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RESPIRAÇÃO

A forma mais natural de se respirar (que podemos observar nos animais e nas crianças pequenas) é a respiração diafragmática, também chamada de abdominal intercostal. É o jeito mais eficaz de se encher os pulmões.

O diafragma fica entre o tórax e o abdômen. Quando inspiramos, o diafragma se abaixa, aumentando a cavidade torácica. Já na expiração, o diafragma sobe e o pulmão se contrai, soltando o ar.

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Mas o diafragma não faz todo o trabalho sozinho. Quando ele se movimenta, junto com ele se move toda a caixa torácica, formada por doze vértebras, doze pares de costelas (superiores e inferiores), esterno e grandes grupos musculares: intercostais, abdominais, dorsais e peitorais.

Apenas pedir para a criança respirar fundo, ou “respirar com a barriga”, provavelmente não fará com que ela faça a respiração diafragmática. É comum que a criança levante os ombros quando tenta inspirar o ar profundamente, mas essa elevação forçada das costelas e da clavícula (respiração clavicular e torácica) faz com que a laringe fique pressionada, não deixando as pregas vocais vibrarem livremente.

A primeira referência que apresento para as crianças compreenderem o trabalho do diafragma é pedir para dar risada ou perguntar “sabe quando a gente dá tanta risada que a nossa barriga chega a doer?”. Esse mesmo trabalho é o que buscamos quando falamos em “apoiar” o som. Para essa consciência, o exercício “Respiração aquecimento” (na seção “Preparação”) funciona muito bem.

Outra maneira de mostrar para a criança a respiração diafragmática é pedir para, inicialmente, soltar todo o ar, esvaziando os pulmões, e, em seguida, inspirar. A reação natural do corpo será uma respiração abdominal intercostal. Durante as repetições, pedir para a criança colocar as mãos na barriga, nas costas e ao lado da cintura, para perceber onde ela sente mais que o ar encheu, tomando consciência de como a musculatura trabalha durante a respiração.

Com os pulmões cheios, pedir para a criança soltar o ar como se estivesse assoprando uma vela. Depois pedir para soltar o ar como se fosse fazer bolhas de sabão. Nos dois casos, a criança precisa perceber o movimento da musculatura abdominal. É igual nas duas situações? É diferente? O que mudou? Essas observações devem ser trazidas pelo aluno.

PARA OUVIR: Toda essa conversa de inspirar e assoprar me lembrou de duas canções que podem ser utilizadas durante os exercícios de respiração: a canção “O vento”, de Dorival Caymmi, e a “Vento no Catavento”, do grupo Taque Tique Tá.

Dorival Caymmi

Pedir para a criança ajustar a respiração ao ritmo da música. Primeiro tentar inspirar lentamente durante uma frase inteira e depois expirar também durante uma frase inteira. Perguntar se sobrou ou faltou ar. Depois tentar novamente, para ver se fica diferente. Em seguida, pedir para a criança inspirar na metade da frase e expirar na outra metade da frase, e perguntar se ficou mais confortável.

A seguir, a criança escolhe uma frase para fazer cantando e perceber em que momento precisa respirar. Conversar com o aluno sobre o melhor ponto para respirar.

PELA BOCA OU PELO NARIZ?

Quando respiramos pelo nariz, o ar é filtrado, aquecido e umidificado. Parece o ideal, né?! Mas, quando estamos nos comunicando (falando ou cantando), a respiração precisa ser silenciosa e mais rápida. Você pode tentar falar ou cantar fechando a boca toda vez que precisar respirar, e logo vai perceber que é barulhento, demorado e até cansativo. O bom mesmo é respirar pela boca e pelo nariz ao mesmo tempo, porque assim o ar entra mais rápido e também quentinho, úmido e filtrado.

Não costumamos perceber que estamos respirando pelos dois ao mesmo tempo. Mas você perceberá a diferença se inspirar pela boca tampando o nariz e, em seguida, repetir isso sem tampá-lo.

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