Janeiro‑Fevereiro‑Março‑2013 (TRIMESTRAL) ‑ 3€ (IVA INCLUIDO)
Ano XXIV Nº 83
Bem-estar Animal: Custo ou Investimento?
Revista da Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais ‑ IACA
Alimentação Animal Editorial
O tema desta edição da AA é o Bem-Estar Animal, expressão que corporiza um vasto conjunto de conceitos e princípios gerais, normas legislativas comunitárias e alterações nos sistemas de produção pecuária intensiva ao nível da UE. Na prática, olhando para os efeitos mais imediatos, estamos a pensar nos investimentos de adaptação das instalações de produção, sobretudo nos últimos dois anos, e relacionados com as alterações das gaiolas das galinhas poedeiras e nas porcas em grupo. Ao longo desta Revista encontrarão as mais variadas opiniões, comentários e preocupações quanto a este assunto. De todos, se concluirá que ninguém coloca em causa o princípio geral. A melhoria das condições de confinamento dos animais e um maneio tecnicamente adequado, parecem permitir ganhos de eficiência e de diminuição dos custos relacionados com a sanidade dos efectivos pecuários, que ultrapassam os custos do investimento necessário para as adaptações conformes à nova legislação.
ÍNDICE 03 Editorial 04 TEMA DE CAPA 07 BEM-ESTAR ANIMAL 24 Biotecnologia 28 INVESTIGAÇÃO 40 SFPM 42 Fernando Anjos 50 Notícias das Empresas
Pode-se pôr em causa a oportunidade do investimento. Mas convém não esquecer que estamos a falar de legislação publicada há mais de dez anos e que inúmeros trabalhos foram publicados sobre este assunto e inúmeras experiências foram feitas, demonstrando os caminhos mais eficientes para a sua concretização. Ou seja, não faltou tempo de análise nem tempo de execução. O que verdadeiramente faltou foram apoios dirigidos à modernização destas acti‑ vidades e o entendimento pela Administração Pública do seu carácter estratégico. Se isso tivesse acontecido, a situação destes sectores em Portugal estaria hoje muito mais equilibrada. Talvez, agora, estes sectores sejam melhor compreendidos e, esperamos, mais apoiados. A progressiva atenção e interesse do MAMAOT por esta área de actividade e as iniciativas que se tem vindo a tomar, como a PARCA, o Interprofissional do Porco e a “Plataforma Peço Português”, terão de ser o princípio de uma valorização cada vez maior dos produtos pecuários nacionais e determinar um maior equilíbrio negocial com as estruturas da distribuição. Sem esse equilíbrio todos sofrerão: a Produção, a Indústria, o Comércio e os Consumidores que, no fundo, somos todos nós, ou seja, o País. A terminar, uma palavra de saudade para o Dr. Fernando Anjos, que nos deixou de uma forma demasiado rápida. Fez e fará parte da história desta Associação, como técnico, director e consultor e, com muitos outros, ajudou a criar o perfil de rigor, de seriedade e de competência que é o apanágio da IACA. Encontrarão, nesta Revista, um variado conjunto de textos em sua memória. José Filipe R. Santos
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Alimentação Animal Tema de Capa
Bem-Estar Animal A definição de Bem‑Estar será a de uma situação agradável do corpo e do espírito, de tranquili‑ dade, de conforto ou de satisfação. Em relação aos animais, podemos caracterizá‑lo pelas boas condições ambientais, de alimenta‑ ção, de estadia e de crescimento, de acordo com as características das espécies que se pretendem analisar. No caso das pessoas e dos animais de companhia ou de fruição, que também ajudam ao Bem ‑Estar dos humanos, as suas condicionantes não são consideradas factores de custo, mas sim factores de conforto e de crescimento harmonioso e saudável. Nos animais destinados à produção económica de carne, leite e ovos, cuja existência, acomoda‑ ção, acompanhamento, abate e transformação estão directamente ligados às várias formas de alimentação humana, essa questão assume um papel importante e não pode ser escamoteada aquando da sua análise. No âmbito da actividade da IACA é, sobretudo, a esta última categoria que dedicamos a nossa atenção. Os variados artigos que compõem este número apresentam leituras e posições diversas sobre estes temas. Ora, como todos sabem, a instalação e utilização de “linhas” de produção de animais para a alimentação humana obedece a critérios de racionalidade económica, regendo‑se por princí‑ pios de optimização dos factores condicionantes da sua eficiência. A opção, sempre que possível, pelas melhores práticas de alojamento, de genética, de nutrição e de maneio obriga a instalações de dimensão adequada e de acordo com metodologias testa‑ das em todo o mundo. Todos estes factores são fundamentais para a optimização do custo de produção, elemento fundamental para a compe‑ titividade de qualquer actividade económica e, sobretudo nesta, em que as relações comerciais entre a produção e a comercialização são tão desproporcionadas. A melhoria das condições de exploração dos animais para utilização na alimentação humana (qualquer que seja a sua espécie e destino) tem constituído uma preocupação crescente ao longo das últimas décadas e está largamente difundida na legislação comunitária. Fica por resolver uma questão importante: pode a Europa obrigar 4 |
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os produtores de países terceiros, dos quais importa produtos animais, a seguirem os mesmos procedimentos nas suas instalações pecuárias? Não haverá aqui uma concorrência desleal, em relação aos produtores comunitários? Ao considerar regras menos restritivas para as instalações em que os animais se desenvolvem (principalmente relacionadas com a área dispo‑ nível, os pisos e gaiolas e a sua socialização), a UE vem introduzir alterações não desprezíveis na grande maioria das instalações existentes, construídas de acordo com a anterior legislação e, portanto, legais para o fim a que se destinam. A alteração das regras para a ocupação das instalações pecuárias, publicada em legislação comunitária há vários anos e cujos prazos limite terminaram nos finais de 2011 (galinhas poedeiras) e de 2012 (porcas em parques), obrigou a inúmeras e caras alterações nas instalações existentes encarecendo o modo de produção, embora sejam expectáveis melhorias de rendimento devido a melhor resposta dos animais nos seus novos ambientes e a novas formas de maneio. Criaram‑se, assim, mais disparidades entre os diversos países comunitários, ao não considerar diferentes modelos de produção, tendo em conta as diferenças sociais, culturais, económicas e climáticas entre o norte e o sul da Europa. Esta questão assume maior importância em Portugal, face às fracas rentabilidades destes negócios ao longo dos últimos anos e aos constrangimentos ambientais que têm sido impostos aos diversos actores económicos. Acresce que estas alterações estão a ser feitas em ambiente social e económico desfavorável (depressivo) para todos os agentes económicos, em que a principal preocupação de todos é o Bem‑Estar... social. No entanto a Europa, no seu conjunto, adaptou ‑se. E os países periféricos ou menos inova‑ dores, têm de fazer mais um enorme esforço para poderem acompanhar a evolução destes assuntos. As cadeias de distribuição o exigem, pois ao lidarem com a crescente população urbana, cada vez mais distante das realidades rurais e da produção animal e cada vez mais sensível às questões de segurança alimentar, tendem a valorizar estas mensagens, obrigando
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a produção a actualizar os seus métodos de trabalho e a adaptar‑se às novas normas e regulamentos. Não pode, assim, a produção nacional ficar alheia a este processo da evolução civilizacional. Tem de mostrar capaci‑ dade de se organizar, aumentando a sua capacidade negocial com a Administra‑ ção Pública, de forma a obter medidas compensatórias a outros níveis para os investimentos necessários à adaptação das suas instalações. É necessário rever, agilizar e modernizar procedimentos administrativos relacio‑ nados com as localizações, as protec‑ ções ambientais e as deslocalizações. É necessário rever os procedimentos de cada DRAP e procurar o melhor de cada uma (no sentido pragmático do termo) generalizando ao país as melhores práticas.
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A organização das fileiras (interprofissio‑ nal) é fundamental, para se defenderem coordenadamente interesses próprios e comuns. Mas este processo não é pacífico: a concentração de capacidade negocial da fileira pecuária mexe com outros interesses. Por que será que, desde Outubro, se aguarda que o Ministério da Agricultura aprove os Estatutos do Interprofissional da fileira da carne de porco, cujo Memorando de Entendimento foi assinado na 21ª Feira Nacional do Porco em Setembro do ano passado? A necessidade de aumentar a auto ‑suficiência alimentar em Portugal, finalmente encarada de frente, tem de ser consequente; não só em termos agrí‑ colas, mas também em termos pecuários. O agro‑alimentar não dispensa estas duas valências. Em qualquer parte do mundo, grande parte da produção agrícola
chega à população sob a forma de carne, leite e ovos. O aumento da procura de proteína animal continua a ser um sinal de desenvolvimento alimentar e de Bem ‑Estar das populações (veja‑se a evolução dos consumos na China). Seremos capazes de aproveitar os constrangimentos e as oportunidades das alterações a propósito do Bem ‑Estar animal para enquadrar melhor a nossa produção pecuária, reforçar a sua dinâmica e competitividade, apostar em campanhas de promoção e sensibilização do consumidor (como a “Plataforma Peço Português”), para melhorarmos o nosso Bem‑Estar... Nacional? Estou convicto que sim. José Filipe R. Santos
Bem‑estar Animal
A Perspetiva dos Produtores Europeus
Per Olsen Presidente do Grupo de Trabalho Saúde e Bem-Estar Animal da Copa-Cogeca
A Copa‑Cogeca é a voz conjunta dos agricultores e cooperativas agrícolas da União Europeia. Juntos, garantem que a agricultura da UE é sustentável, inovadora e competitiva, zelando pela segurança alimentar de 500 milhões de pessoas em toda a Europa. A Copa representa mais de 13 milhões de agricultores e respetivas famílias, ao passo que a Cogeca representa os interesses de 38.000 cooperativas agrícolas. A missão da Copa‑Cogeca é muito simples, mas muito importante: defender os interesses gerais da agricultura, manter e desenvolver relações com instituições da UE assim como com organizações representantes ao nível da UE, encontrar soluções que sejam de interesse comum. A Copa‑Cogeca conta, no total, com 72 membros e 34 organiza‑ ções parceiras, incluindo 38 membros dos novos Estados‑membros (EM). A Copa‑Cogeca encontra‑se organizada em 45 grupos de trabalho que tratam da evolução do mercado e das políticas. Também preparam posições conjuntas da Copa e da Cogega sobre vários temas, tais como: trocas comerciais, questões de cooperativas, desenvolvimento rural, biotecnologia, ambiente, saúde e bem‑estar animal. Como objetivo geral, os agricultores europeus e as suas cooperativas agrícolas procuram satisfazer as necessidades e os desejos dos consumidores, fornecendo produtos agrícolas e alimentares sufi‑ cientemente saudáveis e de qualidade elevada, a preços acessíveis. Ao mesmo tempo, cumprem as elevadas normas europeias em matéria de bem ‑estar animal. Têm a plena intenção de continuar a prosseguir estes objetivos no futuro. Para tal, precisam de políticas europeias coerentes que permitam às suas explorações agrícolas e empresas continuarem economicamente viáveis ao mesmo tempo que respondem eficazmente a novos desa‑ fios, tais como a crescente procura de alimentos, recursos naturais limitados, efeitos das alterações climáticas, o aparecimento e disseminação de novas doenças e a livre concorrência do mercado em todos os Estados‑membros e Países Terceiros. A 19 de janeiro de 2012, a Comissão Europeia publicou uma nova estratégia para a proteção e bem‑estar dos animais para o período 2012‑2015. Esta nova estratégia visa reforçar algumas das medidas existentes, apresentadas anteriormente como parte do plano de ação 2006‑2010, mas também promover uma abordagem mais abrangente com vista a melhorar as condições do bem‑estar animal na União Europeia. A Copa‑Cogeca saúda
esta nova estratégia e contribui ativamente para o seu desenvolvimento e implementação posterior. Infelizmente, a estratégia não aborda a questão do bem‑estar animal num quadro político europeu mais alargado e mais coerente, incluindo políticas ambientais e alterações climáticas. A Copa‑Cogeca acredita que existem oportunidades para o bem‑estar animal mais orientado para o mercado. No entanto, é essencial que os agricultores consigam recuperar os seus custos adicionais no mercado. Isto exige que os consumidores estejam cientes das suas responsabilidades e estejam dispostos a pagar por medidas adicionais de bem ‑estar que vão para além da legislação, juntamente com esforços para reequilibrar o poder na cadeia alimentar. Em resumo, a Copa‑Cogeca apoia a aplicação da legislação existente antes de novos requisitos de bem‑estar animal serem sequer considerados. Con‑ tudo, são necessários incentivos para garantir que os agricultores sejam adequadamente recompensados pelas suas atividades de bem‑estar animal e sejam capazes de cobrir os elevados custos que decorrem do cumprimento dos requisitos legais em termos de bem‑estar animal ao nível da exploração agrícola. A Copa‑Cogeca saúda a proposta da Comissão com vista ao desenvolvimento de um quadro legislativo mais simples na UE no que toca ao bem‑estar animal, mas apenas se o mesmo representar efetivamente um passo no sentido de simplificar a legislação existente, conferindo uma maior flexibilidade aos operadores e reduzindo os custos administrativos. Neste espírito, os agricultores europeus apoiam o uso da ciência e os indicadores de bem‑estar baseados em resultados desde que estes sejam desenvolvidos em estreita cooperação com os operadores e sejam simples, práticos e fáceis de implementar sem incorrer em custos ao nível da exploração agrícola devido a encargos adicionais. A flexibilidade é necessária uma vez que estamos a lidar com animais vivos e a biologia animal poderá diferir de caso para caso. No que toca à sensibilização e educação sobre bem‑estar animal, a Copa‑Cogeca acredita que a experiência adquirida pelos agricultores europeus deve ser devidamente reconhecida. Contudo, a documentação das competências dos agricultores não deveria criar encargos administrativos adicionais ao nível da exploração agrícola. Saudamos o reconhecimento da necessidade de mais informação sobre bem‑estar animal, mas a A limentação A n im al
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Alimentação Animal Bem-Estar Animal
Estratégia ainda não inclui medidas específi‑ cas para melhorar a distribuição dos custos do bem‑estar animal por toda a cadeia alimentar. Além disto, existem conflitos claros e uma falta de consistência entre a Política de Bem ‑Estar Animal e outras áreas de políticas da UE, tais como as regulamentações ambientais que nem sequer são mencionadas. As alte‑ rações nos sistemas de exploração agrícola com o objetivo de cumprir os requisitos de bem‑estar animal têm implicações ambientais e podem afetar as emissões de gases com efeito de estufa, quer sejam intensivos ou extensivos. Essas cedências devem ser mais bem examinadas, em particular no que diz respeito à política da água, biodiversidade e alterações climáticas. E por último, mas não menos importante, a Comissão Europeia perdeu esta opor‑ tunidade de implementar medidas ambi‑ ciosas que garantam a reciprocidade das normas europeias de bem‑estar animal em acordos comerciais com países terceiros. A Copa‑Cogeca acredita que é importante que a Comissão continue a concentrar‑se em iniciativas internacionais, tais como as negociações bilaterais e multilaterais e a cooperação com a OMC (organização Mundial do Comércio), a OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) e a FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação), pois existe ainda muito trabalho a fazer para garantir a compreensão mútua sobre bem‑estar animal. Contudo, o reforço da cooperação internacional sobre bem‑estar animal não é suficiente. A reciprocidade das normas de bem‑estar animal deve ser um dos principais requisitos em cima da mesa quando se negoceiam acordos comerciais com países terceiros.
Aplicação de Regulamentações sobre Bem‑estar Animal Os Estados‑membros (EM) são responsáveis por garantir que os requisitos de bem ‑estar são cumpridos em toda a UE de forma harmonizada. Estes devem garantir que se encontram disponíveis recursos financeiros adequados para fornecer o pessoal e outros recursos necessários às autoridades competentes para garantirem a aplicação da regulamentação sobre bem ‑estar. Adicionalmente, os Estados‑membros têm que implementar um plano de ação. A monitorização regular e a transparência na implementação ao nível nacional são cruciais para o funcionamento adequado do 8 |
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mercado interno da UE. Este plano de ação deve incluir sanções para os produtores incumpridores, tais como: multas, suspensão da atividade, etc.. No entanto, ao abrigo das regras atuais, os Estados‑membros decidem a que nível (local, regional, nacional) as taxas são definidas e cobradas, dependendo da organização das respetivas autoridades competentes.
Bem‑estar e Suínos O debate recente na Europa tem vindo a centrar‑se na implementação da Dire‑ tiva do Conselho 2001/88/CE que define as normas mínimas para a proteção de suínos e visa em particular banir, em explorações agrícolas com mais de dez porcas, a utilização de celas individuais para porcas prenhes e marrãs durante o período que vai do fim da 4ª semana após a cobrição até uma semana antes da data prevista de parição e o uso de amarras, incluindo a melhoria da qualidade das superfícies do pavimento. Além do mais, foram definidos requisitos importantes para garantir um determinado nível de formação e competência no que toca a questões de bem‑ estar para os criadores e o pessoal encarregue dos animais. O que fazer em caso de incumprimento? A Copa‑Cogeca apoia a proteção do bem ‑estar animal e, em particular, a imple‑ mentação das disposições da Diretiva do Conselho (CE) Nº 2001/88 que define as normas mínimas para a proteção dos suí‑ nos pelos Estados‑membros. A legislação sobre Bem‑Estar Animal deve ser aplicada ao nível das explorações agrícolas e não indiretamente através da discriminação de produtos animais. A Comissão afirmou que se irá opor a quaisquer ações unilaterais por parte de Estados‑membros que procurem criar obstáculos ao comércio de carne de porco no mercado interno tendo como base o argumento de que essa carne foi alega‑ damente produzida em condições que não respeitam a Diretiva. No entanto, nenhuma vantagem económica deverá resultar da violação da lei. As restrições à colocação dessa carne no mercado ao nível da UE iriam interferir com o mercado interno europeu da carne de porco. As medidas unilaterais tomadas por Estados‑Membros individuais não têm qualquer base legal e estariam em contradição com os princípios do mercado comum.
Custos de implementação e impacto espe‑ rado da Diretiva 2008/120/CE De acordo com estudos recentes, o custo total médio de implementação (investimento + redução porcas/produção) pode variar entre 400 e 550 € por porca. O período de amortização pode ser entre 9 a 20 anos num mercado sem interrupção, mas é essencial‑ mente a tendência do mercado em 2013 que irá determinar as margens e a sobrevivência dos agricultores. Além do mais, tendo em conta o impacto da diretiva respeitante ao bem‑estar das galinhas poedeiras no mercado dos ovos, podemos esperar um decréscimo no número de porcas ao nível europeu em 2013 e 2014. O número de porcas pode também diminuir entre 5 e 10%. Por fim, podemos esperar uma redução na produção de carne de porco (1% em 2012, 2,3% em 2013, 2,1% em 2014) e um possível aumento no preço da carne de porco (10% mais). Além disso, alguns produtores terão deixado de produzir pois não conseguirão investir em novos edifícios e converter os seus sistemas. Com efeito, os primeiros resultados indicam que a principal categoria de estabelecimentos incumpridores previstos são as explorações agrícolas de menores dimensões (10 a 99 porcas).
Castração de Suínos Em dezembro de 2010, os representantes das organizações de agricultores europeus, indústria das carnes, retalhistas, cientistas, veterinários e ONG defensoras do bem‑estar animal assinaram a Declaração de Bruxelas sobre alternativas à castração cirúrgica de suínos. A declaração define a base para a cooperação entre os intervenientes no sentido de terminarem voluntariamente a castração cirúrgica de suínos na União Europeia até 1 de janeiro de 2018. Além disso, a Copca‑Cogeca encoraja fortemente a implementação da Declaração de Bruxelas e ainda acreditamos que isto pode ser possível. A Copa‑Cogeca está atualmente a discutir no grupo de trabalho em questão a implemen‑ tação da «Declaração de Bruxelas» ao nível dos Estados‑membros. Uma discussão aberta e construtiva está a decorrer com todos os nossos membros. A Declaração afirma que a parceria europeia deve proceder a uma avaliação para verificar as consequências do fim da castração cirúrgica, incluindo uma análise da alteração nos custos de produção nos vários sistemas de produção e os custos/
benefícios que afetam os diferentes níveis da cadeia da carne de porco. A COPA‑COGECA destacou esta questão como sendo de impor‑ tância crucial.
Bem‑Estar e Aves de Capoeira Diretiva “Broilers” Em 2007, o Conselho aprovou a Diretiva 2007/43/CE que define as regras mínimas para a proteção dos frangos para produção de carne com vista a reduzir a superlotação de explorações de frangos, definindo uma densidade máxima de 33kg/m2 ou de 39kg/ m2 quando as normas de bem‑estar mais rigorosas sejam cumpridas. Esta legislação define igualmente um conjunto de outras con‑ dições que asseguram um maior bem‑estar animal, tais como requisitos de iluminação, cama, alimentação e ventilação. A Diretiva possibilita ainda à Comissão introduzir medi‑ das adicionais no futuro com base nos dados científicos e evidências práticas recolhidas pelos Estados‑Membros. O prazo para todos os Estados‑Membros transporem a Diretiva para a legislação nacional e a implementarem foi junho de 2010. Diretiva sobre Produção de Ovos A Diretiva do Conselho 1999/74/CE sobre a proteção das galinhas poedeiras, que entrou em vigor a 1 de janeiro de 2012, define que os Estados‑membros devem garantir que as gaiolas não melhoradas sejam substituídas por gaiolas melhoradas ou sistemas alternativos. Esta diretiva distingue três tipos de sistemas de criação para galinhas poedeiras: • Gaiolas melhoradas onde as galinhas poedeiras têm, pelo menos, 750 cm² de superfície de gaiola por galinha; • Sistemas de gaiolas não melhoradas onde as galinhas têm, pelo menos, 550 cm² de superfície de gaiola por galinha. • Sistemas sem gaiolas com ninhos (pelo menos, um para cada 7 galinhas), poleiros adequados e onde a densidade não exceda 9 galinhas poedeiras por m² de superfície utilizável. As galinhas mantidas nos sistemas de gaiolas enriquecidas e nos sistemas sem gaiolas devem também dispor de um ninho, um espaço de poleiro de 15cm por galinha, cama que permita debicar e esgravatar e acesso livre a uma manjedoura de, pelo menos, 12cm por galinha na gaiola.
