Quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
GAZETA DO POVO Editora responsável: Themys Cabral saude@gazetadopovo.com.br
Dicas para você ficar longe das micoses e evitar que elas estraguem as suas férias
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As verdades e mentiras da técnica de reposição hormonal
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Como escolher o protetor solar e manter a pele saudável no verão
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Tratamento placebo: disponível já nos consultórios Prescrever medicamentos sem indicações específicas para uma doença e que fazem o paciente se sentir mais confiante – e até mesmo ter alívio em seus sintomas – é uma estratégia cada vez mais usada pelos médicos em todo o mundo Páginas 4 e 5
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Eu superei Rafaela Bortolin
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o dia em que conversou com a reportagem da Gazeta do Povo, o funcionário público aposentado Amaury* se orgulhava de um feito: naquela quinta-feira de novembro, ele comemorava 43 anos, 2 meses e 11 dias sem ingerir bebidas alcoólicas. “Para quem não conhece minha história, isso pode parecer bobagem, mas, para mim, cada dia sem beber faz diferença e é uma vitória da qual me orgulho muito.” A comemoração tem sentido: Amaury abusou no uso do álcool por quase 15 anos e só depois de vários sustos, algumas internações e muitas perdas, ele conseguiu abrir mão da bebida. “Quase morri e sei que desapontei muitas pessoas queridas. Agora, só posso celebrar o fim daquele
sofrimento.” Amaury lembra que a evolução da doença foi rápida. “Comecei a beber aos 17 anos por curiosidade. Logo já estava matando aula para ficar no bar, escondia bebida no guarda-roupas e isso foi aumentando até o ponto em que eu acordava e a primeira coisa que fazia era beber, antes mesmo de escovar os dentes.” Segundo ele, foram alguns anos com períodos de abstinência da bebida e outros com recaídas, inclusive com internações hospitalares. “Prometia a mim mesmo que não ia beber, fazia os tratamentos, mas logo abandonava e recaía. Mesmo assim, negava a doença e ficava bravo de as pessoas me dizerem que eu estava exagerando [na bebida].” O susto maior veio em um dia em que ele desmaiou enquanto tomava água. “Estava há quatro
Walter Alves / Gazeta do Povo
Após 43 anos de batalhas vencidas, guerra não chegou ao fim
“Hoje, não me importo de as pessoas beberem perto de mim, porque tenho consciência dos meus limites. Sei que, se beber um copo de cerveja, vai desencadear todo aquele sofrimento novamente. Cheguei à sarjeta moral e não quero aquilo nunca mais para a minha vida.” Amaury, funcionário público aposentado
dias sem beber. Apaguei completamente e me levaram ao hospital. Depois dos exames, o médico me disse que, se continuasse bebendo, eu iria morrer porque tinha cirrose e meu fígado estava muito comprometido. Nem isso me comoveu. Sai de lá e fui direto para o bar.”
Virada Amaury conta que um dia foi marcante em sua recuperação: 1º de setembro de 1968. “Estava vendo tevê e apareceu uma propaganda do Alcóolicos Anônimos (AA) falando sobre uma reunião. No dia 5, data do encontro, me arrumei e estava saindo de casa quando minha mãe perguntou aonde eu iria. Respondi que ia arrumar minha vida.”
Expediente
Foi só na reunião que ele diz ter tomado consciência da gravidade da doença. “Fiquei impressionado como as histórias das outras pessoas eram parecidas com a minha. Não havia pobres e ricos ali. Independentemente da condição financeira, éramos todos iguais em nossa doença. Depois disso, nunca mais bebi.” Segundo ele, mesmo após tanto tempo, ele não se descuida. “Se vejo alguém ingerindo bebida alcóolica, não sinto vontade porque sei que não posso. Mesmo assim, me preocupo. Por um motivo bobo posso ficar triste, buscar o álcool como ‘muleta’ e botar por água abaixo todo o meu esforço nas últimas décadas.”
Recomendação Para quem está passando por uma situação semelhante, Amaury recomenda: o primeiro passo é admitir que tem problemas com álcool e que perdeu o controle da vida. “A pessoa tem de querer ajuda e reconhecer que é impotente contra o álcool. Todos os alcoólatras precisam de ajuda.” *Por causa das normas seguidas pelo Alcóolicos Anônimos, de proteger o sigilo de seus participantes, Amaury não revelou seu sobrenome e pediu que a foto dele fosse tirada na contraluz.
