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CAPÍTULO TRÊS
Três anos depois
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— VOCÊ SABE QUE A REGRA DE QUE HOMENS VÊM E VÃO, MAS AMIZADE É para sempre só funciona se houver caras a se tirar da jogada, né? — Jamie disse do banheiro.
— Fala sério — eu bufei enquanto passava maquiagem. — Você é que está em um relacionamento. Eu tenho tirado caras da jogada como se esse fosse meu trabalho.
Jamie riu. Estávamos nos vestindo para uma festa de Halloween. Nós duas estávamos fantasiadas de Pink Ladies — no caso, a versão bad girl delas, com jeans preto justo, collant preto e saltos de matar. Eu tinha a sensação de que minha mãe, que era uma grande fã de Grease, ficaria orgulhosa. Se eu estivesse falando com ela agora, enviaria uma foto. Não que ela fosse receber a mensagem, já que estava navegando pelo mundo com seu novo namorado. Senti minha excitação diminuir ao pensar nela. Larguei o pincel de maquiagem e caminhei até a cozinha, pegando uma das doses de Jell-O laranja e verde que fizemos. Depois de dois anos festejando muito, Jamie e eu decidimos que este ano iríamos diminuir o ritmo e seríamos boas garotas, do tipo que se concentravam nos estudos. Até agora, tínhamos conseguido, mas esta noite parecia um pouco com os anos anteriores.
— Jamie, você já tomou um dos shots de gelatina? — Contei os copinhos. Havia quinze, mas já tínhamos reduzido a dez. — Ou cinco?
Ela riu, caminhando em minha direção.
— Não consegui sentir o gosto do álcool nos dois primeiros.
— Então você precisou de mais três para ter certeza? — Eu levantei uma sobrancelha e me virei para ela. Ela deu de ombros, pegando outro do balcão e mandado para dentro.
— Esta noite é para a gente se divertir. Eu levantei um pequeno copo no ar.
— Para a gente se divertir.
Duas horas depois, estávamos no Meatpacking District com o namorado de Jamie e alguns de seus amigos com suas respectivas namoradas. Eu estaria segurando vela se não fosse por Adam, que conheci lá e que me fez rir o tempo todo. Ele definitivamente parecia o tipo de cara com quem eu poderia dar uma sossegada. Um homem bom, bonito e com grandes aspirações.
— Por que raios você quer se tornar um político? — eu perguntei. Foi o único ponto que poderia afetar essa coisa em potencial que poderia rolar entre a gente. Adam deu de ombros, sorrindo.
— Eu quero mudar o mundo.
— Conheci muitos políticos — eu disse. — Meu pai inclusive. Embora ele tenha trabalhado com política só por um tempo. A única coisa que muda é sua moral.
— Estou pronto para o desafio.
A maneira como Adam disse isso, com um brilho caloroso nos olhos, me fez sentir que talvez ele sobreviveria à política. Talvez ele fosse o único a mudar o mundo. Quem saberia? Quando ele sorriu para mim, senti vontade de sorrir genuinamente de volta.
— Vou ficar de olho. Talvez eu vote em você se seu nome aparecer na cédula. Se eu achar que você tem um bom perfil para isso, é claro.
— Talvez eu devesse sair com você para provar que sou a escolha perfeita.
— Seus olhos brilharam quando disse isso, e eu sorri mais ainda.
— Talvez você devesse mesmo.
Dois dos caras e suas namoradas se levantaram; um deles se aproximou e deu um tapinha no ombro de Adam.
— Já estamos indo.
Adam assentiu e olhou para mim.
— Você podia me dar seu número para a gente marcar algo no próximo fim de semana.
Adicionei meu número em seu celular e acenei uma despedida enquanto Jamie se sentava no lugar ao meu lado.
— Ora, ora, ora — disse ela. Revirei os olhos.
— Não começa.
— Eu não ia começar. — Ela riu. — Eu sabia que vocês se dariam bem. Ele é dos bons. — Ela se virou para o namorado, Mark. — Tô certa?
Mark assentiu, tomando um gole de sua cerveja.
— Ele é o único cara em quem eu confiaria para sair com a minha irmã.
— Ele saiu? — eu perguntei. — Com a sua irmã?
— Não. — Marco riu. — Eu só quis dizer que ele é bacana a esse ponto.