Impacto no mercado Um ano passou e a legislação sobre bem ‑estar animal na indústria das galinhas poedeiras provocou graves perturbações na indústria dos ovos na qual o preço dos ovos é agora 75% mais elevado do que há um ano atrás. Ao nível europeu estima‑se que cerca de 4% das gaiolas ainda não tenham sido convertidas para sistemas de gaiolas melhoradas. Os agricultores fizeram o máximo para garantir que se encontravam em posição de respeitar o prazo para a retirada das gaiolas convencionais. Contudo, alguns agricultores enfrentaram uma série de dificuldades, incluindo a disponibilidade de financiamento, adaptações de planeamento – disponibilidade de especialistas em instalação para satisfazer a procura atual – licença emitida ao abrigo da Diretiva IPPC – e questões de segurança alimentar. O custo de conversão foi estimado em apro‑ ximadamente 30€ por espaço de unidade, a que se deve acrescentar o custo extra de produzir ovos em gaiolas melhoradas em vez de gaiolas convencionais. Os agricultores tiveram direito a algum apoio financeiro dos fundos de Desenvolvimento Rural ou ajudas do estado. No entanto, tal como tem acontecido frequentemente, o bem‑estar animal nem sempre é uma prioridade nos programas nacionais de desenvolvimento rural e, como tal, o dinheiro alocado tem sido muitas vezes insuficiente ou, em alguns casos, até inexistente. Ponto de situação A 1 de janeiro de 2012, 13 Estados‑Membros não conseguiram cumprir esta diretiva. A 27 de janeiro de 2012, a Comissão tinha enviado car‑ tas de aviso formal aos 13 Estados‑membros, incluindo Portugal. A 21 de junho de 2012, a Comissão considerou que as observações feitas por 10 Estados‑Membros não eram satisfatórias. Em consequência, um parecer fundamentado sobre esta questão foi entre‑ gue a esses Estados‑membros. Se o Estado em causa não cumprir o parecer dentro do prazo estabelecido pela Comissão, esta poderá apresentar o caso junto do Tribunal de Justiça da União Europeia. Se a Comissão considerar que o Estado‑Membro em causa não tomou as medidas necessárias para dar cumprimento à decisão do Tribunal, poderá apresentar o caso junto do Tribunal após ter dado ao Estado a oportunidade de submeter as suas próprias observações.
Finalmente, se o Tribunal decidir que o Estado ‑membro não cumpriu a sua decisão, poderá impor‑lhe o pagamento de uma prestação única ou uma sanção pecuniária. Perspetivas • A UE enfrenta uma grave crise económica e social. Qual será o impacto no consumo de carne vermelha, aves e ovos? E o preço? • No seguimento da redução inicial no número de galinhas poedeiras devido à entrada em vigor da Diretiva sobre Galinhas Poedeiras, a produção de ovos deu os primeiros sinais de recuperação em 2012. Mas, será que a produção de ovos irá igualar os níveis de produção anteriores a 2011? Quanto tempo irá demorar? • Depois de um ano razoável (2012) em termos de preços, o setor enfrenta atualmente ajustamentos de preço. Conseguirá o setor recuperar o investimento feito para cumprir os requisitos de bem‑estar? • Os custos da alimentação pecuária devem permanecer elevados em 2013. O mercado de carne de porco conseguirá incluir custos de produção acrescidos superiores a 10%? • O verdadeiro impacto da Diretiva sobre a proteção de suínos irá depender do preço da carne de porco (permanece elevado?) e também da pressão dos distribuidores sobre os produtores. • Do ponto de vista do consumidor, a carne branca é uma alternativa possível à carne vermelha. Qual o nível que esta substituição atinge e em que condições podem os consumidores voltar à carne vermelha e vice‑versa? •A UE está a finalizar um acordo bilateral com o Canadá. Qual será o montante autorizado das exportações de carne de porco daquele país? •U m acordo bilateral com os EUA está planeado para os próximos 2 a 3 anos: qual será o montante autorizado das nossas exportações/das exportações daquele país? •A UE está empenhada em negociações comerciais bilaterais com vários países da ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático). Tendo em vista que a Malásia e a Tailândia são muito ofensivas em termos das aves de capoeira, qual seria o montante autorizado das suas exportações?
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Alimentação Animal Bem-Estar Animal
O Papel da Direção Geral de Alimentação e Veterinária na área do Bem-Estar Animal 1 – Introdução
Maria Jorge Antunes Correia Chefe de Divisão de Bem-Estar Animal
O Bem‑Estar Animal é um tema com cada vez
estabelecer normas mínimas de Bem‑ Estar
maior relevância no espaço da União Europeia.
à escala Mundial.
Para este cenário, tem contribuído vários fatores
A Direção Geral de Alimentação e Veterinária
que importa elencar.
(DGAV), no âmbito das suas competências, tem
Atualmente a produção animal não é vista
desenvolvido um extenso trabalho, nas áreas da
exclusivamente como uma forma de produção
segurança alimentar, saúde e Proteção animal,
de alimentos, mas levanta em si, questões de
nomeadamente na definição e implementa‑
ordem ética, ligadas ao modo como devem
ção das políticas subjacentes aquelas áreas,
ser tratados os animais. Para além disso, o
incluindo a participação ativa nos grupos de
Bem‑Estar Animal é considerado como um
trabalho da OIE.
elemento integrante da qualidade dos alimentos
Em matéria de Bem‑Estar Animal, a DGAV tem
e tem impacto na saúde animal e na segurança
procurado criar as ferramentas necessárias à
alimentar.
adequada implementação da legislação nesta
A garantia do Bem‑Estar dos animais, está
área, diligenciado no sentido de se criarem
na maioria dos casos associada à existência
soluções que tenham em conta a salvaguarda
de boas práticas de maneio, produção, trans‑
da produção nacional.
porte e abate, tendo impacto no crescimento, outro lado, parece existir uma relação entre
2 – Legislação Comunitária e Nacio‑ nal na área do Bem‑Estar Animal
a melhoria das condições de Bem‑Estar dos
A nível Comunitário e Nacional, existe um
Animais e a prevenção e resistência à doença.
vasto leque de legislação na área do Bem
Em 2010, foi realizado um inquérito à população
‑Estar Animal. Esta legislação abrange desde
Europeia (Eurobarometro, 2010), sobre questões
a produção primária (explorações pecuárias),
relacionadas com a qualidade e segurança
ao transporte e ao abate.
alimentar, tendo‑se apurado que cerca de 64%
A Diretiva 98/58, de 20 de Julho, transposta
dos consumidores, estão preocupados com o
para o direito nacional através do Decreto‑lei
Bem‑Estar dos animais, considerando a sua
nº 64/2000, de 22 de Abril, estabelece os
falta como um dos fatores de risco relacionados
requisitos mínimos dos animais nos locais de
com os alimentos.
criação, aplicando‑se na generalidade a todas
Neste contexto, verifica‑se desde há longa data,
as explorações pecuárias, independentemente
a existência a nível da Europa um vasto leque
da espécie animal presente. Neste Decreto
de legislação na área do Bem‑Estar dos animais.
‑lei, encontram‑se definidos os requisitos das
Esta legislação é abrangente, abarcando desde
explorações, nomeadamente as obrigações dos
a produção, ao transporte e abate dos animais.
detentores, a competência dos tratadores, as
Mais recentemente, assiste‑ se a um inte‑
condições de alimentação e abeberamento, ins‑
resse crescente, nas questões de Bem‑ Estar
talações e alojamento, equipamentos, liberdade
Animal, por parte de organizações mundiais
de movimentos, o tipo de registo obrigatório,
ligadas à saúde e produção animal. A titulo
as condições ao ar livre e o tipo de mutilações
de exemplo, poderemos referir o caso da
autorizadas.
OIE (Office Internationale des Epizoties –
Concomitantemente existe legislação específica
Organização Mundial de Saúde Animal), que
que define os requisitos, em matéria de Bem
tem procurado nos últimos anos, elaborar
‑Estar, das explorações das galinhas poedeiras,
códigos de Bem‑ Estar Animal (Produção,
frangos, suínos e vitelo (Ver quadro 1).
reprodução e sobrevivência dos animais. Por
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Alimentação Anim al
transporte e abate), com o objetivo de
Mais recentemente e com a entrada
no transporte, taxa de rejeição total e
em vigor da legislação de Proteção dos
avaliação das causas de rejeição), segundo
Regulamento 1/2005, de 22/12/2004 e o
frangos nos locais de criação (Decreto
uma metodologia determinada. Sempre
Decreto‑lei nº 265/07, de 24 de Junho,
‑lei nº 79/2010, de 25 de Junho), surgiu
que os limites considerados aceitáveis,
estabelecem os requisitos de Bem‑Estar
uma nova abordagem nas politicas em
para esses indicadores, são ultrapassados,
no transporte, nomeadamente o tipo de
matéria de Bem‑Estar Animal. Assim
devem ser estabelecidas ações corretivas
documentação obrigatória, a formação dos
sendo e para além da definição dos requi‑
a nível da exploração (Plano de ação face
condutores e/ou tratadores, a aptidão dos
sitos relacionados com as estruturas
a resultados relevantes no matadouro).
animais para o transporte, as condições
e alojamento dos animais, passou‑se a
Esta abordagem, baseada na avaliação
dos veículos, o manuseamento, carga e
considerar os chamados indicadores de
de indicadores de Bem‑Estar Animal,
descarga dos animais, o espaço por animal,
Bem‑Estar Animal. No caso concreto
constitui um dos pilares da nova estratégia
os tempos de viagem e os requisitos dos
dos frangos, está em funcionamento um
comunitária nesta área (Estratégia para
transportes de longa duração.
sistema de avaliação de Bem‑Estar nos
o Bem‑Estar Animal 2012‑2015), estando
No que respeita ao abate, entrou em
matadouros, no qual são utilizados um
atualmente em avaliação, pela Comissão,
vigor a partir de 1 de Janeiro de 2013,
conjunto de indicadores (dermatites das
a possibilidade de se alargar esta meto‑
o Regulamento 1099/2009, de 24 de
almofadas plantares, taxa de mortalidade
dologia a outras espécies animais.
Setembro, o qual vem estabelecer um
Em matéria de transporte de animais, o
conjunto mais apertado de requisitos em Quadro 1 – Resumo da legislação de Bem-Estar Animal em matéria de transporte, abate e locais de criação Legislação
matéria de Proteção dos animais no abate, muito em particular a obrigatoriedade de formação do pessoal que opera nos
Campo de aplicação
Principais requisitos
matadouros (descarga, encaminhamento, atordoamento e sangria) e a existência de
Decreto‑lei nº 64/2000, de 22 de Abril
Todas as explorações Obrigações dos detentores, os pecuárias requisitos em matéria de alimentação e abeberamento, liberdade de movimentos, registos, instalações e alojamento, equipamentos, condições ao ar livre e mutilações
Decreto‑lei nº 48/2011, de Explorações de Condições de alojamento, acomodação 10 Fevereiro vitelos (até 6 meses) e cuidados a ter com os animais; alimentação e dimensões dos alojamentos Decreto‑lei nº 72‑F/03, de Explorações de 14 de Abril galinhas poedeiras com mais de 350 aves Decreto‑lei nº 79/2010, de 25 de Junho
Proibição de utilização de gaiolas não melhoradas Requisitos dos sistemas alternativos e das gaiolas melhoradas;
Explorações Sistema de avaliação do Bem-Estar dos intensivas de frangos frangos no matadouro; requisitos dos com mais de 500 alojamentos e maneio; densidade animais animais
Decreto‑lei nº 135/2003, de 28 Junho
Explorações de suínos
Condições de alojamento e maneio dos animais; alojamento de porcas em grupo; dimensões dos parques; pavimentos, materiais manipuláveis.
Regulamento 1/2005, de 22/12/2004 e Decreto ‑Lei nº 265/07, de 24 de Junho
Transporte de animais com fins comerciais
Autorização de transportador; condições dos veículos, aptidão para o transporte ; carga e descarga, espaço; tempos de viagem; formação condutores e/ou tratadores
um responsável pelo Bem‑Estar Animal, o qual terá como funções a implementação de procedimentos operacionais normaliza‑ dos, sua supervisão e tomada de medidas correctivas em caso de incumprimento. Importa ainda referir que para além de toda a panóplia de legislação acima mencionada, existe um conjunto vasto de códigos e recomendações, na área do Bem‑Estar animal. Estes códigos pela sua abrangência (ex: Códigos da OIE para o Bem‑Estar Animal), tem cada vez mais influência na forma como os animais são criados, mantidos, transportados e abatidos a nível mundial.
3 – Papel da DGAV na imple‑ mentação de políticas na área do Bem‑Estar Animal A Direção Geral de Alimentação e Vete‑ rinária (DGAV), em virtude das suas atribuições, é a entidade competente na definição e aplicação das políticas nas
Regulamento 1099/2009, de 24 de Setembro
Abate dos animais
Formação dos operadores no matadouro; Responsável pelo Bem-Estar Animal, Requisitos das instalações; Atordoamento e sangria; encaminhamento dos animais; Procedimentos operacionais normalizados
áreas da segurança alimentar, saúde e Proteção animal. Cabe à DGAV, enquanto autoridade com‑ petente a nível nacional, a promoção e A limentação A n i m a l
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Alimentação Animal Bem-Estar Animal
implementação da regulamentação em
adaptar o processo de implementação da
uma semana antes da data prevista do
matéria de Proteção dos animais nos locais
legislação, à nossa realidade produtiva.
parto, (Decreto‑lei nº 135/2013, de 28 de
de criação, transporte e abate. É ainda
Tem sido vários os desafios colocados
Junho). Este requisito, sendo obrigatório
competência da DGAV, a elaboração, coor‑
ao sector produtivo nacional e à DGAV
para explorações de porcos confinadas,
denação e supervisão do Plano de Proteção
enquanto autoridade competente, na
com 10 ou mais porcas, tem impactos
Animal, no qual se definem os controlos no
implementação de legislação em matéria
na suinicultura nacional, obrigando à
âmbito da Proteção dos animais nos locais
de Proteção Animal.
reestruturação do tipo de alojamento
de criação, transporte e abate. O Plano
Recentemente, com a proibição, a partir
tradicionalmente existente para este tipo
de Proteção animal, insere‑se num Plano
de 1 de Janeiro de 2012, da utilização de
de animais (celas individuais). Concomi‑
mais abrangente, no qual se definem os
gaiolas não melhoradas, para galinhas
tantemente a necessária remodelação
controlos oficiais realizados para assegurar
poedeiras, (Decreto‑lei nº 72‑F/03, de 14 de
dos pavimentos nos parques de leitões,
a verificação do cumprimento da legislação
Abril), houve necessidade de se proceder
porcos de engorda e porcas reprodutoras,
relativa aos alimentos para animais, géneros
a uma intensa remodelação do setor
vem criar a necessidade de proceder a
alimentícios, bem como as normas relativas
nacional de produção dos ovos, a qual se
alterações estruturais nas suiniculturas.
à saúde e ao bem‑estar dos animais (Regu‑
traduziu na modificação do sistema de
Para além do impacto económico que
lamento 882/2004).
produção existente, passando os animais
estas medidas têm para o setor suinícola
Ao longo dos últimos anos, tem existido um
a estar alojados em gaiolas melhoradas ou
nacional, existe também a necessidade
extenso trabalho da DGAV, em matéria de
sistemas alternativos (sistemas no solo,
de proceder a alterações no maneio e
Bem‑Estar Animal, que se caracteriza de
com ou sem acesso ao ar livre).
planeamento das explorações, com vista
uma forma geral, na participação em dife‑
Considerando que à data de 1 de Janeiro de
a garantir a sua concretização.
rentes fóruns nacionais e internacionais
2012, a grande maioria dos produtores de
A DGAV, em colaboração com a Federa‑
onde se discutem temas neste domínio,
ovos, ainda não se encontravam converti‑
ção das Associações representativas do
na definição da legislação nacional nesta
dos e que Portugal se encontrava perante
setor (FPAS), tem procurado estabelecer
área e na criação dos mecanismos que
um processo de infração Comunitário, foi
um conjunto de medidas que por um
garantam a sua adequada implementação
necessário estabelecer um conjunto de
lado garantam a rápida finalização do
e controlo. Tem igualmente sido preo‑
medidas e controlos adicionais, com vista
processo de conversão, e por outro criem
cupação da DGAV, a colaboração com a
a garantir a finalização da conversão no
os mecanismos necessários à adaptação
Universidade, no sentido de se desenvol‑
mais curto espaço de tempo e a necessária
das explorações. Assim sendo e para além
verem trabalhos científicos, em matéria
diferenciação dos produtores que à data
do comprometimento dos produtores
de Bem‑Estar Animal, os quais venham
já tinham os seus pavilhões convertidos.
relativamente às opções em curso em
a sustentar futuros desenvolvimentos
Para este processo, em muito contribuiu
matéria de conversão, que se materializou
da matéria, no plano regulamentar e que
o trabalho da Associação representativa
na entrega dos Planos de conversão, com
dessa forma sejam refletidas as condições
do setor (ANAPO), a qual prontamente
prazos credíveis para a finalização das
de produção específicas dos países do
colaborou no sentido de garantir a eficácia
obras e na entrega dos Planos de saída
sul da Europa. Atualmente e em vista da
das medidas tomadas.
progressiva dos animais, para aqueles
nova estratégia de Bem‑Estar Animal para
Terminado o processo de conversão e
produtores que não pretendem converter,
2012‑2015, existe um forte interesse em
não obstante o impacto dos requisitos
foi estabelecido um Plano específico de
trabalhos orientados para a avaliação de
legais acima mencionados, verifica‑se
controlo em função do risco (Explora‑
indicadores de Bem‑Estar Animal a nível
que a grande maioria dos produtores
ções parcialmente convertidos ou não
da produção, transporte e abate, os quais
de galinhas poedeiras manteve a sua
convertidos).
possam refletir as diferentes realidades
actividade, estando atualmente a produzir
Em face da evolução do processo de
produtivas nacionais.
ovos em sistemas de gaiolas melhoradas
conversão, poderão ser tomadas medidas
Todo este trabalho é necessariamente
ou sistemas alternativos.
adicionais que se prendem com a circu‑
desenvolvido em colaboração com as
Atualmente, Portugal enfrenta um novo
lação dos animais. Concomitantemente
diferentes entidades envolvidas no pro‑
desafio em matéria de Bem‑Estar Animal,
com estas medidas, a verificação de não
cesso (ex: associações representativas
que se prende, com a obrigatoriedade,
conformidades será alvo de sanções,
do sector), considerando a necessidade
desde 1 de Janeiro de 2013, de alojar
conforme previsto na legislação em vigor
de se salvaguardar a produção nacional
as porcas em grupo, no período que vai
nesta matéria (Decreto‑lei nº 135/2013, de
e de se criarem soluções que permitam
desde a 4ª semana após cobrição, até
28 de Junho).
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Alimentação Animal Bem-Estar Animal
BEM-ESTAR ANIMAL em Suínos
Vitór Menino
Os interesses excedentários da produção de Suínos do Norte da Europa Comunitária, impuseram‑nos a obrigatoriedade de adaptação das nossas explorações a normas de “bem‑estar animal”, que entraram em vigor no passado dia 01 de Janeiro. Utilizando barracões de arrecadações agrícolas sem utilidade, espalharam a palha que têm como excedente, soltaram para lá as porcas, conven‑ ceram uns coloridos políticos que aquilo era bem‑estar animal e rapidamente transformaram o seu interesse em lei, logo imposta a outros espaços comunitários. Com um tiro, mataram dois coelhos. Instalaram barato as suas porquinhas e criaram dificuldades e custos acrescidos aos produtores do Sul da Europa, onde e até por questões climatéricas, as construçoes e sistemas de instalação da produção, são e devem ser diferentes. A evolução tecnológica para os níveis actuais, foi sendo feita neste últimos quarenta anos, para o modelo que temos. E de bem‑estar animal sabe o produtor que respeita, estima e sabe, que só dando o melhor para o seu efectivo, pode potenciar a sua pro‑ dutividade. Bem‑estar são áreas de produção corretas, ins‑ talações com um ambiente tão limpo (ar e área) quanto possível, água e alimento suficientes e higienizados, uma boa saúde e animais protegidos contra a agressão e a competitividade entre fortes e fracos....
Foto 1
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A limentação Anima l
A imposição de áreas mínimas é um disparate. Os produtores têm consciência das áreas neces‑ sárias para que os seus animais estejam bem, e para estar bem, é preciso ter áreas proporcionais à sua idade e ao peso, como já fazíamos antes desta imposição. Eles não sabem , que podem existir situações excepcionais nas explorações? Imaginemos um período de infertilidade, ao que se seguirá natu‑ ralmente um período de excesso de cobrições. Esta situação originará um período de maior vazio, a que seguirá um período, com o natural excesso de animais. O que lhes fazemos?..... Porcas soltas (reparem na foto 1), trata‑se de uma exploracão adaptada em que nos parques cons‑ truídos, ficaram uma parte das celas existentes, servindo para separar e limitar a competitividade, no acesso à alimentação. Explicam‑me porque a maioria das nossas por‑ quinhas, estando livres, prefere dormir dentro das celas? Não será porque se sentem melhor e mais protegidas? O que eu sei é que estão menos higienizadas. Mas disparate, disparate, é a imposição das aberturas mínimas das grelhas de engorda. Não consigo entender. 18 mais 3 de tolerância serve, com 22 mm de abertura significa lixo, problema ambiental e deitar dinheiro fora. Em Portugal calculo que existe capacidade para 1,5 milhões de porcos em acabamento, e cada
porco utiliza em média 0,5 m2 de grelhas, ao que somando as grelhas para os parques das porcas, totalizará uma necessidade de grelhas na ordem de um milhão de metros quadrados. Cada m² de grelhas custa quinze euros. Vamos andar de óculos com graduação máxima e micrómetro, para descobrir o milimetro que obrigará o produtor a contribuir para os quinze milhões de euros deitados no lixo. Reparem na foto 2, sabem dizer‑me se estas grelhas cumprem com as aberturas impostas pela norma? Não sabem, mas não se preocupem, porque os porcos também não sabem. Até vos garanto, que eles nem querem saber. Mas eu sei, que nos obrigarão a estragar dinheiro. Dinheiro que seria preciso para solidificar as nossas empresas e reforçar a nossa posição enquanto produtores que querem contribuir para a auto‑suficiência
Foto 2
Nacional, garantindo os nossos postos de trabalho e os dos que nos estão ligados, produzindo com respeito pelos animais, ambiente e consumidores.
