8 minute read

CLAIRE CONTRERAS

Next Article
CAPÍTULO TRÊS

CAPÍTULO TRÊS

TRADUÇÃO: CLARA TAVEIRA

COPYRIGHT © 2019. THE CONSEQUENCE OF FALLING BY CLAIRE CONTRERAS. COPYRIGHT © 2022. ALLBOOK EDITORA.

Advertisement

Direção editorial BEATRIZ SOARES

Tradução CLARA TAVEIRA

Preparação e revisão

RAPHAEL PELLEGRINI

E ALLBOOK EDITORA

Capa original HANG LE

Adaptação de capa FLAVIO FRANCISCO

Projeto gráfico e diagramação CRISTIANE | SAAVEDRA EDIÇÕES

Todos os direitos reservados e protegidos pela lei 9.610 de 19/02/1998. Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da editora, poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros. Os direitos morais do autor foram declarados.

Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (Decreto Legislativo nº 54, de 1995)

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ Gabriela Faray Ferreira Lopes – Bibliotecária – CRB-7/6643

C782c

Contreras, Claire

As consequências de se apaixonar / Claire Contreras ; tradução Clara Taveira. – 1. ed. –Rio de Janeiro: AllBook, 2022.

244 p.; 16 x 23 cm.

Tradução de: The consequence of falling

ISBN: 978-65-80455-40-9

1. Romance americano. I. Taveira, Clara. II. Título.

22-80299

2022

PRODUZIDO NO BRASIL.

CONTATO@ALLBOOKEDITORA.COM

CDD 813

CDU: 82-31(73)

Cap Tulo Um

Presley

TALVEZ EU ESTIVESSE SENDO EXCESSIVAMENTE DRAMÁTICA E PATÉTICA, mas estava tendo o pior dia da minha vida. Primeiro perdi o concurso de fotografia para Jamie, o que significava que ela faria uma viagem com todas as despesas pagas à China, enquanto eu passaria o verão em casa fingindo ler minha lista de leitura para o verão. Na verdade, eu compraria um livro de resumos e pagaria a alguém para fazer os trabalhos por mim. Em seguida, meus pais me disseram que estavam se divorciando. Na verdade, a palavra que eles usaram foi separando, mas todo mundo sabe que essa é só uma forma gentil de dizer que eles se odiavam e queriam eventualmente se divorciar — e que eventualmente significava que papai descobriria uma maneira de impedir que mamãe pegasse todo o seu dinheiro. Por último, eu estava ficando encharcada enquanto esperava um dos dois me buscar no treino de líder de torcida. Na real, foi ridículo aquilo. Eles me buscaram depois da escola, e no intervalo entre ser esmerilhada pelos professores e massacrada pelo meu treinador de líder de torcida porque eu tinha faltado um jogo, eles me deram a notícia. E agora meus pais estavam atrasados para me pegar.

É exatamente assim que as crianças acabam traumatizadas por causa de um divórcio. Isso resultava em dividir seu tempo entre duas casas e ser esquecida o tempo todo. Se nossos pais não podiam ser confiáveis para fazer algo tão grande quanto um casamento dar certo, como poderiam descobrir como planejar suas vidas tendo filhos? Eu já estava com raiva, mas esse pensamento me deixou irada. Como eles podiam simplesmente decidir que não ficariam mais juntos? Era maio. Estávamos a apenas um mês de nossa viagem de família anual à Europa. Papai escolheu San Sebastian como destino deste ano, depois que eu tracei nossa genealogia até os Bascos e fiz a conexão com nossos primos de segundo grau. Não podíamos deixar de ir. Passamos o ano todo ansiosos por isso. Em vez de voltar ou tentar encontrar uma marquise, segui em frente e sentei nos degraus, deixando a tempestade me consumir. Eu queria que eles vissem os efeitos de seu egoísmo. Se eu ficasse doente, seria um bônus. Talvez eu pudesse pular a dança estúpida de final do ano letivo neste fim de semana e a festinha por estar de cama. De repente, ser capitã do time de líderes de torcida pareceu algo estúpido. Tudo isso era estúpido.

