Jornal Vivências

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Edição: Equipas das Bibliotecas Escolares Ano letivo 2012-2013 Dezembro

DO NOSSO AGRUPAMENTO

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Atividades das Bibliotecas Escolares (ver pág. 8 -9)

Camilo Castelo Branco Um dos escritores que melhor soube passar para a sua produção literária as condições da existência em que viveu. (ver pág. 3)

Crianças-prodígio nas ar tes e talentos artísticos: os aprendizes de Prometeu Todas as crianças em idade Pré-escolar adoram desenhar e pintar, exprimindo livremente sensações e estados de espírito através do traço e da cor, sem qualquer intuito comunicativo. (ver pág. 5)

A tradição oral - Os Provérbios e o Espaço Rural Agrupamento em ação (ver pág. 5)

À conversa com o ator José Ramalho

(ver pág. 10 -12)

Leituras: conto e poesias (ver pág. 6 e 7)

(ver pág. 13 e 14)


A “Máquina de Sonhar” – exposição de pintura de Sérgio Reis na Casa da Cultura de Seia

Editorial Reiniciamos mais um encontro com os nossos leitores. Eis a primeira de três das edições do jornal “Vivências”, que pretendemos relançar neste ano letivo. Mais uma vez, os diferentes atores acederam ao desafio e, de forma simples e natural, foise preenchendo com a organização de textos e imagens provenientes da comunidade educativa. Deste modo, promovendo a iniciativa e a interação, pretende-se fomentar a leitura e a escrita, potenciar o imaginário, a criatividade, divulgar/expôr muito daquilo que é feito. Assim estimulam-se talentos, capacidades e cada um tem um espaço aberto para manifestar o que pensa, faz e sonha concretizar. Consideramos que a tiragem desta jornal assenta numa triologia do três porque a família, escola / comunidade pode intervir em três momentos distintos primeiro, segundo e terceiro períodos, lendo, informando e formando. Ontem, hoje e amanhã estão interligados e são presentes/dávidas que se recebermos devemos preservar. Caberá ao leitor decifrar as mensagens que recebe. Que vivamos todos juntos esta época, de forma solidária, animada e confiante. Sejamos pequeninas estrelas em contínuo cintilar…. A equipa

Portugal no Coração

Portugal ai meu amor Coração nesta minha canção

Portugal foi a razão porque um dia morreu meu irmão Mas também é coração A bater nesta canção

Bate bate coração para termos a vida melhor Portugal ai meu amor Coração nesta minha canção

Não sei bem de quem eu nasci não descobri nem pai nem mãe Só sei que já nasci aqui e foi aqui que eu fui alguém Portugal foi a razão porque um dia morreu meu irmão Mas também é coração a bater nesta canção

Bate bate coração para haver vida melhor Bate bate coração para haver vida melhor Gemini

De 6 de outubro a 15 de novembro, decorreu na Casa Municipal da Cultura de Seia, uma exposição de pintura de Sérgio Reis, professor de Artes Visuais do Agrupamento de Escolas de Seia e artista plástico com um longo e diversificado currículo artístico. Expõe individualmente desde 1987 e participou em diversas exposições coletivas em Portugal e no estrangeiro. Em 2009, recebeu o Prémio de Pintura da Agirarte/12 e, em 2010, o 1º Prémio de Pintura da I Bienal de Artes Plásticas de Penedono. Intitulada “A Máquina de Sonhar” e Integrada na programação do CineEco 2012, a exposição evocava desde logo o cinema, afinal uma “máquina de fazer sonhar”, mas também a Arte em geral, que promove e estimula a capacidade de cada um ir além da realidade imediata e palpável para entrar, tal como Alice, num mundo paralelo de maravilhas inesperadas e desafiantes. O título da exposição foi inspirado pelo revolucionário projeto de Stephen LaBerge e por uma frase dos diálogos do filme Titanic. “Parece que estamos dentro de um sonho” foi o comentário assombrado de Rose (Kate Winslet) à obra de Picasso, no conhecido filme de James Cameron. O sonho foi uma obsessão dos surrealistas, que valorizavam o papel do inconsciente na atividade criativa, e o fundador do movimento perguntava abertamente no “Manifesto do Surrealismo” de 1924: "Não pode o sonho ser aplicado também na solução de problemas fundamentais da vida?". Há poucos anos, LaBerge inventou uma “máquina de sonhar” e publicou em 2004 um livro intitulado “O sonho lúcido: um guia conciso para acordar nos seus sonhos e na sua vida”. Juntando estes ingredientes chegou-se à ideia e ao título da mostra, que inspiraram a pintura "A Máquina de Sonhar" (90 X 155 cm), realizada expressamente para a exposição. Outra peça importante, com 9 metros de comprimento e apenas 20 centímetros de largura, era uma sequência de telas intitulada "Per.Cursos", uma espécie de "filme pintado". A exposição reunia outras obras recentes, como "Cada Dia a Cada Um a Liberdade", "A Máscara Amarela", "A Figura Pássaro e a Pomba Negra", "Aquarius" ou "O Caçador de Sonhos". “A pintura de Sérgio Reis possui vários aspetos distintivos, ao nível da forma e do conteúdo: o diálogo entre desenho e pintura, que convivem sem artifícios nas suas obras; predomínio das formas e cores planas, reduzindo a complexidade da forma à sua verdade essencial; utilização efusiva da cor, explorando os seus significados mais complexos e ocultos; predominância de conteúdos poéticos; o anonimato dos rostos, vazios, “desenhados pela ausência e pela distância, suficientemente transparentes para cabermos quase todos neles, para nos revermos uns aos outros em todos nós” (1). Trata-se de uma pintura pensada, uma estética refletida, não para exprimir o lado visível da realidade exterior mas sim o que ela inspira e produz no interior do indivíduo. E aí o artista aparece como o filtro interpretante e organizador do turbilhão de sensações por ele experienciadas e vividas, mas também como testemunha das transformações que marcam o seu tempo e redirecionam continuamente o futuro da humanidade”(2). Notas: (1)-Texto de apresentação da exposição “Esta Gente”, Pintura de Sérgio Reis - Museu Serpa Pinto, Cinfães, abril 2011. (2)-Texto de apresentação da exposição “A Máquina de Sonhar”, da autoria de Rui Tavares.

Digo tudo quanto eu sou serei criança ou malmequer Tenho apenas o que eu dou neste lugar que ninguém quer

Redes sociais

Neste país onde eu estou serei tudo quanto eu fizer Este povo a que me dou não é homem nem mulher Portugal é querer dar a mão sermos amigos termos pão Portugal é ter a vontade de acabar com a saudade Portugal já tem idade para o povo entender liberdade Portugal é uma nação onde vive o meu irmão

Ficha Técnica

Responsáveis: Equipa das Bibliotecas Escolares Composição de textos: Comunidade Fotografia: Comunidade Email: jornalvivencias@gmail.com Web: http://www.aeseia.pt Recolha de textos e organização: Isaura Almeida, Liliana Melo, Lurdes Alcafache e Manuela Silva Montagem e fotocomposição: Manuela Silva Apoio técnico: Luís Pinto Revisão de textos: Orlanda Moreira, Isaura Almeida, Isaura Bernardo e Lurdes Alcafache Tiragem: 500 exemplares

Nas redes sociais, a mensagem quase se reduz a fotos que cada um coloca na sua página. Todos veem as fotos que cada um publica, mas ninguém sabe quem está realmente “por detrás do ecrã”. Esta possibilidade pode abrir portas às mentes mais perversas. Ao que já se tem noticiado, infelizmente, as redes sociais tornaram-se na nova ferramenta de pedófilos e violadores. Muitos jovens gostam de conhecer outras pessoas através de redes sociais e acabam por descobrir da pior forma que essas pessoas não têm nada a ver com aquilo que pensaram que eram, pois as fotos que delas recebem nem sempre correspondem à realidade. E nem sempre o problema tem a ver com pedofilia, mas simplesmente com o facto de que cada um pode criar uma imagem bastante falsa da sua personalidade em que todos facilmente acreditam. Por exemplo, uma pessoa pode escrever e publicar algo sobre “a importância do amor”, como ele faz falta nas vidas humanas (e não só!)… e quem for ler cria uma imagem positiva dessa pessoa baseada apenas na publicação que fez. Contudo, essa pessoa pode muito bem ser desumana e gostar de ridicularizar outras pessoas. Este é um mero exemplo para nos alertar a não confiar simplesmente em quem escreve nas redes sociais… Nunca se sabe… !!! Mas outro problema que esta nova forma de comunicar trouxe foi a modificação do conceito de socialização. Devido às redes sociais, o conceito de “popularidade” mudou. Hoje em dia, uma pessoa pode ter muitos amigos, sair à noite, relacionar-se facilmente com outros, mas se não tiver uma página na rede social ou, mesmo tendo uma, mas com poucas fotos, ou poucos comentários, ou poucos “gostos”, é vista como alguém pouco social. Pelo contrário, se alguém passa a vida fechado em casa, quase sem ver gente, mas tem uma página muito visitada, então já é considerado como muito sociável. É paradoxal! O problema é que muitas pessoas não percebem que para muitos comentários, “gostos” ou visitas a uma página, basta pedir a outras pessoas que o façam, ou então, basta fazer uma espécie de publicidade à página. É que para se relacionar fisicamente com as pessoas é preciso ser-se simpático, relacionar-se com amigos, é preciso fazê-los, e isto dá muito trabalho e nem todos têm capacidade para o fazer. Basicamente é preciso ter uma “boa” e verdadeira personalidade e não apenas saber fazer pose para fotos e dizer “umas coisas” sem mostrar a expressão facial. A coragem dá lugar à cobardia. É mais fácil por “trás do ecrã”, onde a exposição é só parcial, quando não é mesmo total e falsa. Mas as redes sociais também têm coisas boas. Graças a elas o fenómeno da “globalização” tem vindo a crescer. Graças às redes sociais, o mundo está ligado e a partilhar ideias e maneiras de pensar, acabando, talvez, por fazer com que diminuam diferenças sociais e culturais entre os seres humanos de diferentes lugares do planeta, levando à união e compreensão entre as pessoas, o que basicamente faltou desde sempre e que levou a tantas guerras. Por isso, acho que a internet, e em particular as redes sociais, podem, no futuro, acabar com as diferenças e conflitos entre os seres humanos. Evidentemente que, acima das vontades das redes sociais, tudo dependerá da vontade do Homem.

Impressão: Tipografia Central Rua Cesário Verde, nº1 Zona Industrial 2 3530-140 Mangualde

Miguel Carmelo, 11ºC, n.º 15

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EM DESTAQUE CAMILO CASTELO BRANCO Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco nasceu em Lisboa a 16 de março de 1825, na freguesia dos Mártires, num prédio da Rua da Rosa. Filho de Manuel Joaquim Botelho Castelo Branco e de Jacinta Rosa do Espírito Santo Ferreira foi baptizado na Igreja dos Mártires a 14 de Abril de 1825. Camilo foi registado como filho de mãe incógnita, pelo que se diz, porque o seu pai e a sua avó não queriam que o nome Castelo Branco estivesse envolvido com alguém de tão humilde condição. Órfão de mãe aos dois anos e de pai aos dez, praticamente não conheceu os carinhos maternos e a influência do pai na sua vida deve ter sido quase nula. Nesta situação vai viver com uma tia paterna, residente em Vila Real, de nome Rita Emília Veiga de Castelo Branco. A viagem para Trás-os-Montes, de barco, revelou-se muito atormentada, pois uma tempestade não permitiu que o navio acostasse ao Porto e foi desembarcar a Vigo. De caminho para casa da tia deslumbrou-se com as belezas do Bom Jesus do Monte, em Braga e com a paisagem minhota. Volvidos quatro anos, aos catorze de idade, abandonou Vila Real e foi viver, em Vilarinho da Samardã, com uma irmã mais velha do que ele quatro anos e recém- casada com um médico. Foi aí que se familiarizou com a vida ao ar livre: a serra, os lavradores, as caçadas às perdizes e ao lobo… e foi aí, também, que graças às lições do Padre António de Azevedo, pároco da freguesia, aprendeu latim, francês, religião e tomou contacto com muitas produções da nossa literatura clássica. Com apenas 16 anos, casa-se com Joaquina Pereira de França, filha de lavradores, camponesa do lugar de Friúme, mais nova que ele um ano. Passados apenas dois anos, abandona aquela terra, a mulher e uma filha nascida entretanto. Esta situação ficou a dever-se a uns versos satíricos que escreveu contra uns noivos na porta da igreja da freguesia. A sua volubilidade depressa a substituiria: outra transmontana cruzou com ele, logo a seguir- a Maria do Adro. Por causa deste amor, teve de deixar Trás-os-Montes à pressa e fugir para Lisboa (1842), onde esteve cerca de sete meses Em outubro de 1843, matriculou-se na Escola Politécnica do Porto, frequentando, ao mesmo tempo, aulas de anatomia. Também, por esta altura, estreia-se nas letras com os poemetos satíricos «Os Pundonores Desagravados», «O Juízo Final» e «Sonho do Inferno» (1845). Abandona o curso de Medicina e opta por, em Coimbra, cursar Direito, mas, também aqui, sem qualquer resultado prático. Abandonados os estudos, regressa a Vilarinho da Samardã (1846). Entretanto, morrem a mulher e a filha (1847). Pouco antes de enviuvar, conhece Patrícia Emília, de vinte anos, órfã, natural de Vila Real, com quem foge. Depois de a ter raptado, foi preso no Porto e passou onze dias na cadeia da Relação do Norte (12 a 23 de outubro de 1846). Desses amores nasceu-lhe uma filha. Faz uma vida de boémia repleta de paixões, repartindo o seu tempo entre os cafés e os salões burgueses e dedicando-se entretanto ao jornalismo. Em 1847, encontramo-lo no Governo Civil de Vila Real como amanuense, onde permaneceu um ano. No ano seguinte, está no Porto, a trabalhar em jornalismo, quase a tempo inteiro. Após uma tentativa de suicídio, matricula-se no Seminário, projeto que, rapidamente, abandona para continuar a vida de namorador incorrigível. O seu caráter instável, irrequieto e irreverente continua a arrastá-lo para amores tumultuosos: dona Maria da Felicidade do Couto Browe, poetisa conhecida por soror Dolores e a quem dedicou o Drama “O Marquês de Torres

