Caderno Ensino - Gazeta do Povo

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educação & Quarta-feira, 22 de junho de 2011

GAZETA DO POVO Editora responsável: Flávia Alves educacao@gazetadopovo.com.br

Em sua 130ª edição, a cartilha Caminho Suave continua sendo usada na alfabetização

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Na difícil tarefa de educar, pais recorrem a livros e especialistas

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Gabriel vai ficar com a avó Gilmara Albuquerque durante as férias.

O mês de julho está chegando e, com ele, o recesso. Para esse período, a ordem dos educadores é deixar as crianças livres para que se divirtam e depois retornem com as energias recarregadas para o restante do ano letivo. Saiba como entreter – e com quem deixar – seu pequeno Páginas 4 a 6


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Notas

dica de mestre

Literatura

As descobertas da adolescência em forma de suspense Antônio More/ Gazeta do Povo

educacao@ga­zeta­do­povo.­com.br

A professora Carolina Cañete conversa com os alunos sobre biodiversidade.

A preservação começa em sala de aula

U

ma visita ao Parque dos Tropeiros poderia ter sido apenas um passeio para descontrair os alu­ nos da Escola Municipal Cândido Portinari. Mas não foi o caso para os alunos do 5.º ano que, por meio do projeto chamado “Mata Atlântica, nosso maior patrimô­ nio”, aproveitaram o espaço re­­ manescente da Mata Atlântica para atividades em várias disci­ plinas. As responsáveis pelo pro­ jeto, que foi apresentado pelos alunos na miniconferência da Biodiversi­dade, em Curitiba, foram as professoras Viviane Andrade, de Geograf ia, e Carolina Cañete, de Ciências. “Na visita con­­versamos com os alunos sobre a importância des­ te parque para comunidade local e buscamos alternativas para preservar a área. Coletamos galhos caídos e levamos para o laboratório de ciências.” “No laboratório os alunos con­ feccionaram esxicatas (amostras), que são formas de preservar o material botânico para estudo posterior”, conta Caroli­na, que é doutora em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Em outras aulas, o assunto foi retomado no labora­ tório, com a extração de clorofila das folhas. “É muito simples. As folhas foram maceradas e mistu­ radas com um pouco de acetona, e o líquido verde que se formou foi colocado em um tubo de

ensaio com papel filtro. Cerca de 25 minutos depois, a clorofila ficou no papel filtro. Também foi possível visualizar o pigmento amarelo das folhas, chamado xantofila”, explica. As turmas do 5.º ano também elaboraram um folder que mostra a importância da preservação da Mata Atlântica e que foi distribuído com semen­ tes de árvores nativas da região. Para encerrar o projeto, os alu­ nos escreveram um carta com­ promisso em forma de árvore dos sonhos, em que expressaram suas metas para contribuir para a preservação da área. “Cada um es­­creveu um sonho que tinha para preservar o parque e as metas que teriam de cumprir. Agora pretendemos resgatar o projeto, com conversas com vizi­ nhos sobre a importância de cui­ darmos daquele espaço. Traba­ lhar com a preservação é uma ideia que pode ser colocada em prática em qualquer escola que tenha uma área verde, um jardim, ou em algum parque ou praça próximos”, afirma Carolina.

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z O Anjo Rouco conta a história de um jovem que descobre um dos momentos mais importantes de sua adolescência. Escrita por Paulo Venturelli, a obra faz parte da Coleção Metamorfose, que aborda temas relacionados ao público adolescente, entre eles, as transformações, o amor e a convivência entre os jovens. Indicado para jovens a partir de 10 anos, no início da adoles­ cência e começo das descobertas, O Anjo Rouco é uma história de sus­ pense que convida o leitor a des­ vendar os mistérios da narrativa ao lado de Adriano, o protagonis­ ta. Durante várias noites, ele ouve um som estranho que se parece com um gemido. Os ruí­ dos enigmáticos fazem com que ele viva muitas aventuras, conhe­ ça novas emoções e descubra algo importante para sua vida de ado­ lescente. O tom de mistério

ganha ainda mais foça e envolve ainda mais o leitor graças às ilus­ trações de Márcia Széliga. Serviço Preço sugerido: R$ 29,90.

O uso consciente da água pode render prêmios filho estuda ajudando a preservar o meio ambiente e ainda recebendo um prêmio por isso? A Docol Metais Sanitários, em parceria com a Coworkers Mídias Sociais, está lan­ çando o Planeta Água Escola, que premiará uma escola pública ou particular do Ensino Funda­mental de todo o Brasil que apresentar o melhor projeto para uso consciente de água. O objetivo é incentivar e difundir o uso racional da água entre estudantes do 1.º ao 9.º ano, disseminando a conscientização ambiental não só nas escolas como

José Pacheco, educador português idealizador da Escola da Ponte, de Portugal.

O Anjo Rouco, Editora Positivo, 64 páginas.