Interatividade Você tem alguma história de superação? Conte para nós. Você pode virar o tema da próxima coluna Eu Superei. Escreva para saude@gazetadopovo.com.br
Próxima edição 11 de janeiro
Caderno Saúde é um suplemento especial da Gazeta do Povo desenvolvido pelo Núcleo de Saúde. Diretora de Redação: Maria Sandra Gonçalves. Editor Executivo: Guido Orgis. Edição: Themys Cabral. Diagramação: Allan Reis. Capa: Daniel Castellano. Redação: (41) 3321-5316. Fax: (41) 3321-5472. Co mercial: (41) 3321-5904. Fax: (41) 3321-5300. E-mail: saude@gazetadopovo.com.br.Endereço: R. Pedro Ivo, 459. Curitiba-PR. CEP: 80.010-020.Não pode ser vendido separadamente.
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Especial
Daniel Castellano / Gazeta do Povo
Melh
Dâmaris Thomazini
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eceitar um tratamento placebo (usando medicamentos que não possuem indicações específicas para curar uma doença e que fazem o paciente se sentir mais confiante) pode beirar a loucura, mas não para vários médicos estrangeiros e até para alguns profissionais brasileiros. Uma pesquisa publicada no British Medical Journal mostrou que, nos Estados Unidos, pelo menos 50% dos médicos prescrevem estes tratamentos a seus pacientes. E isso não acontece só lá. Um índice similar foi verificado em outros países, como Dina marca, Israel, Suécia, Reino Unido e Nova Zelândia. Entre os americanos, os medicamentos prescritos variam de comprimidos para dor de cabeça a vitaminas, além de antibióticos e sedativos. Os médicos receitam estes remédios em busca do chamado “efeito placebo”. Ou seja, eles estão atrás das consequências do uso da droga sobre
Prescrever tratam
mais confiante, es
a mente do paciente e não do resultado químico da utilização do medicamento no organismo. E, por mais controverso que seja o uso deste método, esses médicos encontram respaldo científico no que estão fazendo. Estudos internacionais sugerem que 60% a 90% das drogas prescritas pelos médicos dependem do efeito placebo para serem efetivas, o que significa que a cura também está na cabeça do paciente. “Há uma expectativa do sistema nervoso em relação ao efeito das medicações: ele pode anular, reverter ou ampliar as ações farmacológicas de certos medicamentos, o que faz com que até substâncias inertes [o placebo puro] provoquem efeitos”, explica o psiquiatra e secretário da Associação Brasileira de Psiquiatria na Região Sul, Cláudio Meneghello Martins. Embora não se tenha conhecimento para explicar cientificamente como e por que acontece o efeito placebo, sabe-se que o estímulo gera-
“Há uma expectativa do sistema nervoso em relação ao efeito das medicações: ele pode anular, reverter ou ampliar as ações farmacológicas, o que faz com que até substâncias inertes provoquem efeitos que não dependem delas.” Cláudio Meneghello Martins, psiquiatra e secretário da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) na região Sul.
do pelo uso de um remédio pode alterar a percepção cerebral da dor e causar impactos físicos e emocionais. “As hipóteses giram em torno de uma alteração nos neurotransmissores como a serotonina, a noradrenalina e a dopamina”, diz Martins. Essas três substâncias são responsáveis pelas nossas variações de humor, disposição e energia. “O paciente tem a sensação de que alguém realmente se interessou pelo seu problema. Nesses casos, o
tratamento placebo dá um apoio psicológico fantástico e faz com que a pessoa se sinta melhor e mais segura”, esclarece o presidente do Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, o urologista Renato Tâmbara. “Mas essa prática não deve ser usada indiscriminadamente”, adverte. Neste ponto, a discussão sobre esta prática expõe seu ponto frágil, já que no tratamento placebo a droga
é receitada sem que o paciente saiba que, na verdade, ela não possui ação efetiva contra o seu mal. “Se o profissional perceber que não há necessidade do uso de medicações, ele não deve receitar nada. Esse tipo de conduta não possui amparo ético: não se pode enganar o paciente”, critica o cardiologista, especialista em bioética, membro do Conselho Federal de Medicina e um dos revisores da última versão do código de ética médica brasileiro, José Eduardo de Siqueira.
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consciência Efeito também ocorre se paciente sabe que é placebo Um estudo da Escola de Medicina de Harvard, de autoria de Ted Kaptchuk, publicado em dezembro de 2010, analisou a reação de 80 pacientes com síndrome do intestino irritável à prescrição de placebos feita da forma considerada mais ética: eles foram informados que usariam pílulas sem ingredientes ativos.