Novas”, era casada, mãe de três filhos e a causa da referida tentativa de suicídio e da entrada no Seminário; seguiu-se a freira Isabel Cândida e logo depois uma costureirinha do Candal. Depois de se ter prendido a amores vários, mas todos mais ou menos efémeros, conheceu num baile da Assembleia Portuense (1851), a sua “mulher fatal” – Ana Augusta Plácido, com dezanove anos e noiva do negociante brasileiro Manuel Pinheiro Alves. Já casada, Ana Plácido abandona o lar e foge com Camilo para Lisboa. A perseguição judiciária de que são alvo, na sequência desta fuga, força-os a andar de terra em terra pelo norte do país. Camilo, por causa desta senhora, sofre uma violenta crise sentimental, para a qual tenta desesperadamente várias subterfúgios. O afinco com que se atirou ao trabalho literário foi um deles. Nesta época escreve e publica de afogadilho: “Anátema” (1851) a sua primeira novela extensa, “Mistérios de Lisboa” (três volumes-1854), “Livro negro do Padre Dinis” (1855), “A Filha do Arcediaggo” (1855), “A Neta do Arcediago” (1856), “Onde Está a Felicidade” e “Um Homem de Brios” (ambos em 1856), “Cenas Contemporâneas” (1855-1856), “Cenas da Foz” (1857), “Carlota Ângela” e “O Que Fazem as Mulheres” (1859). O nome de Camilo Castelo Branco ia-se consagrando. Porém não demorou muito a que Pinheiro Alves instaurasse um processo aos adúlteros que em 1859 viviam em Lisboa. Ambos foram parar à cadeia da Relação do Porto, já conhecida de Camilo. Aí, permaneceu 364 dias que foram aproveitados para escrever a sua mais conhecida novela de amor “Amor de Perdição” e também “O Romance de Um Homem Rico” e parte de “Doze Casamentos Felizes”. Sairão julgados e absolvidos da prisão em 1861. Dois anos depois, morre Pinheiro Alves e em 1864 vão viver para S. Miguel de Ceide, residência que aquele legara, por morte, a um filho seu e da, agora, mulher do romancista. Aqui passou, neste lugar sossegado de aldeia, grande parte da sua atribulada vida e também aqui escreveu muitas das suas cento e cinquenta obras, algumas das quais obras- primas: “A Queda de Um Anjo” (1866), “O Retrato de Ricardina” (1868), “O Regicida” (1874), “ N o v e l a s d o M inho” (três volumes-1875-77), “Eusébio Macário” (1879), “Corja” (1880), “A Brasileira de Prazins” (1883)… . Em S. Miguel de Ceide recebeu correspondência e a visita amiga dos admiradores, contando-se entre estes, insígnes homens de letras como António Feliciano de Castilho e José Maria Eça de Queirós. Sofreu desgostos de toda a ordem e talvez privações. A cegueira de origem siflítica que, segundo estudos recentes, foi precipitada pelo indevido uso da terapêutica arsenical, as faltas de dinheiro, a notícia da morte de pessoas íntimas (nora, neta…), o desgosto de ter um filho louco e outro estroina, o trabalho, as insónias foram enchendo a sua velhice de tédio e desespero. Pôs termo à vida desfechando um revólver na cabeça

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no dia 1 de junho de 1890, às cinco horas da tarde. Poucos anos antes, tinha-lhe sido atribuído o título de visconde (1885) e legalizara o seu casamento (1888). A vasta obra literária do polígrafo chegou até nós em centenas de volumes, cultivando os mais diversos géneros: poesia, teatro, romance, o conto, crítica literária, investigação histórico-genealógica, polémica, jornalismo. Nela, por querer ou sem querer, deixou marcas da sua atribulada existência. Os seus pais não eram casados e a bastardia fez com que, a todo custo, quisesse reabilitar-se, povoando as suas novelas com filhos naturais. O ter sido bastardo e o ter ficado privado de carinho muito novo pelos pais, explicam o mundo das suas personagens e muitas das páginas das suas novelas. Viveu amores contrariados, alguns casamentos por interesse, facto que o terá levado a martirizar as personagens das suas novelas com estas situações. Experimentou a pobreza, as dívidas, pelo que se viu obrigado a escrever à linha, por encomenda de livreiros e ao sabor do público de gosto folhetinesco. Por necessidade de lucro imediato, muito mais do que por inspiração produziu literatura, repisando temas e não trabalhando como seria necessário a estrutura romanesca de muitas novelas. Conviveu muito com gente rude da aldeia, observou o viver de fidalgos/burguesia do Porto, conheceu ricos brasileiros de torna-viagem e barões importantes e isto explica, em boa parte, o modo como os satirizou na sua obra. Foi um dos escritores que melhor soube passar para a sua produção literária as condições da existência em que viveu, facto que levou Alberto Pimentel a conseguir reconstituir a vida de Camilo em “O Romance do Romancista”, compilando frases recolhidas através da sua obra. Comemoram-se, este ano, 150 anos da publicação do “Amor de Perdição “em 1862, escrito na cadeia da Relação do Porto em “quinze dias – disse – os mais atormentados da minha vida”. A propósito desta comemoração escreve Vasco Graça Moura: “Há várias entidades envolvidas num programa multidisciplinar: a Casa de Camilo em S. Miguel de Seide e a Câmara Municipal de Famalicão, a Câmara Municipal do Porto, o Plano Nacional de Leitura, a Faculdade de Letras de Lisboa, a Universidade Fernando Pessoa, o Centro Cultural de Belém, o Centro Nacional de Cultura, escolas do secundário, alguma comunicação social incluindo o DN, uma série de especialistas e de não especialistas, gente do cinema, da música e das artes plásticas, etc., etc. Um dos objetivos evidentes de tais celebrações é o de interessar os jovens nos grandes nomes da nossa literatura, reabilitando a relação da escola com os clássicos e com o que eles significam para a cultura e para a língua portuguesa, despertando a atenção para a sua obra e tornando mais estimulante o contacto com ela (…).” Bibliografia consultada: Borregana, António Afonso. – O Texto em Análise, Romantismo1984. Barreiros, António José – História da Literatura Portuguesa. 2º volume. Séculos XIX-XX. 9ª edição. Bragança, António – Literatura Portuguesa. 1º volume. Saraiva, António José; Lopes, Óscar – História da Literatura Portuguesa. Porto Editora. Verbo, Enciclopédia – Luso Brasileira de Cultura. Edição séc.XXI. 5º volume. grandmonde.blogspot.com/.../comemoracoes-dos-150-anos-dapublicação do Amor de Perdição. Branco, Camilo Castelo – Wikipédia, enciclopédia livre. [consulta 20 novembro 2012].

Rosa Isabel Martins


OPINIÃO Quando foi a última vez que riu? Todos sabemos que o riso é universal no ser humano. Todos sabemos, também, que é das coisas mais comuns realizadas pelo Homem. Rimos pelas situações mais diversas e nem nos apercebemos, porque raramente controlamos, conscientemente, o nosso riso. Evidências apontam que o riso possui uma base inata e que até os antropoides abrem a boca, retraem os cantos da boca e mostram os dentes. Então o riso não será típico do Homem. O certo, é que o riso é contagioso e provoca riso nos demais, mesmo que a situação não seja a mais divertida. Será, por isso, que temos a tendência de rir “ até cair” quando alguém sofre uma queda? É certo que o riso atenua a dor, o stresse, a ansiedade, relaxa a tensão muscular, reforça a imunidade, ativa o sistema cardiovascular, liberta endorfinas que reduzem a sensibilidade à dor e promovem as sensações de prazer e de bem estar. Mas, será que, inconscientemente, perante a queda, que nem precisa de ser aparatosa, o ser humano, inconscientemente coloca tudo isto em prática? Então, por que rimos nós, afinal? O riso é bem mais que uma mera satisfação

Chief Seattle's Letter To All THE PEOPLE Chief Seattle, Chief of the Suquamish Indians allegedly wrote to the American Government in the 1800's - In this letter he gave the most profound understanding of God in all Things. Here is his letter, which should be instilled in the hearts and minds of every parent and child in all the Nations of the World: CHIEF SEATTLE'S LETTER "The President in Washington sends word that he wishes to buy our land. But how can you buy or sell the sky? the land? The idea is strange to us. If we do not own the freshness of the air and the sparkle of the water, how can you buy them? Every part of the earth is sacred to my people. Every shining pine needle, every sandy shore, every mist in the dark woods, every meadow, every humming insect. All are holy in the memory and experience of my people. We know the sap which courses through the trees as we know the blood that courses through our veins. We are part of the earth and it is part of us. The perfumed flowers are our sisters. The bear, the deer, the great eagle, these are our brothers. The rocky crests, the dew in the meadow, the body heat of the pony, and man all belong to the same family. The shining water that moves in the streams and rivers is not just water, but the blood of our ancestors.

Comment on Chief Seattle’s speech I agree with Chief Seattle’s speech because it is true that Earth does not belong to Man, but Man belongs to the Earth. The Earth was created long before Man, and despite being mostly inhabited by humans, that fact doesn’t make it ours. However, human beings

A mãe natureza A forma como fui educado leva-me a concordar com o escritor alemão Johann Wolfgang Goethe, quando diz que “A natureza é o único livro que oferece um / conteúdo valioso em todas as suas folhas”. A natureza é a nossa mais antiga Mãe, com um valor inestimável para a humanidade. Tudo o que vemos, sentimos, cheiramos e vivemos resultou dum amplo e complexo processo evolutivo da natureza. Em consequência deste facto, é possível observar muitas provas de tal magnífico acontecimento, simplesmente vagueando. Como é natural, falo por

de alegria, atenua a hostilidade e a agressão. O riso desarma as pessoas, cria uma ponte entre elas e facilita o comportamento amigável. O riso é um dos melhores instrumentos de aproximação. Entender o riso é também entender as nossas raízes sociais, biológicas e aprimorar as nossas relações sociais. Então, a função do riso será a de comunicar. O riso será uma mensagem que enviamos às pessoas desafiandoas para brincar, ligando-nos a elas, fazendo-as felizes, mostrando-lhes que somos pacíficos. O riso promove, assim, efeitos positivos nos nossos contactos sociais e controla os nossos subordinados: se o chefe ri, nós rimos com ele e nem nos apercebemos que nos vai controlando pelo riso. Há estudos que mostram que as mulheres riem mais, em situação de conferências ou palestras, quando o palestrante é do sexo masculino. Há uma maior cumplicidade ou um certo controlo inconsciente? Assim, poder-se-á concluir que precisamos do riso para interagirmos como indivíduos, como grupo social no qual nos inserimos e também para aliviarmos tensões sociais do quotidiano? Por sua vez, no âmbito da medicina, os técnicos referem que quando o paciente aceita o seu estado clínico e que consegue fazer humor com ele, a If we sell you our land, you must remember that it is sacred. Each glossy reflection in the clear waters of the lakes tells of events and memories in the life of my people. The water's murmur is the voice of my father's father. The rivers are our brothers. They quench our thirst. They carry our canoes and feed our children. So you must give the rivers the kindness that you would give any brother. If we sell you our land, remember that the air is precious to us, that the air shares its spirit with all the life that it supports. The wind that gave our grandfather his first breath also received his last sigh. The wind also gives our children the spirit of life. So if we sell our land, you must keep it apart and sacred, as a place where man can go to taste the wind that is sweetened by the meadow flowers. Will you teach your children what we have taught our children? That the earth is our mother? What befalls the earth befalls all the sons of the earth. This we know: the earth does not belong to man, man belongs to the earth. All things are connected like the blood that unites us all. Man did not weave the web of life, he is merely a strand in it. Whatever he does to the web, he does to himself. One thing we know: our God is also your God. The earth is precious to him and to harm the earth is to heap contempt on its creator. Your destiny is a mystery to us. What will happen treat it as if they own it. People pollute it; people use it in an improper way and keep on destroying it. If we pay attention, we’ll realize that we are the ones that belong to Earth. Everything we do, everything we eat and everything we see is all thanks to Earth, and its resources and we should preserve it, instead of helping its destruction. Everything in our planet is linked by something, because everything that exists and that inhabits this planet is connected to other things that

experiência própria uma vez que já observei imensas coisas na natureza. Passo a explicitar: É ponto assente na disciplina de Geologia que o presente é a chave do passado, isto é, devemos interpretar o passado com os conhecimentos que hoje temos. A evolução gradual dos acontecimentos permite tal afirmação. Uma vez que muitas das provas ainda se encontram preservadas na Natureza, é mais que nossa função, é dever preservar tal elemento, para que gerações futuras possam aprender e vivê-la como nós a vivemos. Ora, isto aplica-se apenas se cada um de nós, cidadãos, cumprir as normas do desenvolvimento sustentável,

