PECUÁRIA EM ALTA
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PECUÁRIA EM ALTA
PALAVRA DO DIRETOR
Caro leitor, A terceira edição da revista “Pecuária em Alta” chega exatamente em um dos meses mais importantes para a nossa pecuária: agosto, o mês da Expogenética. A feira é conhecida por apresentar animais provenientes de diversos programas de melhoramento genético e é, também, sinônimo da pecuária moderna, espaço de discussão dos avanços tecnológicos e genéticos das raças zebuínas. Mais um ano, a Alta participa da feira com uma forte bateria de touros avaliados e líderes de sumários. Assim como a Expogenética, estamos sempre preocupados com os rumos do melhoramento genético. Desde quando surgiu o projeto de um programa de televisão da Alta, a proposta era muito clara: apresentar nossos produtos ao mercado, mas sempre com orientações técnicas específicas para cada sistema de produção. Com a implantação da revista, continuamos com o mesmo foco de levar informação de qualidade a você. A Alta acredita que um cliente bem informado vale por dois. Com o conhecimento, o pecuarista trabalha da maneira mais correta para o seu negócio, aumenta sua rentabilidade, fica satisfeito com o resultado e, consequentemente, agrega mais valor. Nosso objetivo é garantir que você esteja preparado para o futuro. Ao longo das próximas páginas, o pecuarista focado na produção de leite ou de carne terá informações valiosas para a sua atividade. Sabemos claramente o motivo de, em tão pouco tempo, termos chegado à liderança do mercado brasileiro. Isto se deu única e exclusivamente pela qualidade do nosso time. No decorrer das próximas páginas, você terá a oportunidade de saber quais as novas tecnologias, sistemas de manejo, nutrição, touros recomendados para diferentes planos genéticos, enfim, informações atualizadas pela mais capacitada equipe técnica do mercado. Espero que goste do que selecionamos. Tenha uma ótima leitura.
Heverardo Carvalho Diretor Alta Brasil
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ÍNDICE EXPEDIENTE Diretor Heverardo Resende de Carvalho Gerente de Mercado Tiago Carrara - tcarrara@altagenetics.com Coordenadora de Comunicação Camilla Lazak - camilla.rodrigues@altagenetics.com Jornalista Responsável Renata Paiva (MTB 12.340) - renata.paiva@altagenetics.com Colaboradores desta edição Adriano Rúbio, Fábio Fogaça, Fernanda Borges, Guilherme Marquez, Gustavo Almeida, Hilário Ferrari, Marcos Labury, Miguel Abdala, Márcio Delfino, Paulo José Vasconcelos, Rafael Mazão, Rafael Oliveira, Roberta Gestal e Tiago Carrara
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Diagramação e arte Ana Paula S. Alves - paula.alves@altagenetics.com
ESPECIAL MEGALEITE 2015 Os resultados da maior feira da pecuária leiteira no Brasil
Fotos Francisco Martins - fjunior@altagenetics.com Revisão Indiara Ferreira Assessoria de Comunicação indiaraassessoria@gmail.com
ALTA NEWS
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Impressão Gráfica 3Pinti - atendimento@grafica3pinti.com.br
Eventos importantes, novas contratações e destaques em pistas
Tiragem 5 mil exemplares
Missão Construir relacionamentos de longo prazo, criar valor para nossos clientes, melhorando a lucratividade individual de cada rebanho e entregar genética de confiança, além de produtos e serviços de manejo com alta qualidade. Visão Ser líder do mercado de inseminação artificial e reconhecida como a melhor empresa desse segmento. Valores: • Escolha CONFIANÇA à invulnerabilidade • Escolha CONFLITO à harmonia • Escolha CLAREZA à certeza absoluta • Escolha NÚMEROS à popularidade • Escolha RESULTADOS ao status
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FIQUE POR DENTRO DE TUDO QUE ACONTECE
ARTIGO
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CRUZAMENTO INDUSTRIAL
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FÊMEAS NELORE
Tecnologia impulsiona a utilização das raças taurinas
Você seleciona as suas? Elas correspondem à metade da genética de uma safra
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BEZERRO VALORIZADO Bom momento da pecuária paga até 40% a mais em bezerros de genética superior
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CORTE NÚMEROS QUE GERAM RESULTADOS
LEITE
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Novo conceito em conforto animal conquista produtores no Brasil
Conheça a fórmula da seleção por meio da apartação de grupos
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CONCEPT PLUS CORTE Alta investe em projeto de identificação do perfil dos touros
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Clientes e leitores destacam filhos e filhas dos touros Alta espalhados pelo Brasil
TOURO PROVADO Diferencial medido por programa de melhoramento genético
GIRO PELO CAMPO QUALIDADE À PROVA
COMPOST BARN
CASOS DE SUCESSO
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FAZENDA CONVENÇÃO
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FAZENDA LAGOINHA
Desafios da atividade leiteira no Nordeste
A evolução de um projeto baseado na organização familiar
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CAPA TOURO DE CENTRAL Conheça a maratona de avaliações técnicas, comerciais e reprodutivas a que é submetido o reprodutor
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EVENTOS BEEF TOUR MATO GROSSO 2015 Alta realiza visita de técnicos à Fazenda Camparino e à Nelore Grendene
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RAÇA HEREFORD O Hereford que o Brasil precisa
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ENTREVISTA LUIZ ANTONIO JOSAHKIAN O superintendente técnico da ABCZ analisa o atual momento da pecuária, a evolução dos programas de melhoramento genético e comenta a busca pelo animal perfeito
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ESPECIAL
MEGALEITE DESTACA GENÉTICA DA ALTA RESULTADOS EM TORNEIOS LEITEIROS COMPROVAM A APTIDÃO DOS ANIMAIS DA BATERIA A maior feira da pecuária leiteira no Brasil, a Megaleite, reuniu no Parque Fernando Costa, em Uberaba (MG), 850 animais da raça Girolando e 344 de outras raças, dentre elas Gir Leiteiro (179), Holandês (80), Guzerá (50), Guzolando (15), Sindi (10) e Indubrasil (10). O evento atraiu olhares de pecuaristas de todo o país, que acompanharam atentamente a competição na pista de julgamento e no torneio leiteiro. A Alta representa 30% do mercado de inseminação arti-
ficial no país e destacou-se na Megaleite por ser a central com o maior número de touros provados pelo Sumário Girolando/ Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Dos reprodutores provados com sêmen disponível no mercado, 60% fazem parte da bateria da empresa. O desempenho dos touros foi comprovado também nos torneiros leiteiros, com excelentes fêmeas produzindo leite acima da média. A competição é uma forma de mostrar aos
produtores e ao público em geral a importância do melhoramento genético das raças. Dados da Embrapa apontam a raça Girolando como responsável por mais de 80% do leite produzido no país. Os campeões da feira Confira aqui na “Alta News” os animais que mais se destacaram na Megaleite 2015 e, ainda, a análise criteriosa sobre os resultados.
Mandala Vila Rica, da Fazenda Vila Rica, é filha de Irado TE Vila Rica, conquistou o título de Grande Campeã e Melhor Úbere
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Girolando O título de Campeã Vaca 5/8 ficou com Máxima Harmonia FIV da Prata, filha de Alta Baxter, com a média de produção de 89,233 kg de leite/dia de torneio. Máxima Harmonia é da propriedade de Roberto Assis e Rogerio Omar, do Girolando 2R de Jataí/GO. “Máxima é sempre uma surpresa, pois é a vaca com maior lactação finalizada da raça Girolando. Bateu o recorde de 102,250 kg de leite no primeiro dia de torneio e, mesmo com uma pequena enfermidade, atingiu 82,04 kg e 83,410 kg no segundo e terceiro dia, respectivamente. O total foi de 267,700 kg. Destacou-se como ‘número um’ no ranking de matrizes da Girolando/Embrapa”, explica o gerente de Produto Leite Nacional, Guilherme Marquez. Na categoria Campeã Novilha 5/8, classificou-se Afrodite FIV Dubai, de propriedade de Humberto Renato Ferreira. Filha de Alta Toyota, produziu a média de 74,80 kg de leite/dia de torneio. “Afrodite tem grande potencial para a produção de leite. Sua esgota foi de 30,76 kg e, já na primeira pesagem, bateu 28,58 kg. No primeiro dia de torneio, fechou com 79,50 kg; no segundo, com 71,380 kg, e no terceiro, com 73,520 kg. O total foi de 224,400 kg de leite em nove ordenhas, um número alto e com ótimo sistema mamário, característica herdada de seu pai, Alta Toyota”, enfatiza Guilherme. Bailarina Wildman FIV da Mutum e Kiboa Wildman FIV da Mutum pertencem à propriedade de Leo Machado e são filhas de Alta Wildman. Destacaram-se pela produção de 83,187 kg e 74,070 kg, respectivamente.
AltaBAXTER BLITZ X MTOTO ET
AltaTOYOTA TOYSTORY X AltaFINLEY X DURHAM
AltaWILDMAN BW MARSHALL X WINCHESTER X ELTON PECUÁRIA EM ALTA
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ESPECIAL
Gir Leiteiro
Fábio Fogoça, gerente de Leite Importado, atuando como jurado na MegaLeite
Já na raça Gir Leiteiro, a vaca Mandala Vila Rica, propriedade de Dilson Cordeiro Menezes, da Fazenda Vila Rica, conquistou o título de Grande Campeã e Melhor Úbere. A filha de Irado TE Vila Rica produziu em média 55,983 kg de leite/dia de torneio. Outros destaques ficaram para a jovem vaca Palane Vila Rica, filha de Koro Vila Rica, da propriedade de Dilson Cordeiro Menezes, da Fazenda Vila Rica,
com a produção de 46,976 kg de leite/dia, em média. Cafeina FIV Cal, filha de Nobre da Cal, atingiu a média de 44,680 kg/ dia, e Donzela FIV Alambari, filha de Tabu da Cal, alcançou a média de 43,270 kg de leite/dia. “Essas vacas foram premiadas exatamente por satisfazerem as expectativas, ou seja, têm alta produtividade de leite e por mais tempo”, conclui o presidente da Alta Genetics, Heverardo Carvalho.
Curiosidade Dados do relatório anual da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia) mostram que a Girolando foi a que mais produziu sêmen em 2014 entre as raças leiteiras.
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Foram 774.879 doses, contra 376.090 em 2013, ou seja, um crescimento de 106%. O mercado geral de sêmen no Brasil teve crescimento de 4,49% em 2014, com a produção de
13.609.311 doses, sendo que as doses de material genético de touros de raças leiteiras corresponderam a 41% desse total. Já a Alta cresceu 9%, ou seja, o dobro do mercado.
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ALTA NEWS
FILHA DO TABU TE DA CAL É A GRANDE CAMPEÃ DA EXPOAGRO Ícara FIV da Ariranha, filha do consagrado touro Tabu TE da Cal, sagrou-se Grande Campeã, Campeã do Torneio Leiteiro e Melhor Úbere da 46ª Exposição Agropecuária de Governador (Expoagro), realizada entre os dias 9 e 19 de julho, em Governador Valadares (MG). A fêmea está em sua segunda cria, com lactação de 2.100 quilos em aberto, aos 61 dias. Ícara é neta da CK Eva, mãe do touro CK Harus, também da bateria Alta. A fêmea é de propriedade de Danielly Melo Murta, da Fazenda Limoeiro, de Itaobim (MG).
Tabu TE da Cal
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DESTAQUE DA EAO É DA BATERIA NELORE ALTA Nos dias 18 e 19 de julho, na Fazenda Baviera, em Itagibá (BA), a 2ª edição do Megaevento EAO apresentou ao mercado o touro Pakayr FIV da EAO. O reprodutor impressionou pelo equilíbrio, volume e revestimento de carcaça. Com ele foi apresentada sua progênie, comprovando sua capacidade de transmitir ganho de peso e revestimento de carcaça. Sementes Paso Ita
arrematou 50% de suas cotas por R$ 240.000. Pakayr FIV da EAO já saiu do evento contratado para integrar a bateria de Nelore da Alta.