Concurso

z Já imaginou a escola em que seu

“Quando me apercebi de que o Brasil tem os professores certos a trabalhar de modo errado, deixei-me ‘colonizar’ pelo Brasil. Encontrei professores com salário indigno, que dão sentido às suas vidas dando sentido à vida das crianças e das escolas. Decidi juntar-me a eles, para acabar com os discursos miserabilistas e provar que este país tem boas escolas. Os excelentes profissionais que nelas labutam possuem saberes suficientes para romper o círculo vicioso do insucesso.”

nas famílias e comunidade. Para participar, a instituição de ensino ou professor deve inscrever seu projeto no Blog Planeta Água (http://www.docol.com.br/planeta­ agua) até 30 de junho. A escola sele­ cionada receberá um notebook no valor de R$ 2,5 mil e apoio financei­ ro por cinco meses. Além disso, o aluno que produzir o material de divulgação mais completo será pre­ senteado com um iPad. Mais infor­ mações no Blog Planeta Água, no Twitter @PlanetaDocol e na Fanpage (www.facebook.com/ PlanetaAgua).

Desconhecimento Uma pesquisa da Fundação Carlos Chagas com 400 coordenadores pedagógicos de 13 capitais mostrou que muitos desconheciam o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, o Ideb. Quase metade (47%) deles, ao serem perguntados qual era o Ideb da sua escola, citava um número superior a 10. O indicador tem uma escala que vai de zero a dez e sintetiza dois conceitos igualmente importantes para a qualidade da educação: aprovação e média de desempenho dos estudantes em língua portuguesa e matemática.

Interatividade Conhecealgumprofessor inovadoroualgumapráticade saladeaulaqueenvolvaos alunos?Mandesuasugestãopara Mande sua sugestão para educacao@gazetadopovo.com.br

Expediente Caderno Educação é um suplemento es­pecial da Gazeta do Povo de­senvolvido pela Núcleo de Educação. Diretora de Redação: Maria Sandra Gonçalves. Edito­r Execu­tivo: Guido Orgis. Edição: Flávia Alves. Diagra­ma­ção: Joana dos Anjos e Allan Reis. Capa: Jonathan Campos. Re­da­ção: (41) 3321-5494. Fax: (41) 3321-5472. Co­­mer­­cial: (41) 3321-5904. Fax: (41) 3321-5300. E-mail: educacao@ ga­zeta­do­povo.­com.br.­Endereço: R. Pedro Ivo, 459. Curi­tiba-PR. CEP: 80.010-020. Não pode ser vendido separadamente.

Próxima edição 27 de julho


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Alfabetização

O bê-á-bá no passado e no presente Apesar dos modernos

Jônatas Dias Lima

métodos de

uem tem mais de 20 anos de idade tal­ vez se lembre das atividades dos pri­ meiros anos esco­ lares, nas quais o alfabeto era apre­ sentado pouco a pouco, a começar pelas vogais, com letras sempre acompanhadas por imagens. O método desen­ volvido pela edu­ cadora Branca Alves de Lima, falecida em 2001, foi predomi­ nante nas escolas do país durante meio século, e estima-se que alfa­ betizou cerca de 30 milhões de brasileiros. Hoje em sua 130.ª edi­ ção, a cartilha Caminho Suave, obra que consagrou a alfabetização pela imagem, já não é a unanimi­ dade de décadas passadas, mas continua com vendas volumosas além de ter conquistado nichos bastante variados. A estreia da cartilha no mercado editorial ocorreu em 1948 e em pouco tempo o método se popula­ rizou ao ponto de substituir o cha­ mado método analítico, ampla­ mente difundido pelo Ministério

alfabetização, a cartilha Caminho Suave, lançada em 1948, chega à sua 130ª edição e conquista

Maria Silvia Bacila Winkeler, professora do curso de Pedagogia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.

A professora explica por que as universida­des deixaram de apoiar o uso de cartilhas na alfabetização e fala da relativa eficácia dos métodos atuais. Por que o método da alfabetização por imagens, como o da cartilha Caminho Suave, deixou de ser divulgado como foi por tanto tempo?

Q

Reprodução

novos públicos

Entrevista

Interatividade Você foi alfabetizado pelo método usado pela Cartilha Suave? Conte sua história e mande para educacao@gazetadopovo.com.br

“O diferencial dessa cartilha foi a associação que a autora fez do processo de aquisição da língua escrita com a imagem, o que era inédito no país.” Sônia Maria dos Santos, que estuda o papel das cartilhas na história da alfabetização no Brasil.

da Educação até 1945. Baseada nas dificuldades enfrentadas para alfa­ betizar crianças, especialmente as moradoras da zona rual, Branca Alves de Lima criou o sistema que apresentava as letras do alfabeto inseridas como iniciais dos nomes de objetos, animais e outros ele­ mentos do cotidiano, como o caso do “A” de avião, ou o “B” de bola. Figuras dos elementos citados esta­ vam sempre ao lado da letra apre­ sentada. Em seguida eram mostra­ das sílabas, com seus respectivos sons, então palavras e frases. Segundo a professora e pesqui­ sadora da Universidade Federal de Uberlândia Sônia Maria dos Santos, que estuda o papel das cartilhas na história da alfabetização no Brasil, para a época em que foi lançado o método era inovador. “O diferen­ cial foi a associação que a autora fez do processo de aquisição da língua escrita com a imagem, o que era inédito no país.” Para a pesquisa­ dora, por mais que os estudos aca­ dêmicos nessa área tenham evo­ luído, os números de 2010, que mostram a Caminho Suave como a mais vendida das cartilhas na livraria Folha, provam que ainda há uma grande distância entre os estudos teóricos e a prática dos edu­ cadores nas escolas.

