Revista Metropolis #8

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metropolis março / abril 20122013 # ano 2 # número 6 8 janeiro/fevereiro # ano 2 # número

A era dourada

do Metrô Linha 17-Ouro confirma a aposta da companhia no sistema de monotrilho e acelera a expansão da rede

Ação cultural Futuras estações já têm obras de arte escolhidas

TUCURUVI Novo shopping impulsiona bairro da zona norte

METROCLUBE Aproveite para se exercitar na sede reformada do Jabaquara



metropolis março / abril outubro / novembro 2012 #2012 ano 2##ano número 2 # número 6 7

Mensagens e comentários Confira a opinião e as sugestões dos colegas sobre a Revista

rumo à copa Metrô veste a caMisa do Mundial coM aMpliação da rede, reforMa de estações e treinaMento dos funcionários até 2014

ação cultural Os 80 totens da Estação Ana Rosa

prÓXIma EStação HigienópolisMackenzie na rota da educação

dE bEm com a vIda Atletas do Metrô se destacam nas Olimpíadas do Sesi

Poesia Gostaria de parabenizar pelo belo trabalho que é esta revista Metropolis. Sou poeta e escritor e patrocino um concurso literário desde 2005. Convido os poetas do Metrô a participar. Mais informações no site www.galinhapulando.com. Valdeck Almeida de Jesus, por e-mail, de Salvador (BA) Arte sobre trilhos Parabéns pela organização desse concurso que deu a oportunidade a vários artistas mostrarem a sua arte. Parabéns ao jovem artista plástico J.P. Ferreira. Com certeza São Paulo vai ficar mais alegre e vai ganhar mais com a arte circulando pela futura Linha 15-Prata. Patrícia Marcantonio, em comentário sobre o concurso que escolheu um trabalho do artista plástico J.P. Ferreira para cobrir os carros da Linha 15-Prata Investimentos Que coisa legal o novo monotrilho. É o Metrô trazendo novos empregos para os brasileiros. Isequiel, em comentário sobre a reportagem “Um Trem Lotado de Investimentos”, da edição número 6 da Metropolis

Em defesa do próximo Grande Ederlúcio, parabéns a todos da equipe do Abrilac. Somente boas ações deixamos em nossa curta passagem pela vida. Silvio Scarpa, em comentário sobre o trabalho voluntário do colega Ederlúcio de Macedo no Abrigo para Idosos Lar do Amor Cristão (Abrilac)

Um novo olhar Parabéns ao Metrô pela iniciativa e aos fotógrafos pelo trabalho! Cristina Russano de Castro d'Almeida, sobre a iniciativa do Metrô de convocar um grupo de funcionários para produzir as fotos do relatório de sustentabilidade da companhia

Contamos com a colaboração de todos os leitores da Metropolis para darmos continuidade ao trabalho na Abrilac. O site para informações é www.abrilac.com.br. Ederlúcio de Macedo

Fotografar é marcar o momento em duas dimensões. Parabéns aos participantes. Também gosto de fotografar o meio ambiente quando faço caminhadas. Edison A. C. Moraes, também em referência ao trabalho dos metroviários-fotógrafos

Um parque para são Paulo Adorei a matéria e as fotos, o local é lindo. Espero que a família do Marcello Glycério realize esse grande sonho e assim possa ajudar não somente a nossa cidade, mas também muitas pessoas com a equoterapia. Patrícia Marcantonio, em referência à iniciativa do colega Marcello Glycério em tentar transformar uma propriedade de sua família em parque municipal, assunto da Metropolis 6 Imersão na Malásia Com certeza, é uma viagem de suma importância para que os novos elementos que são agregados ao Metrô possam ser adaptados e customizados de forma a garantir procedimentos uniformes. Jairo de Castro, em comentário sobre a reportagem da Metropolis 6 que falou sobre a viagem do colega Adalberto de Paula Ramos à Malásia

Sob o sol da meia-noite A Escandinávia passou a fazer parte da relação dos locais que quero conhecer. Kozo, em comentário sobre a reportagem “Sob o Sol da Meia-noite”, na qual a colega Bellângela Gomes Marcon relata sua viagem pela região

Se quiser comentar, criticar ou dar sugestões para as próximas edições da Revista, escreva para revista@metrosp.com.br ou faça comentários nas reportagens publicadas no site www.revistametrosp.com.br.

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Sumário

metrô pelo mundo

aos pés da cordilheira

p. 40 inclusão

por dentro do metrô

gente como a gente

expresso da madrugada

p. 22

p. 44 capa

EXPEDIENTE

Do avião para o trem

p. 24 Minha estação

INCLUSão

Do lado de fora

06. A Ouvidoria vista de dentro

22 . Gente como a gente

38. Um presente

08 . Bom exemplo português

Capa

DE BEM COM A VIDA

10. Metroclube Jabaquara

de cara nova 13. A maior e a melhor

24 . Do avião para o trem

Metrô pelo mundo

28.Visão de futuro

40. Aos pés da cordilheira

linha do meio ambiente

memória

30. O que seria de São Paulo

42 . Linha 5-Lilás faz dez anos

sem o Metrô? Vida Digital

por dentro do Metrô

Caminhos do sucesso

44 . Expresso da Madrugada

32 . Sintonia fina

46. De olho nos contratos

Caminhos do sucesso

Metrô

34 . The book is on the train

48 . Em caso de emergência...

ação cultural

Fui, vi e gostei

Causos do Metrô

19. Caminhos da ficção

36. La dolce vita

50. A grande chance

14 . Capacitação 2.0 Olhar artístico

16. O futuro da arte

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para a zona norte

Conselho Editorial: Alfredo Falchi Neto, Luiz Carlos de Alcantara, Cleri Ane Ventura, Epaminondas Duarte, José Aloisio N. de Castro, Marcelo Cunha, Marcio Kerr Martins, Maria Cristina Bastos, Milton Gióia, Peter Berkely Bardram Walker, Valéria Cabral, Wilmar Fratini Redação Edição: João Paulo Nucci Reportagem: Alisson Ávila, Arnaldo Comin, Francisco Fukushima, Luciano Feltrin e Rogério Jönck Produção Editorial: Lula Moreira Projeto gráfico: Cléo Ichihara Pires Edição de arte: Rebeca Pansarello Coordenação On-line: Leandro Mendonça de Abreu Revisão: Flávia Busato Delgado Fotos: Digna Imagem Jornalista Responsável: João Paulo Nucci (MTB 46.065/SP) Janeiro/Fevereiro 2013 Ano 2, Número 8 A Revista Metropolis é uma publicação eletrônica e impressa da Companhia do Metropolitano de São Paulo – Metrô.


PALAVRA DO PRESIDENTE

Hora de acelerar

O

ano de 2013 será decisivo para o futuro do Metrô. As quatro frentes de trabalho que estamos tocando simultaneamente, construção das Linhas 15-Prata e 17-Ouro, ambas no sistema de monotrilho, ampliação da Linha 5-Lilás e segunda fase do projeto da Linha 4-Amarela, vão certamente ganhar velocidade nos próximos meses. Obstáculos de diversas naturezas, como os licenciamentos ambientais e a remoção de comunidades das áreas que serão ocupadas pelo Metrô, ficaram para trás e, já em setembro passado, o ritmo de execuções das obras começou a crescer rapidamente. Quem trabalha nos canteiros ou tem a oportunidade de visitá-los vê o futuro do Metrô em primeira mão e percebe o entusiasmo que cerca todos os envolvidos. Esta nova edição da Metropolis registra em detalhes a evolução das obras da Linha 17-Ouro, que já começou a se materializar no trecho da avenida Jornalista Roberto Marinho. É motivo de orgulho para todos do Metrô ver um projeto inovador sair do papel e começar a modificar, para melhor, a cidade e a vida das pessoas que nela habitam ou trabalham.

Vamos iniciar o ano pensando no futuro, afinal, além das quatro linhas em construção ou ampliação, estamos prestes a licitar a Linha 6-Laranja (Brasilândia-São Joaquim, no sistema de metrô tradicional), a extensão da Linha 2-Verde até a rodovia Presidente Dutra e a Linha 18-Bronze (Tamanduatueí-ABC, em monotrilho). Temos muito a fazer para dar à Grande São Paulo um Metrô com a dimensão que seus 19 milhões de habitantes merecem. Não podemos jamais descuidar, no entanto, do nosso dia a dia. Mais de 4,5 milhões de pessoas recorrem à nossa rede diariamente para se locomover. Pode parecer algo corriqueiro para quem está acostumado ao gigantismo dos números do Metrô, mas nunca podemos perder de vista a enorme responsabilidade que nos cabe cotidianamente. É com esse espírito, de muita esperança no futuro e na certeza de que podemos fazer sempre o melhor todos os dias, que aproveitamos para desejar a todos os leitores da Metropolis um ótimo 2013. •

Peter B.B. Walker Diretor-presidente da Companhia do Metropolitano de São Paulo – Metrô 05


Minha estação

Inojosa: pós-graduação em Comunicação levou metroviário a se aprofundar no tema

A Ouvidoria vista de dentro José Edmirson Inojosa lança livro sobre o papel do serviço de ouvidoria na relação da companhia com os seus usuários