MÃE DO TOURO K81 ULTRAPASSA 100 MIL/KG EM LACTAÇÃO VITALÍCIA Os parceiros da Alta, Irmãos Chiari, de Morrinhos (GO), têm muito que comemorar. A fêmea ICH Canela, mãe do recém-contratado da bateria Alta, K81, alcançou 100 mil/quilos de leite produzidos em seis lactações, se tornando a primeira vaca 1/2 a ultrapassar a marca. Nascida em 2003, Canela teve seu primeiro parto em 2007 e, em razão da extrema fertilidade, conseguiu uma sucessão de partos. Foram seis no total, sendo o último em 2014. Canela é o 3º maior valor genético para leite do Sumário Girolando/Embrapa 2015, com 2.232 quilos e 16 filhas entre as TOP 1.000 vacas.
ICH Canela
K81
ALTA, ABCZ E EMATER/MG REALIZAM ENCONTRO NA CENTRAL Os técnicos da Alta receberam, na Central em Uberaba (MG), no mês de julho, os membros da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e o gerente de Melhoramento/Pró-Genética da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Lauro Fraga Almeida. Estiveram em pauta a produção de leite em clima tropical e, também, o programa Pró-Genética.
QUASE R$ 5 MILHÕES ALTA CONTRATA O TOURO NELORE MAIS VALORIZADO DA RAÇA REM Caballero teve 10% de suas cotas comercializadas durante o Mega Leilão da Genética Aditiva no Mato Grosso do Sul. O novo integrante da bateria Nelore da Alta bateu o grande recorde de preço da raça e foi valorizado em R$ 4.650 milhões. O comprador foi Luiz Roberto Soares, da Fazenda Papuã, de Caldas Novas (GO).
REM Caballero impressiona por sua avaliação genética, seu desempenho em ganho de peso, suas características morfológicas e de crescimento, sua carcaça e fertilidade, além do seu pedigree fechado na Genética Aditiva e aberto a todas as linhagens do mercado. Possui 32,47 de MGT (Mérito Genético Total), o maior valor genético da raça.
FÁBIO FOGAÇA FOI JURADO DA MEGALEITE O gerente de Leite Importado da Alta, Fábio Fogaça, foi mais uma vez um dos jurados da Megaleite, a maior feira leiteira do Brasil. Fábio foi convidado pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) e, por sorteio, julgou o grau de sangue 5/8, considerada a categoria mais importante.
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ARTIGO
CRUZAMENTO INDUSTRIAL COM INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL: A ARMA TECNOLÓGICA DE PRODUTIVIDADE por ADRIANO RÚBIO, GERENTE TÉCNICO DE CORTE DA ALTA BRASIL A Pecuária de Corte no Brasil tem desafios, mas é inegável o avanço produtivo perseguido e alcançado com a aplicação de tecnologias de baixo custo com alto impacto na produtividade, como as técnicas aplicadas de inseminação do rebanho. O perfil do mercado de inseminação de corte atualmente revela forte crescimento da comercialização genética de raças taurinas de origem europeia, em relação às raças zebuínas. Nos últimos 10 anos o Nelore (padrão e mocho) teve crescimento de 20% enquanto que o Aberdeen cresceu cerca de 460%, mostrando tendência do mercado para o cruzamento industrial com cerca de 80% da preferência pelo Angus. No final da década de 80 e quase toda a década de 90 o país viveu um momento de forte difusão do cruzamento com raças europeias, onde tudo era permitido no mundo do marketing. E o resultado foi uma somatória de expectativas frustradas em muitas partes do país, por motivos diversos, sendo o principal deles 12
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a falta de informação e postura científica para tratar de um tema tão complexo, que foi banalizado em seu entendimento e aplicação. Será que nesta nova fase de retomada de crescimento da utilização do cruzamento aprendemos algo com o passado? Notamos que os objetivos dos produtores que estão fazendo cruzamento atualmente, estão fazendo por várias razões: pela propaganda, por que as fazendas mudaram, pelo status, pelo bônus do frigorífico, outros pelo mercado de bezerros e outros motivos. O cruzamento industrial é uma tecnologia de melhoramento genético voltado à produção de carne com forte impacto nas características maternais, características de crescimento, conformação e rendimento de carcaça e qualidade de carne. A solução de melhor custo benefício sem dúvida é o investimento em genética especializada na produção de carcaças mais pesadas e de maior rendimento, com precocidade de terminação de acordo com as especificações da indústria.
Definição das raças O “cruzamento não é passe de mágica”, mas sim um trabalho técnico que envolve organismos vivos expostos à ação de todos os fatores comuns aos mesmos e, portanto, como tal deve ser bem orientado e manejado. Ele não tem como objetivo eliminar as raças puras; pelo contrário, incentiva o melhoramento genético produtivo destas. Não existindo ainda raça perfeita para todas as condições, devemos procurar raças para cruzamentos que produzam animais F1, os melhores possíveis e de melhor adaptação às condições onde vão se multiplicar. É imprescindível levar em conta a origem das raças e analisar cientificamente a influência das altas temperaturas na reprodução e, consequentemente, na produtividade. A temperatura é um dos fatores de maior influência na reprodução dos bovinos, atuando principalmente na fertilidade, libido, produção de leite e ganho de peso. Além disso, a temperatura
tem forte influência na morte embrionária, na qual é uma das maiores determinantes, se não a maior. A fertilidade é a característica de maior valor econômico em bovinos de corte e também está sujeito às influências da temperatura, quase na mesma magnitude da influência de alimentação. A alimentação, bem como o manejo, é possível de ser modificada a qualquer momento, se tal forma for econômica, mas a temperatura, não. Devemos usar raças ou combinações de raças que mais se adaptem às mesmas. As raças europeias sofrem com as nossas ações climáticas, fazendo com que dispensem mais energia para manter a temperatura corporal nos períodos quentes dos verões do que nos invernos. Trabalhos de Douglas H. K. Lee, da Flórida, comprovaram que um bovino de raça de corte europeia exposto aos raios solares durante duas horas de um dia de verão, com a média de 32 ºC, perde uma quantidade de energia para manter sua temperatura corporal em um volume igual ao que seria necessário para ferver 200 litros de água. Por meio dos cruzamentos, podemos medir a diferença favorável, já que, ao desmamar o primeiro grupo de bezerros, ocorrem menos mortes decorrentes das doenças de primeira idade. O maior peso dos bezerros ao desmame já poderá ser comprovado, aproximadamente, apenas 16 meses após a vaca ter sido fecundada. Vacas de raças europeias desmamam bezerros com aproximadamente 40% do seu peso vivo. Vacas de raças zebuínas nacionais, com 30% de seu peso vivo. No cruzamento, temos um significativo aumento, chegando até a 60% do peso vivo da vaca.
Grupamentos raciais 1. Zebuínos - Nelore, Guzerá, Gir, Tabapuã e Brahman. 2. Taurinos - Taurinos Europeus Britânicos Angus, Hereford, Devon, Red Poll, Shortorn - Taurinos Europeus Britânicos Continentais Marchigiana, Piemontês, Charolês, Limousin, Blond D’aquitaine, Simental, Braunvieh, Gelbvieh e outras - Taurinos Tropicais Caracu, Senepol, Tuli, Bonsmara. 3. Sintéticas - Brangus, Braford e Canchim
Ambicioso - Aberdeen Angus
Vermelho 27 - Braford
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ARTIGO
Na escolha das raças deve considerar-se detalhadamente as condições reais de cada propriedade: condições de manejo, temperatura da região, topografia, qualidade de solo, fertilidade (porcentagem de cria, por ano, em relação ao número total de vacas em reprodução), ocorrência de problemas de parto, índice de desmama e outros. O plano de cruzamento deve ser formulado para um período mínimo de dez anos ou mais, e não deve ser mudado no meio do caminho. Genética comprovada A escolha de um reprodutor tem influência direta no retorno econômico do seu negócio e por esta razão este animal deve ser escolhido cuidadosamente tendo em conta o mérito genético do seu rebanho, os objetivos do seu empreendimento, o mercado que deve ser atingido e o sistema de produção e condição ambiental da sua fazenda. Valorizar sempre as informações de DEPs de um touro. Essa é a melhor e mais precisa ferramenta para descrever o mérito genético de um animal e realizar ganho genético aditivo ao longo prazo. Depois de estabelecer seus padrões produtivos para eleição dos reprodutores, os candidatos devem também ser analisados sob os aspectos fenotípicos, que, todavia são importantes para possibilitar a execução completa do seu projeto. Invista na inseminação de um grupo de reprodutores que atenda os seus objetivos de produção e as exigências do mercado. Dê preferência para reprodutores 14
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Pontos importantes para a implantação de um Programa de Cruzamento Industrial 1. Objetivo do produtor - Venda de desmama de machos e fêmeas; - Venda de machos a desmama e retenção das fêmeas F1 para reposição; - Engorda e abate de machos e fêmeas – confinamento e pasto; - Não sabe o que é melhor e mais rentável. 2. Mercado regional - Preferencia nos bezerros; - Especificação de carcaça. 3. Diagnóstico da propriedade - Sistema de produção existente; - Recursos disponíveis – humano, infraestrutural, vegetal e animal; - Processos e controles gerencias. 4. Planejamento para atingir os objetivos - Recursos genéticos; - Métodos de seleção; - Sistemas de cruzamento; - Escrituração e controle zootécnico. 5. Gestão de resultados - Estabelecimento do ponto zero do trabalho; - Coleta e análise de dados; - Estabelecimentos de indicadores econômicos e zootécnicos.
que imprimam características de adaptação e funcionalidade. Uma genética não adaptada às condições de produção nos trópicos diminui a produção, exige mais insumos e mão-de-obra aumentando consequentemente o custo de produção. Procure investir em genética por meio da inseminação de tamanho corporal adequado e condizente com o seu sistema de produção e mercado. Assim como publicou Luiz Fries em 1996, “Dar preferência a aquisição de
sêmen de reprodutores cujos dados são provenientes de um programa de melhoramento genético que envolvam vários rebanhos e um substancial número de vacas de modo que se possa adotar uma alta pressão de seleção sobre os indivíduos (apenas 20% dos machos são destinados para reprodução)”, em outras palavras, “qualidade só sai com quantidade”, e ganhos genéticos são significativos em grandes populações onde é possível fazer forte pressão seletiva e descarte por produção.
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FÊMEA NELORE: A PEDRA FUNDAMENTAL DA PECUÁRIA BRASILEIRA por ROBERTA GESTAL, CONSULTORA TÉCNICA DE CORTE DA ALTA BRASIL O Brasil possui o maior rebanho comercial do mundo. São aproximadamente 209 milhões de cabeças, sendo 80% dos animais com genética predominante de raças zebuínas. Desse total, 90% são representados pelo Nelore, por isso é tão importante à reflexão sobre a importância das fêmeas Nelore para a pecuária. Os programas de melhoramento genético têm disponibilizado excelentes ferramentas de seleção. As Diferenças Esperadas na Progênie (DEPs) oferecem desde subsídios para a adequada escolha dos reprodutores para produzir deter-
minada safra até possibilitar a “fotografia genética” do rebanho e o caminhar temporal dessa “fotografia”, as tendências genéticas que auxiliam na modelagem genética dos animais para fins produtivos.