Assim, um grupo não recebeu tratamento e o outro foi medicado duas vezes ao dia com drogas descritas como “comprimidos de açúcar” e a palavra “placebo” impressa no recipiente dos remédios. Os resultados não poderiam ser mais surpreendentes: 59% dos pacientes que usaram a substância inerte relataram alívio nos sintomas da
síndrome – caracterizada por dores abdominais – contra 35% do grupo não tratado. “Nossos resultados desafiam a ideia convencional de que o efeito placebo necessita do desconhecimento do paciente para acontecer”, disse o pesquisador à Associação Americana de Psicologia (APA, em inglês).
Placebo é um termo técnico utilizado em pesquisas clínicas que comparam a ação de uma substância ativa com outra inerte – o medicamento placebo.
Tratamento placebo é usado na medicina, fora da pesquisa, quando um médico receita uma droga ciente de
que ela não possui ação farmacológica contra uma doença específica.
Efeito placebo é o resultado esperado quando se faz um tratamento placebo. Sob o efeito placebo o paciente se sente mais confiante e até a apresenta melhoras em seus sintomas.
horia real ou imaginária?
mento placebo, com medicamentos que não têm indicação para cura, mas que deixam o paciente
stá cada vez mais comum entre os médicos estrangeiros. No Brasil, a prática é vista com ressalvas
Nocebo Tratamento com resultados ruins O efeito placebo também tem o seu reverso: o efeito colateral a substâncias inertes ou a tratamentos aos quais um paciente sente rejeição ou temor caracteriza o chamado efeito nocebo. De acordo com o artigo “Novos dados sobre o efeito nocebo”, da Harvard Health Publications, enquanto o efeito placebo libera endorfinas que aliviam a dor, o nocebo ativa receptores que estimulam a produção de hormônios relacionados ao estresse, como o cortisol, afetando a percepção de incômodos. “Se existe uma expectativa negativa por parte do paciente, a tendência é que o tratamento não corra
bem. As consequências seriam o aparecimento de queixas, efeitos colaterais e o abandono do acompanhamento médico”, diz o psiquiatra da Associação Brasileira de Psiquiatria Cláudio Meneghello Martins. O efeito nocebo traz à tona até mesmo maus momentos do passado. “Experiências negativas ou efeitos colaterais ocorridos anteriormente podem se repetir diante de visões, sons ou outros sinais associados a um tratamento. Este ‘condicionamento’ ajuda a explicar por que cerca de uma a cada três pessoas sente náusea e até mesmo vomita ao entrar no local onde fez quimioterapia”, diz o artigo da universidade americana.
Brasil proíbe o uso em pesquisas quando há alternativas
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comparação da eficácia de novos medicamentos com uma substância inerte, o placebo puro, é restrita no Brasil. Este recurso é autorizado somente quando uma doença ainda não possui tratamentos descobertos contra ela – segundo os médicos, uma situação cada vez mais rara. “Não aceitamos que, em um estudo, um grupo receba uma droga ativa e o outro fique sem tratamento. Isso contribuiria para a piora de pessoas que já estão em situação vulnerável. Se um paciente tem uma doença com tendência à progressão, ele tem direito a um tratamento efetivo durante uma pesquisa”, afirma a especialista em neurociência da Universidade Federal de São Paulo
(Unifesp) e membro da Comissão Nacional de Ética em Pesquisas (Conep), Margareth Priel. Esta posição brasileira, porém, entra em rota de colisão com a Declaração de Helsinque, que autoriza a comparação de medicamentos novos com substâncias inertes, mesmo que já existam tratamentos estabelecidos. Esta declaração é responsável por normatizar universalmente a ética em pesquisas com seres humanos. “Esse foi o único ponto da declaração que o Brasil não aceitou. A última revisão do nosso código de ética médica incluiu o artigo 106, que proíbe o profissional de manter qualquer vínculo com pesquisas médicas que usem placebos em seus experimentos quando já houver um tratamento eficaz em uso”, explica o especialista em bioética, José Eduardo Siqueira. A explicação para esta relutância é simples. Segundo os médicos, utilizar o placebo seria mais vantajoso para os laboratórios farma-
cêuticos, não para o paciente. “Não tem cabimento comparar uma droga com uma substância inerte, pois é claro que a substância ativa terá efeito mais benéfico do que o placebo”, diz Siqueira.