O

analista de comunicação José Edmirson Inojosa trabalha há 25 anos no Metrô e há oito na Ouvidoria da Companhia. Para entender melhor e divulgar os princípios de sua própria atividade, Inojosa acaba de publicar, por conta própria, o livro “Ouvidoria/Ombuds06

man – Novo Paradigma de Comunicação nas Organizações Públicas e Privadas” (ombudsman é uma palavra de origem sueca que pode ser traduzida como representante do povo e que é adotada como sinônimo de ouvidor em vários países). A obra é fruto de seu projeto final de pós-graduação

em Comunicação Corporativa pela Universidade São Judas. O objetivo do estudo foi medir o impacto e a importância desse trabalho na construção da imagem corporativa de empresas e organizações e como isso pode trazer resultados positivos no atendimento de usuários e con-


sumidores. “Muita gente confunde a Ouvidoria com o Serviço de Atendimento ao Consumidor que as empresas mantêm. Mas o SAC serve para o atendimento imediato, enquanto a ouvidoria vai muito mais a fundo e ajuda o comando das organizações e tomar decisões estratégicas”, diz Inojosa. No livro, o analista estudou ouvidoria de bancos, órgãos públicos e grandes empresas. Comparou modelos e analisou o

universo teórico da área, para fechar com uma análise mais aprofundada sobre o próprio Metrô. “Quando fui estudar o Metrô, não quis me prender aos aspectos técnicos e de serviços, mas da relação dele com a população pelo lado cultural e humanístico”, afirma Inojosa. “Estudei ações de cidadania e atividades como a divulgação de poesia nas estações.” Inojosa se orgulha ao constatar que o Metrô virou uma re-

foto: mauricio simonetti

Usuários em sintonia: trabalho de ouvidoria do Metrô é referência do setor no País

ferência em transparência no País. Fundada em 1990, a Ouvidoria trabalhou em seus primeiros anos de forma mais instintiva, segundo ele, até montar uma estrutura bastante profissional. Ele destaca o papel da ouvidora Isabel Midori, à frente do departamento desde 2009, como fundamental nesse processo. Em 2012, a Ouvidoria recebeu, em média, 1.794 manifestações de usuários por mês, das quais metade são reclamações. Levando-se em conta que o Metrô transporta 92 milhões de pessoas por mês, o número é irrisório. Os usuários também entram em contato com a companhia pelas redes sociais (Twitter e Facebook) e por mensagens de celular (SMS), além dos canais tradicionais. “O Metrô abre espaço para que seus usuários se expressem livremente”, diz Inojosa. “Temos ainda uma marca que nos orgulha muito: índice de 100% de respostas a mensagens”, afirma Inojosa. O objetivo dele agora é fazer com que seu livro seja publicado formalmente por uma editora, o que certamente fará com que o estudo ganhe ainda mais visibilidade.•

“Estudei os aspectos culturais e humanísticos do Metrô”, diz Inojosa 07


Minha estação

Bom exemplo português Em estudo acadêmico, o analista Diamantino Sardinha Neto mostra como Lisboa usou o Metrô para aumentar a inclusão social na periferia da cidade

O

analista de desenvolvimento de gestão da Gerência de Manutenção de Transportes do Metrô Diamantino Sardinha Neto deu um passo importante em sua carreira acadêmica, que leva em paralelo ao trabalho na Companhia, onde está há 24 anos. Com a apresentação da tese “Políticas públicas e inclusão social: o papel do transporte metroviário no município de São Paulo”, ele concluiu o doutorado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC). Para realizar o estudo, Diamantino passou um mês no Instituto Técnico da Universidade de Lisboa, em Portugal. Ao lado do também metroviário José Garcia da Conceição, ele estudou o impacto da chegada do metrô ao bairro 08

Ameixoeira, afastado do centro da capital portuguesa. “O objetivo foi mostrar como a ação integrada de políticas públicas pode ajudar muito na inclusão social”, afirma. As realidades de São Paulo e Lisboa são bastante distintas – a capital portuguesa é menor e menos desigual, do ponto de vista socioeconômico, que São Paulo. Por isso, a experiência lisboeta serve de contraponto ao estudo da Linha 3-Vermelha do Metrô, que é o ponto central da tese. “Os portugueses conseguiram bons resultados com a expansão do metrô que servem de referência para nós”, diz Diamantino. “O importante é constatar que o transporte é parte de um processo maior de transformação e inclusão social, com a chegada de outros aparelhos sociais.”

Diamantino: trabalho realizado em Portugal foi selecionado para ganhar divulgação


foto: divulgação

Ao mesmo tempo em que foi dotado de uma estação de metrô, o bairro Ameixoeira ganhou novas escolas e postos de atendimento de saúde. O artigo baseado na experiência do bairro lisboeta foi escolhido como um dos cinco trabalhos, de um total de 58 inscritos, para divulgação científica no 3º Encontro Brasil-Portugal, realizado pela Universidade Mackenzie. Diamantino acredita que sua pesquisa pode contribuir para aperfeiçoar os modelos de gestão pública em São Paulo, considerando que, segundo ele, 70% dos usuários do Metrô têm renda de zero a quatro salários mínimos e 80% usam o sistema para trabalhar, estudar, ou ambas as atividades diariamente. “O estudo é pertinente neste momento de grande expansão do Metrô, quando se discutem novas formas de inclusão social, com aparelhos de saúde e educação e até urbanísticos na periferia.” •

Subterrâneo da Terrinha: impacto positivo do metrô lisboeta no bairro carente de Ameixoeira foi o objeto de estudo do metroviário Diamantino

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DE BEM COM A VIDA Sob nova direção: gestão do Metroclube voltou para a Gerência de Recursos Humanos

Metroclube Jabaquara de cara nova A mais antiga das três sedes do clube dos metroviários passou por uma ampla reforma para virar centro de lazer e convívio social dos metroviários

O

Metroclube Jabaquara está de cara nova. Criado em 1980 como área de lazer e batizado em 1996 com o nome atual, a mais antiga sede do clube dos metroviários agora conta com salão de festas, churrasqueira, bar e quadras poliesportivas e de tênis to-

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talmente reformulados. Os 13 mil metros quadrados do espaço também ganharam nova pintura e decoração e novas instalações sanitárias, além de uma renovada na decoração. A reinauguração do espaço, no dia 6 de dezembro, foi o marco desse novo momento do Me-

troclube, que voltou a ser administrado pela Gerência de Recursos Humanos (GRH) em setembro. “O principal objetivo da reforma foi tornar o clube um local capaz de acolher e estimular o convívio social entre metroviários, amigos e familiares”, afirma Alfredo Falchi Neto,

gerente de Recursos Humanos do Metrô. “A sede ficou tão bonita que eu acredito que muitos metroviários de outras regiões da cidade vão querer conhecê-la”, afirma. Na cerimônia de reinauguração, vários funcionários do Metrô que se dedicam ao Metroclu-


Lazer para todos: famílias de metroviários já usufruem das melhorias realizadas no Jabaquara

be foram homenageados, como o supervisor Adalberto Akira Yamasaki, o instrutor de educação física Marcos Buarque de Vasconcelos e a responsável por monitorar a área de recreação do clube Otília Sílvia de Figueiredo. “Estamos de portas abertas para receber a todos os metroviários e suas famílias, agora com mais estrutura e conforto”, diz Falchi. Os frequentadores podem praticar ginástica, musculação, futebol, futsal, voleibol, basquete, xadrez e dominó, além de contar com diversas outras opções de lazer – como as oficinas de arte e artesa-

nato. É no ginásio do Metroclube Jabaquara que os agentes de segurança do Metrô realizam seus treinamentos físicos. Atletas da Companhia também utilizam as instalações para manter a forma e para treinar para competições como os Jogos do Sesi. As outras duas sedes do Metroclube – Itaquera e Guido Caloi – também deverão passar por reformas semelhantes, mas só a partir de 2014. Em Itaquera, as instalações do Metroclube poderão ser utilizadas pelo Comitê Organizador da Copa do Mundo como área de apoio ao evento, que terá

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DE BEM COM A VIDA

Yamasaki e Otilia: homenagem recebida pela dedicação ao Metroclube

Atenção especial: o funcionário mais antigo do Metrôclube, Valdine Rocha (no alto), e o instrutor Marcos de Vasconcelos

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o jogo de abertura no estádio que está sendo construído no bairro. A área poderá ser utilizada como alojamento ou como centro de recepção de pessoas ou de comunicação. “É algo que ainda está sendo definido”, diz Falchi. Se a colaboração com a Copa do Mundo se concretizar, o Metroclube vai pedir, como contrapartida, que obras como a drenagem do campo de futebol sejam realizadas pelo Comitê Organizador. Já a sede da Guido Caloi vai ser utilizada, nos próximos dois anos, como canteiro de obras para o trabalho de adoção do novo CBTC (sistema de sinalização dos trens) na Linha 5-Lilás. A parte de alvenaria do canteiro será deixada para o clube, que vai utilizar as instalações para a instalação de um novo ginásio. •


Prêmio

Prêmio: o diretor financeiro José Kalil Neto (à esq.) representou o Metrô na homenagem

A maior e a melhor Revista Transporte Moderno reconhece excelência do trabalho da companhia

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Metrô participou com destaque na edição 2012 dos prêmios As Maiores do Transporte e As Melhores do Transporte, concedidos há 25 anos pela revista Transporte Moderno, a mais tradicional publicação do setor no País. A Companhia foi considerada a Melhor do Transporte Ferroviário de Passageiros ao obter notas máximas em quesitos como patrimônio líquido e receita operacional líquida. Os dados são referentes ao balanço financeiro do exercício de 2011. O Metrô também apareceu em primeiro no ranking das Maiores do Transporte

Ferroviário de Passageiros, com receita líquida de R$ 1,5 bilhão. No cômputo geral, a Companhia é a oitava maior no ranking elaborado pela Revista, que inclui operadores logísticos como a mineradora Vale (com receita líquida total de R$ 66 bilhões), as companhias aéreas TAM e Gol (receitas de 13 e 7,5 bilhões, respectivamente), a Transpetro, transportadora ligada à Petrobras (4,9 bilhões) e a operadora ferroviária de cargas MRS (2,8 bilhões). A reportagem sobre a Companhia publicada na edição especial da revista Transporte Moderno que destaca as vencedoras dos prêmios diz que “ao longo

dos 38 anos de operação comercial, o Metrô transportou mais de 22 bilhões de passageiros, o correspondente a três vezes a população mundial”. O texto também dá destaque aos investimentos e à expansão previstos para os próximos anos. O Metrô participou de todas as 25 edições dos prêmios da Transporte Moderno realizadas desde 1987, sempre com destaque. “Foi um orgulho representar o Metrô na cerimônia da premiação”, disse o diretor de Finanças do Metrô, José Kalil Neto. “Todos os metroviários que mantêm o alto padrão de excelência da Companhia estão de parabéns.” • 13


Vida Digital

Capacitação 2.0 A Unimetro e a Gerência de Manutenção desenvolvem projeto-piloto de educação à distância para os técnicos do Metrô

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Universidade CorpoUnimetro, com o apoio de diverrativa do Metrô (Unisas áreas da Companhia, desenmetro) e a Gerência volveu quatro cursos-pilotos para de Manutenção desenvolveram um grupo de técnicos que atuam em conjunto um projeto-piloto na corretiva de trens, no restabeque utiliza a educação à distânlecimento de sistemas de controcia (EaD) para a elaboração de le de tráfego e passageiros e nas quatro treinamentos oficinas dos pátios de capacitação de de manutenção. Os Educação técnicos de sistema cursos foram minisà distância metroviário. O obtrados na modalidarequer jetivo foi analisar a de híbrida, com aulas envolvimento online no Ambiente viabilidade técnica, e disciplina operacional e meVirtual de Aprendidos alunos todológica de elabozagem hospedado na ração e aplicação de Estação Conhecimentreinamentos a distância e híbrito do Metrô e aulas presenciais e dos (semipresencial). práticas de campo. Em 2012, um grupo multidisO ponto de partida do Prociplinar formado por profissionais jeto foi uma demanda do Deparda Gerência de Manutenção e da tamento de Material Rodante da

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Gerência de Manutenção, que sentiu a necessidade de inovar na transmissão do conhecimento para os funcionários em um contexto de acelerada expansão da Companhia e de implantação de novas tecnologias em diversos sistemas. Com a criação de um projeto próprio de educação à distância, o Metrô abraça uma tendência mundial de valorização das ferramentas tecnológicas aplicadas ao ensino. Grandes universidades do mundo lançaram, nos últimos anos, diversos de seus cursos gratuitamente na Internet (um bom ponto de partida para quem quiser conhecer melhor o fenômeno é visitar o site Coursera, todo em inglês; uma alternativa em português é o portal Veduca). As vantagens da EaD são inúmeras: os alunos conseguem estudar no


momento e no local em que preferem ou conseguem; a interatividade e a comunicação com os colegas e os especialistas que ministram os cursos é garantida pela própria natureza da Internet; o acompanhamento das atividades pode ser feito em tempo real pelos tutores; os cursos podem ser realizados de maneira mais rápida, pois não dependem da agenda das pessoas envolvidas. Em contrapartida, quem se dispõe a aprender pelo sistema precisa ter disciplina e flexibilidade para aproveitar da melhor maneira o conteúdo oferecido. O Metrô optou por desenvolver uma metodologia própria de ensino pois não encontrou no mercado algo que suprisse todas as especificidades da área metroferroviária. "Dessa maneira, temos autonomia para adaptar e ampliar o modelo de acordo com as necessidades futuras", diz a psicóloga e analista de desenvolvimento e gestão da Unimetro, Caterina Heimann. "O modelo adotado é a melhor solução para que o Me-

trô uniformize e replique as informações com qualidade", afirma a cientista social, analista de desenvolvimento e gestão da Unimetro e uma das orientadoras pedagógicas do projeto, Marilisa Battiato. A educação à distância requer um novo tipo de envolvimento dos alunos. "Temos uma realidade nova, na qual o ponto de partida são as tecnologias de informação e comunicação", diz Flávio Sapucaia, técnico de sistemas metroviários, Doutor em Educação e também orientador pedagógico do projeto. "Educação à distância exige uma mudança de postura do treinando, pois ele precisa de mais disciplina e autonomia. A conquista dos resultados fica ainda mais na mão do treinando, mas, para que isso aconteça, é preciso pensar previamente em como fazer o modelo funcionar", afirma Sapucaia. •

conheça! Se quiser conhecer melhor sobre o fenômeno, acesse www.coursera.org ou, se preferir, ative o QR code.

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Ação cultural

Visita às profundezas: os artistas Pascoal, Sara e Goper (à esq.) nas obras da estação Adolfo Pinheiro, onde vão exibir seus trabalhos

O futuro da arte Pela primeira vez na história do Metrô, Comissão Consultiva de Arte escolhe trabalhos artísticos que vão ser instalados nas estações ainda na fase de obras

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A

s estações Adolfo Pinheiro e Moema da Linha 5-Lilás estão sendo construídas, mas o Metrô já sabe exatamente quais serão as obras de arte que vão ocupá-las. É a primeira vez, desde que o projeto Arte no Metrô foi criado, em 1978, que as obras de arte públicas são definidas ainda na fase de construção das estações. “Recebemos duas

propostas de projetos de dois artistas para as estações que ainda estavam em construção”, diz Sandra Theodozio, coordenadora de Ação Cultural do Metrô. “Com base nisso, houve a decisão de tornar disponíveis as plantas das obras para qualquer interessado.” A escolha das obras de arte coube à Comissão Consultiva de Arte, que conta com a participação


Experiência inédita: as obras de Sara, Goper (ambos acima) e Pascoal (à esq.) foram escolhidas antes de a estação ficar pronta

de representantes de instituições como o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), o Museu de Arte de São Paulo (Masp), a Associação Paulista de Belas Artes e o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-SP). A gestão do trabalho cabe à Coordenação de Ação

Cultural do Metrô. Como as estações ainda não existem em sua forma final, todo o processo de elaboração e de escolha das instalações foi baseado nas plantas e nos projetos das estações. Os escolhidos, ao final do processo, foram os artistas Pas-

coal Santos, Sara Goldman-Belz, Antônio Carlos Goper (todos para a estação Adolfo Pinheiro) e Midori Hatanaka (para Moema) – veja no quadro ao lado quais são os projetos de cada um. No início de dezembro, a reportagem de Metropolis acompanhou a visita dos três artistas que vão instalar seus trabalhos na Adolfo Pinheiro às obras da estação. A quase dez metros de profundidade e sob toneladas de concreto, os artistas puderam ter contato pela primeira vez com o espaço físico onde terão suas criações eternizadas. “É atrás daquela pa-

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Ação cultural

Os artistas e suas obras

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opção 01

rede?”, perguntou Pascoal Santos. “Nem foi tão difícil descer até aqui”, disse Sara. A representante do MAM na Comissão Consultiva de Arte do Metrô, Magnólia Costa, diz que a seleção final dos trabalhos levou em conta a adequação do projeto artístico ao projeto arquitetônico das estações. “Conceitualmente, o projeto artístico deve remeter ao local onde será instalado, bem como à memória desse local e a diversidade do público que transitará nele”, afirma Magnólia. Para Eiji Yajima, representante da Associação Paulista de Belas Artes na comissão, os trabalhos de Midori Hatanaka e Antônio Goper se destacaram justamente pela harmonia que propõem com a arquitetura das estações. O próximo desafio será financiar a execução dos painéis em sincronia com o calendário de obras do metrô. O engenheiro Jelson Antônio de Siqueira, Coordenador de Obra Civil do Metrô, diz que Adolfo Pinheiro deve ser inaugurada até o final de 2013. “A instalação destes projetos nas estações deverá acontecer em paralelo ao trabalho de acabamento”, afirma. •

Estação Adolfo Pinheiro Pascoal Santos Nascido em 1956 em São Carlos, é artista plástico com formação técnica em desenho mecânico. Publicitário e designer gráfico autodidata, vive e trabalha em Campinas. Inicia seu contato com a pintura enquanto aprendiz em 1970 em Poços de Caldas (MG). Passa a dedicar-se integralmente às artes em 1980, realizando pinturas de campo. Em 1995, cria em São Paulo o estúdio Quina, unindo artes plásticas e design gráfico. Seu projeto selecionado é “Reflexos (tudo flui)”, composto por mais de 1.600 placas convexas de aço inox, que refletem simetricamente o movimento da estação. Sara Goldman-Belz Nascida em 1940 em São Paulo, é artista plástica e multimídia com 36 anos de trajetória premiada e exposta no Brasil e no exterior como aquarelista, desenhista, pintora, gravadora e performer. Foi organizadora e diversas vezes presidente do Salão Paulista de Arte Contemporânea e diretora do Paço das Artes. Hoje é supervisora de cultura da subprefeitura de Santo Amaro. Seu projeto é a reprodução das aquarelas “As Meninas” e “Os Irmãos” em formato grande com a colagem de pastilhas de vidro. Meu coração voa alto e longe - "As Meninas"

Objetivo dos artistas agora é obter financiamento para a instalação de suas obras

Antônio Carlos Goper Nascido em São Paulo em 1954, é arquiteto e artista plástico. Participou de exposições coletivas em Cuba, País de Gales e Estados Unidos e possui obras em coleções públicas do Brasil e do exterior. Sua obra selecionada, “Arrabalde”, utiliza pintura em poliuretano, concreto aparente, cerâmica esmaltada, tijolo maciço e borracha clorada para fazer uma remissão aos quintais e arrabaldes pertencentes à memória de muitos paulistanos.

Estação MOEMA PAINEL ACESSO PRINCIPAL

Midori Hatanaka Artista plástica formada em arquitetura participa de exposições individuais e coletivas desde 1986, no Brasil e também na Itália. Com uma trajetória ligada a atividades que conectam a arte brasileira e japonesa, utilizou sua dissertação de mestrado, justamente dedicada ao projeto Arte no Metrô, como base para o projeto selecionado: um painel de seis metros de altura e 30 metros de comprimento, sob a abóbada da estação, que se compõe de plantas e desenhos arquitetônicos. PROJETO PARA EXECUÇÃO DE PAINEL ARTÍSTICO PARA A CIA METROPOLITANA DE SÃO PAULO - ESTAÇÃO MOEMA


Olhar artístico

Caminhos da ficção Os usuários da Linha 2-Verde serviram de inspiração para a escritora Lucimar Mutarelli no romance “Entre o trem e a plataforma”

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elos corredores subterrâneos do Metrô passam todos os dias milhões de pessoas, rostos anônimos, falando ao celular, escutando música, ou imersos em seus pensamentos. Personagens que só se dá conta quem tem o olhar mais atento. Foi com este ponto de partida que a escritora Lucimar Mutarelli encon-

trou a matéria-prima para seu romance de estreia, “Entre o trem e a plataforma”, lançado pela Editora Prumo. “É como se, nesse subterrâneo, a gente intuísse o inconsciente das pessoas que viajam ignotas nos vagões”, diz Lucimar, que foi professora de educação artística por vinte anos antes de lançar na literatura.

Lucimar Mutarelli: estreia com romance inspirado em suas idas e vindas pelo Metrô

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olhar artísitco

Confira um trecho do livro:

Laura esqueceu a primeira vez que o viu no metrô. Não sabe se aconteceu ou inventou. Ela pode jurar que viu sua foto na capa de uma revista e que a partir daí a história veio pronta. Quando entrou no vagão, ele olhou diretamente pra ela. Ela tremeu. Ele sorriu. As pernas enfraqueceram. Fingiu um desmaio. Caiu espalhando pérolas falsas no chão do metrô. Ninguém percebeu que ela caiu. Levantou e chutou as bolinhas de plástico para o vão existente entre o trem e a plataforma. Ouve aquela voz dublada de novo: “o intervalo entre os trens é de apenas três minutos”. Decide esperar nove minutos. Três trens passaram e ele não veio. Três trens tristes.”

