também da multiplicação avícola, que desenvolveu num estabelecimento à época de excelência na área da Zootecnia, o Laboratório de Estudos de Nutrição Animal, mais tarde denominado Laboratório Professor Pais de Azevedo, justamente o professor catedrático que orientou os estudos então desenvolvidos pelo jovem estagiário sobre o pastoreio em prados de regadio. Obtido o título de Engenheiro Agrónomo, Arnaldo Dias-da-Silva cumpre o serviço militar na Marinha e, de seguida, regressa ao ISA para exercer funções docentes na disciplina de Zootecnia Geral, durante o ano lectivo de 1974/75. Seguidamente, o Engenheiro Agrónomo Dias-da-Silva ruma à cidade de Vila Real, onde reingressa na vida académica, para continuar a dedicar-se empenhadamente à investigação e ao ensino na área da Ciência da Produção Animal, que acumula com funções administrativas de grande responsabilidade, primeiro no Instituto Politécnico de Vila Real (IPVR), posteriormente no Instituto Universitário de Trás-os-Montes e Alto Douro (IUTAD) e, mais tarde, integrando a Comissão Instaladora da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) até finais de 1987. Na primeira década passada em Vila Real, a actividade científica do Prof. Dias-da-Silva centrou-se, predominantemente, no estudo da valorização alimentar dos alimentos fibrosos, que viria a constituir o tema da tese de doutoramento concluída em 1985. De salientar que, tratando-se de matéria então de grande actualidade e inédita entre nós, o doutorando considerou pertinente estagiar previamente em diversos centros de investigação dedicados à aludida temática, designadamente em França, Dinamarca, Holanda, Noruega e Inglaterra. Justo é recordar nesta oportunidade, decorridas quase três décadas após a conclusão da dissertação em apreço, que se tratou de uma das primeiras teses de doutoramento elaboradas em Portugal no âmbito da Ciência Animal e que foi realizada numa instituição recém-nascida, o que leva facilmente a presumir os grandes esforços que o doutorando terá despendido para dotar o Departamento de Zootecnia do IUTAD com as instalações e equipamentos exigidos para a execução dos trabalhos experimentais incluídos na tese. Acrescente-se que, obviamente, estas estruturas viriam a revelar-se
de inestimável utilidade para a investigação ulteriormente realizada no mencionado Departamento. De salientar que, durante a referida primeira década vivida em Vila Real, entre outras actividades, algumas já anteriormente mencionadas, o então Assistente Arnaldo Dias-da-Silva publicou 22 trabalhos, maioritariamente consagrados ao estudo dos alimentos fibrosos, se bem que também alguns de índole pedagógica, permitindo-me destacar, dentre estes, uma publicação intitulada Breve Análise Crítica ao Sistema de Weende, pois recordo-me que veio a revelar-se muito útil no apoio ao ensino que eu ministrava no ISA. Obtido o grau de Doutor em Engenharia Agronómica, em Março de 1986, o Professor Arnaldo Dias-da-Silva, a par da actividade docente exercida na UTAD, manteve no respectivo Departamento de Zootecnia um intenso trabalho de investigação, sobretudo no domínio da alimentação dos ruminantes, quer integrado em estágios curriculares de alunos de Engenharia Zootécnica, quer em colaboração com outros docentes da UTAD, quer ainda elaborando trabalhos de índole individual, nomeadamente quando se trata de comunicações apresentadas em reuniões científicas, e, ainda, de publicações no âmbito da divulgação técnica ou de cariz pedagógico. A partir da data supramencionada, o Professor Arnaldo Dias-da-Silva disponibiliza-se mais para o exercício de actividades exteriores à UTAD, designadamente como consultor da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), representante da Confederação Nacional de Cooperativas Agrícolas de Portugal (CONFAGRI) em comissões consultivas na área da alimentação animal e participando em inúmeros actos académicos, nomeadamente integrando júris de provas e de concursos noutras universidades. Em Maio de 1990 presta