“Não aceitamos que em um estudo, um grupo receba uma droga ativa e o outro fique sem tratamento.” Margareth Priel, especialista em neurociência da Universidade Federal de São Paulo e membro da Comissão Nacional de Ética em Pesquisas (Conep)
Interatividade Qual sua opinião sobre o tratamento placebo indicado por médicos? Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br
As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.
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Compare
Proteção solar às claras Identifique as diferenças entre os filtros solares e mantenha sua pele livre das complicações do verão
Dâmaris Thomazini
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orpos mais à mostra e o início da busca pelo bronzeado anunciam a chegada do verão. Porém, quando o assunto é sol, o descuido com a pele acarreta consequências graves: o câncer mais comum entre os brasileiros é o câncer de pele e os raios ultravioleta A (UVA) e B (UVB) atuam juntos no desenvolvimento da doença que, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), é res-
ponsável por 25% dos tumores malignos registrados no país. “Não existe uma dose segura de sol, por isso não é possível garantir um bronzeado 100% saudável. O UVA, da mesma forma que desencadeia o bronzeado, causa danos e vai custar um nível de envelhecimento da pele no futuro”, alerta o especialista em fotoproteção e membro da Sociedade Brasileira de Derma tologia (SBD), Sérgio Schalka. Para minimizar os danos, o uso de protetor solar é fundamental na hora de esticar o corpo na areia ou na beira da piscina mesmo em dias nublados, pois a radiação continua a afetar a pele ainda que o sol não apareça. “O ideal é buscar um bronzeamento lento, com proteção solar e, mesmo assim, fora dos horários de pico da radiação UVB (entre 10h e 16h30), causadora de
queimaduras”, alerta o professor de dermatologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e chefe do serviço de dermatologia da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba, Luiz Carlos Pereira. O filtro ajuda não só na prevenção de queimaduras – quando a pele fica avermelhada e dolorida –, mas também evita o envelhecimento precoce, o câncer de pele e o aparecimento de rugas e manchas. Mas, para garantir estes benefícios, é preciso aplicar camadas espessas sobre a pele e ter o produto sempre à mão. “Os pacientes erram ao utilizar fatores de proteção muito baixos, aplicar pouca quantidade do produto e – o erro mais comum – não reaplicar o filtro durante o dia. Mesmo que a embalagem diga que
fique atento
a proteção dura mais de quatro horas, é preciso reaplicá-lo de duas em duas horas”, reforça a médica pós-graduada em dermatologia da clínica Toujours Belle, Emmanuelle Regina Bertoldi Pache. Faça as contas: se uma pessoa leva cinco minutos para ficar vermelha sob o sol, com um FPS 30 ela vai levar cerca de 150 minutos, ou 30 vezes mais tempo. No entanto, segundo Schalka, o uso de filtro solar não é uma “licença para matar”. “Seu uso deve ser feito como forma de proteção e não como artifício para aumentar o tempo de exposição ao sol. O filtro não nos deixa totalmente ilesos das consequências da radiação”, alerta. Para ter mais saúde sob o sol do verão, compare as propriedades dos produtos e fique atento na hora de escolher o seu protetor solar.
Fotos: Priscila Forone e Marcelo Elias / Gazeta do Povo
Veja como escolher o seu protetor solar:
Fator de proteção solar (FPS)
PPD (Persistent pigment darkening)
Forma
u Spray – Indicado para pessoas
com muitos pelos pelo corpo, Mede a proteção contra os raios principalmente homens, UVA que agem na pigmentação da devido a sua facilidade de pele. Procure um protetor solar com aplicação. É ideal para alcançar PPD que seja o equivalente a pelo grandes superfícies como menos um terço do FPS – um FSP costas e pernas e também para 30 deve ter PPD 10, por exemplo. u Mínima proteção (6 a 15): Não ser usado para proteger o couro No Brasil, a maioria das marcas não cabeludo de carecas. apresenta esta informação por não possui indicação médica por ser ser obrigatória. Se não encontrar as considerada uma proteção indicações, compre um produto u Creme – Ideal para pessoas insignificante. que garanta a proteção UVA e UVB. com a pele mais seca, que Há produtos que podem u Proteção moderada (15 a 30): Para necessitem de mais hidratação, representar o PPD com pequenas por exemplo, idosos acima de pessoas mais morenas, que se expõem cruzes. Dê preferência a produtos 60 anos, que possuem a pele ocasionalmente ao sol e buscam com três cruzes. escamada e precisam absorver hidratar a pele. Para uma exposição mais gordura. mais frequente ao sol a recomendação u Uma cruz: PPD igual a quatro. da SBD é de FPS 30, no mínimo. u Gel-creme – Mais fluído, é u Alta proteção (30 a 50): Para u Duas cruzes: PPD varia de quatro indicado para pessoas jovens e adultas com pele normal, mista pessoas com a pele morena clara e que a oito. e oleosa. pretendem se expor diretamente ao sol. u Três cruzes: PPD acima de oito. u Máxima proteção (50 a 100): Pessoas com a pele muito clara e sensível ao sol e também para Fontes: Sérgio Schalka, especialista em fotoproteção, membro da SBD; Luiz Carlos Pereira, chefe pacientes em tratamento de doenças do serviço de dermatologia da Santa Casa e professor de dermatologia da PUCPR, e Emmanuelle dermatológicas. Regina Bertoldi Pacher, médica pós-graduada em dermatologia da clínica Toujours Belle. Mede a proteção contra queimaduras solares. Está relacionado ao tempo que uma pessoa leva para desenvolver uma lesão na pele ou vermelhidão produzidas pelos raios UVB.