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A autora utiliza o Metrô quase diariamente, em especial a Linha 2-Verde, desde Ana Rosa até Consolação, com algumas esticadas até a Vila Madalena. Depois de tantas andanças e de assistir ao filme “Insolação”, dirigido por Felipe Hirsch e Daniela Thomas, lançado em 2009, Lucimar concebeu o seu livro. “Todos os personagens do filme são melancólicos, solitários. A pessoa está perto, mas você não vê”, diz Lucimar, dando o tom que prevalece em sua obra.

Foi assim que ela vislumbrou Laura, a personagem principal, em seu apartamento quitinete, com um montinho de roupas lá no fundo pra lavar. Na trama, Laura, uma datilógrafa estressada, não era capaz de levar adiante nenhum tratamento para as suas neuroses. Seu médico, então, aconselhou-a a escrever uma certa quantidade de linhas todos os dias no Metrô. Essa artimanha fez com que Lucimar fosse de fato à Linha 2-Verde para fazer anotações em caderno, durante um ano inteiro. Da estação Ana Rosa até a Consolação, trajeto que dura cerca de oito minutos, ela man-


Lucimar: “ouvi frases no Metrô que valem por um livro”

tinha uma produção de quatro páginas. “Aprendi a ouvir no Metrô”, diz a escritora. “Ouvia frases que valiam por um livro, como essa: ‘ele não foi, não ligou e nem mandou presente’.” Os autores que mais influenciaram Lucimar são Clarice Lispector e Caio Fernando Abreu. “Eles foram a minha primeira oficina literária. Muito subjetivos e introspectivos, os dois me formaram na literatura”, explica a autora. Depois de 20 anos como professora de artes, ela resolver repensar sua carreira. Seu marido, o escritor e quadrinista Lourenço Mutarelli, sugeriu que esco-

lhesse alguma atividade que lhe desse gosto, satisfação. “Fui ler romances na Livraria da Vila, na Vila Madalena, e descobri que gostava de escrever”, diz Lucimar. “A terapia de Laura é escrever. Para mim, escrever é companhia”, diz Lucimar. Feliz com a experiência, Lucimar já tem mais dois livros engatilhados. O primeiro é “Férias na prisão”, já entregue para edição na Editora Prumo. O próximo na fila é “Só aos domingos”, ainda em fase de elaboração. O analista de comunicação do Metrô Carlos Alberto Soares diz que o livro de Lucimar é, ao mesmo tempo, um mar-

co e um incentivo. “Com uma narrativa intrigante e cheia de surpresas, Lucimar apresenta sua versão kafkiana para o sistema metroviário paulistano”, diz Soares, que leu a obra assim que ela foi lançada. “Todos nós temos uma história a contar sobre datas, viagens, encontros e desencontros nos trens e estações. Que a obra desta criativa escritora estimule usuários e empregados a contarem as suas próprias, uma diferente da outra, porque assim é o Metrô.” •

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INCLUSão

Superação: metroviários com deficiência apresentaram número criado especialmente para a Virada Inclusiva

Gente como a gente Funcionários fazem coreografia na Estação da Sé em homenagem ao Dia das Pessoas com Deficiência

“T

rabalho, trabalho, trabalho todo dia. Trabalho, trabalho, trabalho todo dia no Metrô”. Foi com esse estribilho que um grupo de coreografia formado por funcionários com deficiência da Companhia do Metropolitano de São Paulo exibiu orgulhosamente sua arte para o público na Sé. Uns em cadeira de rodas, outros de pé, faziam o ritmo ressoar pelas abóbodas da estação. Choveram aplausos. Era uma homenagem para lembrar o Dia das Pessoas com Deficiência, realizado em 3 de dezem-

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bro. Com uma batida de marchinha e movimentos ritmados embalando a coreografia, a festa contou com 40 participantes, que criaram o número especialmente para a data. A letra e o arranjo musical são de autoria de Ana Fridman. Ela é também responsável pelos ensaios e apresentação. “É a primeira vez que trabalho com deficientes. Espero que seja a primeira de muitas oportunidades”, diz Ana, encantada com a disposição do grupo. A apresentação foi prestigiada por Marco Antonio Pellegrini, secretário-adjunto da Secreta-

ria de Estado das Pessoas com Deficiência, que destacou a importância simbólica da festa. “A homenagem do grupo do Metrô ao Dia das Pessoas com Deficiência é o reconhecimento à inclusão dessas pessoas na vida normal, como se vê no acesso aos transportes e aos equipamentos de saúde pública”, diz Pellegrini. Funcionário do Metrô, Pellegrini é vítima de um disparo na coluna durante um assalto em casa que o deixou paraplégico. A tragédia não fez com que desistisse da vida profissional e, embora a

Companhia tenha lhe oferecido aposentadoria, ele quis continuar trabalhando. Posteriormente foi encaminhado à Secretaria, onde galgou funções até chegar a seu posto atual. “O mundo está abrindo muitas possibilidades a aptidões intelectuais e artísticas das PCDs (Pessoas com Deficiência) como a qualquer pessoa normal”, acrescenta Selma Regina Ocker Pereira, analista de RH do Metrô. Assistente social de formação, há um ano ela se dedica às PCDs lotadas na companhia, incentivando sua educação artística.


O projeto de educação artística das pessoas com deficiência foi concebido por Valéria Cabral, também presente ao evento. Ela é chefe da Universidade Corporativa do Metrô (Unimetro), responsável por cursos de educação continuada. “Esse segundo encontro do grupo”, diz Valéria, “visa aproximar os metroviários dos usuários, enquanto o anterior se destinava mais ao público interno”. Trata-se, segundo Valéria, de desenvolver todos, com deficiência ou não, pois as pessoas é que fazem a diferença nas empresas. As grandes estrelas do dia foram mesmo os participantes, que não escondiam o orgulho de fazer parte da celebração. “É válido participar dessa experiência. Ela integra e diverte ao mesmo tempo”, diz Daniel Lago Benitz, analista de Desenvolvimento e Gestão – CRH, tetraplégico. “O projeto ajuda na autoestima da pessoa deficiente ou acidentada”, ressalta Odemir Luiz de Freitas, eletricista, com dois dedos da mão cortados durante o trabalho no Metrô. “É uma atividade muito boa para distrair e também para encontrar outras pessoas na empresa”, acentua Katia Yumi, assistente administrativa com problema visual. A mensagem final da letra mostra bem que, para os funcionários com deficiência do Metrô, cabe conscientizar a todos que o melhor caminho é inclusão: “Hoje estou aqui / Só para dizer / Que junto com você / Desafios vou vencer”. •

Um dia especial: interação com usuários marcou apresentação, que contou com a presença do secretário estadual e metroviário Marco Antonio Pellegrini (de terno, à esq. na foto de baixo)

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Capa

Obras no prazo: 2012 terminou com 80 pilares jรก erguidos na avenida Jornalista Roberto Marinho

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Do avião para o trem Linha 17-Ouro já está em construção na Zona Sul e vai conectar o aeroporto de Congonhas à rede metroferroviária da cidade

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o dia 27 de abril de 2012, a avenida Jornalista Roberto Marinho, na zona sul de São Paulo, começou a ter algumas de suas pistas bloqueadas para dar lugar ao canteiro de obras da Linha 17-Ouro do Metrô. Começava a se materializar, assim, o segundo empreendimento da Companhia baseado no sistema de monotrilhos, no qual os trens viajam agarrados a

vigas posicionadas a cerca de 18 metros de altura – o primeiro foi a Linha 15-Prata, cuja primeira fase está em fase avançada na zona leste. O investimento na primeira fase do Projeto é de R$ 1,8 bilhão. Nos oito primeiros meses de obras, o Consórcio Monotrilho Integração, formado pelas empreiteiras Andrade Gutierrez e C.R. Almeida e pelas fabricantes de trens Scomi e MPE, superou a meta inicial e ergueu, ao longo dos três quilômetros da avenida, 80 pilares de sustentação da via. Em meados de dezembro, cerca de 800 pessoas trabalhavam simultaneamente nas obras

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Capa

– número que deverá chegar a 2.500 nos próximos meses. “Estamos trabalhando exatamente dentro do cronograma”, diz José Eduardo Stavale, assessor executivo da Gerência do Empreendimento Linha 17-Ouro. Este primeiro trecho, com sete estações entre o aeroporto de Congonhas e o Morumbi, deverá estar pronto em junho de 2015 – as estações vão começar a ser construídas em breve, por outro consórcio. O aeroporto, aliás, é a principal razão da existência da Linha 17-Ouro. O projeto nasceu justamente para acabar com o isolamento de Congonhas da rede metroferroviária de São Paulo, segundo Epaminondas Duarte Junior, assessor da Gerência de Planejamento de Transportes Metropolitanos do Metrô. A nova linha, além de chegar ao aeroporto, conecta-se diretamente com as Linhas 1-Azul, 4-Amarela e 5-Lilás e com a 9-Esmeralda da CPTM.

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Quando estiver totalmente concluída, a nova linha vai percorrer 17,7 quilômetros entre o Jabaquara e a avenida Francisco Morato, no Morumbi. Ao todo, serão 339 pilares que vão segurar cerca de 1.600 vigas de 30 metros cada. Dentre outros pontos importantes (incluindo o aeroporto), a Linha 17-Ouro vai passar pelo estádio do Morumbi (que não será utilizado para a Copa do Mundo), pelos hospitais Saboya e Albert Einstein e por regiões carentes e bastante populosas da capital, como as comunidades de Paraisópolis e da Rocinha.A região da Vila Olímpia e da avenida Engenheiro Luis Carlos Berrini, polos importantes de escritórios, também serão servidas pelo trajeto. Entre as futuras estações Panamby e Granja Julieta, a linha vai transpor a calha do rio Pinheiros. Ao contrário da Linha 4-Amarela, que é toda subterrânea e fez a passagem do rio por baixo dele, uma ponte será utilizada nesse caso. O pátio será instalado entre as estações Jardim Aeropor-

Stavale: primeiro trecho da Linha 17Ouro será entregue em 2015

to e Vila Paulista, sobre um piscinão na região da Água Espraiada (sua construção também está para ser iniciada em breve). Ele será sustentado por 370 pilares e terá capacidade para 27 trens. O acesso a Congonhas é feito por um ramal que sai do trecho entre as estações Brooklin Paulista e Jardim Aeroporto. Os trens estão projetados pela empresa Scomi, da Malásia, e serão montados no Brasil pela MPE. “O protótipo está sendo feito na Malásia e vai ser submetido a todos os tipos de teste”, diz Peter Walker, presidente do Metrô, que visitou a sede da companhia no país asiático em novembro. “Depois que o projeto estiver pronto, a MPE vai se encarregar da montagem em sua fábrica no Rio de Janeiro seguindo as especificações previamente definidas.” Os primeiros testes dos trens na via deverão acontecer em junho de 2014. Os trens deverão circular a uma velocidade de 35 quilômetros por hora e terão capacidade para carregar 20 mil pessoas por hora por sentido. Todos os carros terão ar refrigerado.