O som de um carro se aproximando me fez virar a cabeça de pronto. Era o Mercedes preto de papai. Eu cerrei os dentes enquanto me levantava, puxando minha mochila, agora ensopada, comigo. Eu esperava que tudo lá dentro estivesse danificado pela água. Meu corpo inteiro tremeu quando caminhei em direção ao carro e abri a porta, deixando a mochila cair no assoalho do banco do passageiro e sentando tão pesadamente quanto meu corpo permitia. Foi quando vi que a pessoa no banco do motorista não era meu pai, então minha raiva foi substituída por pânico.

— Quem diabos é você? — Alcancei a maçaneta da porta. Eu tinha visto filmes de suspense suficientes para conhecer um sequestrador quando via um, e mesmo que aquele cara fosse mais jovem do que meu sequestrador imaginário, e muito mais bonitinho, eu pulei do carro e corri de volta para a frente da escola.

— Presley — ele chamou meu nome enquanto eu tentava abrir a porta da frente, que estava trancada. Claro que eles a trancaram.

— Preciso voltar lá para dentro. — Puxei as maçanetas com as duas mãos e balancei a porta.

— Seu pai me mandou vir te pegar.

— Okay, certo. Já ouvi isso antes. — Bati com a mão no vidro enquanto olhava lá para dentro. — Socorro!

Ouvi seus passos atrás de mim e congelei, agarrando as maçanetas com ainda mais força. Eu não iria cair sem lutar, isso era certo.

— Vim a mando do seu pai — disse ele. O cara estava literalmente atrás de mim. O pânico bloqueou minha garganta, contendo o grito que eu queria dar.

— Fique longe de mim, porra.

— Eu não vou te machucar. — Ele riu, então essa risada se transformou em uma gargalhada completa. — Você está parecendo uma louca, sabia?

— Eu não me importo com o que estou parecendo. Já ouvi histórias de sequestro antes, e eu já tive um dia muito ruim hoje, então me recuso a cair nesse seu papinho.

— Eu não vou te sequestrar. — Ele colocou as mãos nos meus ombros e apertou, não com força, mas também não de uma forma leve. — Vou ligar para o seu pai.

— Você está no carro dele. — Lancei um olhar por cima do ombro. Ele baixou as mãos. — Você poderia ter sequestrado ele primeiro. Chame a polícia e peça para que ela nos escolte até em casa.

— Quê…? Eu… A polícia faz esse tipo de coisa? — Suas sobrancelhas franziram. Sua genuína surpresa me fez afrouxar o aperto nas alças da mochila. Isso e o fato das minhas mãos estarem doendo.

— Chama a polícia logo.

Seus olhos arregalaram. Ele parecia inseguro sobre o que fazer. Eu praticamente podia ver seus pensamentos em confronto — ele ligaria ou não? Depois do que me pareceu uma eternidade, ele tirou um celular do bolso e fez a ligação. Eu sabia pelo jeito que suas costas se endireitaram e pela maneira como estava falando que tinha ligado para o meu pai. Eu não conhecia esse cara, mas eu tinha certeza de para quem ele tinha ligado, porque todos eles ficavam desse jeito quando meu pai estava na linha. Revirei os olhos quando ele deu um passo à frente e pressionou o telefone na minha orelha.

— Sim?

— Presley Carina Rose, eu juro por tudo que é mais sagrado que se você não entrar nesse carro neste segundo, eu vou te deixar de castigo por um mês. — Ele estava fumegando. Senti meus olhos se estreitarem quando soltei a porta da escola e arranquei o telefone da mão do motorista, indo em direção ao carro.

— Quer saber? Me põe de castigo, porra. Me manda para o internato. Me manda morar com a tia…

— Você falou um palavrão para mim?

Parei de andar e coloquei a mão na boca. Eu tinha acabado de falar um palavrão para o meu pai. Eu nunca fiz isso. Abri a boca para me desculpar, para dizer alguma coisa, qualquer coisa. Em vez disso, encerrei a chamada e fechei a porta do carro. O cara que veio me buscar deslizou para o banco do motorista. Eu não me virei para o olhar, mas ouvi o clique de seu cinto de segurança antes que ele colocasse o carro em movimento. Eu odiava — não, eu detestava com força — quando meus pais contratavam pessoas para me levar de carro ou cuidar de mim quando saíam da cidade, como se eu fosse uma criança. Tecnicamente, aos quinze anos, eu era uma criança, mas odiava ser tratada como tal.