A associação entre fertilidade e o retorno econômico é de fácil percepção, pois um bezerro é igual à renda. Não se tem uma DEP específica para fertilidade, mas a característica é de fácil seleção. Novilhas que falham na sua primeira estação de monta devem
ser eliminadas e vacas que não produzem um bezerro anualmente também devem ser descartadas. Ainda para a fertilidade da fêmea bovina e do ponto de vista de DEP existe outra característica a ser observada: a Stayability. No conceito de Stayability, o número de bezerros produzidos pela vaca durante os seis primeiros anos de sua vida é considerado. Essa DEP deve mesmo ser muito valorizada, principalmente se aceitarmos que uma fêmea necessita de três crias para se pagar. Por exemplo, podemos ter no rebanho duas vacas com produção distintas quanto ao número de crias e peso a desmama:
A vaca A teve o peso dos bezerros mais leves quando comparada com a vaca B, porém, não falhou. No final de três anos, produziu 600 quilos de bezerros, gerando receita anual correspondente a esse peso. Já a vaca B teve seus produtos mais pesados, porém no final de três anos produziu 450
kg de bezerros, ou seja, 150 kg a menos que a vaca A. Deixou de gerar receita correspondente para a fazenda. Observa-se que em rebanhos cujo segmento é a produção de touros, deve-se levar em consideração o fato de a vaca B agregar mais valor aos seus produtos.
Na escolha de touros deve-se observar o quanto o valor da DEP se desvia do ponto médio, que para a Stayability é próximo de 50%. Um touro A, com DEP Stayability de 70%, tem 30% mais chances de que suas filhas permaneçam no rebanho por até seis anos e que produzam, pelo me-
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Reprodução: precocidade reprodutiva e fertilidade
nos, três filhos, do que um touro B com DEP igual a 40%. Dessa forma, touros com DEPs altas para Stayability devem ser preferidos. Para a precocidade reprodutiva, a maioria dos programas de avaliação genética disponibiliza DEPs para duas características de elevado impacto econômico: perímetro escrotal e probabilidade de parto precoce. O perímetro escrotal possui associação genética favorável com precocidade sexual e fertilidade. Nos quadros abaixo, são apresentados os resultados de um trabalho com dados da Associação Nacional dos Criadores e Pesquisadores (ANCP) comparando novilhas precoces (expostas com 14 meses) e novilhas normais (expostas após 24 meses). Em três anos consecutivos, nota-se a associação genética entre perímetro escrotal e probabilidade de parto precoce (DPP3P), com a parição realizada precocemente (antes dos 28 meses de idade).
A probabilidade de parto precoce é uma característica que indica de forma direta a precocidade sexual. Do ponto de vista genético, a DEP3P expressa a probabilidade de um reprodutor produzir filhas que, desafiadas precocemente, foram diagnosticadas prenhes, mantiveram esta gestação e pariram um bezerro vivo antes de 30 meses de idade. Por exemplo, um touro com valor da DEP3P de 70% tem 30% mais chances de que suas filhas emprenhem precocemente, mantenham a gestação e venham a parir um bezerro vivo antes de 30 meses de idade do que um touro com DEP3P igual a 40%. Habilidade materna A habilidade materna de uma matriz representa o ambiente que ela propicia à sua cria, seus cuidados como mãe e sua produção e qualidade do leite, refletindo no peso na desmama do bezerro.
Existe associação entre a DEP materna da mãe e o peso realizado na desmama do bezerro. Este efeito materno sobre o peso corporal do produto é também evidenciado de forma residual e indireta sobre pesos após a desmama, mesmo sobre outras características. Se considerarmos que no rebanho de cria a eficiência do sistema pode ser representada pela razão entre quilo de bezerro desmamado por vaca exposta em cada hectare, fica fácil perceber que a habilidade materna, aliada à eficiência reprodutiva, é de fundamental importância. Em um trabalho realizado com dados da ANCP representado por 1.384 matrizes da raça Nelore e nove mil filhos, cada vaca com no mínimo cinco filhos, pertencentes a seis fazendas distribuídas em Minas Gerais (MG), Mato Grosso (MT), Mato Grosso do Sul (MS) e São Paulo (SP), foram obtidos os seguintes resultados:
Fonte: ANCP
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ARTIGO
A diferença do grupo TOP 0,15% para o grupo TOP 80-100% foi de 17,81 kg de bezerros, que multiplicado pelo valor do quilo do bezerro (hoje em R$6,00) daria R$106,86 a mais por bezerro produzido pelas vacas de maior valor de DEP para habilidade materna.
- Peso ao desmame: para cada 1 kg de DP240 teremos +1,6 kg de peso vivo do bezerro.
- Peso ao sobreano: para cada 1 kg de DP450 teremos +1,6 kg de peso vivo do bezerro.
17,81 Kg * 6,0 reais kg do bezerro = R$ 106,86 R$ 106,86 x 1000 bezerros = R$ 106.860,00
A diferença do grupo TOP 0,1-5% para o grupo TOP 5070% foi de 11,07 kg, que multiplicado pelo valor do quilo do bezerro daria R$70,20 a mais por bezerro produzido pelas vacas de maior valor de DEP para habilidade materna. 11,07 Kg * 6,0 reais kg do bezerro = R$ 70,20 R$ 70,20 x 1000 bezerros = R$ 70.200,00
Genética direta Como a fêmea contribui com a metade da genética de uma safra, todas as características importantes para determinado objetivo da seleção de um rebanho deverão ser consideradas, conforme influência da genética direta do lado materno. Um exemplo clássico da contribuição direta da mãe pode ser visualizado no peso corporal dos seus filhos. Os dados a seguir são reais e foram cedidos pela Agropecuária Varzelândia (Fazenda AgropeVa), localizada no município de Jaíba, Norte de Minas Gerais. Do ponto de vista de DEPs, os gráficos abaixo mostram como para cada quilo de DEP, para o peso aos 240, 365 e aos 450 dias ocorre um incremento no peso vivo dos bezerros. 18
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CONHEÇA OS LÍDERES Habilidade Materna: Lambisco, General e Faldan. Perímetro Escrotal: Rem Caballero, Rem Quilano e Rem Vokolo. Stayability: Macuni, General e Jhelum. Propabilidade de Parto Precoce: Rem Amador, Rem Torixoréu e Barac.
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ARTIGO
PECUÁRIA MODERNA EXIGE O “PULO DO GADO” por RAFAEL MAZÃO, ZOOTECNISTA E CONSULTOR TÉCNICO DE CORTE DA ALTA BRASIL A competitividade do mercado e a demanda por produtos diferenciados fazem com que a pecuária seja cada dia mais profissional na produção de animais que atendam o mercado consumidor. Os criadores que não se adequarem à produção com qualidade e eficiência automaticamente perderão espaço no mercado. Devido ao valor da terra e aos custos de produção, a pecuária moderna exige alta produtividade, com qualidade e viabilidade econômica. O Brasil lidera o ranking de maior exportador de carne bovina do mundo desde 2008. Em 2014, exportou 1,24 milhão de toneladas de carne in natura, com crescimento de 5% em relação ao ano de 2013, conforme dados do ano passado, da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). A produção de animais zebuínos melhoradores é vital para a pecuária nacional, desde o topo da cadeia com os rebanhos puros até a base, que representa o grande volume com o rebanho comercial para a produção de bezerros e carne. Por isso, é necessário que todos os envolvidos na pecuária tenham informações precisas sobre seleção e melhoramento genético e saibam identificar os melhores indivíduos, tendo equilíbrio 20
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para todas as características que a pecuária moderna necessita: precocidade (peso/sexual), habilidade materna, desempenho e eficiência alimentar, rendimento e acabamento da carcaça. O mercado reconhece, atualmente, os fornecedores de produtos diferenciados e remunera mais por isso. Prova disso é uma leitura “chula” do mercado, há três anos. Com demanda por reposição menor que atualmente, um bom bezerro de corte à desmama era valorizado em torno de R$ 800,00 e, hoje, podemos citar negócios normalmente realizados por R$ 1.400,00, ou seja, com valorização superior a 40%. Lógico que os custos de produção aumentaram, mas estão longe desse patamar. O pecuarista deve aproveitar o bom
Fonte: Dstak Assessoria Pecuária
momento, já que se consegue maior margem de lucro, podendo investir mais em genética melhoradora para agregar valor ao seu produto final, valorizado acima do mercado. Outra leitura do mercado quanto ao ganho genético está voltada para o resultado de venda de reprodutores vindos de rebanhos que praticam seleção e melhoramento genético. Conforme estudo de mercado realizado em 2014 pela Dstak Assessoria Pecuária, rebanhos que utilizam os programas de melhoramento genético viram esse resultado econômico superior quando analisados os principais fatores que influenciam na venda de reprodutores: peso, perímetro escrotal e avaliação genética.
Fonte: Dstak Assessoria Pecuária
Fonte: Dstak Assessoria Pecuária
A evolução em ganho genético reflete diretamente no ganho econômico, com maior velocidade do giro sobre o capital investido, ou seja, maior desfrute na atividade pecuária. Não existe nenhum segredo, somente a necessidade
de ser eficiente e profissional para evoluir a gestão da propriedade por meio do melhor controle da atividade e estabelecer metas para a evolução genética do rebanho ano a ano. Esse é o “pulo do gato”, aliás, o “pulo do gado”! PECUÁRIA EM ALTA
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GAFP: GRUPO DE AVALIAÇÃO, APARTAÇÃO E ACASALAMENTO POR FENÓTIPO DE PRODUÇÃO Sul do estado do Pará, 1988: região muito rica em solos, clima e chuva. Região de terras férteis, de pecuária forte e ascendente, gado de ótimas origens e resultados surpreendentes na pecuária. Foi naquela época que o médico veterinário Hilário Ferrari de Oliveira se fez algumas perguntas: Como produzir melhor ainda? Como uma assistência técnica poderia ser remunerada, se tudo está correto? Por meio de assistências veterinárias, Hilário conseguiu montar um banco de pesquisa nas propriedades, com o objetivo único de produzir mais por alqueire e com qualidade. “Passei a formar lotes separados de matrizes parecidas, que no início eram nove grupos. Como atendia em todos os estágios de manejo, desde a prenhez com IA e depois a monta, toque, desmama, acompanhamento de novilhas até com avaliação ginecológica, desmamas, primíparas entre outras funções, esses manejos me facilitaram a buscar comparativos de animais parecidos com resultados bons ou ruins”, enfatiza Hilário. A busca incansável por resultados seguros de conformação positiva ou negativa apresentou 22
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a primeira característica: o temperamento. “Depois de 12 anos, eu já podia dizer para um criador, com informações seguras, que um animal de temperamento ruim ou excesso de altura, por exemplo, era indesejável para o seu negócio”, salienta.
