Produção Cultural na Narração Artística

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Projeto aprovado na Lei Aldir Blanc MG - Edital 14 - Ano 2019

Caderno de conversas sobre produção cultural na narração artística

Aline Cântia


Primeiras reflexões

"Se a gente puder ir devagarinho como precisa, e ninguém não gritar com a gente para ir depressa demais, então eu acho que nunca que é pesado." Guimaraes Rosa Este texto procura refletir a produção cultural na jornada profissional dos contadores de histórias, a partir das pesquisas que venho realizando ao longo dos últimos anos e de entrevista realizada com 25 artistas da palavra de diversas regiões do Brasil. Trago um pouco da minha experiência de quinze anos como narradora e de dez anos à frente do Instituto Cultural Abrapalavra, onde tenho sido idealizadora e diretora geral de projetos como Candeia: Mostra Internacional de Narração Artística, BH ao pé do ouvido, Era uma Voz: ciclo de reflexões sobre narração artística e outras linguagens, Contos de Lá nos Cantos de Cá, além de entre outras vivências, formações, criações, participação em festivais e de maneira muito particular uma relação profícua com narradores de histórias, movimentos, grupos do Brasil e alguns do exterior, sempre conversando e refletindo as possibilidades e os desafios para uma caminhada mais sustentável na arte da palavra oral.

Pensar a sustentabilidade do trabalho dos contadores de histórias contemporâneos é algo que me atravessa há muito tempo e este estudo é um primeiro recorte feito a partir de um compartilhamento de experiências minhas e de diversos outros profissionais. O convite é para que façamos aqui uma roda de conversa em que cada fala pode nos trazer novas formas de referência, um desejo de lutar junto por algo, um pensamento que traz outros, a vontade de fazer uma pergunta (e que talvez não seja respondida aqui), uma dúvida, uma discordância, e por aí vamos noite ou dia adentro.


A primeira vez que eu me perguntei como faria para que o meu trabalho como narradora fosse sustentável foi em 2008 quando fui participar de um festival no interior de São Paulo, na cidade de Votorantim, organizado pelo contador José Bocca. Na época, eu ainda trabalhava como professora universitária no período noturno e pedi autorização para mudar de horário com outro professor. Diante da negativa do pedido, resolvi mesmo assim ir ao festival e também ir à faculdade dar minhas aulas. O que eu fiz foi dar aula na quarta-feira até às 22h30, pegar o ônibus para a cidade às 23h30. Cheguei lá pela manhã de quinta, participei de todas as atividades, fiz nossa apresentação à noite no teatro. Na sexta pela manhã eu fui de ônibus para São Paulo, lá peguei um avião para BH, dei aula normalmente até às 22h30 e peguei novamente o ônibus da noite para continuar aproveitando o festival. Ainda me lembro de como este movimento foi importante para que eu pudesse redirecionar os caminhos, uma vez que estava ficando cada vez mais difícil conciliar as viagens e desejos por uma vida dedicada à narração e o trabalho CLT. Era preciso escolher e como toda escolha exige uma renúncia, fiz algumas conversas comigo mesmo, outras com o Sílvio - meu acupunturista, com o Marcelo – meu terapeuta e muitas outras com artistas que já tinham feito este caminho antes de mim. Decisão tomada e 3 meses após esta via sacra, estava debruçada na janela de madeira da casinha em que eu morava em Santa Tereza, pensando como seria dali pra frente. Nesta época eu já trabalhava com o músico Chicó do Céu que se tornou o meu grande parceiro nessa caminhada e com quem até hoje divido tudo isso que vou contando aqui. Na janela mesmo, peguei um caderno e fiz um desenho com três palavras que se uniam: criação – financiamentos - público. Embaixo a data de 1 ano como primeira meta. Para mim era fundamental olhar para estes três pontos. Agora que eu teria mais tempo para o trabalho, precisaríamos trabalhar na criação artística da narração, precisaria descobrir como financiar isso e como conseguir formar público para que fizesse sentido toda essa escolha. Ter um parceiro de trabalho para dividir essas questões era importantíssimo.

