Superando crenças disfuncionais | Celebrando a Recuperação IBAB | 10.05

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Superando Crenças Disfuncionais Estudo baseado na Terapia Cognitivo Comportamental “Quem semeia pensamentos colhe ações, quem semeia ações colhe hábitos, quem semeia hábitos colhe caráter, quem semeia caráter colhe destino”. (Tennyson) “Se os teus olhos foram bons, todo o teu corpo terá luz”. (Mateus 6:22)

O que é cognitivo? Cognição é o processo de aquisição do conhecimento por meio da percepção, da atenção, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamentos e linguagem. De uma maneira mais simples, podemos dizer que a cognição é a forma como o celebro percebe, aprende, recorda e pensa sobre toda informação captada através dos cinco sentidos.

Terapia Cognitiva: O princípio básico da terapia cognitiva é que a forma como pensamos sobre uma determinada situação, influencia na emoção e reação, ou comportamento, portanto, não é a situação em si que determina como nos sentimos e reagimos, mais sim, a forma como interpretamos essa situação. Geralmente essas interpretações são feitas através de pensamentos automáticos

que

muitas vezes, não refletem a realidade, ou seja, elas podem não ser precisas. “Não é o problema em si que determina como nos sentimos e agimos, e sim a forma como interpretamos o problema”.

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Pensamentos automáticos Pensamentos automáticos são fluxos de pensamentos que todas as pessoas têm. Eles são pensamentos que simplesmente parecem saltar dentro de nossas cabeças. Nós não estamos deliberadamente tentando pensar neles, por isso os chamamos de pensamentos automáticos. Na maioria das vezes são realmente rápidos e ficamos muito mais cientes da emoção que ele gera: tristeza, ansiedade, medo, raiva etc. Muitas vezes eles são distorcidos e mentirosos, mesmo assim, reagimos como se fossem verdadeiros. Identificar os pensamentos automáticos e desenvolver, se permitir, pensamentos alternativos é uma tarefa de cada celebrante.

Exemplo: Quatro pessoas saem para caminhar e enfrentam a mesma situação: Um amigo passa e não as cumprimenta. PRIMEIRA PESSOA Situação: Amigo passa e não o cumprimenta viu

Emoção: Raiva

Pensamento: Ele fingiu que não me

Comportamento: Abordá-lo com agressividade quando

o vir novamente. SEGUNDA PESSOA Situação: idem

Pensamento: O que foi que eu fiz?

Emoção: Ansiedade

Comportamento: Ir embora preocupado, pensando sobre o que ele pode ter feito ao amigo.

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TERCEIRA PESSOA Situação: Idem gosta de mim.

Pensamento: É sempre assim, os amigos se afastam. Ninguém Emoção: Tristeza

Comportamento: ir embora triste

QUARTA PESSOA Situação: idem

Pensamento: Ele deve estar ocupado e nem me viu.

Sem alteração, sereno .

Emoção:

Comportamento: Segue o seu caminho normalmente

Situação leva a um pensamento, que leva a uma emoção, que leva a um comportamento.

Situação → pensamento → emoção → comportamento = ação Este modelo de psicoterapia sugere que muitas vezes concluímos sobre situações de forma automática, utilizando um padrão de pensamento já pronto, sem questionar sua validade, veracidade e utilidade. Este padrão de pensamento tem origem nas crenças que temos sobre nós mesmos, o mundo, e o futuro.

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Crenças São percepções inconscientes que temos acerca nós mesmos, a ponto de entendermos que fazem parte de nós, achamos que estamos amalgamados às mesmas, achamos que são verdades absolutas de quem somos de quem o outro é e do que o mundo é. Esta crença pode operar quando estamos mais vulneráveis (fome, sono, depressão) e pode também estar operando na maior parte do tempo. Temos a tendência de enxergarmos de maneira seletiva somente informações que confirmem esta crença, (pensamentos automáticos),

desconsiderando

informações

contrárias

às

mesmas

(pensamentos

alternativos). Inconscientemente precisamos validar esta crença no nosso dia a dia. Os pensamentos automáticos alimentam a nossa crença.

Três crenças centrais 1. Desamor – Normalmente se identificam com o grupo da dependência emocional e codependência. Pensamentos automáticos da crença de desamor; 

Não sou amado, querido, sou negligenciado, preterido;

Sempre serei rejeitado, abandonado, sempre estarei sozinho;

Não sou bom o suficiente para ser amado;

Sempre estarei aquém do outro.

2. Desamparo – Incapaz, incompetente, dificuldades no trabalho. Pensamentos automáticos da crença do desamparo:

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Não tenho nada a oferecer;

Sou um perdedor;

Sou inferior;

Não sou bom o suficiente;


Sou vulnerável;

Sou ineficiente;

Não sou objetivo;

Não tenho atitude;

Sou fraco;

Sou incompetente;

Não consigo me proteger;

Sou um perdedor;

Não consigo mudar.

3. Desvalor - Inadequado, fobias sociais, dificuldades de relacionamentos, vergonha. Pensamentos automáticos da crença de desvalor: 

Não tenho valor;

Problemático;

Deficiente;

Sou inaceitável;

Sou um nada;

Não mereço viver;

Sou cruel;

Sou muito feio;

ESTRATÉGIA COMPENSATÓRIA São ações que fazemos no nosso dia a dia na tentativa de fazer com que esta crença não se concretize e não se cristalize, não se materialize. É Como escolhemos lidar com o sofrimento eminente que a crença causaria quando ativada.