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recuperação é mais rápida e eficaz, “rir é um bom remédio” e “o remédio mais simples e ao alcance de todos é o choro e o riso, mas só quem chora de verdade sabe rir com vontade”. O riso será a alma do nosso corpo? Sócrates dizia a este propósito ”como não é certo curar os olhos sem a cabeça, nem a cabeça sem corpo, também não é justo curar o corpo sem a alma”. Assim, o riso e o choro andam de mãos dadas. Mais que não seja quando rimos até chorar. Sabe bem, faz-nos bem, sentimo-nos libertos das nossas agonias, ansiedades e olhamos para elas de outra forma, mais otimistas e mais assertivos. O humor beneficia o corpo e também o espírito, “por isso…ri…ri sozinho, ri acompanhado, ri na rua, ri de manhã, ri à noite, mas ri e serás mais feliz e proporcionarás aos que te rodeiam mais felicidade. Lucília Figueiredo

-“O riso é a trombeta da loucura”, Axel Oxenstiers -“Um dia sem riso é um dia desperdiçado”, Charles Chaplin -“Conhecemos um homem pelo seu riso, na primeira vez que o encontramos se ele ri de maneira agradável, o íntimo é excelente”, Fiodor Dostoievski -“O riso é como o sol, afugenta o inverno do rosto humano”, Victor Hugo

when the buffalo are all slaughtered? The wild horses tamed? What will happen when the secret corners of the forest are heavy with the scent of many men and the view of the ripe hills is blotted with talking wires? Where will the thicket be? Gone! Where will the eagle be? Gone! And what is to say goodbye to the swift pony and then hunt? The end of living and the beginning of survival. When the last red man has vanished with this wilderness, and his memory is only the shadow of a cloud moving across the prairie, will these shores and forests still be here? Will there be any of the spirit of my people left? We love this earth as a newborn loves its mother's heartbeat. So, if we sell you our land, love it as we have loved it. Care for it, as we have cared for it. Hold in your mind the memory of the land as it is when you receive it. Preserve the land for all children, and love it, as God loves us. As we are part of the land, you too are part of the land. This earth is precious to us. It is also precious to you. One thing we know - there is only one God. No man, be he Red man or White man, can be apart. We ARE all brothers after all." "Thus Spoke Chief Seattle: The Story of An Undocumented Speech» By Jerry L. Clark, National Archives and Records Administration.

exist at the same time. It may not look like so, but everything is connected in a certain way and that’s why Chief Seattle says and I quote: “All things are connected like the blood that unites us all”. Thanks to that, we should start preserving our planet in a more effective way and try to solve most of the problems that affect it. Otherwise, if things go on like they have been going, in a nearby future there will be no human life on Planet Earth. Ana Rita Nunes, 11C

que afirma que devemos viver a nossa vida e explorar os recursos naturais sem comprometer as gerações futuras. Isto remete-me para um caso mais particular. Eu revejo-me em tudo o que disse, pois quero que os meus filhos vejam as magníficas relações que há entre os animais, como eles se assemelham a nós, os cuidados que se devem ter com as plantas, como se degradam as coisas, como voltam a florir. Enfim, como Goethe disse, a natureza é como um livro aberto, pois podia encher imensas folhas a descrever somente o que já nela e com ela aprendi. Sebastião Fernandes, 12ºB, n.º 24


OPINIÃO Crianças-prodígio nas artes e talentos artísticos: os aprendizes de Prometeu Em diversos momentos das aulas de Educação Visual, falando-se das finalidades da disciplina, abordando as técnicas de expressão ou a natureza e contexto da obra de arte, surge a questão da habilidade para o desenho e, por arrastamento, do talento artístico, da aprendizagem e treino das técnicas, da infância e juventude dos artistas famosos. O tema agrada aos alunos. Muitos deles já ouviram falar de crianças especialmente dotadas para as artes, de crianças-prodígio na poesia, na música, na matemática, na informática, e querem Helena Vieira da Silva, saber se os artistas famosos 1922. eram crianças-prodígio ou “Quem desenha assim, aos crianças e adolescentes 13 anos, não deve deixar como todas as outras, para de trabalhar” medirem as suas próprias capacidades e necessidades. Não são preocupações vãs nem questões irrelevantes. A vocação é determinante na qualidade do desempenho de qualquer atividade humana. Cada um de nós possui talentos próprios, uma vocação mais ou menos evidente, mais ou menos escondida, que nem todos entendem ou valorizam do mesmo modo e por isso muito boa gente nunca chega a conhecer a sua verdadeira vocação e a tirar partido dos respetivos talentos. Pelo que se sabe da infância dos grandes artistas, ou melhor, o que os seus biógrafos julgaram importante divulgar sobre essas infâncias e não foi contestado nem considerado apócrifo, tudo começa da mesma maneira: uma dada habilidade acima da média que se manifesta mais ou menos precocemente e é reconhecida. A mediania tem a ver com o conceito de normalidade próprio de cada contexto sociocultural, a fasquia a partir da qual se mede o melhor e o pior, mas também são relevantes as circunstâncias e as condições que se oferecem à criança para manifestar essa habilidade e desenvolver o talento. Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) e Pablo Ruiz Picasso (1881-1973), dois casos de “criança-prodígio” muito estudados, tiveram em comum as boas condições familiares, pais ativos na respetiva área artística e ligados ao ensino, uma aprendizagem técnica precoce em ambiente familiar, intensa, exigente e disciplinada. Picasso queixava-se, por exemplo, dos exercícios de desenho impostos pelo pai, pintor e professor numa escola de artes, repetidos “até ele estar satisfeito”. Mozart foi igualmente sujeito a um treino severo por parte do pai, violinista afamado e professor de música, que abandonou o ensino e a

carreira artística para se dedicar à educação do filho. Aos 9 anos, Mozart já compunha sinfonias e, aos 15, era autor de uma vasta obra musical reconhecida internacionalmente. Aos 11 anos, Picasso foi admitido na escola de artes de La Coruña. Com 15 anos, recebeu uma menção honrosa na exposição nacional

de belas artes em Madrid, na qual participavam os melhores artistas espanhóis da época. Duas infâncias afinal abreviadas, aprendizes de Prometeu sem tempo para serem crianças. Muitos anos depois, Picasso disse não se lembrar de ter feito um único desenho infantil e transparece alguma amargura nesta conhecida frase do genial pintor: "Quando eu tinha 15 anos sabia desenhar como Rafael mas precisei de uma vida inteira para aprender a desenhar como as crianças". Não há muitos casos de “crianças-prodígio” nas artes pois a medida do génio artístico é subjetiva e contextualizada, sendo mais correto referir a existência de crianças e jovens naturalmente dotados para as artes, observadoras, curiosas e imaginativas. Todas as crianças em idade pré-escolar adoram desenhar e pintar, exprimindo livremente sensações e estados de espírito através do traço e da cor, sem qualquer intuito comunicativo. Aquando da aprendizagem da escrita, a criança é levada a realizar um exercício bem diferente e exigente: entender e desenhar (escrever também é desenhar) a forma abstrata de cada letra, sem margem para erro nem escapatória para a criatividade. Uma das características das crianças dotadas para as artes é que o seu gosto e prazer no desenho e na pintura não são afetados pela aprendizagem da escrita. Ao contrário das outras crianças, intensificam a expressão gráfica e plástica, desenvolvendo as suas capacidades até níveis qualitativos próprios de artistas adultos, sendo fundamental não condicionar nem pressionar as suas aprendizagens até se tornar evidente a necessidade de um acompanhamento especializado. Herr Leopold Mozart e Don José Ruiz Blasco fizeram pelos filhos o melhor que podiam, à luz dos conhecimentos e costumes dessas épocas. Antes de haver escolas de arte, as crianças dotadas eram encaminhadas para oficinas de artistas. Aí, começavam por prestar trabalho doméstico e acabavam por realizar a sua instrução e

A Tradição Oral – Os Provérbios e o Espaço Rural Sendo a agricultura a forma como o homem tira partido da terra que tem ao dispor, a forma como é praticada tem acompanhado a evolução da Humanidade. Deste modo, têm-se manifestado várias alterações nas técnicas, formas de produção e de ocupação do espaço, na população que trabalha no sector e no próprio destino de produção. Num passado não muito longínquo, a agricultura era uma tradição familiar, que além de ocupar a maior parte das famílias portuguesas, era constituída por um conhecimento advindo da prática, que passava de geração em geração, sob a forma de provérbios, conselhos, ou apenas certezas que, sendo do conhecimento geral, nunca haviam sido questionadas ou procuradas justificações. Todos esses provérbios constituem uma parte importantíssima da tradição oral portuguesa que, infelizmente, se tem vindo a perder. Com o abandono da atividade agrícola, tem-se desenvolvido uma atitude de quase desprezo perante estas pérolas da sabedoria anciã. No entanto, procedendo a uma análise destes provérbios, encontramos verdades cientificamente provadas, por detrás das palavras sagazes e retorcidas. É por isso essencial lançar um segundo olhar a estas frases que, além de constituírem inteligentes e úteis observações relativas à prática agrícola, são parte da nossa cultura. Maria dos Anjos Poeira

aprendizagem técnica, como aprendizes e depois ajudantes e companheiros do mestre, até se acharem capazes de lhe apresentar a exame a sua primeira obra, a “obra-prima”, na qual colocavam todo o seu saber. A aprovação do mestre dava-lhes direito a usarem igual título e de montarem oficina própria. Leonardo da Vinci, por exemplo, passou a aprendiz aos 17 anos, mas o seu trabalho revelou-se tão aprimorado que se tornou mestre aos 20. Rembrant, o nono filho de um moleiro abastado, mostrava tal inclinação para a pintura em criança que entrou imediatamente como aprendiz na oficina de um famoso pintor do seu tempo. No século XVI, quando a pintura e a escultura já detinham o estatuto de artes liberais e eram consideradas uma atividade intelectual, concluiu-se que a aprendizagem das técnicas não era suficiente e criaram-se as Academias, que recebiam sobretudo os filhos dos nobres e fidalgos, mas também os seus protegidos – como foi o caso do grande pintor senense Lucas Marrão, filho do caseiro do Visconde de Valongo, em cujo solar se encontra hoje instalada a Câmara Municipal de Seia. Segundo se conta, o visconde encontrou o jovem Lucas a esculpir um pedaço de madeira com uma navalha e ficou tão surpreendido com o seu talento que o mandou estudar artes para Lisboa com recomendação fidalga e despesas pagas. Lucas Marrão tornou-se um artista de mérito e dedicou-se igualmente à fotografia, uma novidade no seu tempo, chegando a realizar alguns trabalhos fotográficos para a Casa Real. A rua onde se encontra o Posto de Turismo de Seia, junto ao Mercado Municipal, tem o seu nome: Rua Pintor Lucas Marrão. O talento de Maria Helena Vieira da Silva, a artista portuguesa mais internacional, revelou-se precocemente graças às gravuras do jornal “O Século” (fundado pelo avô materno, Silva Graça) que em criança gostava de colorir e que cedo procurou imitar, desenvolvendo habilidade para o desenho. Foi também o avô quem fez publicar na “Illustração Portugueza”, em 1922, um desenho de Maria Helena com o seguinte comentário do jornalista e escritor António Ferro (anos depois, chefe da propaganda e responsável pela política cultural do Estado Novo): «Lena é uma artista de 13 anos que revela nos seus primeiros desenhos admiráveis qualidades de movimento e de ritmo. (…) Quem desenha assim, aos 13 anos, não deve deixar de trabalhar”. As novas tecnologias alargaram as fronteiras da Arte, originando novas linguagens artísticas e sobretudo outros talentos, que vão construindo e animando todos os dias este imenso mundo de imagens em que vivemos, arquitetando novos desafios e revelando novos prodígios. A jovem pintora Akiane Kramarik ou o Mozart do século XXI, Jay Greenberg, estão entre os mais novos aprendizes de Prometeu, oferecendo à humanidade o fogo divino da criação. São conhecidos em todo o mundo graças às redes sociais e parecem crianças felizes.