O primeiro passo que dei foi abrir uma empresa MEI (que também dava seus primeiros passos) e o segundo foi procurar um curso de produção cultural que naquela época ainda não era tão acessível e difundido. Foi quando encontrei o curso do Observatório da Diversidade Cultural, que estava abrindo um processo seletivo para a segunda turma. Seriam 6 meses de curso no Palácio das Artes, à noite. Aquele era um universo novo para mim e foi fundamental para que eu entendesse que produção cultural era muito mais que escrever e enviar projetos para um edital. Trazer a produção para dentro do nosso trabalho com a narração de histórias só teria sentido se ela fosse ocupada por mais pessoas, ideias, linguagens, áreas, conteúdos. E ali, eu que já gostava do coletivo, nunca mais segui sozinha no mundo da narração artística.


Outros caminhos Antes de iniciar este trabalho da produção, eu já tinha coordenado projetos de extensão, participado da criação de uma revista, viajado e escrito iniciativas para o projeto Rondon Nacional e experimentado uma produção bem caseira em uma viagem que fiz com os músicos Chicó do Cèu e Teo Nicacio - do Pará até a Bahia, passando pelo sertão e trocando hospedagem, alimentação e transporte por apresentações artísticas e oficinas. Mas o primeiro projeto que escrevi de maneira formalizada foi para um edital da Funarte, chamado Circulação Literária. O objeto era levar apresentações artísticas, oficinas e rodas de conversa por 4 cidades do interior de São Paulo, Minas e Goiás – que se ligavam pela rota feita pelos quilombos. Após aprovado e o dinheiro em conta, foi a hora de colocar no bolso as experiências, as aulas do curso e aquelas três palavras anotadas num papel. Não daria para escrever aqui todos os aprendizados deste projeto, mas depois dele passamos a pensar especialmente sobre como ampliar nossas vozes, institucionalizar os processos, investir em pesquisas, estabelecer conexões interculturais e trabalhar com ações formativas. Paralelamente a estes pensamentos continuávamos a produzir artisticamente, a viajar para festivais no Brasil e no mundo, a produzir outros projetos e sempre que era possível, escrever, publicar e falar sobre eles.

E foi aí que, em 2011, demos um passo a mais e nos tornamos uma OSC – Organização da Sociedade Civil, fundando o Instituto Cultural Abrapalavra. Ao mesmo tempo passei a atuar mais ativamente nas discussões de políticas públicas para cultura, buscando entender qual lugar poderia ser destinado para a narração de histórias, participei de encontros, conferências, congressos, redes. A minha formação em jornalismo, o mestrado em Estudos Literários (UFMG) e posteriormente o doutorado em Educação (UFF-RJ) contribuíram para que eu pudesse transitar com essas questões pelos espaços formais e não-formais de educação, além de ajudar a pensar a narração de histórias e suas linguagens e processos dentro de um espaço acadêmico que ainda não possui áreas de concentração e linhas de pesquisa acadêmicas específicas sobre essa arte de palavra. Paralelamente, as nossas viagens para festivais em diversas partes do mundo me possibilitaram conhecer outros projetos, festivais e especialmente jeitos de fazer produção cultural e políticas públicas para a narração de histórias. Também fizeram parte deste caminho os eventos literários que passamos a realizar dentro do Instituto Abrapalavra, sendo que o primeiro deles foi a Candeia: Mostra Internacional de Narração Artística. Pensar o nome “narração artística” foi um caminho bem intencional porque queria buscar um nome que conseguisse trazer a ideia de um encontro que valorizasse a palavra que se expande – pelas histórias, pela poesia, pela música, pelas artes visuais. Posteriormente, essa expressão passou a ser utilizada em diversos espaços, cursos e também muitos contadores de histórias passaram a se declararem narradores artísticos. Gosto muito de pensar como pensar os conceitos é importante para trabalharmos e articularmos a identidade do que somos. A Candeia, que está indo para a quinta edição, tem se tornado um espaço para apreciação artística e também para discussões importantes sobre o ofício do contador de histórias, uma vez que participam narradores de diversas partes do país e do mundo e sempre há uma programação de debates e oficinas sobre gestão, produção, mercado de trabalho, entre outros. Aliás, da Candeia nasceu o Era uma Voz: ciclo de reflexões sobre a narração artística, um evento voltado especialmente para debates.


COLETIVIDADE

ENCONTROS

Na complexidade que envolve todo o processo de produção algo que sempre foi muito presente no Abrapalavra foi o trabalho coletivo que chamamos de ‘produção afetiva’. Quando vivíamos unicamente da venda dos trabalhos, que era basicamente apresentação artística e cursos de formação, já tínhamos uma equipe mínima de trabalho, formada por 3 pessoas, além de mim e do Chicó, que nos apoiavam na produção executiva, contabilidade e gestão. As formas de remuneração dessas pessoas foram sendo organizadas e readequadas ao longo do tempo, seja por valores fixos ou porcentagem dos trabalhos mensais. Entender todo o processo de produção e reconhecer a necessidade dele para que chegássemos a outros projetos foi primordial para manter esse trabalho vivo.