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Exemplos de estratégias compensatórias relativas a cada crença Crença do Desamor: Sou desgostável, abandonável, rejeitável. Hiper-compensação: 

Autos sacrifício;

Sempre disponível para o outro;

Busca de reconhecimento (precisa sempre ser visto, notado, apreciado);

Sacrifica suas próprias necessidades: sono, alimentação descanso, lazer;

Necessidade de aprovação;

Evita emoção negativa;

Busca de reconhecimento;

Evita confronto;

Tenta controlar situações, e pessoas.

Evitação: 

Focar apenas em si mesmo

Desenvolvimento de relacionamentos superficiais

Crença do Desamparo: Incapacidade Hiper-Compensação

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Perfeccionista - Tem que fazer tudo de maneira perfeita;

Exageradamente responsável;

Controlador;

Ativista;

Pode criar rituais (obsessivo compulsivo);

Não sabe lidar com o inesperado;

Dependência regressiva (pede ajuda para o que sabe fazer);


Tende para o vício do trabalho- (workaholic);

Pragmático, pontual- não sabe lidar com incertezas

Evitação; 

Não fazer nada para não correr o

risco de comprovarem sua

“incapacidade”; 

Procrastinação;

Falta de foco;

Pensamento automático de “Tudo ou Nada”;

Abdicar a decisão para outros. (Tendência à falsa submissão).

Crença do Desvalor Hiper-compensação 

Pode construir um império;

Pode parecer um Don Juan;

Precisa controlar para assegurar-se que tudo dará certo;

Precisar estar sempre muito bem vestido, arrumado, roupas de marca;

Freqüentemente participar de cursos de aprimoramentos seja na área pessoal, ou corporativa;

Interesse e busca de cirurgias plásticas, bons cabelereiros, e procedimentos de estéticas em geral.

Evitação:

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Não se relacionar;

Reclusão, melancolia e depressão podem fazer parte do seu dia a dia;

Evitar atenção sobre si mesmo;

Propositalmente demonstrar-se incompetente;

Distanciar-se do outro;

Fugir de intimidade;

Resignação;


Dismorfia (acredita ter defeitos físicos que não possui).

Profecia Auto- Realizante: O tiro sai pela culatra Desamor - rejeição O falar muito, estar sempre disponível para o outro, não se cuidar, não se olhar, pode levar o outro a se afastar. A companhia desta pessoa se torna pesada e difícil (saco sem fundo). Com o afastamento do outro, a crença da rejeição e desamor, é validada de fato. “Está vendo, eu não sou gostável, sou abandonável, não sou amada”. Desamparo – Incapacidade As sementes do perfeccionismo, controle, e perfeição frutificam o senso de incapacidade social. Esta pessoa acaba não conseguindo se relacionar fora do ambiente de trabalho, sua vida pessoal é demasiadamente restrita, o relacionamento em família se torna um grande peso. O estresse envolvido para ser bem sucedido no trabalho rouba lhe a energia social. A pessoa fica desfalecida sem capacidade de relacionamento interpessoal, o que ratifica e valida sua crença inicial de incapacidade. Desvalor – inadequação Como não me permito relacionamentos próximos, não construo reciprocidade, ficando isolado. Desta forma a crença de não ter valor, e ser inadequado se concretiza. A crença de ser inadequado, feio e inaceitável como sou, acaba sendo validada. Estratégias compensatórias:

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Proporcionam alívio momentâneo;

Tem data de validade;


Somente quando passa a não dar conta, é quando possivelmente podemos nos dar conta da mesma;

É um tipo de analgésico;

Funciona apenas em curto prazo.

Estratégia de Enfrentamento - Processo pelo qual a crença pode ser desarticulada Processo pelo qual eu conscientemente, cognitivamente, descido enfrentar a crença, através da verdade de quem sou de fato: “Filho amado de Deus”. É o processo pelo qual: 

Reconheço e questiono os pensamentos automáticos alimentados pela crença;

Acolho e pondero pensamentos alternativos;

Tolero a ansiedade à curto prazo da crença que tenho;

Desafio o risco do abandono, incapacidade e inadequação.

“Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”

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COMO O PROGRAMA CELEBRANDO A RECUPERAÇÃO PODE NOS AJUDAR 1. Nossa identidade é estabelecida, ratificada como os Filhos (as) Amados (as) de Deus. 2. Identificamos e confessamos semanalmente no grupo de apoio os nossos pensamentos automáticos e crenças disfuncionais acerca de nós mesmos e do outro.

3. Somos incentivados a adotar estratégias de enfrentamento através de

nossos

padrinhos, madrinhas, prestadores de contas, lições e palestras. 4. Somos fortalecidos ao nos dar conta de que nossas estratégias compensatórias estão sendo desafiadas, desarticuladas e se tornando obsoletas no nosso processo de recuperação.

5. As crenças disfuncionais vão perdendo seu vigor, nosso mundo vai se abrindo para verdades que nunca tínhamos percebido. (Jo:10:10) 6. Um dia de cada vez, nossa estratégia compensatória vai dando lugar a estratégia de enfrentamento e assim nossa crença vai sendo reestruturada e validada pela nova família que vamos formando ao longo desta caminhada.

“Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz”

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