— Bem, eu nem sei se ele vai ligar, se teremos um encontro… E se tivermos, nem sei se vamos nos dar bem. — Dei de ombros, puxando minha bebida para perto. — Vou seguir vivendo um dia de cada vez.
— Ele vai ligar — disse Mark.
— Você já se deu bem — acrescentou Jamie, levantando uma sobrancelha. Estávamos sentados perto do banheiro, mas tínhamos uma visão clara da porta da frente, que eu ainda estava olhando desde que Adam passou por ela. Quando a porta se abriu novamente e uma nova onda de caras entrou, meu estômago se apertou do jeito que sempre fazia quando dizia respeito a ele: Nathaniel. Era uma chateação internalizada, pelo menos foi o que eu disse a mim mesma sempre que o via pelo campus ou o encontrava nas festas nos últimos dois anos. Ele se graduou no meu primeiro ano, mas agora estava fazendo mestrado, algo que eu sabia que trazia orgulho e uma conta com a metade do valor do curso para meu pai. Papai via Nathaniel como um investimento, como alguém que ele poderia transformar em um homem de negócios astuto e bem-sucedido. Papai não parecia notar as tatuagens e a imagem de bad boy, e se tivesse visto, parecia não se importar.
— Cacete. Ele fica muito gostoso com esse corte de cabelo — Jamie comentou.
Desviei o olhar de Nathaniel para ela.
— Quem?
— Você sabe quem. — Ela me lançou um olhar. — Eu não sei por que você insiste em ser tão cruel com ele.
— Primeiro de tudo, ele foi cruel comigo primeiro, daí em diante eu não consegui evitar. Eu só retribuo.
— Ele gosta de você. É aquela merda clássica de garoto que se apaixona por garota e vira um babaca com ela.
— Não. — Olhei para Nathaniel novamente. Ele parecia ser o centro das atenções aonde quer que fosse. Ele nem era o cara mais bonito do seu grupo de amigos, mas isso não importava. A arrogância e a maneira como ele se portava falavam por si. Nathaniel era do tipo “minta até que se torne verdade”, e ele definitivamente estava fazendo esse papel perfeitamente. Ele conquistou todo o amor que havia em meu pai e que eu só esperava que um dia pudesse ser direcionado a mim. Talvez quando começasse a atender seus telefonemas e a visitá-lo eu tivesse chance. Eu levantei minha bebida e tomei um grande gole, na esperança de lavar a culpa que sentia se infiltrar em mim.
— Eu não acredito que você não enxerga — disse Jamie. — Eu aposto que se você chegasse nele, ele iria ceder e dizer que está apaixonado por você. Eu bufei.
— Ele é muito cheio de si para se apaixonar por alguém que não seja ele mesmo.
Como se ouvisse minhas palavras, o que era impossível, dado que a música tocava alto no bar-barra-restaurante, ele olhou para cima e me viu. Quando nossos olhos se encontraram, senti meu coração bater mais forte. Nathaniel ergueu seu copo para mim, e eu fiz o mesmo como se me despedisse dele antes de tomar um gole e desviar o olhar. Quando o restaurante fechou, e o DJ subiu o som, mais amigos se juntaram a nós; eu estava muito ocupada conversando com Danika sobre sua educação na Rússia para procurar por Nathaniel novamente, embora não possa mentir. Eu definitivamente fiquei me perguntando se ele ainda estava por perto. As palavras de Jamie realmente mexeram comigo. Nunca, em um milhão de anos, eu teria considerado a ideia de Nathaniel se sentir atraído por mim. Ele não se sentia. A última vez em que nos cruzamos, ele me chamou de pirralha superprivilegiada, e sua opinião provavelmente não mudou muito desde então.
Deixei meu segundo drinque de lado e decidi não pedir outro. Somando as doses de Jell-O e esses drinques, eu definitivamente tinha batido minha cota para a noite. Eu normalmente não era fraca para bebida, e mesmo se fosse, nunca admitiria em público. Meu pai era dono de uma cervejaria, pelo amor de Deus. Eu não podia ser fraca com bebida. Ainda assim, conhecia meus limites.
— Vamos dançar — Jamie gritou para ser ouvida mesmo com a música. Danika parou de falar no meio da frase. Eu só pude dar a ela um olhar de desculpas.
— Você pode continuar me contando mais tarde. Eu quero ouvir mais sobre a organização dos bancos da igreja. Ela sorriu. Jamie puxou minha mão e me levou para a pista de dança.
— Ai, meu Deus, essa garota não cala a boca.