O renascer da agricultura A minha geração tem uma ideia préconcebida sobre a agricultura, e por vezes bastante negativa. Vemo-la coma a actividade que os nossos bisavôs e avós praticavam, que os iletrados e aqueles com menos capacidades exerciam. Até o termo “rural” tem conotação de algo desprezível e diminuto. Infelizmente digo a verdade. Digo que este sector que tanta riqueza amealhou para o país, para a população, que permitiu a sobrevivência de milhões e milhões, está “fora de moda”, ultrapassado. Digo que o facto de alguém se apresentar como “agricultor, não permite a mesma aceitação social do que alguém que se digne apresentar como “senhor doutor” ou como “senhor professor”. Infelizmente é o que se observa na sociedade actual. Aquilo de que nos esquecemos é que o homem vive do pão, vive do alimento, e este vem da terra, vem das mãos daqueles que todos os dias trabalham arduamente para que o mundo não morra à fome. Das mãos dos

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Sérgio Reis

agricultores. É bem conhecido que o sector primário tem vindo a perder importância para o PIB português e mundial, importância essa transferida para os sectores secundário e terciário, e, pessoalmente a isto se deve uma parte da crise económica e da sobrecarga do mercado de trabalho que enfrentamos diariamente. É necessário que se acabe o êxodo rural. Os jovens podem e devem voltar a apostar neste sector, podem e devem voltar aos campos, não pegando nos sachos e enxadas, mas sim optando por uma agricultura moderna e biológica, em que se tenha em conta os problemas ambientais e os problemas dos solos. A agricultura deve ser utilizada assim como meio para a prática de muitas outras actividades, como a pastorícia, o turismo, a indústria e muitos outros. Mas mais importante e necessário, é nunca, mas nunca nos esquecermos das nossas origens, principalmente na região onde vivemos e nos tempos que estamos a atravessar. Juliana Santos, nº8 11ºD


ENTREVISTA «Vivências» conversa com o ator / formador José Ramalho José Ramalho nasceu em 1962. Fez os estudos secundários na Escola Secundária da Amadora e realizou estudos superiores na Faculdade de Letras de Lisboa e na Universidade Nova de Lisboa. Atualmente é coordenador do Departamento Técnico do Centro Cultural e Congressos das Caldas da Rainha.

«A “arte do disfarce” é uma das ferramentas para consolidar as características psicofísicas das personagens.»

Lisboa a Pós-Graduação em “Práticas Culturais para Municípios”. J. V.: De que necessita um ator para assumir, em cena, diferentes papéis? A "arte do disfarce" é importante para conseguir esse objetivo? J. R.: Necessita de uma capacidade de estudo e identificação psicológica, física e emocional com as diferentes personagens e sua contextualização nas diversas cenas. A “arte do disfarce” entendida como prática de vestir, mascarar, maquilhar é uma das ferramentas para consolidar as características psico-físicas das personagens, mas sempre depois do estudo apurado, aturado e sólido das características dessas personagens, ou seja, a construção da personagem. J. V.: De que forma um ator consegue atrair o público?

Jornal Vivências: O que é para si ser ator? José Ramalho: Ser Ator é uma missão de vida. É ser um agente promotor da criatividade, numa profissão exigente que obriga a uma total disponibilidade física e emocional numa relação constante com o público. O Ator tem a obrigação de permanentemente desafiar o público a novos olhares, novas formas estéticas.

«Pessoas criativas são pessoas que se adaptam mais facilmente às solicitações do mercado de trabalho. Invistam na leitura para aquisição de conhecimento e na aprendizagem de línguas estrangeiras.»

J. V.: Por que decidiu escolher esta profissão? Que estudos realizou? J. R.: Mais do que decidir entrar na profissão, foi a profissão que decidiu convocar-me há 30 anos, quando tinha 20 anos de idade. Já fazia teatro amador desde os 17 anos, com um propósito de missão cultural, próprio do momento histórico de então. Na sequência desta vivência, contactei com uma companhia de teatro profissional especializada em teatro de marionetas que necessitava de mais um elemento e assim decidi aceitar este desafio que se tornou numa missão para a vida. À época fiz estudos artísticos não-formais em Portugal e em França - no Institut de la Jeunesse e na École Supérieure des Arts de la Marionnette – com vários artistas de Teatro e de Teatro de Marionetas, visando a formação em várias áreas práticas do universo do espectáculo – Corpo, Voz, Encenação, Marionetas, etc. Mais tarde fiz uma Especialização em “Estudos de Teatro” na Faculdade de Letras de Lisboa, onde também frequentei a licenciatura “Estudos Artísticos – Artes do Espectáculo” e na Universidade Nova de

J. R.: O ator consegue atrair o público, pela forma convincente e segura na interpretação de cada papel. Estabelecendo o foco com cada espetador e com todos ao mesmo tempo, gerando a energia que advém da concentração mútua no jogo ator-público.

na aprendizagem de línguas estrangeiras.

J. V.: Qual o papel da voz na representação? Como preservá-la/mantê-la?

J. V.: Na sociedade portuguesa atual sente reconhecida a sua atividade? Porquê?

J. R.: A voz assume um papel relevante para verbalizar os sentidos, as emoções, quer seja na elocução do texto poético do espetáculo, quer seja na produção de sons identificadores de cada momento da representação. A voz deve ser preservada com exercícios diários de trabalho vocal e com práticas de higiene vocal, evitando bebidas frias e quentes, o consumo de bebidas alcoólicas e de tabaco, espaços com poluição de poeiras e sonora.

J. R.: Não sinto o reconhecimento que gostaria de ver, mas nesta época de gritantes interrogações, as áreas do espírito são as que, numa sociedade como a portuguesa, não se consideram essenciais e até dispensáveis em face das inquietações mais terrenas.

J. V.: O equilíbrio entre o corpo e a mente são fundamentais para o bem estar. Que importância atribui à procura desse equilíbrio na vida quotidiana? J. R.: Atribuo uma importância vital pela permanente convocação das nossas competências físicas e psíquicas em qualquer ato quotidiano. Esse equilíbrio permite-nos agir de modo ágil, confiante, seguro e assertivo, fazendo jus à citação latina “mens sana in corpore sano”. O exercício de práticas físicas e psíquicas são uma constante na profissão de ator. É no equilíbrio do binómio corpo-mente que reside a essência do ato de representar.

«O Teatro pode influenciar uma sociedade como motor de reflexão, revelando pelas metáforas as inquietações, apresentado aos espectadores num retrato em espelho da sociedade.»

J. V.: Que segurança dá a um ator ser membro de uma companhia de teatro?

J. V.: Que conselhos daria às novas gerações em termos de futuro profissional? J. R.: No atual momento da sociedade contemporânea dar um conselho sobre o futuro profissional às novas gerações torna-se um desafio difícil, para quem todos os dias equaciona a sua profissão, sem a querer renunciar, mas sempre em constante reflexão sobre o papel da profissão de Ator na sociedade atual. Todavia, se conselho posso dar, é que invistam em profissões onde a criatividade seja o elemento preponderante. O futuro necessita de gerações mais capacitadas para encontrar respostas criativas para os desafios que se vão colocar em cada momento. Pessoas criativas são pessoas que se adaptam mais facilmente às solicitações do mercado de trabalho. Invistam na leitura para aquisição de conhecimento e

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J. R.: Por definição ser Ator em Portugal é uma profissão com um alto grau de insegurança. Como o financiamento às Artes tem vindo a ser cada vez mais escandalosamente bombardeado, ao arrepio das vozes de economistas e gestores da Europa Central, que alertam para o perigo dos cortes financeiros nas


ENTREVISTA áreas da Cultura, cuja consequência positiva é desprezível, mas com um impacto negativo superior, porque é nestes momentos que o investimento deve ser potenciado nas áreas do espírito, da criatividade, de modo a promover capacidades das respostas criativas para desafios criativos. Por estas razões ser membro de uma Companhia de Teatro nas atuais condições, é provavelmente, até mais inseguro do que trabalhar a “solo”.

Criação de adereços especiais para televisão. Formação nas áreas do Teatro e do Teatro de Marionetas. J. V.: Cultiva o gosto pela leitura. Que autores/escritores ou géneros literários prefere? Porquê? J. R.: O género literário que prefiro é a Poesia porque me permite construir imagens e contribuir para a criação dum mundo onírico, metafórico, potenciador de leituras sensoriais promotoras de ideias para novos projetos. Autores como Al-Mu’tamid, Mário Cesariny, Nunes da Rocha, Herberto Helder, Ruy Cinnati, Arthur Rimbaud, Rafael Alberti, Manoel de Barros, Carlos Drummond de Andrade, entre outros.

«O género literário que prefiro é a Poesia porque me permite construir imagens e contribuir para a criação dum mundo onírico, metafórico, potenciador de leituras sensoriais promotoras de ideias para novos projetos.»

J. V.: Que projetos tem para o seu futuro e que possibilidades vê de os concretizar? J. R.: Tenho vários projetos artísticos dos quais destaco pela sua viabilidade de concretização mais imediata, a criação de um espetáculo de Teatro de Sombras com duas versões, uma para Todo o Público com base em contos indianos, outra para Público Adulto.

J. V.: Em que medida o teatro poderá contribuir para influenciar a sociedade? J. R.: O Teatro é uma Arte de convergência das Artes que contribui para a potenciação da sensibilização de qualquer sociedade para o mundo sensorial. O Teatro pode influenciar uma sociedade como motor de reflexão, revelando pelas metáforas as inquietações, apresentado aos espetadores num retrato em espelho da sociedade. O Teatro é a vanguarda das Artes e tem a obrigação de propor à sociedade novos desafios estéticos, novos modos de observar, analisar e refletir os comportamentos da sociedade.

O ator acende a boca. Depois, os cabelos. Finge as suas caras nas poças interiores. O ator põe e tira a cabeça de búfalo. De veado. De rinoceronte. Põe flores nos cornos. Ninguém ama tão desalmadamente como o ator. O ator acende os pés e as mãos. Fala devagar. Parece que se difunde aos bocados. Bocado estrela. Bocado janela para fora. Outro bocado gruta para dentro. O ator toma as coisas para deitar fogo ao pequeno talento humano. O ator estala como sal queimado. O que rutila, o que arde destacadamente na noite, é o ator, com uma voz pura monotonamente batida pela solidão universal. O espantoso ator que tira e coloca e retira o adjetivo da coisa, a subtileza da forma, e precipita a verdade. De um lado extrai a maçã com sua divagação de maçã. Fabrica peixes mergulhados na própria labareda de peixes. Porque o ator está como a maçã. O ator é um peixe. Sorri assim o ator contra a face de Deus. Ornamenta Deus com simplicidades silvestres. O ator que subtrai Deus de Deus, e dá velocidade aos lugares aéreos. Porque o ator é uma astronave que atravessa a distância de Deus. Embrulha. Desvela. O ator diz uma palavra inaudível. Reduz a humidade e o calor da terra à confusão dessa palavra. Receita o livro. Amplifica o livro. O ator acende o livro. Levita pelos campos como a dura água do dia. O ator é tremendo. Ninguém ama tão rebarbativamente como o ator. Como a unidade do ator.

J. V.: Sabemos que não se tem apenas dedicado ao teatro. Que outras atividades tem desenvolvido ao longo do seu percurso profissional? J. R.: Tudo o que tenho feito ao longo do meu percurso profissional tem relação direta com o universo do Espetáculo. Ator e Apresentador em programas de televisão. Ator de Cinema. Gestor de projetos culturais em Portugal, Espanha e Brasil. O ator é um advérbio que ramificou de um substantivo. E o substantivo retorna e gira, e o ator é um adjetivo. É um nome que provém ultimamente do Nome. Nome que se murmura em si, e agita, e enlouquece. O ator é o grande Nome cheio de holofotes. O nome que cega. Que sangra. Que é o sangue. Assim o ator levanta o corpo, enche o corpo com melodia. Corpo que treme de melodia. Ninguém ama tão corporalmente como o ator. Como o corpo do ator. Porque o talento é transformação. O ator transforma a própria ação da transformação. Solidifica-se. Gaseifica-se. Complica-se. O ator cresce no seu ato. Faz crescer o ato. O ator atifica-se. É enorme o ator com sua ossada de base, com suas tantas janelas, as ruas o ator com a emotiva publicidade. Ninguém ama tão publicamente como o ator. Como o secreto ator. Em estado de graça. Em compacto estado de pureza. O ator ama em ação de estrela. Ação de mímica. O ator é um tenebroso recolhimento de onde brota a pantomima. O ator vê aparecer a manhã sobre a cama. Vê a cobra entre as pernas. O ator vê fulminantemente como é puro. Ninguém ama o teatro essencial como o ator. Como a essência do amor do ator. O teatro geral. O ator em estado geral de graça. Herberto Helder Ofício Cantante - Poesia Completa Assírio & Alvim, 2009

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J. V.: Portugal, para si, é sinónimo de... J. R.: ... de Reencontro das Civilizações do Conhecimento. País Atlântico do Império da Lusofonia. J. V.: Obrigado pela atenção e disponibilidade.