provas públicas na UTAD para obtenção do título de Agregado e, em Janeiro de 1991, é aprovado em concurso documental para um lugar de Professor Catedrático da UTAD – em decorrência normal de um curriculum de mérito inestimável. Entretanto, ao longo da década de 1990, os nossos contactos pessoais tornam-se mais frequentes. Por um lado desloco-me por diversas vezes à UTAD, a convite do Prof. Dias-da-Silva, a fim de participar no Mestrado entretanto criado no âmbito da Produção Animal, ocupando-me designadamente da leccionação de matérias relativas à multiplicação avícola, com relevo para a incubação – temáticas que me vinham interessando muito particularmente desde 1986, quando integrei a equipa profissional que criou a que é, actualmente, a maior empresa desse sector na Península Ibérica. Por outro lado, o Prof. Dias-da-Silva passou também a vir com mais frequência a Lisboa, designadamente para participar em actos académicos, encontros científicos ou reuniões técnicas; tinha por hábito instalar-se num simpático hotel situado próximo da praça Marquês de Pombal e, também habitualmente, jantávamos juntos. Esta maior proximidade proporcionou-nos excelentes oportunidades para debatermos questões diversas, quase sempre atinentes à Produção Animal, no âmbito quer da vida académica quer da vida profissional. Havia então um assunto que merecia uma atenção entusiástica ao docente da UTAD: a inserção dos seus ex-alunos no mercado de trabalho. Gozando de notório prestígio profissional e dispondo de um A L I ME N TAÇÃO A N I M A L
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS
amplo relacionamento pessoal no sector do leite, mormente na área cooperativa – que, por sinal, ocupa uma posição relevantíssima no aludido sector –, na referida iniciativa o Prof. Dias-da-Silva tinha por objectivos apoiar os jovens Engenheiros Zootécnicos na sua realização profissional e, concomitantemente, promover o progresso técnico das explorações pecuárias, com destaque para as dedicadas aos bovinos leiteiros. Foram assim colocados inúmeros jovens licenciados em cooperativas, explorações pecuárias e unidades de preparação de alimentos compostos para animais, tendo sido alcançado de facto resultados técnicos notáveis e muito prestigiantes para os Engenheiros Zootécnicos licenciados pela UTAD. Já no início do século XXI, o Prof. Dias-da-Silva foi o principal impulsionador da criação na UTAD do Centro de Ciência Animal e Veterinária (CECAV), emergindo naturalmente como seu primeiro director, que viria a reunir e dinamizar uma vasta equipa de investigação multidisciplinar, estabelecendo inclusive laços de cooperação com outros centros de investigação nacionais e estrangeiros. Em breve o CECAV tornou-se uma referência a nível nacional, dada a elevada qualidade do conhecimento científico produzido, frequentemente citado na bibliografia da especialidade. Actualmente, recorrendo principalmente ao correio electrónico, mantemos o hábito de debater diversos temas que nos interessam, muitos dos quais são recorrentes nos meios de comunicação, não raras vezes apresentados sem fundamentação científica e discutidos com base em utopias bondosas. É com o maior interesse que leio as reflexões do Prof. Dias-da-Silva – algumas recentemente publicadas – sobre temas polémicos, mas que o académico, por imperativo cívico, não se cansa de esclarecer com rigor e em tom pedagógico, muitas vezes também com fina ironia. Refiro, a título de exemplo, alguns desses temas, que agruparia em quatro domínios: i) eficiência biológica – tantas vezes diabolizada e associada depreciativamente ao que alguns designam «produtivismo» – e sua relação com o ambiente; ii) preconceitos e mitos relativos à segurança sanitária dos géneros alimentícios de origem animal; iii) apoios concedidos por Bruxelas à produção animal e seus reflexos no rendimento dos agricultores e na soberania alimentar; iv) ensino superior agrário em Portugal (curiosamente trata-se de uma temática sobre a qual se vem debruçando desde