“Em 2002 já havia avaliado mais de 200 mil matrizes e pude dizer que os grupos são: grupo G1, grupo G2, grupo G3 e grupo G4. A partir deles, criei uma fórmula em que G1>G2>G3<G4” Após várias modificações nos grupos, em função de manejo e entendimento, Hilário chegou à conclusão de que, em quatro grupos distintos, um criador, após uma simples apartação, poderia ter nas mãos o futuro de seu plantel, de suas matrizes, de suas novilhas, de seus garrotes. Surgiu, então, o Grupo de Ava-
liação, Apartação e Acasalamento por Fenótipo de Produção (GAFP), criado com o objetivo de se buscar maior lucratividade na pecuária de corte com Zebu, uniformizando a conformação do biotipo animal, em proporções relativas à altura, ao comprimento e à largura. “Em 2002 já havia avaliado mais de 200 mil matrizes e pude dizer que os grupos são: grupo G1, grupo G2, grupo G3 e grupo G4. A partir deles, criei uma fórmula em que G1>G2>G3<G4”, completa. Grupos do GAFP G1 – São fêmeas mais produtivas, com carcaças compridas e arqueadas, mostrando-se bastante robustas, sem perder a feminilidade da raça desejada dentro do Zebu. Apresentam maior índice de prenhez e melhor peso no abate (fêmeas entre 16 e 17 arrobas; se confinadas, 18 arrobas). O temperamento dos animais deste grupo é dos melhores, ou seja, é menos reativo. Os animais longilíneos com melhor arqueamento e profundidade mostram-se mais econômicos (melhor capacidade respiratória e digestiva). São fê-
meas de posterior volumoso no seu conjunto e apresentam musculatura de gado de corte, evidenciando sempre maior perímetro de coxa – ponto visual exato para selecionar animais de melhor rendimento de carcaça. Neste grupo estão animais de melhor conjunto de boca (volumosas 4 e 5) (1 a 5). O equilíbrio de altura (fêmeas adultas
146 centímetros a 153 cm) e profundidade corporal em relação ao comprimento de seus membros sempre se aproxima de 50/50, sendo melhor ainda 60/40. Selecionar matrizes com pregas inguinais ou virilhas bem evidentes, que indicam boa habilidade maternal. Neste G1, devem-se colocar os animais de melhor linha de dorso, com suas
TOURO DO GRUPO 1: Apresenta uma proporção 60% de costelas e 40% de perna. HALTRIUM TERRA BRAVA (GAFEP”BULL” G1/O)
G2 – Neste grupo, o biotipo dos animais se diferencia do grupo G1 pela carcaça “menos comprida”, porém com bastan-
Novilha prenhe grupo G1: Comprida, bem arqueada, garupa larga e musculosa, profunda 50/50, feminina e de boca bem desenvolvida
te arqueamento, profundidade, boa musculatura (compacta), mantendo a preocupação com a feminilidade nas fêmeas e com a
Touro A - Qualitas Justiceiro. GAFEP”BULL” G 2/4, Profundo 60/40 e menos cumprido. Touro do teste de eficiência alimentar do programa Qualitas, produziu uma arroba de boi com apenas R$39,00
passagens de pescoço/dorso e dorso/garupa mais suaves (linha de dorso irregular diminui a longevidade do rebanho). A despigmentação será aceita apenas em nuances e em áreas cobertas. É importante selecionar assim para que tenhamos neste G1 sempre os animais com maior precocidade sexual, melhor acabamento e maior velocidade de ganho.
mesma expressão racial da raça desejada dentro do Zebu. No G2, os animais têm estruturas mais brandas e nunca
Touro B - Reprodutor Ganges Col. GAFEP”BULL” G 2/0, animal Compacto com uma extraordinária relação garupa e comprimento (2,5gp/1cmp). Apresenta o máximo de perfeição em sua inserção de calda, formando uma ideal linha de corte ( 5++)
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com defeitos. São muito produtivos, de ótimo acabamento e bom temperamento. A busca por produtividade sempre será o norte do GAFP. Por serem mais compactos, os indivíduos desse grupo chegam ao peso final com acabamento em menos tempo. O peso final para fêmeas é, em média, de 14,5 arrobas a 16 arrobas; se confinadas, 17 arrobas. G3 – Neste grupo, estão os animais que mais causam prejuízos à pecuária nacional. Possuem biotipo dos mais variados e sempre apresentam mais de três características de baixa produção. São indivíduos com altura acima do limite permiti-
do (pernaltas), que causam um aumentando no custo de produção quando se calcula o custo de mantença/Ha desses animais. Também estão presentes neste grupo aqueles com excesso de comprimento, com buracos na carcaça por falta de musculatura, mostrando que o Zebu ainda não está preparado para carcaças muito compridas. Incluem-se também no G3 animais de menor arqueamento (finos), menor comprimento de suas costelas (baixa precocidade com maior espaço substernal) e fêmeas mais bravas (nervosas). O temperamento foi o primeiro item de prejuízo a ser identificado no início da metodologia do GAFP.
Vaca grupo G3 apresentando linha de dorso bastante irregular (selada), ossatura débil, pouca musculatura e de boca muito pequena. Inviável para o sistema de produção pecuária
Fazem parte ainda do G3 fêmeas machorras (subférteis), com traumatismo em suas carcaças, principalmente em nível de pelve (náfega); animais fortemente despigmentados, selados, com problemas de aprumos que dificultam a própria busca por alimentos a pasto; indivíduos com defeitos nos cascos (fincado, achinelado) e ferimentos graves (gabarro), de boca muito pequena (ágnata, prognata, chanfro severamente torto). Os animais com carcaça muito pequena também pertencem a esse grupo. Todas as matrizes com problemas de úberes, faltando tetas, tetas exageradas e tetas perdidas são identificadas como de baixa produção.
Novilha grupo G3 vazia: invertida (dianteiro muito maior que o traseiro), pouco arqueamento de paleta seca sem musculatura, pernalta e de boca pequena
O Grupo 3 e a baixa produtividade Imagine o criador com cem novilhas do grupo G3 (baixa produção) e com uma estação de monta de cem dias: - Este grupo terá o pior índice de concepção da fazenda, pouco mais de 50%, quando
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bem avaliado. - Das novilhas que conceberam, boa parte, em torno de 8% a 10%, não conseguirá levar a gestação até o final (subférteis); o normal é 1%. - Aumentará o índice de be-
zerros natimortos e mães negativas para leite. - Terá o criador o pior peso na desmama, chegando à diferença de até 30 quilos neste lote em relação aos outros grupos G1, G2 e G4.
- As primíparas G3 e Novilhas F1/G3 (filhas das matrizes G3) terão os piores índices de concepção da propriedade e será quase zero o índice de precocinhas (concepção aos 16 meses). - O criador observará que machos F1/G3 (filhos de matrizes G3) terão menor ganho de peso a pasto. São animais com menor conversão alimentar, dificultando o acabamento de suas carcaças, pois são animais de pior biotipo e temperamento, tendo problemas em confinamento e dificultando o manejo no dia a dia. No sistema moderno da pecuária de cria, os índices de desmama abaixo de 80% não são mais aceitáveis e, com toda essa queda de produção deste grupo G3, o parecer é de que o criador deve eliminar todo o lote, enviar para o abate e comprar no mercado novilhas dos grupos mais produtivos: G1, G2 e G4. G4 – Os animais deste grupo são menos caracterizados para a raça. Como há uma predominância do Nelore no Brasil, neste grupo estarão todos os indivíduos brancos, de chifres
redondos, avermelhados e pintados. Animais que apresentam maior variação de linha de dorso (indefinida), de aprumos bons e médios permissíveis. Todos os animais de baixo racial, chanfro apenas torto, despigmentações permissíveis também estão no G4. Seriam aqueles mais grosseiros, porém de carcaça forte, largos, profundos, com bons úberes, altura mediana e no limite para pasto. São bastante comerciais. Têm a cor branca, mas não são Nelore. Pode o criador utilizar o G4 como base para Nelore, em função da habilidade maternal desse grupo, que é extraordinária. Evoluir do G4 para Nelore significa conseguir matrizes caracterizadas, mansas e com melhor habilidade maternal. Em função do temperamento dócil e do leite das matrizes do G4, há indicação também para esse grupo o cruzamento industrial. Os resultados são muito lucrativos e altamente interessantes, comprovados com raças europeias e britânicas. Testes comprovaram que matrizes com características do gru-
Matriz grupo G4 apresentando biotipo muito forte de produção na conformação de sua carcaça porém, mostrando um racial voltado para guzerá ou indubrasil
po G4 são de média produção, em função de: - Seus índices de concepção se apresentam sempre inferiores aos grupos G1 e G2 (10% a 15% menor). - Apesar de a presença de matrizes superiores em leite ser maior na média, algumas desmamam seus bezerros antecipadamente ou diminuem a produção após a concepção. - Vacas G4 sempre estarão num escore corporal inferior ao das identificadas no G1 e G2, em que as matrizes que não conceberão (vazias) após a desmama levarão mais tempo para ficar prontas para abate. Temos que ficar atentos ao ponto de liquidez. “Se demora, atrasa; se atrasa, consome; se consome, custa”. - Temos nesse grupo os animais com maiores problemas de aprumos e, consequentemente, de casco virão. Também ocasionam menor longevidade das matrizes no rebanho; logo os custos de manutenção aumentam em função dos cuidados e, assim, haverá maior tempo homem/hora.
Lote de vacas G4 Faz. Vale Formoso (Redenção – PA). Profundas, largas, musculosas de racial voltado para: Tabapuã, Guzerá e Gir
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Fazenda do GAFP A Fazenda Europa, pertencente ao grupo Nasa, possui em Cocalinho, no Mato Grosso, seis mil matrizes. Há oito anos, realiza o GAFP para a seleção da vacada. “Este trabalho vem gerando resultados. O rebanho está extremamente funcional, com habilidade materna, temperamento dócil e padrão racial. Conquistamos a cada ano maior velocidade de ganho de peso e melhor qualidade de carcaça. Com o uso do GAFP, voltamos aos trilhos para trabalhar com uma pecuária moderna e eficiente. Obtivemos grandes resultados, como: nossas matrizes que pesavam em média 14 arrobas passaram a pesar 15,6 arrobas e novilhas de 30 meses chegaram a 14,8 arrobas. O maior ganho foi nos garrotes, a partir de 2011, quando 90% deles pesaram 20 arrobas, com rendimento de carcaça
de 57%, recebendo qualificação Prime da Indústria Frigorífica”, diz o diretor de Agronegócios, Rogério Farias. Em Marabá, no Pará, a Fazenda Vitória possui 1.200 matrizes e utiliza o GAFP em suas duas propriedades, desde 2010. “O GAFP tem nos ajudado no melhoramento genético e, principalmente, nos índices de ganhos, refletindo bastante no manejo de pastagens. Hoje temos, graças ao GAFP, uma lotação de
2,34 UA/Ha. Estamos redividindo a fazenda em piquetes de cinco hectares, formando vários rotacionados, todos com adubações e duas variedades de capim na propriedade: mombaça e grama-estrela. Nossas matrizes estão padronizadas pelo GAFP em 16,5 arrobas e novilhas 30 meses, de 15 arrobas. Os garrotes estamos abatendo com 32 meses e na média de 19 arrobas”, diz o proprietário da fazenda, Adimilson Andrade da Silva.
Mais fazendas participantes do GAFP Fazenda Bonsucesso, Guararapes (SP) Fazenda Nossa Sra. de Lurdes, Redenção (PA) Fazenda Terra Brava, Patos de Minas (MG) Nelore do Golias, Araçatuba (SP) Fazenda Paraiso, Uberlândia (MG) Fazenda Naviraí, Uberaba (MG)
Fêmeas com avaliação GAFP marcadas a ferro quente para facilitar acasalamentos e acompanhamento dos resultados dos grupos
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CONCEPT PLUS CORTE ALTA INVESTE EM PROJETO QUE IDENTIFICA O POTENCIAL DE CONCEPÇÃO DE SEUS TOUROS Comprometida com a entrega de resultados para seus clientes, a Alta Genetics tem investido em pesquisas e programas de relacionamento que visam a ampliar os ganhos do produtor rural. Dentre as iniciativas está o Concept Plus, um programa que identifica touros com as melhores taxas de concepção no campo. Esse projeto implantado nos Estados Unidos possui 200 fazendas parceiras, com a média de 1.000 vacas em cada, contribuindo com informações para a Central. Após a coleta, os dados são expostos a um criterioso método bioestatístico para reconhecer e validar um índice de fertilidade por touro. Inspirada pelo sucesso do projeto nas raças Holandês e Jersey, a Alta lança o Projeto Concept Plus no Brasil, voltado para raças de corte. “O Concept Plus é um projeto arrojado e extremamente importante para a pecuária nacional, pois busca respostas concretas sobre a variação de concepção de touros no campo, o que não é explicado pelas análises laboratoriais, para acabar de vez com uma grande rede de especulações cultivadas no mercado de IATF”, diz o diretor da Alta no Brasil, Heverardo Rezende de Carvalho. 28
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O projeto é realizado no Brasil e tem a execução da Alta em nível mundial, já que as análises bioestatísticas são realizadas na matriz da empresa, no Canadá, seguindo o mesmo rigoroso critério estabelecido para as raças de leite. “O Concept Plus já é um programa consagrado na pecu-
“Só apresentaremos dados para o mercado de alta confiança. Um touro, para ter seus dados divulgados, deverá ter pelo menos 250 informações confiáveis, coletadas no mínimo em cinco fazendas” ária de leite em todo o mundo, em que os touros identificados como de alta fertilidade recebem um selo Concept Plus, enquanto os piores touros são excluídos da bateria da Alta. Esses resultados são extremamente confiáveis e facilmente percebidos no campo,
já que observamos em fazendas de leite americanas e brasileiras que a diferença entre os touros que possuem selo e os demais chegam a 8% na eficiência de concepção”, explica o gerente de Mercado da Alta, Tiago Carrara. No Brasil, o projeto é conduzido em parceria com mais de 80 técnicos distribuídos por todo o país. Segundo Carrara, são veterinários da equipe da Alta, autônomos e de fazendas parceiras que cedem suas informações de IATF para compor a base de dados do Concept Plus. Esta base de dados passa por três fases de compilação e limpeza de dados inconsistentes para, só então, se aplicar o modelo bioestatístico. A precisão dos dados Ao buscar essas informações no mercado, a Alta conseguiu reunir em torno de 413 mil dados das estações 2013/14 e anteriores, que, após passarem pelas fases de consistências e limpeza, foram reduzidos a 126 mil dados de 117 touros. Segundo Heverardo, o baixo aproveitamento das informações é decorrente da falta de padrão na coleta de dados, o que dificultou a comparação entre os touros.