Temos esperança que sobre os espaços de abertura das grelhas, ainda haja bom senso. Perguntas de quem sente na pele este esbanjar: ‑Se estas burguesias, tornarem a UE defi‑ citária em carne de porco, a mesma será produzida por cumpridores destas normas? ‑Continuaremos a ter dinheiro para a comprar e para alimentar o desemprego? Enquanto produtor e responsável no movi‑ mento associativo, sei que só nos resta, a esta altura do campeonato, colaborar com a autoridade Nacional, ou seja cumprir. E a não cumprir, fechar e rápido. O tempo desta discussão foi outro. Pela primeira vez torno a minha opinião pessoal pública sobre esta imposição, tendo consciência que dificilmente se vence uma guerra, sem se perderem batalhas. Estamos na luta, com determinação e perseverança, continuaremos. Um abraço do Presidente da FPAS
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Alimentação Animal Bem-Estar Animal
Bem-estar animal na produção de carne de bovino
Preferências dos consumidores portugueses 1. O bem-estar animal como um atributo da carne de bovino Os mercados para produtos alimentares nos países desenvolvidos são cada vez mais competitivos, chegando aos supermercados uma cada vez maior variedade de produtos, provenientes de um cada vez maior número de origens. A competitividade está consequentemente ligada à capacidade de desenvolvimento de novos produtos, diferenciados e Inês Viegas Médica Veterinária
dirigidos a diferentes segmentos de consumidores,
Investigadora na FMV-UTL
ciação (Grunert, Bredhal et al. 2004).
deixando o preço de ser o único fator de diferen‑ As preferências dos consumidores por produtos alimentares cada vez mais diferenciados justificamse pelo facto da qualidade, na ótica do consumidor, poder ser representada não só por atributos evidenciados (a cor da carne, por exemplo) ou experimentados (a tenrura), mas também acredi‑ tados (de confiança). Estes atributos são aqueles relativamente aos quais o consumidor não tem a capacidade de avaliar e de elaborar uma apreciação, pelo que se baseia no julgamento ou na opinião de terceiros (Bech, Grunert et al. 2001). O modo de produção, a ausência de resíduos, etc., são exemplos desses atributos. Numa explicação mais visual, nunca sabemos se os ovos de galinhas de campo são de galinhas que realmente estiveram no campo, acreditamos no que o rótulo diz. Quer isto dizer que há fatores não económicos que pesam nas escolhas dos consumidores. Exemplo disso é a evolução do mercado que mostra uma procura crescente por alimentos biológicos, DOP, “naturais”, “verdes”… Este tipo de produto espelha exatamente o facto de terem presentes atributos de confiança que têm que ser fornecidos através de rótulos (certificados ou não) e marcas. Aspetos como o bem-estar dos animais de produção (muitas vezes associado à segurança sanitária dos alimentos e ao impacto ambiental da produção alimentar) estão assim muitas vezes presentes nas preferências dos consumidores europeus. O bem-estar animal pode portanto ser considerado um atributo de confiança da carne, uma vez que os consumidores têm que acreditar que um determi‑
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A limentação Ani mal
nado produto cumpre as normas de bem-estar que alega cumprir, uma vez que não poderá verificar pelo consumo se tal é verdade. A legislação comunitária tem seguido estas preferências e preocupações dos consumidores, condicionando os financiamentos e obrigando os produtores ao cumprimento de regras nesta área. Neste sentido, a reforma da política agrícola comum tem levado a uma crescente orientação dos produtores para o mercado. Deste modo, os custos de produção de alimentos no seio da União Europeia (UE) têm sido crescen‑ temente afectados por força de exigente regulação governamental e empresarial (entre outros fatores como o custo crescente de fatores de produção como a energia ou a alimentação animal). À exigência do cumprimento de padrões legais míni‑ mos, acresce a existência de cadeias grossistas de distribuição de alimentos que exigem o cumprimento de normas adicionais nestas mesmas áreas. Os produtores pecuários não são uma excepção neste cenário, tal como qualquer operador agrícola na UE. É ainda pertinente acrescentar que sendo o mercado da carne europeu relativamente protegido, os custos acrescidos por força da regulamentação seriam geralmente transferidos para os consumidores através de preços mais elevados. Contudo, no que diz respeito à carne de bovino (único bem alimentar sobre o qual incide este artigo) a pressão do sector da grande distribuição tem conduzido essencialmente à diminuição das margens dos produtores. Deste modo é importante saber quais as preocu‑ pações concretas dos consumidores portugueses relativamente ao bem-estar dos bovinos de carne, e também se estariam dispostos a pagar pelos custos adicionais que conduzem ao aumento desse bem-estar animal. Existem incertezas acerca da possibilidade de traduzir as preocupações dos consumidores rela‑ tivamente ao bem-estar dos animais de produção em procura real de produtos com preços mais elevados, devido aos maiores padrões produtivos. Para resumir numa frase, será que o premium que os consumidores estão dispostos a pagar é suficiente para cobrir os custos de produção mais elevados?
Caso tal se verifique, e apesar de a carne
também uma forte associação à proteção
meno de ignorância voluntária) (Vanhonacker,
em geral ser um produto de baixo grau de
do ambiente (de Passillé and Rushen 2005).
Poucke et al. 2010).
diferenciação no momento da escolha do
Os níveis de preocupação existentes, e as
Assim sendo, é possível que os valores decla‑
consumidor (Grunert, Bredhal et al. 2004), é
associações a outras questões, já levaram, em
rados de disposição a pagar por parte dos
possível que existam incentivos para que os
casos como os ovos de galinhas de campo,
consumidores sejam apenas uma forma de
produtores e seus distribuidores diferenciem
ao desenvolvimento e implementação de
demonstrar o seu apoio a políticas governa‑
os seus produtos.
produtos mais “amigos” do bem-estar animal.
mentais de protecção do bem-estar animal.
Contudo, o que se verifica em muitos casos,
Contudo, a existência de alguns produtos já
é que apesar de existirem disposições a
referidos e o sucesso de algumas marcas
pagar positivas como resultado de muitos
nacionais no nosso mercado permite antever
estudos, no momento da compra o bem-estar
a existência de alguns nichos de mercado
O bem-estar animal é frequentemente asso‑
animal é ultrapassado por outros atributos
para carne de bovino à qual está associado
ciado a atributos de qualidade dos alimentos
de qualidade, deixando de constituir uma
maior bem-estar animal.
de origem animal, não sendo um assunto
preocupação (Harper and Henson 2001).
Numa investigação de doutoramento realizada
irrelevante para a maioria dos consumidores
Os mesmos autores explicam que no momento
em Portugal, ao discutir o bem-estar animal
(Veissier, Beaumont et al. 2007).
da compra ocorre muitas vezes uma disso‑
na produção de carne de bovino, foi possível
As preocupações dos consumidores em
ciação da decisão, ou seja, os consumidores
perceber que os consumidores consideram que
relação ao bem-estar animal estão não só
deixam de pensar no bem-estar animal quando
este é um assunto bastante emocional e que
associadas aos animais em si, mas também
escolhem os produtos a comprar. Esta dis‑
reconhecem a contradição entre comer carne e
à relação com a segurança alimentar e a
sociação pode ser em parte explicada pelo
ter preocupações com o bem-estar dos animais.
qualidade dos alimentos (McVittie, Moran et
desconforto associado ao conhecimento real
É também frequente referirem que não pensam
al. 2006). Para muitos consumidores existe
das condições de vida dos animais (um fenó‑
no bem-estar animal ao comprar carne.
2. Motivações dos consumido‑ res em relação ao bem-estar animal
Do campo para a mesa... Naturalmente. C
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A limentação A n i m a l
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Alimentação Animal Bem-Estar Animal
Quando solicitados a especificar as preocupa‑
consumidores pelo bem-estar dos animais
concentrando-se na promoção de um maior
ções sobre bem-estar dos bovinos de carne, a
de produção, poderão existir oportunidades
bem-estar animal, no comportamento animal
maioria dos consumidores é capaz de o fazer
a ser aproveitadas pelos produtores de carne
natural, menor impacto ambiental e maior
em termos muito precisos, descrevendo as
de bovino.
sustentabilidade.
condições de transporte e técnicas de abate.
As preferências que muitos consumidores
Adicionalmente, a preservação do ambiente
A produção intensiva é frequentemente
demonstram por produtos nacionais podem
rural e dos ecossistemas poderiam também
considerada prejudicial para o bem-estar
ser associadas a características de bem-estar
ser incorporados como atributos de confiança
animal, e questões como a diminuição do
animal que poderão potencializar as escolhas
no produto final. Os consumidores portugue‑
espaço para o movimento e incapacidade de
por carne de bovino Portuguesa. Existem já,
ses relacionam estes atributos com carne
ter um comportamento natural são mencio‑
em Portugal e em toda a Europa, sistemas
mais segura, mais genuína e de qualidade
nadas. Além disso, a falta de cuidados dos
de certificação que incluem padrões de bem-
superior, pelo que poderão estar disponíveis
produtores e tratadores é considerada uma
estar animal e que se podem traduzir em
a pagar mais.
preocupação.
maior benefício para os produtores.
Quando todos os noticiários europeus incluem
A mesma investigação mostrou que a vontade
O mercado para estes produtos pode ser
notícias sobre fraudes associadas com a pre‑
de comprar carne produzida de acordo com
atraente porque fornece um mecanismo
sença de carne de equinos em produtos que
regras de maior proteção dos animais se
através do qual os maiores custos de pro‑
deveriam conter apenas carne de bovino, não
revela contudo pouco consensual. Alguns
dução e também de certificação podem
é possível deixar de perceber que esta será
consumidores enfatizam que este assunto não
ser transferidos para os consumidores. No
uma oportunidade única para os produtores
é uma preocupação durante as compras e que,
entanto, não se pode ignorar o efeito do
portugueses.
além disso, não deve ser de responsabilidade
rendimento disponível sobre a procura e
A diferenciação de produtos de carne de
do consumidor pagar o cumprimento das
que este de produto representa apenas um
bovino através de atributos associados a
regras de bem-estar animal.
nicho de mercado.
maiores níveis de bem-estar animal é uma
Muitos destes consumidores consideram que
Um exemplo destes nichos é o caso da
das vias que pode ser explorada, e onde
esta deve ser uma preocupação do Estado,
agricultura biológica e da carne DOP, que
poderão existir interessantes oportunidades
e que todos os produtos de origem animal
representam pequenos nichos de mercado,
de mercado.
disponíveis para venda deverão ser produzidos
mas que ainda assim se têm mantido con‑
de acordo com regras elevadas de proteção
sistentes, representando oportunidades de
dos animais.
mercado interessantes para os respetivos
Por outro lado, há consumidores que se mostram
produtores e com valor considerável para
disponíveis para comprar este tipo de carne. Os
a sustentabilidade das regiões onde são
motivos para essa disponibilidade são vários.
produzidas.
Muitos consumidores compram quantidades
Os consumidores portugueses parecem
relativamente pequenas de carne de bovino,
considerar as produções extensivas como
o que lhes permite fazer escolhas premium.
promotoras de bem-estar animal. Consideram
Há também consumidores que, tendo filhos
importante a permanência dos animais em
pequenos, pensam que esta seria uma carne
pastoreio em baixas densidades animais.
de melhor qualidade, fazendo então a asso‑
Além disso, é visto como uma mais-valia a
ciação do bem-estar animal com a maior
possibilidade de expressão do comporta‑
segurança sanitária. Finalmente, há ainda
mento natural e dos animais se alimentarem
consumidores que reconhecem a qualidade
de forma não artificial.
acrescida que este tipo de carne teria, dada
O trabalho de investigação realizado mostra
a associação que fazem entre bem-estar
que os consumidores dão também valor ao
animal e qualidade sensorial.
que entendem ser o menor impacto ambiental
Assim sendo, para muitos consumidores as
deste tipo de produção. Finalmente, o recurso
preocupações com o bem-estar podem ser
a raças autóctones é considerado como
multidimensionais, relacionando-se não só
muito positivo, havendo associações fortes
com os próprios animais, mas também quer
com o património cultural e a preservação
com a segurança sanitárias dos alimentos,
da paisagem.
quer à qualidade sensorial da carne.
Muitos consumidores fazem fortes associa‑ ções regionais e familiares por este tipo de
O bem-estar animal como potencial de
produção e demonstram preferências por
diferenciação para a carne de bovino
carne local. Assim sendo, uma estratégia de
Tendo em conta o carácter multidimensio‑
qualidade para a carne de bovino portuguesa
nal das preocupações demonstradas pelos
poderia ser orientada para o consumidor,
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Alimentação Anim al
Bibliografia Bech, A., K. G. Grunert, et al. (2001). Consumers’ quality perception. Food, people and society. A European perspective of consumer’s food choices. L. Frewer, E. Risvik and H. Schifferstein. New York, Springer: 97-113. de Passillé, A. M. and J. Rushen (2005). “Food safety and environmental issues in animal welfare.” Rev. sci. tech. Off. int. Epiz. 24(2): 757-766. Grunert, K. G., L. Bredhal, et al. (2004). “Consumer perception of meat quality and implications for product development in the meat sector – a review.” Meat Science 66: 259-272. Harper, G. and S. Henson (2001). Consumer concerns about animal welfare and the impact on food choice. Consumer concerns about animal welfare and the impact on food choice. E. Commission, European Commission. McVittie, A., D. Moran, et al. (2006). Public prefe‑ rences for broiler chicken welfare: evidence from stated preference studies. Land Economy Working Paper Series, SAC – Scottish Agricultural College. Vanhonacker, F., E. V. Poucke, et al. (2010). “Citizens’ views on farm animal welfare and related informa‑ tion provision: exploratory insights from Flandres, Belgium.” Journal of Agricultural and Environmental Ethics 23: 551-569. Veissier, I., C. Beaumont, et al. (2007). “Les recherches sur le bien-être animal: buts, méthodologie et finalité.” INRA Production Animale 20(1): 3-10.
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Alimentação Animal Bem-Estar Animal
O BEM‑ESTAR EM ANIMAIS DE PRODUÇÃO – O QUE NOS ESPERA? George Stilwell*,+, Ana Vieira*, Inês Ajuda*
George Stilwell Professor na Faculdade de Medicina Veterinária – UTL
Desde o início dos anos 60 do século passado
factores que permitiu o estabelecimento de uma
que a preocupação com o bem‑estar animal tem
forma de vida mais gregária. Muitas civilizações
sofrido um crescendo. A razão relaciona‑se com
desenvolveram‑se exactamente porque as popu‑
uma reformulação dos conceitos da ética animal
lações deixaram de estar dependentes da caça e
a que não é estranha a alteração dos paradigmas
de perseguir as migrações animais. Nessa altura os
sobre os quais se estrutura a exploração animal.
animais mudaram de estatuto aos olhos do Homem
Esta transformação da agro‑pecuária, anteriormente
e passaram a ser considerados “propriedade”. Surgiu
assente no formato da pequena quinta rural, numa
então uma espécie de contracto em que os humanos
indústria intensiva e competitiva, afectou decisiva‑
ofereciam alimento e protecção em troca dos
mente a forma como o consumidor passou a olhar
diversos produtos. A criação de animais era feita
a produção animal. A par das exigências com a
à medida das possibilidades (área, forragens, mão
segurança e qualidade, surgiu então a salvaguarda
de obra, etc) e necessidades próprias, sendo muito
do bem‑estar no local de criação como um requisito
frequente a manutenção de diversas espécies “sobre
essencial. Primeiro a legislação, depois os retalhistas
o mesmo tecto”. O comércio era essencialmente
e, mais recentemente, as próprias organizações de
local e o preço dos produtos de origem animal
produtores têm procurado impor as regras que
tinham um peso relativamente elevado no orça‑
vão ao encontro da ideia que o consumidor tem
mento das famílias, sendo que em muitas ocasiões
(quer) da produção animal. Para que o conceito de
estavam restritos aos estratos mais abastados
bem‑estar animal não seja abstracto nem envolto
da sociedade. A selecção genética era feita a um
em extrapolações não comprovadas, é essencial que
ritmo lento – ao longo de várias gerações. Este
a ciência cumpra o seu papel demonstrando quais
contracto relativamente harmonioso sobreviveu
as práticas que garantem as melhores condições
até muito recentemente, mais propriamente até
para os animais, nunca esquecendo a sustenta‑
ao período pós II Guerra Mundial.
bilidade das explorações. O estudo de quais os
O movimento da população rural para as fábricas/
indicadores, baseados no ambiente ou no animal,
cidades, a redução da mão‑de‑obra masculina, a
que melhor reflectem o estado de bem‑estar é a
destruição de infra‑estruturas e a carência alimentar,
tarefa hercúlea que está em curso. Segue‑se o
tudo consequência de 6 anos de guerra, abriu
trabalho de certificação daqueles que cumprem
caminho a uma nova forma de exploração animal – a
as regras definidas, para que o consumidor possa
intensificação. O objectivo era colmatar um estado
fazer uma escolha consciente e bem abalizada. No
de fome generalizada e de preços incomportáveis
fim, idealmente, teremos uma produção animal em
para a maioria da sociedade. Por exemplo, em 1950
que será possível associar a qualidade alimentar, o
um trabalhador comprava apenas 7 ovos pelo preço
retorno económico e a defesa da dignidade animal.
de 1 hora de trabalho (van Horne et al., 2003).
De onde vimos, onde estamos e para onde vamos.
Esta nova forma de produzir animais requeria novas abordagens e encerrava certas particularidades. Com uma população urbana a crescer era preciso
A domesticação e utilização de animais para a
produzir grandes quantidades a baixo custo e
produção de alimento iniciaram‑se há cerca de
com o mínimo de mão‑de‑obra. Surgiram então
10.000 anos com os ovinos, a que se seguiram
as chamadas quintas‑fábrica caracterizadas por
os outros ruminantes e o porco, e foi um dos
uma elevadíssima densidade animal, alimentação concentrada e uma enorme dependência de pro‑
*AWIN – Animal Welfare Indicators, Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Técnica de Lisboa. Alto da Ajuda, 1300‑477 Lisboa. + stilwell@fmv.utl.pt
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Alimentação An im al
cessos mecânicos. As poedeiras foram colocadas em baterias, os perus em pavilhões, as porcas em celas e as vacas em cubículos. Entretanto a
tecnologia imprimia uma outra velocidade à
Roger Brambell publicou o famoso relatório
org/research) os consumidores consideraram
produção individual através do melhoramento
que estabelecia pela primeira vez as bases
que partilhavam os meus valores dos agri‑
genético e nutricional. A vaca produtora de
para uma conveniente apreciação do estado
cultores (farmers) mas… duvidavam que a
15 quilos de leite diários foi transformada,
de bem‑estar nos animais de pecuária – as
produção animal continuasse a poder ser
em poucas décadas, numa máquina capaz de
Cinco Liberdades. Estas linhas orientadoras
designada como pecuária (farming). Ou seja, a
atingir facilmente os 60 quilos/dia.
diziam que os animais deveriam estar livres
indústria da produção animal é cada vez mais
Com esta mudança o sistema produtivo
de: fome e sede; desconforto; dor, lesão e
associada a lobbies interessados no lucro e
mundial evoluiu de uma forma exponencial.
doença; medo e stress. E ainda, mantidos
com elevadas responsabilidades na poluição
Entre os anos de 1961 e 2000 o crescimento
de forma a conseguirem expressar alguns
ambiental e na agressão ao bem‑estar animal.
na produção de carne de frango foi na ordem
dos seus comportamentos naturais básicos.
de 500%, 1.700% ou 3.500% para a Europa,
O consumidor começou a conhecer melhor
A ciência do bem‑estar animal
China e América do Sul, respectivamente.
a forma como se produzia o alimento e não
Surgiu então a grande questão – como medir
No mesmo período a produção de carne de
gostou do que viu. Não gostou de ver galinhas
e avaliar o BEA? O desígnio “Cinco Liberdades”
bovino cresceu 8.500% na China e a de leite
apertadas em gaiolas ou vacas a coxearem
é teoricamente perfeito, mas a sua interpre‑
mais de 130% nos EUA e Europa.
até à morte ou vitelos anémicos mantidos
tação é controversa e a aplicação de certas
No século 21 as prioridades começam a
em semiobscuridade ou porcos sangrados
regras pode inclusivamente ser considerada
alterar‑se. O baixo preço dos alimentos de
sem atordoamento prévio.
utópica. Além disso, como sabemos quais os
origem animal já não é uma questão tão
O caminho estava aberto para conceitos como
comportamentos básicos que devemos favo‑
premente – o tal trabalhador consegue actu‑
o do “prado ao prato” destinados a tornar
recer? Ou qual o grau de stress e ansiedade
almente comprar 100 ovos com a mesma hora
transparente todo o processo produtivo. Em
que se pode considerar aceitável?
de trabalho – apesar de se continuar constan‑
paralelo cresceram em número e influência
Tornou‑se então óbvio que o BEA não poderia
temente a tentar baixar o preço na produção.
as organizações que se propunham a expor,
continuar a ser apenas um conceito abstracto
O grande desafio para as décadas que aí vêm
divulgar e boicotar as más práticas. Escân‑
de raízes éticas, mas tinha de ser considerada
é garantir um alimento de qualidade para
dalos relacionados com segurança alimentar
uma ciência. Iniciou‑se um alargado processo
uma população crescente em número e em
(vacas loucas, dioxinas…), mas também com
de pesquisa na área na tentativa de estudar e
exigência. A Organização das Nações Unidas
o pobre bem‑estar animal, abalaram significa‑
escolher os indicadores que melhor reflectiam
para Agricultura e Alimentação (FAO‑UN)
tivamente a indústria alimentar. A reputação
o grau de BEA. Uma primeira corrente de
alerta para o facto de que o consumo de
das explorações agrícolas caiu a pique. A
investigação elegeu como os mais apropriados
carne e leite deve duplicar até ao ano 2050.
estatística confirmava que mais de 77%
os indicadores relacionados com o ambiente
Isto quando o factor solo e água disponível
dos europeus achava que o BEA precisava
e recursos. Ou seja, após definir os critérios
ainda está longe de estar garantido.
de ser melhorado, e que as condições em
mínimos de condições para a manutenção de
que espécies como os suínos e frangos eram
animais, considera‑se como estando garantido
mantidas não eram aceitáveis. Por outro lado,
o BEA se essas condições forem satisfeitas.