Não sei como dizer-te que a minha voz te procura e a atenção começa a florir, quando sucede a noite esplêndida e casta. Não sei o que dizer, especialmente quando os teus pulsos se enchem de um brilho precioso e tu estremeces como um pensamento chegado. Quando iniciado o campo, o centeio imaturo ondula tocado pelo pressentir de um tempo distante, e na terra crescida os homens entoam a vindima, – eu não sei como dizer-te que cem ideias, dentro de mim, te procuram. Quando as folhas da melancolia arrefecem com astros ao lado do espaço o coração é uma semente inventada em seu ascético escuro e em seu turbilhão de um dia, tu arrebatas os caminhos da minha solidão como se toda a minha casa ardesse pousada na noite. – E então não sei o que dizer junto à taça de pedra do teu tão jovem silêncio. Quando as crianças acordam nas luas espantadas que às vezes caem no meio do tempo, – não sei como dizer-te que a pureza, dentro de mim, te procura. Durante a primavera inteira aprendo os trevos, a água sobrenatural, o leve e abstrato correr do espaço – e penso que vou dizer algo cheio de razão, mas quando a sombra vai cair da curva sôfrega dos meus lábios, sinto que me falta um girassol, uma pedra, uma ave – qualquer coisa extraordinária. Porque não sei como dizer-te sem milagres que dentro de mim é o sol, o fruto, a criança, a água, o deus, o leite, a mãe, o amor, que te procuram. Herberto Helder Poesia Toda Assírio & Alvim, 1996


ATIVIDADES DAS BIBLIOTECAS ESCOLARES

Projeto “Ler+ com os mais velhos” À semelhança do ano letivo anterior, deu-se continuidade ao projeto "Ler+ com os mais velhos", na Casa de Repouso de Tourais e no Centro de Dia de Paranhos da Beira, com a participação dos alunos do 12º K do curso profissional de Técnico de Apoio Psicossocial, orientados pelo professor Victor Sousa e as docentes Manuela Silva e Lurdes Alcafache. Sendo este projeto dinamizado de forma tão dinâmica e interativa, a técnica do lar de Paranhos convidou o grupo de trabalho para uma sessão conjunta, a fim de planificarmos as atividades a desenvolver no ano letivo 2012-2013.

No dia 25 de outubro, no âmbito da temática do Hallowen, um grupo de alunos do 12º K, Susana Nogueira, Sara Almeida, Sara Varão e Rosa Ortigueira, dramatizaram a história "Desculpa... Por acaso és uma bruxa? da autoria de Emily Horn. Este livro conta-nos a história do Leonardo, um gato preto,

Correia do 12º K apresentaram a história "O Nabo Gigante", de António Mota. Este conta-nos a história de um velho que semeou sementes de nabo. As sementes germinaram, cresceram e, para espanto do velho, tinha na sua horta um nabo cada vez mais gigante. Um dia, resolveu arrancá-lo, mas... A história foi contada através de sombras chinesas, as quais foram observadas, em pormenor, individualmente, pelos elementos dos grupos. Esta iniciativa estimulou a participação dos idosos, tendonos alguns agraciado com um conto, "O menino e o

muito solitário, que passa o tempo todo na biblioteca. Certo dia, ao ler A Enciclopédia das Bruxas, descobre que elas adoram gatos pretos. Mas como poderá o Leonardo encontrar uma bruxa, se nunca na sua vida viu nenhuma? E todas as vezes que pergunta: «Desculpa... Por acaso és uma bruxa?», engana-se sempre! Por fim, o gato Leonardo desiste e regressa à biblioteca... sem desconfiar de que há uma grande surpresa à sua espera. Esta história foi apresentada nas duas instituições, com a utilização de diversos acessórios e adereços que contribuíram significativamente para o envolvimento e participação dos idosos, nomeadamente o reconto da história, provérbios, canções, tradições, rimas, superstições e vivências associadas ao tema da obra explorada. No dia 15 de novembro, os alunos Catarina Ramos, Roberto Santos, Liliana Gouveia e Inês

A Equipa da BE

descoberta. Para além disso, salienta-se o facto de se promover com os docentes titulares de grupo um trabalho colaborativo e de partilha, que terá continuidade nos períodos seguintes. Esta iniciativa visa a divulgação de algumas obras da literatura infantil e a articulação curricular, no sentido de

Atividades de leitura na Educação Pré-escolar A equipa da biblioteca escolar tem vindo a desenvolver atividades de leitura nos estabelecimentos de Educação Pré-escolar do Agrupamento.

Previamente, realizou-se a seleção de alguns livros que fossem de encontro às temáticas planificadas para o primeiro período: Um gato na

passarinho", a "Lenda de São Martinho", adivinhas e algumas canções. Foram duas tardes muito animadas, que proporcionaram momentos agradáveis e interativos entre os diversos elementos participantes.

árvore, de Pablo Albo e Leonardo, o monstro terrível, entre outros livros também apresentados nos momentos de leitura - hora do conto. As histórias foram preparadas através da utilização de imagens alusivas ao seu conteúdo, tendo envolvido vários elementos da equipa da biblioteca escolar, quer na elaboração dos materiais apresentados, quer na leitura das mesmas. Os recursos utilizados corresponderam às expetativas das crianças, promovendo a sua curiosidade e participação no reconto, no registo gráfico, na entoação de canções e nos jogos de

Sugestões de leitura

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contribuirmos e enriquecermos o desenvolvimento da ação pedagógica. A equipa da BE


ATIVIDADES DAS BIBLIOTECAS ESCOLARES Livros com sabores Livros com sabores é um projeto da Biblioteca Escolar (BE), a decorrer, no presente ano letivo, no edifício escolar de Tourais/Paranhos e desenvolvido em parceria com a turma E, do 9º ano do curso Serviço de Mesa. Este projeto (bem original) tem como objetivo fundamental entusiasmar e motivar à leitura, visando a interdisciplinaridade e a confluência de sabores. A avaliar pelo título, poderia pensar-se que mais não se tratava do que uma mera exposição de livros ligados à gastronomia. Poderia ser ou também pode ser. A exposição, de facto, mantém-se, na sala de professores e na biblioteca. Então, a partir das imagens sugestivas (dos livros selecionados) que apelam às sensações visuais e, sobretudo, gustativas, pretende-se fazer a ponte, via curiosidade, entusiasmo e “apetite”, a um percurso iniciativo, para alguns, de uma viagem maravilhosa através da leitura. Ocorre de positivo, que esta viagem não tem os inconvenientes habituais inerentes a ela. O que é bom. Ao ler “ cada um de nós produz, dirige a estrela, o filme, dentro da sua cabeça”. Depois de se entrar no mundo particular da leitura, nada volta a ser como dantes. O “apetite” aumenta e devora-se freneticamente aquelas letras que parecem dançar à frente dos nossos olhos, ao ritmo da nossa satisfação. ”Nada mais expande a nossa consciência do que um bom romance ou qualquer livro inteligente”. “O livro, passa, assim, a ser uma extensão da memória e da imaginação”. Passamos mesmo a acreditar que a leitura é uma forma de felicidade. Não buscamos todos “essa” felicidade? As autoras do projeto acreditam que as imagens das capas dos livros poderão estimular e promover o gosto pela dança das letras, que no salão do papel de um branco imaculado, (devidamente

organizadas e intencionadas) agrafam a nossa atenção e o nosso interesse para todo o sempre. O contacto inicial com um livro é unilateral eu e ele, apenas - que rapidamente passa a multilateral: personagens, intrigas, problemas, soluções… Criamos, então, as nossas fantasias. Criamos opções face aos nossos novos “amiguinhos”. Vivemos as suas histórias, os seus dramas, as suas angústias, os seus desejos, as suas maldades, as suas alegrias… Elas entrelaçam-se com o leitor. Prendem-no, e este, involuntariamente, cede a esta teia psicológica. E a vontade de conhecer o destino dos seus novos “companheiros” transporta o leitor para um mundo de sinestesias gostosas ou não, multifacetadas, que o remetem para um novo mundo de sabores literários. É então que o leitor, completamente rendido ao desenrolar silencioso da história, aos segredos das suas personagens, deixa de se sentir só e passa a ter como companhia o LIVRO, que leva para todo o lado. Verdadeiramente prático. ”O livro traz a vantagem de se estar só e ao

mesmo tempo acompanhado”. Acabaram-se os dias tristes, registados pela ausência do ser humano, “caminhais em direção à solidão? Eu não, tenho os livros”. É tão fácil, basta um gesto, abri-lo na página tal, que a orquestra inicia a sua atuação e tudo ganha vida na nossa imaginação, como se lá se estivesse a viver o momento. Fantástica esta sensação! Já experimentou? Se ainda não o fez está sempre a tempo de “saborear” um bom “prato”. Entre neste mundo da leitura e deixe-se guiar pelo s o n h o e p e l a imaginação.” O sonho comanda a vida/ e sempre que um homem sonha/ o mundo pula e avança”. O maior analfabeto é aquele que aprendeu a ler e não lê. Dá almas aos teus livros. Sacode-lhes o pó e põe-nos a mexer. “Há crimes piores que queimar livros. Um deles é não lê-los. Por isso lê, lê, lê… incansavelmente. Saborosas leituras Sugestão de leitura A Rapariga que Roubava livros, de Markus zusak. ”Um livro destinado a tornar-se um clássico” (USA todaY); “Absorvente, marcante”( Washington Post); “Uma obra de grande fôlego. Brilhante” (New York Times) LP

"Virada do avesso", "Palavra de mulher", Mafalda e a Biblioteca Bons garfos, más-línguas" e "Adopta-me". A Feira do Livro Uma vez que a escritora irá visitar todas as bibliotecas escolares do No ano letivo 2012/2013, as concelho de Seia, a professora Esta é a história de uma menina chamada Mafalda. A Mafalda tem 13 bibliotecas escolares, em colaboração bibliotecária realizou esta mesma anos e frequenta o sétimo ano, na Escola Básica Dr. Abranches Ferrão. É com os docentes, vão desenvolver, de simpática, alegre, divertida, brincalhona, atenta e está sempre de bom-humor. novo, o projeto "Leituras há muitas!". Este Contudo, não é uma aluna de mérito, porque tem um problema de ano foi selecionada, para desenvolver concentração. Bem, na verdade, ela detesta estudar, ler e escrever, por isso, este projeto, a obra da escritora Maria raramente faz os T.P.C e raramente frequenta a biblioteca da sua escola. João Lopo de Carvalho. O projeto abrange Entre os dias 3 e 7 de Dezembro, realizou-se neste local (na os alunos do 2º, 3º ciclos e 10º ano. biblioteca), a Feira do Livro, onde todos os alunos e os seus encarregados de Os objetivos deste projeto são: educação eram bem-vindos. A Mafalda foi a única aluna que não se atreveu a estimular a formação de leitores para a olhar para lá. vida; interpretar textos/discursos orais e Mas no dia 5 de Dezembro, a sua turma foi com o professor de escritos, reconhecendo as suas diferentes Matemática ver a grande variedade de livros que lá se encontravam. Mafalda finalidades e as situações de não queria ir, mas como era uma atividade da turma, não poderia ficar de fora. comunicação em que se produzem; Lá ia ela, aborrecida, na grande fila de alunos que caminhavam até à contribuir para o desenvolvimento das porta da biblioteca. No entanto, ao contrário do que a Mafalda pensava competências de leitura e de escrita nos daquela visita, ela acabou por adorar. Em todas as mesas, encontravam-se jovens, valorizando a literacia como meio imensos livros, para todas as pessoas de todas as idades. Mafalda ficou fundamental para potenciar o sucesso apresentação, nas escolas básicas Dr. impressionada e parece que com tudo isto passou a gostar mais de ler e e s c o l a r e p r o m o v e r a i n s e r ç ã o Guilherme Correia de Carvalho e Dr. Reis escrever. Quanto ao estudo, acho que continua indiferente. sociocultural global e elevar o nível de Leitão. A reação dos alunos à obra da aprendizagem dos educandos nas Fim escritora foi muito entusiasmante e diversas áreas do conhecimento. Matilde Rola Figueiredo Ao longo dos meses de outubro e esperamos que surjam trabalhos N.º 12, 6.º A novembro, a professora bibliotecária, interessantes para serem expostos nas Manuela Silva, visitou todas as turmas do bibliotecas escolares, aquando da vinda pelas "contadoras" da Biblioteca da escritora Maria João Lopo de Palavras Andarilhas Municipal da Covilhã. Os alunos do 1.º Carvalho. A sua visita está programada ciclo ouviram a história "Dr. Grilo, para os dias 13, 14 e 15 de março de A XII Estafeta Palavras médico d´el-rei" e dois poemas do livro 2013. Andarilhas (promovida pela Biblioteca A concretização deste tipo de Municipal de Beja) chegou à Escola "Poemas da Mentira e da Verdade" de Luísa Ducla Soares, por parte da projetos é muito importante porque não Básica Dr. Abranches Ferrão. equipa da "Biblioteca Municipal". O devemos esquecer que "a leitura é um testemunho foi recebido pela Mariana ato de abertura para o mundo. A cada Aires, técnica da Biblioteca Municipal mergulho nas camadas simbólicas dos de Seia, que deliciou os alunos com livros, emerge-se vendo o universo uma história. interior e exterior com mais claridade. Este «encontro de aprendizes Entra-se no território da palavra com do contar» é promovido desde 1999 tudo o que se é e se leu até então, e a pela Biblioteca Municipal de Beja, em volta se faz com novas dimensões, que parceria com o Instituto Português do levam a reinaugurar o que já se sabia Livro e da Biblioteca e Fundação antes" (Resende). 2º, 3º ciclos e 10º ano dos cursos de Calouste Gulbenkian. Boas leituras! prosseguimento de estudos, para A equipa da BE apresentar os diversos títulos da escritora, A equipa da BE nomeadamente os onze títulos da coleção As «palavras» dos contos e o "Os 7 irmãos", "A marquesa de Alorna", seu testemunho foram passados

Projeto «Leituras há muitas!»