Três momentos: registros mostram evolução das obras nos últimos meses de 2012

Os trens do monotrilho rodam com pneus de borracha agarrados às vigas. Por isso, são bastante silenciosos e ajudam a diminuir o impacto do sistema sobre a cidade. O Projeto prevê que a via seja acompanhada de um projeto de arborização e, onde houver condições, serão instaladas ciclovias ao longo do monotrilho. Prédios

vizinhos do sistema terão sua privacidade garantida, com a instalação de barreiras visuais. Nos locais onde a via será construída sobre cursos d'água (como o córrego da Água Espraiada, na avenida Jornalista Roberto Marinho), não haverá qualquer impacto negativo da

operação dos trens sobre eles. “Como é um sistema novo em São Paulo, houve uma preocupação grande dos órgãos reguladores, especialmente com relação ao meio ambiente”, diz Walker. “Mas conseguimos provar que o impacto para a cidade será positivo e que não há motivos para temer de que estejamos construindo um novo Minhocão.” Outra importante vantagem do monotrilho – além do custo mais baixo e a maior rapidez na construção em relação ao metrô no sistema tradicional – é a possibilidade de fazer um traçado com curvas acentuadas. É o caso da Linha 17-Ouro, que é bastante sinuosa para os padrões da Companhia, com cinco curvas

de praticamente 90 graus ao longo de seus 17,7 quilômetros de extensão. Além da 17-Ouro e da 15-Prata (que deverá começar a funcionar parcialmente ainda em 2013), o Metrô já definiu que vai usar o sistema de monotrilho para a Linha 18-Bronze, que vai conectar a estação Tamanduateí da Linha 2-Verde aos municípios de São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul, no ABC. É uma tecnologia que chegou para ficar e, por ser nova, ainda causa uma certa ansiedade em todos os envolvidos. “Dos meus 32 anos de Metrô, eu passei 31 construindo linhas no sistema tradicional”, diz Stavale. “É um desafio pegar uma tecnologia nova para trabalhar.Tenho certeza de que, assim que o monotrilho começar a funcionar, todas as desconfianças que ainda existem sobre o sistema vão acabar.” •

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Capa

Visão de futuro Peter Walker fala dos desafios que tem pela frente como presidente do Metrô e da viagem de trabalho que fez à Ásia em novembro

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engenheiro eletricista Peter Walker assumiu a presidência do Metrô em abril de 2012. Nascido no bairro paulistano de Santo Amaro, é filho de um inglês e de uma dinamarquesa. Por mais de 30 anos, atuou como empresário na área de engenharia e construção civil. No setor público, foi presidente da empresa

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de saneamento de Campinas, diretor da EMTU e secretário adjunto da secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos de São Paulo. Na entrevista a seguir, ele fala dos novos empreendimentos do Metrô e da viagem de 16 dias que fez em novembro para Dubai (Emirados Árabes Unidos), Malásia, China e Hong Kong.


Metropolis – O senhor assumiu o Metrô em um momento de expansão da Companhia. Qual o tamanho do desafio? Walker – É um desafio muito grande, nunca tivemos um volume tão grande de obras e de recursos à disposição. Estou tentando fazer o possível. Sou um formador de equipes, não atuo sozinho. Tenho tentado dar mais agilidade à Companhia, agora que estamos trabalhando em ritmo mais veloz. Metropolis – O que o senhor prevê para 2013? Walker – Até setembro, os empreendimentos das Linhas 4-Amarela, 5-Lilás, 15-Ouro e 17-Prata estavam seguindo em um ritmo menos intenso do que poderiam, por conta de uma série de problemas com licenças ambientais, com alterações de projetos e, no caso das linhas de monotrilho, de remoção de comunidades. Agora, o nível de execução das obras já está em R$ 350 milhões por mês, o dobro do que era. O ano de 2013 vai ser nesse ritmo acelerado, de velocidade de cruzeiro nas obras. Vamos inaugurar a

estação Adolfo Pinheiro e o primeiro trecho da Linha 15-Prata ainda em 2013. Metropolis – O que representa para o Metrô a adoção do sistema de monotrilhos? Peter Walker – Estamos construindo as Linhas 15-Prata e 17-Ouro nesse modal. No fundo, são sistemas novos no mundo. Os monotrilhos que existem hoje no mundo são utilizados como equipamento turístico, não como transporte. São Paulo e Mumbai, na Índia, são as primeiras cidades que vão usar o sistema em regime de alta capacidade. É um sistema mais econômico para se construir. O metrô tradicional custa R$ 450 milhões por quilômetro, enquanto o monotrilho sai por R$ 150 milhões. Metropolis – O Metrô está desbravando essa tecnologia? Walker – Sim. É uma tecnologia nova. Faz parte da nossa luta pela renovação do Metrô. O Metrô assumiu a responsabilidade de desenvolver esse novo modal. O mundo inteiro está de olho na gente, o Brasil também. Quando tudo funcionar aqui, vamos

começar a ter pedidos de cidades de São José dos Campos, Campinas, para seus próprios monotrilhos. É uma alternativa ao Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). Metropolis – O senhor ainda sente muita resistência em relação ao projeto do monotrilho? Walker – Há um medo de que o monotrilho vire um minhocão, mas isso vai ser superado com o tempo. Eu gravei um vídeo ao lado do monotrilho de Dubai. Você ouve todo o barulho do trânsito: motos, ônibus. Quando o monotrilho passa, você não escuta nada, é silencioso. O impacto é mínimo. O nosso monotrilho vai ter um impacto muito positivo, temos toda a preocupação com a vegetação, com ciclovias, com a claridade, com a privacidade das pessoas que vivem em locais próximos às linhas. Metropolis – Como foi a recente viagem que o senhor fez ao exterior? Walker – Primeiro, fui aos Emirados Árabes Unidos, Dubai, ver o monotrilho deles. É um sistema sofisticadíssimo, mas o volume é pequeno. Eles estão querendo

incentivar o uso do transporte público, mas a gasolina custa muito barato e é difícil tirar as pessoas dos carros. Quem está usando o sistema são os jovens, que não são tão ligados no automóvel e querem mesmo é se deslocar do ponto A ao ponto B, não importa como. Depois fui à China, Guangzhou, onde participei da reunião do CoMET, uma instituição que reúne os presidentes dos 15 maiores metrôs do mundo. Aproveitei, é claro, para visitar o metrô chinês. Fui a Hong Kong, que tem um sistema muito interessante. Lá, a passagem cobre o custo do Metrô e dá lucro. Além disso, eles têm uma estrutura comercial muito avançada, com shoppings de alto padrão em diversas estações. Metropolis – O senhor também foi à Malásia, em visita à Scomi, fabricante dos trens da Linha 17-Ouro. Walker – Sim, estive em Kuala Lumpur e fiquei muito bem impressionado com o que vi. Eles estão fornecendo os monotrilhos para nós e para Mumbai, onde eles já estão entregando os trens.•

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linha do meio ambiente

O que seria de São Paulo sem o Metrô? Essa é a pergunta que a Gerência de Planejamento e Integração de Transportes Metropolitanos faz para avaliar o impacto social do sistema

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magine que um dia São Paulo acorde sem os 74 quilômetros de trilhos do Metrô. O que seria da cidade e da região metropolitana se isso acontecesse? É com esse cenário hipotético em mente que a Gerência de Planejamento e

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Integração de Transportes Metropolitanos parte para calcular os benefícios sociais da operação da Companhia. São economistas, estatísticos e analistas, entre outros talentos, que recebem informações de dezenas de fontes diferentes para medir aquilo que se chama de externalidades positivas do Metrô: tudo aquilo que a existência da rede proporciona para a cidade e seus habitantes na redução do número de acidentes de trânsito, de consumo de combustíveis, emissão de poluentes, de diminuição do tempo de viagens e da economia na opera-

ção e na manutenção dos outros meios de transporte (ônibus e carros, por exemplo). Ao ter como ponto de partida a possibilidade de uma cidade sem a rede de metrô, o grupo de técnicos do departamento de Estudos Urbanos e Avaliação de Transportes utiliza metodologias internacionais para projetar quais seriam os, digamos, os custos da sua inexistência. E os números são impressionantes: o estudo mais recente, relativo a 2011, indica que o metrô proporciona R$ 6,4 bilhões de economia para a cidade e seus habitantes. A metodologia de cálculo começou a ser usada pelo Metrô nos anos 1990, durante a realização do estudo de viabilidade da Linha 4-Amarela. Desde então, o


cálculo é atualizado anualmente. Periodicamente, a metodologia é revista para conseguir absorver mudanças no sistema ou na própria cidade. Uma revisão da metodologia está em andamento no momento e deve levar em conta as expansões da rede, a importância da regularidade do sistema em função do trânsito cada vez mais lento dos automóveis e a inserção das motocicletas como uma alternativa importante ao Metrô. A equipe técnica responsável pelo cálculo dos benefícios sociais é composta pelos economistas Maria Helena Zanchetta Maia, Antônio José Campos da Costa Neto, Soraia

Schultz Martins Carvalho e Lucas Alonso Sales. “Não restam dúvidas de que, com a nova metodologia, os benefícios do Metrô para a cidade ficarão ainda mais evidentes”, diz Maria Helena. As mudanças na metodologia de cálculos dos benefícios sociais possivelmente serão incluídas já no relatório de 2012. •

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Caminhos do sucesso

Sintonia fina Metrô redefine as competências exigidas do seu corpo de funcionários em todos os níveis e se prepara pra o futuro