Essa metodologia foi um marco histórico porque mudou a forma de alfabetizar e conseguiu sistematizar uma forma de trabalho com base em pequenas frases. Mas nós não tínhamos a compreensão que temos hoje. Atualmente essas frases são criticadas porque forçam estruturas artificiais, como é o caso de “Bia é a babá do bebê”. Nós não falamos assim no dia a dia, normalmente não usamos frases que começam sempre com a mesma letra. Isso torna esses pequenos textos das cartilhas pobres de sentido.

O que causou essa mudança? Costuma-se dizer que foi o construtivismo que causou a

Novos usos Há cerca de dez anos a editora Edipro, em um acordo que envol­ veu o compromisso de não alterar em nada o método, comprou os direitos autorais da Caminho Suave. Desde então, atualizações foram feitas, como o acréscimo das letras K, Y e W e a inclusão de novas ilus­ trações, mas a essência do sistema criado pela autora permanece intacta nas atividades propostas. A diretora da Edipro, Maíra Lot Micales, conta com orgulho que foi alfabetizada pela cartilha e revela que a publicação conquistou outros públicos mesmo depois que o MEC deixou de avaliá-la para sugerir livros didáticos baseados no construtivis­ mo. “Vendemos muito para uma geração de avós e pais alfabetizados pela cartilha que a usam como refor­ ço em casa com as crianças”, diz Maíra, ao contar sobre a relação emo­ cional que muitos consumidores criaram com a publicação. Mas a Caminho Suave não parou

mudança, mas na verdade o advento do construtivismo acompanhou essa preferência por trabalhar de forma mais reflexiva. Optou-se por entender o universo do letramento a partir do aluno e não do professor. No entanto é importante destacar que as novas formas de alfabetizar não dispensam a necessidade do aluno entender que dentro de uma palavra existe som, mas há outras formas de fazer as crianças compreenderem diferentes textos numa perspectiva muito mais ligada ao modo como realmente se compõe os textos.

Os métodos atuais são mais eficazes? Sim, mas mesmo com eles você pode acabar caindo em situações de repetição em que não se leva o aluno a pensar. Para uma boa aula é preciso sempre saber o porquê do uso de cada prática. O material didático não é a razão do processo pedagógico. O motivo principal são as aplicações e as construções que se realizam.

nos saudosistas. Vendas para profes­ sores e bibliotecas ainda formam a maior parte do volume de saídas. Além disso, estrangeiros que que­ rem aprender português e vêm de países com outro tipo de alfabeto, como os japoneses, são comprado­ res frequentes. Pesquisadores da alfabetização de todo o mundo tam­ bém encomendam o material, como confirmam lotes recentemente enviados para Inglaterra e França. No Paraná, a Associação Escolar Passos do Saber, da cidade de Rondon, no interior do estado, foi uma das instituições que recentemente enco­ mendaram as cartilhas da Edipro. De acordo com a coordenadora pedagó­ gica Sílvia Nunes de Paula, a escola adotou a cartilha como material de apoio há três anos, depois de encon­ trar dificuldades em usar os livros atuais. “Recebemos material didáti­ co de uma rede conveniada, mas sen­ timos falta de uma complementa­ ção. A cartilha é mais objetiva e tem nos ajudado”, diz.


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GAZETA DO POVO

Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Especial

Os irmãos João Pedro, de 9 anos, e Francisco ficarão na loja de armarinhos da mãe durant recesso, onde podem fazer trabalhos artísti

Anna Simas

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As férias de julho se aproximam e a orientação é para deixar as crianças mergulharem nas brincadeiras. Mas fique atento: mesmo durante o recesso é

Jonathan Campos/G P

necessário manter uma rotina

Amanda, de 9 anos, está contando os dias para o início da colônia de férias.