A evolução do bem‑estar animal (BEA)
mais de metade dos inquiridos afirmaram que
Como exemplo, veja‑se o texto da legislação
Foi com o advento dos sistemas intensivos de
pensavam no factor BEA quando compravam
“A largura do compartimento individual deve
produção animal que também nasceu a preo‑
alimentos…, e um número crescente de
ser pelo menos igual à altura do vitelo ao
cupação com o bem‑estar animal. É verdade
consumidores iam‑se tornando vegetarianos
garrote, medida com o vitelo de pé, devendo
que já desde o século 19 surgiam iniciativas
(~5%). Mas talvez o mais importante foi o
o comprimento ser, pelo menos, igual ao
isoladas e muito pontuais destinadas a evitar
facto de o consumidor perceber que detinha o
comprimento do corpo do vitelo, medido da
actos de crueldade para com os animais. Em
poder para mudar o estado das coisas – mais
ponta do nariz até à extremidade caudal do
diversos países foram aprovadas leis que
de 70% afirmaram no inquérito do Eurostat
tuber ischii (osso ilíaco), multiplicado por 1,1”
proibiam o espancamento de animais de carga,
(2007) acreditar que as suas opções de
(Decreto‑Lei nº 48/2001).
tentavam controlar o esforço a que estes eram
compra poderiam afectar decisivamente a
Depressa se tornou evidente que esta abor‑
obrigados ou regulamentavam as distâncias e
forma como os animais eram tratados!
dagem era errada ou pelo menos insuficiente
o tempo que os animais de produção podiam
Do outro lado do Atlântico os americanos
se tomada de forma exclusiva. Um projeto
ser mantidos em veículos de transporte sem
têm uma visão menos drástica, mas que está
europeu denominado Welfare Quality e o
descanso ou abeberamento. No entanto, só
a mudar rapidamente. Na Califórnia a votação
“nosso” AWIN‑Animal Welfare Indicators
em 1965 surgiu a primeira tentativa de se
para eliminação das baterias das poedeiras
têm interpelado a questão de uma forma
estabelecerem regras de bem‑estar para
teve mais SIM do que a que pretendia aprovar
diferente, procurando estabelecer quais os
animais de pecuária, muito provavelmente
o casamento homossexual. Num relatório do
sinais presentes ou exibidos pelos animais
em resposta ao livro “Animal Machines” de
The Center for Food Integrity de 2011 (Con‑
que correspondem a bom ou mau BEA. Este
Ruth Harrison. A Comissão liderada pelo Prof.
sumer Trust Survey http://www.foodintegrity.
é o conceito que passará a influenciar a A limentação A n i m al
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21
Alimentação Animal Bem-Estar Animal
legislação futura, como é claramente expresso
Duas medidas exigem‑se para combater
corresponde a produtos de melhor qualidade
no documento “Estratégia da UE relativa ao
uma concorrência deste tipo: que haja clara
e a maior segurança alimentar.
bem‑estar animal: 2012‑2015” onde se lê “(…)
identificação dos produtos alimentares vindos
Aliás esta relação é tão consensual que são
realizar inspecções ao bem‑estar dos animais,
de países onde o BEA não é respeitado; e
os próprios produtores, e as suas organiza‑
que incidam sobre os próprios animais, em
que os consumidores sejam informados das
ções, a promover a investigação em BEA e
vez de se centrarem no seu ambiente”. Com
condições reais de exploração. Por exemplo,
a implementarem novas regras. Por exemplo,
esta nova aproximação será procurado nos
se consideramos que as galinhas poedeiras
a Cooperl Arc Atlantique, um dos maiores
animais os indícios de que qualquer coisa está
das explorações europeias têm de viver em
produtores de carne de porco em França
mal. Por exemplo, uma porca a roer as barras
gaiolas melhoradas, deve ser bem evidente,
(20% da produção) planeia eliminar castração
da cela (comportamento estereotipado) é
através de rotulagem facilmente reconhecida,
de leitões a partir de Março 2013. A mesma
cientificamente comprovado como sendo um
que um certo produto é fabricado com ovos
garantia de BEA é procurada por inúmeros
sinal de frustração. Em Portugal a Faculdade
que não provêm de aves criadas nessas
retalhistas e cadeias de restaurantes (p.e.
de Medicina Veterinária (UTL) lidera o projecto
condições.
McDonalds) por todo o mundo. Duas grandes
AWIN no estudo desses indicadores em
Devemos referir que a situação tende a mudar
razões impelem esta mudança (admitimos que
cabras. A pergunta que tentamos responder
como se confirma pela discussão que decorre
razões éticas também entrem na equação, mas
é: quais os indicadores válidos e de avaliação
no seio da International Organisation for
essas serão mais difíceis de comprovar): evitar
exequível que nos permitem classificar o
Standardisation (ISO) que pretende adoptar
perder clientes que cada vez mais procuram
BEA em cabras?
critérios globais de bem‑estar a ser aplicados
os fornecedores que privilegiam o BEA; a
Após o estabelecimento das regras de BEA
em todo o mundo. Iguais sinais chegam de
confirmação que animais criados em BEA
segue‑se o processo de as aplicar nas políticas
países como Brasil, EUA e Austrália que
produzem alimentos com maior segurança,
que regem os mercados. De que faria sentido
adoptam ou adaptam a legislação europeia,
qualidade e preço.
eleger o BEA como prioridade, estudá‑lo,
nem que seja para garantir as boas graças do
Mas falemos também nos casos em que
definir modelos e depois deixar à conside‑
consumidor europeu. Através de cursos de
a aplicação de novas regras de BEA pode
ração de cada um a sua aplicabilidade? Se
formação ou vistorias de peritos europeus,
influenciar o preço do produto final que chega
a sociedade considera como sua obrigação
muitos destes países tendem a melhorar e
ao consumidor. Tomemos como exemplo
promover o BEA, então os preceitos devem
uniformizar o estatuto de bem‑estar nos seus
os ovos e o acréscimo que pode advir da
ser universalmente aceites e respeitados.
animais de produção.
introdução das gaiolas melhoradas. É admitido
A aprovação pela UE da frase “a União e
que o aumento de preço significativo do
os Estados‑Membros terão plenamente em
Os produtores e o BEA
conta as exigências em matéria de bem‑estar
É reconhecido por todos que, pelo menos
0,24 a 3,4% (lembrar que não há substituto
dos animais, enquanto seres sencientes”
numa primeira fase, a expressão BEA deixava
real para ovos de galinha). Sendo assim, os
(Tratado de Lisboa) admite pela primeira
muitos produtores de cabelos no ar. Isso
produtores poderão passar grande parte
vez oficialmente que os animais sentem
sucedia porque se associava o BEA a um
do aumento para o consumidor sem grande
dor, medo e prazer. Esta admissão tornou
boicote à pecuária resultante de um acréscimo
redução no seu lucro, sendo que aqueles
obrigatória a percussão do BEA para os 2
dos custos, necessidade de investimentos
pagarão não mais do que uns extra 0,5 a 6
mil milhões de aves de produção e os 300
incomportáveis e introdução de práticas
euros por ano. Poder‑se‑á argumentar que
milhões de bovinos, suínos, caprinos e ovinos
irreais. Mais uma vez a ciência comprovou
esse é um preço que se deveria pagar de
que constituem a pecuária europeia.
que, em quase todos os casos, não era
bom grado, principalmente numa altura em
Se isto é uma realidade (?) para a Europa, não
assim. A investigação demonstrou que o
que a alimentação não pesa mais do que 10%
é tão claro para o resto do planeta global. As
conforto e BEA dos animais correspondiam
no orçamento das famílias (nos anos 60 era
negociações dentro da Organização Mundial
a melhor saúde, maiores ganhos de peso,
cerca de 25%) e em que os produtos de origem
do Comércio têm tendência a deixar o BEA
maiores produções, maior longevidade, maior
animal atingem preços ridiculamente baixos.
para segundo plano, considerando protec‑
fertilidade, etc… que anteriormente só era
O único cuidado a ter é que todos estejam
cionismo as tentativas de criar barreiras à
conseguido quando suportados por medidas
obrigados às mesmas condições mínimas e
entrada de produtos de origem animal na UE
artificiais, como seja através de promotores
que não haja uns que investem apenas para
baseando‑se no não respeito por normas de
de crescimento, antimicrobianos e outras
ver os competidores a rirem‑se.
BEA. É por isso injusto para os produtores
substâncias químicas.
e falacioso para os consumidores europeus
A inclusão do BEA na lista de prioridades do
Conclusões:
a possibilidade que ainda existe de entrada
Plano Estratégico da OIE 2001‑2005 (Organi‑
A forma intensiva de se produzir animais
no nosso mercado de produtos oriundos de
zação Mundial de Sanidade Animal) demonstra
apresenta um enorme potencial de ameaça
animais criados em condições que o Europeu
bem a relação próxima entre bem‑estar e
ao BEA, e isto é cada vez mais fácil e pron‑
baniu por não considerar aceitáveis.
saúde animal. É claro que mais saúde animal
tamente identificado pelos consumidores. O
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Alimentação An im al
preço dos ovos possa reduzir o consumo em
público desconfia da indústria de produção de alimentos de origem
Keeling L (2004) Appliying scientific advances to the welfare of farm animals: why is it getting so difficult? Animal Welfare. 13: 187‑190. von Keyserlingk MAG, Rushen J, de Passillé AM, Weary DM (2009) Invited review: the welfare of dairy cattle – Key concepts and the role of science. J. Dairy Sci. 92 :4101–4111 McDonalds (2013) McDonald’s Animal Health and Welfare Disponível em: http://www.aboutmcdonalds.com/mcd/sustainability/library/policies_programs/ sustainable_supply_chain/animal_welfare.html McGlone JJ (2001) Farm animal welfare in the context of other society issues: toward sustainable systems. Livestock Production Science 72: 75–81 OIE (2004) OIE Guiding Principles on Animal Welfare In: Terrestrial Code http:// www.oie.int/index.php?id=169&L=0&htmfile=chapitre_1.7.1.htm OIE (2011) Cooperation agreement between the International Organization For Standardization (ISO) and the World Organisation For Animal Health (OIE). Disponível em: http://www.oie.int/fileadmin/Home/eng/About_us/docs/pdf/ accords/ISO_ENG.pdf Viegas I., Vieira A., Stilwell G., Lima Santos J., Aguiar Fontes M. (2011) Is there a link between beef quality and animal welfare in traditional beef systems? New Medit. X, 3: 17‑25 Welfare Quality (2013) www.welfarequality.net/
à Ciência demonstrar como certas práticas afectam o BEA e como a ausência deste, causa mau rendimento e produtos de fraca qualidade. Compete ao legislador transpor o que a Ciência descobre em regras e fiscalizar a adopção destas por todos. Se o consumidor for informado e tiver acesso a dados que permitem distinguir os que privilegiam o BEA, irá exercer o seu poder e beneficiar os cumpridores. Porque o resto da cadeia de produção já se apercebeu disso, é ela própria a exigir o cumprimento das regras mínimas de BEA. Em suma, o BEA está para ficar e é do interesse de todos que fique mesmo. Bibliografia:
M
A
Bioprotecção Biotransformação
TO
Mycofix
X I N RI
SK
MYCO
Comissão Europeia (2012) Estratégia da EU relativa ao bem‑estar dos animais: 2012–2015. Disponível: http://ec.europa.eu/food/animal/welfare/docs/ brochure_aw_strategy_pt.pdf Horne, PLM van, N. Bondt (2003) Impact of EU Council Directive 99/74/EC ‘welfare of laying hens’ on the competitiveness of the EU egg industry. Report 2.03.04; ISBN 90‑5242‑790‑9. The Hague, LEI FAWC (2012) Brambell Report – Five Freedoms. Disponível em: www.fawc. org.uk/freedoms.htm
M YC OF I
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animal, nomeadamente pela forma como trata os animais. Compete
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Naturally ahead
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Alimentação Animal BIOTECNOLOGIA
melhorar a implementação da regulamentação Europeia de OGM Exposição conjunta enviada à Ministra da Agricultura No seguimento da carta enviada pela “Food and Feed Chain” ao
das sementes e dos próprios agricultores, numa palavra, da Fileira
Comissário Tonio Borg, responsável pelo pelouro da Proteção e
Agroalimentar, provocando também interrupções no fornecimento
Saúde dos Consumidores relativamente às lacunas verificadas na
de produtos alimentares ao consumidor final.
implementação da regulamentação europeia de OGM, vimos reiterar
Nesta perspetiva e numa altura em que o tema da Agricultura está bem
e partilhar junto de Vossa Excelência as mesmas preocupações,
presente na Agenda política e assume uma importância estratégica
considerando que as políticas implementadas e a implementar devem
para o nosso País, que é altamente deficitário no aprovisionamento
obedecer aos seguintes princípios e orientações:
de matérias‑primas, solicitamos a atenção de Vossa Excelência para
• Baseadas apenas em critérios científicos, de acordo com os pareceres da EFSA, de modo a aumentar a confiança de todos os parceiros envolvidos e evitar atrasos desnecessários nos processos de aprovação. • Desenhadas a longo prazo, prevendo e antecipando futuras tendências: a falta de sincronia entre as autorizações de eventos fora e dentro da União Europeia, bem como a existência
estas questões, essenciais para o aumento da eficiência da produção agrícola e pecuária nacional, assegurando a competitividade do setor e um desenvolvimento mais equilibrado do Mundo Rural.
AS ORGANIZAÇÕES SUBSCRITORAS • ACICO – Associação Nacional de Armazenistas, Comerciantes e Importadores de Cereais e Oleaginosas
de eventos destinados apenas a países terceiros, potencia a
• ANEB – Associação Nacional dos Engordadores de Bovinos
presença de produtos não autorizados nas matérias‑primas
• ANIGOM – Associação Nacional dos Industriais de Gelados
importadas para o Espaço Comunitário. • Práticas, exequíveis e transparentes, permitindo às empresas trabalhar de forma previsível e dentro da legalidade, assegu‑ rando que não ocorrem interrupções no normal funcionamento das mesmas – designadamente eventuais ruturas no abaste‑
Alimentares, Óleos, Margarinas e Derivados • ANIL – Associação Nacional dos Industriais de Lacticínios • APCRF – Associação Portuguesa de Criadores de Raças Frísias • APIC – Associação Portuguesa dos Industriais de Carnes
cimento de matérias‑primas – nem custos desnecessários e
• ANPROMIS – Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sorgo
perdas de lucro devido ao constante surgimento de questões
• ANSEME – Associação Nacional de Produtores e Comerciantes
e problemas que não foram antecipados. Consideramos por isso essencial uma maior sincronização entre as autorizações concedidas a nível comunitário e em países terceiros, bem como a harmonização dos processos de amostragem e análise da presença adventícia de sementes geneticamente modificadas e
de Sementes • CiB – Centro de Informação de Biotecnologia – Portugal • FENALAC – Federação Nacional das Uniões das Cooperativas de Leite e Lacticínios
uma maior divulgação desta tecnologia dentro da União Europeia,
• FEPABO – Federação Portuguesa de Associações de Bovinicultores
tendo presente a importância da inovação e do conhecimento no
• FEPASA – Federação Portuguesa das Associações Avícolas
tão desejado aumento da produtividade e da produção agrícola e agroalimentar. As políticas conduzidas atualmente dentro da União Europeia relativamente a esta questão põem em causa a sustentabilidade económica dos operadores dos setores alimentar (food e feed),
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Alimentação Ani ma l
• FIPA – Federação das Indústrias Portuguesas Agro‑Alimentares • FPAS – Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores • IACA – Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais
A limentação A n i m a l
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Alimentação Animal BIOTECNOLOGIA
GMCC13: 6ª Conferência Internacional sobre Coexistência entre cadeias de Abastecimento baseadas em Produções Agrícolas Geneticamente Modificadas (GM) e não GM A coexistência entre produtos geneticamente modifi‑ cados (GM), convencionais e biológicos é o estudo e a operacionalização de práticas que, ao longo da cadeia de produção e abastecimento agroalimentar, asseguram ao consumidor a liberdade de escolha informada. A coexistência só existe porque os atores da cadeia tomam opções diversificadas quanto aos produtos que querem trazer ao mercado. Num hipotético mercado monolítico, não haveria lugar nem para a coexistência nem para a possibilidade de escolha do consumidor. No mercado real, todavia, sempre houve diversificação e competição e foi imperativo adotar sistemas eficazes de individualização (segregação) de matérias‑primas e dos respetivos produtos finais. Por outras palavras, o mercado sempre se caracterizou pela coexistência de diversidade, ainda que tecnicamente não se usasse esta terminologia. A União Europeia tem, relativamente aos produtos GM, um quadro regulamentar próprio (Diretiva 2001/18/ EC) tanto para a autorização de colocação no mer‑ cado de eventos (entendendo‑se por evento a uma construção genética usada para a modificação de uma dada espécie cultivada), quanto para as normas de rotulagem (Regulamentos CE 1829/2003 e 1830/2003 e regulamentação sucedânea, consultável em http://www. dgv.min‑agricultura.pt) a aplicar a produtos que contêm ou derivam de organismos geneticamente modificados. Do mesmo modo, tem um quadro regulamentar para o modo de produção biológico (MPB) (Regulamento CE 834/2007). Com base no princípio da subsidiariedade, cada estado‑membro estabeleceu, por seu turno, as normas para a coexistência ao nível da produção primária. No quadro do comércio internacional, convive‑se com uma grande heterogeneidade quer na oferta quer nos enquadramentos regulamentares de produtos GM. Soja, milho e colza são as matérias‑primas alimentares em que a oferta mundial apresenta uma percentagem significativa de lotes GM. Destes, apenas parte possui os eventos autorizados para entrada no mercado europeu (publicados em http://ec.europa.eu/food/ dyna/gm_register).
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Alimentação An im al
O tema suscitou a realização, na Dinamarca, da primeira conferência europeia sobre coexistência de culturas GM, convencionais e biológicas em 2003 (abreviada‑ mente apresentada com a sigla GMCC03), mas logo se percebeu que a sua abrangência era global e as GMCC tornaram‑se reuniões internacionais, com periodicidade bienal, reunindo académicos, operadores da fileira agroalimentar, reguladores, certificadores, decisores políticos e outras partes interessadas de todo o Mundo. França, Espanha, Austrália e Canadá acolheram as GMCC realizadas entre 2005 e 2011. Portugal, para além de observar as regras de adoção e rotulagem de produtos GM e de adoção do MPB do espaço comunitário, de partilhar com a generalidade dos restantes estados membros a fortíssima dependência em proteína vegetal para a alimentação animal, que se traduz na elevada importação de soja, e de ter, como outros estados membros, indústrias (amidos, cervejas, farinhas para alimentação humana) que exigem matérias‑primas não‑GM, apresenta especificidades que importa salientar: 1. A dependência externa portuguesa de soja e milho é altíssima: 100% e 67%, respetivamente. Tal facto condiciona, pelas fontes, natureza e preços das matérias ‑primas, a competitividade quer de várias indústrias agroalimentares, em especial as que se caracterizam por margens mais baixas, como a indústria de alimentos compostos para animais, quer da produção nacional de milho, já que a formação do seu preço reflete sobretudo o andamento dos valores do mercado mundial e não a variação dos custos de produção internos. 2. No seio da UE, Portugal é um dos raros países que tem um histórico de cultivo ininterrupto de milho Bt (a única combinação cultura/evento autorizada na UE, a que se somou episodicamente a batata Amflora), desde a publicação da legislação nacional sobre coexistência, em 2005 (Decreto‑lei n.º 160/2005, 21 de setembro); Portugal foi, aliás, o segundo estado membro a legislar sobre a matéria. A área de milhos Bt tem crescido sustentadamente ao longo deste período, cifrando‑se
em cerca de 6,6 % da área total de milho em 2012 (http://www.anpromis.pt). Esta última especificidade faz de Portugal um bom paradigma de coexistência no cenário mundial e, sobretudo, europeu, e demonstra uma boa integração das várias partes interessadas, que têm assegurado, desde a produção primária aos produtos finais, a segregação de milho GM e não‑GM, convencional ou biológico. Por tal facto, o Instituto Superior de Agrono‑ mia (ISA), o Instituto Politécnico de Santarém (IPS), a Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sorgo (ANPROMIS), a Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares (FIPA) e a Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais (IACA) propuseram‑se organizar a GMCC13, iniciativa que foi distinguida com uma carta de apoio da Senhora Ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, e que veio a merecer a confiança unânime dos organizadores precedentes. E assim está em marcha a GMCC13, que virá a ter lugar em Lisboa, entre 12 e 15 de novembro próximo. A organização congratula‑se com o apoio institucional que já recebeu também da CPLP. O website da conferência, www.gmcc13. org, ativo desde agosto de 2012, conta com um notável elenco de oradores convidados já confirmados, que irá ainda ser alargado, uma Comissão Científica pluricontinental, pluridisciplinar e de reconhecido mérito, e apresenta um programa destinado a acolher comunicações das mais diversas especialidades e competências que giram em torno das opor‑ tunidades e constrangimentos da coexistência. É ainda possível aceder a informação sobre as conferências anteriores. Cinco sessões plenárias permitirão aos partici‑ pantes ver abordados, pelos oradores convidados os grandes temas (i) sistemas de agricultura e coexistência aos níveis da exploração agrícola e da paisagem, (ii) impacto da coexistência e das molduras regulamentares contrastantes nas indústrias da alimentação humana e animal, no comércio internacional e na competitivi‑ dade, (iii) novos eventos, culturas e mercados alvo em perspetiva, (iv) perceção da inovação, comunicação e tomada de decisão e (v) perspe‑ tivas futuras das fileiras da alimentação humana, da alimentação animal e florestal. Consoante os seus interesses específicos, os participantes terão oportunidade de se reunir em sessões paralelas que desenvolverão e detalharão esses temas; preveem‑se assim sessões sobre limitações e oportunidades da coexistência em sistemas baseados na biodi‑ versidade agrícola, coexistência em culturas florestais, segregação na cadeia de abasteci‑ mento alimentar antes e depois das culturas
GM, deteção de eventos autorizados e não autorizados, Protocolo de Cartagena, regulação e desregulação de eventos, entre outros. E o objetivo é que nestas sessões paralelas se encontrem e debatam comunicações trazidas tanto pelos que investigam como pelos que operacionalizam cada uma destas dimensões da coexistência. O convite das Comissões Organizadora e Cien‑ tífica à submissão de resumos de comunicações dirige‑se, por isso, a todos os atores da fileira agroalimentar (dos agricultores e importado‑ res ao retalho, passando pela armazenagem, comércio, processamento primário das matérias primas, indústria, certificação), investigadores, reguladores e decisores, à semelhança, aliás, do que está a acontecer com os oradores convidados.
A Comissão Organizadora da GMCC13 reconhece que, numa conjuntura socioeconómica crítica, como a que vivemos, é difícil convocar a atenção das pessoas e das empresas para uma conferên‑ cia internacional que, por isso mesmo, tem custos e preços de inscrição não modestos. Mas está convicta que esta Conferência é uma excelente oportunidade para que os protagonistas da produção agroalimentar portuguesa possam mostrar, a uma plateia internacional, as boas práticas e a qualidade do seu desempenho, atualizar‑se em domínios menos familiares à sua experiência própria e conhecer parceiros e peritos com quem interagir no futuro. E todos vamos seguramente querer contribuir também para consolidar uma cada vez mais interessante atividade económica do País, que é a de anfitrião de reuniões internacionais.
A limentação A n im al
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AMINOÁCIDOS ESSENCIAIS – NUTRIÇÃO DE PRECISÃO? A IMPORTÂNCIA DOS AMINOÁCIDOS RAMIFICADOS NAS DIETAS DE BAIXA PROTEÍNA Teresa Carmona Costa Directora Técnica INDUKERN PORTUGAL teresa.costa@indukern.pt
A concepção e desenho de dietas de baixa proteína para leitões e suínos crescimento é um facto no mercado europeu, por um lado devido ao impacto económico que esta opção determina (conjuntura das matérias-primas) e por outro lado à possibilidade lactente da diminuição de problemas sanitários. A disponibilidade de Aminoácidos sintéticos e respectivos preços no mercado não é alheia a esta situação. No entanto, o desenho deste tipo de dietas encerra um conjunto de cuidados na tipificação da mesma em aminoácidos digestíveis bem como a aplicação do conceito de proteína ideal como garante da performance, relegando o nível de proteína bruta da dieta para segundo plano. A redução da proteína bruta das dietas implica uma cuidadosa tipificação da matriz nos diferentes aminoácidos essenciais bem como um melhor conhecimento dos ciclos anabólicos ou catabólicos entre aminoácidos, bem como as suas inter‑relações como garante da performance.
O metabolismo dos Aminoácidos Ramificados Os nutrientes da dieta são absorvidos principal‑ mente ao nível do intestino delgado. No caso das proteínas após digestão enzimática prévia apresentam‑se ao nível do lumen intestinal sob a forma de péptidos ou sob a forma livre. Ambas as formas são absorvidas pelas células intestinais através de diferentes transportadores. A maioria dos peptidos são então hidrolisados pelas peptidases intracelulares libertando os ami‑ noácidos livres para o sangue portal. Ao nível do tecido intracelular os Aminoácidos não podem ser armazenados pois ou seguem o ciclo anabólico que conduz à síntese das proteínas ou são catabolizados procedendo‑se à separação do grupo amino do
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esqueleto carbonado o qual ficará disponível para glucogénese e/ou cetogénese (Figura 1) O catabolismo dos Aminoácidos ramificados envolve dois passos enzimáticos iniciais comuns a todos os Aminoácidos ramificados (Hutson, 2005): 1. R eacção de transaminação reversível catalizada pela transaminase que cataliza os Aminoácidos ramificados (BCAT), localizada nos leitões no músculo esquelético. Esta reacção tem como substracto os 3 aminoácidos essenciais (Valina, Isoleucina e Leucina) e produz os seguintes catabolitos: lutamato (percursor da glutamina e da a. G alanina) b. NH3 (utilizado no ciclo da ureia)
c. 3 cetoácidos‑ramificados (BCKA): α‑ceto‑isovalerato (resul‑ tante da Valina), α‑ceto‑β‑Metilvalerato (resultante da Isoleucina) e o α‑ceto‑Isocaproato (resultante da Leucina). 2. Os3 cetoácidos‑ramificados (BCKA) obtidos sofrem uma descar‑ boxilação oxidativa catalizada por uma dehidrogenase (BCKDH) localizada no fígado. Esta reacção irreversível conduz à produção de derivados de acetil‑Coenzima A, os quais serão intervenientes na produção de corpos glucogénicos e cetogénicos (Figura 2).
O papel da Leucina O catabolismo combinado daqueles três aminoácidos implica que a presença em excesso de cada um destes aminoácidos leva à activação de enzimas comuns que intervêm no processo catabólico (Harper, 1984) (Langer, 2000), verificando‑se, no entanto, ser a Leucina aquela que apresenta maior poder de activação do mecanismo comparativamente à valina e à Isoleucina. Constatou‑se que, na realidade, um excesso de leucina na dieta (superior às necessidades) aumentava a actividade da enzima BCKA e, consequentemente, o catabolismo da Valina, Isoleucina e Leucina, conduzindo a uma menor performance dos leitões devido a uma menor disponibilidade de aminoácidos ramificados na deposição proteica (Wiltafsky & Roth, 2008) (Wiltafsky M. e., 2010). Este aspecto da interacção dos aminoácidos ramificados expressa‑se por um drástico decréscimo do consumo médio diário dos leitões quando existe excesso de leucina (Wiltafsky M. e., 2010), ou mesmo em ensaios de dose‑resposta a diferentes níveis de Valina ou de Isoleucina (Barea, 2009). Aquele facto parece estar relacionado com a capacidade de os animais serem capazes de detectar as dietas que se apresentam desiquili‑ bradas em termos de aminoácidos ou que se encontram deficientes nos mesmos (Etle T., 2004) dado que o declínio na concentração dos aminoácidos essenciais é detectado no córtex cerebral (Gietzen, 1993),o que poderá implicar numa situação de excesso de leucina uma necessidade adicional de valina ou de Isoleucina conduzindo a uma deficiência relativa. A leucina parece ser o nutriente que sinaliza consumo de proteína pelo que o seu excesso regula o consumo de alimento (Wiltafsky, 2009). Por outro lado, os aminoácidos ramificados pertencem ao grupo dos aminoácidos neutros (LNAAs) os quais competem para o mesmo “transportador” através da membrana celular, membrana intestinal e barreira cerebral (Fu, 2006), pelo que poder‑se‑á equacionar que o excesso de um destes aminoácidos poderá resultar numa menor recepção de outros aminoácidos neutros ao nível do cérebro (por exemplo, triptofano) e, portanto influenciar o consumo de alimento. Esta hipótese necessita, no entanto, de ser desenvolvida e melhor investigada para podermos aplica‑la em termos práticos (Ajinomoto Boletim, 2010).
QUADRO I – Comparação entre os níveis recomendados de Val:Lis SID em leitões País França USA
Referencia INRA (Sève, 1994) NRC (Council, 2012)
Relação Val: Lis (%) 70 68
Reino Unido Brasil Espanha Dinamarca
BSAS (Whittemore .., 2003) UFV (Rostagno, 2005) FEDNA (de Blas C., 2006) DSP (Jogersen L., 2008)
70 69 71 70
Mais recentemente diferentes 3 ensaios dose‑ resposta das necessi‑ dades Val:lis SID (8.5 a 25.0 Kg P.V.) foram efectuados (Gloaguen M., 2010) (Vinyeta E., 2009) (Millet & al, 2010). (Quadro II) (Figura 3, 4 e 5). Gloaguen et al (2010) efectuou um conjunto de ensaios com vista a determinar as necessidades de Valina dos leitões com dietas com excesso de Leucina (165% Leu:lis SID). Os resultados obtidos apre‑ sentaram diferentes necessidades consoante o parâmetro zootécnico analisado: 72% para Ganho médio diário, 72% para o Consumo médio diário e 71% quando se calculava o melhor índice de conversão. Num ensaio preliminar efectuado no Scthothorst Feed Research foram elaboradas 5 dietas com diferentes níveis da relação Val:Lis SID (61% a 80%). Os resultados obtidos apontaram para uma maximização do Ganho médio diário (562 g/dia) para valores 80 % SID Val:Lis (Vinyeta E., 2009). Outro ensaio realizado no ILVO Instituto, na Bélgica, com leitões dos 8 Kg aos 25 Kg de peso vivo, determinou que os leitões respondem a
As necessidades em Valina As necessidades em valina em Leitões têm vindo a ser objecto de numerosos estudos e têm constituído um tópico de diversas revisões (Barea R. B., 2009) (Corrent, 2009) e diferentes Institutos consideram a valina nas suas recomendações de proteína ideal (Quadro I). Considerando a média teremos a indicação de uma relação ideal de 70% SID Val:Lis.
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QUADRO III – Necessidades estimadas em SID Ile:Lis em dietas com SDBC Quantidade Necessidade Necessidade média de SDBC SID Ile:Lis SID Ile:Lis (James B.W., 2000)
3.2%
55%
(Kerr B.J., 2004)
7.5%
61%
(Wiltafsky M. B., 2009)
7.5 %
59 %
(Fu S. G., 2006)
10.8 %
> 66 %
61 %
produtos derivados do sangue e outro nível (mais baixo) quando desenhamos dietas sem aquelas matérias-primas. No que refere às necessidades a considerar em dietas com produtos derivados do sangue podemos resumir os valores obtidos em 3 ensaios (Quadro III) A inconsistência dos resultados torna difícil, numa primeira análise, concluir uma recomendação nestas condições. No entanto, analisando de perto o ensaio efectuado por Wiltafsky et al (2009), que utilizando animais dos 8 Kg aos 25 Kg desenharam as dietas com um nível de 1 % Lisina SID e 2390 Kcal de Energia Limpa, verificou‑se que: • Eram necessários 8.1 mg SID Ile:lis/g de GMD em dietas sem SDBC1 para maximizar o GMD. No caso de dietas com SDBC o valor obtido era de 9.7 mg /g de GMD quando se considerava uma incorporação de 7.5% daquela matéria prima. • Assim, leitões com dietas com SDBC tinham necessidade de ingerir mais 20% de Isoleucina digestível para obter a mesma resposta que animais alimentados com dietas sem aquela matéria-primas. um aumento da relação de Val:Lis SID (Millet & al, 2010). Estes autores constataram que com dietas com um nível de Lisina digestível de 1.06% se obtinham os melhores resultados com um nível de Val:Lis SID de cerca de 68% a 71% a (dependendo do modelo estatístico considerado). Os dados mais recentes apontam para: • Necessidades > 70% SID Val:Lis em leitões • Resultados obtidos confirmam:+15% para o GMD e ‑7% para o I.C. considerando valores de 60 a 70% SID Val:Lys • Devido a interações entre Aminoácidos ramificados, Um mínimo de 70% SID Val:Lis é o garante para obter a melhor performance em todas as situações de excesso de Leucina
Se considerarmos que os valores de necessidade SID Ile:lis expressos na bibliografia são de 53% (Quadro IV) e considerando que as necessidades em dietas com SDBC são de mais 20%, então poderemos esperar que, em média, a especificação mínima para este tipo de dietas é de 63% SID Ile:Lis, recomendação esta dependente do tipo e do nível de incorporação daquelas matérias-primas.
QUADRO IV– Necessidades estimadas em SID Ile:Lis em dietas sem SDBC Quantidade Necessidade Necessidade média de SDBC SID Ile:Lis SID Ile:Lis
As necessidades em Isoleucina Comparativamente à Valina existe uma vasta bibliografia no que refere às necessidades de Isoleucina em Leitões. Este facto deve‑se, fundamentalmente, à utilização de produtos de origem animal, nomeadamente, hemoglobina e produtos derivados do sangue em dietas para estes animais. Comparativamente com a soja estas matérias primas são deficientes em Isoleucina e extre‑ mamente ricas em Valina, Leucina e Histidina e a sua utilização, sem ter em consideração as relações óptimas mínimas dos diferentes aminoácidos relativamente à lisina, conduz a uma deterioração expressiva da performance. Assim, no que se refere à Isoleucina teremos que considerar dois níveis de necessidades: um nível quando utilizamos dietas com 30 |
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(Htoo, 2009)
0%
51 %
(Wiltafsky M. B., 2009)
0%
54 %
53%
As necessidades em Leucina Pelo exposto parece‑nos pertinente tecer alguns comentários às necessidades de Leucina dado a importância que o seu excesso pode influir nas performances esperadas. As recomendações existentes baseiam‑se nos trabalhos de Chung e Baker (1992) e Wang e Fuller (1989) que determinaram um mínimo de SID Leu:Lis de 100 e 110% respectivamente. Publicações mais
1
Produto derivado do sangue = Spray dried Blood Cells
recentes confirmaram os valores já determinados anteriormente (Auspurger, 2004), ( Figura 6) pelo que poderemos considerar o valor de 100% SID Leu:Lis como uma boa estimativa das necessidades em Leucina em porcos. O valor mínimo SID Leu:Lis é importante mas é necessário ter presente que a Leucina em excesso poderá influir negativamente na performance, no entanto, este valor ainda não está amplamente estudado. Assim é fundamental ter em consideração: as necessidades em Isoleucina e valina quando se efectua o desenho da dieta, dadas as interações entre aminoácidos ramificados que apresentámos anteriormente.
de lisina variam em função da fase de crescimento. O conhecimento actualizado das relações Aminoácidos essenciais:Lisina possibilita a redução da proteína bruta das dietas sem comprometer as performances. Assim o único factor limitante no que refere a nutrição aminoacídica do animal é a ingestão de lisina. O consumo de lisina depende do consumo de alimento o qual depende da fase de crescimento, nível de proteína e nível de energia. A questão da variabilidade do consumo de alimento poderá constituir um entrave à definição dos níveis óptimos de lisina a considerar. No entanto, se expressarmos a resposta obtida do ganho médio diário em função da lisina ingerida, poderemos obter uma resposta mais precisa dos níveis a utilizar. Neste sentido num estudo efectuado pela Ajinomoto – Eurolysine (2010) que considerou 15 ensaios realizados desde o ano 2000 em leitões, confirma que existe uma relação linear entre o nível de Lisina ingerido e o ganho médio diário (Figura 8).
Em resumo (Figura 7): • Tipificar e conhecer o teor em aminoácidos ramificados das matérias-primas • Evitar o excesso de Leucina (ex: redução da proteína bruta da dieta) • Considerar níveis mínimos de Valina e Isoleucina nas dietas. Desta análise é possível estimar um intervalo de nível de Lisina digestível necessária para os genótipos modernos. Schneider et al (2010) estimou que para leitões com peso vivo entre os 10 e 20 Kg seria necessário 19 mg SID Lis/g de GMD esperado, o que significa que para um GMD de 510 g/dia, as necessidades em Lisina digestível são de 9.7 g SID Lis/dia (Figura 9)
*caso se utilizem produtos de sangue na dieta (hemiglobina, farinha de sangue, etc) na dieta, é recomendado um valor de SID IIe: Lyi 63%
Aplicação práctica A importância do conceito de proteína ideal nas dietas de baixa proteína O conceito de proteína ideal permite que o perfil dos aminoácidos essenciais se mantenha inalterado mesmo quando as necessidades
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Se assumirmos um consumo médio diário de 810 g/dia, é necessário um mínimo de 1.2% SID Lis para maximizar o crescimento (Warnants, 2002) valor este em linha com os obtidos por Gaudré et al (2007) que verificou um aumento de performance acima de 1.2 g SID Lys/ Mj Energia limpa. É evidente que este nível de Lisina digestível é um indicador dado que depende do consumo de alimento.
Redução da proteína bruta nas dietas Considerando que existem dados que nos permitem definir: • u m nível óptimo de aporte de Lisina digestível que permita a expressão do potencial genético dos animais; • c oncomitantemente, ao aplicarmos o conceito de proteína ideal podemos garantir as necessidades dos animais nos outros aminoácidos essenciais, ou pelo menos, nos 9 principais (Figura 7); •P odemos, desde já, garantir para além da metionina e treonina, o aporte de triptofano (22% SID Trp:Lis) e valina (70% SID Val:Lis) sem depender da proteína bruta. • As necessidades em Isoleucina estão recomendadas (53% SID Ile:Lis), mas o seu aporte terá que ser efectuado pelas matérias primas consideradas na dieta pelo que será o factor que determinará o nível mínimo de proteína a considerar. • Níveis excessivos de leucina na dieta implicam a catabolismo da mesma e da valina e Isoleucina, pelo que a tipificação da matriz é fundamental para assegurar os valores mínimos das necessidades. • Níveis energéticos constantes.
Que resultados poderemos esperar ao redu‑ zirmos a proteína bruta da dieta?2 Lenis et al (1999) comprovou que ao reduzirmos o nível de proteína bruta compensando com a utilização de aminoácidos sintéticos há uma redução efectiva do azoto excretado e, consequentemente, menores problemas entéricos (Lordelo et al, 2008). Por outro lado ensaios efectuados com a redução da proteína bruta dieta em leitões com a suplementação de aminoácidos sintéticos incluindo a L‑valina, concluíram que a utilização complementar deste aminoácido permitia uma redução da proteína bruta da dieta em 2 pontos percentuais
sem resultados negativos na performance (Lordelo et al, 2008) (Norgaard & Fernandez, 2009) (Jansma net al, 2009) (Vinyeta et al, 2010) (Figura 10).
RESUMO
A redução em 2% da proteína bruta da dieta não afectou a perfor‑ mance dado que foram considerados os seguintes aspectos chave: • Matriz aferida para os principais aminoácidos essenciais (Lisina, metionina, treonina, triptofano, valina, Isoleucina e leucina • Disponibilidade de aminoácidos de síntese como aditivos • Perfil da proteína ideal • Relação 70% SID val:Lis • Relação 53% SID Ile:Lis (dietas sem farinhas de sangue) Assim poderemos afirmar que é seguro reduzir a proteína bruta das dietas para leitões sem afectar as performances Nota: Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o Novo Acordo Ortográfico
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Legenda:2
2
ADG (ganho médio diário); ADFI (consumo médio diário); FCR (Índice de conversão); Dietary CP (proteína da dieta)
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Micotoxinas em Ruminantes Um problema subestimado mas atual! Carla Aguiar Diretora Técnica da INVIVONSA Portugal e Erwan Leroux Chefe de Produto – Aditivos, NEOVIA, empresa do grupo INVIVO NSA
O rúmen, quando trabalha corretamente, tem um poder de desintoxicação importante sobre algumas moléculas, razão pela qual os ruminantes são con‑ siderados menos sensíveis que os monogástricos. Deste modo, o papel das micotoxinas em ruminantes, à exceção da aflatoxina, foi durante muito tempo subestimado. No entanto e por muitas razões, as micotoxinas são de novo um assunto de atualidade: - A melhoria do conhecimento científico: foram relatados efeitos tóxicos de numerosas micoto‑ xinas, para além das aflatoxinas, em ruminantes. Essas micotoxinas já foram observadas em diferentes tipos de forragens; por exemplo numerosos casos de eczema facial relacio‑ nados com a contaminação das pastagens pela esporidesmina já foram evidenciados na Nova-Zelândia, Açores e em França. - A percentagem de contaminações em cresci‑ mento nos cereais foi claramente demonstrada pela pesquisa e analises efetuadas na Lareal (atualmente InvivoLabs). As principais razões para esta situação são a diminuição dos tra‑ tamentos fúngicos, a ausência de rotação das culturas e a simplificação das práticas de cultivo, por razões ambientais. - A sensibilidade acrescida nos ruminantes, devido a uma progressão dos níveis de pro‑ A ORIGEM DAS MICOTOXINAS As micotoxinas são principalmente metabolitos secundários produzidos por fungos presentes nas
Matéria-prima
Condições favoráveis
Pastagem/ Erva Forragens no campo ou colhidas (má colheita e armazenamento húmido)
Figura 1. Alteração das micotoxinas no rúmen.
dução e a uma perda de rusticidade devido à seleção. Por outro lado algumas micotoxinas sofrem alterações no rúmen que as transforma em metabolitos mais tóxicos que a molécula original (Figura.1) - As preocupações sanitárias crescentes dos consumidores, no seguimento das inúmeras crises sanitárias recentes (BSE, melamina, dioxinas,…). O efeito cancerígeno de cinco micotoxinas (duas das quais aflatoxinas) foi demonstrado no homem.
matérias-primas e que se desenvolvem sob algumas condições de temperatura e humidade.