— Jamie. — Minha boca se abriu. — Nós deveríamos estar mostrando como tudo funciona aqui. Ela é sua caloura, não é?
— Ela é, mas isso não muda o fato de que ela não para de falar. — Jamie se moveu, balançando os quadris de um lado para o outro. Tínhamos decidido ser Irmãs Mais Velhas em nossa irmandade este ano, e esse foi o preço que pagamos. — Podemos trocar. Você pode ficar com ela e fico com a Morgan.
— Nem pensar. Eu amo a Morgan. — Eu ri. — Cadê o Mark?
— Pegando outra bebida para mim.
— Onde está…? — Olhei ao redor, mas Jamie agarrou meu braço.
— Pare de se preocupar e comece a se mexer.
Fiz o que me foi pedido, deixando a música abafar meus pensamentos e preocupações. Eu pensaria no meu trabalho de macroeconomia inacabado no dia seguinte. Mark voltou com a bebida de Jamie, a qual ela me ofereceu, mas eu recusei. Quando eles começaram a dançar juntos, eu me afastei um pouco e dancei com o cara que estava atrás de mim, depois com um outro. De alguma forma, acabei parando ao lado de Nathaniel. Olhamos um para o outro ao mesmo tempo, e nesse momento ele parou de falar com o amigo no meio da frase. Seus olhos correram pelo meu corpo e voltaram lentamente para cima, um sorriso surgiu quando segurou meu olhar novamente.
— Grease? — ele perguntou. Eu balancei a cabeça, corando, grata pela escuridão do ambiente. — Fica bem em você.
Minhas sobrancelhas se ergueram.
— Você está me elogiando?
— Ah, qual é. — Ele riu. — Eu não sou tão malvado assim.
— É, sim.
Ele estendeu a mão e me puxou para perto. Senti cada terminação nervosa explodir dentro de mim. O que ele estava fazendo?
— Você tem falado com seu pai ultimamente? Revirei os olhos.
— Sério? É sobre isso que você quer conversar?
— Ele está preocupado com você — disse ele. — Eu disse a ele que daria uma conferida, mas eu não queria que isso ficasse… meio assustador.
— Assustador significa…?
— Aparecer no seu apartamento à meia-noite.
— É por isso que você veio para cá? Como você sabia que eu viria?
— Não. — Ele franziu a testa. — Ryan me arrastou pra cá.
— Certo, você não gosta de ir a festas.
— Eu tenho muita coisa a provar — disse ele. — Eu não tenho tempo para ir a festas.
— Alguns diriam que você está desperdiçando os melhores anos de sua vida trabalhando. Você costuma sair com alguém ao menos?
— Você está preocupada com minha vida amorosa, princesa?
— Foi só uma pergunta. — Gemi, era por isso que não nos dávamos bem.
— Bem, não precisa se preocupar. Eu com certeza saio com pessoas.
— Ei, a gente tá indo para a festa de Erica. Você ainda quer pular a festa e voltar para casa? Podemos te dar uma carona se você… — Danika parou de falar quando viu que eu estava com um cara, ou talvez fosse o cara com quem eu estava que fez suas palavras sumirem. De qualquer forma, seus olhos verde-claros pareciam prestes a saltar das órbitas.
— Tudo bem. Eu pego um táxi para casa. — Eu sorri.
Danika assentiu, ainda olhando para Nathaniel. Revirei os olhos e me movi, a fim de impedi-la de continuar fazendo papel de boba. Nathaniel parecia confuso, mas se divertindo com a cena.
— Você não gosta que suas amigas me olhem?
— Eu não gosto que minhas amigas façam papel de boba — eu disse.
— E não há muito o que ver. Sua boca se contraiu.
— É por isso que você estava me encarando quando cheguei?
Nathaniel não tinha me visto quando chegou, mas ele estava certo, eu estava o observando. Como ele sabia disso, era um mistério para mim. Eu não ia admitir, então dei de ombros.
— Eu estava só tentando descobrir a maneira mais fácil de sair daqui sem ter de falar com você.
— No entanto, aqui está você. — Seu sorriso quase imperceptível se transformou em um sorriso completo, que o fez parecer estupidamente bonito.
Eu queria me dar um tapa por pensar isso. Era o álcool, eu disse a mim mesma, não que eu estivesse bêbada, mas tinha de ser efeito da bebida no cérebro. Era isso.
