A Igreja Católica celebra
2 de Fevereiro, em todo o mundo a Festa
da Apresentação do Senhor, mais conhecida popularmente por Festa de Nossa Senhora das Candeias ou Festa de Nossa Senhora da Luz A origem da devoção à Senhora das Candeias tem os seus começos na festa da apresentação do Menino Jesus no Templo e da purificação de Nossa Senhora, quarenta dias após o seu nascimento (sendo celebrada, portanto, no dia 2 de Fevereiro). De acordo com a tradição da Lei de Moisés, as parturientes, após darem à luz, ficavam impuras, devendo inibir-se de visitar ao Templo até quarenta dias após o parto; nessa data, deviam apresentar-se diante do sumosacerdote, a fim de apresentar o seu sacrifício (um cordeiro e duas pombas ou duas rolas) e assim purificar-se. Desta forma, José e Maria apresentaram-se diante de Simeão para cumprir o seu dever, e este, depois de lhes ter revelado maravilhas acerca do filho que ali lhe traziam, ter-lhes-ia dito: «Agora, Senhor, deixa partir o vosso servo em paz, conforme a Vossa Palavra. Pois os meus olhos viram a Vossa salvação que preparastes diante dos olhos das nações: Luz para aclarar os gentios, e glória de Israel, vosso povo» (Lucas, 2, 29-33).
Com base na festa da Apresentação de Jesus / Purificação da Virgem, nasceu a festa de Nossa Senhora da Purificação; do cântico de São Simeão (conhecido pelas suas primeiras palavras em latim: o Nunc dimittis), que promete que Jesus será a
luz
que irá aclarar os gentios, nasce o culto em
torno de Nossa Senhora das Candeias, cujas festas eram geralmente celebradas com uma procissão de velas, a relembrar o facto.
Nossa Senhora das Candeias era tradicionalmente invocada pelos cegos (como afirma o Padre António Vieira no seu Sermão do Nascimento da Mãe de Deus: «Perguntai aos cegos para que nasce esta celestial Menina, dirvos-ão que nasce para Senhora das Candeias [...]»), e tornou-se particularmente venerada em Portugal a partir do início do século XV. Segundo a tradição, deve-se a um português, Pedro Martins, muito devoto de Nossa Senhora, que descobriu uma imagem da Mãe de Deus por entre uma estranha luz, no sítio de Carnide, no termo de Lisboa. Aí se fundou de imediato um convento e igreja a ela dedicada (existente ainda hoje), que conheceu grande incremento devido à ação mecenática da Infanta D. Maria, filha de D. Manuel I e sua terceira esposa, D. Leonor de Áustria. A partir daí, a devoção à Senhora das Candeias cresceu, e com a expansão do Império Português, também se dilatou pelas regiões colonizadas, com especial destaque para o Brasil, onde é a santa padroeira da cidade de Curitiba.
Para a população em geral, este dia tem origem num festival celta, em honra da deusa Brígida, e encontra-se a meio da estação do inverno, no seu auge, por isso é o primeiro sinal de que esta começará a declinar e que a primavera lhe sucederá. Os dias começam a aumentar a olhos vistos; celebra-se a Luz que cresce. Este é também o momento do despertar da Terra, quando todas as sementes e raízes começam lentamente a espreguiçar-se.
No nosso concelho não há nenhuma paróquia que tenha uma festa específica sob a invocação de Nossa Senhora das Candeias, mas Nossa Senhora é lembrada nesse dia (2 de fevereiro) com pequenas tradições. Assim, por exemplo em Vila Cova, as famílias mais abastadas que viviam no centro da aldeia colocavam pequenas lamparinas de azeite nas janelas e, se porventura viviam mais afastados do centro, mandavam colocar um archote no início da sua propriedade. No escuro da noite resulta tudo isto num espectáculo lindo onde sobressaem pontos de luz que ficam a brilhar na noite até se acabar o azeite. Está pois, esta festividade, relacionada sobretudo com a importância do azeite, quer como elemento fundamental na cozinha quotidiana, quer como produto utilizado na cura de algumas doenças, quer ainda como material utilizado para alumiar permanentemente o Santíssimo ou ainda, noutras práticas religiosas. É dia de se comerem fritos com azeite novo, de preferência filhoses. É dia de celebrar a importância que o azeite tinha nos tempos antigos para alumiar, dar luz. Assim, em dia de Nossa Senhora das Candeias é tempo de agradecer o azeite conseguido na temporada anterior e pedir um ano cheio de azeite pois este é um bem precioso e é preciso agradecer a dádiva.
Em Portugal, apresentamos a título de exemplo algumas localidades em que aparece como orago e se celebra sob as seguintes invocações:
Luz (em Lagos);
Almeida (na Guarda);
Azevo (em Pinhel);
Lagoa (no Algarve);
Candelária (em Ponta Delgada);
Carapito (em Aguiar
Luz de Tavira (em Tavira) Farminhão (em Viseu)
da
Beira);
Laborins, Carvalhal,
Pena
Beco, Arroteia e Vale da
Verde (em Aguiar
da Beira);
Serra (em São Pedro de Alva);
Vila Maior (em São Pedro do Sul).
Penhada Águia (em Figueira
de
Castelo Rodrigo);
Se a Senhora das Candeias rir, está o Inverno para vir. Se a Senhora das Candeias chora, está o Inverno fora. Se a Senhora das Candeias ri e chora, está o Inverno meio dentro e meio fora. Candelária chovida, à candeia dá vida. E diz o ditado: " Em dia da Senhora das Candeias, se estiver o Céu a rir, está Inverno p´ra vir, se estiver a chorar, está o Inverno a passar!..."