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AGRUPAMENTO EM AÇÃO Projeto PES (Agrupamento de Escolas de Seia – Escola Básica de Tourais/Paranhos) Mais um ano letivo, mais um ano de PES, e cá estamos nós de "mangas arregaçadas" e com imensa vontade de trabalhar. Aqui em Tourais, o PES já está a "bombar". Já teve lugar o rastreio da visão, a comemoração do "Dia Mundial da Alimentação" e reabriu o Gabinete de Informação e Apoio ao Aluno.

averiguar as dificuldades ou as “queixas” apresentadas. Os alunos e professores envolvidos nesta atividade colaboraram com bastante interesse, tendo-se revelado uma atividade muito útil. COMEMORAÇÃO DO “DIA MUNDIAL DA ALIMENTAÇÃO”

RASTREIO DA VISÃO As atividades do Projeto PES da Escola Básica de Tourais/Paranhos, iniciaram-se com o “Rastreio da Visão”, que foi realizado em parceria com a HM CENTRO ÓPTICO de Seia. Nos dias 8, 10 e 11 de outubro de 2012, foram rastreados 253 alunos (Pré-Escolar, 1º, 2º e 3º Ciclos), onde 123

Entre os dias 15 e 19 de outubro de 2012, decorreram algumas atividades com o objetivo de assinalar o “Dia Mundial da Alimentação – 16/outubro”. Os alunos do Pré-Escolar e 1º Ciclo, elaboraram alguns trabalhos que foram afixados nas salas de aula, bem como na Escola Básica de Tourais/Paranhos. Os Enfermeiros da Unidade de Cuidados na

alguns dos trabalhos realizados. GABINETE DE INFORMAÇÃO E APOIO AO ALUNO

alunos foram encaminhados para realizar uma consulta detalhada. Para os casos mais urgentes, foi recomendada consulta dentro de 1 semana a 1 mês, e para a maioria dos casos recomendados, consultas de rotina/seguimento entre 6 a 12 meses, para

CABAZ DE NATAL – 9ºA A época natalícia é sempre altura de apelo à solidariedade, apesar desta maravilhosa palavra não constar no dia-a-dia de muitos de nós. Vamos pôr o nosso egoísmo de lado e começar a construir um mundo melhor para deixarmos aos nossos descendentes, um legado que lhes sirva de pilar fundamental a uma construção digna de um cidadão mais humano, mais solidário e menos egoísta e menos interesseiro. São estes os valores que a nossa escola defende e que diariamente tenta incutir aos nossos jovens. Mas não basta. A Escola precisa da ajuda de todos, para que os nossos jovens busquem a felicidade vivendo uma vida de seriedade e de princípios coerentes e honestos. No âmbito do Natal, e como é apanágio de quase Portugal inteiro, aparece a venda de cabazes natalícios que são representativos, ainda, de uma cultura popular e que, na maioria dos casos, visa angariar fundos para esta ou aquela causa. Assim, a turma A, do 9º ano, de Tourais - Paranhos, encetou uma série de atividades para o obtenção de fundos para fazer face às despesas na realização de uma Viagem de Estudo que terá lugar no final do ano letivo. Uma delas foi a venda de rifas que mereceram a

Comunidade (UCC) de Seia, realizaram várias sessões de Formação dirigidas aos alunos do PréEscolar e 1º Ciclo no âmbito do Programa de Educação Alimentar para a Comunidade Escolar (PEACE), sensibilizando os alunos para a necessidade de praticarem bons hábitos alimentares. As turmas A e B do 1º Ciclo, assinalaram o “Dia Mundial da Alimentação” com a “confeção de uma salada de frutas saudável” na cantina da escola Básica de Tourais/Paranhos”. A Biblioteca Escolar/Centro de Recursos, também assinalou esta data, com a dinamização de várias atividades com os alunos, tendo sido expostos

atenção da comunidade escolar e, por conseguinte, a adesão por parte de todos, foi enorme. Foram, então, realizados três cabazes natalícios (um de tamanho grande, um de tamanho médio e um de tamanho pequeno), fruto da generosidade e boa vontade dos nossos colaboradores, que se prontificaram a apoiar esta atividade, com a oferta de diferentes tipos de artigos que embelezaram e enriqueceram os cabazes. O sorteio teve lugar no dia 14 de dezembro, na presença do coordenador de estabelecimento, representante dos assistentes operacionais, delegados de turma do 3º ciclo, alunos do 9ºA e respetiva diretora de turma. Os felizes contemplados foram: 1º lugar - cabaz grande – António Figueiredo de, Vila Verde; 2º lugar –cabaz médio – Guilherme Bastos, de Tourais; 3º lugar – cabaz pequeno – Rogério, de Chaveiral. Professores, alunos e Coordenação de Estabelecimento, agradecem imenso a colaboração de todos o que tornaram esta atividade num movimento de interajuda desejando a todos votos de um Santo Natal e um próspero Ano Novo. Aos Supermercados “Produtos Frescos”, “Corso”, “José Luís Almeida Ferreira”, “Muito Menos” e “Intermarché”, o nosso bem hajam!

Mª Lucília Figueiredo

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No dia 23 de outubro, começou a funcionar o Gabinete de Informação e Apoio ao Aluno, a decorrer às 3ª feiras, das 13h.40min. às 14h.30min., tendo por objetivo sensibilizar e mobilizar os alunos para a adoção de estilos de vida saudáveis e prevenir a obesidade nas crianças e adolescentes; dar oportunidade aos alunos para o esclarecimento de dúvidas e transmitir conselhos úteis. O referido gabinete contará com a colaboração dos enfermeiros da Unidade de Cuidados na Comunidade de Seia (Efª Isabel Cruz e Enfº Duarte Marvanejo). A Professora Responsável pelo Projeto de Promoção e Educação para a Saúde de Tourais/Paranhos, Dulce Vicente

Workshop: saúde infantil 12ºK/ 1ºCEB EBAF No dia 19 de outubro, os alunos do 12ºano turma K, do curso profissional Técnico de Animação Psicossocial, dinamizaram, no âmbito da disciplina de Animação Sociocultural e dos módulos «Cuidados de saúde» e «Saúde comunitária», o workshop “saúde infantil”, na Escola Básica Dr. Abranches Ferrão. Foram abordados, por ano letivo, do 1º ao 4ºano de escolaridade, respetivamente, os temas: Higiene Oral, Alimentação saudável, Alimentação e higiene e Vacinação. Não esquecemos a unidade de multideficiência e os mais velhos foram trabalhar na animação das crianças da unidade. Conversamos, estimulamos e interagimos, utilizando jogos didáticos. Foi muito enriquecedor! As crianças do 1ºCEB participaram ativa e entusiasticamente, nas atividades propostas. Assim, foi dinamizado, pelos alunos do 12ºK, um teatro de fantoches de sensibilização, para o 1ºano; jogos didácticos, para o 2º ano; sessão de sensibilização e jogos de aplicação, para o 3ºano e finalmente, para o 4ºano, foi explicada a importância da vacinação e do Plano Nacional de Vacinação e realizados passatempos alusivos. Foi um trabalho de cooperação e articulação entre vários professores e de interação muito positiva, entre alunos com faixas etárias distintas e diferentes níveis de escolaridade. Uma experiência, no nosso entender, muito interessante e enriquecedora! Aprendemos muito, na pesquisa, preparação e organização do workshop, mas aprendemos mais ainda com as crianças dos diferentes níveis etários, quando em conjunto, efetuamos as atividades. Obrigado à Escola Dr. Abranches Ferrão, a todos os professores envolvidos e aos nossos Amiguinhos por nos receberem tão carinhosamente! Os alunos do 12ºK


AGRUPAMENTO EM AÇÃO Secundária de Seia ergue-se a favor dos Objetivos do Milénio A OPINIÃO DOS ALUNOS Todo o mundo está em dificuldades e isso é observável. Somos todos os dias bombardeados com notícias lastimáveis acerca da crise ou da austeridade em todos os meios de comunicação social. Mas muito pior do que nós, estão milhões e milhões de pessoas que morrem de fome todos os dias ou que vivem esse dia com menos de 1 €. A pensar nestas pessoas, o grupo de Educação Moral Religiosa Católica da Escola Secundária de Seia juntou-se pelo quarto ano consecutivo e organizou o “Levanta-te e Atua – Dá Like aos Objetivos do Milénio” continuando assim a sua cruzada. Este movimento realizou-se a 17 de Outubro de 2012, no pavilhão Polivalente da Escola. Mais do que uma reunião para sensibilização, foi um gesto simbólico que contou com a presença de múltiplas instituições senenses e conseguiu ultrapassar os 573 participantes do ano anterior, contando assim com 598. Num pavilhão decorado com balões e cartazes elaborados pelos alunos de EMRC, os participantes, sentados no chão, ergueram-se e ergueram o seu ‘like’ mostrando o seu apoio aos objetivos do milénio, ao mesmo tempo que eram entoadas palavras e canções de intervenção. Pessoalmente achei que foi e é sempre um acontecimento muito marcante, pois desperta os sentimentos mais primários do ser humano, pois ninguém fica indiferente quando confrontado com estas situações. Além disso, deixa também espaço para a reflexão e para a perceção de que nós somos a geração de mudança, e que, se quisermos, temos o poder nas nossas mãos para com ele eliminarmos as discrepâncias existentes no mundo deixando nele

O grupo disciplinar 290 do Agrupamento de Escolas de Seia informa toda a comunidade que operacionalizou, em colaboração estreita com os alunos matriculados em EMRC, o evento «Levantate e Atua contra a pobreza extrema e a fome e coloca um “Like” nos Objetivos do Milénio», realizado no dia

Magusto Escolar No dia 9 de novembro, decorreu nos JI(s) do Agrupamento a comemoração do S. Martinho. Esta iniciativa desenvolveu-se em articulação com o 1º

CEB nas localidades onde permanecem os respetivos estabelecimentos educativos. Neste âmbito salientam-se os JI(s) de Carvalhal da Louça, Tourais e Vila Verde que se deslocaram à EB de

marcas muito relevantes. Queremos ser a mudança que desejamos ver no nosso planeta. Juliana Santos 11ºD

Há uma distância terna na relação similar de sermos uns para os outros. E sermos no raio concreto de transparência, de estarmos equiparados. Somos uns para os outros e neste embalo não há força maior do que esta, de sermos de forma concreta, equivalente em pessoa. A superioridade não é só minha e vossa, é nossa e de todos os que estão connosco. Há quem diga que a nossa vida é feita de salas e que as pessoas que estão connosco nessas salas fazem parte da nossa vida. O movimento “Levanta-te e Atua” é a prova disso. Pude concluir, em tom arrepiante, que essa

17/10/2012, na Escola Secundária de Seia, no horário 10:15 – 10:40. É de sublinhar que este movimento cívico reuniu centenas de pessoas da comunidade educativa à volta dos Objetivos do Milénio, que com grande motivação e envolvimento, sublinharam a importância destes para o mundo atual. Em 2011, aqui na Secundária de Seia, aderiram 573 participantes; este ano, das mais de 650 pessoas que sobrelotaram o Polivalente, 598 participantes deixaram o seu LIKE/Gosto na caixa dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio. É de relevar ainda que das 17 instituições da comunidade convidadas, estiveram presentes 14, nomeadamente: Câmara Municipal de Seia,3 Escolas do Agrupamento, Escuteiros de Seia, Bombeiros de Seia, Rancho de Seia, Casa Santa Isabel – São Romão, Jornal Porta da Estrela, Centro Paroquial de Seia, Paróquia de Seia, Escola Profissional Serra da Estrela, Academia Sénior de

sala estará sempre cheia, mesmo que o não queira. Repleta de vontade e energia, absorta de futilidades, essa sala encheu-se de iniciativa e de revolta perante o que acontece no Mundo, perante a desgraça que acontece todos os dias, no outro lado do pacífico, que de pacífico nada tem… Foi um tanto ou quanto surpreendente sentir, para além de mim e da minha intenção, a facilidade com que todos se aliavam a um movimento comum – o de valorizar e respeitar o ser humano e os seus direitos. Nessa sala, a história foi feita… Unidos, num ciclo vicioso de solidariedade, podemo-nos dar conta da nossa importância, do nosso papel na sociedade, que, muitas vezes, é posto em segundo plano em prol do que achamos ser essencial. Ao pensarmos no que acontece todos os dias, acabamos por perceber que, no fundo, há mais para além das nossas vidas, das nossas intenções e dos nossos objetivos. Ainda que, no dia-a-dia, a frequência com que nos lembremos disso seja, infelizmente, reduzida, temos noção do que acontece e, assim que pensamos nisso, revoltamo-nos contra o sistema e levantamo-nos com o sofrimento de todos. O facto é que isso aconteceu e, pelo menos, posso dizer que a humanidade não está assim tão perdida quanto eu pensava … Sem técnica alguma, sabemo-lo - Somos partes do mesmo Mundo e ninguém deve querer ou achar o contrário. Estamos juntos, sempre. Assim… cada vez que a porta se abrir e a sala ficar cheia, levantem-se uma vez mais e lutem pelo que somos, caso contrário ninguém lutará… Marta Gouveia, 12ºC