A metodologia aplicada visa a isolar o efeito de concepção do touro dos outros efeitos que influenciam os resultados da IATF. “É um modelo próximo ao ‘modelo touro’ de um teste de progênie convencional, em que, por comparação, excluímos os efeitos ambientais e geramos valores que representam um potencial de concepção de cada touro, como se fosse uma DEP. Assim, apenas comparamos dados de touros que estejam em uma mesma condição de uso, ou seja, excluímos os efeitos de inseminador, mês de inseminação, manejo nutricional, raça do touro, raça da matriz, ordem de parto, entre outros. Ao fazer isso,
conseguimos analisar com mais clareza o chamado “efeito touro” nos resultados de IATF”, explica o responsável técnico da Central da Alta Genetics, Luiz Deragon. Outro ponto de muito critério do programa é em relação à divulgação dos dados. “Só apresentaremos dados para o mercado de alta confiança. Um touro, para ter seus dados divulgados, deverá ter pelo menos 250 informações confiáveis, coletadas no mínimo em cinco fazendas. Os que não alcançarem esse critério vão aguardar a coleta de mais informações”, acrescenta Carrara. Neste primeiro ano, o programa conta apenas com resultados de 26 touros com alta acurácia,
número que tende a aumentar nos próximos anos com a chegada de mais dados do campo. Por ser uma marca reconhecida em nível global, os touros só poderão ser identificados como Concept Plus quando atingir as condições pré-estabelecidas pela matriz da Alta. “Neste primeiro momento, vamos divulgar apenas os touros que estão acima da média e não colocaremos selos neles. Essa decisão foi tomada a partir do pequeno número de touros em que conseguimos resultados e no nível de maturidade do projeto, que ainda está em seu primeiro ano. Contudo, já temos coletados outros 400 mil dados da esta-
Fatores que influenciam diretamente a taxa de prenhez e podem ser determinantes para o índice de fertilidade do rebanho
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ção 2014/15 e estamos certos de que, já no próximo ano, teremos condições de alcançar o status recomendado pela Alta Global, uma vez que os dados desta estação estão sendo coletados de forma mais padroniza-
da”, reforça Heverardo. As parcerias do programa Parceira e fornecedora de genética da raça Nelore para a Alta, a Genética Aditiva foi
uma das propriedades que disponibilizaram todo o banco de dados da fazenda para incorporar as informações obtidas pelo programa. “A Genética Aditiva está atenta e quer sempre estar um passo à frente no que PECUÁRIA EM ALTA
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diz respeito às tecnologias do melhoramento genético. Por isso, acreditamos no programa da Alta e temos certeza de que o Concept Plus vai causar uma revolução na nossa pecuária, principalmente na IATF, com grandes contribuições econômicas e técnicas para podermos ser cada vez mais eficientes dentro da atividade”, diz o diretor técnico da Genética Aditiva, Argeu Silveira. Neste lançamento, a Alta apresenta para o mercado 15 touros com sêmen disponível, que obtiveram resultados acima da média da base avaliada. Os touros que estão com resultados de baixa concepção já deixaram a bateria da Alta e não terão sêmen disponibilizado. “Este é um dos grandes valores do Concept Plus, pois o ganho para o mercado acontece em duas frentes. Por um lado, os clientes terão acesso ao sêmen de touros reconhecidos como superiores em concepção, e por outro, haverá a retirada do mercado de sêmen de touros com concepção inferior. Essa
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ação fortalece ainda mais a fertilidade da bateria de touros da
“Acreditamos no programa da Alta e tenho certeza de que o Concept Plus vai causar uma revolução na nossa pecuária, principalmente na IATF, com grandes contribuições econômicas e técnicas para podermos ser cada vez mais eficientes dentro da atividade” Alta e leva para os clientes mais segurança no uso de nossos produtos”, reforça Tiago. Os touros de baixa concepção não terão seus dados divulgados em respeito aos seus proprietá-
rios, mas, como referência da metodologia utilizada, Heverardo cita o caso do touro da raça Brangus, Mulato, um dos que foram identificados como de resultado inferior no Concept Plus. “O Mulato era reconhecido no mercado como um touro de ótimos resultados, inclusive com dados médios próximos a 60% de concepção. Contudo, poucos atentavam para a matriz que era inseminada, em sua maioria F1 AngusxNelore, reconhecida pela altíssima fertilidade, ou seja, os resultados deste e de outros touros eram impulsionados pela qualidade da fêmea que recebia seu sêmen. Essa situação camuflava seu real potencial. O inverso acontece com outros perfis de touros, os quais são prejudicados pelo ambiente onde são utilizados. O que o Concept Plus fez foi isolar o potencial desse touro, ao compará-lo com outros utilizados em condições idênticas, desmascarando todos os resultados. Essa informação nos dá ainda mais certeza de que estamos no caminho certo”.
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CONCEPTO: UM NOVO CONCEITO EM IATF
Um grande desafio para a pecuária é gerar números de qualidade, de maneira rápida, simples e confiável para que as fazendas sejam eficientes em produzir carne e em gerir bem o seu negócio. Pensando nesses desafios, o IDEAGRI, um dos melhores softwares de gestão e soluções informatizadas para o agronegócio, fruto da parceria entre Rehagro, LinkCom e Alta Genetics, uniu-se à empresa Lageado, em busca de soluções para seus clientes. Dessa união surgiu o Concepto – Um novo conceito em IATF. O Concepto é um moderno programa que possui módulos operacionais e de análises para produzir números de maneira eficiente e auxiliar na gestão das fazendas e das empresas que trabalham com IATF. Foi desenvolvido para que, de forma simples, produtores e técnicos coletem dados 34
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no campo e usem os números para gerar relatórios que permitam análises de desempenho por meio de um sistema web. Apesar de ser um programa jovem, tem um banco de dados robusto e em pleno funcionamento. Chegou ao fim da estação de monta 2014/2015 com mais de 400.000 inseminações lançadas e disponíveis para o Benchmarking. Em questão de segundos, no sistema Concepto Web, o usuário consegue fazer várias análises, sempre em tabela e em gráficos dinâmicos para que a visão dos resultados seja ainda melhor. Podem ser gerados relatórios de desempenho e concepção, por exemplo, com diferentes tipos de protocolo, reprodutores, partida de sêmen, analisando-se o efeito do inseminador, se a inseminação está sendo feita pela primeira vez, enfim, são vários
fatores que podem ser combinados e relacionados até o final de um relatório geral da estação de monta trabalhada. Normalmente, as fazendas não possuem Internet no curral, por isso, o programa oferece o Concepto Desktop. Essa ferramenta permite que o técnico ou mesmo o funcionário da fazenda lance todos os dados no sistema, independentemente de estar conectado. Assim que o usuário tem acesso à rede mundial de computadores, consegue sincronizar as informações coletadas. A partir de então, os usuários (com login de acesso e senha individuais) podem acompanhar os lançamentos e gerar relatórios operacionais ou de resultados, em qualquer lugar do mundo, ou seja, on-line. Mais informações: www.conceptoiatf.com.br
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GIRO NO CAMPO
Os técnicos da Alta percorreram diferentes propriedades por todo o país e trouxeram
exemplos de grandes representantes da bateria Alta. E você? Viu um animal que se destacou
no rebanho? Tire uma foto com ele e mande para a revista Pecuária em Alta.
Participe e envie sua foto para pecuariaemalta@altagenetics.com.br
Dona Eunice e o marido, José Norberto, proprietários do Sítio Recanto Sabiá, em Itapetininga (SP), parceiros da Alta há vários anos, com um lote de novilhas do touro AltaRoss
A zootecnista Ângela Bittencourt aproveitou a oportunidade no Mega Leilão da EAO, realizado na Fazenda Baviera, na Bahia, para garantir sua foto com o recém-contratado da Alta, o touro Pakayr da EAO
Este é o Marco Antônio, parceiro da Alta no programa Alta Advantage e proprietário da Fazenda São Benedito, de Itapetininga (SP), ao lado de uma das filhas do touro AltaMeteor, do seu rebanho. Em sua primeira cria, produz a média de 42 litros diários em três ordenhas 36
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Guilherme Marquez, gerente de Leite Nacional, e Renan Junqueira, gerente de Pecuária da Fazenda Santana, no município de Lins(SP), apresentam uma linda bezerra, filha do touro AltaAsher
@vargem_grande
@rafavelho
@ciclorural
@cavallineduardo
@francisco.alta
@criafertil
@valerioavellar
@ferborgesoliveira
@robertoffh
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Turbo - Monte Verde
A CONSTRUÇÃO DE UMA BATERIA FORTE REPRODUTORES SÃO SUBMETIDOS A AVALIAÇÕES CONSTANTES ATÉ ALCANÇAR SEU STATUS E CHEGAR AO CATÁLOGO DA CENTRAL DE INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL DA ALTA Dentre todas as biotecnologias de reprodução, certamente a inseminação artificial é o caminho mais eficiente para o melhoramento genético. O baixo investimento e a facilidade de aplicação e de formação de mão de obra tornam essa tecnologia acessível para grande parte dos produtores de carne e leite no mundo. Não é à toa que, nos últimos 10 anos, a técnica cresceu mais de 120% no Brasil e os números são cada vez mais expressivos. Neste cenário, um touro de Central de Inseminação Artificial é um animal diferenciado e competitivo no mercado. Ter no plantel um animal com esse status é o sonho de muitos pecuaristas. Seria uma forma de reco38
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nhecer que o trabalho de seleção realizado na fazenda de origem do touro é consistente e bem sucedido. Mas, para que um touro seja promovido a essa categoria, é submetido a avaliações técnicas, comerciais, reprodutivas e, só então, é exposto ao mercado. Um trabalho criterioso é realizado por profissionais de altíssima qualidade, que têm a difícil missão de identificar 0,01% dos touros produzidos no Brasil. Ao contrário do que muitos imaginam, o trabalho de identificação de touros de Central não começa dentro da fazenda, observando apenas os candidatos. “A parte mais relevante desse processo é o trabalho de pesquisa sobre o mercado. Precisamos ter conhecimento sobre
o material genético necessário para atender às reais demandas dos pecuaristas, identificar quais são os gargalos a ser corrigidos e os pontos que irão gerar maior renda para o produtor”, assegura o gerente de Mercado da Alta, Tiago Carrara. O estudo de mercado é extremamente complexo, pois trabalha não só com questões que já foram percebidas pelo mercado como também com aquelas que ainda não são de conhecimento público. “Temos que estar sempre à frente do mercado. Buscamos hoje o animal que será demandado daqui a três anos ou mais, por isso, precisamos observar muito as tendências e estar alinhados com as descobertas científicas”, completa Carrara.