Esses caminhos foram acordando em mim um lugar de gestora e produtora que estava sempre à serviço das narrativas, foi me ensinando como ser objetiva e ao mesmo tempo flexível junto aos tempos dos processos de criação e de gestão. Conversar sobre produção cultural, caminhos da profissionalização do contador de histórias, discutir formatos de financiamento, participar de discussões sobre editais, entre outros, sempre me atravessa muito. A oportunidade que a Lei Aldir Blanc MG me ofereceu por meio do Edital Bolsas 14 foi de ampliar essa conversa e trazer para cá algumas reflexões de como eu caminhei e também sobre como outros contadores de histórias têm caminhado. Nas próximas páginas colocarei algumas questões que foram colocadas para 25 contadores de histórias do país, e as respostas de como eles têm atuado, pensado e resistido. É ainda uma conversa inicial mas que, espero, seja uma daquelas cortinas que se abrem para que possamos olhar um pouco além delas.


Sobre a conversa com 25 narradores de histórias 1

Como foi realizada

Foi criado um formulário no google com 14 perguntas sobre a realidade dos editais na cidade de residência, a experiência e histórico de cada narrador(a) com produção cultural, os entraves que encontram, os projetos que têm realizado, como é a forma de financiamento deles, os planos e desejos para o futuro, como foi a reinvenção durante a pandemia, entre outras.

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Narradores e cidades participantes

Foram convidados narradores de histórias que atuam profissionalmente já tinham atuação junto aos projetos do Instituto Cultural Abra Palavra. O objetivo também foi descentralizar e por isso tivemos narradores de Belo Horizonte-MG (08), Salvador-BA (02), Ilhéus-BA (01), Maringá-PR (01) , PirassunungaSP (01), Contagem-MG (01), São Paulo-SP (04), Fortaleza-CE (01), Ituiutaba-MG (01), Caratinga-MG (02), Ibiuna-SP (01) e Rio de Janeiro-RJ (02).

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Sobre a existência de editais nas cidades

Das 25 cidades, 17 têm editais locais com categoria de narração de histórias e 8 não têm.

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Sobre a utilização de financiamentos por meio de leis de incentivo à cultura

Dos 25 entrevistados, 10 utilizam, 10 não utilizam, 2 utilizam pouco e 3 sempre estão tentando


Alguns relatos de experiências com a inscrição de projetos em editais locais MÁRIO ALVES (MG) Em 2020, pela primeira vez na vida, inscrevi um projeto para a Lei Municipal de Incentivo à Cultura de BH. Embora não tenha sido aprovado, percebo que a experiência foi importante para aumentar a consciência sobre meu trabalho, percebendo com mais clareza os limites a serem superados. Contar com a colaboração de pessoas generosas e mais experientes também foi importante para lidar com as incertezas, inseguranças e dificuldades. Me sinto menos ‘cru’ e, ao mesmo tempo, mais encorajado para as próximas tentativas.

JÚLIA BARROS (CE) Sim, o meu estado tem investido bastante na cultura, principalmente no fomento a cultura popular, tradicionais. O investimento tem sido muito importante para pesquisa e circulação e manutenção da arte de contar histórias

MARIA CÂNDIDA FIGUEIRA (SP) Fui a proponente e curadora do primeiro encontro de narradores orais, virtual, pela Lei Aldir Blanc deste ano (2021) - o "Arte-ofício da palavra coragem" - na minha cidade, disponíveis em: https://www.youtube.com/channel/UC WVKrzCAQGiDVgmvb7GSFDA Participei de outros no meu estado e também internacionais; todos, muito significativos para mim.


Alguns relatos de experiências com produção cultural ANA RAQUEL (MG) Minha experiência veio do tentar e fazer. Tive ajuda de amigos pridutires que tinham maior experiência em escrever projetos e me ajudaram com o primeiro. Mas sempre escrevo sozinha e com muitas dúvidas e enfrentando muitas dificuldades. Em 2017 fiz parte da Comissão de avaliação de projetos do Fundo Estadual de Cultura e isto me ajudou a conhecer o processo. Mas sempre enfrento muitas dificuldades, Principalmente com a escrita e depois acompanhando as datas e deferimentos.