Flora fúngica claviceps phytomyces Néotiphodium Rhizoctonia Fusarium Aspergillus fumigatus Sachybotris atra Penicillium
Feno e palha
Silagem milho e erva
Sobreaquecimento Conservada incorretamente Presença de oxigenio (frente de ataque) Silagem cereais imaturos Más condições climáticas
Cereais Trigo, milho, cevada Out ras Materias Primas Semente de amendoim e algodão Oleaginosas Bagaços de amendoim
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Mau armazenamento (armazenamento em solo) Produção paí ses quentes e húmidos
Micotoxina Ergotamina (ergotismo - gangrena) Esporidesmina (eczéma facial) (desordem nervosa) Slaframina (sialorréia) desordem respiratória Satratoxinas Patulina Tricotecenes
Fusarium
Zearalenona
Aspergillus flavus
Fumonisines Aflatoxinas
Fusarium Penicillium Fusarium
Aspergillus Penicillium Aspergillus flavus Aspergillus parasiticus
DON Patulina Tricotecenes (DON, T2) Zearalenona Fumonisines (milho) Aflatoxinas (raro) Ocratoxinas Aflatoxinas
(desintoxicados quimicamente à chegada em alguns países)
Podemos suspeitar de contaminação com micotoxinas quando existe presença de fungos que aparecem devido à má conservação das forragens ou das matérias-primas, no entanto, estas toxinas são muito resistentes e não são destruídas pela temperatura ou acidificação que elimina os fungos, pelo que a quantidade de bolor presente numa amostra não está forçosamente correlacionada com o seu teor em micotoxinas, podendo este ultimo ser o resultado de uma contaminação anterior à observação da amostra. Pela mesma razão os subprodutos de cereais (sêmea, glúten de milho, drèches) estão normalmente mais contaminados do que os cereais que lhe deram origem. A repartição das contaminações nas forragens e lotes de matériasprimas está longe de ser homogéneo, fazendo-se pelos chamados “hot spots” que são zonas com elevada contaminação. A recolha de amostra, para uma análise de micotoxinas, deve ser feita com muito cuidado e seguindo procedimentos de amostragem bem definidos! Os principais fungos responsáveis pela contaminação por micotoxinas nas forragens e matérias-primas são o Fusarium, Aspergillus e Penicillium. A maior parte das contaminações são multi-contaminações, com várias micotoxinas: por um lado a microflora fúngica raramente é homogénea; por outro lado, cada fungo pode produzir diferentes toxinas!
Micotoxinas
Aflotoxina B1, B2, G1, G2
Ação do rúmen sobre as micotoxinas
10% degradado no rúmen
Transformação e zearalenol mais tóxico Zearalenona
Tricotecenos DON
Fortemente degradadas no rúmen
PRINCIPAIS EFEITOS DAS MICOTOXINAS NOS RUMINANTES Os efeitos das micotoxinas nos ruminantes são frequentemente pouco específicos e podem ser classificados em vários tipos: -A ção sobre o rúmen: se o rúmen tem o poder de desintoxicar algumas micotoxinas, outras, como a patulina, inibem a flora ruminal levando a uma diminuição da digestibilidade do alimento. -A ção sobre o fígado: órgão de desintoxicação por excelência. As aflatoxinas, em especial, têm um efeito altamente tóxico sobre este órgão. Isto é particularmente problemático no início da lactação. -D iminuição das performances de reprodução: função particu‑ larmente sensível a qualquer desequilíbrio. Casos de abortos precoces e infertilidade foram relacionados com contaminações importantes com zearalenona e casos de infertilidade temporária ou permanente com a absorção de fitoestrógeneos. - Imunossupressão: a elevada toxicidade da DON e da toxina T2 é devida em parte ao seu grande efeito imunossupressor, causando doenças não específicas, como as mamites, problemas respiratórios ou diarreia. -Q ueda da ingestão e da produção leiteira são muitas vezes associadas à contaminações por inúmeros tipos de micotoxinas.
Substrato potencial
Efeitos principais possíveis
Grãos e bagaços:
* Necroses, edemas (fígado, rins )
− amendoim
* Abortos
− algodão
* Disfuncionamento do rúmen
−o leaginosas importadas dos países quentes (*fenos húmidos mal conservados )
* Diminuição da ingestão e da produção leiteira! Passagem dos metabolites para o leite
Forragens húmidas (feno, palha, erva…)
* Desordens na reprodução, edemas, hipertrofia dos orgã os genitais… diminuição da taxa de sobrevivência dos embriões, diminuição da produção do leite
Cereais (trigo, milho, cevada)
! Passagem possível das metabolites para o leite
Silagens milho planta inteira (na reabertura do silo)
* Possibilidade de baixa na produção leiteira
Forragens húmidas (feno, palha, erva…)
* Perca de peso, dermatoses * Baixa da imunidade
Cereais (trigo, milho, cevada) Silagens milho planta inteira (na reabertura do silo) Silagens imaturas Fortemente degradadas no rúmen
Tricotecenos T2
Forragens húmidas (feno, palha, erva…)
Muito tóxico
Cereais (trigo, milho, cevada)
* Necrose pele
Silagens milho
* Diarreias, problemas digestivos
Silagens imaturas
* Baixa da imunidade * Úlceras do rúmen
Ocratoxina A (OTA)
Patulina
Degradação pela flora do rúmen
Silagens milho
* Necroses dos rins
Metabolitos menos tóxicos
Forragens secas mal conservadas
* Baixa da imunidade
Silagens (planta intei ra, cereais imaturos)
* Disfuncionamento do rúmen (paralisia dos reservatórios gástricos)
Polpas de beterrabas muito comprimidas
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Alimentação Animal INVESTIGAÇÃO
Limites máximos em ruminantes: Os limites de sensibilidade às micotoxinas não são bem conhecidos, pois as multi‑ contaminações, que são muito frequentes,
aumentam a sensibilidade dos animais. Podemos no entanto recomendar os níveis máximos preconizados por Mike Hutjens para o alimento completo:
Micotoxina
Aflatoxinas
Zearalenona
DON
Toxina T2
Nivel Max. no TMR
20 ppb
500 ppb
500 ppb
250 ppb
Embrião de 7 meses com aspergilose
Na União Europeia, a Recomendação da Comissão de 17 de Agosto de 2006, define limites para as matérias-primas e alguns alimentos para animais (tabela 3). Alimentação animal
AF B1
DON
ZEA
Sub-produtos de milho
0,02 mg/kg
12 mg/kg
3 mg/kg
Amendoins
0,02 mg/kg 8 mg/kg
2 mg/kg
OTA
Fumo
Matérias-primas
Cereais e subprodutos cereais Outras Materias Primas
80 mg/kg
0,25 mg/kg
80 mg/kg
0,05 mg/kg
Alimentos completos e complementares Ruminantes adultos Animais em produção leite
50 mg/kg 0,005 mg/kg
Vitelos e borregos
0,01 mg/kg
Bovinos de carne, ovinos e caprinos
0,05 mg/kg
Outros animais
0,01 mg/kg
5 mg/kg
PREVENÇÃO DOS RISCOS RELACIONADOS COM MICOTOXINAS EM RUMINANTES A boa qualidade e preservação das forragens (compactação do silo, estado de desen‑ volvimento, utilização de conservantes de silagem…), e a limitação das contaminações no campo (enterrar as culturas precedentes, estado da planta na colheita, correta utilização dos tratamentos antifúngicos e luta contra os insetos…) são as medidas prioritárias que permitem limitar as contaminações pelas micotoxinas. A seleção das forragens e a eliminação das frações contaminadas permite limitar os
Silagem de milho contaminado por bolor
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Alimentação An im al
riscos. È também recomendável não forne‑ cer forragens com qualidade duvidosa aos animais mais sensíveis do rebanho (vacas no início da lactação, ovelhas em período de reprodução…) Em caso de risco de contaminação é conve‑ niente estar atendo aos seguintes aspetos que podem ser afetados: - Funcionamento do rúmen: Aumentar o NDF do alimento, utilizar tamponizantes; - Saúde do fígado: utilizar protetores hepá‑ ticos (colina e metionina protegidas…) - Imunidade: necessidades acrescidas em minerais e vitaminas, nomeadamente os antioxidantes. Finalmente, a utilização de produtos antimicotoxinas adicionados aos alimentos, permite limitar fortemente a pressão con‑ taminante. Existem diferentes produtos no mercado, no entanto, a sua eficácia é muito variável e poucos foram testados conve‑ nientemente devido à complexidade de tais ensaios. A Neovia tem vindo a aperfeiçoar um modelo animal, com patos que são dos
Fusarium Graminearum em milho animais mais sensíveis às micotoxinas e que permite testar eficazmente novas soluções. Em conclusão, o risco de contaminação por micotoxinas é bem real nos ruminantes e se ainda estamos longe de conhecer tudo acerca deste assunto, existem já medidas preventivas eficazes que permitem limitar significativamente as consequências desta contaminação.
A limentação A n im al
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Alimentação Animal INVESTIGAÇÃO
Resistência aos Antibióticos
Helena Ponte Diretora de Serviços de Meios de Defesa Sanitária
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Alimentação An im al
Nas últimas décadas, a resistência aos antibióticos no tratamento de infeções dos seres humanos e dos animais, cresceu de forma assustadora. Existe efetivamente um número crescente de bactérias extensivamente resistentes a antibióticos e um pequeno mas relevante número de bactéria resistentes a todos os antibióticos. Por outro lado, o número destes medicamentos em fase de investigação e desenvolvimento para efeitos de introdução no mercado é praticamente nulo tanto no setor humano como no setor veterinário, o que nos coloca atualmente um enorme problema de saúde pública, à escala mundial, contabilizando-se só na Europa e anualmente, cerca de 25 000 mortes de pessoas, por infeções não tratáveis, devido a microorganismos resistentes. Os antibióticos são medicamentos muito particu‑ lares porque não só têm implicações no indivíduo tratado, homem ou animal, como também nos que com ele vivem e/ou convivem e ainda no meio ambiente, pelo que o risco decorrente do seu uso incorreto ou indevido é não só individual mas também coletivo. Com perfeita e integrada consciência deste pro‑ blema, promoveu-se em Portugal o «Programa Nacional para a Prevenção de Resistências Antimi‑ crobianas» no âmbito da Direção-Geral de Saúde, do qual a ex-Direção-Geral de Veterinária, atual Direção-Geral de alimentação e veterinária (DGAV) fez parte, no sentido de se promoverem iniciativas de pedagogia várias e bem assim de vigilância nesta área. Mais recentemente, a DGAV assinou também, juntamente com várias outras entidades nacionais, a «Aliança Portuguesa para a Preservação do Antibiótico», na qual se compromete, designada‑ mente, a fomentar o respeito estrito da prescrição médico-veterinária, a privilegiar a biossegurança e a vacinação na medicina veterinária, a promo‑ ver a investigação da epidemiologia infecciosa e resistência antimicrobianas, a emanar e cumprir normas e orientações de utilização de antibióticos na medicina veterinária e a erradicar esta utilização como substituição de más práticas de maneio nos animais, promovendo um uso responsável de medicamentos nos animais, e dos antibióticos em particular. Iniciativas semelhantes de luta contra as antibior‑ resistências acontecem simultaneamente por toda a parte do mundo. Na União Europeia, a Comissão Europeia comunicou ao Parlamento Europeu e
ao Conselho o seu próprio Plano de Ação para 5 anos e do qual fazem parte 12 propostas de ação concretas, nomeadamente aquelas que dizem respeito ao reforço dos sistemas de vigilância das resistências aos antimicrobianos nos seus Estados Membros. Em 4 de Julho de 2012 já tinham sido adotadas, pelo Conselho da União Europeia, as conclusões sobre o impacto das resistências aos antimicrobianos nos setores humanos e veterinário, sob a perspetiva de “Uma só Saúde” e durante a sua sessão plenária de 11 de Dezembro de 2012, o Parlamento Europeu adotou o Relatório sobre «O Desafio Microbiano – Aumento das Ameaças decor‑ rentes da Resistência aos Antimicrobianos» e foi efetivamente solicitado à Comissão Europeia e aos Estados Membros a procura de maior cooperação e coordenação na deteção precoce, nos alertas e nos procedimentos de resposta coordenada no que respeita a bactérias patogénicas resistentes, nos seres humanos, nos animais, incluindo peixe e nos alimentos, no sentido da monitorização contínua da extensão e do crescimento das resistências aos antimicrobianos. Este apelo, não sendo ainda uma determinação ou imposição, exige contudo uma resposta ade‑ quada e responsável por parte das autoridades nacionais dos diferentes Estados Membros, de tudo fazerem para que se detenha ou contorne, estrategicamente e habilmente, um problema por todos reconhecido e que a todos afeta. É o que a DGAV está a diligenciar através do «Plano Nacional para a Redução do Risco das Resistências aos Antibióticos», ainda em fase de elaboração e para o qual conta naturalmente com a colaboração e contributos de todos quantos lidam com antibióticos em medicina veterinária. A DGAV pretende, no presente ano de 2013, aprovar e implementar este Plano, o qual divulgará junto de todos quantos dele são parte interessada e nele colaborarão ativamente como objetivo de diminuir os consumos de AB em Portugal, cujas quantidades estão já devidamente contabilizadas para o ano de 2010 e disponíveis para consulta pública no sítio da EMA (Agência Europeia do Medicamento) sob a designação do projeto ESVAC (European Surveillance of Veterinary Antimicrobial Consumption), prevendo-se que também os dados respeitantes a 2011 aí sejam publicados brevemente. O relatório das vendas de antibióticos em Portugal, constam igualmente do sítio da DGAV (www.dgav. pt), sob a rubrica de medicamentos veterinários.
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Alimentação Animal SFPM
Secção dos Fabricantes de pré-misturas
Pré-misturas
SFPM
• O ano de 2013 começou com a esperança de ser um bom ano para a produção animal (preços das matérias-primas a baixarem, previsões de boas colheitas, mercados de futuros de produtos pecuários em alta,...), mas infelizmente com nuvens negras para a Indústria de Alimentos para Animais : diminuição da produção preocupante, com tendência para aumentar face às novas regras de produção, dificuldades financeiras dos produtores, fabricantes e da economia em geral...). • Em relação à Secção de Pré-Misturas e para a Indústria em geral, infelizmente tenho de destacar a enorme perda do Dr. Fernando Anjos (por falecimento, ver Noticias) e a reforma profissional de um grande amigo, o Dr. Luis Capitão Valente. Em relação a este último, quero aproveitar este espaço, para em meu nome e da SFPM, agradecer-lhe toda a colaboração e apoio que durante muitos anos sempre nos deu, desejar-lhe as maiores felici‑ dades para esta nova fase da sua vida e dizer-lhe que continuamos a contar com a sua experiência e conhecimentos.
40 Há mais de 40 anos com as pessoas na Saúde Animal
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Alimentação Ani ma l
ANOS
•A s II Jornadas de Alimentação Animal vão-se realizar a 15 de Maio, em Fátima, este ano apenas com a participação das empresas associadas da SFPM ( ver programa na pág. seguinte). Principalmente com temas relacionados com a nutrição animal, mas também com a tecnologia de fabrico e preocupações ambientais.
1972-2012
Notícias da SFPM Falecimento do dr. Fernando Anjos Conheci o dr. Fernando Anjos no inicio da minha vida profissional, quando lhe sucedi no cargo de director técnico das extintas rações Vitamilo (Sociedade Nacional de Sabões). Teve na altura a amabilidade de se encontrar pessoalmente comigo e de me explicar a empresa e o seu modo de funcionamento. Após a sua entrada para a IACA, primeiro como dirigente e depois como consultor técnico, aumentei o meu reconhecimento pelos seus conhecimentos e experiência profissional. Este aspecto acentuou-se com o estreitar
do nosso relacionamento, derivado da minha colaboração com a SFPM/IACA, pelo que passei também a admirar a sua capacidade de organização e de trabalho e em particular a sua filosofia de vida, num estilo muito “british”, sem stresses, sempre positivo com o mundo e com as pessoas. A Indústria de Alimentos Compostos portu‑ guesa ficará para sempre em dívida com o dr. Fernando Anjos. A Secção de Fabricantes de Pré-Misturas agradece-lhe a enorme colabora‑ ção e o apoio prestado durante muitos anos.
Infelizmente, já não o vamos ter como moderador nas nossas próximas Jornadas de Alimentação Animal. Que descanse em paz. Pedro Folque
23º Comité de Pré-Misturas e Minerais, FEFAC, Bruxelas, 5 de Março de 2013 Principais assuntos discutidos: • Declaração dos compostos/substâncias fornecedoras de oligoelementos minerais: em relação à rotulagem dos oligoelementos nos alimentos compostos, o impasse entre a Indústia e a DGSANCO mantém-se, mas as posições das autoridades dos diferentes países não são coincidentes - por exemplo, a Alemanha e a Holanda mantiveram a declaração quantitativa de oligoelementos; a Irlanda adoptou uma rotulagem mista, com o teor total de oligoelementos nos “Nutrientes” e os compostos adicionados nos “Aditivos”. • Re-autorização / utilização de aditivos: 1. Compostos Aromáticos - o Comité enten‑ deu que não faz sentido estabelecer limites máximos de utilização, baseados em preocupações de segurança alimen‑
tar. Foram reforçadas duas questões:
(2 ppm); galinhas poedeiras (3 ppm);
as dificuldades de controlo analítico e
cavalos (3 ppm); outras espécies (man‑
de fazer a distinção entre compostos
tém-se os 10 ppm). O Comité exprimiu
aromáticos naturais e artificiais.
as suas preocupações sobre o nível de
2. Sais de Cobalto - como recomendação,
iodo nos alimentos para vacas leiteiras
a DGSANCO decidiu propor como limite
tendo em conta as deficiências que
máximo de suplementação 0,3 ppm.
algumas dietas alimentares humanas
3. Leveduras de Selénio - a FEFAC não
apresentam e para a possibilidade de
apoia, sem a validação da EFSA, a
regimes ricos em bagaço de colza dimi‑
proposta da DGSANCO de limitar a
nuirem a disponibilidade do iodo devido
suplementação de selénio a 0,2 ppm
à presença de factores nutricionais
e a proibição de utilizar conjuntamente os compostos orgânicos e inorgânicos de selénio.
(glucosinolatos). 5. Metionina - o Comité considerou a proposta da DGSANCO, de este ami‑
4. Iodo - após uma recente publicação
noácido ser utilizado no futuro apenas
da EFSA sobre a utilização de com‑
na forma de pré-mistura, de irrealista e
postos de iodo, o FEEDAP recomenda
inconsistente com as actuais formas de
os seguintes máximos em alimentos
fabrico, não sendo esta posição inclusive
completos para animais: vacas leiteiras
apoiada pela EFSA.
Programa das II Jornadas de Alimentação Animal da IACA a realizar em Fátima no dia 15.maio.2013 • PROGRAMA SOBRE A QUALIDADE DA SOJA DOS EUA: IMPLEMENTAÇÃO E DESENVOLVIMENTO Drª Lola Herrera (USSEC, US SOYBEAN EXPORT COUNCIL) • INTEGRIDADE INTESTINAL EM FRANGOS DE CARNE Dr. Dominique Chavatte (INVIVONSA Portugal) • TECNOLOGIA DE FABRICO DE ALIMENTOS PARA ANIMAIS: NOVIDADES E DESAFIOS DA ATUALIDADE Engº Juan Acedo-Rico (REAGRO) • GESTÃO NUTRICIONAL DA PORCA HIPERPROLIFICA Dr. Philippe Mazerolles (INVIVONSA Portugal)
PATROCINADOR
APOIO
• ASPECTOS NUTRICIONAIS PARA OBTER LEITÕES EM 10 SEMANAS - PREPARAÇÃO PARA A ENGORDA Dr. Ignasi Riu (TECNIPEC) • NOVOS PARADIGMAS DA NUTRIÇÃO DE RUMINANTES Engº Jerónimo Pinto (EUROCEREAL) A limentação A n i m a l
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Alimentação Animal Fernando Anjos
FERNANDO ANJOS (1937‑2013)
A morte do Dr. Fernando Anjos, ocorrida no dia 13 de fevereiro
de trabalho e Vice‑Presidente da Direção da FIPA, no mandato
de 2013, com 75 anos, apesar da doença que se manifestou uns
1991‑93.
meses antes, surpreendeu‑nos a todos e deixou‑nos mais pobres.
Para além do seu contributo em iniciativas da IACA, como
A sua importância na Indústria e na vida da IACA, sobretudo nos
as Fichas Técnicas ou a CT 37, sobre matérias‑primas ou
últimos anos da sua longa e bem‑sucedida carreira profissional,
intervenção em Seminários, Conferências e Jornadas Técnicas,
quer em Portugal, quer a nível internacional, justificam um
enquanto assessor, esteve diretamente ligado ao funcionamento
caderno de destaque na Revista “Alimentação Animal”, naquela
quotidiano desta Instituição desde 1999 até 2013 e a dossiers
que foi também a sua Revista desde a primeira hora.
importantes como o desenvolvimento e implementação do
Sem quereremos ser “pesados” neste ato, singelo e simples
Código de Boas Práticas, o HACCP e controlo da qualidade,
como ele, que encarou a morte como se fizesse parte da vida e
o Catálogo de matérias‑primas para a alimentação animal,
é isso mesmo que devemos interiorizar, solicitámos a diversos
dioxinas, ambiente, o BREF, segurança alimentar quer na IACA,
amigos que o conheceram, que partilharam momentos, pessoais
na FIPA, nos contactos com as autoridades, moderando painéis
e profissionais, bons e menos bons mas todos inesquecíveis,
em múltiplas iniciativas e em Bruxelas, ao nível dos Comités
que aqui deixamos para os nossos leitores e naturalmente
da FEFAC. Era uma pessoa eclética, simples, humilde e com
para memória futura, para que nunca se apaguem e fiquem
um grande sentido de humor; calmo nas situações de maior
registados. Como o Fernando merece.
stress e recordo‑me a serenidade com que viveu algumas das
O Dr. Fernando Anjos – Fernando José Pinheiro Jardim
crises que atravessámos no setor como as dioxinas, a BSE ou
Anjos – nasceu em 15 de maio de 1937, em Lisboa, apesar
os nitrofuranos. Tinha sempre uma palavra amiga e vontade de
das suas raízes ao Alentejo, mais concretamente a Campo
ajudar a resolver. Nunca falhava, “estava sempre lá”, cúmplice
Maior. Licenciou‑se em Medicina Veterinária em 1960 e
de todas as situações. A palavra amiga e reconfortante, quando
começou a trabalhar no LNIV (Laboratório Nacional de
era preciso.
Investigação Veterinária), até 1962, passando pela Direção
Não é certamente por acaso que tantos amigos, de diferentes
Geral dos Serviços Pecuários, onde se manteve de 1964 a
áreas aceitaram e sentiram‑se honrados em deixar o testemunho.