Experts a serviço do sucesso Hoje, a Central da Alta conta com mais de 25 profissionais, de olho nas possíveis demandas de mercado. Essas pessoas observam a interface mercadológica no relacionamento entre consumidor final, indústria e produtor. “Observamos tudo, mas o foco é identificar os pontos que levarão mais dinheiro para o criador. Se acreditamos, por exemplo, que o mercado busca qualidade de carne e o produtor será remunerado por isso, vamos atrás de ferramentas científicas que nos permitam identificar touros que carreiem geneticamente esta característica para dentro do rebanho de nossos clientes”, afirma o gerente de Produto Corte Taurino da Alta, Miguel Abdalla. Após prever o mercado e identificar suas possíveis necessidades, a função seguinte é quantificar essas demandas, estabelecendo critérios que vão nortear a identificação dos touros. “São definidos vários parâmetros, tendo em vista os diversos sistemas de produção existentes. Contudo, independentemente do foco, sempre somos extremamente rigorosos no estabelecimento desses números. Para se ter ideia, na raça Nelore são registrados cerca 200 mil machos por ano na ABCZ, dos quais somente 20 se tornarão touros de Central na Alta. Com essa margem, temos a obrigação de trazer o que há de melhor para nossa bateria”, afirma o gerente de Produto da Alta, Rafael Oliveira. Estabelecidos os critérios, os profissionais da Alta partem para o campo para identificar os responsáveis pela evolução genética da pecuária brasileira. Nesta fase, além dos parâmetros mercadológicos e produtivos, a preocupação é com a consistência genética dos indivíduos, estabelecida a partir de quatro níveis distintos.
Fenômeno - Aberdeen Angus
Funcionário de Naviraí - Nelore
Spartacus - Brangus PECUÁRIA EM ALTA
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CAPA
Não basta o touro estar dentro de uma Central, ele tem que ser um grande produtor de sêmen LUIZ DERAGON, GERENTE TÉCNICO DA CENTRAL DA ALTA NO BRASIL
Os quatro níveis da consistência O primeiro nível de consistência é a escolha da fazenda fornecedora de touros. “Sabendo qual é o critério, partimos para as fazendas que realizam seleção coerente com o que buscamos. Não iremos encontrar, por exemplo, touros precoces em fazendas que não selecionam para precocidade”, diz a consultora técnica de Corte, Roberta Gestal. Outro ponto é o tempo que esta fazenda vem trabalhando a seleção e a pressão de seleção adotada. “Quanto mais tempo a fazenda praticar a seleção e quanto maior for sua pressão de seleção, maior será a frequência de genes desejáveis para a característica no seu rebanho. Quanto mais genes desejáveis o touro possuir, maior a probabilidade de ele passar isso para sua progênie”, acrescenta Roberta. 40
PECUÁRIA EM ALTA
Depois, observa-se o pedigree. Para ser um touro de Central, o mesmo deverá possuir pelo menos três gerações consistentes para a característica estabelecida. “Muitas vezes, encontramos touros com números interessantes, mas com pedigree que não dá sustentação para, no futuro, quando nascer sua progênie, garantir esta avaliação. Preferimos não nos precipitar e nem colocar em risco o negócio do pecuarista. Se queremos um touro forte para habilidade materna, por exemplo, o mesmo deverá ter pais e avós bons para essa mesma característica”, afirma o consultor técnico de Corte da Alta, Marcos Labury. Também é observado o comportamento do animal no reba-
nho. Nesta avaliação, chamada intrarrebanho, é comparado o desempenho do touro em questão com o de outros do mesmo grupo de manejo da fazenda. Segundo o gerente de Negócios da Alta, Adriano Rúbio, não adianta o touro jovem possuir uma avaliação genética forte e não demonstrá-la. Se um tourinho possui números fortes para peso à desmama, deverá ter sido destaque no peso à desmama dentro de sua safra na fazenda. “Em características de alta herdabilidade, que possuem menor interferência do ambiente, o desempenho próprio do animal dá mais consistência e confiança à informação de sua avaliação genética e aumenta a probabilidade de se confirmar esse resultado em sua progênie”.
Por fim, são acessadas diversas ferramentas de auxílio à seleção, sejam tradicionais ou de última tecnologia. “Após confirmar a consistência da fazenda, do pedigree e do indivíduo, ainda aplicamos critérios visuais ligados à conformação de carcaça e a parâmetros raciais, bem como lançamos mão de ferramentas como genômica, ultrassonografia de carcaça, entre outras modernas tecnologias auxiliares ao processo de seleção”, afirma Rafael Mazão. Após todo esse processo, o touro é encaminhado a um teste andrológico e, posteriormente, à Central para coleta de sêmen. O gerente técnico da Central da
Alta no Brasil, Luiz Deragon, explica que não basta o touro estar na Central. “Ele deve ser um grande produtor de sêmen. Na Alta, estabelecemos um padrão máximo de qualidade seminal, pois acreditamos que o melhoramento genético só acontece se a vaca emprenhar e o bezerro nascer. Além disso, nosso compromisso principal com o cliente está diretamente ligado à rentabilidade e, hoje, a reprodução possui impacto financeiro muito forte dentro de uma fazenda”. O objetivo de tanto empenho é único: o sucesso do pecuarista. “Queremos que nossos clientes confiem em nossas propostas, que tenham tranquilidade para utilizar nossos produtos e, principalmente, que ganhem dinheiro dentro da atividade”, conclui a consultora técnica de Corte, Fernanda Borges.
Na raça Nelore são registrados aproximadamente 200 mil machos por ano na ABCZ, destes, somente 20 se tornarão touros de Central na Alta. Com essa margem, temos a obrigação de trazer o que há de melhor para nossa bateria RAFAEL OLIVEIRA, GERENTE DE PRODUTO DA ALTA
Quanto mais tempo a fazenda pratica a seleção e quanto maior for sua pressão de seleção, maior será a frequência de genes desejáveis para a característica no seu rebanho. Quanto mais genes desejáveis o touro possuir, maior a probabilidade de ele passar isso para sua progênie ROBERTA GESTAL, CONSULTORA TÉCNICA DE CORTE DA ALTA
Apache - Nelore
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EVENTOS
BEEF TOUR MATO GROSSO TÉCNICOS DA ALTA VISITAM GRANDES FORNECEDORES DE GENÉTICA NELORE NO SUDOESTE DO ESTADO por FERNANDA BORGES, TÉCNICA DE CORTE DA ALTA BRASIL A missão da Alta visa a construir relacionamentos de longo prazo e criar valor aos seus clientes. Uma das prioridades da equipe é manter o bom relacionamento com os fornecedores de genética. Com esse foco, constan-
temente, a Alta promove visitas a fazendas. É a oportunidade para que técnicos e clientes conheçam a fundo a origem do material genético ofertado ao mercado. Para aproximar a equipe comercial de alguns fornecedores de
genética para a bateria de Nelore, consultores de venda nos estados de Mato Grosso e Rondônia viajaram até Cáceres, no sudoeste do Estado, e conheceram de perto o trabalho das Fazendas Camparino e Ressaca, nos dias 18 e 19 de julho.
Nelore, Nelore Mocho e Sindi. Viram também as novilhas que entrarão na estação de monta 2015/2016, além das doadoras do plantel, incluindo mães de touros de central, como: Lavanda, mãe do touro Samaritano JHV; Benzidina, mãe dos touros Legume e Teatro; Olimpíada, mãe do touro Triunfo; Moqueca, mãe do touro Apache, e D4566 MN, mãe do touro Diferente do JHV, nova promessa da Camparino. Por fim, visitaram os touros que irão à venda no Leilão Naviraí/Camparino, durante a Expogenética.
O dia na Fazenda Camparino foi encerrado com churrasco e muitos doces, preparados pela anfitriã, dona Edilza, esposa de José Humberto.
Fazenda Camparino
De propriedade de José Humberto Vilella Martins, a Fazenda Camparino há mais de 50 anos trabalha na seleção das raças Nelore e Nelore Mocho. José Humberto dedicou grande parte da vida à pecuária, investindo na produção de carne e na seleção de animais geneticamente superiores. Durante o primeiro dia de visitas, os técnicos tomaram conhecimento dos critérios de seleção da fazenda e suas tendências genéticas, visualizando no campo bezerros e bezerras recém-desmamados, ou seja, futuros reprodutores e matrizes das raças 42
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Nelore Grendene No segundo dia de visitas, a equipe da Alta foi à Fazenda Ressaca, de propriedade de Pedro Grendene. O diretor Ilson Corrêa apresentou aos técnicos as matrizes, berço da genética da fazenda e, também, os bezerros recém-desmamados por elas. Foi possível ver os 1.000 touros que serão comercializados em 30 de agosto, no tradicional Leilão 1.000 Touros Nelore Grendene, na Fazenda Ressaca. Também estava lá o touro Tímido da Grendene, nova contratação da Alta, que terá 50% de suas cotas disponibilizadas no Leilão 1.000 Touros e, em
seguida, seguirá para a Central em Uberaba (MG) para coleta e comercialização de sêmen. O Beef Tour MT encerrou o dia de evento à beira do Rio Paraguai, com o prato típico da região, a piraputanga sem espinhas. “Eventos como esse são muito importantes para fortalecer o relacionamento da equipe de vendas com os fornecedores de genética e possibilitar o conhecimento de onde saíram touros líderes de venda na Central. Conhecer as fêmeas e o processo de seleção pelo qual esses reprodutores passaram é fundamental
para indicarmos, com mais segurança, os melhores touros para cada plano genético”, salientou Fernanda Borges, técnica em corte no Mato Grosso.
Tímido é filho de Quinado do IZ em matriz Rambo da MN e tem avaliação muito consistente no Sumário ANCP. É destaque para dez características essenciais para quem tem como objetivo produzir bezerros pesados e fêmeas funcionais.
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RAÇA
Hereford impressiona pelo ganho de peso, rendimento de carcaça, acabamento e marmoreio por MIGUEL ABDALLA, GERENTE DE CORTE TAURINO ALTA BRASIL No Brasil O primeiro animal Hereford chegou ao Brasil em 1906, importado do Uruguai por Laurindo Brasil, de Bagé (RS). O Livro de Registro Genealógico brasileiro foi instituído em 1907, registrando inicialmente animais importados da Argentina e do Uruguai. Em 1910, começaram a nascer os primeiros animais Hereford brasileiros. Posteriormente, em 1928, através de Félix Guerra, de Quaraí (RS), chegou ao Brasil o Polled Hereford, versão mocha da raça. Características zootécnicas
Originária do condado inglês de Hereforshire, uma zona de topografia ondulada e com condições climáticas favoráveis para a produção de pastos superiores, a raça Hereford é conhecida desde 1725. Os “bovinos de cara branca” contaram com um grande trabalho de melhoramento, iniciado com Benjamim Tomkins 44
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(1714-1789) e seu filho, continuador de sua obra, destacando-se como método seletivo a busca de precocidade de abate empregando consanguinidade estreita. Gradualmente, a pelagem “pampa” aos poucos foi se impondo como característica e, hoje, é sinônimo de “marca de pureza” da raça.