ISAAC LUIZ (MG) Atuo como narrador no trabalho musical que desenvolvo com a Cia Pé de Moleque.Além de atuar como músico adoro narrar histórias nas apresentações da Cia em diversos espaços.Quando fazemos algum evento maior em que há uma equipe de produção é sempre muito bom pois normalmente adiantam bastante as coisas pra gente.Quando são eventos menores ,nós mesmos quem fazemos tudo.O que é super cansativo.Mas,é a realidade de boa parte dos artistas..então..vamos que vamos!!

DANIELLE ANDRADE (BA) Eu trabalho sempre com projetos simples que envolvem circulação em escolas e comunidades e mesmo assim acho impossível trabalhar sem o acompanhamento de uma produtora. Quando faço minhas produções sozinha é sempre por falta de dinheiro e fico me sentindo muito capenga. Há três anos decidi não fazer mais nada sem produção e isso me fortaleceu e deixou o trabalho mais redondo, bem acabado.

DANILO FURLAN (PR) Infelizmente ter um equipe de produção custa caro e os cachês estão cada vez mais baixos.

NADJA CALÁBRIA (MG) Eu tive a oportunidade de trabalhar com um projeto aprovado pelo Fundo de Cultura e tivemos a contratação de profissionais de produção, mas sem recurso não tem como contratar uma equipe de produção para nossos espetáculos.


Alguns relatos de projetos...

WARLEY GOULART (RJ)

SAMUEL MEDINA (MG)

Tenho realizado exposições presenciais e virtuais de nosso acervo de cenários têxteis, composto por obras de tecido produzidas há 24 anos. Faço formação de contadores de histórias há 20 anos, na especialidade da relação do narrador com a produção de recursos plásticos narrativos. Tenho criado sessões de histórias a partir da obra de escritores ou contos de tradição oral de origens diversas.

Nossa, que pergunta difícil. Faço parte do Coletivo Narradores que realizou um importante projeto de gravação de narrativas orais, com financiamento coletivo. Participo de projetos no setor público na Gerência de Bibliotecas e Promoção da Leitura e da Escrita, com oficinas literárias, apresentações de narração de histórias e propondo programações.

BÁRBARA AMARAL (MG) Faço apresentações em espaços culturais e escolares regularmente. Já participei de festivais e encontros internacionais de narração de histórias representando MG-Brasil (Perú, Costa Rica, Colombia, México, Irã). Sou mediadora de formação para professores na área de narração de histórias no ambiente escolar.

KEU APOEMA (BA) Eu trabalhei um bom tempo com performance e produção de minhas próprias coisas (desde 2000 até 2013). Entre 2014 e 2016, fui pra Timor-Leste, entrei pra universidade, aí, trabalhei com a formação de um grupo de contadoras de histórias. Desde que entrei para a universidade, primeiro em Timor-Leste, depois no Brasil, ainda durante o doutorado e quando entro para a UFSB, ocupo um lugar, de certo modo, confortável, na medida em que vou empreendendo ações com alguma estrutura. Meu grande desafio dos últimos anos tem sido pensar em como voltar para a cena artística e em como construir um trabalho independente da universidade. Estou neste momento.

BIA MUSSI (MG) Atuo como narradora do projeto Literatura Acessivel do Instituto Incluir e coordeno a Casa Viva Meraki (Caratinga-MG)

MARIA CÉLIA NUNES (MG) Faço parte do Projeto "Contando Histórias" da Biblioteca Infantil e Juvenil de Belo Horizonte, juntamente com outros contadores.Dentro do projeto temos a oportunidade de narrar histórias em vários equipamentos culturais ligados à Fundação Municipal de Cultura


Alguns relatos de entraves no trabalho de narração, no quesito produção

WARLEY GOULART (RJ) No tocante ao trabalho do contador de histórias no Brasil, não prevalece a ideia de haver artistas profissionais. A maioria acredita que qualquer pessoa pode realizar o trabalho de forma satisfatória, porque a demanda confunde narração oral com recreação ou produção virtual de conteúdo, sem associar o artista a um fazer artístico espiritual sofisticado. Tal sofisticação não tem nada a ver com elitização dos meios de produção. A sofisticação da qual trato aqui fala diretamente sobre o aprimoramento do próprio artista sobre seus recursos, em um exercício constante e investigativo de seu próprio caminho.