mês de julho está chegando e, com ele, as férias escolares. Para os pais nem sempre é fácil entreter a garotada que ficará pelo menos 15 dias fora da sala de aula. Independentemente de onde as crianças ficarão e do que farão, a palavra de ordem é descan­ sar. Nada de colocar a criançada para estudar ou recuperar conteúdo, ou até mesmo em aulas particulares ou cursos intensivos. Segundo especia­ listas, para o bom aproveitamento pedagógico do segundo semestre é fundamental repor as energias e pra­ ticar atividades de lazer que fujam da rotina. Educadores e psicólogos compar­ tilham duas orientações básicas sobre o que toda criança deve fazer no período de férias: conhecer novas brincadeiras e ficar perto da família. No primeiro caso, é importante que a pessoa que for tomar conta dela pro­ ponha atividades diferentes, além daquilo que ela conhece “Há muitas coisas que podem ser feitas em casa. É preciso lembrar também que uma certa bagunça deve ser tolerada, para que ela fique mais à vontade e libere a criatividade”, sugere a psicóloga e professora de pós-graduação de Educação da Univer­sidade Federal do Paraná (UFPR) Lídia Weber. Embora o estudo seja desaconse­

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É importante manter uma rotina

A

pesar do clima de sossego, mes­ mo nas férias é fundamental manter uma rotina. Não é preciso seguir os mesmos horários do pe­ríodo de aulas, mas deixar a criança sem regras, fazendo e comendo tudo o que quiser e quando quiser, pode atrapalhar a volta às aulas. A gestora do ensino fundamen­ tal do Colégio Positivo, Maria Fernanda Suss, sugere que os pais deem mais liberdade, como per­ mitir que o filho acorde um pouco mais tarde, mas com limite. “Se a família não toma as rédeas, o filho sozinho não vai saber se controlar. Até para brincar e se divertir as crianças precisam de regras.”

o, de 5, te o icos.

“Há muitas coisas que podem ser feitas em casa. É preciso lembrar também que uma certa bagunça deve ser tolerada, para que a criança fique mais à vontade e libere a criatividade.”

dia Weber, psicóloga e professora de pós-graduação de Educação da iver­sidade Federal do Paraná (UFPR) .

ado, as brincadeiras podem – e vem – estimular que a criança oque em prática conteúdos esco­ es, como a leitura e informações tóricas, mas sempre de forma dica. Algumas opções são visitas a rarias, gibitecas, sebos e locais que nham contadores de história. ar alguns dias para levar o filho a es lugares não só ajuda a reforçar hábito de ler como sedimenta nhecimentos de português, como ografia e gramática. Museus e monumentos históricos o boas opções de passeio, seja em m local onde a criança esteja passan­ as férias ou na própria cidade em e mora. A intenção é unir a diversão conhecimento, para que perceba

que o que aprende na escola pode ir além da sala de aula. “Muitos pais viajam e se esquecem de explicar aos filhos onde estão e o significado do que estão vendo. A criança volta para a escola e nem sabe contar aos coleguinhas onde esteve. Isso é pés­ simo, pois a família perde uma gran­ de chance de proporcionar uma for­ ma leve e gostosa de aprendizado”, explica a gestora do ensino funda­ mental do Colégio Positivo, Maria Fernanda Suss. Ela afirma ainda que é interes­ sante estimular os alunos a fazerem anotações, independentemente da atividade. Na escola em que trabalha as crianças recebem um diário de férias e, quando voltam, têm de mos­

trar aos professores e aos colegas. “É a forma que usamos para exercitar a escrita, mesmo que eles não perce­ bam a atividade desta forma.”

Fique por perto Outro fator importante é a presença da família. A orientação é que os pais fiquem mais perto da criança de alguma forma. “Dar mais atenção do que o normal é o ideal, pois é isso que a criança espera, que eles parti­ cipem das suas férias. Então, se pai e mãe trabalham durante a semana, quando estiverem com ela que façam algo fora da rotina, para que exista aquela sensação de férias”, orienta a coordenadora da educação infantil e do ensino fundamental I do Colégio Bom Jesus, Isabel Cristina Marcocin. A empresária Bianca Lamego segue a orientação. Ela tem uma loja de armarinhos e férias nesta época estão fora de seus planos. Para ficar mais perto dos filhos menores, João Pedro e Francisco, leva os dois para o trabalho. E quem pensa que lá eles f icam entediados está enga­ nado.“Especialmente em julho ofer­ tamos oficinas de artesanato – como tricô, tear e pintura. Eles não só participam como também aju­ dam os outros alunos, pois sabem fazer muitas coisas. É o jeito que encontrei para não deixá-los apenas em casa.” u

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Portanto, nada de horas e horas em frente ao videogame, televisão e computador. O aconselhável é no máximo duas horas por dia, divididas entre as três atividades. As guloseimas também requerem controle. Elas podem fazer parte da diversão, mas, como em exces­ so fazem mal e provocam obesida­ de, nada de deixar os pacotes de bolachas e salgadinhos à vontade. A rotina, porém, não deve ser­ vir apenas para controlar. Ela tam­ bém é ótima aliada na hora de brincar. Como é muito comum as crianças ficarem entediadas, os pais podem sentar com elas à noite e montar um cronograma de brin­ cadeiras. A sugestão é fazer uma lista com atividades que elas pos­ sam fazer sozinhas ou com amigos e parentes, desde assistir a um fil­ me e anotar as partes de que mais gostou até montar um acampa­ mento na sala de casa.