A produção de carne é a sua aptidão principal. O gado é resistente ao extremo em condições adversas, tanto ou mais que qualquer outra raça europeia. São muito eficientes em regime de pasto, apresentando nesse contexto terminação adequada ao produzir carcaças de carne bem marmoreada, como exige o mercado. É bem constituído, harmonioso e equilibrado, vigoroso e de bom tamanho, devendo-se evitar ambos os extremos:
o pequeno e o excessivamente grande. Fertilidade, rusticidade, eficiência alimentar, longevidade e adaptabilidade são características básicas de corte, que asseguram que o “gado de cara branca” vai continuar desempenhando um papel de destaque na indústria da carne bovina. Cruza Hereford A raça pura já se provou em campos internacionais, como Uruguai e Argentina. No Brasil, tem se destacado nos pastos do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, principalmente. Entretanto, diversos trabalhos são realizados no Brasil central e no norte do país, onde os produtos ½ sangue advindos desse cruzamento (Hereford x Fêmea Zebu) têm impressionado produtores devido ao excelente ganho de peso, rendimento de carcaça, acabamento e marmoreio. Alguns trabalhos mostram que a cruza tem sido satisfatória pelas características de carcaças, pela precocidade na terminação, como também pelo maior desempenho em ganho de peso quando comparado a outros tipos de cruzamento.
Venda de sêmen A utilização da raça Hereford tem sido otimizada em todo o país. Prova disso é a evolução na comercialização de sêmen, segundo a Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), nos anos de 2013 e 2014. Em 2013, foram comercializadas 95.887 doses, contra 134.753 em 2014, o que representa 40% de aumento. Tudo indica que o fechamento para este ano também será positivo
Conheça a ABHB A entidade brasileira oficial que cuida dos interesses dos criadores de bovinos das raças Hereford, Polled Hereford e Braford foi criada em 1958, no município de Bagé (RS). Hoje, sob a denominação de Associação Brasileira de Hereford e Braford (ABHB), atua na seleção e no registro dos produtos dessas raças.
Confira mais touros da bateria Hereford no catálogo Corte Taurino 2015/2016
Tapera - Polled Hereford
Capivari - Polled Hereford PECUÁRIA EM ALTA
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LEITE
COMPOST BARN INSTALAÇÃO CORRETA DO SISTEMA GERA BENEFÍCIOS ECONÔMICOS E AUMENTA PRODUTIVIDADE Utilizado nos EUA desde a década de 80, o Compost Barn começa a conquistar adeptos no Brasil. Não existe um perfil específico de produtor para a implantação do sistema, que pode ser feito por uma propriedade de dez vacas até outra com 500 vacas ou mais. O que se deve levar em conta é a quantidade de leite produzido e a capacidade de retorno de um investimento como este. A popularização do sistema entre os produtores brasileiros tem gerado muitos mitos e, principalmente, a falta de critérios corretos de construção e manejo. O que se observa é que os produtores com resultados econômicos positivos com o sistema são aqueles mais criteriosos e detalhistas. “Para
aconselhar os produtores brasileiros que vão utilizar o sistema ou que já o fazem, eu diria o que os produtores americanos me disseram quando fui visitá-los: use a metragem correta de 9,3 metros quadrados de cama por animal; empregue cama seca e fina, de preferência serragem ou maravalha; recorra a ventiladores para produzir pelo menos 3m/s de vento para as vacas e faça um projeto e o estude antes de começar a construção. Olhar o do vizinho não é a melhor opção”, sugere o médico veterinário Sandro Viechnieski, parceiro Star Milk, uma propriedade que produz cerca de 6.400.000 litros de leite/ano. O sistema Compost Barn é um espaço em que não existe qualquer
Modelo e dimensões aproximadas de um barracão de compostagem
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tipo de contenção para a vaca se deitar. No ambiente confortável, consegue-se alojar animais de diferentes tamanhos, raças ou produções de leite. A área de alimentação é separada, dividida da cama por uma mureta e tem piso concretado. Os bebedouros de água também são posicionados perto da alimentação e protegidos da cama, para que nunca sejam molhadas. O sistema caracteriza-se basicamente por uma cama de material de fácil compostagem aerada todos os dias. A novidade no Brasil requer muito cuidado. A revista “Pecuária em Alta”, juntamente com o médico veterinário Sandro Viechnieski, selecionou algumas dicas para a correta instalação e manutenção do Compost Barn.
Compost Barn no Brasil Os primeiros projetos surgiram por volta de 2010, mas só no início de 2014 começaram a ser executados. Pouca coisa foi aproveitada do estilo americano das construções. Tem se misturado muito o sistema americano
Especificações técnicas • Espaço para cada animal: trabalhos mais recentes apontam que para a raça Holandesa em lactação são necessários 10 metros quadrados por animal e para vacas Jersey em lactação, 8,5 metros quadrados. Para outras categorias de animais (vacas secas, novilhas prenhas, novilhas em IA, novilhas menores) é necessário um espaço menor, respeitando a unidade animal, principalmente pela produção de urina e dejeto. Quando é dado aos animais um espaço de cama menor, corre-se o risco de aumentar muito os acidentes, como, por exemplo, o corte de cauda e de tetos. • Altura do pé direito: deve-se ter pelo menos cinco metros de altura de pé-direito. Essa altura melhora a ventilação natural e, também, oferece espaço suficiente para a
com o israelense. Esses sistemas possuem diferenças e a utilização de ambos pode gerar complicações. No Brasil há o reaproveitamento de construções já existentes, como galinheiros ou pocilgas sem uso, além de outros
instalação de ventiladores no sistema. Barracão com pé-direito baixo é perigoso para o
barracões sem utilização. A construção física pode ser utilizada, mas os conceitos principais do sistema devem ser considerados para evitar a dificuldade de manejo diário e o comprometimento dos resultados.
animal e impossibilita a passagem do trator para aeração correta da cama.
Barracão com boa altura de pé direito facilitando a ventilação e manejo dentro do CB
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LEITE
• Distância entre um galpão e outro: para que uma construção não bloqueie a ventilação natural de outra, é necessário que a distância entre elas seja de no mínimo 20 metros. • Instalação de cortinas laterais: cortinas laterais são instaladas nos Estados Unidos basicamente pelo frio intenso que ocorre em certas regiões, muito diferente da realidade brasileira, com exceção de alguns períodos no sul país. As cortinas impedem que a temperatura da cama baixe além do nível desejado e, consequentemente, que as bactérias da compostagem morram. Colocar cortinas para evitar que possíveis chuvas entrem no barracão é a prova do erro no projeto, possivelmente no beiral. Para evitar 85% das chuvas, o beiral deve ter pelo menos 30% da altura do pé-direito, ou seja, pé-direito de 5 metros, beiral de 1,5 metro.
• Terreno ideal para construção: qualquer terreno é propício para a construção, desde que a mesma seja posicionada leste-oeste para evitar a entrada de sol no barracão. Uma leve inclinação no terreno, de 1,5% no sentido do comprimento do barracão, poderá ser observada.
• Acesso à água: o principal fator é cuidar para que a água fique separada da cama, ou seja, as vacas não devem ter acesso à água quando estão deitadas ou na cama. A maioria dos projetos tem bebedouros localizados ao longo da pista de alimentação, que pode estar localizada no centro do barracão ou em suas laterais.
• Dimensões da pista de alimentação: a pista deve ser concretada com quatro metros de largura, para que possam existir no mesmo ambiente uma vaca comendo, outra bebendo água e uma terceira com espaço para passar entre as duas. Pistas com 3,5 metros funcionam bem quando há bebedouros espalhados pelo corredor de alimentação. Pistas menores fazem com que as vacas menores, mais novas ou mais “tímidas” não se alimentem corretamente.
• Acesso à área de repouso e ventilação: ao construir uma mureta de separação entre a pista de alimentação e a cama dos animais é preciso garantir, a cada 15 metros, um acesso de dois metros de largura no máximo. É necessário se lembrar da necessidade de oferecer, pelo menos, duas passagens por lote ou grupo de vacas, se houver divisão de lotes dentro do barracão. A ventilação é um dos pontos mais importantes do projeto. São fundamentais ventiladores para resfriar as vacas e secar a cama de compostagem quando esta fica com muita umidade. Para que sejam eficientes, os ventiladores precisam mandar 3m/s a uma altura de um metro da cama. Esta velocidade serve para resfriar a vaca. Para secar a cama, é necessário que estejam a 5 centímetros de altura da cama e a velocidade do vento, em torno de 1,8m/s. Esta velocidade é medida com um anemômetro.
Bebedouros na área de concreto sem acesso pela cama
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• Custo médio: de acordo com Sandro, a propriedade da Star Milk, em Céu Azul, no oeste do Paraná, possui o sistema desde 2012. O custo por animal foi de cerca de R$ 3.500,00, ou seja, um barracão para cem vacas sai-
ria em torno de R$ 350.000,00. “Claro que este valor pode variar de propriedade para propriedade, mas um barracão sendo construído do zero, com todas as especificações corretas, difi-
cilmente sairá por menos do que isso nos dias de hoje”, completa. O tempo médio de construção do Compost Barn para abrigar 100 animais varia de quatro a cinco meses, dependendo do
número de funcionários na obra, da disposição dos materiais, condição climática etc. As dimensões corretas para a construção de um Compost Barn estão planificadas na figura abaixo.
Medidas ideais para a construção de um CB para vacas
• Materiais utilizado nas camas: o material comumente utilizado é a serragem ou maravalha. Esse material é o que melhor desenvolve a compostagem. Basicamente, o material precisa ser fino (para que a absorção de água seja melhor e também sua aeração), seco (para que ele possa também absorver melhor a água) e ter boa concentração de carbono: nitrogênio (C:N). Materiais que não passam por secagem prévia podem conter até 60% de umidade, fazendo com que o poder de sugar a água da cama seja reduzido. A relação de C:N está entre os fatores mais importantes, pois dela depende a funcionalidade da compostagem. Uma compostagem perfeita ocorre quando esta relação é de 30 pares de carbono
para uma de nitrogênio. A vaca deposita diariamente nitrogênio
“Use ventiladores para produzir pelo menos 3m/s de vento para as vacas e faça um projeto e o estude antes de começar a construção. Ir olhar o do vizinho, não é a melhor opção” na cama na forma de esterco e urina, portanto, a cama deve ter muito mais carbono do que ni-
trogênio na sua composição. A maravalha ou serragem tem aproximadamente 865:1, dando uma boa relação de compostagem ao longo do tempo. Outros materiais são utilizados no Brasil, principalmente as cascas do café e do amendoim. Esses materiais têm, em média, baixa relação C:N, ou seja, em torno de 35 a 50:1. A reposição torna-se frequente e trabalhosa, mas não inviabiliza a utilização. Dois materiais não recomendados para fazer uma compostagem são: casca de arroz (por sua baixa capacidade de absorção de água e baixa degradabilidade) e bagaço de cana (por sua fermentação ser muito diferente e ter muita glicose, multiplicando rapidamente bactérias indesejáveis).
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• Altura das camas: a cama deve começar com pelo menos 30 centímetros de altura, uma vez que, diariamente, faz-se necessário aerar (remexer) pelo menos os 25 cm superiores da cama. Com o passar do tempo, é necessária a reposição da cama (pela umidade ou pelo que exige a relação C:N). • Manutenção e reposição das camas: a cama deve ser reposta, verificando-se alguns fatores. Os americanos a repõem quando começa a grudar nas vacas (as vacas ficam sujas pela umidade da cama); conforme a rotina de tempos pré-programados; quando gruda no equipamento, e, por fim, quando há disponibilidade. “Na minha experiência, a reposição deve ser feita de maneira rotineira, pois nos dá menor chance de erro, já que entre todos os fatores de sucesso no barracão de
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compostagem, a cama é o mais importante”, alerta Sandro. Para revolver as camas, o mais comum é a utilização de um escarificador, que vai fazer com que haja uma boa aeração dos 25 centímetros superiores da cama. Alguns produtores também utilizam rotocultivadores (parecidos com mexedores de cama de aviário).