DANIELLE ANDRADE (BA) Acho que por ser um trabalho que nem sempre é valorizado, precisamos lutar, debater e manter uma postura muito firme para sermos bem remuneradas e muitas vezes é difícil conseguir manter está remuneração para duas pessoas, no meu caso que trabalho sozinha. E o que acontece é que é estressante trabalhar sozinha, sem alguém perto para verificar junto o espaço, organizar a apresentação e também estar atento caso algo aconteça. Trabalhar sem produtor, exige um estado de alerta e um foco muito maior.

JULIANA DAHER (MG) Não consigo acompanhar editais publicados,escrever e submeter projetos, divulgar com constância o trabalho nas redes sociais e elaborar conteúdos para postagem,fazer contatos com eventos e instituições, fazer tudo isso sozinha, conciliando com outros trabalhos (por necessidade financeira) e sendo mãe de duas crianças. É impossível. Sempre fico pra trás. Perco editais,tenho redes sociais desatualizadas, não consigo circular com meu trabalho por falta de divulgação.

MÁRIO ALVES (MG) Tenho muita dificuldade em colocar preço.

JULIA BARROS (CE) Mais espaços culturais na cidade com programação de contação de histórias;

CARLOS BARBOSA (MG) O entrave é exatamente, o fato de que: se foi não tem uma equipe de produção por exemplo; você completamente fora do mercado profissional de narração artística, será sempre um Carlos Barbosa, será convidado esporadicamente, para participar de algum evento, já organizado por uma produção prévia, onde você terá que ir contar suas histórias selecionadas e tchau. ou seja, você não entrará no mercado, ou não será entendido, valorizado.


Alguns desejos para um futuro próximo...

FABÍOLA QUINTÃO (MG)

SANDRA BITTENCOURT (MG)

Gostaria de trabalhar com contação de histórias em presídios e em hospitais. É uma prática que deveria acontecer nos mais diversos lugares: empresas, hospitais, presídios, casas de longa permanência para idosos, entre outros. Em abrigos de crianças, também seria outro lugar no qual gostaria de atuar.

Que nossa arte seja reconhecida tanto como as outras.

BÁRBARA AMARAL (MG)

WARLEY GOULART (RJ)

Que a sociedade respeite e compreenda a narração de histórias como uma manifestação artística e um potencial campo de pesquisa acadêmica. O que não acontece ainda porque muitos pensam nela como entretenimento, como algo a ser trabalho apenas com público infantil. 2. Que eu possa ser uma trabalhadora da narração de histórias e que através dela possa ter uma renda que me gere condições de viver com dignidade e conforto.

Que a notoriedade do artista-narrador possa se dar a partir de seu trabalho, seu legado, seu repertório, sua produção e sua trajetória artística no tempo e junto à sua comunidade. Que esta arte seja logo desassociada de uma acepção oportunista de entretenimento sem profundidade filosófica.

ANA PAULA FAUSTINO (MG) Ter mais conhecimento de história para contar( história que possam trazer uma mudança de pensamento, hábito...)

JULIANA FRANKLIM (RJ) Publicar o próximo livro. E ter mais estrutura, sem precisar correr tanto para dar conta de todas as demandas.

TECKA CARDOSO (SP) Retornar as contacoes diárias Criar um grupo de Narradores em Ibiúna-SP

NADJA CALÁBRIA (MG) Dar continuidade ao projeto Chico daqui e de acolá - muitas histórias para contar e Contar em outros palcos do Brasil


Continua... Este trabalho é apenas o início de uma grande roda de conversa fundamental sobre as possibilidades e os desafios de pensar a produção cultural no âmbito da narração artística. O que observamos aqui, de maneira muito geral, é uma lacuna na valorização e reconhecimento da narração de histórias como linguagem artística. O desejo por contar histórias é o que mais conta e para viabilizá-lo, os narradores assumem muitas funções que vão além das demandas iniciais. Se por um lado isso ajuda a compreender todo o processo, por outro, faz com que seja preciso acumular trabalhos diversos e estar sempre a procura da sustentabilidade. Como já foi dito, essa é apenas uma pequena amostragem de tantos contadores de histórias, aos quais agradeço imensamente por toparem iniciar este projeto comigo, compartilhando um pouco das suas experiências, dos seus medos, dos seus sonhos. E convido você que chegou até aqui a também preencher a pesquisa/conversa para que possamos continuar dialogando e ampliando essa discussão. Link: https://linktr.ee/narracaoartistica

Até breve! Com carinho, Aline Cântia


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