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ocê não precisa gostar de futebol pra entender que o técnico Luiz Felipe Scolari tem pela frente o desafio de trabalhar sintonizado com 32

toda a sua equipe que fará parte da seleção brasileira de futebol. O objetivo óbvio é vencer os desafios e ganhar a Copa no Brasil em 2014. Até lá, ele preci-

sa se manter atualizado, ou seja, conhecer e analisar os concorrentes, descobrir os pontos fortes e fracos do próprio time, desenvolver estratégia para cada jogo, selecionar e treinar a equipe para desempenhar o seu papel, e formar uma seleção campeã. Finalmente, os gols e a comemoração dos resultados. O cenário nas empresas não é diferente do que


Rejane e Sandra: funcionários em sintonia com o futuro da Companhia

acontece no futebol. Elas desenvolvem sua equipe de profissionais com plano de ação e objetivos definidos. Norteadas pelos desafios atuais e futuros, as empresas estabelecem suas metas, estratégias, e entram em campo com profissionais com domínio das competências desejadas para o momento. Esse foi o motivo pelo qual a gerência de Recursos Humanos revisou e consolidou em parceria com representantes do corpo

executivo da empresa as competências dos profissionais do Metrô para 2013. “Foram definidas as competências estratégicas da liderança e as comuns às diferentes famílias de cargos da Companhia, que todos devem demonstrar para contribuir no alcance das metas organizacionais”, explica Rejane Rosenberg, coordenadora de desenvolvimento da Universidade Corporativa do Metrô. Segundo a analista de Recursos

Humanos Cristina Castro, uma das responsáveis por este trabalho, o objetivo é gerar entendimento sobre as demandas atuais e as expectativas da Companhia em relação à contribuição dos empregados. “É importante que cada um saiba o que precisa demonstrar para ter um bom desempenho e auxiliar a empresa a atingir suas metas”, acrescenta a analista de Recursos Humanos Sandra Morales, também envolvida no projeto de definição de competências do Metrô. Em um cenário dinâmico, no qual a Companhia está inserida, algumas competências são essenciais para o sucesso do negócio. Elas revelam que flexibilidade e busca de novas soluções, visão integrada, atuação em processos, proatividade, agilidade e melhoria contínua, entre outros, são comportamentos esperados e fundamentais para a empresa alcançar seus resultados. O Metrô, como faz o técnico Scolari, também precisa aperfeiçoar continuamente sua equipe e treiná-la de acordo com as necessidades, promovendo o seu engajamento. Todo esse trabalho deverá ser amplamente conhecido por todos, pois norteará várias ações de desenvolvimento, bem como a avaliação de desempenho do ciclo de 2013. • 33


Caminhos do sucesso

The book is on the train Metrô oferece aulas de inglês para três mil funcionários com o objetivo de atender bem os estrangeiros durante a Copa do Mundo

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jornalista inglês Richard House estava em Londres durante os Jogos Olímpicos de 2012. Uma das cenas que lhe chamou a atenção aconteceu no metrô, onde via diariamente grande movimentação de estrangeiros que se locomoviam com a desenvoltura de quem conhecia as estações. “O transporte foi o mais usado durante os Jogos porque o bilhete vinha junto do ingresso para os eventos”, diz House. “Além disso, ajudou muito o fato de o inglês ser o idioma local.”

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“O Brasil ainda tem de se preparar muito”, diz Bellângela Marcon, coordenadora de Recursos Humanos do Metrô. “Os países da Europa que não têm o inglês como língua oficial estão mais bem preparados para atender turistas em inglês do que nós.” Para ajudar a corrigir esse problema, os cerca de três mil metroviários que fazem contato com o público vão aprender a se comunicar de forma básica em inglês, com vistas à Copa do Mundo de 2014 e às Olimpíadas de 2016 (que, embora vá ser dis-

putada no Rio de Janeiro, deverá também ampliar o fl uxo de estrangeiros em São Paulo). O Metrô vai oferecer a esse grupo de funcionários um curso de inglês funcional – aquele que permite travar breves diálogos e cujo ensino é baseado no dia a dia do aluno. Serão ao todo 20 horas-aula, com aulas à distância realizadas via Internet durante o horário de trabalho. A Companhia começou a treinar os funcionários no inglês já no ano passado. Hoje, 301 funcio-

nários de estações com maior fluxo de turistas estrangeiros estão estudando inglês em escolas de sua escolha, com reembolso parcial pelo Metrô. A ideia é que todos os metroviários que tiverem contato com usuários estrangeiros possam atendê-los de forma adequada. Como sugestão para que São Paulo repita o sucesso de Londres no trato com os turistas, o inglês House sugere que o Metrô adote um sistema de sinalização com mais informações visuais para quem não sabe o português. “É


Usuários estrangeiros: o espanhol Rosiano (à esq.) e o inglês House elogiam a iniciativa

uma forma a mais que temos para superar a barreira da língua”, diz House, que morou na cidade nos anos 1980 e ainda mantém negócios por aqui. A ajuda é bem-vinda até por quem fala português. “Um bom sistema de placas indicativas facilita a vida do turista em qualquer lugar”, afirma Raul Diniz, comerciante português de Seixo da Beira e que conhece o metrô de várias cidades do exterior. Ele, que mora desde os cinco no Brasil e visita familiares em Portugal a cada biênio, diz que não fala inglês, mas

conta que se locomoveu sozinho em Nova York de metrô sem precisar pedir auxílio. Ele é usuário constante do sistema em São Paulo, pois tem negócio próximo à Estação República. “O metrô me faz andar menos de carro.” Já o professor de espanhol Osvaldo Antonio Rosiano, argentino de Buenos Aires, aposta que o Metrô vai agradar os estrangeiros por causa da modernidade dos equipamentos e da limpeza das estações e composições. Ele mora há 31 anos no Brasil e usa o transpor-

De olho na Copa: Bellângela, do RH, é a coordenadora do curso

te pelo menos duas vezes por semana. “Não há como compará-lo com o da capital argentina. O metrô lá é bom, mas os tren s são extremamente antigos”, afirma. O inglês House espera que, além de aprimorar a comunicação com os estrangeiros, o Metrô consiga manter em São Paulo a atmosfera festiva que ele viu em Londres durante as Olimpíadas. “O pessoal canta e brinca nas estações e dentro dos trens. Se o mesmo acontecer aqui, o Metrô vai viver dias bastante animados.” •

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Fui, vi e gostei Montalcino: fortaleza é parada obrigatória na terra do vinho Brunello

La dolce vita Gerente de RH Alfredo Falchi Neto descobre as maravilhas do sul da Itália contornando a “bota” de carro

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undador e fiel participante do Gruppo Enoamicus Confraria, um dos clubes de funcionários do Metrô aficionados por vinhos, o gerente de RH Alfredo Falchi Neto gosta de aproveitar suas férias para buscar novos sabores. Ao lado da mulher Esther e de um casal de amigos, Falchi Neto fez um tour por toda a costa da Itália em setembro. Há dois anos, o mesmo grupo havia percorrido o norte da “bota”. O roteiro de 23 dias de automóvel, aproveitando o clima ameno e as belas paisagens do final do verão, foi de dar água na boca. “Chegamos de avião em Roma e começamos a rota pela Toscana, uma das regiões da Itália mais conhecidas pela produção de 36

vinho e oliva”, explica Falchi Neto. Entre alguns dos destinos memoráveis, ele destaca Assisi, famosa por suas festas medievais, e Castiglione del Lago, outra cidade histórica, já na província de Perugia. Ou ainda Pienza, famosa pela produção de queijos artesanais. De lá, o grupo desceu pela Via Chiantina, estrada rodeada por vinhedos de onde é feito o clássico vinho Chianti, chegando até a Costa Adriática, no lado oriental da península. Lá aproveitaram para provar pratos típicos de frutos do mar na belíssima cidade de San Benedetto del Tronto, cuja orla, toda ocupada por palmeiras baixas e ciclovias, tem uma vista “admirável”. “Os restaurantes ficam na praia mesmo e são mui-

Gastronomia de primeira: pizza em Nápoles, licores de Abruzzo, omeletes frios regados a aceto de Modena e bases de molhos desidratadas, perfeitas para serem trazidas ao Brasil


Giro pela história: Alfredo e sua esposa, Esther, posam na orla de San Benedetto del Tronto; a cidade de Alberobello (à esq.), a fortaleza de Montalcino e a Igreja de São Nicolau, em Bari, também fizeram parte do roteiro (fotos de baixo)

to confortáveis”, recorda Alfredo. Apesar da sofisticação típica da região, ele aponta que os preços não são tão salgados quanto se pode imaginar. Seguindo para o sul, o grupo chegou à Calábria, de onde a família de Alfredo imigrou para o Brasil. “Foi uma experiência pessoal ótima, me lembrei das bracholas que a minha avó fazia e do macarrão fusilli, que lá ainda é feito do modo tradicional, enroladinho no arame”, diverte-se. Dali, o caminho inevitável era chegar ao extremo sul pelo litoral, cruzando para o lado ocidental da Itália, onde fica a deslumbrante Costa Amalfitana, cenário de cinema e um dos pontos mais turísticos de toda a Europa. Em destaque, locais como Sorrento, na Campânia, perto de Nápoles.A paisagem encanta pelo litoral recortado e as vilas históricas erguidas nos morros que dão vista para o Mediterrâneo. “Um dos segredos é partir da principal cidade de uma região e percorrer sem pressa as vilas próximas, pelas estradas vicinais, que são bonitas e vazias. Assim, você

tem contato com o povo e a cultura, extrai uma experiência mais rica da viagem”, diz Alfredo que, apesar do sangue italiano, não se arrisca muito na língua dos avós. E nem é preciso muito já que, segundo ele, os turistas brasileiros, cada vez em maior número, têm sido bem tratados pelos italianos. Alfredo dá uma dica valiosa para quem pretende se aventurar pela Itália: em vez de alugar um carro, faça um leasing. “Sai muito mais barato, cerca de R$ 200 por dia, com quilometragem livre e seguro.” Embora a Itália pareça um destino caro, ele destaca que, planejando com uma antecedência de ao menos seis meses, é possível usar milhas para passagens de avião na data desejada e obter ótimos preços em hotéis reservando pela Internet. Ele usa, para esse fim, o site Booking.com. “O importante é planejar bem, ir pagando com antecedência e não deixar muita coisa para resolver na última hora. Com a Internet, pode-se fazer praticamente tudo de casa, sem a necessidade de uma agência de turismo.”•

planeje-se! Pesquise e planeje sua viagem acessando Booking.com ou, ative o QR code.