“Se pai e mãe trabalham, quando estiverem com a criança que façam algo fora da rotina.” Isabel Cristina Marcocin, coordenadora de educação infantil e de ensino fundamental I do Colégio Bom Jesus.

Para fazer nas férias A psicóloga e professora de pós-graduação de Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Lídia Weber sugere uma série de atividades que você podem ser feitas nas férias. Confira: u Combine com as mães dos amigos

u Peça que a criança crie – e depois

do seu filho e faça uma reunião cada dia na casa de um.

execute com a sua ajuda – um cardápio para o jantar.

u Leve a criança ao cinema. u Faça uma sessão de filme em casa,

com pipoca. u Faça receitas fáceis, como brigadeiro

de panela, na companhia da criança. Mas nunca a deixe sozinha na cozinha.

u Peça que a criança faça uma

organização no armário e reencontre brinquedos esquecidos. u Leve seu filho ao shopping. Nesta

época existem várias atividades voltadas ao público infantil. u Deixe o pequeno um dia na casa das

u Dê um caderno e peça que conte a

avós para serem paparicados.

história da sua vida. u Para as meninas: chame as amigas u Chame os primos para uma

tarde de jogos.

dela para uma tarde de desfile de moda em casa.


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Programação Confira algumas opções de atividades: Festival Ecológico de Férias da Prefeitura de Curitiba Atividades: brincadeiras e atividades ecológicas, jogos recreativos, brinquedos gigantes, gincanas, oficinas de arte, pintura de rosto e cama elástica. Data: de 11 a 15 de julho e de 18 a 22 de julho. Horário: das 14 às 17 horas. Entrada: gratuita. Idade: entre 6 e 12 anos. Local: Centros de Esporte e Lazer, Associações de Moradores e nas nove regionais administrativas da prefeitura. Informações: www.curitiba.pr. gov.br

Diversão garantida: o pequeno Gabriel ficará com a avó, Gilmara Albuquerque, com quem fará atividades diferentes.

Com quem deixar?

S

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Especial

Jonathan Campos / Gazeta do Povo

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e para as crianças as férias ser­ vem para relaxar, para os pais que trabalham podem significar uma preocupação: onde deixar os pimpolhos? Além da opção adota­ da por Bianca Lamego, que leva os dois filhos para a sua empresa, há outras alternativas. Entre as mais comuns estão apelar para a ajuda de um parente – na maioria das vezes para os avós – ou colocá-los em uma colônia de férias. O pequeno Gabriel Ribeiro Batista, 6 anos, vai ficar na casa da avó pela manhã e à tarde seguirá para o trabalho da mãe, Cláudia Ribeiro. Ciente de que o filho pre­ cisa se distrair, ela orientou a avó a levá-lo ao cinema, brincar com ele na pracinha e deixá-lo auxiliá-la no preparo da comida. “Quando ele for ao trabalho comigo vou dei­ xar que brinque de modelar alguns dentinhos, já que trabalho como protética. É uma atividade

diferente para ele e que sei que vai adorar”, diz a mãe. No caso da colônia de férias, é importante se certificar de que será realmente uma diversão, mesmo que seja no colégio em que a criança estuda. Assim não há perigo de ela se entediar ou de ter a sensação de não ter aproveitado o recesso. “As brincadeiras são dife­ rentes e não há qualquer seme­ lhança com as atividades de rotina da escola. Fora que as crianças ficam mais soltas, não precisam usar uniforme e se socializam com colegas de várias idades”, explica a gestora do ensino fundamental do Colégio Opet, Sônia Sillas. A família da Amanda Dias Katuyama, 9 anos, fez essa opção. Mesmo ficando em casa, a mãe, Gisele Dias, prefere que a filha se divirta com os amigos e tenha ati­ vidades diferentes todos os dias. “Eu não daria conta de oferecer tantas brincadeiras e passeios. Por isso prefiro levá-la à colônia. Quando chega perto das férias ela até pede”, conta.

Interatividade Onde seus filhos ficarão nas férias? Que atividades eles farão durante o recesso de julho? Escreva para educacao@gazetadopovo.com.br

As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.

Colônia de Férias do Coritiba Atividades: treinamento de futebol com profissionais de educação física e técnicos das categorias de base do Coritiba e outras atividades. Data: de 11 a 16 de julho. Horário: das 8 às 18 horas Inscrições: 13 de junho a 8 de julho. Idade: entre 6 e 13 anos. Locais: Centro de Treinamento da Ethisports, Centro de Treinamento do Coritiba e estádio Couto Pereira. Investimento: R$ 770. Sócios e dependentes têm 10% de desconto. Informações: (41) 3218-1909, (41) 9991-5619 e (41) 7813-6381.

Acampamento Terra Viva Data:de 10 a 16 de julho. Atividades: brincadeiras e esportes ao ar livre, música, atividades manuais, teatro, escalada,

gincana, trilha e arvorismo. Inscrições: pelo www. acampamentoterraviva.com Idade: de 7 a 17 anos Local: Quatro Barras, região metropolitana de Curitiba. Investimento: R$ 285. Informações: (41) 3672-1230 ou (41) 8823-9045.