— Ele tem boas intenções… seu pai — disse o motorista. Meus braços, cruzados sobre o peito, se torceram com mais força.

— Como você sabe? Você acabou de conhecê-lo.

— Eu sei muito mais sobre ele do que você pensa — disse o sujeito. — E eu não acabei de conhecer seu pai. Meus olhos se arregalaram quando olhei para ele.

— Você não é tipo meu meio-irmão ou algo assim, é?

— O quê? Não. — Ele fez uma cara como se tivesse um milhão de coisas azedas na boca. — Você está fazendo terapia? Porque deveria. Você tira conclusões malucas para situações perfeitamente normais.

— Eu não preciso de terapia. Eu preciso que as pessoas na minha vida mantenham seus problemas para si. — Eu olhei para a paisagem lá fora. — E só para constar, você não conhece nem a mim nem as conclusões que eu tiro em um dia normal, coisa que não se pode dizer do dia de hoje, então eu agradeceria se você mantivesse seus julgamentos preconcebidos para si mesmo.

— Preconcebidos? Você saltou deste carro dizendo que eu estava tentando te sequestrar. Você queria que eu chamasse a polícia para nos escoltar até sua casa, e ainda não tenho certeza se eles fazem esse tipo de coisa. — Ele me lançou um olhar severo. Olhei para sua boca. Não sei por que fiz isso, mas fiz. Seus lábios eram carnudos e macios. Era difícil não olhar para aquela boca. Ele não percebeu. — Você também estava sentada na chuva quando cheguei. Quem diabos faz isso?

— Alguém que está tentando defender um ponto de vista.

— Pegando pneumonia?

— Talvez. — Inclinei meu queixo para cima como se tivesse dado um grande argumento, mas realmente parecia estúpido agora que eu tinha dito em voz alta. — De qualquer forma, ele não me disse que havia contratado um novo motorista, e você parece jovem demais para trabalhar para ele.

— Eu trabalho para seu pai há anos. Meu rosto se contorceu.

— Quantos anos você tem?

— Dezoito.

— E o que diabos você poderia ter feito para trabalhar “há anos” para ele?

— Lavagem a seco das roupas dele. — O garoto me pegou olhando para ele, eu estava esperando que explicasse melhor, então ele foi adiante: — Meu tio é dono de uma lavanderia de lavagem a seco.

— Ah.

— Será que te mataria ser um pouco mais grata por tudo que você tem? Seus pais trabalham duro para manter seu estilo de vida idílico. Algumas pessoas matariam alguém para trocar de lugar com você.

— Você não sabe do que está falando, e eu agradeceria se mantivéssemos o mínimo diálogo até você me deixar em casa. Não preciso ser repreendida por um dos funcionários do papai, e definitivamente não preciso explicar minha gratidão a você.

— Só estou dizendo que seria bom se você pegasse leve com ele. Ele está passando por um momento difícil.

— Vamos deixar uma coisa clara aqui. — Virei meu olhar para ele. Felizmente, estávamos entrando na minha garagem, e essa pequena conversa logo terminaria. — Você não me conhece, e apesar do que pensa, nunca vai conhecer meu pai. Seja qual for a fachada que ele está mostrando a você, é apenas isso. — Estendi a mão para a maçaneta da porta e peguei minha mochila quando o carro parou completamente. — E da próxima vez que ele te mandar me buscar, ignore-o. Eu volto caminhando para casa com prazer.

Abri a porta e a bati assim que saí. Ignorei a voz da minha mãe quando a ouvi chamando da cozinha e subi as escadas. Eu precisava tomar um banho e me livrar do fedor do dia. O que eu queria fazer era socar algo, quer dizer, alguém. Eu queria socar aquele motorista estúpido. Eu nem sabia o nome dele nem queria saber também. Eu sempre o associaria ao meu dia mais fodido do século.

This article is from: