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Abril–Maio–Junho 2014 (Trimestral) — 3€ (IVA incluído)

ANO XXV Nº 88

E D A D I L A U E D Q A D ITIVI T E P M e CO

Revista da Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais - IACA



ALIMENTAÇÃO ANIMAL EDITORIAL

REFLEXÕES SOBRE OVOS, GALINHAS POEDEIRAS E ALIMENTOS PARA ANIMAIS A “AA” não é uma revista do setor avícola, mas a IACA tem acompanhado, muito de perto, a evolução do setor de produção de ovos que, nos últimos 3 anos, por força da normativa europeia do bem-estar animal que entrou em vigor em janeiro de 2012, foi motivo de muita abordagem em fóruns especializados e na comunicação social. Tendo em conta a interligação entre a IACA e os seus associados com a fileira do ovo, com iniciativas e reuniões que a IACA tem promovido e com iniciativas do setor da produção de ovos a que a IACA se tem associado – a recente colaboração com a ANAPO e a SPAMCA na feira de Santarém é um bom exemplo -, irei utilizar este espaço para uma abordagem ao setor de produção de ovos. A grande questão será esta: como produzir os melhores ovos e os mais seguros ao menor preço? O futuro está nos ovos “0”- produção biológica (estes ainda com uma margem residual, por força do elevado custo de produção), nos “1”- produção free range / ar livre, nos “2”- produção no solo / sistemas alternativos ou nos “3”- produção em baterias / jaulas., sendo que o custo de produção é sempre crescente do “3” ao “0”.

ÍNDICE 03 EDITORIAL 04 TEMA DE CAPA 06 25º ANIVERSÁRIO 10 AVICULTURA 18 BOVINICULTURA 25 QUALIDADE 28 INVESTIGAÇÃO 40 PARCERIAS 42 SFPM DAS 44 NOTÍCIAS EMPRESAS 47 NOTÍCIAS

Estamos inseridos numa União Europeia que, como em tantos outros assuntos, apresenta as suas divisões. A Europa do “Norte”, com um nível de vida que permite superar uma carestia de vida que a Europa do “Sul” encara com muito mais dificuldades. O panorama atual é bem demonstrativo desta dicotomia, com o “Norte” a produzir maioritariamente ovos “2” e “1” e o “Sul” a produzir maioritariamente ovos “3” e “2”. Numa ótica de segurança alimentar, em que a questão “salmonela” será a mais relevante e de custo de produção, não restarão dúvidas da opção por ovos “3”, mas há que reconhecer que na Europa, por pressão de alguma opinião pública, muitas vezes pouco ou mal informada, muitas vezes com artigos na comunicação social manifestamente tendenciosos e por pressão da grande distribuição e indústria alimentar (as maioneses são um bom exemplo), tudo aponta para uma gradual inversão no sentido de mais procura de ovos “2” e “1”. Também aqui é notória a diferença de velocidade a que isto ocorre nas “duas Europas”. Atendendo às excelentes condições em que estão alojadas as galinhas nas novas jaulas, a cumprir tudo o que está na nova normativa de bem-estar animal, com grande parte dos pavilhões a reunirem muito boas condições de higiene, climatização e bio segurança, não haverá qualquer mais-valia nos ovos “2” quando comparados com os ovos “3”. O consumidor desvaloriza o “número” e valoriza essencialmente, para além do preço, uma embalagem apelativa, ovos bem encascados e limpos e continua a valorizar uma gema bem amarela, tão típica dos ovos produzidos em Portugal. A eventual e polémica mais-valia dos ovos “1”, quando comparados com os “2” e “3”, considerando essencialmente a segurança alimentar na utilização do ovo em casca – na utilização industrial com ovo-produtos as considerações serão de outra índole – é seguramente assunto que merece uma abordagem mais aprofundada que não tem cabimento no âmbito deste Editorial. Nos últimos 3 anos, por força da normativa europeia de bem-estar animal, foram feitos avultados investimentos em Portugal e Espanha, maioritariamente em baterias / jaulas, que vão condicionar o modo de produção nos próximos anos, apesar de se notar algum recente aumento de efetivos de produção de ovos “1” e nomeadamente “2”. Seria muito mau para um setor que tem vivido e continua a viver muitas dificuldades, com preços de ovos muito abaixo dos custos de produção no último ano e meio e suportado por produção basicamente em baterias, que alterações significativas na procura possam vir a por em causa, no mínimo, o retorno de tantos investimentos feitos. A rentabilidade do setor da produção de ovos é condicionada por fatores de que destacaria os seguintes, para além dos motivados pela fatídica crise económica, que tem especial reflexo no setor da pastelaria: os mitos do consumo de ovos – a salmonela e o colesterol ainda são temas quentes e o ovo continua a não ser encarado como uma refeição completa por uma grande franja dos consumidores - cuja desmistificação e inerente aumento de capitação continua difícil, continuando Portugal com uma capitação de ovos anormalmente baixa no quadro europeu, apesar da sua cada vez melhor qualidade e segurança alimentar; a desorganização comercial típica do setor; a pressão da GDO e a particular sensibilidade das aves à qualidade das matérias-primas utilizadas na sua alimentação - o setor incorpora grandes quantidades de milho, com a má qualidade que é reconhecida por todos e que tantos prejuízos tem causado e continua a causar ao setor. Produzir ovos e analisar a performance das aves em Portugal é bem diferente no período em que há disponibilidade de milho de campanha nacional do resto do ano. Se há fatores que podem ajudar o setor, assim como os fabricantes de alimentos compostos, a ter níveis de desempenho que permitam a sua competitividade e desejáveis níveis de autossuficiência, a qualidade das matérias-primas disponíveis para a alimentação animal será seguramente primordial. A IACA tem estado fortemente empenhada no projeto QUALIACA, com toda a colaboração e envolvimento da DGAV, nesse objetivo de incremento de qualidade. O empenho de todos os operadores – intervenientes no abastecimento de matérias prima, reunidos na ACICO, fabricantes de alimentos compostos, reunidos na IACA e autoridades oficiais - é não só desejável como condição essencial para a sustentabilidade da produção animal e do fabrico de alimentos compostos. Rafael Neves A LI ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL TEMA DE CAPA

QUALIDADE E COMPETITIVIDADE

O PAPEL DA IACA E DA INDÚSTRIA DA ALIMENTAÇÃO ANIMAL

Abril–Maio–Junho 2014 (Trimestral) — 3€ (IVA incluído)

ANO XXV Nº 88

AIDDADEE LEITD A Qe U IV IT COMP

Revista da Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais - IACA

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A LIMEN TAÇÃO AN IM A L

Contrariamente às últimas edições, esta Revista “Alimentação Animal” não tem propriamente um tema de Capa, uma ideia ou conceito com vários olhares e interpretações como tem sido característica das “AA” mais recentes, como foram os casos das publicações dedicadas à Agricultura Biológica, Bem-Estar Animal, Sustentabilidade, Parcerias Estratégicas, a Qualidade ou os 25 Anos, virada “para dentro”, onde procurámos falar do que fomos no passado, os momentos mais marcantes e as transformações ocorridas nestas duas décadas e meia – no Setor e na IACA - e o que queremos e pretendemos ser no Futuro. De resto, no número especial dedicado aos 25 anos da Revista, todos os artigos, com destaque para as entrevistas aos Secretários de Estado, da Agricultura e da Alimentação, focaram o papel da Alimentação Animal e da Pecuária no desenvolvimento económico e social do País e a importância política e estratégica da Fileira, até porque, em nossa opinião, não é possível pensar o Mundo Rural e o Ordenamento do Território sem nos centrarmos na agropecuária, seja uma pecuária mais extensiva como a que tem caracterizado a produção de bovinos de carne e de pequenos ruminantes no nosso País, ou a mais intensiva, como os suínos e aves. E nem de longe, nem de perto, estamos a falar de níveis de intensificação comparáveis com outras realidades na Europa ou a nível mundial. Todas são importantes para o equilíbrio das zonas rurais, para se atingir a autossuficiência alimentar e para sustentar produções agrícolas tão importantes como os cereais ou as pastagens e forragens, cada vez mais melhoradas. A nossa ótica e missão, como já testemunhámos noutras ocasiões, nesta e noutras publicações, é olhar e insistir junto dos decisores políticos, nacionais e europeus para que assumam a mesma atitude, considerem a Pecuária e a nossa Indústria, como atividades ecologicamente eficientes, ao mesmo tempo, com preocupações e respeito pelo ambiente, bem-estar animal, segurança alimentar mas também a segurança e saúde dos animais e dos consumidores, pela Sociedade. Com bom senso e sem fundamentalismos, que a todos prejudicam e nos tolhem a lucidez de caminharmos para um mundo melhor e mais justo. Porque essa, tal como acontece com os que fazem e definem políticas públicas, também é a missão das empresas, a de

contribuir para o desenvolvimento das comunidades locais, em todas as suas vertentes e dimensões. Porque hoje os mercados são globais mas, cada vez mais, com uma forte componente local e de proximidade. Esta é, pois, uma Revista bastante diversificada e com diferentes temas. No entanto, existe um fio condutor e um tema comum: a continuidade dos artigos sobre os 25 anos da “AA”, que nos acompanhará ao longo de todo o ano de 2014, revela-nos diferentes perspetivas do passado, presente e futuro do Setor ou da Fileira e os temas que apresentamos sobre a Pecuária, desde logo o Editorial assinado pelo Diretor Rafael Neves, ao reflectir sobre a produção de ovos, galinhas poedeiras e alimentos para animais, complementando os artigos sobre a evolução da produção de ovos de consumo após a Segunda Guerra Mundial, da importância do acabamento na carne de bovino ou o futuro das quotas leiteiras, conduz-nos a um terreno em que a Qualidade e a Competitividade assumem aspetos fundamentais. E, para além disso, a uma reflexão não apenas da alimentação animal enquanto fator de custo e consequentemente, de competitividade, mas a sua Qualidade, indissociável da segurança alimentar, e ainda, ao papel das Associações e neste caso da IACA, nesses processos. Em suma, de que forma é que o movimento associativo, a sua dinâmica e interligação com outras organizações, pode ter um contributo relevante para o futuro e sustentabilidade dos Setores que defendemos e representamos? Neste primeiros semestre, preocupámo-nos com diferentes dossiers e pressionámos Bruxelas e o governo português sobre temas tão diversos como a qualidade do aprovisionamento das matérias-primas – muito em concreto a escassez de soja, as salmonelas ou as aflatoxinas no milho -, assumimos funções de relator no PANRUAA, preocupados com os alimentos medicamentosos e a resistência antimicrobiana, tivemos várias intervenções sobre os Organismos Geneticamente Modificados e a necessidade de aprovação de novos eventos, pugnámos por uma nova política em Bruxelas e enviámos uma carta para o Presidente Barroso no sentido de promover um Colégio de Comissários que aprove rapidamente novos transgénicos para importação, apostámos, trabalhámos com os nossos Associados e divulgámos o QUALIACA, por eles


ratificado em Assembleia Geral, estivemos presentes em diversas Jornadas um pouco por todo o País intervindo em diferentes temáticas, levando a mensagem da IACA e da nossa Indústria onde foi e é necessário, amplificando-a e chamando a atenção de todos, operadores do mercado e decisores políticos, para os nossos estrangulamentos mas também para as nossas propostas. Destacamos, para já, o nascimento da FILPORC – Associação Interprofissional da Fileira da Carne de Porco, na sequência de um Memorandum de Entendimento que assinámos há dois anos, na Feira do Porco, com a FPAS e a APIC, ao qual se irá seguir a apresentação de um Plano de Ação e o pedido de reconhecimento junto do GPP. O objetivo é trabalhar em conjunto, ganhar dimensão e massa crítica, acrescentar valor e eficácia ao que as Associações já fazem hoje no terreno. Para além da participação, organizámos alguns eventos que aprofundamos na edição da Revista, tal como a Reunião Geral da Indústria que dedicámos ao tema da Segurança dos Alimentos mas em que falámos igualmente de temas de mercado, ou a realização das III Jornadas de Alimentação Animal, que, pelo número de pessoas e entidades que movimentou, são eventos de referência na alimentação animal, com um objetivo de formação, pedagogia mas sobretudo de colaborar com as autoridades, com empresas e organizações no sentido de valorizar o Setor e a Fileira, pensar na Qualidade e Competitividade porque elas dão o sentido ao futuro: sem alimentos para animais de qualidade e competitivos não existirá uma Fileira Pecuária em Portugal. Numa altura em que se negoceiam importantes acordos comerciais como por exemplo com os EUA (TTIP) ou com o Mercosul, sem esquecer a Ucrânia, uma verdadeira incógnita, quando é sabido que o mercado europeu da alimentação animal não cresce e onde a expansão está seguramente noutros Continentes e noutras economias, convêm ter presente estas questões e exigir regras equivalentes para os produtos europeus e os provenientes de Países Terceiros. A reforma da PAC pós-2013 e as escolhas do Governo, apresentadas recentemente em Santarém, durante a Feira Nacional da Agricultura, dentro da flexibilidade e da margem de manobra de que dispõe, dão uma relativa garantia de que a pecuária é uma opção a ter em conta mas quando olhamos para Espanha e as medidas que

irão apresentar a Bruxelas, ficamos com a ideia de que Portugal podia ter ido um pouco mais longe, por exemplo nas ajudas ligadas e na possibilidade de se atribuir um prémio à manutenção dos vitelos nas explorações durante pelo menos um período de 12 meses. Outra opção de Espanha tem a ver com as proteaginosas, que não parece ser uma prioridade de Portugal ou de grande parte dos Estados-membros mas há que pensar sobre a proteína e a sua natureza geoestratégica, com dossiers importantes que estão diretamente interligados: a soja sustentável, as farinhas de carne, os biocombustíveis, OGM e a crónica dependência da soja. Numa altura em que temos um novo Parlamento Europeu e, muito em breve, uma

nova Comissão, saibamos nós, enquanto Associações e Empresas, com as estruturas e capacidade de Organização, convencer quem nos representa ao mais alto nível, em Portugal ou em Bruxelas, no quadro da nova PAC, no Horizonte 2020 ou no próximo Programa de Desenvolvimento Rural, para uma aposta clara na indústria agroalimentar e no setor agropecuário. Os níveis de autossuficiência assim o exigem, acima de tudo, o Mundo Rural, a Paisagem, o Território e sobretudo, as Pessoas. Estas devem ser as grandes bandeiras. Para já, Qualidade e Competitividade são os instrumentos fundamentais…. Jaime Piçarra

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL 25º ANIVERSÁRIO

25º ANIVERSÁRIO DA REVISTA ALIMENTAÇÃO ANIMAL DEPOIMENTOS Dando continuidade aos depoimentos iniciados na edição anterior da Revista Alimentação Animal sobre o seu 25º ANIVERSÁRIO que se prolongam ao longo do ano registamos, seguidamente, os depoimentos do Dr. José Caiado (ex-Diretor da IACA) e da nossa Congénere FPAS – Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores através do seu Presidente.

PRODUÇÃO DE ALIMENTOS COMPOSTOS EM PORTUGAL: ENSAIO SOBRE O FUTURO

José Pires Caiado*

Procurando corresponder ao desafio que me foi lançado sobre a evolução futura do sector dos alimentos compostos para animais (ACA) em Portugal analisarei um conjunto de grandes tendências cuja inter-relação imagino possam constituir os “key drivers” que, moldarão o futuro da pecuária nacional e bem assim a produção dos ACA que dela depende.

São evoluções de sentido contrário. Se a ONU projecta para 2050 um planeta com nove biliões de consumidores, Portugal,a menos que se tomem medidas apropriadas de incentivo á natalidade, parece poder vir a perder um milhão de habitantes. Tal seria trágico para o mercado interno e obviamente para o sector,a menos que a tendência exportadora de produtos agro-industriais se intentifique e consolide,e, as reconhecidas qualidades do país em clima, qualidade ambiental e segurança venham a atrair um número crescentes de turistas e de residentes reformados do Norte da Europa.

2. Evolução Global do Poder de Compra e da Qualidade de Vida

ALIMEN TAÇÃO AN IM A L

poderosa demanda de produtos lácteos por parte da China e a crescente compra de animais vivos pelos países do Magrebe são disso exemplos marcantes.A crescente procura de carnes vermelhas e de leite reforçará a produção intensiva dos ruminantes. Mas a sua produção está ligada ao uso da terra pela inevitabilidade de que sendo ruminantes terão obrigatoriamente de ingerir forragens. A competição

1. E volução Demográfica em Portugal e no Mundo

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de consumo. Os factos estão à vista de todos: a

pelo uso da terra vai-se intensificar entre todas as culturas agrícolas, pois “terra já não se fabrica mais”, e estima-se que todos os anos se perdem 500 000 Ha de terra arável, resultado da crescente urbanização e da erosão irreversível dos solos. Onde é que isto afecta a produção de ACA? Na minha opinião intensificará os modelos de produção pecuária com o uso acrescido de concentrados e um decréscimo relativo do uso de forragens como fonte dos nutrientes necessários à produção de ruminantes de leite e de carne. Trata-se quanto a mim de uma óbvia oportunidade para o sector dos ACA pois a produção de novilhos de carne acentuará o uso do modelo “feedlot”. E o mesmo se diga quanto aos pequenos ruminantes. Mas,em minha opinião,o aumento da capitação de consumo de proteína animal far-se-à mais rapidamente a partir de ovos e carne de aves, em países de menos poder

Uma das consequências da famigerada globalização tem sido a assinalável melhoria do nível de vida médio nos países antigamente designados do Terceiro Mundo, muitos deles hoje designados de “emergentes”.

de compra com o consequente acréscimo directo

A melhoria do nível de vida traduz-se , logicamente, na melhoria do regime alimentar nomeadamente no consumo crescente de proteína de origem animal e numa certa ocidentalização dos hábitos

alimentar tem evoluído do pequeno comércio para

de procura de ACA para a avicultura e suinicultura.

3 . A Moderna Distribuição Alimentar Ao longo dos anos temos visto como o retalho as grandes cadeias de distribuição,modernas e eficientes. Julgo que ainda veremos no futuro um maior domínio destes grupos de distribuição cujas


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ALIMENTAÇÃO ANIMAL 25º ANIVERSÁRIO

grandes centrais de compra se constituem como os grandes clientes da carne, do leite e dos ovos. A crescente concentração e consolidação das suas quotas de mercado não deixarão de acentuar a erosão das “margens” aos agricultores, processadores e integradores de cadeias alimentares produtivas. Como consequência destas tendências teremos cada vez menos mas maiores matadouros associados a estruturas integradas de produção e comercialização. Esta verticalização vai afectar o negócio dos ACA de duas formas: por uma lado,menos e maiores fábricas,por outro ,um rebalanceamento marcado por uma diminuição progressiva do chamado “mercado livre”,por oposição ao crescimento do “mercado integrado”, que acentuarão a tendência para um menor número de operadores na produção de ACA, mais especializados, e muito mais fortes pelas economias de escala proporcionadas. Num cenário deste tipo a nova realidade impulsionará uma inevitável série de fusões e ou aquisições entre empresas do sector. Ou seja, pode-se imaginar o aparecimento em Portugal a médio prazo de uma ou mais “Mercadonas” com o seu conceito de grande escala e integral verticalização da cadeia de valor.