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Do lado de fora

Um presente para a zona norte

Polo de desenvolvimento: shopping vai gerar 2.500 empregos diretos

Vem aí o Shopping Metrô Tucuruvi, uma opção completa de comércio, lazer e serviços ao lado da Linha 1-Azul

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s três milhões de habitantes da zona norte de São Paulo terão à disposição, a partir do fim de janeiro, um novo centro comercial com 236 lojas, seis salas de cinema e 52 restaurantes. É o Shopping Metrô Tucuruvi, que está em fase final de obras em uma área contígua à estação Tucuruvi. Mesmo antes de ser inaugurado, o empreendimento já provoca reflexos importantes na região. Segundo corretores 38

de imóveis que atuam nas proximidades, apartamentos que custavam menos de R$ 200 mil há um ano, hoje não saem por menos de R$ 300 mil. Quando estiver funcionando plenamente, o shopping vai empregar cerca de 2.500 pessoas. A incorporadora parceira do Metrô no empreendimento é a JHSF, que vai explorar a área até 2054, ano que o negócio volta para as mãos do Metrô. As expectativas para o empreen-

dimento são bastante positivas, graças às características da região. “Esperamos mais de 25 milhões de pessoas circulando no primeiro ano de operação”, diz Antônio Saugo, superintendente da Cia. Metrô Norte, empresa da JHSF responsável pela gestão do shopping. A zona norte é relativamente carente em shoppings, já que o único grande empreen-


dimento da região é o tradicional Center Norte. As 1,2 milhão de pessoas que circulam todo o mês pela estação Tucuruvi do Metrô e pelo terminal de ônibus anexo vão formar o público principal do shopping. O Shopping Metrô Tucuruvi vai ter, em seus 30 mil metros quadrados de área divida em cinco pavimentos, lojas-âncora como Renner, C&A, Casas Bahia, Magazine Luiza, Centauro e Marisa, entre outras. Os cinemas serão operados pela rede Cine-

mark. O estacionamento terá capacidade para 1.700 carros. A JHSF foi escolhida para construir e explorar o empreendimento em uma disputa pública realizada pelo Metrô. Pela concessão de uso do espaço até 2054, a empresa vai remunerar o Metrô mensalmente em 15,2% da receita bruta obtida pelo shopping. O resultado é um negócio onde todos ganham: a população da zona norte, os usuários do Metrô, o dono do empreendimento e o próprio Metrô. • 39


Metrô pelo mundo

Bonito e eficiente: estações (acima) e trens (foto à direita) são repletos de iniciativas artísticas

Aos pés da cordilheira Saiba por que o Metrô de Santiago é considerado um dos mais modernos e bonitos do mundo Por Conrado Grava de Souza

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Metrô de Santiago foi inaugurado na capital chilena em 15 de setembro de 1975 por Augusto Pinochet. Hoje com cinco linhas, 103 quilômetros e 108 estações, é considerado um dos mais modernos e bonitos sistemas do mundo. A rede serve aos cinco milhões de habitantes da Grande Santiago, composta por 40 municípios. A administração do serviço cabe, desde 1990, à Empresa de Transporte de Pasajeros Metro, uma sociedade anônima de capital federal (a Corporación de Fomento de la Producción, Corfo, é a controladora do capital, com


57% das ações). A empresa tem 3,5 mil funcionários. O Governo Federal aporta capital para a construção de novas linhas, mas não subsidia nem a operação nem a modernização dos sistemas. Em 2007, Santiago ganhou um novo sistema de transporte coletivo, chamado Transantiago, que alterou profundamente a forma

como as pessoas circulam na região. Por causa das mudanças, que incluíram a integração tarifária e a eliminação de linhas de ônibus concorrentes, o Metrô sofreu um acréscimo enorme no número de usuários que não havia sido imaginado. Foi um momento tão complicado que até a popularidade da então presidente Michelle Bachelet acabou sendo afetada negativamente por causa da confusão. O projeto MetroArte, criado em 1990, garantiu a fama de Santiago como a cidade que abriga algumas das mais belas estações de metrô do mundo. Quando, em 1998, a estação Baquedano ganhou um grande mural artístico, as estações passaram a ser chamadas de “novas catedrais”, tamanho o impacto visual da obras. O metrô de Santiago continua em expansão, com planos de construir duas novas linhas, a 3, com 22 quilômetros e 18 estações, e a 6, com 15,3 quilômetros e 10 estações. Em 2011, o Metrô de Santiago transportou 641 milhões de passageiros, com média nos dias úteis de 2,2 milhões de entradas. Apenas a Linha 1 transportou 351 milhões de passageiros

naquele ano. O sistema é o responsável por 57% das viagens realizadas na região metropolitana. A tarifação é do tipo flat, com um valor diferenciado para o horário de pico. Há um bilhete unitário (Smartcard) que pode ser utilizado em toda a rede e também nos demais sistemas de transporte público de Santiago. Na Linha 1, o sistema de sinalização a bloco fixo está sendo migrado para o CBTC (Controle de Trens Baseado em

________ Conrado Grava de Souza é assessor da presidência do Metrô. Está na Companhia desde 1984 e já atuou como diretor de Operações.

Comunicação), o que vai permitir uma redução no intervalo dos trens para 80 segundos (hoje o menor intervalo praticado na rede é de 114 segundos). Três linhas operam com rodas pneumáticas e duas com rodas de aço. •


memória

Edward dos Santos: “potencial de crescimento da linha é enorme”

Linha 5-Lilás faz dez anos Projeto de expansão vai dobrar capacidade e integrar a linha que corta a Zona Sul à rede do Metrô 42

A

Linha 5-Lilás completou dez anos de operação em 20 de outubro com a expressiva marca de 320 milhões de usuários transportados pelas seis estações instaladas entre o Capão Redondo e o Largo Treze, na Zona Sul de São Paulo. A linha completa uma década


Festa em 2002: Linha 5-Lilás demorou para ganhar a preferência dos usuários, mas hoje tem 305 mil usuários por dia

Cia. do Metropolitano de São Paulo

Marcos Antonio da Silva

Marcos Antonio da Silva

Quando estiver completa, linha terá 16 quilômetros e 16 estações

de vida prestes a crescer. Já no ano que vem fica pronta a estação Adolfo Pinheiro, em Santo Amaro. Para 2015, está prevista a abertura de mais nove estações: Alto da Boa Vista, Brooklin, Campo Belo, Ibirapuera, Moema e Vila Clementino, chegando até a Linha 1-Azul, na altura da esta-

Mapa da linha

ção Santa Cruz, e à Linha 2-Verde, em seu atual ponto final na Chácara Klabin. A Linha 5-Lilás cruza uma das regiões de maior concentração demográfica da cidade de São Paulo. “O potencial de crescimento desta linha é enorme, não só pelas integrações que

ainda estão por vir, como também pela carência de transporte público de qualidade na região”, diz o chefe do Departamento de Operações das estações do Metrô, Edward Henrique dos Santos. A operação da Linha 5 começou de maneira restrita a alguns dias e horários e, nesse primeiro momento, atraiu relativamente poucos passageiros (cerca de dois mil por dia). A partir de 2005, já funcionando nos horários normais do Metrô, a demanda da Linha 5-Lilás cresceu bastante. Em 2011, o fluxo de pessoas deu novo salto, após a integração da Linha Esmeralda da CPTM (que se conecta à estação Santo Amaro do metrô) à Linha 4-Amarela. Desde então, é possível chegar ao Centro e à região da Paulista a partir de pontos remotos da zona sul com facilidade. No dia 7 de dezembro, a linha atingiu seu pico histórico de demanda, com 305 mil passageiros transportados. Quando estiver completa, a Linha 5-Lilás terá capacidade para 615 mil passageiros por dia, com 16 estações em seus 16 quilômetros de extensão. •

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por dentro do MetrĂ´

Expresso da Madrugada Funcionårios fazem esforço concentrado entre 1h e 4h para a troca do lastro e do terceiro trilho da Linha 3-Vermelha

Novo terceiro trilho: troca do equipamento exige agilidade das equipes

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G

arantir a segurança e a eficiência que os usuários encontram todos os dias nas plataformas exige muito trabalho e planejamento de toda a equipe de manutenção do Metrô. Um dos maiores esforços que vêm sendo conduzidos pela Companhia hoje é a troca do lastro (formado por pedras que sustentam as vias) e do terceiro

tações Corinthians-Itaquera e Bresser (contando as duas vias). Evidentemente, os trechos elevados da via não estão passando pela manutenção, pois são sustentados por vigas de concreto. Cerca de 70 mil toneladas de brita estão sendo substituídas. “A função da brita é suportar a estrutura dos trilhos e absorver a vibração dos trens. Quando vai

Substituição de 70 mil toneladas de brita vai seguir até 2014 trilho (que serve para fornecer energia para os trens) da Linha 3-Vermelha. O objetivo é garantir as condições perfeitas de tráfego e elevar a capacidade de circulação de trens no ramal. Para realizar essa força-tarefa, um batalhão de mais de 20 funcionários do Metrô e quase 220 pessoas de empresas terceirizadas estão trabalhando em seis jornadas por semana entre 1h e 4h. A manutenção mais demorada e trabalhosa da reforma é a troca da manta de pedras de brita que fica sob os trilhos. É a primeira vez que o material é trocado desde a inauguração da linha, em março de 1979, há 33 anos.Ao todo, será trocada a sustentação de 25,5 quilômetros de extensão da linha entre as es-

ficando velha, a base torna a linha rígida, o que pode danificar os trilhos”, explica o coordenador de manutenção do MTV, Décio Bin, que compõe a equipe encarregada da reforma. O trabalho teve início em junho de 2010 e deverá ficar pronto em meados de 2014. Para realizá-lo, um consórcio terceirizado, SPA-Tejofran, utiliza uma máquina sugadora que retira as pedras. A inserção do novo material também é mecanizada, enquanto o assentamento é feito por trabalhadores. Em alguns trechos mais complexos, todo o processo é feito manualmente. Por noite, a operação

consegue avançar entre 25 e 30 metros. Em outra frente, os funcionários do Metrô e os trabalhadores do consórcio Alstom-Tejofran estão trocando todo terceiro trilho da Linha 3-Vermelha – o que perfaz um total de cerca de 50 quilômetros de extensão. O trilho original do ramal, que era uma espécie de “sanduíche”, com o interior de aço comum envolvido por duas barras de alumínio, está sendo trocado por metais mais eficientes. “O novo trilho tem se mostrado muito mais eficiente em todos os aspectos, desde a durabilidade até a capacidade de transmissão de corrente elétrica, que aumentará bastante após a reforma”, diz Bin. Assim, a Linha 3-Vermelha poderá ampliar a circulação de trens sem riscos de falta de energia. O trabalho de troca do terceiro trilho começou em junho e está programada para terminar em abril de 2013. As obras avançam cerca de 300 metros por noite. Eventualmente, certos trechos são fechados aos finais de semana para que a troca seja acelerada. •