Filtro físico ou químico Os elementos físicos e químicos podem ser combinados em um mesmo protetor solar – o que fornece mais proteção para a pele – ou então serem vendidos de forma separada. Ambos precisam ser reaplicados a cada duas horas e devem ser espalhados pelo corpo em quantidades generosas. u Filtro físico: Reflete a radiação.
Composto por partículas minerais como dióxido de titânio e o óxido de zinco, é um pó branco com aparência similar ao talco e age como uma capa protetora. É indicado para qualquer tipo de pele, especialmente para crianças pequenas com até 10 anos de idade, ou pessoas alérgicas a filtros químicos. u Filtro químico: Neutraliza e
absorve a radiação, impedindo que ela penetre na pele devido à presença de protetores químicos sintéticos em sua formulação.
Bloqueador ou protetor solar? A definição “bloqueador” será banida em breve por meio de uma alteração na legislação do Mercosul, pois ela remete o consumidor a uma ideia de proteção máxima, o que não existe. O melhor é falar ou oferecer apenas “protetor” solar.
UVA e UVB A radiação UVA está presente no ambiente durante todo o dia. Ela atinge a pele nas camadas mais profundas, é a principal causadora do envelhecimento precoce e atua como coadjuvante na incidência de câncer de pele. Já a radiação UVB tem uma ação mais superficial, sendo responsável pelas queimaduras solares e manchas. É a principal causadora do câncer de pele. Está mais concentrada no período das 10h às 16h30.
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Tratamento
Os 7 mitos da reposição hormonal O uso de hormônios
Rafaela Bortolin
engorda? E as chances
ão tem jeito: basta os primeiros sinais da menopausa aparecerem, como ondas de calor, insônia e alterações no ciclo menstrual, para que a mulher precise buscar um método para regularizar as taxas de progesterona e estrogênio – hormônios que o corpo deixa de produzir nesta fase da vida. Essa é a regra, ao menos, para cerca de 80% das mulheres, a partir dos 50 anos. Os benefícios de buscar este método são grandes: além de ajudar na prevenção da algumas doenças, como a osteoporose, a técnica alivia os sintomas da menopausa e regulariza o metabolismo da mulher, o que ajuda a diminuir a oleosidade dos cabelos e melhorar o tônus da pele. Mas, mesmo amplamente receitada pelos médicos ginecologistas, a reposição hormonal ainda é cercada por uma série de mitos. Veja os principais a seguir:
de ter câncer de mama são maiores em mulheres que usam a técnica? Veja o que é verdade e o que não passa de lenda sobre o método que ameniza os sintomas da menopausa
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Ingerir soja dispensa o uso de reposição. É mito porque a soja contém isoflavona, uma substância que tem ação parecida à do estrogênio no organismo, o que ajuda a aliviar os sintomas da menopausa, mas a quantidade no alimento é muito pequena para substituir a reposição. Como os efeitos são de longo prazo, o ideal é combinar uma alimentação rica em isoflavona desde cedo e, após a menopausa, não abrir mão do tratamento.