4. O s Famosos “Custos de Contexto” Desde que pela primeira vez ouvi este conceito ao ex- ministro das finanças Miguel Cadilhe muito se tem debatido esta questão e a sua inplicação em toda em todas as áreas da actividade económica. Como afectam eles a indústria dos ACA? Enumero e comento alguns que me parecem óbvios por encarecerem de forma estrutural os custos de produção: A) Os custos gerais da energia e da logística. Quer a energia eléctrica quer o preço dos combustíveis para o transporte rodoviário das matérias primas e do produto acabado. Imagino que melhores interfaces entre os portos marítimos e as ferrovias( objecto de actual debate público a propósito do investimento em obras públicas de relevante interesse económico nacional) poderão baixar “alguns euro/ton” o transporte de graneis em distâncias mais longas até fábricas de rações cuja grande dimensão poderá vir a retirar vantagem deste tipo 8 |

A LIMEN TAÇÃO AN IM A L

de transporte desde que exista uma oferta eficiente e competitiva. B) A falta de uma total standartização nacional dos convencionalmente designados de “subprodutos” usados no fabrico de ACA.Os subprodutos de origem nacional oferecidos no mercado português sofrem de uma forte falta standartização do seu perfil nutricional. A sua enorme variabilidade nutricional de “carga para carga”, impedem a definição de perfis nutrício nais mais consistentes que permitiriam um maior grau de incorporação ao nível das fórmulas dos produtos, com a inerente baixa de custos das “fórmulas” e a garantia de ausência de risco de variabilidade do produto acabado. Uma colaboração aberta entre a oferta e a procura destes “subprodutos” só pode acrescentar valor a ambas as partes.Talvez a IACA possa vir aqui a desempenhar um importante papel na criação e liderança de um projecto com este fim.Quanto a mim até coerente com o espírito do QUALIACA. Afinal tudo o que possa fazer-se para diminuir e ou controlar a variabilidade dos alimentos compostos evitará perdas de produtividade e de rentabilidade.Os alimentos compostos serão assim menos variáveis que as matérias-primas e podem acrescentar um valor económico adicional. C) O Funcionamento da Justiça É fundamental o funcionamento dos mecanismos da Justiça que facilitem a cobrança de créditos atempada.Alguns passos parecem estar a ser dados com as últimas reformas efectuadas mas precisaremos de observar se estas cumprirão com as expectativas criadas.

potenciadoras do metabolismo “construtivo” de proteínas animais,os moduladores da eficiência ruminal que diminuem pegada ecológica e a muito apregoada “sustentabilidade”, a oferta de alimentos verdadeiramente personalizados, são tudo diferentes exemplos de tecnologias que terão de ser transferidas através de soluções baseadas em produtos e serviços a oferecer aos produtores pecuários.A criação de valor fortemente distintivo reside aqui. Serão as empresas de ACA capazes de liderar este “admirável mundo novo”? Julgo que o seu futuro passará também por saber agarrar a liderança tecnológica e os desafios associados a um bem sucedido “deployment” ao nível do campo.

6. A limentos Compostos Comerciais versus Auto-produção (“Home-mixing”) À medida em que as explorações pecuárias crescem em dimensão aumenta naturalmente a possibilidade de estas se sentirem atraídas por soluções de “autoprodução”. Penso que o maior risco para a Indústria residirá na procura de alimentos compostos complementares para ruminantes.Na verdade os famosos “Carros-Unifeed“ são hoje um elemento imprescindível na gestão alimentar das explorações leiteiras e ,eventualmente, até das engordas de novilhos.A produção crescente de milho em Portugal vai tornar mais interessante o uso directo da farinha de milho nas dietas das vacas leiteiras,por exemplo. Com o Alqueva em pleno funcionamento esta tendência pode fazer um rápido caminho a sul do Tejo seja pela via atrás descrita seja pelo impulsionamento do uso do milho de alta humidade (“milho pastone”) que evita o custo de secagem do milho.

5. A Evolução Tecnológica Ligada à Nutrição Animal Quem liderará no terreno a aplicação do promissor mundo das tecnologias associadas à nutrição, à modulação do metabolismo animal e portanto à mais eficiente performance da produção de carne, leite e ovos? As “fábricas de rações” ou as “casas de premixes”? Ou uma progressiva integração de ambas? Que realidade nos esperará em 2025? A nutrigenómica, a progressiva utilização de cada vez mais enzimas com diferentes propósitos,o uso de prebióticos e de probióticos, as substâncias/extractos de origem natural

Será curioso observar e comparar o rigor colocado pelas autoridades que velam pela segurança alimentar no controlo da alimentação fabricadas por estas duas alternativas. Apesar de todas as incertezas associadas às consequências de todos os diferentes “drivers” comentados creio que a Indústria dos ACA em Portugal tem ainda potencial de crescimento como resposta quer ao aumento de consumo interno quer pela exportação de produtos de origem animal (que fujam tanto quanto possível à “comoditização”) num mercado global em franca expansão. * Ex-Diretor da IACA


Vitor Menino*

Solicita-me a Direção da IACA,

béns às sucessivas Direções da

ativa, colaborante e disposta a

que compartilhe algumas refle-

IACA e aos seus colaboradores

fazer parcerias a montante e a

xões, nesta data em que se

pela obra criada, que se tem

jusante. Prova disso, a recente

comemoram os 25 anos da

pautado, na imprescindível

criação do FILPOR – Interpro-

revista Alimentação Animal.

defesa dos interesses de quem

fissional da Carne de Suínos,

Desperta-me logo os sentidos,

produz alimentos compostos

onde mesmo em situação de

os 25 anos duma revista privada,

no nosso País.

inferioridade estatutária, foi

propriedade duma Associação

A história tem-nos informado

dos parceiros que mais lutou

setorial, o que é obra, de que

do meritoso trabalho desen-

pela sua implementação.

poucas publicações em Portugal

volvido não apenas no setor

Parabéns à Alimentação Ani-

se podem orgulhar.

das rações, mas também na

mal, um abraço aos Órgãos

Só persiste no tempo quem

defesa da Fileira da Pecuária

Sociais da IACA e colabora-

cria valor, faz marca e instala

em geral. Na primeira linha

dores,

raízes, e isso consegue-se

da defesa dos interesses

transmitindo interesse técnico,

dos produtores Portugueses

científico e económico. Para-

sempre encontramos a IACA,

* Presidente da FPAS

MAIOR BENEFÍCIO ECONÓMICO COM UMA NUTRIÇÃO AVANÇADA Reduza os seus custos de alimentação, aumente a flexibilidade na formulação de alimentos, melhore a uniformidade dos animais e reduza o impacte ambiental, com estas soluções nutricionais inovadoras. Em utilização individual ou combinada, estes produtos enzimáticos termoestáveis e de elevada fiabilidade, são adaptados às necessidades individuais, de forma a aumentar a rentabilidade na produção de suínos e de aves. Contacte o nosso distribuidor autorizado REAGRO SA, pelo telefone 21 791 6000/29 ou por e-mail inove.tec@reagro.pt

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Danisco Animal Nutrition

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL AVICULTURA

A EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE OVOS DE CONSUMO APÓS A 2ª GUERRA MUNDIAL NO MUNDO OCIDENTAL Breve referência histórica A avicultura foi talvez o sector da produção animal em que produtividade e os sistemas de produção mais mudaram após a 2ª Guerra Mundial. O aumento do consumo da carne de frango naturalmente tem sido maior nos países em desenvolvimento porque, de uma forma geral, tem aumentado o poder de compra das populações destes países. Neles, o consumo de carne de frango subiu 8,0 % por ano entre 1971 e 2000 segundo a FAO (FAO, 2006). Ainda segundo a mesma fonte, o crescimento foi Arnaldo A. Dias da Silva*

superior ao de todas as carnes em igual período nestes países e igual a 5,3%. Acrescente-se que o consumo de carne de frango é hoje cerca de 30% do consumo mundial de todas as carnes, enquanto há 30 anos representava apenas 15% (Gerber et al, 2010). Em Portugal a capitação da carne de todos os “animais de capoeira” foi de 35,3 kg por habitante e por ano em 2011 (IACA, 2011). No que respeita ao consumo de ovos, em 2010 teríamos uma capitação de 9,3 kg por habitante e por ano, segundo Relatório da IACA (IACA 2011). Tomando como valor médio do peso do ovo 65 g isto equivale a 144 ovos por habitante e por ano, valor ainda um pouco longe da média comunitária: 189 ovos (Global Poultry Trends, 2013). Entretanto, verifica-se que o consumo de ovos na UE se mantém essencialmente estático a partir de 2000 (Global Poultry Trends, 2013). Segundo a mesma fonte, na Federação Russa, para exemplificar com um país muito diferente, com profundas mudanças nas últimas décadas, o consumo de ovos médio por pessoa e por ano foi em 2009 de 14,6 kg. Noutros países e por múltiplas razões, o consumo de ovos é ainda superior ou bem superior. Por exemplo, na Ucrânia o consumo de ovos por pessoa

* Professor Catedrático Emérito, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Alimentação Animal arnaldodiasdasilva@gmail.com 10 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

possamos afirmar que esta modalidade tenha crescido, tal como nos países mais desenvolvidos Com mais ou menos intensidade , espontaneidade e regularidade as mudanças na avicultura foram profundas também entre nós. Daqui em diante vamos referir-nos à produção avícola com uma indústria que de facto, inevitavelmente, passou a ser. Mais concentradas nalguns sítios do país do que noutros, foram surgindo grandes unidades de produção de ovos e de frangos - os aviários - e as necessárias unidades de abate das aves. A montante, exteriores a Portugal, desenvolveram-se grandes companhias internacionais que produziam e produzem e, no essencial, controlam a produção avícola, sobretudo a componente genética. Faz pouco sentido falar hoje em raças em produção de ovos de consumo, mas antes em combinações genéticas os cientistas fizeram - as estirpes - designadas com letras e números, às vezes com subtítulo. A indústria da produção avícola – como, de certo modo, a da produção suínicola – passou a ser uma “pecuária sem terra”. Isto foi muito verdade entre nós e nalguns outros países, largamente dependentes da importação de matérias-primas para alimentação das aves provenientes de culturas agrícolas muitas vezes realizadas bem longe do destino de consumo final – os aviários – e que estão situadas noutros continentes, por exemplo! Como sabemos, aquelas matérias primas são transportadas de camião e de barco e sempre têm que ser misturadas e muitas vezes granuladas antes de serem distribuídas nos comedouros das aves. Todos estes processos geram poluição, embora seja pequena por unidade de produto final comestível como os estudos recolhidos por (Dias-da-Silva, 2008) confirmam. A indústria avícola sofreu esta intensificação e concentração porque deste modo se reconheceu ser possível alimentar grande número de pessoas

passou de 9,5 kg em 2000 para 15,6 kg em 2009.

e obter fontes de proteína relativamente baratas

Em Espanha e no México o consumo de ovos é

– carne de frango e ovos, sobretudo - aqui e em

tradicionalmente elevado - tortilla e outros pratos

quase todo o lado. Aumentou o numero de pessoas

com ovos podem explicar esta situação.

com maior poder de compra. Tem de dizer-se te

Em Espanha e em 2011, o consumo foi de 105 ovos

número tem sido alargado, apesar dos acidentes

(45,0% do total) por habitante e por ano sob a forma

de percurso.

de ovoprodutos. Não dispomos de informação que

No decorrer do tempo as estirpes utilizadas, os

nos diga qual foi a percentagem de ovoprodutos

sistemas de criação, as práticas e as regras de

consumido em 2011 ou 2012 em Portugal embora

sanidade, a alimentação e os sistemas alimentares,


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ALIMENTAÇÃO ANIMAL AVICULTURA

as instalações, enfim, tudo ou quase tudo o que se passou entre

da Universidade da Carolina do Norte (NC) nos USA vulgarmente

nós no “mundo avícola”, foi lembrado por um homem que viveu

designados de forma abreviada por testes RST – letras iniciais de

intensamente a avicultura desde a sua instalação em Portugal como

Random Sample Tests.

actividade industrial: o Médico Veterinário Sérgio Pessoa. Vejam-se os interessantes, oportunos e despretensiosos Apontamentos da História da Avicultura em Portugal em boa hora editado pela SPAMCA em 2005 sob a forma de um livrinho muito útil chamado MEMÓRIAS AVÍCOLAS. A SPAMCA desta forma prestou justa homenagem àquele técnico pioneiro. A sua leitura ajuda a perceber bem o percurso da avicultura em Portugal Continental nos últimos 50-60 anos. Por isso as histórias que lá encontramos merecem ser meditadas quando queremos pensar no caminho a seguir para a produção de vos de consumo e de carne de aves,designadamente carne de frango.

A evolução da aplicação do conhecimento na produção de ovos A evolução na avicultura teve grande expressão em todo o mundo com crescimento mais acentuado nos países hoje aceites como mais desenvolvidos, designadamente nos USA. As transformações sofridas na indústria avícola foram sendo periodicamente quantificadas e difundidas. O aumento da produção por animal e a eficiente produção de ovos de carne de frango, tornou-se o ponto de partida para esta indústria. É sobre a produção de ovos que vamos incidir agora a nossa análise. Os concursos de postura das galinhas poedeiras podem ilustrar bem o que queremos dizer. Por isso, é neles que nos vamos apoiar para ilustrar algumas das mudanças entretanto operadas e reflectirmos no caminho que devemos seguir nesta matéria. É bem conhecido, por exemplo, que ao longo dos anos houve grandes mudanças no melhoramento genético, nos modos de criação das aves, nos procedimentos sanitários, na alimentação, nas instalações e noutros importantes aspectos. Ilustra bem o que afirmamos, por exemplo, a aplicação dos métodos da genética quantitativa por selecção – usando índices ponderados dos caracteres economicamente mais importantes. Esta metodologia foi ininterruptamente usada pelas várias companhias que operam ou operaram em avicultura. Hoje há problemas que a sociedade tem levantado e aos quais a ciência avícola do melhoramento animal tem de prestar mais atenção como a poluição e o bem-estar de aves, por

Os testes RST na Universidade da Carolina do Norte (NC) de galinhas poedeiras – nos últimos 52 anos Andersen e outros (2013) analisaram os resultados de 37 testes RST realizados entre 1958 e 2009 na Universidade da Carolina do Norte e publicaram o estudo no último número da revista WORD POULTRY SCEINCE (Setembro de 2013).Os testes realizaram-se com galinhas de várias estirpes poedeiras das mais frequentes neste Estado e em muitos outros sítios do mundo – galinhas de ovos castanhos e galinhas de ovos brancos. Todos os testes cumpriram as normas estipuladas no Guide for the Care and Use for Agriculture Animals in Agricultural Research and Teaching revisto em 1999 e seguido naquela e noutras instituições americanas que se ocupam de avicultura. Os diversos parâmetros medidos foram submetidos a análise estatística adequada (Anderson e outros, 2013). No largo período de tempo abrangido por estes estudos, obviamente ocorreram profundas alterações no modo de criar galinhas poedeiras do estado da Carolina do Norte, noutros Estados e sítios e pelo mundo fora. Foi o caso, por exemplo, da duração que se tinha por mais adequados no início e ao fim dos programas de alimentação, das mudanças nos tipos de instalações para frangas e poedeiras no condicionamento ambiental. Algumas destas mudanças foram tomadas em consideração nos testes que se iam fazendo. Para mais completa informação do que foi introduzido deve consultar-se o site htpp://poultry.ces.ncsu.edu/layer-performance/.

A performance das frangas Comecemos primeiro por ver como evoluiu a performance das aves até à entrada em postura ao longo destes 52 anos de testes. Na Tabela 1 apresentam-se os resultados para as frangas das estirpes de ovos castanhos e das frangas de ovos brancos usadas nos testes entre 1958 e 2009. Como dissemos algumas importantes alterações foram introduzidas desde o início deste registo (1958) que, sem dúvida, podem ter tido influência nos resultados. Mas observou-se que, ao longo do tempo,

exemplo. A eles nos referiremos mais adiante.

foi consistente a diminuição de vários parâmetros especialmente no

Falando na produção de ovos – sejam eles produzidos pelas aves

peso vivo da franga (PBW) e na quantidade de alimento consumido

de estirpe semi-pesadas (ovos de casca castanha) sejam eles pro-

durante o período de crescimento. Como Anderson e outros (2013)

duzidos pelas aves de estirpes ligeiras ou menos pesadas (ovos de

sustentam, tal ficou a dever-se à mais intensa pressão da selecção

casca branca) - deve dizer-se que a selecção recaiu principalmente

das companhias com interesses económicos nas aves e a melhores

no peso corporal (BW) da ave, na conversão do alimento em ovos

programas de alimentação entretanto aceites por todas as empresas

(ou índice de conversão, FCR), na taxa da postura, no tamanho dos

participantes nos testes : em vez de um só alimento de iniciação

ovos, em várias medidas da qualidade da casca, na viabilidade e na

(starter) seguido de um só alimento durante o período de crescimento

avaliação do custo de produção das frangas. Sobretudo porque há

(grower), passaram a usar mais dietas antes da entrada em postura.

grandes interesses comerciais envolvidos, os resultados foram sendo

Além disso, os mesmos autores sublinham mais duas importantes

publicados e largamente publicitados. Pensamos que se instalou uma

modificações que no decorrer ocorreram. Uma teve lugar durante o

competição saudável e que se criou uma cultura de produção avícola.

19º teste – as aves deixaram de estar somente alojadas em camas

Ao longo dos anos nas universidades americanas com ramos de

de aparas de madeira passando metade do pavimento a ser ripado

ensino agrícola, foram feitos concursos para medir a performance

de material em plástico. A partir do 26º teste o pavimento passou a

das linhas comerciais mais importantes. Estes concursos são os bem

ser todo ripado de material em plástico. Parece muito natural admitir

conhecidos Testes Casualizados de Amostras de Galinhas Poedeiras

que estas alterações tenham influenciado o crescimento das frangas.

12 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL


Tabela 1 – Perfomance das frangas submetidas ao RANDOM SAMPLE TESTE (RST) na Universidade da Carolina do Norte (USA) entre 1958 e 2009 (Andersen e outros, 2013) Ano código

1958 1º NCRST 2009 37º NCLPMT Erro padrão das diferenças

Peso das Consumo de Mortalidade frangas alimento (%) (kg) (kg) Estirpes de ovos castanhos 2,11A

10,28A

6,64a

1,39B

6,00B

0,75b

± 0,03

± 0,08

± 0,90

Estirpes de ovos brancos 1958 1º NCRST 2009 37º NCLPMT Erro padrão das diferenças

1,61A

8,85A

1,76a

1,16B

5,84B

1,19a

± 0,02

± 0,04

± 0,37

a

ebM édias na mesma coluna com letras pequenas diferentes, foram significa-

A

e Médias na mesma coluna com letras grandes diferentes, foram significati-

tivamente diferentes (P<0, 05). B

vamente diferentes (P<0, 001). NCLPMT – North Carolina Layer Performance and Management Test

Pode ver-se na Tabela 1 que o peso vivo das frangas à entrada em postura diminuiu claramente ao cabo de 52 anos. A diminuição nas galinhas poedeiras de estirpes de ovos castanhos foi de 0,72 kg

Como se pode observar, houve também quebra acentuada na mortalidade das frangas: nas estirpes de galinhas de ovos castanhos durante o período de cria a mortalidade passou de 6,54 para 0,75% enquanto que nas frangas das estirpes poedeiras de ovos brancos, a mortalidade que já era mais baixa à partida que nas estirpes de ovos castanhos, neste período desceu apenas de 1,76 para 1,19% o que não foi significativo (P>0,05)

A performance das galinhas em postura Vamos apresentar resultados apenas para a postura do 1º ciclo excluindo assim o 2º ciclo que, quando tem lugar, ocorre após a muda forçada de penas, ou seja, os resultados são válidos até cerca dos 500 dias de vida. Na Tabela 2 apresentamos a idade a que ocorreu 50% de produção por galinha alojada, o número de ovos postos, o consumo de alimento e o índice de conversão alimentar. Tal como fizemos para as frangas, as performances das estirpes de galinhas de ovos castanhos e das estirpes produtoras de ovos brancos são apresentadas separadamente. Fazendo apenas um análise global, estes resultados mostram a tremenda evolução que se observou. Uma análise mais detalhada (não apresentada) mostrou que as estirpes poedeiras de ovos castanhos, atingiram 50% da postura 27 dias mais cedo que 52 anos atrás. Isto equivale a dizer que estas aves anteciparam a data em que atingem 50% da postura, meio dia em cada ano que passou. As estirpes poedeiras de ovos brancos foram ainda mais longe: atingiram 50% da postura 34 dias mais cedo.

enquanto nas estirpes de galinhas poedeiras de ovos brancos foi apenas de 0,45 kg. A análise estatística mais detalhada dos dados revelou que o declínio foi linear para os dois tipos de aves, embora, naturalmente, o decréscimo tenha sido mais acentuado em termos

Tabela 2 – Perfomance durante a postura - testes RST na Universidade da Carolina do Norte (NCRSLT) (Anderson e outros, 2013) Produção por ave isolada ovos/ano

Alimento consumido

Índice de conversão

reduziu-se significativamente a duração de período de cria. Como

Idade a 50% da produção

corolário reduziu-se também o consumo de alimento durante esta

(dias)

(%)

kg/100 aves

g ovo/100 g de alimento

absolutos nas estirpes de ovos castanhos do que nas estirpes de ovos brancos. Em conclusão, pode dizer-se que ao fim de 52 anos

Ano Código

importante fase da vida das galinhas e, como consequência, a poluição. Devemos ter isto sempre presente quando nos queremos pronunciar sobre a moderna produção de ovos de galinha para consumo humano. Deve ser reiterado que o peso vivo das frangas, foi obtido às 20 semanas para os testes 1 a 22, às 19 semanas para os testes 23 a 27 e às 16 semanas para os testes a partir de 28. Estas alterações na idade em que se mediu o peso vivo conjugada com as alterações que se deram no programa de luz para estimular a maturidade sexual,

Estirpes de ovos castanhos 1958 1º NCRSLT

166,2A

214B

11,3A

0,326B

2009 37º NCLPMT

139,4B

281

10,3B

0,492A

Erro padrão das diferenças

± 1,5

± 0,1

± 0,008

tiveram influência provável nos decréscimos de pesos observados. Se a idade a que os pesos da Tabela 1 se referem a frangas que

A

±5

Estirpes de ovos brancos 1958 1º NCRSLT

173,2A

212B

11,3A

0,345B

2009 37º NCLPMT

139,1B

276A

9,9B

0,501A

O consumo de alimento durante a fase de cria das frangas, como

Erro padrão das diferenças

± 0,8

±3

± 0,1

± 0,005

seria de esperar, decresceu: para as estirpes de galinhas poedeiras

A

foram pesadas 4 semanas mais cedo (16vs20 semanas), isto significa também que as galinhas passaram a atingir a maturação sexual mais cedo. Este aspecto deve ser sublinhado porque ele demonstra que, efectivamente, houve progresso biológico.

de ovos castanhos foi menor 4,28 kg e para as poedeiras de ovos brancos baixou apenas 3,01 kg (Tabela 1).

e B Médias dentro de cada coluna com letras grandes diferentes, foram significativamente diferentes P(<0,001).