os bancos do ISA, então predominantemente focado na criação da primeira Licenciatura em Engenharia Zootécnica, em Portugal). Dotado de uma inteligência ágil e sólida formação científica, personalidade de escol e carácter de eleição, o Prof. Dias-da-Silva tem perante a vida uma postura de independência intelectual, alicerçando as suas opiniões na evidência científica, rejeitando o politicamente correcto e, talvez por tudo isto, sempre declinou convites para cargos de relevo político ou social. Assim sendo, termino formulando um voto para que o nosso Amigo Arnaldo Dias-da-Silva continue a ter paciência para publicar, com a sua habitual elegância e inclinação pedagógica, as suas reflexões sobre temas da actualidade zootécnica – uma área científica em que é um reconhecido Mestre. Chaveiro Soares Administrador do Grupo Valouro
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Fernando Bianchi de Aguiar Caro Arnaldo, Há muito tempo que não escrevo uma carta, mas perante o desafio que a APEZ me fez de testemunhar a nossa amizade, achei que esta seria uma boa forma de falar sobre o assunto. Tudo começou no ISA e no apartamento que partilhámos na Rua da Misericórdia (o quinto esquerdo), perto da Aliança Operária em 1968. Partilhávamos a mesma casa e também, ao fim de semana, com muita frequência, o transporte até ao Norte. Foram raros os fins de semana durante a minha estadia em Lisboa em que não fui até à minha casa no Porto, pelo que, com agrado, apanhava esta boleia. Mais ... aceitando a tarefa, que também me agradava, de guiar o teu Renault 16 (um luxo para mim, que guiava no máximo um Mini!). Bem sei que o teu carro tinha já um bom par de anos, ao ponto de certo dia termos de fazer uma viagem debaixo de chuva intensa sem limpa para-brisas. Uma aventura, lembras-te? Tínhamos hábitos de vida diferentes, pois enquanto tu eras um notívago no trabalho, a mim, pelo contrário, só a luz do dia me inspirava ... … Há uma faceta da tua maneira de ser que tu, curiosamente, numa troca recente de correspondência electrónica, definias na perfeição… “amante dos documentos bem elaborados”. Com a informática e os postos pessoais de trabalho deixastes em paz as secretárias/ datilografas (dos velhos tempos), mas posso imaginar como terão penado com esta tua preocupação de rigor! Os alunos, muitos hoje presentes neste jantar, conhecem também bem essa faceta que, devo declarar, fica muito bem a um professor como tu és, mas que os fazia penar bastante ... fazia! Trabalhámos muitos anos em lugares próximos, mas em Departamentos diferentes – hoje felizmente enquadrados na mesma Escola – e por isso as nossas vidas profissionais não se cruzavam com muita frequência. Partilhámos contudo uma função na Comissão Instaladora no então IPVR de 1977 a 1980 tendo-me tu substituído no chamado Conselho Administrativo, onde te mantiveste até 1985. Lembro-me bem do nosso entusiasmo no projeto de criação de uma nova Escola Agrária, que mais tarde se tornou numa Universidade. Presenciei com o coração apertado as tuas dificuldades mais recentes. Fui-te acompanhando à distância tendo certamente pecado por omissão com as poucas visitas que te fiz. Assisti com satisfação à tua recuperação progressiva e que estou certo irá continuar. Fiquei muito satisfeito em ver e saber da tua presença em várias cerimónias públicas na UTAD e feliz por ver a tua permanente atividade intelectual traduzida em documentos escritos. Somos agora companheiros como colaboradores permanentes do Boletim da SCAP. Eu com os vinhos e os Biocombustíveis e tu com intervenções nos temas da Nutrição e Produção Animal. Termino esta carta com uma palavra muito especial para a Manuela, que com grande determinação te acompanhou e acompanha, cumprindo com enorme estoicidade o compromisso assumido no vosso casamento, de que fui uma testemunha, de te amar e respeitar, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos
o aminoácido que estabelece a proteína ideal da dieta e obtém a melhor performance do leitão?