Seia, Capelania e Liga de Amigos do Hospital de Seia, Santa Casa Misericórdia de Seia, Associação de Pais e Encarregados de Educação do Agrupamento de Escolas de Seia. O Subcoordenador de Área Disciplinar de EMRC António José Lopes Ferreira

Tourais Paranhos a fim de participarem com as turmas do 1º CEB na realização de um magusto tradicional e num lanche convívio. Ainda neste dia o

CERVAS (Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens) promoveu duas sessões de "educação ambiental" durante as quais foram apresentadas as diferentes aves de rapina existentes em Portugal e as suas principais caraterísticas. Integrado nesta atividade, foi devolvido à Natureza um gavião (Accipiter nisus)

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perante a comunidade educativa que aplaudiu este ato com entusiasmo e emoção. Coordenadora da EPE Lurdes Alcafache


AGRUPAMENTO EM AÇÃO Devolução à Natureza de um gavião em Tourais, Seia No dia 9 de Novembro de 2012 às 10:30h foi devolvido à Natureza um gavião (Accipiter nisus) em Tourais, Seia. Esta acção decorreu na Escola Básica de Tourais-Paranhos, local onde a ave tinha sido encontrada ferida após colisão contra uma janela. Antes da libertação foram realizadas duas sessões de educação ambiental, com as crianças, durante as quais foi possível apresentar as diferentes espécies de aves de rapina existentes em Portugal e as suas principais características. O gavião juvenil tinha sido encontrado por um funcionário da escola, que o entregou ao CISE, que por sua vez o encaminhou para o CERVAS, através de

uma equipa da GNR. No momento do ingresso no CERVAS a ave apresentava descoordenação motora, incapacidade de se manter em pé e problemas numa das asas. Durante o curto p r o c e s s o d e recuperação, de menos de um mês, esta esteve em contacto com outro gavião, durante a fase de treino e musculação. A devolução à Natureza decorreu no interior da área da escola, num local próximo daquele onde tinha sido encontrada ferida e junto a uma área florestal. O CERVAS agradece a disponibilidade e interesse da escola EB2,3 de Tourais - Paranhos e está disponível para futuras acções de colaboração.

Devolução à Natureza de um mocho-galego em Santiago, Seia No dia 2 de Novembro de 2012 às 17h foi devolvido à Natureza um mocho-galego (Athene noctua) em Santiago, Seia. A ação foi realizada em parceria com o Jardim de Infância de Santiago, local onde decorreu previamente uma pequena oficina sobre aves de rapina noturnas. Nesta sessão os alunos e professores tiveram oportunidade de assistir a uma palestra e contactaram com diversos tipos de materiais biológicos e pedagógicos que permitiram uma introdução teóricoprática antes da libertação da ave. De seguida, procedeuse à devolução do mocho à Natureza, num local próximo de onde tinha sido encontrado cerca de 4 meses antes, após ter caído do ninho num telhado de uma habitação.

Corta Mato em Tourais/Paranhos Dia 21 de novembro, quarta feira, dia de Corta Mato em Tourais Paranhos. Não é um dia qualquer. É um dia muito especial para os alunos. Num total de 82 inscrições, todos aguardam o seu momento.

Ladeados pela natureza envolvente, com raios de sol resplandecentes, como que aquecerem a alma de cada um e sob o apito da professora Dulce e do Professor Pedro, os mais novos começam a pôrse em sentido, pois serão os primeiros a arrancar. Rapazes e raparigas mostram que, nesse dia, podem fazer do momento, não só um evento desportivo, mas de grande camaradagem e de são convívio. Os preparativos deixam alguns mais nervosos, pois é nesta atividade que podem mostrar a sua superioridade, pela forma física que apresentam. E como ninguém gosta de perder “nem a feijões”, há que apertar bem a sapatinha e colocarse ao lado do seu ”adversário”, porque se ele pensa que leva a melhor está muito enganado. Uns diferentes na indumentária, mas iguais na vontade de

No momento do ingresso no CERVAS esta ave juvenil apresentava uma fratura numa das pernas, como consequência da queda, e o processo de recuperação consistiu em imobilização e repouso, seguido de fisioterapia e treino de voo e caça, em contacto com outros mochos-galegos. O CERVAS agradece a disponibilidade, participação e interesse do Jardim de Infância de Santiago e está disponível para futuras ações.

vencer e, sobretudo de participar, provocam um ambiente agradável a todos os presentes. Gente animada, esta de Tourais /Paranhos! Finalmente tudo pronto. Alunos, professores, funcionários e Encarregados de Educação fomentam um ambiente festivo e de incentivo para os participantes. A parte mais esperada pelos alunos é assistirem à participação dos seus professores. Assim, vão apoiando ora este ora aquele, puxando por um, puxando por outro e instala-se um ambiente, extra aula, de verdadeira amizade. Todos são aplaudidos e incentivados a continuarem. Bonito de se ver. Mesmo aquele que vai atrasado, que vai com dificuldade, é merecedor de uma boa dose de incentivo e aplausos que lhe levanta o ânimo e o leva até à meta. Muito cansaço, muito suor, mas no final um sorriso de vitória por ter ficado em determinado lugar da classificação geral ou …simplesmente, por

ter chegado ao fim. Bravo para todos eles, que depois de um bom banho e de um pequeno retempero ao estômago, estão prontos para assistirem à cerimónia da entrega dos “óscares”, desculpem, das medalhas, coroas de louro (1º, 2º e 3º lugares) e de oliveira (4º, 5º e 6º lugares). Para alguns, certamente estas terão o

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valor desse prémio tão cobiçado. Sobretudo para aqueles que estão habituados a não ganharem nada, nunca, isto é um alento nas suas vidas, tanto mais que alguns ainda gozaram da presença dos seus familiares que, em conjunto com a comunidade escolar, vieram ajudar à festa. É então que o Pavilhão Gimnodesportivo da escola se enche de música, alegria, boa disposição e muitos sorrisos. Cada um espera pela chamada do seu nome e o horizonte é aquele lugar no pódio. Não é o lugar de sicrano, nem de beltrano, é o seu. Conquistado por si. Fruto do seu esforço. Momento de clara festa que esta atividade nos fez experienciar. Momentos de partilha que deixarão marcas em todos nós, pois estes momentos de descontração levam a um melhor conhecimento de si e do outro, em contexto extra aula, o que muitas vezes contribui para uma melhor análise e posterior reflexão de determinadas situações do dia a dia na escola. Estão todos de parabéns, organização, coordenação, professores, funcionários e alunos. A FESTA foi NOSSA. Lucília Figueiredo


Conto

As luzes de Natal Antes de o meu pai morrer, o Natal era uma época mágica nos longos e escuros invernos de Bathrurst, em New Brunswick. Os dias frios e tempestuosos começavam cedo, logo no fim de setembro. A dada altura, acendiam-se as luzes de Natal e a expectativa crescia. Por alturas da véspera de Natal, o vulgar pinheiro que o meu pai arrastara até nossa casa dez dias antes adquiria uma vida própria, plena de magia e de luz. O seu brilho era de tal forma maravilhoso que conseguia, sozinho, afastar toda a escuridão do inverno. Na véspera de Natal, pouco antes da meia noite, agasalhávamo-nos bem e íamos à missa do galo. A beleza do som do coro causavame arrepios e, quando a minha irmã mais velha, que era solista, cantava Noite Feliz, a minha face corava de orgulho. No dia de Natal, de manhã, eu era o primeiro a levantar. Saía da cama atabalhoadamente e descia em direção ao brilho intenso da sala de estar. Embora tentasse manter-me direito, os olhos cheios de sono faziam-me cambalear. Quando entrava na sala, via-me diante do esplendor do Natal. Os meus olhos toldados e cheios de sono criavam uma auréola à volta de cada luz, amplificando-a e aquecendoa. Após uns breves instantes, esfregava os olhos e via uma infinidade de fitas e laços e um amontoado de presentes coloridos. Nunca me esquecerei da sensação do primeiro vislumbre dessa manhã. Após alguns minutos a sós com a magia do Natal, ia buscar os meus irmãos e juntos acordávamos os nossos pais. Certa noite de novembro, quando faltava um mês para o Natal, eu estava sentado à mesa da sala de jantar a jogar o Solitário. A minha mãe estava ocupada na cozinha, mas, de vez em quando, aproximava-se da sala de estar para ouvir o seu programa de rádio preferido. Embora estivesse escuro e frio lá fora, o interior da casa estava agradável. O meu pai tinhame prometido que à noite jogaríamos as cartas, mas já estava quase na hora de ir para a cama e ele ainda não tinha chegado. Quando o ouvi entrar pela porta da cozinha, levantei-me de um salto e fui ao seu encontro. Embora lançasse um olhar preocupado à minha mãe, o que achei estranho, abraçou-me quando corri para os seus braços. Adorava abraçar o meu pai numa noite de inverno. O casaco grosso e frio comprimia-se contra a minha cara e o cheiro do gelo misturava-se com o cheiro da lã. Só que desta vez foi diferente. Depois dos segundos iniciais do abraço habitual, o seu corpo começou a ficar hirto. Fiquei um pouco assustado

com esta reação anormal e senti-me aliviado quando a minha mãe me arrancou dos braços dele. Naquela altura, não compreendi que o meu pai acabava de sofrer um enfarte. Pediram-me para descer para o quarto de jogos e para brincar com os meus irmãos. Do fundo da escada, vi chegar o médico e o padre. Mais tarde, vi os enfermeiros entrar e depois vi-os sair, transportando uma maca coberta com uma manta vermelha. Não chorei na noite da morte do meu pai, nem no dia do funeral. Não que reprimisse as lágrimas. Simplesmente, não tinha lágrimas para chorar. Na manhã do dia de Natal, como habitualmente, fui o primeiro a levantar-me. Mas este ano era diferente. A manhã já despontava no céu. Mais acordado do que de costume, desci para a sala

de estar. Só me apercebi de que havia algo de estranho quando entrei na sala. Em vez de ficar ofuscado com as luzes brilhantes, conseguia ver tudo com nitidez naquela sala sombria. Conseguia ver o pinheiro, os presentes e até, através da janela, um pouco do exterior. O meu pai já não estava presente para assegurar que as luzes do pinheiro tinham ficado acesas. Quebrara-se a magia do Natal da minha infância. Entretanto, os anos passaram. Durante a minha juventude, voluntariei-me sempre para trabalhar no Natal. O dia de Natal não era bom, nem era mau. Era mais um dia cinzento de inverno, com a vantagem de receber algum dinheiro extra pelo facto de trabalhar. Depois apaixonei-me e casei-me. O primeiro Natal do nosso filho foi o melhor que eu tinha tido em vinte anos. À medida que ele foi crescendo, o Natal foi

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melhorando. Quando a nossa filha nasceu, já recuperáramos algumas tradições familiares e o Natal tornou-se, de novo, uma época maravilhosa. Era divertido esperar pelo Natal, ver a excitação das crianças e, acima de tudo, passar o dia de Natal com a minha família. Na véspera de Natal, continuei a tradição iniciada pelo meu pai e deixava as luzes do pinheiro ligadas naquela noite para que, de manhã, as crianças pudessem viver aquela experiência maravilhosa. Numa noite de Natal, tinha o meu filho nove anos, a mesma idade que eu tinha quando o meu pai faleceu, enquanto via a missa do galo na televisão, adormeci no sofá. O coro cantava lindamente e a última coisa de que me lembro foi de desejar ouvir outra vez a minha irmã a entoar Noite Feliz. Acordei de manhã cedo com o barulho que o meu filho fazia enquanto descia para a sala de jantar. Vi-o parar e olhar o pinheiro, boquiaberto. Então, lembrei-me da minha infância e soube que o meu pai me tinha amado da mesma forma que eu amava o meu filho. Soube que ele tinha sentido por mim uma mistura de orgulho, de alegria e de amor ilimitado. E, naquele instante, soube como me tinha zangado com o meu pai por ele ter morrido e quanto amor tinha escondido durante toda a minha vida por causa desse sentimento de raiva. Senti-me um rapazinho, cujas lágrimas estavam prestes a brotar, e não havia palavras para exprimir a imensa pena e a alegria irresistível que experimentava em simultâneo. Esfreguei os olhos com as costas da mão para ver melhor. Com os olhos húmidos e a visão toldada, olhei para o meu filho que estava diante do pinheiro. Meu Deus, que pinheiro magnífico! Era o pinheiro da minha infância. Através das lágrimas, as luzes do pinheiro irradiavam um brilho quente e cintilante. Os amarelos, verdes, vermelhos e azuis, tremeluzentes e suaves, envolveram-nos. Tinham-me sido roubados pela morte do meu pai. Mas, ao amar o meu filho tanto quanto o meu pai me amara, pude ver, uma vez mais, as luzes de Natal. E, a partir desse dia, recuperei toda a magia e alegria do Natal.