Colônia de Férias Positivo Data: de 4 a 8 de julho. Inscrições: de 27 de junho a 1º de julho. Idade: de 5 a 10 anos. Local: Colégio Positivo Júnior e Colégio Positivo Jardim Ambiental. Atividades: esportivas, culturais e recreativas, com diversas gincanas, oficinas de arte, teatro e cinema. Investimento: não definido. Informações: a partir do dia 27 de junho pelo (41) 3335-3535 A colônia é exclusiva para alunos.

Colônia de Férias Gustavo Borges Atividades: caça ao tesouro, gincana cultural, cinema, passeios ao parque, judô e gincana. Data: 11 a 15 de julho Horário: das 13 às 18 horas. Idade: entre 4 e 12 anos. Local: Academia Gustavo Borges Mercês, Rua Rua Antonio Grade, 563; Gustavo Borges Tarumã, Rua Engenheiro Antônio Batista Ribas, 505 e Gustavo Borges Barigui, Avenida Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 85. Investimento: de R$ 160 a R$ 170 (semana) ou R$ 40 (diária). Informações: (41) 3339-9600, (41) 3366-3141 e (41) 3015-2333.

“As brincadeiras [na colônia de férias] são diferentes e não há qualquer semelhança com as atividades de rotina da escola. Fora que as crianças ficam mais soltas, não precisam usar uniforme e se socializam com colegas de várias idades.” Sônia Sillas, gestora do ensino fundamental do Colégio Opet.


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informe institucional

Ação para transformação Projetos do Instituto GRPCOM mobilizam centenas de escolas e estudantes para a conscientização ambiental

Fotos: divulgação

Escola Municipal Professora Vanilda Dzierwa, em Contenda: as crianças descobrem sozinhas que os jornais trazem conteúdos sobre questões como a dengue através de imagens, dados, pesquisas ou notas.

An­­tonina, Sandra Mara realizou atividades com conteúdo ambien­ tal en­­volvendo conscientização e protagonismo. O projeto resultou em arrecada­ ção e doação de roupas e alimen­tos, entregues na Escola Mu­­nicipal Pro­­

fessora Aracy Pinheiro Lima locali­ zada numa das regiões mais atingi­ das pela tragédia. “É muito impor­ tante que nossos alunos se sintam agentes transformadores, sobretu­ do numa sociedade que precisa de pessoas com iniciativas positivas e

Concurso Cultural 1

Alunos do 4º ano da Escola Municipal Prefeito Octávio Furquim: reflexões sobre a poluição ambiental e o cuidado com água são temas de trabalhos diários.

Águas do Amanhã z Meio ambiente foi também o tema do Concurso Cultural Águas do Amanhã, cujas inscrições encerraram-se no últi­ mo dia 10. Com o objetivo de provocar a reflexão e mobilizar a comunidade escolar sobre a importância da água, a importância de preservar o Rio Iguaçu e, em especial, a necessidade de recupe­ rar o maior rio do Paraná em sua nas­ cente e primeiros quilômetros, na região metropolitana de Curitiba. Nesta primeira edição, o Con­cur­ so Cultural superou a marca de 500 trabalhos inscritos, revelando o inte­ resse por parte de professores e esco­ las dos 18 municípios que integram a chamada Bacia do Alto Iguaçu. O empenho reflete uma série de

ações que o projeto Água do Amanhã, promovido pelo Grupo Paranaense de Comunicação, desenvolveu até agora visando conhecer melhor a situação do rio e apontar soluções de recuperação e preservação. Ao promover o concur­ so, consolida-se a proposta de levar toda esta discussão para a escola, fomentando a consciência ambiental entre as novas gerações, ajudando a construir um projeto de transforma­

Que escola é essa?

N

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om diversas propostas e ações voltadas ao meio ambiente, o projeto Ler e Pensar provocou uma ver­ dadeira “revolução responsável” nas mais de 360 escolas públicas e privadas que desenvolveram suas atividades nesse primeiro semes­ tre letivo de 2011. Em 26 municípios de Curitiba, região metropolitana e li­­toral, es­­tas escolas não apenas se en­­gajaram nas atividades ambientais sugeridas pelo projeto como também pude­ ram descobrir, na prática, que é pos­ sível alinhar aprendizado cidadão à produção de conhecimento. Na Escola Municipal Devanira Ferreira Alves, em Quatro Barras, todos já sabem que meio ambiente e cidadania são conceitos indisso­ ciáveis. E um exemplo disso são os alunos de 5.° ano da professora Sandra Mara Gonçalves. Tendo como ponto de partida as reportagens da Gazeta do Povo so­­bre as enchentes em Morretes e