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os dias da vossa vida. É algo que presenciei sempre que te visitei com alguma emoção. Um grande abraço e votos de continuação das tuas melhoras Lisboa, 30 de abril de 2014 Fernando Bianchi de Aguiar Director da GALP Energia
Emídio Gomes Falar sobre o Prof. Arnaldo Dias da Silva é recordar o que melhor tem a Universidade Portuguesa. É voltar a percorrer o caminho da UTAD, dos seus primórdios na década de setenta, aos primeiros dez anos deste século. É perceber que qualquer caminho é sempre difícil, mas que só há uma forma de o percorrer: Com abnegação, com ética, com profissionalismo e com carácter. São estas as traves mestras de uma Universidade. Foi com elas que nos habituamos a conviver com o Arnaldo. Com as suas noções fluidas do tempo. Com a sua obsessão pela “palha”. Pela verdadeira, a agrícola, que pela outra e para a outra ele tinha muito pouca paciência. Tudo isto sempre em nome do aprofundar do conhecimento e da sua partilha como bem comum e universal. Desde logo e nomeadamente com o tecido produtivo. Com ele percebemos desde cedo a importância desta interacção universidade/indústria, agora tanto na moda. Aprendemos a lutar pelo rigor, e sempre que possível, muitas vezes, pela perfeição. Percebemos a importância da água, fosse a do mar de Vila do Conde, ou a da chuva em culturas de sequeiro. Mas também e sempre tudo com alegria, muitas vezes misturada com ironia, não raras vezes cortante, mas nunca descurando os objectivos a atingir, como maior ou menor esforço, como maior ou menor dificuldade, mas sempre com a noção exacta de que nos momentos difíceis “don’t Quit”. Com a máxima de que o trabalho sem alegria é um aborrecimento, mas sem ética é uma vergonha. Eu, e muitos que comigo percorreram o caminho da UTAD, devemos ao nosso “Mestre”. Em nome da ciência, para a vida e para sempre. Porto, 8 de maio de 2014 Emídio Gomes Presidente da CCDR-N
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António Fontainhas Fernandes Felicito a Associação Portuguesa de Engenheiros Zootécnicos por promover uma homenagem ao professor Arnaldo Dias da Silva, um ilustre docente da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, cuja atividade profissional é reconhecida, em termos de ensino, de investigação e de extensão à comunidade, a par de uma intervenção ativa em matéria de política agrária. Uma instituição virada para o futuro não pode esquecer a sua história, antes a deve enriquecer. Deve manter a sua identidade e ambicionar celebrar as pessoas e o seu percurso académico. A afirmação desta Universidade passa também pelo reconhecimento público e do mérito de todos os que marcaram a sua história, caso do professor Arnaldo Dias da Silva, fortalecendo desta forma, o compromisso da instituição com quem contribuiu para a sua consolidação. Trata-se de uma homenagem justa a um dos professores emblemáticos da UTAD que manteve sempre uma participação ativa nesta academia, desde a sua criação como elemento da II Comissão Instaladora do Instituto Politécnico de Vila Real até à atualidade. Professor exemplar e cientista ilustre, o professor Arnaldo Dias da Silva, marcou diferentes gerações de alunos da UTAD como docente e investigador, no domínio da nutrição animal. A sua atividade universitária constitui uma referência, em particular, a sua capacidade de comunicação nas aulas, nas conferências e palestras, bem como a atualidade dos temas com que constantemente nos provocava. Na qualidade de antigo aluno, é com muita honra que me associo a esta homenagem. Quero sublinhar a exigência científica, o rigor da escrita, o espirito crítico, bem como a disponibilidade que sempre manifestou na orientação dos trabalhos de estágio final de curso, que ainda hoje registo na memória. Por último, tenho de deixar uma nota sobre o cidadão Arnaldo Dias da Silva, que sempre valorizou os valores da dignidade da pessoa humana, da responsabilidade, privilegiando a liberdade e a independência de juízo critico. Fontainhas Fernandes Reitor da UTAD
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EVENTO DO 10º ANIVERSÁRIO DA MINTREX NA EUROTIER 2014 ATRAI MUITA ATENÇÃO dos com a fonte (orgânica ou inorgânica)
O Dr. Alain Bourdonnais, Diretor Técnico
de oligoelementos. Os oligoelementos
e de Marketing de Minerais da Novus,
têm que ser doseados cuidadosamente,
explica, “A MINTREX, quelatada com
pois muita literatura científica indica a
HMTBa (o ingrediente ativo no suplemento
capacidade tóxica de alguns elementos.”