Michael Hogan, 2010


POESIA Carta para meu filho

A noite de Natal

Meu querido filho, Virá o dia em que não serei a mesma, Serei, talvez, só a tua velha mãe. Compreende-me, não me reproves, Apoia-me, comigo paciência tem. Se, quando conversar, for repetitiva E já souberes como a prosa vai terminar, Ouve-me. Quando eras pequenino, Tantas vezes a mesma história tive de contar. Se espalhar migalhas sobre a mesa, Se o casaco não conseguir apertar, Lembra-te dos minutos que passei, Para as mesmas coisas te ensinar.

Em a noite de Natal Alegram-se os pequenitos; Pois sabem que o bom Jesus Costuma dar-lhes bonitos.

Tudo principiava pela cúmplice neblina que vinha perfumada de lenha e tangerinas

Vão se deitar os lindinhos Mas nem dormem de contentes E somente às dez horas Adormecem inocentes.

Só depois se rasgava a primeira cortina E dispersa e dourada no palco das vitrinas

Perguntam logo à criada Quando acordam de manhã Se Jesus lhes não deu nada.

a festa começava entre odor a resina e gosto a noz-moscada e vozes femininas

– Deu-lhes sim, muitos bonitos. – Queremo-nos já levantar Respondem os pequenitos.

Nunca me reproves, nem me chames a atenção, Se à noite não me quiser deitar. Recorda-te que, para ires para a cama, Tantos beijos tinha de te dar.

Mário de Sá-Carneiro

A cidade ficava sob a luz vespertina pelas montras cercada de paisagens alpinas David Mourão-Ferreira

Quando me vires ineficaz, inculta, Das TIC que não consiga entender, Lembra-te que te ensinei muitas coisas Valores, integridade, vestir, comer…

Natal Acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia. Era gente a correr pela música acima. Uma onda uma festa. Palavras a saltar.

Quando minhas pernas, já cansadas, Não tiverem grande força para andar, Enlaça-me em teu braço, tua mão, Como eu fiz, para começares a caminhar.

Mas, por acaso ou milagre, aconteceu Que, num burrinho pela areia fora, Fugiu Daquelas mãos de sangue um pequenito Que o vivo sol da vida acarinhou; E bastou Esse palmo de sonho Para encher este mundo de alegria; Para crescer, ser Deus; E meter no inferno o tal das tranças, Só porque ele não gostava de crianças.

Na tua boca. No teu rosto. No teu corpo acontecia. No teu ritmo nos teus ritos. No teu sono nos teus gestos. (Liturgia liturgia). Nos teus gritos. Nos teus olhos quase aflitos. E nos silêncios infinitos. Na tua noite e no teu dia. No teu sol acontecia. Era um sopro. Era um salmo. (Nostalgia nostalgia). Todo o tempo num só tempo: andamento de poesia. Era um susto. Ou sobressalto. E acontecia. Na cidade lavada pela chuva. Em cada curva acontecia. E em cada acaso. Como um pouco de água turva na cidade agitada pelo vento. Natal Natal (diziam). E acontecia. Como se fosse na palavra a rosa brava acontecia. E era Dezembro que floria. Era um vulcão. E no teu corpo a flor e a lava. E era na lava a rosa e a palavra. Todo o tempo num só tempo: nascimento de poesia.

Maria Alberta Menéres

E, na verdade, assim acontecia. Porque um dia, O malvado, Só por ter o poder de quem é rei Por não ter coração, Sem mais nem menos, Mandou matar quantos eram pequenos Nas cidades e aldeias da nação.

Miguel Torga

Fernanda Maria Duarte Maio 2012

Devagarinho poisa no ninho que o colo tem: ninho do colo da sua mãe.

Era uma vez, lá na Judeia, um rei. Feio bicho, de resto: Uma cara de burro sem cabresto E duas grandes tranças. A gente olhava, reparava e via Que naquela figura não havia Olhos de quem gosta de crianças.

Eram carpas ou mãos. Um soluço uma rima. Guitarras guitarras. Ou talvez mar. E acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.

Compreende-me e apoia-me. No teu início assim fiz eu. Com o desvelo que abri teu caminho, Por favor, ajuda-me a terminar o meu.

Este Menino é pequenino, qual passarinho a querer poisar devagarinho.

História Antiga

Prelúdio de Natal

Manuel Alegre

Natal divino ao rés-do-chão humano, Sem um anjo a cantar a cada ouvido. Encolhido À lareira, Ao que pergunto Respondo Com as achas que vou pondo Na fogueira. O mito apenas velado Como um cadáver Familiar… E neve, neve, a caiar De triste melancolia Os caminhos onde um dia Vi os Magos galopar… Miguel Torga

A palavra mais bela

Dia de Natal

Fui ver ao dicionário de sinónimos A palavra mais bela sem igual Perfeita como a nave dos Jerónimos... E o dicionário disse-me NATAL. Perguntei aos poetas que releio: Gabriela, Régio, Goethe, Poe, Quental, Lorca, Olegário... e a resposta veio: Christmas... Noel... Natividad...Natal... Interroguei o firmamento todo! Cobras, formigas, pássaros, chacal! O aço em chispa, o «pipe-line», o lodo! E a voz das coisas respondeu NATAL. Cânticos, sinos, lágrimas e versos: Um N, um A, um T, um A, um L... Perguntei a mim próprio e fiquei mudo... Qual a mais bela das palavras, qual? Para que perguntar se tudo, tudo, Diz Natal, diz Natal, e diz Natal?! Adolfo Simões Muller

Hoje é dia de Natal Mas o Menino Jesus Nem sequer tem uma cama, Dorme na palha onde o pus.

Chove. É dia de Natal. Lá para o Norte é melhor: Há a neve que faz mal, E o frio que ainda é pior.

Natal

E toda a gente é contente Porque é dia de o ficar. Chove no Natal presente. Antes isso que nevar. Pois apesar de ser esse O Natal da convenção, Quando o corpo me arrefece Tenho o frio e Natal não. Deixo sentir a quem quadra E o Natal a quem o fez, Pois se escrevo ainda outra quadra Fico gelado dos pés.

Natal...Na província neva. Nos lares aconchegados, Um sentimento conserva Os sentimentos passados. Coração oposto ao mundo, Como a família é verdade! Meu pensamento é profundo, Estou só e sonho saudade. E como é branca de graça A paisagem que não sei, Vista de trás da vidraça Do lar que nunca terei! Fernando Pessoa

Fernando Pessoa

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Recebi cinco brinquedos Mais um casaco comprido. Pobre Menino Jesus, Faz anos e está despido. Comi bacalhau e bolos, Peru, pinhões e pudim. Só ele não comeu nada Do que me deram a mim. Os reis de longe lhe trazem Tesouro, incenso e mirra. Se me dessem tais presentes, Eu cá fazia uma birra. Às escondidas de todos Vou pegar-lhe pela mão E sentá-lo no meu colo Para ver televisão. Luísa Ducla Soares


PASSATEMPOS

RIR... É BOM Um indivíduo estaciona o carro em frente a uma casa quando aparece um polícia que lhe diz que não pode parar ali. «Mas porquê?», pergunta o condutor. «Porque é a casa do ministro das Finanças», esclarece o polícia. «Ah!, não faz mal», dispara o condutor. «O carro tem alarme».

A minha avó contou-me como é que acabou por casar com o avô. Quando ela tinha 20 anos, o seu noivo partiu para a guerra. «Nós escrevíamo-nos todas as semanas», disse ela. «Foi aí que me apercebi de que o teu avô era um homem maravilhoso.» «Casaram quando ele voltou da guerra?», perguntei. «Na verdade, eu não casei com o homem das cartas. O teu avô era o carteiro».

CULINÁRIA: SUGESTÃO: Pudim de Natal Ingredientes:

Um amigo, ao passar pela porta do outro, constata que está muita gente à porta dele e pergunta: - Ó Zé, o que se passa aqui? - Foi o meu burro que matou a minha sogra só com um coice... - Mas esta gente toda conhecia a tua sogra? - Não, mas querem todos comprar-me o burro!

Um homem telefona para a mulher para lhe dizer que os dois filhos querem ir ao jardim zoológico e a seguir ao cinema. «Acho que isso fica muito caro», disse ela. «Ou um ou outro», argumentou. «Ok», disse o marido. «Qual preferes?», perguntou ela. «Acho que o mais novo», disparou o marido. Um navio de cruzeiro passa junto a uma ilha deserta. Os passageiros ficam a olhar para um homem barbudo que gesticula e grita na praia. «Quem é aquele?», pergunta um dos passageiros. «Não fazemos ideia», responde o comandante. «Mas todos os anos quando passamos aqui ele fica assim maluco.»

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• 1 lata de leite condensado; • 2 vezes a mesma medida de leite; • 3 ovos; • 1 colher de chá de essência de baunilha; • 1 maçã grande sem casca cortada em fatias finas; • Canela e açúcar para polvilhar; • 2 pãezinhos cortados em fatias finas; • 150 gr de ameixas pretas secas picadas; • 100 gr de passas; • 100 gr de nozes picadas; • Pedaços de manteiga Preparação: Bata o leite condensado, o leite, os ovos e a essência de baunilha. Unte uma forma grande com manteiga e polvilhe com açúcar. Forre o fundo da forma com parte das fatias da maçã e polvilhe com canela e açúcar. Aos poucos, embeba as fatias de pão na mistura do leite condensado e coloque-as sobre as maçãs. Distribua parte das ameixas, das passas e das nozes e repita as camadas até que a maçã se acabe. Cubra tudo com a mistura de leite condensado restante, espalhe pedaços de manteiga e leve ao forno médio durante 40 minutos. Sirva quente.


EM DESTAQUE FEIRA DO LIVRO À semelhança do ano letivo anterior, as Bibliotecas Escolares do agrupamento promoveram no mês de dezembro a iniciativa “Feira do Livro”. A referida ação decorreu na EB Dr. Abranches Ferrão e na Escola Secundária de Seia de 3 a 7 de dezembro de 2012 e na EB de Tourais/Paranhos de 10 a 14 de dezembro de 2012. A proposta do programa integrou atividades de animação, diversas, que foram dinamizadas por elementos da Biblioteca, pelos alunos do 12.ºk, pelo grupo de teatro da Ludoteca. Deste modo, a leitura de histórias, as pinturas faciais, a realização de jogos, a construção de figuras com balões, a visita à Feira do Livro, a peça de teatro "Bruxas e bruxarias", foram atividades que envolveram com interesse e curiosidade todos os participantes. Assim, no período da tarde do dia 5 de dezembro, os alunos do 1.º Ciclo da EB de Santiago, em conjunto com os alunos da EB Dr.

Abranches Ferrão, participaram nas atividades da “Feira do Livro”. O período da manhã do dia 6 de dezembro destinou-se aos JI(s) afetos à EB Dr. Abranches Ferrão (JI S. Martinho, Travancinha, Eirô e Sabugueiro) e ao 1.º CEB de Sabugueiro. A manhã do dia 7 de dezembro, foi para os JI(s) de Santiago, Santa Marinha, Pinhanços, Santa Comba e alunos do 1.º Ciclo de Sta. Marinha. O dia 13 de dezembro, no período da manhã, destinou-se aos JI(s) da área de abrangência da EB Tourais/Paranhos e turmas do 1.º CEB, da EB de Tourais/Paranhos. No período da tarde a visita à Feira do Livro dirigiu-se às turmas do 1.º CEB. Salienta-se que a visita à “Feira do Livro” só foi possível devido à colaboração prestada pelo Município de Seia, pois as deslocações dos diferentes estabelecimentos educativos foram apoiados pela(s) autarquia(s) que asseguraram o respetivo transporte.

Sessão de contos Biblioteca Escolar de Tourais-Paranhos, dinamizada pela Prof.ª Ana Paula Neves

Alunos do 12º K dinamizam a Feira do Livro de Tourais-Paranhos

Alunos visitam a Feira do Livro na Biblioteca Escolar de TouraisParanhos

A equipa da BE

Peça de teatro «Bruxas e bruxarias» pelo grupo de teatro da Ludoteca no auditório da Escola Básica de Tourais-Paranhos

Feira do Livro na Biblioteca Escolar da Escola Secundária de Seia

Alunos do 12º K dinamizam a Feira do Livro da EB Dr. Abranches Ferrão

Feira do Livro na biblioteca escolar da EB Dr. Abranches Ferrão

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Prof.ª Teresinha na Feira do Livro da EB Dr. Abranches Ferrão


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