Marlei Malinoski

ção efetiva. “Não teremos transforma­ ção sem passarmos pela educação, e é nesse sentido que o papel do professor é tão importante. Ele fará a diferença ao abordar os conteúdos ambientais na escola. E é ele, junto com a família, um dos grandes respon­sáveis pela for­ mação intelectual dos alunos e pela formação huma­­na dos mesmos”, con­ clui o editor do Caderno Águas do Ama­­nhã, João Rodrigo Maroni.

que buscam construir um mundo melhor”, afirma a professora. Já em Contenda, na Escola Mu­­ nicipal Professora Vanilda Dzierwa, as reportagens publicadas na Ga­­ zeta do Povo foram fonte de moti­ vação e informação para um projeto de combate à dengue que envolveu alunos, professores e a comunidade. Protagonizado pela turma do 4.º ano, o projeto Dengue contou com a produção de textos informativos, fol­ ders de campanhas, cartazes e faixas que foram afixadas em pontos comerciais e em locais públicos, com o objetivo de alertar a população. “Nós já desenvolvíamos um projeto de reciclagem na escola, mas nesse ano decidimos associar arte, jornal e meio ambiente. Os resultados já são percebidos por toda a equipe com comemoração: em casa, começaram a mudar de atitude por causa da leitura, e ago­ ra as crianças se sentem responsá­ veis por isso”, relata a diretora da escola, Maricler Kusma Gritten.

Concurso Cultural 2

Ler e Pensar zEstá tudo pronto para a 4.ª edição do Concurso Cultural Ler e Pensar, que anualmente premia alunos, professo­ res, escolas e secretarias de Educação. Em 2011, ele vem cheio de novidades, principalmente para os estudantes, que são convidados a produzir ilustra­ ções, tiras (histórias em quadrinhos), redações e reportagens sobre o perso­ nagem Gazetito, mascote do projeto. Já os professores, escolas e secretarias serão premiados – três em cada ca­­te­ go­ria – em função da quali­da­de e re­­ levância das atividades desenvolvidas no âmbito do projeto e seu foco de in­­ centivo à leitura, à cultura e à cidadania. Inscrições A partir de 1º de agosto. Enviar trabalhos para Rua Julio Perneta, 526 – Mercês – CEP 80.810-110, Curitiba. A premiação está prevista para setembro.

ossa reflexão parte para dialogar sobre o cotidiano escolar e a defi­ nição dos sujeitos que nele atuam. Segundo Forquin (1993), a escola constitui um “mundo social”, com ca­­ racterísticas próprias, ritos, modos de regulação e gestão simbólica. O autor acrescenta a ideia de escola singular, que relaciona o cotidiano com o insti­ tuído pelas políticas públicas e a cul­ tura científica. Com­preender o que vem a ser o espaço escolar e as deman­ das so­­ciais diante do co­­nhecimento, bem como as articulações específicas da área na qual atua: esses são os desa­ fios enfrentados pelos educadores no seu cotidiano profissional. Isso gera claramente uma peda­ gogia conf litiva socialmente, pois articula interesse e busca respostas para a solução dos conflitos. O que gesta nos processos mediadores e formativos de professores, essa nova postura, a que denomino a postura do olhar sobre sujeito e contexto, e principalmente combativa às for­ mas opressoras de emancipação e saneadora às estagnações possíveis geradas pelos conflitos sociais. A escola medeia, hoje e sempre, os conflitos sociais, pois os sujeitos que a fazem são atores sociais e, portanto, pessoas que buscam cada vez mais respostas e soluções individuais den­ tro de um coletivo de intenções. Os sujeitos, no universo escolar, são capazes de articular as opções cultu­ rais com o cotidiano em que se cir­ cunstanciam, em um universo máxi­ mo de conteúdos. Porém compreen­ der esse cotidiano e compreender-se nele é um dos maiores desafios repre­ sentados nos espaços escolares. Exis­ tem crises, que vão do pessoal ao fami­ liar, e que se entrecruzam com a pró­ pria crise do conhecimento. Há um espaço que necessita urgentemente ser preenchido pelo estudo e pelo diá­ logo entre os sujeitos do universo es­­ colar, e esses precisam se perceber ou­vidos pelo constante narrar, se identificar em seus sonhos e nas pos­ sibilidades de realizar sua identidade dentro do reconhecimento do espaço escolar em que atua e que esse é for­ mado por culturas determinadas pelos sujeitos que o edificam. Marlei Malinoski, mestre em Educação, pro-

realização

GAZETA DO POVO

patrocínio

apoio

fessora da Universidade Tuiuti do Paraná e dos Ensino Fundamental e Médio da SEED / PR, doutoranda em Educação pela PUC/PR e

membro do Conselho de Educação IGRPCOM.


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educação & ensino

Quarta-feira, 22 de junho de 2011

GAZETA DO POVO

Dúvidas É preciso filtrar o que os livros ensinam

Pedro Serápio/Gazeta do Povo

A

Edlaura e o marido, Salvador, recorrem a todas as fontes de informação para educar os dois filhos, mas não acreditam em tudo o que ouvem ou leem.