alimentar ALIMET®), é uma fonte alta-
No topo dos efeitos dos suplementos de
mente biodisponível de cobre, zinco e man-
oligoelementos nas espécies, o Prof. Kam-
ganês” o Dr. Bourdonnais acrescenta, “A
phues também focou as diferenças entre os
pesquisa mostra que a MINTREX fornece
oligoelementos (orgânicos ou inorgânicos)
mais minerais biodisponíveis ao intestino
em termos de digestibilidade, absorção
delgado do que outros oligoelementos
O fórum e evento Minerais organizado pela
e biodisponibilidade. “Os oligoelementos
orgânicos. Quanto mais biodisponível
Novus dia 12 de novembro, em Hannover,
ligados aos aminoácidos podem resultar
um mineral é, menor é a concentração
atraiu profissionais de produção animal
na absorção e acumulação elevadas de
necessária na dieta e, como resultado,
de 20 países. O Prof. Dr. Josef Kamphues,
oligoelementos nos tecidos corporais
menos minerais são excretados para o
Diretor do Instituto de Nutrição Animal
(músculos) e/ou produtos (ovos e leite).”
meio ambiente. “
da Universidade de Medicina Veteriná-
Este ano, a Novus está a comemorar o 10º
Para mais informações sobre a presença
ria de Hannover, na Alemanha, fez uma
aniversário dos seus altamente eficazes
e destaques da Novus na EuroTier, visite
apresentação sobre o motivo pelo qual
oligoelementos quelatados, MINTREX®.
www.novusint.com/eurotier2014.
os minerais são importantes na dieta dos
A molécula MINTREX incorpora verdadei-
animais. A Novus International, Inc. esteve
ramente o compromisso da Novus com a
presente pela quinta vez na EuroTier 2014
disponibilização de produtos inovadores
e participou mais uma vez ativamente na
que apoiam a nutrição e o desempenho
maior feira mundial de produção animal.
animal. Este aniversário reflete a posição de
O Prof. Kamphues concluiu com a importân-
liderança da Novus no mercado de oligoe-
cia de se dispor dos suplementos adequa-
lementos orgânicos e destaca a dedicação
dos em termos de oligoelementos. “Existem
da empresa às soluções sustentáveis que
diferenças em relação aos efeitos nos
melhoram o bem-estar animal e o meio
animais ou produtos que estão relaciona-
ambiente.
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS DAS EMPRESAS
VETLIMA INAUGURA NOVAS INSTALAÇÕES Por iniciativa da Administração e em dia memorável, a Vetlima distinguiu a sua marca, com um evento que marcou a inauguração das novas instalações no Parque Industrial da Rainha em Vila Nova da Rainha, no passado dia 26.09.14, bem como a ela associou a homenagem aos seus fundadores, Sr. Filinto Lima e Dr. Carlos Duarte, que em 1972 iniciaram esta ideia que se chama hoje Vetlima. Num edifício de mais de 4.000 m2 cobertos, concentra todos os serviços que caracterizam a Empresa nos vários domínios, destacando-se inovadoras áreas de fabrico de PMM´s, standard GMP, armazém de temperatura e humidade monitorizada/ controlada e ainda a existência dum auditório com moderna tecnologia no meio do áudio-visual. As cerimónias presididas pelo Sr. Presidente da Câmara da Azambuja, Sr. Luís de Sousa e Pelo Sr. Director Geral da Direcção Geral de Alimentação e Veterinária, Prof. Doutor Álvaro Pegado de Mendonça, decorreram em ambiente acolhedor, proporcionando a todos os convidados, clientes, fornecedores, banca e concorrência, momentos de agradável convívio. No moderno auditório da Empresa proporcionaram-se algumas intervenções, que muito dignificaram momentos de verdadeiro significado para a Vetlima, que elevaram o acto, através da expressão do Sr. Presidente da Vetlima, José Carlos Duarte, do Sr. Presidente da Câmara da Azambuja, Sr. Luís de Sousa, do Sr. Director Geral de Alimentação e Veterinária, Álvaro Pegado de Mendonça e por fim o Dr. Carlos Duarte, principal acionista e fundador, usaram da palavra, vincando o traço