— Você gosta de mim? — Eu soltei. Definitivamente era o álcool. Sua expressão ficou séria.
— Quê?
— Você gosta de mim, tipo, acha que eu sou bonita e gosta de mim, tipo, gosta mesmo?
— Nunca pensei nisso.
— Nunca? — Havia uma pitada de descrença na minha voz, porque eu realmente não podia acreditar que Nathaniel nunca tivesse pensado se me achava atraente ou não. Eu era atraente.
— Nem uma vez.
Meus olhos se estreitaram.
— Eu não acredito em você.
— Você se acha muito, princesa. — Ele riu.
— Não me chame dessa maneira.
— Então pare de agir como uma pirralha que pode ter o que quiser.
— Não estou agindo assim, só estou fazendo uma pergunta.
— Que eu já respondi. Duas vezes. — Ele levou o copo aos lábios e tomou um gole, seus olhos nunca deixando os meus. Nathaniel abaixou o copo lentamente, ainda me observando. — Não é culpa minha que você não consiga acreditar que alguém neste mundo não te ache atraente.
— Tanto faz. — Eu me afastei e comecei a caminhar em direção à porta. Eu não ia continuar fazendo papel de boba na frente dele. Se Nathaniel disse que não gosta de mim, ele não gosta de mim. Doeu, mas o que eu poderia fazer? Suspirei enquanto pegava meu telefone para mandar uma mensagem para Jamie. Talvez eu devesse ir para a outra festa. Depois de enviar a mensagem, comecei a acenar para um táxi. Como Nathaniel poderia não me achar atraente? Deus, eu estava começando a soar como uma idiota narcisista, o que provavelmente era o primeiro motivo pelo qual ele não gostava de mim. Como eu pude ser estúpida a ponto de acreditar que havia uma chance de me entender com ele? O cara me chamava de princesa e pirralha sempre que podia.
— Quer uma carona?
Sua voz me assustou. Olhei para Nathaniel brevemente.
— Não, não preciso.
— Eu estou indo embora mesmo. Posso te levar. Olhei para ele novamente.
— Meu pai deixou que você ficasse com um dos carros dele? O que você está dirigindo é um deles? — Agora eu estava realmente sendo uma pirralha mimada, mas eu de fato não me importava.
— Não, na verdade eu recusei o carro de gratificação. Lógico. Revirei os olhos. Não me surpreendeu nem um pouco que meu pai se oferecesse para comprar um carro para Nathaniel. Mesmo gastando um valor ridiculamente alto com a pensão de mamãe, papai ainda tinha uma quantidade de dinheiro com o qual não sabia o que fazer. Ele não era ostensivo, mas definitivamente gostava de ter certeza de que as pessoas próximas estavam vivendo confortavelmente, e ninguém era mais próximo dele do que Nathaniel.
— Vamos. Me deixa te levar para casa, princesa.
A maneira como ele disse essas palavras fez meu rosto queimar. Me deixa te levar para casa, princesa. Ele fez isso soar como uma promessa explícita. Estremeci, por causa do vento, não das palavras. Eu levantei a mão novamente para chamar o próximo táxi, mas não rápido o suficiente. O veículo passou sem nem diminuir a velocidade.
— Você vai ficar aqui a noite toda — disse Nathaniel. — Eles não têm mais permissão para parar aqui. Você terá que caminhar até a esquina e tentar pegar um lá.
Comecei a caminhar na direção que Nathaniel havia indicado.
— Eu parei bem ali na esquina, sabe?
— Dane-se.
— Presley, para de ser tão teimosa por um segundo e aceita a carona.
Quando dobramos a esquina, fiquei perplexa ao ver uma grande massa de pessoas fantasiadas. Eu sabia que teria de esperar por pelo menos mais uma hora se não aceitasse a carona de Nathaniel.
— Ok. Você pode, por favor, me levar para casa? Ele sorriu.
— Com prazer.
— Eu nem sei por que você dirige nessa cidade. É completamente impossível arranjar uma vaga, isso se você encontrar um estacionamento decente.
— Caminhei em direção ao seu carro. — Um amigo meu encontrou o Maserati dele todo arranhado em um desses estacionamentos.
— Eu não tenho dinheiro nem para olhar para um Maserati, Presley, muito menos para ser estúpido o suficiente de estacionar um aqui. — Ele olhou para mim.