1965. De 1965 a 1972 esteve na empresa Sabiol, de onde sai
As mensagens de condolências mostraram a dimensão do
para integrar a CUF, onde está até 1977, ano em que aceita
Homem e os seus valores e amizade que cultivou. Nas reuniões
o desafio da empresa Morgado Rações, ficando ligado a
de Direção e outras a que se seguiram ao seu falecimento,
esta unidade até 1984. De 1985 a 1987 integrou a empresa
respeitou‑se um minuto de silêncio. Em Bruxelas, onde estes
Vitamealo e ainda nesse mesmo ano tem uma passagem,
gestos não são habituais, o mesmo sentimento de união em torno
breve, pela Iberil‑Zoon. De 1987 a 1989 ingressa na Quimigal,
do Fernando. Mais recentemente, em 13 de abril, em Arronches,
que se transforma na Nutasa e é aí que se mantêm até 1999,
tive a honra de, em nome pessoal e da IACA, de o homenagear
ano em que passa a exercer a sua atividade de consultadoria
numa iniciativa promovida pela Confraria Gastronómica do
no domínio da alimentação animal.
Norte Alentejano, à qual estava ligado.
Da sua passagem pela IACA e das suas atividades associativas,
Eficiência, capacidade técnica, amizade, dinâmica profissional,
destacamos os cargos de vogal da Direção (entre 1982 e 1984)
inteligência, saber, espírito de equipa e de missão, conhecimento,
e posteriormente de 1991 a 1993, também como membro da
tolerância são palavras comuns e repetidas nos diferentes
Direção. Foi ainda membro e coordenador de diversos grupos
testemunhos.
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Alimentação Ani ma l
O Fernando prestigiou e dignificou a IACA em Portugal e no
que moderava, fui‑me apercebendo do respeito e admiração
estrangeiro e conquistou rapidamente o respeito em Bruxelas.
de todos os meus colegas e a forma como falamos dele, dos
A sua competência e profissionalismo deve ser um exemplo, até
vários testemunhos, demonstram isso mesmo. Sempre calmo,
na forma como encarou a doença e as dificuldades, sabendo
ponderado, todos esperávamos dele uma opinião, um conselho,
aceitar o que Deus lhe tinha reservado. O seu desaparecimento
como se fosse um sábio. Nunca falava de nenhum assunto sem
deixou‑nos mais pobres mas a sua presença em nós enriqueceu
o estudar, era um admirador de livros e lia todos os documentos
‑nos. O Fernando tocou‑nos porque se deixou tocar e esse é o
técnicos necessários para que as suas posições ou respostas
privilégio dos Homens Bons, Justos e que vivem em Paz. Um
fossem as mais adequadas, as mais corretas e acertadas.
homem sensível, atento e disponível.
Um profissional de mão cheia.
As pessoas só desaparecem verdadeiramente quando nos
Para além da Revista “Alimentação Animal” o Dr. Fernando
esquecemos delas. No caso do Fernando isso não vai acontecer
Anjos ficará ligado a 2 projetos de grande mais‑valia para a
nunca. Com o seu exemplo, a ligação a projetos em curso, mas
nossa Indústria: a Plataforma “Peço Português” e o QUALIACA.
sobretudo com os seus valores, exemplo e dedicação, será
Em ambos participou e infelizmente não os viu ganhar “forma”.
sempre uma referência no património genético e na Herança
Até por isso vai continuar a estar presente na vida da IACA.
da IACA e da Indústria da alimentação animal em Portugal. É
Perdemos um amigo, uma referência mas os seus valores e
habitual ouvirmos dizer que esta nossa casa e este Setor são
ideais ficarão a fazer parte do nosso património.
diferentes, têm uma outra cultura. Agora percebemos porquê.
Cristina de Sousa
O Fernando também ajudou a construir essa diferença. Jaime Piçarra Em memória de um Amigo
Conhecia o Fernando Anjos há longos anos, tendo partilhado A IACA perde um Amigo e uma Referência
com ele a Direção da IACA nos mandatos de 1982/84 e de
Cheguei à IACA em 2007 aquando do Congresso da FEFAC
1991/93. A sua posterior ligação à IACA permitiu‑nos uma
para integrar a Direção e foi nessa altura que conheci o Dr.
vivência profissional continuada.
Fernando Anjos. Responsável pelos dossiers técnicos, tinha em
Foi, desde sempre, uma pessoa com uma postura pessoal cor‑
mãos um trabalho ambicioso e que muito prestigiou a nossa
retíssima, profissional muito competente e muito independente
Associação: a implementação de um Código de Boas Práticas,
nas suas ideias. A IACA esteve sempre presente ao longo da
com visitas frequentes às empresas associadas e entre as quais
sua vastíssima vida profissional e, quer como associado quer
a Raporal. Rapidamente me dei conta de que era uma pessoa
como consultor, participou ativamente em todos os principais
afável, meticulosa, profundamente conhecedora do Setor e
projetos que a Associação dinamizou nos últimos 30 anos,
das suas realidades, bastante experiente. Atento e disponível.
tendo liderado muitos deles.
Posteriormente, e em particular quando fui eleita Presidente
Lamento profundamente a forma imprevista e brutal como a doença
da IACA, fui contactando com ele e conhecendo melhor o
o atingiu e, em tão pouco tempo, o afastou do nosso convívio.
técnico e o Homem. Em Bruxelas e nas reuniões com as
Paz à sua alma.
entidades oficiais, designadamente com a DGAV, nos debates
José Filipe R. Santos Alimentação A n i m a l
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Alimentação Animal Fernando Anjos
Estávamos no inicio dos anos setenta e as empresas de rações
me brindaba su cercanía y su buena disposición para defender
modernizavam‑se quer nos equipamentos, quer no recrutamento
nuestros intereses. Le eché de menos en el último comité.
de quadros com formação superior. Surge a utilização dos
Fernando siempre estará en nuestros pensamientos.
computadores na formulação e das estatísticas e estudos
Ana Hurtado‑CESFAC
de mercado ao serviço do marketing. A industria “ferve” na procura do conhecimento para melhor servir o mercado e poder ter visibilidade nas instâncias nacionais e internacionais. É, assim, a época em que os médicos veterinários, economistas, e engenheiros agrónomos, constituem o núcleo duro dos técnicos admitidos pelos industriais de rações. È neste contexto, que eu conheci o Fernando Anjos, na altura quadro superior da CUF. Embora fossemos concorrentes, e diferentes nas missões que exercíamos, ele na área técnica e eu na área comercial, os contactos que mantivemos através da IACA vieram mais tarde a consolidar‑se numa estreita amizade. Recordo o comportamento exemplar do Fernando, quando da crise dos nitrofuranos, era eu Presidente da IACA e ele assessor técnico da Direção. Conhecedor da problemática e principalmente dos métodos laboratoriais em uso, contribuiu
Tribute to Fernando If we would have to choose a single qualifier for the kind of person that Fernando was, gentleman is the one coming to our mind. Beyond his excellent professional skills making of Fernando an excellent ambassador of the Portuguese feed industry, Fernando was first and foremost respected in the different FEFAC Committees for his gentleness and friendship. As members of the Secretariat, we have always appreciated his willingness to help whenever we needed a hand. Fernando, your colleagues of the FEFAC Committees and the FEFAC Secretariat miss you. Our thoughts are with you and with yours. Alexander Döring and Arnaud Bouxin (FEFAC)
para o esclarecimento deste dossier que conduziu a que a Industria fosse ilibada. O seu percurso profissional foi transversal na Industria, no
Para além da sua competência, profissionalismo e disponibili‑
sentido em que esteve ao serviço de várias empresas, mas
dade, que nos permitiram enfentar com serenidade e combater a
sempre com empenho e dedicação e principalmente com
grave crise que a nossa indústria atravessa, queremos destacar
lealdade. No que acompanhei de perto, na IACA, a sua postura
também o relacionamento humano e a amizade que granjeou
foi de inegável serviço à Industria.
com todos que com ele privamos.
O Fernando era franco ,leal, generoso para com os amigos,
Obrigado Dr. Fernando Anjos.
com aquele seu porte algo britânico, embora nas suas veias corresse sangue alentejano e espanhol, responsável pelo seu
Humberto Novais
apego às corridas de toiros ditas “à espanhola”, gosto que eu compartilhava com ele. Falava‑me com carinho do neto que toureava em novilhadas e que o enchia de orgulho. Nos últimos anos e já estávamos ambos reformados, tive o prazer da sua companhia em viagens de férias, onde era um ótimo companheiro, convívio que jamais esquecerei. Adeus Fernando, até sempre!
Fernando Anjos – um Profissional, um Amigo e um Senhor Falar do Fernando é simultaneamente fácil e difícil. Fácil porque imediatamente nos vem à memória as passagens e os momentos marcantes do nosso relacionamento, mas ao mesmo tempo difícil porque nos preocupa a possibilidade de esquecermos vivências que poderiam, eventualmente, ser importantes. Feita esta
Alberto Campos
ressalva aqui fica a visão que guardo do amigo, do profissional e do colega que me habituei a respeitar e a considerar. Profissionalmente, bem cedo o Fernando se afirmou no setor
Fernando y yo coincidíamos en los Comités Técnicos de FEFAC.
da Produção Animal em Geral e da Industria de Alimentos
Cuando nos encontrábamos, compartíamos confidencias,
Compostos em particular. Era um estudioso com uma grande
preocupaciones, temas comunes como buenos compañeros.
capacidade para adaptar a inovação e as novas tecnologias
A veces en las cuestiones europeas, los países del sur nos
à realidade empresarial. Acompanhou toda uma evolução
sentimos como los hermanos pobres y con Fernando podía
de modas e tendências, em particular no que se refere às
coincidir en las mismas inquietudes e impresiones. Él siempre
Formulações, aceitando sempre as novas propostas com
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Alimentação An im al
espirito critico mas pragmático. Era um “pivot” entre o mundo
por si ou por indicação da Comissão Europeia, pretendia aplicar
académico e o mundo empresarial, considerado por uns e
ao Setor da Industria de Alimentos Compostos em particular
respeitado por outros foi sempre ouvido por todos. Atento
ou da Produção Animal em geral.
aos mercados, conhecedor da lógica da Produção Animal em
Amigo do seu amigo tinha sempre uma palavra de conforto nos
contexto comercial, elaborava pareceres e relatórios muito
momentos menos bons. Por experiencia própria tive oportu‑
equilibrados e realistas.
nidade de sentir esse cuidado assim como a forma, discreta,
Ponderado nas suas opiniões era raro pronunciar‑se de
que encontrava para expressar o seu afeto e a amizade que
forma precipitada ou irrefletida recorrendo a umas pausas,
tão bem sabia cultivar.
muito suas, meditava primeiro e só depois opinava. Esta
Passamos largas horas em amena cavaqueira, tinha um apurado
sua característica granjeava‑lhe o respeito dos Colegas e
sentido de humor, falávamos de tudo, mas nunca o ouvi dizer
produtores num mundo muito acelerado e sempre em busca
mal de um Colega, de um amigo ou de um conhecido. Obvia‑
de soluções fáceis, mágicas e imediatas.
mente que razão teria, mas esquivava‑se, evitava o assunto e
Aliava a tudo isto uma forma de estar onde se destacava a
contornava a conversa.
simpatia, a diplomacia e o trato cordial mas sem cedências,
Era um Senhor.
privilegiando sempre o primado da verdade e da coerência.
O Fernando faz‑nos falta, não só aos Amigos, como à Profissão,
Obviamente que também teve os seus dissabores e as suas
aos Produtores e aos Industriais, mas a vida é assim prega‑nos
desilusões com quem não entendia estes princípios, mas no
partidas e altera‑nos os planos.
seu longo percurso acabou por merecer o reconhecimento
Fica‑nos a certeza da imagem indelével que deixou à sua
da maioria dos técnicos e dos profissionais que com ele
passagem, do seu exemplo e da sua Obra.
trabalharam.
Pela minha parte resta‑me agradecer‑lhe o muito que com
Profissionalmente privei bastante com o Fernando, mas gostaria
ele aprendi, como Colega, como Profissional e como Homem.
aqui de destacar um Projeto conjunto EZN/IACA que consistiu na implementação do Código de Boas Práticas da IACA na
Obrigado Fernando, até sempre. JMC Ramalho Ribeiro
Industria de Alimentos Compostos para Animais. Juntamente com o Colega Jaime Piçarra e o José Batista da EZN percor‑ remos o País a visitar Fábricas de Alimentos Compostos. Cada Fábrica era uma realidade diferente, propúnhamos mudanças e
Convivi com o Dr. Fernando Anjos praticamente metade da
ajustamentos aos processos de fabrico ou aos procedimentos
minha vida profissional, desde os saudosos tempos do Grupo
de Controlo de Qualidade e com frequência o Fernando nos
Morgado, ele em Morgado Rações como Nutricionista e eu em
surpreendia com uma sugestão ou uma proposta que acabava
Morgado Pecuária como Director de Produção.
por ir ao encontro dos nossos objetivos e se mostrava viável e
Recordo dele a sua invulgar capacidade de trabalho, o culto
aceitável por parte dos Industriais. Tinha uma visão profunda
da competência e o rigor da verdade, sustentadas em valores
do processo fabril, dos mercados de matérias‑primas e da
éticos e morais consubstanciados na nobreza da palavra, na
realidade dos Produtores.
elegância do trato e sobretudo na tolerância com aqueles que,
Nunca lhe vi uma atitude arrogante ou de sobranceria antes
eventualmente, consigo pudessem não concordar.
pelo contrário sabia escutar e estava sempre disponível para
Quis o destino que o nosso ultimo contacto fosse exactamente
aprender.
através dum Correio electrónico que me escreveu como
Trabalhando num setor muito especial onde se movimentam
Confrade da CGNAlentejano, manifestando, com elegância, a
interesses, legítimos é certo, mas nem sempre conciliáveis, o
sua discordância com uma atitude que eu acabara de tomar (eu
Fernando soube encontrar o seu espaço sem abdicar das suas
desconhecia na altura o problema de saúde que já o afectava…)
convicções e opiniões quando as considerava as mais adequadas.
Fernando Anjos era um Homem que concedia a si próprio uma
Como Colega habituei‑me a ver nele o “Especialista” que aliava
enorme e permanente curiosidade cultural, assumindo sempre
o rigor científico à realidade prática.
com naturalidade e superior humildade, a inquietude da dúvida
A sua sólida formação Académica permitia‑lhe ser um interlo‑
e a certeza da falibilidade humana.
cutor privilegiado para debater com os Colegas dos Serviços
Ao longo de trinta e poucos anos partilhamos momentos
Oficiais a exequibilidade de medidas que a Administração Central,
inesquecíveis quer pessoais quer profissionais os quais serviram Alimentação A n i m a l
|
45
Alimentação Animal Fernando Anjos
de profundos alicerces para a edificação duma forte Amizade;
na CUF, era o seu Guião. No desenvolvimento das suas
(palavra pequena, mas onde tudo está dito…)
funções de formulador era sua constante preocupação, não
Guardarei dele a saudade e a memória de um grande profissional
esquecendo os fatores económicos, o aliar aos diferentes
e de um BOM AMIGO!
aspetos de nutrição animal não só os constrangimentos Joaquim da Conceição Dias
fabris ou tecnológicos, como a jusante as consequências no desenvolvimento pecuário. Para além da sua enorme simpatia era uma pessoa que irradiava
Un enamorado del sector – Fernando Anjos
confiança. Sempre disso tive testemunho.
Es difícil a veces ilusionarse con nuestra industria. Aunque
Mais tarde trabalhámos de novo juntos na “Morgado Rações”.
somos un sector estratégico que hace posible el acceso de
Também aqui a Qualidade e a Gestão da Qualidade eram para
la sociedad a la proteína, no recibimos de la opinión pública,
ele desígnios fundamentais. Voltámos depois a encontrarmo‑nos
de las Administraciones y poderes políticos, ni incluso a veces
profissionalmente quando a convite da IACA pertencemos ao
de nuestros clientes ganaderos, la consideración que merece
Grupo de Trabalho patrocinado pelo ex‑LNETI, coordenado
nuestra labor y el esfuerzo de los miles de profesionales que
pela Saudosa Dra. Armanda Severo, equipa essa destinada à
con su trabajo día a día hacen posible un suministro continuado
caracterização das diferentes matérias‑primas para a alimen‑
y sostenible de alimentación animal de calidad.
tação animal. Por essa altura, salvo erro, estava o Fernando
Fernando Anjos era uno de esos buenos profesionales ena‑
na Empresa Vitamealo que pertencia ao Grupo da Sociedade
morado y orgulloso de su oficio y que nunca dejó de trabajar
Nacional de Sabões.
por mejorar continuamente nuestra industria y ello, tanto
Faço aqui um ligeiro interregno nesta explanação da vida
en los momentos buenos como en los malos. Muy serio en
profissional para uma palavra sobre as suas características
su trabajo, supo al mismo tiempo ser cordial y entrañable y,
pessoais.
desde sus responsabilidades técnicas en el Secretariado de
O Fernando era uma pessoa de extrema educação e naturalmente
IACA, apoyar decididamente la coordinación de la industria de
simpático e conversador. Assim granjeava amigos por onde
piensos/ raçoes ibérica en pro de objetivos comunes.
passava. Calmo de feitio, mesmo em situações delicadas ou
Desde Cesfac, agradecemos la amable invitación de nuestros
difíceis nunca se alterava. Um Senhor, que enfrentava e ultra‑
queridos compañeros de IACA para sumarnos al reconocido
passava com a maior serenidade e sentido de responsabilidade
homenaje a un gran técnico y mejor persona.
as situações mais complexas. Jorge de Saja
Volto ao profissional e agora por altura do seu ingresso na IACA. Novos desafios. Dava gozo ouvir o Fernando a explicar os novos desenvolvimentos da sua carreira. Era a época dos
O Dr. Fernando Anjos / O Homem e o Técnico É com o maior gosto que, a solicitação da IACA, venho abordar as Qualidades Pessoais e Técnicas do meu Grande Amigo e Colega de trabalho Dr. Fernando Anjos , recentemente falecido. Conhecia‑o já lá vão muitos anos quando em finais de 1974,vindo da Compal, fui trabalhar para a “CUF‑SANDERS”.O Fernando nessa altura integrava uma magnífica equipa de Gestores de que recordo com Saudade os também já desa‑ parecidos Engº José Parreira e Engº Luis Sacadura Botte. Ele era ,para além de outras funções, o homem da formulação. Com a sua generosa e sempre pronta colaboração, dei os
Códigos de Boas Práticas e das Certificações Industriais. Eram as constantes reuniões no País e no Estrangeiro ao serviço da IACA. Era quanto a mim a sua satisfação plena não só do enfrentar dos novos desafios como também do implementar as novas Normas e procedimentos vários. Estou certo aliás, que ao longo dos anos de IACA, não faltarão exemplos e testemunhos, da sua enorme dedicação e competência profissionais, que mais afirmaram o seu prestígio quer no País quer em Bruxelas.Em súmula e por último, gostava de reafirmar que as suas características pessoais e profissionais, fizeram do meu querido Amigo
primeiros passos no Sector de Alimentação Animal. Era o
Fernando Anjos, uma referência como Homem e Técnico
Técnico por excelência. Homem estudioso, rigoroso, ponderado
que deixa já uma enorme Saudade em todo o Sector de
e que encontrava sempre tempo para o debate de situações
Alimentação Animal.
ou ideias novas. A Gestão por Objetivos, então desenvolvida 46 |
A limentação An imal
José de Mello e Castro
Deixou‑nos, O FERNANDO!
natal, quando manhã cedo recebi um telefonema do Engº
Quando comecei a privar mais de perto com ele nos já lon‑
Jaime Piçarra para me transmitir o infausto acontecimento.
gínquos anos de 1979 fazia ele parte de um, ainda pequeno,
Vim nesse mesmo dia a Lisboa para, pessoalmente, prestar
grupo de veterinários que se dedicavam à alimentação e
a minha sentida homenagem a tão ilustre como generoso
nutrição animal.
Amigo, quer nesse dia quer no seguinte, para depois regres‑
Tudo aconteceu, nestes anos em que a nossa indústria viveu
sar à Beira Alta pois compromissos locais determinaram
euforia e tristezas que nos marcaram, e ajudaram a sedimentar
que não pudesse participar na Missa de sufrágio onde fui
amizades entre tantos homens de diferentes origens e quereres…
representado pela minha Filha.
Quando às vezes as coisas se começavam a complicar e todos
Conheci o Dr. Fernando Anjos há cerca de 37 anos quando
buscavam uma saída, o Fernando calmamente e sem grandes
este exercia a sua actividade profissional na CUF (associada
alardes propunha o consenso e seguíamos, mais tranquilos,
e co‑fundadora da IACA) na divisão de Produtos para a
em frente!
Pecuária‑DPP. A nossa relação intensificou‑se, nomeadamente
No trabalho e no divertimento…
a partir da sua participação na Direcção da IACA no mandato
Em 1981 fomos ao Peru num grupo que representava uma boa
de 1982‑1984 em representação de “Morgado Rações” e no
e importante parte da nossa indústria.
de 1991‑1993 pela NUTASA (ex DPP da C UF), sendo então
Fora de horas, num momento de relaxe a tomar um copo,
presidentes da IACA os Engº Pedro Corrêa de Barros e Dr.
criou‑se uma “confusão”…
Jaime Lança de Morais, respectivamente.
Quando as coisas se começaram a complicar, eu que era o
Em representação da IACA foi eleito Vice‑Presidente da FIPA
mais novo e o menos experiente, temi pelo sucesso do nosso
no período de 1991‑1993.
regresso (íntegros e sãos) ao hotel …
Tive o privilégio de trabalhar e conviver com o Dr. Fernando
E quando me preparava para “o pior” o Fernando, sem perder a calma, diz‑me: “pega neles que eu já trato do resto”. E assim nos safámos de boa.