que a Empresa tem deixado ao longo destes anos, nos mercados onde chega e na actividade que desenvolve. Actualmente a Vetlima representa cerca de 10% do mercado da saúde animal em Portugal e tem como desígnio próximo a internacionalização da sua marca, para o que as novas instalações dão decisivo contributo. Por fim foi descerrada junto à entrada do edifício uma placa alusiva à inauguração, tendo sido servido de seguida um Porto de Honra, proporcionando nessa altura são convívio entre a Administração e quadros da Vetlima, familiares dos homenageados, entidades oficiais e demais convidados. Num ambiente de respeito pelo passado, brindando ao presente e com olhos postos no futuro viveram-se momentos de raro conteúdo. 46 |
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MILHO TRANSGÉNICO SEGURO PARA A ALIMENTAÇÃO: 1os RESULTADOS DE INVESTIGAÇÃO DA UE JÁ ESTÃO PUBLICADOS O projecto GRACE, financiado pela União Europeia, para a avaliação de risco de OGM (Organismos Geneticamente Modificados), publicou recentemente os primeiros resultados da sua investigação. Duas variedades de milho geneticamente modificado resistente às brocas (MON 810), foram incluídas em doses sub-crónicas, durante 90 dias, na dieta de ratos. As mesmas variedades de milho não transgénicas foram incluídas na dieta de grupos de ratos controlo e nas mesmas proporções. Os resultados destes ensaios mostram que as dietas contendo milho geneticamente modificado não provocaram quaisquer efeitos negativos nos animais. O GRACE - GMO Risk Assessment and Communication of Evidence - investiga quais os métodos que melhor se adequam na avaliação de risco das plantas geneticamente modificadas (conhecidas também por culturas transgénicas). A inocuidade destas plantas tem sido motivo de controvérsia desde há mais de duas décadas. A questão chave que
se coloca neste projecto é reconhecer quais os métodos que podem identificar, de forma consistente, os impactos de longo prazo para a saúde das consequências de uma alimentação baseada nestas culturas. Foi requerido pela Comissão Europeia ao GRACE o teste de vários métodos que possam ser utilizados para cumprir este objectivo e que incluem ensaios alimentares com roedores em laboratório - com a duração de 90 dias e de um ano – e também métodos in vitro para testar os efeitos em culturas de células. Estes primeiros resultados foram publicados recentemente na revista científica “Arquives of Toxicology” e tiveram como base os métodos exigidos pela EFSA – Autoridade Europeia de Segurança Alimentar e pela OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico. Os autores demonstraram que não existem diferenças na saúde dos animais, independentemente de serem alimentados com uma dieta contendo transgénicos ou não. Concluíram assim que, as experiências de alimentação realizados
com as duas variedades de milho MON810 no âmbito do projecto GRACE mostram que o milho MON810 incluído na dieta até 33% não produz efeitos toxicológicos relevantes, quer nos ratos masculinos como nos femininos. Em 2013, a Comissão Europeia implementou uma regulamentação que faz dos ensaios alimentares de 90 dias com ratos uma exigência para a aprovação de variedades vegetais geneticamente modificadas para comercialização e para cultivo no espaço europeu. Ao mesmo tempo, foi pedido pela Comissão Europeia ao projecto GRACE que verificasse se de facto este tipo de estudos pode realmente fornecer informação adicional na avaliação do risco das plantas transgénicas a longo prazo. O estudo agora publicado ainda não fornece todas as respostas a esta questão, que será respondida no final de mais dois estudos a decorrer: um ensaio alimentar de um ano e após a análise dos respetivos resultados; e dos testes realizados com métodos in vitro.