Causa problemas cardíacos e osteoporose. É mito. A reposição, na verdade, ajuda a prevenir essas doenças. Por agir na parede das artérias, o estrogênio protege contra a concentração de gordura no local, o que diminui os níveis de colesterol e ajuda na prevenção de arteriosclerose e enfarte. Como o estrogênio também influencia na saúde dos ossos, a baixa no hormônio faz a mulher na menopausa perder massa óssea, o que facilita o aparecimento da osteoporose. A reposição fortalece a massa óssea, diminuindo as chances de desenvolvimento da doença. A mulher deve tomar a reposição para o resto da vida. É mito. A média de utilização é de cinco anos, mas o tempo varia bastante. Algumas mulheres usam a reposição por mais de dez anos, enquanto outras não mais do que três anos. O ideal é que, anualmente, o ginecologista faça uma avaliação da necessidade dos hormônios e, caso identifique uma evolução considerável na contenção dos sintomas, dispense o uso.
A única forma de reposição é via oral. É mito porque a mulher pode optar pela utilização de comprimidos ingeridos via oral todos os dias, adesivos (trocados duas vezes por semana), implantes subcutâ neos com duração de seis meses a um ano ou cremes e géis aplicados diariamente na pele ou pela via vaginal. A vantagem dos métodos que não passam pela via oral é que os hormônios caem direto na corrente sanguínea, o que não sobrecarrega o fígado, diminuindo a possibilidade de danos hepáticos e amenizan do efeitos colaterais. O tratamento engorda. É mito porque, durante a menopausa, a mulher tem uma redistribuição da massa adiposa e a gordura começa a se concentrar no abdômen e nas mamas, o que passa uma impressão de que ela está mais “gordinha”, mas essa alteração não tem relação com o tratamento. Fontes: Almir Antonio Urbanetz, membro da Febrasgo; Jaime Kulak, delegado da Sobrac; Maria Leticia Fagundes, médica ginecologista do Hospital Vita; Petra Mirella Theiss, professora do curso de Nutrição da UTP.
Reposição hormonal causa câncer de mama. É m ito. Em 2002, um grande estudo, realizado nos Estados Unidos, sugeriu que mulheres que usavam reposição hormonal tinham mais chances de ter câncer de mama. Hoje, sabe-se que o aumento absoluto das chances é pequeno – passa de 30 para 38 casos a cada 10 mil mulheres –, e vale principalmente para mulheres com mais 60 anos e que utilizam a reposição há mais de cinco anos. Além disso, os hormônios atuariam no desenvolvimento de tumores já existentes e não seriam capazes de desencadear a criação de novos. Todas as mulheres na menopausa precisam usar reposição hormonal. É mito porque, como um dos objetivos da reposição é aliviar os sintomas da menopausa, como ondas de calor, insônia, alterações no ciclo menstrual, secura vaginal e sudorese noturna, somente as mulheres que têm essas manifestações recebem orientação para tomar hormônios. Pacientes com câncer de mama, trombose, que já tiveram um enfarte ou um AVC, diabéticas e hipertensas, com as doenças descontroladas, não devem utilizar a reposição.
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Cuidados
Não deixe uma micose atrapalhar o seu verão Umidade e altas temperaturas contribuem para a proliferação dos fungos
Dâmaris Thomazini
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inguém quer ter como recordação do último verão uma micose. Mas, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), elas estão em terceiro lugar no ranking das causas mais frequentes de atendimentos dermatológicos no Brasil, atrás apenas dos transtornos de pigmentação (segundo lugar) e acne, líder dos atendimentos. Os fungos causadores das micoses superficiais – muito comuns na estação que começa no próximo dia 21 – se proliferam em locais quentes e úmidos: vãos dos dedos dos pés, virilhas, couro cabeludo e unhas. Mas, evitando a umidade e com cuidados simples – como enxugar o corpo de forma cuidadosa – é possível evitar a doença. “Para ter uma micose, além de entrar em contato com o fungo, é necessário que o organismo ofereça condições para que ele se instale e se adapte”, explica o coordenador da área de dermatologia do Laboratório Fleury de análises químicas, Luiz Guilherme Martins Castro. Com o problema já instalado, o tratamento demanda a utilização de produtos antifúngicos receitados por um dermatologista. Subestimar a doença pode piorar a situação: “A micose entre os dedos pode virar uma ferida que é uma porta aberta para a entrada de bactérias como a erisipela, causadora de infecções que afetam principalmente as pernas e precisam de mais atenção, com tratamento feito a base de antibióticos”, alerta o coordenador do Departamento de Doenças Infecciosas e Parasitárias da SBD, Heitor de Sá Gonçalves.
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