Uma parte de mim se sentiu mal por falar sobre dinheiro com ele, mas a outra não se importou. O mundo é desse jeito, o que eu poderia fazer se nascemos em classes sociais distintas? O cara tinha me superado, provavelmente valeria muito mais do que eu algum dia, e não ia demorar. Olhei para frente e continuei andando e imaginando qual carro Nathaniel escolheria dirigir. Eu podia imaginá-lo em qualquer carro, mas tentei pensar em modelos mais antigos. Meu primeiro carro foi um Honda Accord usado. Papai achou que seria melhor não me mimar mais do que já tinha mimado. Eu usava esse Honda na maior parte do tempo, mas de vez em quando pegava emprestado um de seus carros na garagem. Porém eu não tinha esquecido a lição. Eu sabia que tinha muito mais sorte do que meus primos, e geralmente não assumia isso como garantido. No entanto, assumi ter meus pais juntos como algo garantido. Eu sabia que fazia aquilo, mesmo assim não mudei minha maneira de pensar. Eu estava tão confusa. Provavelmente era outra razão para Nathaniel não me achar atraente. Ele tinha visto quem eu era de verdade. Minha parte feia. Ele viu além da minha pele sardenta e de porcelana e meu cabelo ruivo voluptuoso. Ele viu além de curvas sedutoras e roupas de grife justas. Eu não saberia dizer o que Nathaniel viu quando passei por essas coisas, porque eu não sabia quem eu era por trás de tantas camadas, e o pensamento de o perguntar me assustou pra diabo.
— Qual é o seu carro? — eu perguntei depois de um momento. Ele parou em frente a uma motocicleta e me entregou um capacete. Eu só consegui murmurar:
— Ah. Ah.
Tirei o capacete de suas mãos e o coloquei na cabeça. Ficou um pouco grande, mas serviria.
— O que você acha que meu pai faria se soubesse que você vai me levar para casa em sua moto?
— Não faço ideia, princesa. Talvez me trancar na masmorra? Você realmente quer descobrir? — Seus olhos brilharam, divertidos, e foi difícil lutar contra um sorriso.
— Não, preferiria não.
— Ok, então. — Ele se virou e passou uma perna por cima da moto, em seguida olhou para mim por cima do ombro. — Você vem?
— Você não vai colocar o capacete? — Eu estava gritando para que ele pudesse me ouvir apesar do barulho da moto e do barulho que minha cabeça estava fazendo.
— Você está com ele, princesa.
— Você consegue parar de me chamar assim por uma noite? — Eu me aproximei, segurei em seus ombros e passei minha perna assim como ele tinha feito. — Onde devo colocar os pés?
— Logo atrás dos meus. — Ele botou as mãos nas minhas panturrilhas e posicionou meus pés, e então subiu para minhas coxas e as apertou em ambos os lados da moto. — Aproxime-se de mim o mais humanamente possível. Meu pulso acelerou enquanto eu seguia suas instruções, passando os braços ao redor do seu corpo. Eu não deveria ter ficado surpresa com quão musculoso ele era por baixo das roupas, mas eu fiquei. Eu me agarrei a ele como se disso dependesse minha preciosa vida enquanto ele pilotava pelas ruas. Nathaniel não estava indo tão rápido quanto eu imaginava que iríamos, mas foi rápido o suficiente para que eu gritasse algumas vezes; cada vez que eu gritava, ele ria. Eu não podia ouvir, mas podia sentir as vibrações em seu estômago. Nathaniel diminuiu a velocidade quando chegamos ao meu prédio e parou em uma vaga bem em frente. Tirei o capacete quando saltei da moto e cambaleei de uma maneira instável por um momento. Nathaniel estendeu a mão e agarrou meu braço.
— Você está bem?
Eu pisquei para ele, assustada com quão perto seu rosto estava do meu. Ainda mais assustada com o quanto eu queria que ele me beijasse naquele momento. Eu culpei Jamie e suas palavras estúpidas por fazer eu me sentir assim perto dele. Sua mandíbula se apertou, e ele ficou sentado, capacete em uma mão, meu braço na outra. Meu coração batia cada vez mais forte quando me inclinei para frente.
— Presley. — Sua voz era baixa e grave, sua mão apertava meu braço, me impedindo de vencer completamente a distância entre nós. Em vez de me beijar, ele apoiou a testa contra a minha. — Você precisa ter ciência de que não é isso que você quer.
— Como você poderia saber o que eu quero ou não? — Eu afastei o rosto.