NCLPMT – North Carolina Layer Performance and Management Test

A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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13


ALIMENTAÇÃO ANIMAL AVICULTURA

Entre 1958 e 2009 o número de ovos aumentou 67 unidades para estirpes poedeiras de ovos castanhos. Para as estirpes poedeiras de ovos brancos este aumento foi quase igual - 64 ovos. Ao fim destes 52 anos as estirpes de ovos castanhos atingiram uma produção média de 281 ovos enquanto as estirpes de ovos brancos produziram um pouco menos – 276 ovos. Seguramente que num caso como noutro, algumas estirpes foram ainda mais longe. Tudo isto ocorreu no mesmo intervalo de tempo – cerca de 500 dias de idade - sem atingirem a idade de reforma, portanto. Numa linguagem mais prática, simples e directa: com aplicação de saber e de tecnologia e num intervalo de pouco mais de 50 anos, ganhamos praticamente 1,25 ovos por ano! O consumo de alimentos por 100 aves alojadas baixou significativamente (P<0,0001) ao longo do tempo nas poedeiras de ovos castanhos (1,0 kg) e, também muito significativamente (1,4 kg) nas poedeiras de ovos brancos no mesmo período – 52 anos. A eficiência de produção – avaliada pela relação gramas de ovo por 100g de alimento também melhorou significativamente (P<0,0001): houve uma economia de 0,166 gramas por ave poedeira de ovos castanhos e de 0,156 gramas nas poedeiras de ovos brancos. Embora numericamente estes ganhos sejam reduzidos, eles assumem grande significado em avicultura industrial porque temos de nos lembrar, que, necessariamente, precisamos de trabalhar com milhares ou muitos milhares de aves na indústria de produção de ovos. A mortalidade das aves também decresceu muito em 52 anos situando-se em postura e em média, em 5,5% para as estirpes de ovos castanhos e em 6,4% para as poedeiras de ovos brancos. Embora não fosse analisada, esta diferença entre estirpes tem

considerável para as duas estirpes tomando em linha de conta os valores iniciais. O peso das aves aos 500 dias de vida, caiu 874 gramas para as poedeiras de ovos castanhos e 369 para as poedeiras de ovos brancos do 1º para o 37º teste (Tabela 3). Ao fim de 52 anos, o peso médio dos ovos aumentou 1,1 e 0,7 gramas para os ovos castanhos e para os ovos brancos, respectivamente. Embora os autores que temos citado tenham observado grande variação no tamanho dos ovos entre estirpes de galinhas produzindo ovos com a mesma cor, podemos dizer que ao fim de pouco mais de 50 anos praticamente não foi possível aumentar o peso dos ovos das galinhas! Lembremos, como vimos atrás, que ao mesmo tempo se conseguiu que as galinhas poedeiras pesassem menos na idade adulta, independentemente da estirpe. O tamanho dos ovos grandes (L) e muito grandes (XL) neste intervalo de 52 anos, cresceu cerca 14,7 pontos percentuais nas estirpes poedeiras de ovos castanhos e 12,3 pontos percentuais nas estirpes que puseram ovos de cor branca. Em contrapartida, os ovos da classe L diminuíram de importância: 12,3 e 5,6 pontos para as poedeiras de ovos castanhos e para as poedeiras de ovos brancos, respectivamente. Considerando a diminuição de cerca de 8 unidades nos ovos da classe M nas duas estirpes e reduzida importância nas duas estirpes dos ovos da classe S, poderemos dizer que houve um ligeiro ganho ao fim de 52 anos de testes.

Comentários adicionais

Tomando por base os resultados dos concursos de postura realizados na Universidade da Carolina do Norte nos USA entre 1958 e 2009, Apesar dos índices de mortalidade das poedeiras serem relativamente mostrámos os grandes avanços no conseguidos pela aplicação deste elevados, não pode deixar de se considerar que se trata de um ganho conhecimento na produção industrial de ovos no período pós II Guerra Mundial no mundo ocidental. Como se compreenderá houve avanços científicos Tabela 3 Mortalidade (%), peso dos ovos (g) e classes de peso dos ovos do 1º ao 37º teste importantes em diversas áreas para se NCRSTL (Andersen e outros, 2013) conseguir tamanhos progressos. Ano Mortalidade Peso Peso Distribuição por classes Esta “revolução” ficou a dever muito ao Código dos corporal melhoramento genético. Nas sociedades ovos XL L M S ocidentais modernas e industrializadas, prevaleceu o critério dos produtores sempre (%) (g) (g) (%) (%) (%) (%) preocupados que a eficiência da produção Estirpes de Ovos Castanhos de proteína animal (ovos e carne de frango) 1958 60,3 2670A 42,9B 34,3a 17,6a 4,4a 16,6A fosse o mais elevada possível a baixo custo. 1º NCRSLT Quase sempre conseguiu-se também que 2009 61,4 1896B 67,6A 22,0b 9,4b 0,9b 5,5B a produção fosse segura para o consumi37º NCLPMT dor. Bem ou mal o mercado livre ou pouco Erro padrão das diferenças ± 1,7 ± 0,6 ± 5,8 ± 2,8 ± 1,8 ± 1,1 ± 0,4 condicionado ditou o resto impondo regras Estirpes de Ovos Brancos muitas vezes difíceis de cumprir por todos. 1958 A A B A A A O mesmo, de forma geral, se passou com 59,5 2051 38,0 31,7 19,9 4,4 10,9 1º NCRSLT outras produções correntemente chamadas 2009 intensivas como com a carne de porco, ou 60,2 1682B 60,3A 26,1B 12,2B 1,3B 6,4B 37º NCLPMT a produção intensiva de leite. Pensamos Erro padrão das diferenças ± 1,4 ± 0,4 ± 60 ± 2,1 ± 1,3 ± 0,8 ± 0,3 que dificilmente o crescimento poderia ter a b e Médias dentro da mesma coluna com letras pequenas diferentes foram significativamente diferentes (P<0,05). características diferentes, isto é, não ser A B e Médias dentro da mesma coluna com letras grandes diferentes, foram significativamente diferentes (P<0,001). industrial – como o observámos - pelas envolventes políticas, económicas e sociais NCLPMT – North Carolina Layer Performance and Management Test muito pouco significado.

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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL


A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL AVICULTURA

que o rodearam. Todavia, é matéria para ser tratada noutro lado e por outras pessoas mais qualificadas. Mas – há que reconhecê-lo – como noutras actividades, a produção industrial cometeu erros, muitas vezes amplificados pela comunicação

Tabela 4 . Efeito (%) do melhoramento genético na redução da emissão de gases com efeito de estufa nas principais espécies com interesse pecuário entre nós no período 1988-2007 no Reino Unido (expresso em % do produto - carne, leite ou ovos - HUME et al, 2011).

social. De certo modo compreende-se que assim tenha sido porque

Item

CH4

NH3

N2O

GWP 100

esta actividade é muito sensível, diz respeito à alimentação de todos

Galinhas Poedeiras, ovos

- 30

-6

- 29

- 25

Frangos de carne, carcaça

-2

- 10

- 23

- 23

Porcos, carcaça

- 17

- 18

- 30

- 16

Bovinos - leite

- 25

- 17

- 30

- 16

nós. Muitos certamente conheceram exageros deste tipo. Não é adequado recordá-los aqui. Direi apenas que foram erros de poluição ambiental, de indevido uso de promotores de produção ou uso de promotores de produção não autorizados, de opções alimentares penalizadoras para o ambiente e, às vezes, para o consumidor final, de desrespeito do bem estar dos animais e também no confronto quase

Bovinos – carne

0

0

0

0

sempre desgastante com muitos grupos, na sua maior parte ditos

Cordeiros - carcaça

-1

0

0

-1

ambientalistas e autoridades competentes. Não iremos enumerá-los, de tão conhecidos que são, nem está no âmbito deste trabalho fazê-lo. Porém, será bom lembrar que os erros cometidos não podem apagar o muito que se ganhou por aplicação de saber, de ciência e, muitas vezes, de inventiva humana. Devemos lembrar também o muito saber científico que foi gerado e o que se ganhou nos planos da gestão dos recursos e do impacto ambiental, aspecto importante mas nem sempre reconhecido (Tabela 4; uma análise mais detalhada do assunto pode encontrar-se em Dias-da-Silva, 2008 e Dias-da-Silva, 2013). Consequência desta maior eficiência, foi uma diminuição no período de tempo considerado necessário para o abate e do número de animais (de todas espécies pecuárias) que precisamos para satisfazer a mesma quantidade de ovos ou de leite. A explicação está, basicamente, na redução da proporção da energia da dieta que vai cobrir as necessidades de manutenção do animal em questão (veja-se, entre outros, Dias-da-Silva, 2013). Importa igualmente referir a economia mundial na parte que cabe à agricultura. Segundo a FAO (2009), o comércio global de animais vivos ou de produtos de origem animal, representou 40% do total de bens agrícolas transacionados à superfície da Terra. Por isso será oportuno lembrar, por exemplo, que Maggie Gill (2013) estima que 1 bilião de pessoas na Ásia e na África dependem da exploração dos animais domesticados para a sua sobrevivência. Parece-nos, por isso, que temos de admitir que as pessoas que gritam “temos de ser vegetarianos para salvar o planeta!”, são, no mínimo, excessivas e certamente também não mostram grande tolerância nem revelam acreditar muito no desenvolvimento científico no sentido da eficiência dos processos biológicos e da sustentabilidade ambiental. Alguns erros, foram sendo corrigidos por legislação apertada, pelo

gaiolas “melhoradas” que permitem às galinhas exibirem, em princípio, boa parte do seu comportamento natural. Esta questão é muito importante pela contínua pressão dos grupos ditos ambientalistas e porque o mercado está aberto. Querendo continuar assim, seremos confrontados com o aparecimento no mercado de ovos ou ovoprodutos provenientes de outros países - os chamados países terceiros (como o México) sem restrições nenhumas ou pelo menos muito mais liberais nesta matéria - e, no geral, em assuntos ambientais - que a UE. Estes países ameaçam invadir os mercados comunitários e americanos. Procurando estar de sobreaviso, a associação dos produtores americanos de ovos (UEP), realizou e publicou os resultados com 36 páginas em Agosto de 2009 sobre os vários impactos da abolição nos USA de todo o tipo de baterias na produção de ovos (Promar International, 2009). Este estudo começa por referir que no ano de 2009, 95% dos ovos nos USA foram produzidos com galinhas criadas em baterias. Invariavelmente os estudos realizados (Promar International, 2009) mostram que as galinhas não criadas em baterias embora disponham de mais espaço, têm maior mortalidade, maior incidência de canibalismo, estão muito mais sujeitas a predadores e às contaminações ambientais de aves selvagens que podem originar, por exemplo, que a conhecida gripe das aves. Além destas importantes consequências da abolição de todo o tipo de gaiolas, outros importantes aspectos devem ser considerados para manter o mesmo padrão de consumo desta proteína animal, barata em todos os países. Sabemos que há grupos de pressão fortes e organizados, com sonoro eco na imprensa escrita e falada

menos na UE, nos USA e nalguns países mais entre os quais Portugal.

e nas várias instâncias políticas que perguntam: a sociedade deve

Inevitáveis coimas foram estabelecidas para os prevaricadores e

limitar ou proibir o consumo deste tipo de proteínas de origem

criadas campanhas de esclarecimento no sentido de se aplicarem na

animal produzidas assim nestas condições intensivas?

produção práticas mais amigas do ambiente e dos animais. Teremos

Mesmo que as populações dos países mais ricos venham a diminuir

que avaliar serena e rigorosamente os seus resultados.

o consumo de carne e produtos cárnicos, é seguro que precisaremos

Um caso muito discutido recentemente pela sociedade, vivo na

de muito mais terra, não apenas para a maior superfície que as

memória, foi o do alojamento das galinhas poedeiras. Na sequência

novas instalações das aves exigirão mas porque – muitos estudos

desta discussão foi acolhida por todos os países da UE a partir do

sérios o demonstram claramente (Promar International, 2009) - a

início de 2013 a decisão da Comissão da UE de abolir, a partir de 1

designada pecuária alternativa designadamente aquela que utiliza

de Janeiro de 2012, o tipo de gaiolas usadas na indústria avícola na

menos inputs é menos eficiente e infelizmente, por isso, também

Europa e nos USA e em muitos outros países substituindo-as por

é muito mais poluente!

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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL


Ao contrário há boas razões para acreditar que podemos satisfazer

Dias-da-Silva, A. A. (2013) – Produção animal e ambiente – o signi-

as necessidades de uma população maior com aplicação de ciência.

ficado das despesas de manutenção. Revista de Ciências Agrárias.

que compatibilize biotecnologia, bem-estar animal e humano e

Vol.36(4) 393-398.

protecção do ambiente. Em meu entender precisamos de restaurar

FAO, 2009. Livestock sector and global food security – trends, issues

a confiança na ciência e na tecnologia, como sustenta, entre outros

and oportunities . FAO, Rome. 39 slides.

Huub Spiertz (2010).

Gill, Maggie, (2013) – The contribution of animal production to global food security. Animal Frontiers, Vol3, 4-5.

AGRADECIMENTOS

Gerbier, P. , Opio, C. and Stenfeld, H. (2007). Poultry Production and

O autor agradece a cuidada, paciente revisão do texto e as sugestões

the environment – a review. Poultry in the 21st Century. Rome. 27 pp.

feitas pelos colegas Maria José M. Gomes e Manuel A. Chaveiro

Hume, D. A., Whitelaw, C. B. A. and Archibald, A. L. (2011. The future of

Soares. O nosso Muito Obrigado.

animal production: improving productivity and sustainability. Journal of Agriculture Science. Vol149, 9-16.

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Anderson, K. E., Havenstein, G. B. , Jenkins, P. K. and Osborne, J.

restoring the confidence in science and technology. Journal of Current

(2013). Changes in commercial laying stock performance, 1958-

Opinion in Environmental Sustainability. Vol. ( 5) 439-443.

2011: thirty-seven flocks of the North Carolina random sample and

IACA. Anuário, 2011. 120 pp.

subsequent layer performance and management tests. World Poultry

Poultry Trends, 2013 www.WATTAAgNet.com

Science Journal. Vol. 69 September (3) 489-513.

Promar International-UEP (2009) - An Impact of Banning Egg

Dias-da-Silva, A. A. (2008) – Produção animal e ambiente – factos

Production in the United States, 36 pp.

e mitos. INFO, 2008, Vol35, 28-33.

A LI ME N TAÇÃO A N I M A L

|

17


ALIMENTAÇÃO ANIMAL BOVINICULTURA

A IMPORTÂNCIA DO ACABAMENTO NA QUALIDADE DA CARNE BOVINA*

Ana Cristina Monteiro Assessora Técnica

A IACA esteve presente nas VI Jornadas de bovinicultura organizadas pelo IAAS-UTAD nos dias 14 e 15 de Março através da participação da sua Assessora Técnica que fez uma apresentação no dia 14 de Março intitulada “A importância do acabamento na qualidade da carne bovina” e do seu Secretário-Geral que integrou a mesa redonda sobre o tema “Os desafios da bovinicultura nos dias de hoje”, no dia 15 de março. Neste artigo pretende-se transpor a apresentação acima referida. O consumo de carne bovina em Portugal tem vindo a diminuir desde a segunda metade da década passada, o que se tem refletido numa diminuição da capitação, que no ano de 2012 atingiu os 16,6 kg/ habitante. A diminuição do consumo tem geralmente como resultado a diminuição da produção indígena bruta ou da importação. Até 2010 a importação apresentou tendência de aumento pelo que a diminuição do consumo resultou na diminuição da produção indígena bruta. O resultado tem sido a diminuição do grau de aprovisionamento de carne bovina, o qual no entanto, apresenta sinais de ligeira recuperação nos últimos dois anos (2011 e 2012). Apesar do aumento, em 2012 o grau de aprovisionamento da carne bovina foi de apenas 57,7%, valor claramente insuficiente. A ilação que se pode tirar é de que há de facto mercado para a produção bovina crescer! Por outro lado, importa dar algum enfoque a esta diminuição do consumo de carne bovina desde a década passada, e a questão que se coloca é:

Importa desmitificar este assunto. Se por um lado a carne nacional tem um teor em gordura intramus18 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

cular bastante baixo e os estudos relevantes na bibliografia relativamente aos efeitos do consumo de carne bovina na saúde foram feitos em países com hábitos de consumo bastante diferenciados dos nacionais, i.e., em carne bovina com um teor de gordura intramuscular elevado, por outro lado, apesar do teor em gordura saturada e ácidos gordos trans ser negativa, tendo em conta o diminuto teor em gordura intramuscular, os valores totais desses grupos de ácidos gordos são negligenciáveis. O mesmo se verifica relativamente ao desequilíbrio nos índices nutricionais (cuja legitimidade tem sido bastante questionada nos últimos anos). No entanto, por muito que o consumidor valorize questões relacionadas com a saúde, assim como o ambiente e o bem estar-animal, estes atributos são subjetivos e não mensuráveis, o que o consumidor mais valoriza no momento da compra é a aparência da carne, principalmente a cor da carne, mas também a quantidade e cor da gordura, preferindo carne vermelha brilhante e com baixo teor de gordura e gordura branca. No momento do consumo o atributo mais valorizado é a tenrura, seguida da suculência. O primeiro critério de avaliação (aparência) é o que motiva a compra, mas o segundo (tenrura) é o que motiva a repetição da compra. No que diz respeito ao sistema de produção o consumidor cada vez mais valoriza sistemas de produção considerados mais amigos do ambiente e do bem-estar animal, dando preferência a sistema extensivos, com menor encabeçamento, à base de pastoreio e com menor impacto ambiental. Nos últimos anos a produção bovina tem apresentando alguma tendência para a valorização destes mesmos sistemas de produção indo ao encontro das expectativas do consumidor. Esta orientação da bovinicultura surge como resposta ao aumento do custo das matérias-primas e do petróleo, o qual se reflete pelo aumento do custo de energia e dos combustíveis. Como consequência os produtores têm procurado sistemas de produção mais extensivos numa procura de reduzir os custos de produção. Um exemplo é o aumento das áreas de regadio na região do Alentejo com o objetivo de melhorar as pastagens. Questiona-se ainda se na região do Alqueva com o aumento da área de regadio, o aproveitamento de terras para pastoreio de bovinos poderá ser uma realidade. Se é um facto que estes sistemas de produção são mais amigos do ambiente e privilegiam o bem-estar animal, sendo mais “naturais”, é também um facto que são mais longos e menos eficientes, o que pode condicionar a sua rentabilidade.


Quanto ao seu efeito no produto final, a carne, e se este vai ao encontro das expectativas do consumidor o desfecho já não é tão evidente.

Por outro lado, o consumidor tem uma opinião bem determinada quanto aos sistemas de produção intensivos, considerando-os exatamente o oposto aos sistemas de produção extensivos, isto é menos amigos do ambiente, menos respeitadores do bem-estar animal e menos “naturais”. Acrescentando-se a estes aspetos desfavoráveis, os maiores custos de produção e carcaças mais gordas, as quais são comercialmente menos valorizadas. Por outro lado, são sistemas de produção mais curtos e como tal mais eficientes, podendo nesse caso ser mais rentáveis. O maior teor em gordura da carcaça, apesar de ser desvalorizado comercialmente pode ter um efeito positivo na proteção contra o encurtamento pelo frio e consequentemente na tenrura da carne e na desidratação da carcaça. Quanto ao resultado destes sistemas de produção no produto final e nas expectativas do consumidor, o que se verifica é bastante diferente do verificado no caso anterior:

Pesando as vantagens e desvantagens para o consumidor a escolha entre o tipo de sistema de exploração e o seu efeito no ambiente e bem-estar animal e as características organoléticas do produto final pode não ser tão simples quanto inicialmente se poderia pensar. O sistema de produção que reúne o melhor dos dois sistemas de produção acima referenciados parece ser o sistema semi-intensivo, isto é um sistema de produção à base de pastoreio nas primeiras fases de crescimento do animal, mas com uma fase de acabamento. O objetivo é reduzir as desvantagens do sistema intensivo sem anular os efeitos

benéficos do pastoreio. O resultado é um sistema de produção menos poluente e mais respeitador do biologismo do animal, reduzindo o tempo de produção do sistema extensivo e como tal, mais eficiente e lucrativo do que este. O acabamento resulta em carcaças melhor conformadas, com teor em gordura que sem ser demasiado salvaguarda a proteção contra o encurtamento pelo frio e as perdas por evaporação e ainda um maior teor em gordura intramuscular (comparativamente ao extensivo), com vantagem a nível de tenrura e suculência da carne. Por outro lado, permite uma cor de carne vermelha e brilhante, mais apelativa para o consumidor e um teor lipídico mais equilibrado e mais saudável, isto é com maior teor em ácido gordos ómega-3. Seguem-se alguns exemplos de estudos comparativos dos sistemas de produção exclusivamente extensivos e com uma fase de acabamento.

caso dos alemães e franceses, tendo-se subdividido as preferências dos espanhóis pelos dois grupos anteriores. A carne dos animais provenientes destes sistemas de produção apresentou ainda um teor em vitaminas equivalente ao sistema exclusivamente extensivo, o que é benéfico relativamente à conservação da cor e à prevenção da oxidação dos lípidos da carne. Num estudo realizado em Portugal, no qual se pretendia verificar os benefícios do acabamento em animais provenientes do pastoreio na qualidade da carcaça e da carne, os resultados foram:

À medida que o tempo de acabamento com alimento concentrado aumento, a carne ficou mais clara, diminuiu o seu teor em colagénio (ao qual tem sido atribuída responsabilidade no aumento da dureza da carne) e aumentou o índice de fragmentação miofibrilar, uma medida da maturação da carne. No entanto, não existiram diferenças significativas nas perdas de água por cozedura e na medição instrumental da tenrura.

Resconi et al. (2010) compararam a qualidade da carne de animais provenientes de sistemas de produção exclusivamente extensivo, pastoreio com acabamento de 0,6% do peso vivo, pastoreio com acabamento de 1,2% do peso vivo e sistema de produção intensivo e verificaram que os animais dos dois sistemas de produção baseados no pastoreio mas com acabamento originaram carcaças mais pesadas e com menor teor em gordura, menor teor em gordura intramuscular e maior teor em ácidos gordos insaturados. Num estudo semelhante, com os mesmos grupos de estudo, Realini et al. (2009), verificaram que os consumidores de quatro países (franceses, ingleses, alemães e espanhóis) preferiram a carne proveniente dos sistemas de produção à base de pastoreio, mas com acabamento de 0,6% no caso de ingleses, e de 1,2% no

As características valorizadas com o acabamento vão ao encontro das preferências do consumidor. Antes de terminar esta exposição, importa referir que foi feito na Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Técnica de Lisboa, atualmente integrada na Universidade de Lisboa, um estudo no qual se pretendia verificar as preferências do consumidor e relacioná-las com as características físico-químicas da carne. Isto porque é também sobejamente conhecido que o consumidor pode mover-se mais por motivos emocionais do que propriamente pelas características do produto. A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

|

19


ALIMENTAÇÃO ANIMAL BOVINICULTURA

Foram utilizadas amostras de carne de três segmentos, isto é uma carne certificada DOP, carne indiferenciada e carne importada do Brasil. A escolha desta última prendeu-se com o facto de entre as principais origens de importação ser a carne com características que as diferencia das restantes. O Brasil é a 4ª ou 5ª origem de importação de carne bovina, consoante os anos, sendo a origem das mais importadas países da Europa, nomeadamente Espanha, Holanda e França, as quais apresentam características semelhantes à da carne nacional indiferenciada. Foram feitos inquéritos a consumidores no supermercado no momento da compra e utilizadas amostras da mesma carne para análises laboratoriais. Os inquéritos tiveram várias fases; numa primeira fase no momento da compra inquiriram-se quais os motivos que levaram o consumidor a escolher aquela carne. Numa segunda fase, após uma prova cega no supermercado, qual a preferida e os motivos da preferência.

Na qualidade experimentada os consumidores consideraram as três carnes semelhantes no que diz respeito às caraterísticas inferidas, como a nutrição, healthiness (saúde) e segurança. Preferiram a carne certificada no que diz respeito à marca, informação do rótulo e origem, mas relativamente às caraterísticas como a cor e teor em gordura consideraram que a DOP possuía cor mais escura e maior teor em gordura do que as restantes, apresentando a carne importada do Brasil valores intermédios entre os dois tipos de carne nacional. No entanto, quando se mediu instrumentalmente a cor e quantificou a gordura intramuscular verificou-se que os três tipos de carne apresentavam valores estatisticamente similares, podendo na rea20 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

lidade o consumidor ter sido influenciado pela diferença de cor das cuvetes da carne. Outro dos pontos desmistificados com este estudo foi que contrariamente à avaliação do consumidor relativamente à “healthiness”, i.e., que todas as carne eram similares, o perfil lipídico das diferentes carnes provou que a carne importada do Brasil apresentou um maior teor de ácidos gordos polinsaturados e dentro dos quais ácidos gordos ómega 3, o que representa um teor lipídico mais saudável. Por outro lado, a mesma carne avaliada por um painel de provadores apresentou “off-flavour”, isto é um flavor estranho ou diferente do flavor normal a carne bovina, sendo por isso motivo de não-aceitação da mesma. Estes resultados são indicativos de que o consumo e apreciação da carne bovina pelo consumidor é um assunto mais complexo do que se pode à primeira vista pensar, sendo

influenciado por diversos fatores os quais por vezes podem ser contraditórios. Indicam ainda que o consumidor é regido por ideias pré-concebidas, algumas das quais destituídas de fundamento. A culpa se existe é só e apenas da falta de informação e comunicação entre as diferentes vertentes do setor. O consumidor apresenta muitas vezes dúvidas e desconhecimento generalizado sobre os sistemas de produção e qualidade da carne de uma forma mais integrada e consistente. Esta é uma área na qual parece fazer sentido apostar no futuro, isto é educação do consumidor. Bibliografia disponibilizada a pedido para ana.monteiro@iaca.pt * Comunicação apresentada nas VI Jornadas de Bovinicultura IAAS-UTAD 14 e 15 /03/2014


Optimizar o nível de L-Triptofano em alimentos para porcos crescimento para reduzir o custo do alimento

18

Optimo

o nt me Ali do to Cus 17

19

20

21

22

23

Calculo do óptimo económico da relação SID triptofano:lisina (%) em alimentos para porcos crescimento ☛ N u t r i c i o n i s t a s d a A j i n o m o t o E u ro l y s i n e S.A.S. demonstraram recentemente que as necessidades da relação SID Trp:Lys em porcos crescimento (>25 kg P.V.) são de 20%.

Resposta do GMD e do IC (%)

+6,0% GMD

☛ O gráfico á direita ilustra expresivamente que formular abaixo das necessidades afecta negativamente o crescimento e o Índice de Conversão, resultando numa performance inferior. ☛ Considerar o L-Triptofano na formulação optimizada ao menor custo possibilita uma maior flexibilidade na utilização das matérias primas para satisfazer as restrições nutricionais.

-3,5% IC

SID Trp:Lys (%)

Acesso livre a toda a informação em: www.ajinomoto-eurolysine.com

Contact: INDUKERN PORTUGAL, LDA Centro Empresarial Sintra Estoril II – Rua Pé de Mouro – Edif. C Apartado 53 – Estr. de Albarraque, 2710-335 SINTRA Telef.: 219248140 – Fax: 219248141 – teresa.costa@indukern.pt A L I ME N TAÇÃO ANIMAL | 2 1


ALIMENTAÇÃO ANIMAL BOVINICULTURA

O FIM DAS QUOTAS LEITEIRAS UM DESAFIO PARA OS PRODUTORES PORTUGUESES* António Moitinho Rodrigues1; Filipa Inês Pitacas1;

O regime de quotas leiteiras foi criado em 1984

período, mecanismos de transição, ao nível dos

na então Comunidade Económica Europeia (CEE)

regimes de preços, de ajudas, de intervenção,

Edgar Santa Rita Vaz1

para fazer face a circunstâncias determinadas

de comercialização e de comércio externo.

– a acumulação de excedentes de lacticínios e a

O fim do sistema de quotas leiteiras está

respetiva pressão sobre os meios orçamentais

previsto para 31 de março de 2015. As piores

europeus necessários ao seu escoamento. Em

expectativas apontam para um abandono maciço

traços gerais, a limitação de produção naquele

da atividade, principalmente em economias

sistema de quotas teve como objetivos princi-

menos competitivas como a Portuguesa. Mais

pais evitar a queda de preços que poderia advir

de 90% do leite produzido na União Europeia

de uma maior oferta em relação à procura e

(UE) é comercializado no mercado europeu.

o aumento da competitividade do setor com

O sistema de quotas tem permitindo a manu-

a consequente redução de despesas com os

tenção e o desenvolvimento sustentado da

apoios ao consumo interno e à exportação.

produção leiteira na totalidade dos Estados-

Nos anos que precederam a adesão de Portugal

-Membros contribuindo para adequar a oferta

à CEE o setor do leite português era caracte-

à procura, permitindo alguma sustentabilidade

rizado por um mercado de economia dirigida,

dos rendimentos ao longo da fileira. Orga-

fortemente controlado, com tabelamento de

nizações poderosas ligadas ao setor lácteo

preços na produção, na distribuição e no con-

de países do norte da Europa (Ex. Holanda,

sumo. A formação de preços era estabelecida

Dinamarca, Alemanha,…) têm sido claras nas

com base em subsídios destinados a fomentar

suas intenções ao referirem que o desman-

a produção e a manter estável o nível de

telamento do sistema de quotas implicará

preços, adequando-os ao poder de compra

um abandono produtivo maciço nos países

de então. A produção de leite era insuficiente

cuja produção de leite é considerada menos

para satisfazer o consumo, sendo necessário

competitiva. Esta opção é sustentada pela

recorrer à recombinação de leite em pó. Existia

importância cada vez menor que o regime de

um quadro positivo para a evolução da produção

quotas leiteiras tem na UE.

e transformação leiteiras pois havia mercado

Na campanha de 2010-2011, apenas 5 Estados-

capaz de absorver os seus produtos. Em con-

-Membros excederam a sua quota leiteira

trapartida, dado o desfasamento do nosso

tendo a produção da UE ficado 6% abaixo da

mercado relativamente aos similares europeus

quota total. A campanha 2011-2012 terminou

e internacionais a nível dos preços praticados

com as entregas na UE a situarem-se 4,7%

em toda cadeia, impunham-se adaptações

abaixo da quota. Apenas 6 Estados-Membros

urgentes e radicais com vista à entrada do

excederam a respetiva quota nacional, a Áustria

nosso país na CEE.

(onde predominam explorações leiteiras com

A harmonização de preços a que a adesão obri-

vacas Simental) +4,2%, Chipre +2,3%, Irlanda

gava para a integração do sector na Organização

+1,1%, Luxemburgo +0,5%, Holanda +0,5% e

Comum de Mercado definida pela PAC, levou a

Alemanha +0,1%). Pelo contrário, 21 Estados-

que no Tratado de Adesão fossem estabelecidas

-Membros produziram leite abaixo da quota

Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Castelo Branco

duas etapas de transição, de cinco anos cada,

anual atribuída. Os valores variaram entre -0,2%

tendo a primeira decorrido de 1985 a 1991. Com

na Dinamarca e -52,6% na Bulgária. Portugal

Projeto financiado por Fundos Nacionais através da FCT (Projeto PEst-OE/AGR/UI0681/2014)

o intuito de proteger o setor das importações

situou-se sensivelmente a meio da tabela com

de países terceiros, permitindo a restruturação

9,7% de produção abaixo da quota leiteira. O

e o desenvolvimento dos aparelhos produtivo e

número de Estados-Membros que produziram

industrial, foram estabelecidos, neste primeiro

mais do que a quota foi muito pequeno e

1.

Email do autor correspondente: amrodrig@ipcb.pt

22 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL


este excedente de produção representou

de países emergentes como a Índia e

e das taxas de câmbio, o setor leiteiro

menos de 0,2% do leite total entregue ou

a China influenciará positivamente os

deve ser capaz de reagir rapidamente às

coberto por vendas diretas.

preços dos produtos lácteos de base com

ameaças e de antecipar as oportunidades.

A recolha de leite de vaca na UE tem vindo

o consequente incremento do potencial

Será fundamental avaliar anualmente, de

a aumentar nos últimos anos tendo sido

exportador da UE. Este panorama apenas

forma isenta e objetiva, a competitividade

de +1,4% em 2010, +2,0% em 2011 e +1,5%

poderá ser afetado pelo aumento mais

dos sistemas de produção dos vários

em 2012. Nas principais regiões mundiais

rápido das exportações de leite e produtos

países.

fornecedoras de leite, onde se incluem

lácteos provenientes de outros países

Apresentamos agora algumas ideias que

os EUA, a Nova Zelândia, a Austrália e

produtores mundiais de leite que, ao longo

poderão ajudar os produtores portugueses

a Argentina, o aumento anual foi muito

dos últimos anos, têm vindo a adaptar

a adaptarem a sua atividade, nos próximos

superior ao da EU tendo atingido +5,3%

a sua produção à procura crescente do

12 meses, ao fim do regime de quotas

em 2011 tendência que se manteve em 2012

mercado mundial sem as limitações que

leiteiras que, inevitavelmente, deixará

com o aumento de +2,8% nos EUA, +11,4%

o regime de quotas leiteiras tem vindo a

de existir em abril de 2015. Tendo em

na Nova Zelândia, +4,7% na Austrália e

impor aos países da UE.

consideração o forte impacto que os

+5,9% na Argentina.

Em vários Estados-Membros, as explo-

custos de alimentação das vacas repre-

Entre 2010 e 2012, com exceção do leite

rações leiteiras têm vindo a introduzir

sentam para a produção de leite (mais de

em pó gordo, as exportações dos principais

medidas de adaptação ao fim do regime de

50% do preço de custo de 1 kg de leite)

produtos lácteos da UE aumentaram

quotas leiteiras. As medidas passam pelo

devem ser utilizados regimes alimentares

com especial dinamismo para o leite

aumento dos efetivos e pela melhoria da

que potenciem a produção de leite mas

em pó desnatado e para a manteiga em

eficiência na produção de leite. O objetivo

que também potenciem a redução do

2012. Estudos recentes, elaborados pela

é tornar a Europa mais competitiva para

custo unitário do leite produzido. Vários

Comissão Europeia, preveem o aumento

a conquista de mercados emergentes. Os

trabalhos têm vindo a revelar que as

contínuo da procura mundial de leite

custos de produção devem ser competiti-

explorações que utilizam elevados níveis

e produtos lácteos como resultado da

vos no mercado global e no mercado local

de concentrados para a produção de leite

apetência crescente para aqueles pro-

dos produtos lácteos particularmente ao

são as mais sensíveis aos aumentos dos

dutos, do crescimento da população, da

nível do preço da alimentação animal,

preços das matérias-primas no mercado

economia mundial e do maior consumo per

do preço da terra e da mão-de-obra. Em

internacional. Neste sentido, propõe-se a

capita de leite e derivados. O aumento

tempos de fortes flutuações mundiais dos

maior utilização de forragens produzidas

sustentado das importações por parte

preços do leite, dos custos de produção

na própria exploração como forma de

A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

|

23


ALIMENTAÇÃO ANIMAL BOVINICULTURA

reduzir os custos alimentares com a

redução na produção diária de leite, a

sistemas de produção onde é enfatizada

produção de leite.

ocorrência de mamites na exploração vai

a produção de leite à base de erva.

Com base nos resultados obtidos

ter implicações diretas no aumento do

Um caso de sucesso no crossbreeding é

em explorações avaliadas em 2012 (2

custo do leite produzido e na rentabilidade

o cruzamento muito utilizado no Brasil

explorações neozelandesas uma das

da exploração.

entre a raça zebuina Gir (Bos taurus indi-

quais com vacas cruzadas, 3 explora-

A raça para produção de leite mais uti-

cus) e a raça Holstein (Bos taurus taurus)

ções argentinas, 12 explorações alemãs

lizada em todo o mundo é a Holstein

que dá origem à raça Girolando, animais

e 9 explorações americanas) o IFCN

Friesian. Nesta raça, a pressão do melho-

observou custos de produção de leite

ramento genético tem acelerado a relação

na Argentina 20% mais baixos do que

de parentesco entre animais. Na maior

na Nova Zelândia, país onde os custos

parte dos casos, quando uma vaca Holstein

de produção foram 20% mais baixos do que nos EUA e na Alemanha. Os menores custos de produção de leite verificados na Nova Zelândia e na Argentina, onde o pastoreio é o regime alimentar predominante, contribuem para a ideia de que a produção de forragem na própria exploração será um caminho a seguir para que os custos de produção por kg de leite sejam menores. Outro aspeto a ter em conta no sentido de melhorar a eficiência produtiva dos efetivos leiteiros passa, necessariamente, por melhorar os parâmetros reprodutivos. Pretende-se que as novilhas param mais cedo e que as vacas tenham maior

Friesian é inseminada, não há controlo do grau de parentesco entre macho e a fêmea, não se verifica se existe entre ambos alguma relação estreita de parentesco. Ao utilizarmos sempre os melhores touros nas melhores vacas estamos a tornar os efetivos Holstein Friesian altamente interrelacionados geneticamente. Esta situação afeta os parâmetros reprodutivos, a sanidade animal e a longevidade. Contrariamente ao que acontece com outras espécies animais ou com raças bovinas vocacionadas para a produção de carne, o crossbreeding tem sido pouco utilizado em vacas leiteiras. No entanto, os

mais resistentes ao calor e ao parasitismo. Ao melhorarmos a fertilidade, a sanidade e a longevidade produtiva das vacas leiteiras estamos a contribuir para baixar o custo do kg de leite produzido e para aumentar o sucesso económico da exploração. Embora seja uma produção pouco conhecida em Portugal, outra hipótese para melhorar a rentabilidade da exploração leiteira é a conversão para a produção de leite de búfala. Em vários países da Europa, principalmente do sul, há criação de búfalas para produção de leite em sistemas de exploração idênticos ao das vacas leiteiras. As raças Mediterranea Italiana e Murrah Búlgara são criadas em países da Europa como Itália, Roménia, Turquia, Bulgária, Grécia, Sérvia, Albânia, Hungria, Macedónia, Reino Unido, Alema-

produtores de leite que se concentram no

nha e Ucrânia. Em Itália, o país europeu

objetivo principal da exploração que é o

com maior número de búfalas leiteiras, o

lucro, poderão ter vantagens na utilização

efetivo médio por exploração contrastada

deste método estratégico para melhorar

é de 161,3 cabeças com produção média

a rentabilidade e a sustentabilidade da

por animal em 270 dias de lactação de

produção de leite.

2.221 kg de leite com 8,24% de gordura

Estudos recentes têm vindo a confirmar a

e 4,66% de proteína. O leite tem um

vantagem do crossbreeding na melhoria da

rendimento queijeiro de 25%, muito

fertilidade, da sanidade e da longevidade

superior ao leite de vaca, e em Itália é

produtiva de vacas leiteiras cruzadas

pago ao produtor a um preço quatro

quando comparadas com vacas Holstein

vezes superior ao do leite de vaca.

das novilhas ao primeiro parto deverá ser

Friesian puras. Naturalmente que, devido

Pensamos que esta produção poderá

no máximo de 24 meses. Valores mais

à sua elevada especialização leiteira, a

elevados vão ter implicações diretas no

raça Holstein está no topo dos progra-

custo do litro de leite produzido.

mas de crossbreeding. É a raça base em

Também as mamites contribuem para

programas rotacionais de crossbreeding

diminuir a qualidade e a quantidade da

com três raças especializadas na produção

produção anual de leite. Uma vez que as

de leite como acontece, por exemplo,

bonificações atribuídas ao preço do leite

com a Holstein, a Vermelha Sueca e a

baixam quando aumenta a CCS (contagem

Montbeliard, ou em programas com duas

de células somáticas) e as mamites vão

raças leiteiras como a Holstein Friesian

provocar o seu aumento e também uma

e a Jersey, cruzamento preferido para

número de lactações, lactações mais persistentes e maior longevidade. O parâmetro produtivo DEL (dias em leite) não deverá ultrapassar os 170 dias já que o seu aumento vai ter implicações diretas na diminuição da produção média diária de leite, o intervalo IP-P (intervalo entre partos) deverá ser igual ou inferior a 365 dias, o número de IA/IAF (inseminações artificiais por inseminação fecundante) deverá ser igual ou inferior a 1,7 e a idade

24 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

constituir uma alternativa rentável à produção de leite de vaca principalmente na região sul do país onde está sedeada a Associação dos Criadores de Búfalos de Portugal.

*C omunicação apresentada nas VI Jornadas de Bovinicultura IAAS-UTAD, 14 e 15 /03/2014


ALIMENTAÇÃO ANIMAL QUALIDADE

HOMOGENEIDADE E CONTAMINAÇÃO CRUZADA NO FABRICO DE ALIMENTOS COMPOSTOS O CONHECIMENTO FRANCÊS* 01

Contexto de regulação

05

Associação dos fabricantes de alimentos compostos e respetivos parceiros Fabricantes de pré-mistura, minerais e alimentos compostos Fabricantes de recursos ou produtos utilizados para desenvolver ou distribuir alimentos compostos para animais Organismo capaz de servir a associação (sindicatos, universidades…) Alguns produtores de pré-mistura, minerais e alimentos compostos

Representando 95% da produção francesa de alimentos compostos para animais Objetivos Estudos e investigações coletivas e individuais sobre tecnologia de alimentos compostos Aumentar o know-how tecnológico Transmissão de conhecimento na indústria Promover intercâmbios entre os parceiros

União Europeia aumenta a pressão Para a contaminação cruzada Diretiva 69/1995 Regulamento 183/2005 : Anexo II: Instalações e equipamento 2. A configuração, o desenho, a construção e o tamanho das instalações e equipamentos deverão: (b) minimizar o risco de erros e evitar a contaminação, a contaminação cruzada e qualquer efeito adverso, em geral, na segurança e qualidade dos produtos. A maquinaria que está em contacto com os alimentos compostos deverá ser seca após qualquer processo de limpeza com líquidos.

Anexo II: Produção 3. Devem ser tomadas medidas técnicas ou organizacionais para evitar ou minimizar, se necessário, qualquer contaminação cruzada e quaisquer erros. Devem existir meios suficientes e apropriados para levar a cabo verificações durante o curso de fabrico.

Diretiva 9/2008 para coccidiostáticos

Volume de negócios: 600.000 € 9 pessoas

3 e 1% máx. em relação ao uso do alimento

Fabrice Putier 02

06

Valores A busca pelo progresso Trabalhar para melhorar os meios de produção e a rentabilidade dos industriais através de projetos que visam promover a inovação

Independência Um sentimento de partilha Todos os nossos esforços de investigação são orientados pela partilha, comunicação e escuta

Respeito Pelos nossos membros, pela lei, pela natureza, pelas pessoas e pelos animais

Conhecimento especializado para servir uma indústria sustentável

Contexto industrial

Variação do aparelho utilizado Homogeneidade geral dos fluxogramas das fábricas Homogeneidade Um CCP: Misturadora Após possibilidade de segregação visto que a ração está peletizada “Carry-over” Sem CCP «0» contaminação cruzada é impossível nesses diagramas Efeito máximo na parte do diagrama onde o alimento está em pó Inter-relação entre estes dois parâmetros

Homogeneidade

“Carry-over”

Contexto científico

03

07

Interface entre intervenientes

Homogeneidade Grande efeito do número de partículas do marcador na amostra alvo

Profissão

Imagem da homogeneidade final

Industrial

Regulação

04

Ciência

Contexto de regulação

União Europeia aumenta a pressão Para a homogeneidade

08

Contexto científico

Contaminação cruzada Comportamento multi-origens

Diretiva 69 / 1995 Regulamento 183/2005: Anexo II Instalações e equipamentos

Substância

Produtos

Ativa

3. As instalações e os equipamentos a usar para as operações de mistura e/ou fabrico deverão ser submetidos a verificações adequadas e regulares, de acordo com os procedimentos escritos predefinidos pelo fabricante para os produtos. (b) Todas as misturadoras utilizadas no fabrico de alimentos compostos deverão ser adequadas para a gama de pesos ou volumes que são misturados e deverão ser capazes de fabricar misturas homogéneas e diluições homogéneas apropriadas. Os operadores devem conseguir demonstrar a eficácia da homogeneização.

Matriz

Processo

Práticas

A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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25


ALIMENTAÇÃO ANIMAL QUALIDADE

09

Avanços

13

Anos

Progresso administrativo

Progresso técnico

19901993

Primeiro projeto de regras de medição apresentado pela Tecaliman aos fabricantes de alimentos compostos: rejeitado

Primeiros testes industriais ao abrigo de 4 estudos HACCP Testar o efeito de várias características físicas dos aditivos no “carry-over”

19951996

2000

10 Anos 2003 a 2005 2006

Diretiva 95/69 As fábricas devem provar que conseguem produzir misturas homogéneas e controlar o “carryover”

Publicação das regras para testar a homogeneidade e “carry-over”: industriais, organismos oficiais e comunicação social

Critérios de seleção de marcadores Para teste de misturadores Concentração idêntica aos aditivos ou medicamentos Apenas de uma única origem com características físicas conhecidas

A Tecaliman assinou um contrato com o ministério da agricultura francês para elaborar métodos para:

Boa reprodutibilidade analítica

1.000.000 parte/g para garantir 400 partículas na amostra analítica

testar a homogeneidade e o “carry-over” em fábricas de alimentos compostos, • encontrar referências para avaliar o nível de homogeneidade obtido, • avaliar a repetibilidade dos testes

O número de partículas do marcador não deve ser um obstáculo ao desempenho da misturadora

Comparar resultados de homogeneidade com vários marcadores Elaborar metodologia para testar o “Carry-over” em camiões de entrega

Avanços

14

Progresso administrativo

Progresso técnico

Incorporação das regras nas diretivas das BPF francesas

Programa europeu (CrossConta) para a investigação de novos marcadores

Levantamento dos resultados de homogeneidade e “Carry-over”

Disponibilizar serviços de medição a fábricas

Seleção de marcadores

Seleção de marcadores

Critérios de seleção de marcadores Para contaminação cruzada Apenas uma origem Não na fórmula dos lotes de recolha Estável no processo de produção (p.e. granulação)

20092012

Estudo dos fatores industriais que explicam o “carry-over” relacionado com os elevadores

20122013

Revisão das regras nas diretivas das BPF

Estudo de algumas práticas industriais com impacto TIL (tamanho do lote, concentração de aditivos, nível de pré-mistura, …)

Nível de quantificação máx. 1 ppm

Incorporação mín. em lotes com marcadores 200 ppm

2014

Novo levantamento dos resultados de homogeneidade e “carry-over”

Novo programa de investigação para testar o efeito do comportamento “carry-over” das poeiras para matérias-primas e nas fábricas

Incorporação máx. em lotes com marcadores 100 ppm

Nível de quantificação mín. 0.5 ppm

11

Abordagem de medição

Elaboração de regras para a validação da homogeneidade e da contaminação cruzada com o acordo dos fabricantes e autoridades Investigação de marcadores Testar essas regras através de ensaios industriais Avaliação da variação destas medições em contexto industrial

Elaboração de regras

Seleção de mercadores

Instalações de medição

12

Contexto

A necessidade europeia de “Carry-over” O mínimo possível Para coccidiostáticos: 3 e 1 % Como atingir estes baixos níveis de contaminação? Nenhum controlo sem boa e correta medição Se uma fábrica for controlada com um método menos rígido, poderá ganhar em termos competitivos A forma correta é: o mesmo método e o mesmo rigor para todos

Nível de deteção muito baixo: mínimo de 0,5 %

15

Seleção de marcadores

Marcador interno Partículas ou moléculas normalmente introduzidas na fórmula Marcador externo: ausente da fórmula Não deve ser tóxico Deve ter: Baixo nível de deteção Boa repetibilidade Análise pouco dispendiosa O marcador deve poder ser utilizado em todos ou quase todos os alimentos para animais O marcador não deve ser alterado: comparação dos resultados ao longo do tempo A contaminação cruzada resulta apenas do marcador adicionado durante o teste

16

Teste de desempenho da misturadora Ração Marcador

Análise

10 (+10)

Preparação física das amostras 10 (+10)

Amostragem

Durante o enchimento 20 amostras

26 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

Transporte

Interpretação estatística e técnica

Resultados

Média Recuperação Forma da curva Coeficiente de variação


Teste de contaminação cruzada

Exemplo de resultados

21

Homogeneidade Saída da misturadora

Um Lote = uma mistura 2 Lotes com marcador: Lotes marcadores (TB) 2 Lotes sem marcador: Lotes de recolha (CB)

C o n c e n t r a ç ã o

Ordem de produção

Primeiro

Último

TB 1 n-1

18

TB 2 n

CB 1 n+1

CB 2 n+2

CB 3 n+3

Amostras

Média Variância Desvião padrão CV (%)

Teste de contaminação cruzada

Contaminação cruzada

Incorporação de aditivos

Utilização de micromarcadores para contaminação cruzada

RF blue lake (100 µm) 250 g/t Análise colorimétrica

Amostragem: 30 amostras para os 3 últimos lotes

Mistura 4 lotes: 2 com marcador (TB) e 2 sem marcador (CB)

Sem efeito dos líquidos adicionados na fábrica Sem efeito de peletização Em França, cerca de 90% dos testes de “carry-over” são com este marcador

peletização Mistura de melaço

98,8 62,8 7,9 8,0

Exemplo de resultados

22

Exemplo de resultados

Arrefecimento

4 Lotes 3 t (2 com marcador: TB e 2 sem: CB) – rações para perus Micromarcador/medicamento

Micromarcador

80

% medida concentração no último lote%com marcador % mesuré en Chlortétracycline mesuré en Microtraceur

17

60

40

20

CB 1

CB2

0

Medicamento 80

60

40

20

CB 1

CB2

0

19

Teste de contaminação cruzada

Benchmarking

23

Nível de contaminação cruzada (%)

20

Trituração Crivagem Revestimento

Condicionamento Peletização Arrefecimento

Mistura

1 h 1,5 h

Ensacamento

3h

Carga

Tempo de bloqueio da fábrica para um teste

5h

Teste de contaminação cruzada

24

Evolução da concentração antes da prensa de peletização % de marcador

Lotes marcadores

Mediana de coeficiente de variação (%)

Homogeneidade 63 a 90 % da produção francesa de acordo com os anos A mediana diminuiu desde 2001: cerca de 0,2 % por ano

Lotes de recolha

Contaminação cruzada A mediana encontra-se estável desde 2006: cerca de 2,5 % Primeiro lote de recolha Mediana nível de transferência %

100 %

1

2

Benchmarking

3

Segundo lote de recolha

4

Passagem pelo ponto de amostragem

* Comunicação apresentada na Reunião Geral da Indústria realizada no dia 11.04.2014 em Fátima

A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

UM NOVO E EXCLUSIVO ADITIVO PARA RAÇÕES QUE FAVORECE O DESEMPENHO DOS FRANGOS Dr. Sven Keller1 e Dr. David Parker2

1

2

ovus Deutschland GmbH, N Schwänheit 10, D-34281, Gudensberg, Alemanha Consultor Técnico

O trato gastrointestinal com a sua microflora

problemas respiratórios assim como irritação

complexa desempenha um papel essencial

e vermelhidão da pele.

no desempenho do crescimento e na saúde

A fim de melhorar a segurança da utilização do

na produção de frangos moderna. Diversos

ácido benzoico e aperfeiçoar a taxa de dose de

fatores como a dieta, o stress, a doença, a

ácido benzoico correta para a eficácia ideal nas

gestão, etc. podem ter um efeito negativo no

aves de capoeira, a Novus lançou a sua mais

equilíbrio da microflora intestinal resultando

recente inovação na área dos aditivos para rações

num crescimento e numa eficiência alimentar

em novembro de 2012: AVIMATRIX®.

deficientes. No passado, utilizaram-se antibió-

AVIMATRIX é uma solução para rações única

ticos a níveis subterapêuticos para controlar

e exclusiva que atua especificamente sobre o

a flora intestinal, obtendo-se indiretamente

ambiente da parte inferior do intestino através

melhoramentos no crescimento dos frangos.

da libertação direcionada de princípios ativos

No entanto, esta opção já não se encontra à

(PA), melhorando o desempenho dos frangos.

disposição do produtor de frangos, tendo sido

Este novo conceito foi testado numa série

desenvolvidos, com maior ou menor sucesso,

de estudos científicos em coordenação com

vários aditivos para rações e estratégias

diversos institutos de investigação na UE. Este

nutricionais para estabilizar ou manipular a

artigo apresenta uma panorâmica geral das

microflora intestinal. Por exemplo, os ácidos

características do produto AVIMATRIX, do seu

orgânicos, principalmente as misturas à base

modo e local de ação, dos resultados dos ensaios

de ácido fórmico, são muito aceites/utilizados

e das vantagens económicas da utilização de

em sistemas de produção de aves de capoeira

AVIMATRIX nas dietas dos frangos.

para prevenir o crescimento de potenciais

28 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

bactérias patogénicas nas rações e para

Uma tecnologia exclusiva

manter uma flora equilibrada nos intestinos.

AVIMATRIX é um produto granulado, fabricado

Do mesmo modo, o ácido benzoico está a ser

com um processo de produção sofisticado

utilizado em dietas de leitões a níveis até

recém-desenvolvido, a Tecnologia Novus Premium

0,5% resultando numa melhoria do desem-

Blend (NPB). Esta permite que os princípios

penho em termos de crescimento. Nas aves

ativos antibacterianos sejam depositados nas

de capoeira, porém, a via do metabolismo

partes inferiores do trato intestinal. A Figura

do ácido benzoico é diferente da via dos

1 ilustra uma partícula de AVIMATRIX na qual

suínos. Isto poderá explicar por que motivo

os princípios ativos estão embebidos numa

os ensaios envolvendo a inclusão do material

matriz. A embebição garante uma dispersão

nas rações dos frangos, a níveis entre 0,25 e

homogénea dos componentes ativos numa matriz

0,75%, resultaram num desempenho menos

protegida. Em comparação com uma tecnologia

positivo. A níveis inferiores (0,1%), no entanto,

de encapsulação estandardizada/normal, isto

o ácido benzoico revelou efeitos positivos

tem a vantagem de uma libertação lenta e

no desempenho dos frangos. Além disso, a

contínua dos princípios ativos ao longo de todo

um nível prático, o manuseamento de ácido

o trato intestinal da ave. O produto final tem

benzoico puro pode ser difícil, podendo causar

vantagens para a indústria de rações na medida


examine

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A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

em que se trata de um aditivo sem pó, fluido e não corrosivo, com uma distribuição granulométrica homogénea. A formulação NPB assegura a segurança dos trabalhadores que manuseiam o produto e previne a perda de componentes durante a granulação e o armazenamento.

Fig.1 – Ilustração de uma partícula de AVIMATRIX e da libertação do seu PA no trato gastrointestinal.

Libertação direcionada de princípios ativos AVIMATRIX tem como base uma matriz de embebição de gordura vegetal, formiato de cálcio e uma mistura de compostos aromatizantes, sendo o ácido benzoico o principal componente. Estes foram selecionados determinando os efeitos antibacterianos de várias substâncias aromatizantes, ácidos orgânicos e misturas dos mesmos. Em vez de utilizar espécies bacterianas únicas num modelo in vitro, a Novus desenvolveu um modelo intestinal na alimentação para simular as condições no trato intestinal. Isto proporciona uma avaliação mais rigorosa do impacto de diferentes misturas de substâncias ativas na complexa microflora do intestino. Como tal, foi realizada uma investigação intensiva para investigar o

Fig. 2 – As concentrações dos princípios ativos na alimentação e no conteúdo digestivo (numa base de matéria seca) de aves suplementadas com uma mistura processada pela Tecnologia Novus Premium Blend ou com os respetivos componentes livres.

Vantagens comprovadas no desempenho animal, de acordo com as orientações da AESA Um dos primeiros ensaios de desempenho foi realizado em 2009 (Roslin Nutrition Ltd., UK) para estudar o efeito de dosagens crescentes de AVIMATRIX em dietas granuladas formuladas para satisfazer as necessidades nutricionais de frangos em crescimento. Além disso, o desempenho foi comparado com o efeito da utilização de ácido benzoico de acordo com a seguinte conceção de ensaio:

perfil de libertação dos componentes de AVIMATRIX e também para

• Controlo Negativo → Dieta basal, sem aditivo

determinar o local no qual as substâncias ativas são depositadas

• Controlo Positivo → Dieta basal, + 250 g/t de ácido benzoico

dentro do intestino da ave. Foi também feita uma comparação com os respetivos componentes livres. Embebendo o intestino, as substâncias eficazes alteraram o perfil de libertação com um pico de princípios ativos aparente no início do duodeno (Figura 2). A libertação retardada de substâncias ativas resultou em concentrações significativas ao longo de todo o intestino delgado e grosso, fazendo da nova tecnologia uma abordagem prometedora para a estabilização eficaz do intestino. 30 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

• Avimatrix 250 g/t → Dieta basal + Avimatrix 250 g/t (equiv. 125 g/t de ácido benzoico) • Avimatrix 500 g/t → Dieta basal + Avimatrix 500 g/t (equiv. 250 g/t de ácido benzoico) • Avimatrix 1000 g/t → Dieta basal + Avimatrix 1000 g/t (equiv. 500 g/t de ácido benzoico)


No total, 2400 machos de frangos Ross 308 foram distribuídos aleatoriamente pelos seis tratamentos, consistindo cada um em 10 réplicas de 40 aves. As dietas granuladas foram administradas em 3 fases desde Início (0-12 dias) a Crescimento (12-25 dias) e Acabamento (25-42 dias). Os ganhos de peso foram determinados nos dias 0, 12, 25 e 42 e o índice de conversão alimentar (ICA) durante todo o período de 42 dias.

Fig.4 – Dados do ICA entre d0-d42 para todos os tratamentos.

Foram obtidos resultados semelhantes durante um programa de investigação de três anos no qual AVIMATRIX foi testado em quatro centros de investigação europeus independentes. Foi utilizado um método conhecido como “meta-análise”, que avalia os dados partilhados de vários estudos, para avaliar o efeito Fig.3 – Peso corporal de frangos aos 42 dias de idade.

geral de AVIMATRIX. Este método é necessário ao submeter um dossiê aos comités de peritos da AESA para o registo de novos

As aves alimentadas com as dietas contendo AVIMATRIX (Figura

produtos. No caso do AVIMATRIX, os quatro ensaios envolveram

3) apresentaram um peso corporal significativamente mais elevado

mais de 5000 aves (Fig. 5.). Os resultados dos ganhos de peso

aos 42 dias em comparação com a dieta de controlo e também

médios diários durante 42 dias revelam que AVIMATRIX tem um

com a dieta contendo o ácido benzoico livre (p<0,05). Mesmo os

efeito significativo no desempenho das aves e que a resposta é

baixos níveis de inclusão de 250 g/t de AVIMATRIX melhoraram

curvilínea. À taxa de inclusão ideal (500 g/t), o ganho médio diário

o peso final em 175 g em comparação com o controlo ou 96 g

foi 4% mais elevado do que no grupo de controlo, com base em

contra o grupo do ácido benzoico livre. A resposta ao AVIMATRIX

dados obtidos numa vasta gama de condições de investigação. Isto

pareceu ser curvilínea com a taxa de inclusão ideal a 500 g/t,

demonstra que a adição de AVIMATRIX às dietas para frangos a

equivalente a 250 g/t de ácido benzoico.

500 g/t é uma forma eficaz de melhorar o desempenho das aves.

O cálculo do ICA para todo o período de crescimento revelou que todos os tratamentos com AVIMATRIX foram significativamente melhores do que no grupo de controlo (p<0,05) (Fig. 4). O duplo efeito de AVIMATRIX tanto no ganho de peso como no ICA indica que o local do trato digestivo no qual o ácido benzoico está disponível tem um impacto significativo no desempenho das aves. Seria de esperar que o ácido benzoico livre tivesse a sua máxima eficácia no papo e na moela. O ácido benzoico, otimizado pela tecnologia NPB, será contudo depositado no intestino delgado onde é libertado, de forma lenta e homogénea, até ao íleo terminal. Ao influenciar e estabilizar diretamente a microflora em todo o intestino delgado, a inclusão de AVIMATRIX nas dietas de frangos resultou numa melhoria significativa do crescimento e do ICA ao longo de 42 dias. Estes dados confirmam que o local onde os agentes ativos são depositados no intestino é crucial para garantir a sua eficácia.

Fig. 5 – Meta-análise da resposta do ganho de peso a níveis crescentes de AVIMATRIX na dieta de frangos.

A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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31


ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

Incentivado pelo favorecimento cientificamente comprovado do desempenho das aves, o produto foi recentemente testado em condições comerciais numa integração de frangos europeia.

Humidade da cama no d42 (%)

Controlo

AVIMATRIX

35,2

33,9

Cerca de 160 000 frangas Cobb 500 com um dia de idade foram divididas em dois grupos. Ambos os grupos eram provenientes da mesma incubadora. As aves foram alimentadas com dietas granuladas (alimentação em 4 fases) suplementadas com 500 g/t de AVIMATRIX ou sem suplemento (grupo de controlo). O quadro 1 apresenta uma panorâmica geral dos dados de desempenho e das vantagens económicas da utilização de AVIMATRIX. Controlo

AVIMATRIX

36,3

35,3

2 079

2 011

ICA

1,89

1,79

ICA corrigido com base em 2079 g de peso vivo ao abate

1,89

1,805

Custo alimentar (€/kg de peso corporal)

0,69

0,66

Média de idade dos frangos ao abate (dias) Média de peso vivo ao abate (g)

Quadro 1. – Resultados sobre o desempenho e a poupança nos custos alimentares

Quadro 2 – Fig. 6 – Impacto de AVIMATRIX na % de humidade da cama e na classificação de lesões nas patas.

AVIMATRIX não apresentaram lesões. Ao mesmo tempo, o número de lesões ligeiras (Classificação 1) sofreu uma redução de quase 10% utilizando AVIMATRIX. Muitas vezes regista-se uma maior incidência de pododermatite quando o teor de humidade da cama aumenta e ambas as condições

Devido a diferenças na idade de abate, mais um dia no grupo de controlo, o peso final para o grupo de controlo foi 68 g mais elevado. Corrigindo o índice de conversão alimentar para o mesmo peso de 2079 g, as aves às quais foi administrado AVIMATRIX tiveram um ICA inferior igual a 0,085 pontos, que equivale a uma melhoria de 4,5%. Em resultado, os custos de alimentação por kg de peso corporal no grupo do AVIMATRIX tiveram uma redução de 4,4%. Esta poupança teve um resultado financeiro 3,5% mais elevado, com um retorno do investimento de 1:6,7. Um estudo recente da Universidade de Bolonha (2012) analisou o efeito da utilização de 500 g/t de AVIMATRIX nas dietas de frangos sobre a qualidade da cama e a saúde das patas. Houve dois tratamentos, Controlo e AVIMATRIX, cada um com 9 galinheiros de 65 aves por tratamento. A incidência e gravidade de pododermatite foram determinadas em todas as aves recolhendo uma pata por ave. As patas foram avaliadas macroscopicamente e classificadas em 3 classes de pododermatite: 0 = sem lesões, 1 = lesões ligeiras e 2 = lesões graves, de acordo com o sistema de classificação normalizado. Os resultados são apresentados na Fig. 6. A utilização de AVIMATRIX resultou na redução do teor de humidade da cama com uma diferença clara adicional na incidência de lesões nas patas entre os 2 grupos. As aves às quais foi administrada a dieta de controlo apresentaram apenas 37,5% de patas saudáveis, enquanto 45% das aves alimentadas com 32 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

podem ser associadas a uma perturbação no equilíbrio da microflora intestinal. A pododermatite também é utilizada como um indicador fundamental do bem-estar dos animais. Por conseguinte, qualquer redução da incidência de danos nas patas terá um impacto neste parâmetro de produção e também na qualidade das carcaças. Visite www.novusint.com/avimatrix para ficar a saber mais sobre a mais recente inovação da Novus em nutrição para aves de capoeira.

Conclusões AVIMATRIX é uma solução para rações nova e única no seu género que ajuda os produtores de frangos a obter o máximo desempenho das aves de uma forma eficaz e sustentável. A formulação única utilizando a Tecnologia Novus Premium Blend garante que os componentes ativos são depositados em todo o trato digestivo inferior. Tal resulta em melhoramentos do desempenho em termos de crescimento que foram demonstrados em diversos ensaios em vários institutos de investigação na Europa. Além disso, AVIMATRIX melhorou o índice de conversão alimentar numa exploração de frangos comercial aumentando o resultado financeiro em 3,5%. Dados de um ensaio recente com AVIMATRIX apresentam também provas de melhoria da saúde e do bem-estar dos animais com menos lesões nas patas das aves alimentadas com suplemento. Estas vantagens adicionais corroboram a afirmação de que AVIMATRIX estabiliza a microflora intestinal resultando na melhoria do desempenho e do bem-estar dos animais.


RECRIA: CUSTO ACRESCIDO… OU REDUÇÃO DO CUSTO? (Parte I)

Elisabete Martins * Invivonsa Portugal, SA

Hoje mais do que nunca, a otimização da eficiência do ciclo de produção é vital para a rentabilidade e sustentabilidade a médio/longo prazo da exploração leiteira. A pressão a que são submetidos os produtores a montante (preço das matérias primas, combustíveis, energia, financeiros, licenciamento, etc) e os constrangimentos que lhe são impostos a jusante (preço do leite pago ao produtor), determinam que só sobrevirão os produtores mais eficientes. Atualmente, ainda é difícil ou de todo impossível avaliar em muitas explorações a sua eficiência enquanto unidade produtiva (o que nem sempre é sinónimo de ineficácia) devido à escassez de registos. Apenas os produtores que retiram sistematicamente decisões de gestão do dia a dia, dos seus registos de exploração, estão absolutamente conscientes de que “registar”, ao contrário de “consumir tempo que não se tem”, é antes uma ferramenta imprescindível, quer do trabalho diário da exploração, quer de decisões de gestão bem sustentadas. Uma vaca vê a sua vida na exploração dividir-se em dias produtivos (aqueles em que dá leite) e em dias não produtivos. Várias são as estratégias para reduzir o nº de dias não produtivos durante o periodo de seca (classicamente entre os 45 e os 60 dias) e aumentar o nº de picos de lactação por vida. No entanto, o maior período não produtivo é a fase de recria. Idealmente, para as vacas leiteiras H. Frisia, o primeiro parto deve ocorrer entre os 22-24 meses de idade. Um primeiro parto depois dos 24 meses aumenta drasticamente o custo de recria e reposição da exploração, reduzindo a margem líquida libertada por litro de leite produzido. Por si só o Fator Recria pode determinar uma margem positiva ou negativa resultante da produção de cada litro de leite. O que define a eficiência Produtiva? A resposta não é linear, mas devem ser considerados os seguintes aspetos: Eficiência Eficiencia Eficiência Eficiência

de Recria Reprodutiva da Estratégia Alimentar na Prevenção e Controlo de Doenças

Cada um destes aspetos é mensurável; cada um dos principais indicadores deve ser vigiado de perto, para prevenir ou corrigir as “fugas” de rentabilidade associadas aos custos acrescidos à produção de cada litro de leite. A eficiência reprodutiva e a estratégia alimentar (produção e formulação) têm sido privilegiados em detrimento da eficiência da recria, isto porque os efeitos de erros nestas áreas têm um impacto direto muito visível e imediato. Não obstante todos sabemos que de um “Iceberg”, a porção visível é a menor. Por isso mesmo abordaremos, por agora, a Eficiência da Recria.

Alcançar o primeiro parto aos 22-24 meses revela-se o mais rentável, considerando os custos extra de recria e as perdas de produção associadas a partos tardios, sendo que em cenários de baixo preço de leite pago ao produtor, reduzir ainda mais a idade ao primeiro parto surge como uma estratégia viável para reduzir custos e aumentar rentabilidade (Pilro et al., 1997) na medida em que se aumentam os dias de vida produtiva (em lactação) e a produtividade futura (Lin et al., 1998). Quanto maior for a idade ao 1º parto, maior será o nº de animais em recria que é necessário manter na exploração para garantir a mesma taxa de renovação/ refugo na exploração. Por cada mês acima dos 24 ao parto teremos mais cerca de 4% de animais a alimentar, alojar e manipular que representam um custo acrescido para a exploração; para além disto as instalações disponíveis serão obrigadas a suportar um nº excessivo de animais condicionando o seu desenvolvimento (tabela 1).

Tab.1: Variação do nº de animais em recria, em função da taxa de renovação e idade ao 1º parto (adaptado de: Heirichs e Swartz, Penstate, 1989)

Assim, se considerar-mos uma exploração de 100 vacas adultas, se o 1º parto acontecer aos 27 meses (inferior ao encontrado na avaliação de campo realizada em 40 explorações), significa que, teremos para cada animal em produção, mais 90 dias de custos alimentares; assumindo que a cada ano entram em produção cerca de 25-30 novilhas, teremos 2250-2.700 dias não produtivos cujos custos extra terão de ser amortizados pela produção futura dessas novilhas, e que aumentam os custos da produção anual da exploração. Numa exploração com 100 vacas estimamos que este atraso ao parto é responsável por um custo resultante de acréscimo da despesa e perda por leite não produzido de cerca de 11.000 a 20.000 euros/ano. O custo de produção da novilha é um fator determinante da margem líquida libertada por cada litro de leite produzido. Num estudo realizado em 10 explorações da região norte do país (SVA, serviços veterinários associados, 2012), a idade ao 1º parto encontrada foi 26,1 meses (min=23,9; max=28,7); o custo de produção A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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33


ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

médio/novilha foi de 1442 euros, variando de 1078 a 1752 euros, representando 15,3% (min=9; max=22,5%) do custo total de produção/litro. Este custo aumenta à medida que aumenta a idade ao 1º parto; em paralelo, o custo de produção por litro de leite diminui com a diminuição da idade ao 1º parto (gráfico 1). Os resultados obtidos estão de acordo com diversos estudos publicados. Com um custo total médio de 0,329 €/L, a variar entre 0,284-0,403 €/L (gráfico 2) (SVA, 2012) e que não se afasta dos 0,413 €/L referidos no EDF report (este ligeiramente superior pela inclusão de rubricas para amortização de custos de terreno, instalações etc.) (EDF report, 2012) fica claro que a recria deve definitivamente ser encarada como o pilar que pode alavancar as explorações para um nível superior de margem líquida libertada.

Gráfico 2: Custo de produção por litro de leite (SVA, 2012)

Nota: Bibliografia disponível junto da autora ou editor. Agradecimento: A autora agradece a colaboração dos colegas dos SVA (Fradelos), pela amável disponibilização dos dados assinalados.

Gráfico 1: Relação entre idade ao 1º parto e custo de recria (SVA, serviços veterinários associados, 2012)

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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

*E lisabete Martins licenciou-se em medicina veterinária pela Universidade de trás os Montes e Alto Douro, com estágio realizado em Barcelona e Canadá na área da bovinicultura leiteira. Foi produtora de leite nos últimos 14 anos, tendo em simultâneo prestado serviço de consultoria independente. É desde 2008 docente na Escola Universitária Vasco da Gama em Coimbra, onde é responsável pelas disciplinas de Clínica de Espécies Pecuárias e Medicina de Populações. Desenvolve presentemente o seu doutoramento no ICBAS na área da Paratuberculose. Desde Julho de 2012 colabora com a INVIVONSA Portugal SA, cujo trabalho está inserido no âmbito estratégico de promoção de práticas que possam aumentar a rentabilidade da Recria em explorações de vacas de leite.


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A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

ÁCIDOS ORGÂNICOS E OS SEUS SAIS: HIGIENIZAÇÃO DE RAÇÕES E MATÉRIAS-PRIMAS

Bruno Penha Director Técnico

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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

O conceito lato de higienização consiste num conjunto de práticas que tem como objectivo promover a limpeza e garantir boas condições higiénicas. A problemática das contaminações das rações e matérias-primas é uma questão preocupante no sector, uma vez que está directamente relacionada com a segurança alimentar e o impacto desta na opinião pública e no consumidor. Fruto de diferentes crises alimentares ocorridas entre finais dos anos noventa e inícios do século XXI, a regulamentação na União Europeia relacionada com a segurança alimentar sofreu um ponto de inflexão, passando a ser prioritária, mediante a publicação do Livro Branco de Segurança Alimentar no ano 2000. As recomendações do Livro Branco traduzem-se na legislação com a publicação do Regulamento (CE) 178/2002, no qual se estabeleceram os requisitos gerais da legislação alimentar e se fixaram os procedimentos relativos à segurança alimentar. Este Regulamento supõe uma mudança fundamental, uma vez que a responsabilidade em termos de segurança alimentar passa a ser dos operadores e as autoridades competentes passam a ter a responsabilidade de garantir que os operadores cumpram com os requisitos que impõe o Regulamento. A partir deste momento os fabricantes de rações são os responsáveis, em termos de segurança alimentar, do que produzem e da colocação dos meios necessários para a sua garantia. A regulamentação que definitivamente situou o sector primário e da alimentação animal ao nível dos restantes operadores da cadeia alimentar é o Regulamento (CE) 183/2005, no qual se fixaram os requisitos de higiene das rações. Neste Regulamento, estabelece-se que a responsabilidade da inocuidade dos produtos fabricados recai inteiramente no produtor e que os estabelecimentos operadores do sector da alimentação animal devem realizar uma implementação generalizada de planos APPCC e de guias de boas práticas de fabricação. Como exemplo da preocupação das autoridades competentes dos países comunitários neste tema, o Ministério da Agricultura, Alimentação e Meio Ambiente de Espanha realizou um estudo de

“Prevalência de Salmonella entérica nas fábricas de rações”, no qual se realizou um estudo transversal analítico em 523 fábricas de rações. Os resultados deste estudo mostraram um total de 185 amostras positivas, recolhidas em 144 fábricas distintas, o que resulta em 28% do total das fábricas analisadas. Há que ter em conta que as fábricas de rações trabalham com matérias-primas que na maioria dos casos não receberam qualquer tratamento e outras em que a carga microbiana pode ser geralmente alta. Por outro lado, os produtos que são processados e se destinam à alimentação animal muitas vezes apresentam maiores taxas de contaminação que as matérias-primas intactas. Tudo isto torna mais complexa a aplicação adequada de planos de APPCC e em geral de procedimentos de garantia de inocuidade das rações, por isso a maior necessidade de confiar em aditivos higienizantes para a segurança alimentar das rações (no que à microbiologia se refere) e em particular aos ácidos orgânicos, cujas substâncias activas estejam aprovadas na Legislação Europeia de aditivos para alimentação animal. As condicionantes nas fábricas que têm um efeito real sobre a carga microbiana da ração são muito diversas, como por exemplo, a humidade e actividade da água, a disponibilidade de oxigénio, o pH ou a composição do substrato (tamanho de partícula, componentes, poeiras geradas,…). Consequentemente os possíveis tratamentos e as condições de armazenamento influenciam os níveis de população nos tipos de microorganismos presentes na ração. Dada a quantidade de factores que influenciam sobre a carga microbiana, estabelece-se claramente a necessidade de aplicar tratamentos para garantir a qualidade higiénica da ração. Os principais tratamentos são: Térmicos e Químicos. Os tratamentos térmicos consistem na aplicação de altas temperaturas em determinadas fases da fabricação, através de um determinado equipamento de processamento, o que leva à destruição e/ou inactivação de diferentes microorganismos. Estes tratamentos são efectivos, contudo insuficientes já que estas operações não se aplicam a todas as rações (rações em farinha normalmente não se tratam) e além disso não evita a possível recontaminação da ração em fases posteriores ao tratamento.


As diferenças entre a carga microbiana de rações que recebem tratamento térmico das que não recebem são importantes. Por esta razão, a aplicação de tratamentos químicos de forma individual ou combinada com os tratamentos térmicos torna-se praticamente indispensável para evitar a sua posterior recontaminação. Os tratamentos químicos são basicamente os realizados mediante a aplicação de ácidos orgânicos, seus sais e/ou uma mistura de variedades. Quando se utilizam como aditivos, os ácidos orgânicos podem ser administrados como tais, mas a sua manipulação é problemática, já que são líquidos corrosivos, sendo conveniente a sua utilização conjunta dos seus sais conjugados (propionatos, formiatos,…), para reduzir corrosividade e perigosidade. Em função da aplicação, há que procurar a relação óptima ácido/sal para garantir a maior eficácia, persistência, menor perigosidade e corrosividade. Por exemplo, em tratamentos de matérias-primas no tegão é preferível utilizar sais amoniacais de ácidos orgânicos, já que contrariamente aos ácidos livres, os sais têm a vantagem de ser inodoros, mais fáceis de manipular, menos voláteis e não corrosivos. A utilização de ácidos orgânicos como conservantes na alimentação animal e humana é muito antiga. De facto, no âmbito da nutrição animal, a tradicional silagem de forragens baseia-se nas propriedades antimicrobianas do ácido láctico, gerada pela fermentação que levam a cabo as bactérias lácticas. Contudo, a aplicação de acidificantes na

REPRESENTAÇÕES

alimentação animal adquiriu um considerável interesse desde finais do século passado, devido: i) Necessidade de encontrar alternativas à utilização de antibióticos como promotores de crescimento, cuja utilização como preventivo foi proibido na legislação europeia ii) Obrigação dos operadores de alimentação animal de cumprir exigentes requisitos de segurança alimentar em geral e contra algum patogénico em particular (Salmonella em avicultura). É importante assinalar que os ácidos exercem sobre os microorganismos dois tipos de efeitos distintos, embora estreitamente relacionados. Em primeiro lugar, existe um efeito antimicrobiano devido à acidez em si, isto é, a redução do pH extracelular. Todos os microorganismos têm um pH óptimo de crescimento e um intervalo de pH fora do qual lhes é impossível proliferar. Isto refere-se ao pH do meio extracelular, já que o pH intracelular tem que estar necessariamente próximo da neutralidade, inclusivamente o dos organismos que crescem melhor a pHs ácidos (acidófilos). A manutenção destas condições adequadas de pH consegue-se mediante diversos mecanismos de homeostasia (Booth, 1985). As bactérias entéricas, como Escherichia e Salmonella somente crescem a pHs próximos da neutralidade (neutrófilos). Dada a natureza logarítmica da escala de pH, uma diminuição de 1 ou 2 unidades (equivalente a um aumento de 10 ou 100 vezes na concentração de protões) tem um efeito drástico sobre a proliferação

PRODUTOS

SERVIÇOS • QUALIDADE •

• SEGURANÇA CONTACTOS Loteamento Industrial Quinta das Rebelas Rua A, Lote 19, Nr 17 B/D 2830-222 BARREIRO Telef: 351.21 214 84 70 Fax: 351.21 214 84 79 e-mail: geral@brandsweet.pt

MAIS DE UMA DÉCADA A PROMOVER O SUCESSO DA ALIMENTAÇÃO ANIMAL A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

de microorganismos. A maioria das bactérias crescem mal a pHs inferiores a 5, mas este nível de acidez não garante, naturalmente, a esterilidade microbiológica (muitas bactérias podem sobreviver nestas condições durante períodos prolongados de tempo). O segundo tipo, mais importante na prática, é o efeito antimicrobiano específico devido à forma não dissociada (Rodríguez-Palenzuela, 2000). Este efeito consiste em que o ácido penetra no microorganismo (em especial os de menor peso molecular) e se dissocia rapidamente no pH neutro do citosol. Isto supõe para a bactéria um stress incompatível com a sua sobrevivência e sua consequente morte (Figura 1).

contam com sistemas de silos, transportadores e comedouros que supõem possíveis pontos de recontaminação, sempre e quando nestas instalações não se apliquem procedimentos adequados de limpeza e desinfecção. A utilização duma combinação de ácidos apropriados e persistente permite não só evitar a recontaminação da ração, mas também produz um efeito higienizante por arrastamento da ração sobre os equipamentos e tubagens por onde circula. Por outro lado os ácidos, além deste efeito antimicrobiano, são usados no sector da alimentação animal pelo seu efeito positivo na digestibilidade das rações, bem como pelo seu efeito sobre o índice de conversão e crescimento dos animais. Em leitões, os ácidos complementam a insuficiente capacidade de acidificação do animal jovem. Em poedeiras, misturas de ácidos orgânicos utilizados demonstraram prevenir o crescimento de fungos e por sua vez, significaram um aumento na produção de ovos (Van Immerseel et al., 2006). Igualmente, mostrou-se que a adição de misturas de ácidos orgânicos tem efeitos positivos na conservação da ração e na nutrição animal (Partanen et al., 2002; Senkyolu et al., 2007). A utilização de ácido propiónico, fórmico, sórbico e láctico em matérias-primas e rações finais, mostrou-se eficaz como redutor do crescimento de fungos, leveduras e bactérias (Koch, 2005). Exemplos sobre as concentrações mínimas inibitórias de alguns ácidos face a fungos, bolores, bactérias e leveduras encontram-se descritos na Tabela 2.

Figura 1 – Modo de acção efeito antimicrobiano

Dado que as fábricas de rações são responsáveis pelo controlo da qualidade dos alimentos que produzem, a utilização de ácidos orgânicos é um procedimento recorrente e recomendável, contando com a sua actividade microbicida, cuja maior ou menor capacidade de cada ácido orgânico dependerá da sua composição química, principalmente o seu peso molecular, quanto menor for, maior será a sua capacidade microbicida (Tabela 1).

Tabela 2 – Concentrações mínimas inibitórias de ácidos orgânicos

Os ácidos mais utilizados como conservantes são o fórmico (forte bactericida) e o propiónico (potente antifúngico). Utilizados puros, como sais ou suas misturas, sendo muito frequente as combinações de diferentes tipos. Todos os ácidos combinam as propriedades conservantes e acidificantes. Em geral, a combinação de ácidos orgânicos resulta mais efectiva que a soma dos efeitos individuais (Pölönen et al., 1997). Outro benefício da utilização de ácidos orgânicos e/ou misturas destes e seus sais, é a persistência do seu efeito conservante, dado que a ração uma vez saída da fábrica é transferida para explorações pecuárias que na maioria dos casos 38 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

Podemos assim concluir, que a preocupação crescente em segurança alimentar, faz com que as matérias-primas e as rações finais, sejam consideradas um elo importantíssimo na cadeia alimentar e que os seus produtores são os responsáveis pela sua colocação no mercado em condições higiénicas adequadas. Para tal, a utilização das combinações de ácidos orgânicos e seus sais, são o tratamento ideal para reduzir a contaminação e evitar a recontaminação dos alimentos que chegam aos animais. Tal como as tecnologias de fabrico de alimentos para os animais evoluem do ponto de vista de equipamentos e nutrição, a tecnologia de fabrico dos ácidos orgânicos e suas misturas seguem esse desenvolvimento, sendo fundamental acrescentar aos benefícios de higienização e acidificação, mais-valias que visam não só a segurança alimentar, mas também a segurança de instalações/equipamentos, pessoas e animais. Convém eleger combinações de ácidos e sais adequados a cada aplicação e problema concreto, sendo de especial interesse as combinações que permitem uma adequada qualidade higiénica com um mínimo de perigosidade para os operários e corrosividade para equipamentos e instalações.


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ALIMENTAÇÃO ANIMAL PARCERIAS

BESTSUPPLIER, SOLUÇÃO AO DISPÔR DO PROJETO QUALIACA O Projeto Qualiaca, desenvolvido pela IACA em colaboração com a Direção Geral de Alimentação Veterinária, surge como resposta às mais recentes exigências do sector. A necessidade de um apertado controlo de crises alimentares, o reforço da segurança alimentar e o novo enquadramento legislativo relativo às substâncias indesejáveis, levaram a que este Projeto se tornasse prioritário. O objectivo do Qualiaca é desenvolver um plano de controlo a nível nacional que pressupõe uma maior vigilância da qualidade de matérias-primas e alimentos compostos para animais. É neste contexto que a Plataforma BestSupplier se assume como ferramenta valiosa podendo contribuir para o sucesso do Projeto Qualiaca. A BestSupplier é uma Plataforma que visa a interacção entre empresas e a melhoria contínua permitindo a Qualificação e a Avaliação das mesmas segundo critérios de mercado.

Como funciona? Em resultado de uma parceria com a Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais, IACA, a BestSupplier alia-se a algumas das maiores empresas do sector que assumem o papel de tractors, contribuindo para a definição de critérios específicos nos parâmetros de qualificação e avaliação. Isto vai permitir o ajuste da Plataforma às necessidades deste grupo de empresas. Às pioneiras são oferecidas condições privilegiadas de adesão e utilização da Plataforma. Todas as outras empresas associadas da IACA poderão também beneficiar de condições muito vantajosas de acesso e utilização da BestSupplier. As funcionalidades da BestSupplier ajudam as empresas porque permitem uma redução significativa dos custos com a simplificação dos processos de qualificação e arquivo de documentos exigidos. A consequente avaliação,de carácter bidireccional, de todos os aspectos implicados na operação de compra e venda ajudam a uma selecção rigorosa de clientes e fornecedores. Ao subscreverem o serviço prestado pela BestSupplier, as empresas compradoras estabelecem uma lista de requisitos, documentos e certificações a serem carregados na Plataforma pelos seus fornecedores. O fornecedor insere então a documentação 40 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

necessária de acordo com os requisitos. Passa a estar mais organizado e qualificado para fornecer bens ou serviços para todo o mercado. É criado um perfil do fornecedor na BestSupplier baseado na qualificação e avaliação introduzidas na Plataforma. Com a Plataforma BestSupplier, a decisão de compra passa a ser feita com base na qualificação e avaliação. Assim é possível fazer melhores compras e correr menos riscos no negócio. As trocas comerciais decorrem sem problemas. Os fornecedores e os compradores avaliam a prestação das empresas no processo. Com a BestSupplier as empresas certificadas com ISO 9001, entre outras certificações, têm o seu trabalho simplificado uma vez que produzem os relatórios e evidências necessárias através dos dados gerados pela Plataforma. Todos os processos de avaliação sobre o fornecimento geram dados de qualificação e avaliação agregados pela BestSupplier para criar um Benchmarking de mercado.

BestSupplier, Plataforma inovadora promove qualificação e avaliação de empresas Face à conjuntura atual, são muitos os desafios que as empresas enfrentam. Redução de custos, a busca por mais e melhores negócios, alcançar um patamar de confiança e de maior credibilidade, são aspetos que dominam o dia-a-dia das empresas. Na hora de comprar, o preço mais baixo é muitas vezes o critério predominante em detrimento de outros parâmetros, até agora difíceis de apurar, mas fundamentais quando o que se pretende é conhecer a qualidade e reputação do mercado de um potencial fornecedor ou cliente.


Para Compradores Trata-se de uma Plataforma web desenhada para empresas. A BestSupplier é a ferramenta mais completa e acessível do mercado na Qualificação e Avaliação de fornecedores da sua empresa. A implementação da Plataforma é simples e de impacto pouco significativo para a sua organização. Com a BestSupplier pode reduzir significativamente os custos com a simplificação do processo de qualificação, selecção, avaliação, arquivo de informação e interações com fornecedores. A BestSupplier permite comprar melhor ao conhecer novas empresas e a sua avaliação de desempenho no mercado. Passa a conhecer as Qualificações e as Avaliações agregadas dos seus fornecedores e potenciais, assim como alertas sobre possíveis eventos negativos. A BestSupplier suporta o processo de Avaliação estabelecido na ISO 9001, reduzindo o esforço associado às tarefas desta norma.

Para Fornecedores Com a BestSupplier, tem acesso a uma rede exclusiva de clientes e pode manter o contacto direto com as principais empresas da sua área. Uma das muitas funcionalidades da Plataforma passa pela avaliação da sua actividade por parte dos seus clientes. O feedback, transparente e regular, servirá para a melhoria de desempenho, para que possa ir ao encontro das expectativas dos seus clientes e do mercado. Isto permite criar novas relações de confiança e potenciar novas oportunidades de negócio. A BestSupplier ajuda-o a dispor de mais tempo para o seu negócio. Ao Informar todos os seus clientes de que está Qualificado, evita perder horas com a repetição de processos porque a informação e documentos carregados na Plataforma ficam disponíveis para os seus atuais clientes e outros. É ainda possível promover a sua empresa carregando informação institucional (logótipo, imagens, vídeos, catálogos, textos, etc.).

melhores resultados. A Qualificação torna possível certificar uma empresa fornecedora através do cumprimento dos requisitos e da apresentação de documentos e certificados exigidos pela empresa compradora. Isto traduz-se na redução significativa dos custos administrativos.

Avaliação A Avaliação reduz o risco dos negócios e aumenta a confiança entre as empresas. Através de processos cumpridores de critérios rigorosos e de acordo com os sistemas de certificação, são criados indicadores de performance das empresas. Cumpre-se assim o objetivo de determinar o desempenho de compradores e fornecedores contribuindo para a melhoria contínua.

Benchmarking O serviço de Benchmarking é uma ferramenta de informação inovadora que torna possível às empresas a comparação de desempenho de mercado com o da concorrência. O serviço permite uma consulta objetiva e focada, através de filtros de pesquisa que levam à apresentação agregada das avaliações efetuadas entre clientes e fornecedores. Atualmente, a BestSupplier conta com mais de 200 mil empresas em vários sectores registadas na Plataforma, devidamente identificadas e classificadas. São dezenas de avaliações e qualificações feitas diariamente. Empresas pioneiras apostaram na Plataforma e usufruem agora, sob condições muito vantajosas, dos benefícios de utilização da BestSupplier. A BestSupplier é uma solução inovadora e pioneira que serve já de referência ao mercado nacional e assegura posicionamento sólido junto aos mercados internacionais. Até ao final de 2015 prevê-se o alcance de cerca de 50 sectores e mais de 500 grandes empresas compradoras. Para o sucesso da Plataforma contribui uma equipa de especialistas nas áreas de Tecnologia de Informação, Comercial e Marketing, que garantem o acompanhamento na implementação eficaz da BestSupplier para que as empresas beneficiem de todas as suas potencialidades. Saiba mais em www.bestsupplier.eu.

Perfil da empresa e projetos

As mais-valias aportadas pela integração da BestSupplier na relação comprador/fornecedor são várias e assentam em três pilares fundamentais: Qualificação, Avaliação e Benchmarking.

Qualificação A Qualificação aumenta a credibilidade, a confiança e a transparência, promove uma melhor organização e a obtenção de

A BestSupplier conta com uma equipa com uma vasta experiência na implementação de Plataformas eletrónicas na web. Os fundadores da empresa conceberam e construíram a Vortal/econstroi, Plataforma líder B2B em eSourcing e eCommerce tanto no sector privado como no sector público nacional. A solução foi pioneira numa altura em que transações web entre empresas ainda não eram uma realidade. A Vortal/econstroi foi uma das primeiras Plataformas no mundo a implementar a SOA (Service Oriented Architecture) e constituiu um verdadeiro desafio dotando a equipa de valiosa experiência tanto na área das Plataformas eletrónicas como na área das compras. Com a BestSupplier está uma equipa de 30 especialistas nas áreas de TI, comercial e marketing, sob a liderança de António Lima e João Petrucci.

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL SFPM

SECÇÃO DOS FABRICANTES DE PRÉ-MISTURAS

SFPM NOTÍCIAS DA SFPM • No segundo trimestre deste ano, a SFPM fez-se representar nos seguintes eventos: -

Reuniões de Direção da IACA (11.04.14, 15.05.14 e 26.06.14). Reunião Geral da IACA (Fátima, 11.04.14). Reunião FILPORC (Lisboa, 14.04.14). Reunião com SEAIA (Lisboa, 20.05.14).

• Desapareceu mais um amigo e profissional da nossa Indústria: Alberto Gimeno, eng.º Quimico Industrial, especialista no controlo de alimentos para animais, em particular na área das micotoxinas e seus efeitos toxicológicos, e na investigação aplicada de fungistáticos e antioxidantes. Colaborou várias vezes com a IACA e com a revista AA. A IACA prestou-lhe a sua homenagem pública nas Jornadas de Alimentação Animal, em Fátima; nesta revista, apresenta a toda a sua família os seus sentidos pêsames.

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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL


III JORNADAS DE ALIMENTAÇÃO ANIMAL SFPM/IACA Com a presença de uma centena de parti-

e europeu e a sua história recente. Numa

em nutrição animal – o caso das fitases”,

cipantes, entre fornecedores de aditivos e

previsão clássica para 2014, os preços

que recordou a base do seu funcionamento

matérias-primas, industriais de alimentos

da soja deverão descer, mas o compor-

e a especificidade pelos substratos; a

para animais e produtores pecuários,

tamento dos fundos de investimentos é

variação da digestibilidade do fósforo nas

e patrocinado pela USSEC e a Zoétis,

imprevisível.

matérias-primas; o efeito anti-nutricional

realizou-se a 3ª edição das Jornadas de

dos fitatos e a diminuição da sua acção Jesús Perez (and Nutrition / DIN), recordou

negativa pelo uso de fitases bacterianas

os princípios básicos da acidificação e

ou fúngicas, com vantagens ambientais.

A abertura dos trabalhos foi feita pela

das caraterísticas dos acidificantes em

Estas substâncias não são todas iguais,

presidente da IACA engª Cristina de Sousa

alimentação animal, com a apresentação

distinguindo-se pelo seu modo de acção,

que, agradecendo a presença de todos,

“Acidificantes e outros aditivos que forne-

em particular na zona ácida do tubo

realçou a importância da realização destas

cem higiene à ração e melhoram a saúde

digestivo, pela afinidade para degradar

reuniões para a Associação, cumprindo

intestinal”, considerando a distinção entre

os complexos de fitatos, resistência às

o objetivo definido por esta direção,

ácidos orgânicos e inorgânicos, capacidade

proteases endógenas e termoestabilidade.

de dinamizar a discussão de assuntos

antimicrobiana e fatores que a afetam,

técnicos.

objetivos da sua utilização e efeitos nas

José João Sousa Nunes (TNA) abordou

performances dos animais. Terminou, refe-

um tema pouco vulgar “Efeitos da Datura

O engº Pedro Folque, presidente da

rindo a utilização de outros aditivos (óleos

stramonium na alimentação de frangos e

secção de pré-misturas, organizadora

essenciais, butiratos, prebióticos…) na

perús”. Esta planta, infestante de muitas

das Jornadas, mostrou a sua satisfação

melhoria da saúde e microflora intestinal.

culturas, é altamente tóxica devido ao seu

Alimentação Animal.

conteúdo em alcalóides, em particular nas

pelo número de presentes, sinal que este evento se afirma como uma reunião de

José Casanovas (Consultor / Tecnipec)

aves. Embora faça parte da lista das subs-

referência da Indústria de Alimentação

falou sobre “Alterações sanitárias em

tâncias indesejáveis (Dir CE 32/2002), não

Animal. Realçou o número de jovens par-

produção de suínos – a importância da

é normalmente controlada nas matérias-

ticipantes, futuro da nossa atividade, para

alimentação”, referindo que em sua opi-

-primas utilizadas em alimentação animal.

os quais estas reuniões são importantes

nião a ordem de importância dos fatores

como formação profissional e lamentou

que afetam a produtividade alterou-se,

Terminou a reunião Rui Cascais (Vetlima),

a ausência de escolas e universidades.

passando a Alimentação de importante

com uma completa apresentação sobre

Agradeceu a colaboração de todos os

a decisiva. Em particular, o intenso ritmo

“Como atuar perante as diferentes

intervenientes (oradores, moderadores,

de produção provocou um incremento

micotoxinas existentes”. Estes produtos

empresas patrocinadoras e funcionários

de problemas digestivos, o que obriga

tóxicos, de origem alimentar, são atual-

da IACA), a presença dos representantes

a novas formas de alimentação (novos

mente um problema mundial na produção

da DGAV e fez a apresentação global das

perfis de alimentos, transições entre

animal; a sua deteção e quantificação

Jornadas.

rações, manutenção de uma flora digestível

não é fácil, tal como a interpretação dos

estável) e a ter mais atenção aos “agen-

resultados analíticos. Não sendo possível

Com a moderação do Prof. Manuel Cha-

tes imunossupressores” (doenças víricas,

a sua eliminação nos alimentos, utilizam-

veiro Soares, a 1ª parte começou com a

maus encalostramentos dos leitões e as

-se produtos específicos para reduzir os

apresentação de Lola Herrera (USSEC)

micotoxinas alimentares).

seus efeitos, através da sua adsorção ou

com o tema “As proteínas, presente e

bio-transformação intestinal.

futuro: a farinha de soja dos USA”, tra-

Com a moderação do dr. Luís Capitão

zendo informações sobre as produções e

Valente, a 2ª parte das Jornadas iniciaram

Uma síntese das apresentações será

consumos mundiais da matéria-prima soja,

com a apresentação de Rafael Durán

publicada no próximo número da revista

a caraterização do seu mercado mundial

(Dupont / Reagro), “Utilização de enzimas

“Alimentação Animal”. A LI ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS DAS EMPRESAS

SEMINÁRIO BRANDSWEET No passado dia 11 de Março, a Brandsweet – Indústria Química, Lda. realizou o seu seminário no Lezíria Parque Hotel em Vila Franca de Xira, tendo como objectivo a apresentação aos seus clientes de novas e importantes tecnologias ao nível dos produtos e equipamentos para o sector da alimentação animal. Os trabalhos foram iniciados pelo Sr. Ilídio Ramos (Gerente Brandsweet, Lda.), dando o mote para as palestras técnicas que se seguiram. A parceria de longos anos com distintas empresas multinacionais permitiu contar com oradores conceituados, tais como Dr. Mario Garcia pela 3F – Feed & Food, S.L./Kemira, Dr. Emílio Herranz pelo Grupo Nogar – Extrunoga e Eng.º David Argila pela Mangra, S.A.

As temáticas abordadas foram as seguintes: • Formulação de Misturas de Ácidos Orgânicos: Corrosividade, Perigosidade e Volatilidade (3F – Feed & Food, S.L./Kemira) • Extrusão de Cereais: Tecnologia e Resultados (Grupo Nogar – Extrunoga) • Optimização de Humidade nas Rações e Dosificação de Microlíquidos Pós Pelleting (Mangra, S.A.) A satisfação pela realização do evento foi notória por parte de todos os intervenientes, nomeadamente pelos representantes das fábricas de rações e pré-misturas presentes no seminário, bem como pelas representações das entidades competentes do sector (Direção Geral de Alimentação e Veterinária e IACA).

O seminário concluiu-se com um almoço de confraternização para todos os presentes, que permitiu aprofundar e desenvolver ainda mais as temáticas apresentadas e discutidas. A Brandsweet – Indústria Química, Lda. agradece forte afluência e interesse dos seus convidados, esperando que as temáticas apresentadas tenham contribuído para uma melhor e maior oportunidade de sucesso e desenvolvimento no sector e respectivas empresas.

HRV: AOS 32 ANOS DE EXISTÊNCIA ARRANCA UMA NOVA ETAPA! Tudo começou em 1982, por iniciativa de três técnicos e com a designação de Heleno, Ribeiro & Veríssimo. Estabeleceu-se com passos lentos mas sustentados, conquistando, assim, notoriedade ao nível da instalação e da manutenção de linhas de produção de alimento composto. Ao longo de 32 anos, foram muitas as mudanças e, no passado dia 24 de maio, foi o momento de celebrá-las. Mas, mais do que comemorar tantos anos de vida, aquele foi o dia de reunir a família, fun-

“Hoje é um dia muito importante na história dos 32 anos da HRV. A inauguração destas instalações confirma o crescimento sustentado da empresa, alicerçado no empenho

cionários, fornecedores e clientes e abrir

dos seus responsáveis e no reconhecimento

as novas portas. A HRV – Equipamentos

dos seus clientes, fornecedores e parceiros.

de Processo, S.A. tem uma nova, moderna

A vossa presença no concelho da Mari-

e funcional casa na Zona Industrial Casal da Lebre, na Marinha Grande.

nha Grande sinaliza ainda a relevância do nosso território como uma referência de excelência que recebe de braços abertos novos investidores e está sempre disponível para apoia-los”. Foi desta forma que Álvaro Pereira, Presidente da Câmara Municipal da Marinha Grande, acarinhou uma empresa pelo seu sólido percurso e pelo início de um novo ciclo na Zona Industrial Casal da Lebre, na Marinha Grande.

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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

Eram 12 horas e os portões já estavam abertos. Tudo estava preparado para receber funcionários, fornecedores, clientes e amigos da HRV – Equipamentos de Processo, S.A., que não quiseram deixar de marcar presença naquele que era um dos dias mais importantes da história deste grupo. Além de comemorar 32 anos de existência, a HRV deu a conhecer a sua nova casa, numa visita que começou com as intervenções de Álvaro Pereira e Manuel Veríssimo, Presidente do Conselho de Administração da HRV, no momento em que levantaram a bandeira portuguesa que cobria a placa de identificação da empresa. Começava, assim, a visita guiada pelas novas instalações, com todos os amigos e parceiros que têm dado sentido ao crescimento desta empresa. A visita terminou com um convívio,


ordem neste novo ciclo que agora se inicia. “Se estamos no mercado dos alimentos compostos e da biomassa, aí continuaremos, embora as exigências sejam diferentes. Ou seja, antes eram necessárias grandes produções, mas hoje o que importa é otimizar, poupar energia e garantir a segurança alimentar. Já na biomassa, é importante salvaguardar a questão do aproveitamento dos recursos sem destrui-los. De certo modo, temos de saber olhar para as matérias-primas em termos de poupança no sentido de conseguirmos viabilizar os negócios dos nossos clientes que tanto respeitamos”, defendeu o responsável. Pedro Veríssimo deixou ainda uma mensagem a todos aqueles que têm acompanhado o percurso desta empresa: “confiem em nós!”. E é, inequivocamente, de confiança que Álvaro Pereira fala. Enquanto representante máximo da autarquia, o edil demonstrou a sua total admiração pelo percurso histórico desta empresa que escolheu a Marinha Grande para viver. “Num momento em que o nosso país atravessa uma conjuntura desfavorável, sendo necessários novos investimentos, sobretudo direcionados para atividades inovadoras e que sustentem o crescimento económico, a HRV prova que é possível continuar a afirmar-se em Portugal e além fronteiras”, elogiou o autarca. Estarem na Marinha Grande é, por isso, um motivo de orgulho e, essencialmente, uma prova de confiança.

Parceiros sólidos de negócio

sem antes abençoar as novas instalações, pelas mãos de um pároco local. A partir deste momento, um novo ciclo se iniciava. Se, Manuel Veríssimo, o pai, agradeceu, emocionado, o esforço e dedicação de todos os trabalhadores, acrescentando que “sem eles, nada disto seria possível”, Pedro Veríssimo, Filho e Administrador, levantou um pouco do véu daquelas que serão as linhas de orientação deste grupo no futuro: “Podemos esperar solidez e expansão para o mercado internacional. A evolução foi, até ao momento, baseada no mercado doméstico, nomeadamente Portugal, Espanha e um pouco em Marrocos. Com este upgrade e com as novas condições, queremos, sobretudo, chegar aos PALOP, mais concretamente Angola e Moçambique. Já começamos a fazer este trabalho mas o potencial é tanto que nos obriga a ter outra capacidade de resposta”, Flexibilização será também a palavra de

1984 foi também um ano memorável na história da HRV. As marcas agora denominadas ANDRITZ Feed & BioFuel e Geelen Tecniek passaram a ser representadas, em exclusivo, pela HRV, nomeadamente no que diz respeito à instalação e manutenção das suas máquinas em Portugal. Para Andreas Weigle, General Manager da ANDRITZ Feed Technologies, poderia dizer-se que esta relação tem bem mais do que 32 anos de existência uma vez que desde o início que a HRV é sua parceira no mercado português. Um mercado que, comparativamente com outros um pouco por toda a Europa, tem surpreendido pela sua estabilidade. “Comparativamente com outros locais onde já estivemos e que eram um pouco limitados nota-se uma grande diferença. Na Marinha Grande existem boas infraestruturas e para a HRV este é um espaço muito estratégico uma vez que 75% dos seus clientes estão a norte de Lisboa. Podem agora incrementar os seus negócios, estabelecer novas parcerias e têm tudo para crescer”, afirmou. Poderemos, então, esperar mais 32 anos de vida? “Sem dúvida!”, respondeu. “Uma empresa precisa sempre de crescer. Mesmo nos últimos anos, com Portugal a atravessar uma grande crise, a HRV conquistou uma posição no mercado. Pela localização, pelas técnicas e pela A LI ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS DAS EMPRESAS ALIMENTAÇÃO ANIMAL

gestão, estão reunidos todos os fatores para que a HRV continue a ter sucesso”, concluiu Andreas Weigle. Foi no momento em que começaram a sua própria produção de pellets que surgiu esta parceria com a HRV. Em aspetos como o layout industrial ou na escolha dos parceiros, esta relação começou, desde logo, por dar certo. Estamos a falar do Grupo Martos, hoje uma referência nacional no mercado de madeiras, paletes e subprodutos. “Pelo know how acumulado no processo de granulação, o Grupo Martos considerou que a HRV seria o parceiro certo para estar ao seu lado”, afirmou Leonel Marto, Diretor Executivo do Grupo. Em época de aniversário, o responsável deixou os seus votos: “desejo que a HRV continue por muitos anos a criar valor para o nosso distrito de Leiria e para Portugal!”.

32 anos repletos de mudanças Tal como começou por salientar Álvaro Pereira, falar na HRV é realmente falar de um percurso histórico. Decorria o ano de 1982 e, com a denominação Heleno, Ribeiro & Veríssimo, Lda., foi erguido este projeto pelas mãos

de três técnicos especializados no fabrico e manutenção de peças metálicas, na instalação e manutenção de equipamentos e instalações elétricas industriais e na instalação e manutenção de linhas de produção de alimento composto para animais. Foi rapidamente conquistando o seu lugar no mercado, tendo sido escolhida, dois anos depois, para representar as marcas ANDRITZ Feed & BioFuel e Geelen Tecniek. Com a expansão do negócio, era necessário encontrar espaços adequados ao mesmo, tendo, em 1987, rumado de “armas e bagagens” para o que era, na altura, o principal eixo de ligação para o resto do país, o atual Itinerário Complementar 2. Nesse período, a empresa já tinha alargado a sua área de atividade para o fornecimento e processo de equipamentos para a produção de alimentos compostos para animais de estimação. No início da década de 90 deu-se uma nova mudança com a HRV a alargar a sua atuação para as linhas de produção de granulados para alimentação animal com base em subprodutos alimentares, fornecendo, de forma pontual, soluções para a indústria química. A aposta no setor bioenergético surgiu em 2004, com o

desenvolvimento de equipamentos e processo para a produção de pellets de biomassa com alto valor energético. Esta foi, sem dúvida, uma aposta ganha, estando, atualmente, neste segmento a maior fatia da faturação anual da empresa. Foi ainda neste ano que a totalidade da sociedade passou para as mãos da família Veríssimo. Em suma, estes 32 anos de existência edificaram uma empresa que se dedica, por ordem de importância, à instalação de linhas de produção de pellets, às linhas de produção de rações para animais de consumo e às linhas para produção de rações para animais de companhia. A par disto, no setor químico, a empresa tem soluções ao nível de argamassas, argila expandida, plástico granulado, sal, açúcar, café, cereais em geral e todos os produtos sólidos que podem ser armazenados, transportados, manuseados e ensacados. É por tudo isto que, dentro do segmento em que atua, a HRV tem sabido sobrepor-se às vicissitudes do mercado e conquistar a confiança de todos. ARTIGO REDIGIDO AO ABRIGO DO NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO

IACA REÚNE NA PROVIMI COM NOVO DIRETOR GERAL atividades. Foram ainda passados em revista outros dossiers de interesse para o Setor como o problema da resistência antimicrobiana, a Contratação Coletiva de Trabalho, os OGM, as perspetivas de evolução dos mercados, matérias-primas e produtos animais, as relações com a grande distribuição e o posicionamento da IACA em Bruxelas, designadamente no quadro da FEFAC, do Parlamento e da Comissão Europeia. No passado dia 22 de maio, a convite de Jorge Almeida e do novo Diretor Geral, Cidinei Miotto, a Presidente da IACA e o SecretárioGeral, deslocaram-se à Provimi Iberia, SA, não só para conhecer o novo CEO desta nossa empresa associada, mas para falar dos principais desafios do Setor em Portugal e dos objetivos da IACA, designadamente os processos relativos ao QUALIACA e a qualidade das matérias-primas, bem como ao Alargamento da Associação a outras 46 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

O novo CEO da Provimi, que assumiu funções a 1 de maio, exerceu, nos últimos quatro anos, a função de Diretor Comercial da Nutron, sendo responsável por toda a área comercial no Brasil, que incluía elaborar e garantir a execução da estratégia para todas as espécies e regiões do País.

Com esta cooptação abre-se um novo ciclo na gestão da empresa que, prosseguindo a estratégia que tem vindo a ser implementada, passa a ter um foco claro em ajudar as pessoas a atingir as suas metas e colocar a empresa alinhada com a identificação das necessidades dos clientes. Os 20 anos de experiência no Brasil trouxeram uma grande experiência e enorme conhecimento do mercado de Nutrição Animal, bem como todo o processo de gestão do negócio. A IACA deseja ao novo responsável pela Provimi em Portugal, Cidinei César Miotto, na sequência da saída de Jorge Almeida que se reforma depois de 25 anos de serviço, e a quem agradecemos a excelente colaboração com a IACA, as maiores felicidades e sucessos pessoais e profissionais, agradecendo as palavras amáveis, de disponibilidade e total colaboração que são recíprocas.


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NASCEU A FILPORC

Inserida no Congresso Nacional das Carnes, realizado pela APIC, teve lugar no dia 6 de maio, na Universidade Lusófona, numa Sessão presidida pelo Secretário de Estado da Agricultura, Engº José Diogo Santiago Albuquerque, a assinatura da escritura que constitui oficialmente a FILPORC – Organização Interprofissional da Fileira da

AF_raporal_anuncio_148x210mm.pdf

1

14/04/14

Carne de Porco. Como é do conhecimento de todos, trata-se de um projecto antigo, com 20 anos de existência, e que, depois de há dois anos ter sido celebrado um Memorandum de Entendimento entre as IACA, FPAS e APIC, foi agora finalmente concretizado na sua formalização oficial. É evidente que muito há ainda a fazer e o tempo urge, sobretudo se tivermos em linha de conta os apoios a estas estruturas no âmbito da nova PAC e no quadro do novo Programa de Desenvolvimento Rural para 2014/2020. A Fileira precisa de uma estrutura que consiga um ganho de organização e de massa crítica, que fale a uma “só voz” em Portugal e em Bruxelas e que, sem perder a identidade de nenhuma

das suas associações, acrescente valor ao que já fazemos. Pela IACA, assinaram a escritura a Presidente Cristina de Sousa e Diretor Manuel Chaveiro Soares. Do lado da FPAS, o Presidente Vitor Menino e Vice-Presidente David Neves e pela APIC o seu Presidente Carlos Ruivo e Vice-Presidente Carlos Mota.

18:26

A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS

INDÚSTRIA REUNE SOB O TEMA DA SEGURANÇA E QUALIDADE DOS ALIMENTOS PARA ANIMAIS Assembleia Geral da IACA

Reunião Geral da Indústria

No dia em que realizou a sua Assembleia

necessários, tendo em vista os requisitos

seguros, que promovam a qualidade dos

Geral para aprovação do Relatório e

de higiene e de segurança alimentar.

produtos de origem animal produzidos

Contas relativos ao Exercício de 2013 e

De facto, depois das missões comunitárias

em Portugal e reforcem a confiança e

cumprindo uma das missões da Associa-

realizadas um pouco por toda a Europa,

a escolha dos consumidores nacionais.

ção – a garantia de uma sã e leal coope-

pelo FVO, terem detetado algumas falhas

Qualidade, Segurança e Confiança são

ração entre todos os agentes do Setor da

de procedimentos nesta temática, o nosso

assim determinantes na Fileira da Ali-

Fileira da Alimentação Animal – a IACA,

objetivo com a realização desta Reunião

mentação Animal e em toda a Cadeia

em colaboração com a DGAV-Direção-

Geral da Indústria, foi o de fazer o ponto

Alimentar.

-Geral de Alimentação e Veterinária,

de situação em Portugal, apresentando a

Regressando à Reunião Geral da Indústria,

a CESFAC- Confederação Espanhola e

perspetiva regulamentar, corrigirmos os

na Sessão de Abertura intervieram a

a organização francesa TECALIMAN –

aspetos negativos reportados pelos ins-

Presidente da IACA, Cristina de Sousa,

promoveu uma Reunião Geral da Indústria,

petores europeus, possibilitando formação

que para além das boas vindas, referiu os

aberta a todas as empresas, associadas

e informação às empresas, e abordar a

principais objectivos da Reunião, já aqui

e não associadas, subordinada ao tema

realidade em Espanha.

apresentados. Em substituição da Diretora

“Segurança e Qualidade dos Alimentos

No evento, a DGAV lançou o Manual de

Geral da DGAV, Profª Doutora Teresa Villa

para Animais na Cadeia Alimentar:

Boas Práticas para Testes de Contami-

de Brito, interveio José Manuel Costa que

Testes de Contaminação Cruzada e de

nação Cruzada e de Homogeneidade e a

elogiou a realização do evento e destacou

Homogeneidade”.

IACA através da sua Assessora Técnica

a colaboração com a IACA e a necessidade

Contando com a participação de quase 150

Ana Cristina Monteiro, apresentou agora

de um diálogo constante com os atores

pessoas – uma das maiores manifestações

publicamente e depois de o ter discutido

da Fileira da Alimentação Animal, pela sua

de sempre -, o evento, que teve lugar em

internamente numa Reunião Regional

relevância para a segurança dos produtos

Fátima, no passado dia 11 de abril, no Dom

para os seus Associados, o seu Projeto

de origem animal, para além dos aspectos

Gonçalo Hotel & SPA e contou com uma

QUALIACA, cujo objetivo é reforçar o con-

económicos.

série de intervenções sobre o problema

trolo de qualidade das matérias-primas,

Com a moderação de Jaime Piçarra, a

das contaminações cruzadas e os testes

contribuindo para a produção de alimentos

DGAV, através da sua técnica Rita Gon-

José Manuel Costa

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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

Rita Gonçalves

Fabrice Putier

Ana Cristina Monteiro

Ana Hurtado


Lesaffre Feed Additives aditivos comprovadamente inovadores çalves apresentou o Manual de Boas Práticas, um excelente trabalho que está a ser analisado pela nossa Associação, seguindo-se Fabrice Putier, responsável pelo TECALIMAN, apresentou a realidade em França (ver pág. 25 desta Revista) e falou da sua vasta experiência nesta área, tanto mais que tem sido responsável por acções de formação aos peritos dos Estados-membros e da própria Comissão Europeia. Seguiu-se, antes da Assembleia Geral da IACA, a intervenção de Ana Cristina Monteiro que apresentou o QUALIACA. A seguir ao almoço, intervieram Ana Hurtado, da Cesfac, que abordou e aprofundou a realidade em Espanha, não muito diferente da nossa e a terminar, José Manuel Costa apresentou a Perspetiva Regulamentar, tendo em vista a produção de alimentos seguros. Foi um grande acontecimento que muito nos honra e prestigia, sobretudo porque para além das palavras de elogios e estímulo pela oportunidade da realização desta Reunião Geral, o que pode significar que a IACA poderá simbolizar a organização representativa da Fileira da Alimentação Animal, o dia ficou marcado pela adesão e ratificação dos Associados ao Projeto QUALIACA, claramente expressa na Assembleia Geral. Obrigado aos participantes, aos oradores e aos patro-

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cinadores e apoiantes mas sobretudo aos nossos Associados que nos encorajam cada dia a fazer mais e melhor, no interesse da Indústria da Alimentação Animal

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FICHA TÉCNICA ALIMENTAÇÃO ANIMAL Revista da Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais – IACA NIPC­‑ 500835411

TRIMESTRAL ­‑ ANO XXV Nº 88

AGENDA DE REUNIÕES DA IACA Data

Abril / Maio / Junho

1

DIRETOR

2

Cristina de Sousa

4 8 10

CONSELHO EDITORIAL E TÉCNICO Ana Cristina Monteiro Germano Marques da Silva Jaime Piçarra Pedro Folque Manuel Chaveiro Soares

14

COORDENAÇÃO

22 30

Jaime Piçarra Amália Silva Serviços da IACA

ADMINISTRAÇÃO, SEDE DE REDAÇÃO E PUBLICIDADE (incluindo receção de publicidade, assinaturas, textos e fotos) Amália Silva IACA ­‑ Av. 5 de Outubro, 21 ­‑ 2º E 1050­‑047 LISBOA Tel. 21 351 17 70 Telefax 21 353 03 87

EMAIL

11

15

Data 6 7 8 12 14 15 16

iaca@iaca.pt

20

SITE

22

www.iaca.pt

23

EDITOR

24 27 28 29

Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais – IACA

EXECUÇÃO DA CAPA

Data

Pedro Moreira da Silva

1e2 2 3 4 4a6

EXECUÇÃO GRÁFICA Sersilito ­‑ Empresa Gráfica, Lda. Travessa Sá e Melo, 209 4471­‑909 Gueifães ­‑ Maia

PROPRIETÁRIO Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais ­‑ IACA Av. 5 de Outubro, 21 ­‑ 2º E 1050­‑047 Lisboa

DEPÓSITO LEGAL Nº 26599/89

REGISTO Nº 113 810 no ICS

50 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

9 11 17 18 20 24 26

ABRIL 2014

Comité EFMC da FEFAC Reunião do Conselho Fiscal Reunião da Comissão Executiva VI Congresso de Ciências Veterinárias Reunião na IACA com a associada “Rações Zêzere,SA” Reunião da Contratação Coletiva com Sindicatos Reunião Extraordinária da Direção Assembleia Geral Ordinária Reunião Geral da Indústria Reunião FILPORC Reunião com AIP Portugal AGRO 2014 Reunião da Comissão Executiva Sessão de Esclarecimento FPAS Mesa Redonda sobre milho transgénico – Fac. Ciências Porto

MAIO 2014 Congresso APIC Reunião na Secretaria de Estado da Alimentação e da Investigação Agroalimentar Reunião e visita à associada Raporal com Jornalista da “Revue de l’ Alimentation Animale” Reunião da Comissão Executiva Audiência na Secretaria de Estado da Alimentação e da Investigação Agroalimentar (Protocolo QUALIACA) Reunião da CT 37 Comité Alimentos Compostos da FEFAC Comissão Executiva Reunião da Direção da IACA XVI Congresso da Associação Portuguesa de Buiatria Audiência na Secretaria de Estado da Alimentação e da Investigação Agroalimentar Visita à associada PROVIMI Plataforma Peço Português Reunião com a ASAE Inauguração das instalações de H.R.Verissimo Reunião sobre Contratação Coletiva com a ANIA III Jornadas de Alimentação Animal SFPM/IACA Reunião com Sindicatos sobre Contratação Coletiva

JUNHO 2014 Visita da Delegação MAIZAL Mesa Redonda “OGM/Biotecnologia e Impactos na Cadeia Alimentar” Comité de Acompanhamento do ProDer IV Workshop de Produção Animal (Escola Superior Agrária de Santarém) 57.ª Assembleia Geral da FEFAC Participação na Conferência “Política Agrícola Comum 2014-2010 – Decisões Nacionais” Intervenção no Seminário ANAPO/ SPAMCA Intervenção no “IV Encontro Biotecnologia e Agricultura: O Futuro é Agora” Workshop “Os desafios da Alimentação no Mundo e o Papel do Codex Alimentarius” Reunião da Comissão Executiva “Grupo Consultivo dos Cereais, Oleaginosas e Proteaginosas” (DG AGRI/Comissão Europeia) Comité Food Drink Europe Seminário ACICO 2014 Reunião da Direção da IACA


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março.abril 2011 - AVES e OVOS, nº 214 A L I ME N TAÇÃO A N I M A L |

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