Anjos quer na sua qualidade de Director da IACA durante os seis anos dos dois mandatos, quer depois como Assessor Técnico da nossa Associação, funções que iniciou em Abril de 1999. A colaboração do Dr. F. Anjos estendeu‑se à nossa revista
Podem crer. Na IACA, e sempre que eu precisava de uma ajuda para “tentar perceber” o que quereriam “os sábios da industria europeia …” o Fernando não faltava com o seu comentário tranquilo e avisado. Do seu saber, outros poderão dizer mais que eu. Por vicissitudes da vida, só percebi que estava (muito doente) tardiamente! Visitei‑o logo que me deu luz verde para o ver, poi não queria ser visitado em “desalinho”!
ALIMENTAÇÃO ANIMAL na redacção de textos no âmbito da nutrição animal tendo, inclusivé, feito traduções de artigos da mesma índole redigidos por especialistas estrangeiros, para além de ser um douto membro do Conselho Editorial e Técnico da AA. Posteriormente à sua actividade como Dirigente da nossa Associação prestou, ainda, relevantes serviços ao Organismo e consequentemente à Indústria na Comissão de Alimentação Animal (DGV), no Grupo de Trabalho INETI‑IACA /Apoio Labo‑
Parecia animado!
ratorial à Indústria coordenado pela saudosa Dra. Armanda
De repente, deixou‑nos!
Severo, da CT 37 – Alimentos para Animais, do Código de Boas
Sentimos a TUA falta! Desejo‑te uma viagem tranquila para o lugar dos Homens Bons! Um abraço Luís Capitão Valente
Práticas de Fabrico de Alimentos Compostos e de Pré‑Misturas tendo sido o coordenador e dinamizador da nova versão deste código que serviu de base às visitas de estudo efectuadas pela Comissão de Avaliação EZN‑IACA às fabricas de alimentos compostos e de pré‑misturas. Participou, ainda, pela IACA em vários grupos de trabalho e
É com muita tristeza e emoção que presto a minha homenagem
comissões de estudo nomeadamente a nível do Ministério da
a um grande Amigo, o Dr. Fernando Jardim Anjos, que nos
Agricultura, tendo representado a IACA em comités FEFAC em
deixou no passado dia 13 de Fevereiro.
cujas reuniões, efectuadas em Bruxelas, teve uma presença
Encontrava‑me em Tondela, numa das frequentes e pro‑
regular, bem como em outras missões de índole técnica efectu‑
longadas estadas que periodicamente faço ao meu torrão
adas no País e no estrangeiro, nomeadamente nos congressos A limentação A n i m a l
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47
Alimentação Animal Fernando Anjos
da nossa federação europeia e em reuniões e visitas de estudo
Orgulho‑me do grande Amigo Dr. Fernando Anjos, lamento
aos EUA e outros países.
o seu triste passamento, com a certeza que a sua memória
A sua vincada personalidade, capacidade técnica, eficien‑
perdurará infinitamente e estará sempre no nosso espírito.
cia e dinâmica profissional, eram predicados do Homem
Até sempre, bom Amigo,
estudioso e ponderado que, aliados ao seu trato pessoal
Luís Elso Marques
e à sua contagiante simpatia, grangearam‑lhe a admiração e a estima de todos quantos laboram nas indústrias de alimentos compostos para animais e das pré‑misturas e na própria actividade agropecuária. O desaparecimento precoce do Dr. Fernando Anjos deixou‑nos mais pobres pois a eficiente e meritória acção que sempre desenvolveu em prol da Indústria e da IACA não serão fáceis de colmatar não só pela sua inteligência como pelo espírito de missão sempre disponível para os projectos/missões que lhe eram propostos. Após a minha aposentação e sempre que estou em Lisboa
Não posso deixar de recordar o Dr Fernando Anjo em primeiro lugar como um grande Amigo e uma Pessoa com uma dignidade extraordinaria. Foi sem duvida alguma um Profissional que me marcou quando o visitava nas diferentes empresas onde trabalhou. Recordo as palavras do P. Antonio Viera que diziam “... quando não Somos, apenas existimos...” . Sinto um privilégio enorme em o ter conhecido.
visito regularmente a IACA, onde normalmente encontrava no
Manuel Fialho
seu gabinete de trabalho o Dr. Fernando Anjos. Depois do cumprimento habitual punhamos a nossa conversa em dia abordando temas da Indústria e, também, a situação
Tive a sorte de conhecer o Dr. Fernando Anjos no meu primeiro
do nosso Sporting e as suas vitórias e também insucessos,
emprego, onde foi meu Diretor. Sinto que a ele devo muito do
alcançados nos torneios de Bridge em que participava. E a
que hoje sou, não só em termos profissionais mas também
propósito da actividade bridgística era‑me grato recolher, ainda, notícias dos muitos amigos que grangeei enquanto dirigente que fui da Federação da modalidade do bridge de competição. Para concluir o meu depoimento, onde tentei pôr em relevo os enormes contributos profissionais, quero também destacar a competência e a sua nobreza de caracter na superior acção com que, durante muitos anos, desenvolveu a sua missão. Justo é referir, ainda, a sua dedicação, companheirismo e sentido de responsabilidade a todos quantos com ele trabalhavam. As palavras por mim aqui expressas, sendo verdadeiras e sentidas, não serão suficientemente expressivas para enaltecer toda a estatura humana e profissional do Dr. Fernando Anjos.
numa certa atitude perante a vida. Acabada de sair da faculdade, sem nenhuma experiência profissional, guardo desses tempos as melhores recordações. A sua postura, a sua seriedade intelectual, mas sobretudo a sua dimensão humana marcaram‑me para sempre. Recordo com particular carinho uma épica viagem a Mogadouro (ainda no tempo pré autoestradas), que me alargou horizontes para outras realidades, e onde o Dr. Anjos se revelou a pessoa extraordinária com que depois tive o privilégio de conviver ao longo dos anos, mesmo após a minha vida profissional ter seguido outro rumo, e que recordarei sempre com enorme saudade. Mariana Matos
Finalmente deixo aqui reiterado o meu agradecimento pela amizade, dedicação e solidariedade que sempre me transmitiu e que ficaram indubitavelmente reproduzidas no testemunho que escreveu na revista ALIMENTAÇÃO ANIMAL nº 62, de
Conheci o Dr. FERNANDO ANJOS no ano de 1978. Tive o privilégio
Outubro/Novembro/Dezembro 2007 aquando da homenagem
de trabalhar diretamente com Ele durante um ano. Estava então
que a IACA me consagrou ao cessar as minhas funções de
eu, a começar a minha atividade profissional no setor. Devo‑lhe
Secretário‑Geral, bem como pela sua participação no jantar
muito do que aprendi, quer profissionalmente, quer como a
de homenagem organizado pela Associação em 26/02/2008
postura a ter perante os inúmeros problemas que nos surgem
em Carcavelos e pela sua presença no almoço de convívio
nesta atividade, ligada à indústria alimentar. Continuámos a ter
que promovi em Tondela no dia 21 de Fevereiro de 2009, em
um relacionamento profissional, onde falávamos das questões
que também estiveram presentes outros bons Amigos ligados
técnicas ligadas ao setor, nos esclarecimentos que lhe pedia.
à nossa Indústria.
Isto até à uns meses atrás.
48 |
Alimentação Ani ma l
O Dr. FERNANDO ANJOS, foi e continuará a ser uma
Guardo dele essa amizade que sempre me dedicou e que, julgo,
referência no que respeita à Indústria da Alimentação
sempre lhe retribui. Era um Técnico (Médico Veterinário) e um
Animal, não só como técnico, mas também como pessoa,
estudioso permanente, que com o arrastar dos anos, acabou
devido aos seus conhecimentos específicos e postura
por integrar os quadros da IACA, como que Director Técnico,
perante todos e tudo.
dessa casa. Porque, ao tempo, eu mantinha uma estreita
Ainda recordo o embaraço que surgia muitas vezes, no fim dos
ligação à Associação, os nossos contactos eram frequentes e
colóquios , no período das perguntas, e quando elas não surgiam,
pude, de perto, avaliar as suas elevadas qualidades humanas e
lá aparecia sempre as questões postas pelo Dr. FERNANDO
profissionais, já que me assessorou, com elevada competência,
ANJOS, a salvar a situação.
especialmente quando estive na FEFAC.
Não sei que diga mais, mas muito mais haverá para dizer e
As suas qualidades estão bem expressas nos muitos comen‑
recordar, tenho pena de não conseguir expressar mais do que
tários, que ao longo dos 30 e muitos anos que convivemos,
um muito obrigado SENHOR Dr. FERNANDO ANJOS.
fui ouvindo em diversos fóruns e situações, sobre a forma
Nuno Burguette
minuciosa e competente como preparava as suas intervenções para as quais, com frequência, era solicitado em Portugal ou no Estrangeiro.
Infelizmente, não foi surpresa o anúncio da morte do Fernando. Surpresa havia sido quando recebi a notícia, pelo Jaime, do stroke que ele havia sofrido no ano passado. Eu tinha falado
Foi um excelente companheiro, sempre alegre e disponível, sempre interessado e competente, sempre Amigo e conselheiro. Paz à sua Alma.
com ele pouco tempo antes. Conhecia‑o como uma pessoa
Pedro Corrêa de Barros
saudável e, como tal, fiquei em choque. Era mais velho que eu, 3 ou 4 anos e havia‑o conhecido, em Parede, através de amigos comuns, mas só muito esporadica‑
O que dizer quando se perde um amigo? Talvez muito pouco
mente nos encontrávamos. Estávamos nos anos 60, numa altura
ou nada!
em que eu, ainda universitário, me preparava para ingressar na
Limito‑me a preservar no meu espólio emocional os momentos,
Marinha. Depois, por várias vicissitudes, só nos voltaríamos a
as palavras, os gestos!
encontrar já na IACA.
Recordar como se fosse hoje, agora, sempre!
O nosso contacto profissional aconteceu nos finais dos anos
Guardar o privilégio dos nossos Tempos se terem cruzado!
75/76, quando ele estava ligado, penso que à CUF. Depois, já nos 80s, alicerçámos uma amizade que perdurou até ao fim.
Pedro Queiróz
A limentação A n i m a l
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Alimentação Animal Notícias das Empresas
VA em parceria com Tecnipec, certificadas com a ISO 9001:2008 e NP EN ISO 9001:2008 A IACA orgulha-se do facto de mais uma empresa sua associada ter obtido um sistema de Certificação, o que demonstra a vitalidade do Sector e a vontade das empresas em con‑ tinuar a investir e a apostar na Qualidade e na Segurança: trata-se da nossa Associada VA-Indústria e Comércio, Ldª que foi certificada pela Lloyd’s Register Assurance no âmbito das Normas ISO 9001:2008 e NP EN ISO 9001:2008 para a conceção e produção de pré-misturas a incorporar em alimentos compostos para animais. Esta certificação resulta da parceria estreita com a empresa TECNIPEC – Serviços Pecuários, SA.
AGROLEX PROMOVE ALMOÇO COM COLABORADORES NA ENTREGA DO PRÉMIO PME LÍDER No passado dia 12 de janeiro de 2013, a Agrolex promoveu um almoço de convívio com todos os seus colaboradores e respetivas famílias, sendo uma oportunidade para a entrega do Prémio PME Líder que já aqui tínhamos divulgado numa anterior edição da Revista “Alimentação Animal”. O prémio foi entregue pelo vicePresidente da Câmara Municipal do Cartaxo, Dr. Bernardo Pereira que realçou o desempenho da empresa, a importância do sector para a economia do concelho e as ações de motivação que a Agrolex tem vindo a realizar junto dos seus colaboradores para que o “Projeto Agrolex” tenha sucesso, num contexto de grandes dificuldades, sem esquecer a vertente externa. O evento contou ainda com a participação do Secretário-Geral da IACA que teceu algumas considerações sobre a conjuntura do Setor e da atividade pecuária, a inserção da Agrolex nos dados económicos da produção de alimentos compostos para animais, abordando ainda as perspectivas de curto e médio prazo e o que podemos esperar no futuro. A enquadrar a “festa”, teve lugar um espetáculo de Stand Up Comedy, da autoria do comediante Ricardo Vilão, a que se seguiram momentos de karaoke, com a participação de todos. 50 |
Alimentação An im al
Parabéns aos Administradores da Agrolex, designadamente aos amigos José Manuel Maria, Margarida Antunes e Luís Antunes, e a toda a Equipa, pela Festa, pelo Prémio e pelo convite que nos foi endereçado. É sempre com orgulho e um enorme prazer que nos associamos aos momentos marcantes na vida das nossas empresas associadas.
Sorgal abre nova fábrica de Pet Food Nos últimos anos, a Sorgal tem vindo a apostar fortemente na área de negócio de Pet Food, sendo hoje o líder em Portugal neste mercado. Apesar do forte contexto recessivo que o País atravessa, a realidade é que este mercado tem demonstrado um dinamismo muito interessante, com várias oportunidades de acrescentar valor e em que a Sorgal está apostada em reforçar a liderança. Desta forma, foi tomada a decisão estraté‑ gica de reconverter a unidade de produção da Lamarosa (Torres Novas) – atualmente dedicada à área de Alimentos Compostos para bovinos, suínos e aves - numa unidade
de produção de Pet-Food, que será dotada das melhores tecnologias disponíveis e que terá como mercado alvo prioritário a exportação. Para que tal seja possível, esta unidade fabril será encerrada no dia 1 de Julho do corrente ano e está prevista a abertura no 4ª trimestre de 2013, já como unidade de produção de Pet Food. Assim, a produção de Alimentos Compostos da Sorgal ficará concentrada nas Unidades Industriais de Ovar e de Oliveira de Frades. Esta é uma decisão que assenta na visão estratégica da Sorgal, sendo reconhecida como fazendo parte de um grupo empre‑ sarial de referência e excelência no sector
da indústria agro-alimentar, desenvolvendo as suas atividades suportadas em cinco pilares: foco no cliente, sustentabilidade, inovação, eficiência operacional e gestão de risco. A maior concentração das unidades de produção permitirá aumentar a qualidade dos produtos suportados em soluções integradas e à medida das necessidades de cada um dos seus clientes. A Sorgal está convicta de que esta é a melhor decisão para reforçar a confiança que os seus clientes diariamente depo‑ sitam na qualidade dos seus produtos e serviços.
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A limentação A n i m al
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Alimentação Animal Notícias das Empresas
Ficha Informativa Institucional A Zoetis, anteriormente unidade de negócio de saúde animal
serviços complementares aos nossos clientes, incluindo meios
dos Laboratórios Pfizer, Lda é agora uma empresa multinacional
diagnósticos e testes de genética. Trabalhamos diariamente
exclusivamente dedicada à saúde animal. Com uma experiência
para conhecer melhor focarmo-nos nos verdadeiros desafios
de 60 anos, dispomos de medicamentos e produtos veteri‑
e dificuldades que aqueles que criam e cuidam dos animais
nários de qualidade, oferecemos adicionalmente um leque de
enfrentam
Portefólio Diversificado de Produtos
Integra cinco categorias importantes de produtos: vacinas, desparasitantes, anti-infecciosos, pré misturas medicamentosas, e outros produtos veterinários, respeitantes a mais de 300 linhas de produtos destinadas, em primeira linha a oito espécies de animais.
As Espécies que Cuidamos
Oito espécies principais: Bovinos de leite e de carne, ovinos, suínos, aves, peixes, cães, gatos e cavalos.
Presença Local, Alcance Global
Comercializamos os nossos produtos em mais de 120 países, e com presença local em cerca de 70.
Os Nossos Clientes
Produtores, médicos veterinários, engenheiros
Fabrico
Gerimos uma rede de 29 fábricas em 11 países produzindo produtos de qualidade e confiança.
Investigação & Desenvolvimento
Além da nossa sede de I&D em Kalamazoo, Michigan, a rede de investigação da Zoetis abrange equipas de I&D em várias estados dos EUA (Califórnia, Iowa, Maryland, Missouri, Nebrasca, Nova Jérsia e Carolina do Norte), no Canadá, na Europa (Bélgica, França e Espanha), na Austrália, e nos principais mercados emergentes (Brasil, Índia e China).
Volume de Negócios Anual
2011 - $4.2 Mil milhões de dólares norte-americanos (ver Fig. 1) 66% do nosso volume de negócio é gerado por produtos para animais de produção e 34% por produtos para animais de companhia
Cotação na Bolsa
NYSE: ZTS
Número de Colaboradores
9.500+
Sede
Madison, Nova Jérsia, Estados Unidos
Endereço Internet
www.Zoetis.com
Fig. 1: Volume de negócios de 2011 por área geográfica Ásia Pacífico (15%)
Estados Unidos (39%)
Canadá, América Latina (19%)
Europa, África, Médio Oriente (27%)
52 |
Alimentação An im al
Alltech lança nova geração de adsorvente de micotoxinas, o Mycosorb A+ A Alltech levou a cabo na passada quinta-feira, dia 21 de Fevereiro, no Campo Real Hotel, um encontro técnico dedicado à problemática das micotoxinas, que reuniu mais de 50 profissionais do setor. Com o tema “Inovação na Identificação e Con‑ trolo de Micotoxinas”, a reunião teve como objetivo desafiar os participantes a considerarem ideias inovadoras que irão revolucionar a forma como responderemos a este desafio tecnológico e de gestão, que efetivamente irão restringir e reduzir os inevitáveis e imprevisíveis desafios das micotoxinas. É importante o uso de uma abordagem holística para gerir corretamente o problema das mico‑ toxinas, dando aos produtores um diagnóstico preciso segundo o nível de contaminação nos alimentos e oferecer uma estratégia à medida para anular os seus efeitos nocivos. Durante o encontro, os palestrantes destacaram a importância da gestão de micotoxinas na elaboração e distribuição de rações e alimentos. • Engº Pedro Caramona, membro da European Mycotoxin Management da Alltech, apontou que o verdadeiro nível de contaminação nos alimentos e forragens por micotoxinas na Europa e a subestimação generalizada do problema é resultado das limitações das técnicas de diagnóstico.
O Programa 37+ da Alltech foi criado para facilitar a interpretação analítica de mico‑ toxinas. Utilizando UPLC MS/MS como método analítico para a deteção de mais de 37 micotoxinas, incluindo as micotoxinas produzidas pelo fungo Penicillium, este programa ajuda a adaptar as estratégias de redução do impacto das micotoxinas no rendimento do animal. Também foi fundamental para o desenvolvimento do Mycosorb A+, o adsorvente de mais largo espectro do mercado. Engº Pedro Caramona falou ainda sobre a importância da utilização de estratégias de gestão de risco, como o Programa MIKO da Alltech. Baseado nos principios de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controlo (HACCP), o Programa MIKO está desenhado para identificar os riscos de micotoxinas numa exploração ou fábrica de rações e criar um plano para minimizar os riscos para o animal e, consequentemente, para os consumidores. • Dr. Antonio Gonzalez, Alltech Espanha, destacou a dimensão do problema das micotoxicoses a nível da exploração, como é difícil de diagnosticar e as ferramentas que estão à nossa disposição para ajudar a minimizar os fatores de risco.
A limentação A n i m a l
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Ficha técnica ALIMENTAÇÃO ANIMAL Revista da Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais – IACA NIPC‑ 500835411
TRIMESTRAL ‑ ANO XXIV Nº 83
Agenda de Reuniões da IACA
Janeiro / Fevereiro / Março
DIRETOR Cristina de Sousa
CONSELHO EDITORIAL E TÉCNICO Ana Cristina Monteiro Germano Marques da Silva Jaime Piçarra Pedro Folque Manuel Chaveiro Soares
Data 9
Comissão Executiva
11
Plataforma “Peço Português”
12
Entrega do Prémio PME Lider á associada AGROLEX
16
Plataforma “Peço Português”(Reunião preparatória do evento na Presidência da República) Plataforma “Peço Português” (Reunião com a Comunicação Social na Presidência da República)
COORDENAÇÃO Jaime Piçarra Amália Silva Serviços da IACA
ADMINISTRAÇÃO, SEDE DE REDAÇÃO E PUBLICIDADE (incluindo receção de publicidade, assinaturas, textos e fotos) Amália Silva IACA ‑ Av. 5 de Outubro, 21 ‑ 2º E 1050‑047 LISBOA Tel. 21 351 17 70 Telefax 21 353 03 87
EMAIL iaca@iaca.pt
SITE www.iaca.pt
EDITOR Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais – IACA
EXECUÇÃO GRÁFICA Sersilito ‑ Empresa Gráfica, Lda. Travessa Sá e Melo, 209 4471‑909 Gueifães ‑ Maia
PROPRIETÁRIO Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais ‑ IACA Av. 5 de Outubro, 21 ‑ 2º E 1050‑047 Lisboa
DEPÓSITO LEGAL Nº 26599/89
REGISTO Nº 113 810 no ICS
Imagens: Photoxpress©
54 |
Alimentação Ani ma l
JANEIRO 2013
18
Plataforma “Peço Português” Comissão Consultiva dos Cereais e Arroz
22 a 24
COMAGRI Parlamento Europeu (Aprovação do Relatório sobre a Reforma da PAC)
28
Grupo Consultivo sobre “Aspetos Internacionais da Agricultura – Acordos Comerciais”
29
Comissão Executiva
30
Reunião da Direção
30 e 31
IX Congresso Nacional do Milho
Data
FEVEREIRO 2013
5
Plataforma “Nutrição e Alimentação Animal”
13
Colégio dos DG em Dublin com presidência da Irlanda
20
Comissão Executiva
27
CT 37
Data
MARÇO 2013
5
Direção
6
Comité “Alimentos Compostos da FEFAC”
7e8
Preasidium
13
Audiência da Plataforma “Peço Português” com Sec. Estado da Alimentação
15
Grupo Consultivo dos Cereais da Comissão Europeia em representação da FEFAC
15 e 16
VII Jornadas Internacionais de Suinicultura
19 a 21
FIMA GANADERA
21
Comissão Executiva
27
Audiência da Plataforma “Peço Português” com Sec. Estado da Agricultura
TOTAL NUTRITION FEEDING ANIMALS FOR HEALTH AND GROWTH
Sal CURB® • Lysoforte® • Kemzyme® • Myco CURB®
Kemin AgriFoods Campo Grande, 35 8D, 1700-087 Lisboa, Portugal tel:+351.214.157.500 fax: +351.214.142.172 A limentação A n i m a l © 2011 Kemin Industries, Inc. and it group of companies 2011 All rights reserved.
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Alimentação An im al