O SIMA, feira agrícola e pecuária que se realiza em Paris, França, arranca apenas em finais de fevereiro (22 a 26). No entanto, a organização do evento encontra-se já nos últimos preparativos. Exemplo disso, foi a presença da diretora-geral do SIMA/ SIMAGENA em Lisboa, para apresentar os números e detalhes do que irá ser a edição 2015 do certame. “São aguardados mais de um milhão de pessoas, sendo que serão cerca de 700 mil os visitantes no Salão Internacional de Agricultura. Teremos, também, cinco mil
animais, dos quais 1200 bovinos”, detalhou Martine Dégremont. Durante a apresentação nas instalações da Sociedade de Ciências Agrónomas, Dégremont destacou ainda o foco da feira em países como a África do Sul, Japão e México, além de destacar a existência de “um programa repleto de reuniões e encontros internacionais, conferências técnicas e ateliers temáticos, e uma plataforma de intercâmbios com a participação de peritos de todo o mundo, onde serão abordados temas como a produtividade, boas práticas, agricultura de precisão, entre outros”. Questionada sobre se os resultados abaixo do esperado de alguns dos grandes fabricantes de maquinaria agrícola iriam ter repercussões no espaço de exposições da feira, Dégremont afirmou que “as dimensões da feira, em 2015, serão as maiores de sempre”. “Marcas como a Kubota ou a Maschio Gaspardo quase que duplicaram os seus espaços de exposição. Não teremos problemas nesse aspeto”. Sobre a participação portuguesa, a responsável espera uma forte adesão, à imagem do
sucedido em 2013. “Na última edição, Portugal foi o 15º país em termos de expositores, sendo que a área de exposição para 2015 será maior. Referir também que tivemos mais de 600 visitantes portugueses no SIMA 2013, estando em 11º lugar no ranking dos países que mais visitaram o recinto”, divulgou. Dados do último SIMA mostram que 25% dos visitantes eram internacionais, 50% dos expositores eram estrangeiros, participaram 330 delegações internacionais e ainda 561 jornalistas de 46 países. Em termos geográficos as visitas ficaram assim repartidas: Europa com 86%, o continente americano foi responsável por 4,6%, a Ásia e Oceânia chegaram aos 4,4%, África ficou nos 4% e o Médio Oriente apenas 1%. Destaque ainda para o SIMAGENA, virado para a pecuária, que estará situado no Hall 7. “Teremos concursos inter-raças, com destaque para as Holstein, apresentação de animais sem cornos e demonstrações no ringue de criações inovadoras”, adiantou. No total, serão 200 criadores europeus, 250 bovinos de leite e carne. 44 por cento dos agricultores que participam no SIMA são criadores.
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VI JORNADAS DE CUNICULTURA A ASPOC E UNIVERSIDADE DE AVEIRO JUNTAS PELO FUTURO DO SETOR
Nos dias 30 e 31 de Outubro de 2014, realizou-se a 6ª Edição das Jornadas de Cunicultura da ASPOC em parceria com a Universidade de Aveiro, numa iniciativa que para além do contributo académico e científico, fomentou a proximidade entre os vários agentes do setor, docentes, investigadores e estudantes. Estas Jornadas contaram com a presença de mais de 400 participantes, entre técnicos da Administração Central e Local, técnicos e administradores de empresas do setor, alunos, convidados e produtores estando assim representado todo o setor em Portugal e Espanha. Mais uma vez, a ASPOC atingiu o seu objetivo em parceria com a Universidade de Aveiro, unindo todo o setor num evento de grande sucesso que contou com a presença da Diretora Regional da DRAPC, Engenheira Adelina Martins, do Presidente da Câmara Municipal de Aveiro, Engenheiro José Ribau Esteves e do Reitor da Universidade de Aveiro, Professor Doutor Manuel Assunção, na sessão de abertura, dando início a um fórum de debate onde ficou clara a união de toda a fileira e as linhas orientadoras para manter prosperidade e profissionalismo do setor. Nos dois dias de Jornadas, foram discutidos diversos temas direcionados para o futuro do setor, relacionados com as perspetivas no que diz respeito à carne e ao marketing, à segurança na produção, e à água, com a presença de palestrantes Nacionais e de Espanha. Como pontos altos destas Jornadas destaca-se no primeiro dia um painel com uma forte componente científica com propostas apresentadas por docen-
tes da Universidade de Aveiro e a apresentação de Posters, revelando uma grande dinâmica da comunidade científica e académica para o setor. Já no dia seguinte, a mesa redonda, foi o ponto alto com o tema Legislação em Cunicultura: uma realidade com aplicação prática? Neste debate estiveram representadas as várias entidades que intervêm no setor, DRAP, DGAV, DIV, ACT, ETSA e DGADR e debatidas as dificuldades e ansiedades do setor, apresentando-se propostas para uma melhor e mais correta aplicação da legislação. Paralelamente a esta iniciativa e com o apoio da Câmara Municipal de Aveiro e a Associação Comercial de Aveiro foi realizada a Semana Gastronómica da Carne de Coelho na Cidade de Aveiro de 25 de Outubro a 1 de Novembro. Esta iniciativa contou com 6 Restaurantes emblemáticos da cidade que aceitaram o desafio de confecionar Carne de Coelho. Com um enorme sucesso, a ASPOC realizou ainda no dia 30 um Jantar de Degustação no Hotel e Restaurante João Padeiro, com a nobre presença do Chef Hélio Loureiro e da Nutricionista Andreia Santos, onde estiveram presente todos os oradores, comissões e representantes das entidades oficiais. Numa degustação da carne de coelho, foram apresentados diferentes pratos e entradas de coelho. O convívio e a promoção da carne de coelho foram a marca desta iniciativa. Como pilar principal de toda a fileira da cunicultura, a ASPOC orgulha-se de mais um ano de sucesso, certos de que será sempre em benefício de e para um setor com futuro que tem por excelência a CARNE de COELHO.