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por dentro do Metrô

De olho nos contratos

Conheça o Departamento de Gerenciamento e Empreendimentos – PMU, responsável por acompanhar perante os bancos nacionais e estrangeiros todos os projetos de financiamento do Metrô

O

Metrô está em fase do Metrô”, diz o chefe do departade expansão aceleramento Ernesto Augusto Granado. da, com canteiros de Atualmente, a área acomobras em vários ponpanha contratos no tos da cidade. Para que total de R$ 14 biisso aconteça, é precilhões firmados junto Área so que uma turma de ao Banco Mundial, acompanha 14 pessoas do Deparao Banco Interameo trâmite de tamento de Gerenricano de Desencerca de R$ ciamento e Empreenvolvimento (BID), 14 bilhões dimentos – PMU faça em recursos à Caixa Econômica um minucioso trabaFederal e ao Banco lho de acompanhaNacional de Desenmento dos financiamentos bilionávolvimento Econômico e Social rios tomados junto a instituições (BNDES), entre outros. São refinanceiras brasileiras e estrangeicursos que o Metrô emprega na ras. “Os bancos que financiam os ampliação e na construção das projetos dizem que nós somos os Linhas 2-Verde, 4-Amarela, 5-Liolhos e os ouvidos deles dentro lás, 15-Prata e 17-Ouro.

Granado: trabalho meticuloso feito por equipe de 14 pessoas

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O departamento foi criado em 2003 para trabalhar na implantação da Linha 4-Amarela a pedido do Banco Mundial, financiador do empreendimento. À época, a área era conhecida pelo seu nome em inglês: Project Management Unit (ou Unidade de Gerenciamento de Projetos, em português). A partir de abril de 2007, o departamento ganhou o nome atual e novas atribuições. “Nossa área não para de crescer, pois sempre há novos contratos de financiamento sendo preparados. Como o governo não pode assumir todos os compromissos com recursos próprios, essa é a melhor forma de conseguir capital sem onerar o Estado”, diz Granado. O trabalho do departamento não se esgota depois que se consegue aprovar os empréstimos nos bancos. Pelo contrário: é nesse momento que começam as prestações


de contas e a fiscalização dos empreendimentos. “Fazemos o acompanhamento da obra, a implantação dos sistemas e o monitoramento contínuo de cada centavo liberado pelos financiadores”, afirma Eraldo Rubens Rett, o braço direito de Granado no departamento. Além dos 14 profissionais que trabalham diretamente na área, o trabalho envolve ainda profissionais das áreas de sistemas, engenharia, projetos, compras, planejamento, jurídica e orçamentária do metrô.

Quando o Banco Mundial envia comitivas ao Brasil para acompanhar as obras dos projetos, por exemplo, as reuniões com o Metrô sempre contam com representantes de diversas dessas áreas. “Convencemos o banco de que essa é a forma mais adequada de trabalhar conosco, uma vez que como cada área conhece profundamente os dados com os quais trabalha tem condições de entregar informações de melhor qualidade para quem financia o projeto”, diz Granado. • 47


Metrô

Em caso de emergência... Conheça melhor o sistema de segurança do Metrô e saiba como agir se alguma coisa der errado durante suas viagens pela rede

E

xistem poucos lugares mais seguros para se estar em São Paulo do que o Metrô, seja nas estações, seja dentro dos trens. Em quase quatro décadas de operação comercial ininterrupta, o número de ocorrências registrados até hoje é irrisório – e, mesmo quando elas acontecem, costumam ser sem maior gravidade. As mais de quatro milhões de pessoas que viajam diariamente pelo sistema confiam plenamente na capacidade do Metrô de manter sua integridade física e a sua segurança durante seus trajetos. Mesmo assim, não custa saber como proceder caso ocorra algum evento inesperado. Grande parte dos metroviários que não trabalham diretamente com a operação ignoram as rotinas de emergência

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adotadas nas estações e no Centro de Controle Operacional (CCO). “O Metrô é altamente monitorado e absolutamente seguro”, diz Wilmar Fratini, gerente de Operações da Companhia. “O pessoal das estações está preparado para lidar com situações emergenciais. Portanto, assim que verificar alguma ocorrência, o passageiro deve localizar imediatamente algum agente de segurança e comunicar o que está acontecendo.” É importante também saber que é possível acionar por conta própria o Sistema de Prevenção de Acidentes na Plataforma (SPAP), assim que se verifica algum perigo iminente. Para isso, basta apertar um dos dois botões vermelhos que ficam dispostos dentro de redomas plásticas em pontos estra-

tégicos das plataformas. O SPAP, que também pode ser acionado a partir do CCO e da sala de supervisão de cada uma das estações, desliga automaticamente a energia da linha. Com isso, evita-se, por exemplo, que alguém que eventualmente tenha caído na linha seja eletrocutado e/ou atropelado por algum trem. O terceiro trilho, que em contato com os trens transmite a energia para seu funcionamento, carrega uma tensão de 750 volts em corrente contínua. Nas escadas rolantes das estações, há um sistema semelhante ao SPAP, que interrompe o fluxo imediatamente assim que botões localizados nas pontas das escadas são acionados. “Qualquer pessoa pode desligar as escadas quando perceber, por exemplo, que alguém caiu ou que a roupa de alguém ficou presa no mecanismo”, diz Fratini. “Em todas essas situações, a recomendação é sempre a mesma: depois de acionar os sistemas de segurança, chame um funcionário da estação.”


Fratini: “os usuários devem sempre buscar o auxílio dos funcionários das estações”

Outra informação que pode ajudar em um momento de emergência é saber que todas as estações contam com aparelhos desfibriladores automáticos, que podem salvar a vida de pessoas que estejam sofrendo algum colapso cardíaco. Os aparelhos fazem, por conta própria, uma avaliação da situação do paciente e, caso necessário, realizam uma descarga elétrica para tentar normalizar os batimentos cardíacos da pessoa. Os funcionários das estações, é claro, estão treinados para operar o aparelho.

“O mais importante é que os funcionários devem estar prontos para seguir as recomendações de segurança que valem para todos os passageiros e que estão expostos em todos os carros (veja no quadro ao lado)”, afirma Fratini. O que vale, enfim, são as regras básicas para situações de emergência em qualquer outro local: manter a calma sempre, tentar ajudar as pessoas com mais dificuldade e procurar a saída.“Esse é o jeito mais fácil e mais útil de colaborar com a segurança do Metrô.” •

Como agir em caso de anormalidade ➤ Nunca desça à via ➤ Mantenha a calma ➤ Siga as orientações dos funcionários do Metrô ➤ Abandone objetos volumosos ➤ Caminhe pela passarela de emergência utilizando o corrimão ➤ Leve as crianças no colo ou pelas mãos e ajude as pessoas que caminham com dificuldade

Centro de Controle Operacional aciona o sistema de emergência nas estações caso necessário

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Causos do Metrô

A grande chance

E

m novembro de 2007, um grupo de 37 metroviários teve a oportunidade de defender as cores da Companhia em rede nacional. Foi no programa “A Grande Chance”, exibido pela TV Bandeirantes e apresentado por Gilberto Barros, o Leão. A atração colocava quatro equipes em confronto, cada uma com 50 participantes e três líderes que seriam os responsáveis pelas respostas às perguntas de conhecimentos gerais. O Metrô venceu a disputa contra a escola de samba Nenê da Vila Matilde, um grupo de roqueiros paulistanos e uma equipe formada por esposas de colecionadores de carros antigos. Para completar, a equipe metroviária, que não atingiu o número regulamentar de 50 pessoas, a produção do programa chamou 13 figurantes. “Esse pessoal convidado colaborou muito conosco. Eles diziam que amavam o Metrô e que se dedicariam ao máximo para a nossa equipe, o que acabou acontecendo de fato”, diz

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Carlos Alberto Soares da Silva, do departamento de Imprensa do Metrô e um dos líderes da equipe. Os outros dois líderes foram a Adelaide Porfirio de Moraes, da área financeira, e o Wilson Bandeira de Moura, da contabilidade. Carlos Alberto convidou Adelaide para vice-líder da equipe metroviária e Wilson teve a sorte de ser escolhido já com o programa em andamento dentre os outros 35 integrantes do Metrô que participaram da atração. “A produção do programa girava um globo com um feixe de luz em cima da equipe. Quando a música parava, a luz parava também”, relembra Wilson. “A luz parou bem em cima da minha cabeça.” Wilson se considerava preparadíssimo para o desafio, pois inclusive já havia tentado participar do programa por conta própria, em outras ocasiões. O Metrô venceu a fase classificatória do programa e se classificou para a fase final, que seria disputada contra os ro-

queiros. “O Gilberto Barros se encarregava de deixar cada um de nós com os nervos à flor da pele”, diz a extrovertida Adelaide, que guarda ótimas recordações da aventura televisiva. “Quando chegamos ao centro da arena, olhei para trás e pude ver toda a nossa equipe. Foi indescritível a sensação de ver tantos olhos brilhando na minha direção. Pude ver a confiança que estavam depositando em mim.” No momento decisivo do programa, Carlos Alberto ficou sozinho no palco e, segundo Adelaide, “deu um show de vocabulário e garantiu nossa vitória”. A festa estava garantida. “Foi um momento único, comemoramos muito”, diz Wilson. • ________ Conte o seu “causo” para nós no endereço revista@ metrosp.com.br.


Cena do metrô

Centro de Controle Operacional do Metrô: trabalho intenso 24 horas por dia, 7 dias por semana, para que 4,5 milhões de pessoas circulem em segurança e com conforto por São Paulo.


ainda nesta edição Entrevista com o presidente do Metrô, Peter Walker A escritora Lucimar Mutarelli situa seu primeiro romance no Metrô etroviários deficientes M dão show na Virada Inclusiva etrô oferece curso M de inglês para 3 mil funcionários

metropolis a revista corporativa do metrô


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