E o manual de instruções? Educar crianças não é tarefa fácil e pede responsabilidade e empenho. Mas pais e cuidadores não estão sozinhos nessa tarefa. Livros, profissionais e a escola podem ajudar a domar as ferinhas

Serviço Grito de Guerra da Mãe Tigre (Editora Intrínseca, R$ 29,90, 240 páginas). Filhos: Manual de Instruções (Editora Record, R$ 29,90, 224 páginas).

Adriana Czelusniak

E

dlaura Gutierres Caropreso, 31 anos, sempre se empe­ nhou para tirar todas as dúvi­ das que tinha enquanto o filho Caio Gabriel, 7 anos, crescia. Há quase dois anos, Samuel nasceu e a mamãe reviveu a insegurança de ter um recém-nascido em casa. Quanto tempo o bebê deve dormir? Como cuidar? Como alimentar? Quando e em que escola colocar? Sem mencio­ nar os novos desafios do filho mais velho, que a cada etapa enchiam a cabeça dos pais de dúvidas. “Tivemos de aprender a lidar com a fase da descoberta da leitura, que é linda, mas que era atrapalha­ da por causa da minha ansiedade. A imposição de limites também é algo difícil. Descobrir como ter autoridade, sem ser autoritário”, conta Edlaura. A forma que ela e o marido, Salvador Caropreso, encontraram para se tranquilizarem no papel de pais foi buscar ajuda. “Li livros sobre educação, fui a palestras e estou sem­ pre em contato com a escola em que

meu filho estuda. Mas nunca me deixei inf luenciar por completo, pois sei que cada criança tem sua personalidade, seu jeito, e a criação nunca será da mesma forma que é sugerida. Muitas vezes vale a intui­ ção. E, se pintar a dúvida, minha mãe me socorre com seus valiosos conselhos”, diz. Na criação dos filhos é comum pais ouvirem conselhos de todos os lados, seja de alguém que presencia uma birra no supermercado, de outros pais, ou de algum familiar. Mas, por mais bem-intencionados que sejam os “conselheiros”, muitas vezes as informações podem deixar pais cada vez mais confusos.

Escola Para a pedagoga Esther Cristina Pereira, a principal dúvida dos pais é em relação aos limites que preci­

sam ser dados. “Eles querem saber como dizer ‘não’, sem deixar os filhos frustrados. Precisamos entender que isso educa os filhos sem frustrá-los, trabalhando a pos­ sibilidade de preparo para os ‘nãos’ futuros da vida adulta”, diz. Esther acredita que família e escola devem estar juntas na educação das crian­ ças. Como coordenadora pedagógi­ ca do Colégio Atuação, ela conta que reuniões mensais, em formato de palestra, têm obtido sucesso entre os pais dos alunos, que perce­ bem que não estão sozinhos e que podem contar com a escola para tirar suas dúvidas. “Chamamos de Escola de Pais. Um palestrante fala sobre o relacionamento entre pais e filhos, diferentes formas de agir e de ajudar as crianças em seu pro­ cesso de formação como estudante e ser humano”, diz.

o percorrer as prateleiras de livros sobre educação é possí­ vel perceber os mais diferentes títulos que prometem tudo o que é possível imaginar. Lançado recentemente, a obra Filhos: Manual de Instruções, de Tania Zagury, tem título autoexplicati­ vo. De forma simples, traz o “fei­ jão com arroz” de como acabar com chiliques, como ajudar a criança a comer ou estudar bem, mas também avança em temas atuais. São exemplos as dicas para melhorar o relacionamento entre meio-irmãos e como auxi­ liar os jovens no uso da internet e lan houses. O Grito de Guerra da Mãe-Tigre, de Amy Chua, é outro exemplo de livro sobre o tema. Bastante polê­ mico, ele retrata o dia a dia de uma mãe chinesa e suas duas filhas, que são educadas de forma rígida. Amy defende vários pontos que chocam pais do mundo ocidental. Entre eles estão as dicas de nunca elogiar os filhos em público, sem­ pre ficar do lado do professor, só permitir atividades que levem a medalhas e só aceitar medalhas de ouro. Para a psicopedagoga Maria Irene Maluf, é preciso ter cuidado com o que se lê. No caso do livro da mãe chinesa, ela comenta que aquele tipo de educação não fun­ cionaria no Brasil, apesar de ter um grande ponto positivo. “O que dá certo em uma cultura não fun­ ciona para outra. Mas, no caso de Amy Chua, ela tem a vantagem de estar sempre vigilante. É esse estar perto das crianças que dá certo. Educar dá trabalho, precisa haver força de vontade e não adianta querer terceirizar tudo para escola ou babá. É o olho do dono que engorda o boi. O mesmo serve para a educação.” Não há um manual de instru­ ções que sirva de forma universal para todas as crianças. Mas nunca houve tantas informações a res­ peito de como educar os filhos. Basta os pais desenvolverem o sen­ so crítico para saber o que colocar em prática. E realmente se dedica­ rem a isso.


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