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FICHA TÉCNICA ALIMENTAÇÃO ANIMAL Revista da Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais – IACA NIPC‑ 500835411
TRIMESTRAL ‑ ANO XXV Nº 90 Outubro / Novembro / Dezembro
DIRETOR Cristina de Sousa
CONSELHO EDITORIAL E TÉCNICO Ana Cristina Monteiro Germano Marques da Silva Jaime Piçarra Pedro Folque Manuel Chaveiro Soares
COORDENAÇÃO Jaime Piçarra Amália Silva Serviços da IACA
ADMINISTRAÇÃO, SEDE DE REDAÇÃO E PUBLICIDADE (incluindo receção de publicidade, assinaturas, textos e fotos) Amália Silva IACA ‑ Av. 5 de Outubro, 21 ‑ 2º E 1050‑047 LISBOA Tel. 21 351 17 70 Telefax 21 353 03 87
EMAIL iaca@iaca.pt
AGENDA DE REUNIÕES DA IACA Data 3
Conferência Cereais Franceses
8
Reunião do Conselho Fiscal
10
CT 37 Assembleia Geral CIB
13
Grupo Consultivo “Culturas Arvenses” DGAGRI
14
Assembleia Geral SFPM – Eleições Comité “Pré-Misturas” e Alimentação Mineral da FEFAC
15
Comité “Alimentação Animal” da FEFAC
21
Reunião com Agrogés
22
Comissão Executiva Reunião da IACA sobre CCT
28
Congresso da FIPA
29
Arraina Course Tecnology for novel Fish Feeds
30-31
SITE
OUTUBRO 2014
VI Jornadas de Cunicultura ASPOC / UA
www.iaca.pt
Data
EDITOR
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Reunião da Direção
Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais – IACA
11
Secretaria de Estado da Alimentação (QUALIACA)
18
Dia Aberto DGAV
19
Reunião do Conselho da FEFAC
EXECUÇÃO DA CAPA Pedro Moreira da Silva
EXECUÇÃO GRÁFICA Sersilito ‑ Empresa Gráfica, Lda. Travessa Sá e Melo, 209 4471‑909 Gueifães ‑ Maia
PROPRIETÁRIO Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais ‑ IACA Av. 5 de Outubro, 21 ‑ 2º E 1050‑047 Lisboa
DEPÓSITO LEGAL Nº 26599/89
REGISTO Nº 113 810 no ICS
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20-23
NOVEMBRO 2014
Feira Portugal Agro
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Seminário Biotecnologia
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Reunião da Comissão Executiva
Data
DEZEMBRO 2014
2
Reunião na DGAV (QUALIACA)
3
Reunião da CT 37
11
Reunião da Comissão Executiva Seminário USSEC/IACA “Bagaço de Soja dos EUA”
12
Reunião da Direção Assembleia Geral Ordinária (Eleições)
18
Assembleia Geral da FIPA
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Dias de intervalo de segu urança
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