• Periodicidade de troca das camas: a troca das camas se dará pela altura da mureta de contenção que foi construída. O importante da troca é retirar os 10 cm superiores (parte viva e importante) da cama velha e iniciar a cama nova com ela. Normalmente, a remoção se dá de uma a duas vezes ao ano.
Compost Barn X Free Stall Os sistemas Compost Barn e Free Stall se diferem, principalmente, na construção. O Compost Barn precisa de uma área maior por vaca alojada. Outro importante fator é a relação de manejo de dejeto. No Compost
Barn, o dejeto fica alojado no próprio barracão, enquanto no Free Stall convencional deve ser acomodado fora desse espaço, pois representa um grande volume e, consequentemente, uma preocupação ambiental.
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LEITE
O TOURO PROVADO por GUILHERME MARQUEZ, GERENTE DE LEITE NACIONAL DA ALTA BRASIL Estamos sempre buscando potencializar ao máximo os investimentos em nossas propriedades rurais, ora por tecnologia mais eficiente ora por profissionais mais capacitados. Nesse contexto, a genética se torna uma tecnologia que pode trazer resultados mais lucrativos à produção pecuária, a partir de touros provados em sumários bem como de jovens reprodutores, que muitos os chamam de aventura genética. Quando falamos sobre um touro provado, estamos nos referindo a um indivíduo que participou de um programa de melhoramento genético chamado de Teste de Progênie e teve
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o resultado desse programa divulgado. O resultado é o reflexo de como suas filhas se comportaram em determinadas características, como, por exemplo, em produção de leite. Para os bovinos leiteiros, temos vários programas que se diferem por suas raças específicas. Os touros da raça Holandês possuem o seu programa em sua totalidade fora de nosso país. Já os touros de raças nacionais para leite, como Gir Leiteiro, Girolando e Guzerá Leiteiro, possuem programas de melhoramento genético aqui no Brasil. Os programas geralmente funcionam da seguinte forma: associações de raça desenvol-
vem um parâmetro de seleção fenotípica e genotípica em que o touro tenha que se encaixar, como, por exemplo, valores genéticos de leite de seus pais, produção mínima de leite de sua mãe, conformação superior, libido e temperamento. Após essa seleção, os touros são levados para uma empresa de inseminação e algumas centenas de doses são coletadas. Essas doses são identificadas apenas com um código, sem a divulgação dos nomes dos touros, para que o rebanho colaborador não faça acasalamentos seletivos, priorizando um ou outro animal. Falando em rebanho colaborador, entendemos que os mesmos são
rebanhos heterogêneos por todo o Brasil e pré-cadastrados em suas diversas associações. Assim, utilizando da rede de técnicos das associações, esse material é distribuído e há orientação do seu uso. São mais de cinco anos e 11 meses de espera. Após o encerramento da primeira lactação, são copilados os dados e avaliado o desempenho de cada filha em comparativo ao rebanho contemporâneo em que ela se enquadra. É então divulgado o Sumário de Touros, com as informações de cada um deles sobre o desempenho de suas filhas em diversas características de manejo, produção e conformação. Essa informação gera credibilidade, pois temos a confiabilidade de um resultado concreto. Quando falamos de touros jovens, estamos nos referindo aos touros que ainda não tiveram seus resultados divulgados. Nesses animais é observada a conformação e as médias de valores genéticos estimados de seus pais, ou seja, a distância entre o que é esperado e o real é um pouco maior, trazendo uma confiabilidade de uso menor do que a do touro provado, porém com uma genética mais moderna e produtiva. A orientação se faz com grupos de touros. Seguimos sempre o uso de 70% de touros provados e 30% de jovens reprodutores. Com as novas tecnologias, estamos muito próximos de adiantarmos informações com base no estudo genômico de cada raça. Um estudo já é real na raça Holandês, é identificado na raça Gir Leiteiro e está em finalização na raça Girolando. O futuro já é realidade e as provas genômicas, com certeza, mudarão a velocidade e os rumos do melhoramento genético de nosso país.
Alguns Touros Provados da Alta Brasil
Jacuba Titânio Bendeitor Celsius 5/8 - Girolando
Impacto FIV da Prata Jac 5/8 - Girolando
Fausto Polo Itaúna 5/8 - Girolando PECUÁRIA EM ALTA
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CASOS DE SUCESSO
GENÉTICA DE SUCESSO Um dos grandes desafios da pecuária brasileira é preparar a nova geração, formar profissionais que vão herdar o futuro dos negócios. A genética de sucesso
deste mês apresenta um caso de sucessão familiar que deu certo. Pais e filhos que trabalham juntos e já saltaram de 35 litros de leite diários para quase quatro
mil. Outro destaque é um projeto que enfrenta os desafios nordestinos e produz leite com sistema de pastejo rotativo e um plano de adubação eficiente.
FAZENDA CONVENÇÃO O SOLO ONDE DESAFIOS SÃO CULTIVADOS
Charles e Vinícius, colaboradores da ordenha, Allex Maron, proprietário da fazenda, Gustavo Almeida, representante Alta e Antônio Profeta, técnico em reprodução
Em meados da década de 80, diversas propriedades do sul e extremo sul da Bahia tiveram suas lavouras cacaueiras praticamente dizimadas por fungo. A “vassoura de bruxa” dizimava a produção e a economia regional. A saída encontrada pela Fazenda Convenção, situada em Itabuna (BA), foi buscar a pecuária leiteira como forma de tentar não se excluir da atividade rural, visto que as propriedades eram de extensão territorial pequena e não permitiam outra exploração em larga escala. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) impedia a substitui-
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ção da lavoura de cacau como forma de garantir a preservação da Mata Atlântica. A seleção do rebanho leiteiro da Fazenda Convenção teve início no ano de 1991, com o aproveitamento de 80 hectares de pastagens existentes na propriedade de 350 hectares. O restante da área era destinado às lavouras de cacau. Allex Montenegro Maron e o filho Alex Maron foram superando os desafios, sempre com o auxílio de diversos profissionais. A formação do rebanho se deu por aquisições de criadores regionais. O objetivo era adquirir animais de alto potencial leiteiro e direcionar os cruzamentos para utilizar touros melhoradores por meio de inseminação. Com o falecimento de Allex, em 2011, a atividade prosseguiu sob o comando de seu filho Alex Maron. Em 2013, as mudanças se fizeram necessárias. O médico veterinário João Machado contribuiu para a melhoria das pastagens. Apostou na exploração mais eficiente, otimizando a lotação do animal por hectare e reduzindo custos.
Tendo como base um projeto de pastejo rotativo e um plano de adubação eficiente, supervisionado pela zootecnista Priscila Lasmar (Alta Genetics – PZL Consultoria), os resultados alcançados vêm se mostrando satisfatórios. A lotação que se busca é de 18 unidades de animal por hectare (U.A/ha), considerada um desafio para um pastejo de sequeiro. A projeção é para 2017. A lotação vem sendo incrementada a cada ano, com 8 U.A/ha em 2013 (início do projeto) e 10 U.A/ha em 2014. A lotação em 2015 é estimada em 13 U.A/ha. Atualmente, o rebanho é composto por 53 vacas cruzadas (boa parte Girolando), com 75% das vacas em lactação, suplementadas em dois tratos diários na hora das ordenhas e produzindo aproximadamente 15 mil kg/leite por mês. O pastejo utilizado pelas vacas em lactação ocupa três hectares, subdivididos em 28 piquetes. A forrageira escolhida para ocupar o pastejo foi o capim-tangola. A reprodução e a linha genética dessas matrizes recebem os cuidados do técnico em Biotec-
nologia Animal, Antônio Profeta de Oliveira Filho, e do zootecnista Gustavo Almeida, por meio da representação da Alta Genetics – Nutrigen. Em 2015, a propriedade decidiu apostar na utilização de sêmen sexado em 100% do seu rebanho, com a intenção de otimizar uma renovação com maior velocidade, com maior valor genético e incrementar a quantidade de matrizes formadas dentro do plantel. Como o projeto leiteiro utiliza, atualmente, de maneira intensiva, apenas seis hectares (lactação e recria), sobram ainda 24 hectares em sistema extensivo de exploração. O direcionamento é buscar o incremento advindo da utilização do sêmen sexado, visando a voltar a ocupar os espaços vazios ou subutilizados de pastagens contidas na propriedade. Geneticamente, após trabalhar com reprodutores em sêmen convencional, como os Holandeses Bart, Blastoff, Miner, Magistrate e Terror e os touros Girolando Relâmpago, Famoso, Estand Luke, Potter Kaien, Jaguar das Três Passagens, Impacto Fiv Prata e Charmoso, o investimento hoje é voltado para os Girolando Rock Goldwin, Jagunço IV, Bond Choral, Nicolau e Fausto, os Holandeses Decree, Hessel e Minister e, ainda, para os touros Jersey Perform, Santiago e Layne. Tudo é feito buscando gerações de acréscimo produtivo e genético no plantel. Na Fazenda Convenção, todos os profissionais se motivam com o lema da propriedade: “Aqui neste solo nós cultivamos desafios!”.
Nicolau Fausto Itaúna PS Fausto Polo x Java Gaiato
Jagunço IV FIV Shottle 5/8 Picston Shottle-ET X Colônia Sansão OG
Sobre a Regional A regional Itabuna é parceira da Alta desde 2000, tendo fixado endereço na cidade, em 2004, fomentando o trabalho na Bahia. Abrange a macro região compreendida entre Eunápolis, Santo Antônio de Jesus, Jequié e a região cacaueira. Possui parceria com vários veterinários trabalhando com IATF, acasalamentos dirigidos, seleção de rebanhos, provas de ganho de peso, formação e implantação de pastejo rotacionado. O telefone para contato é (73) 3617-2773.
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CASOS DE SUCESSO
FAZENDA LAGOINHA UM EXEMPLO DE EMPRESA FAMILIAR DE SUCESSO A Fazenda Lagoinha, localizada em Divinópolis (MG), iniciou suas atividades na pecuária leiteira em 1985, com apenas quatro vacas de leite e produzindo 35 litros de leite por dia. Nos anos 90, os proprietários incorporaram a inseminação artificial no rebanho, buscando melhoria genética e produtividade. Paralelo a esse investimento, começaram a adquirir animais ao longo dos anos. A maior compra foi realizada em 2012. Os 75 animais provenientes de um rebanho com maior variação de grau de sangue se diferenciaram do gado já existente na fazenda. Em 2014, a Lagoinha investiu na compra de 80 embriões e mais oito bezerras da Fazenda São João, de Inhaúma (MG), um rebanho de produção nacionalmente reconhecido. Essas bezerras, provenientes da importação feita da Fazenda Bomaz, nos EUA, entraram no rebanho com o objetivo de ser doadoras. A ideia foi possibilitar a multiplicação mais rápida da genética e o crescimento acentuado da fazenda. A perspectiva é possuir um rebanho de cerca de 350
animais em lactação, com uma produção superior a 10.000 quilos diários, em seis anos. A fazenda tem 45 hectares próprios e mais 100 hectares arrendados. São produzidos 80 hectares de milho na safra e mais 30 hectares na safrinha, além do milho como volumoso. Há também quatro hectares de Mombaça, colhido diariamente e utilizado na dieta dos animais. Dos 350 animais, são 160 vacas em lactação, com a produção diária de 3.950 quilos; 35 vacas secas, 95 novilhas acima de 12 meses até o parto e 60 bezerras abaixo de 12 meses. O casal Ivandir Martins Ferreira e Maria da Glória Bueno Ferreira tomou conta da propriedade até 2005, mas, hoje, os filhos Cristian e Cristiano já estão formados e também trabalham na Lagoinha. As funções de cada um são bem definidas. Cristian é responsável pelo financeiro e pelo manejo nutricional e Cristiano cuida da reprodução e da qualidade do leite. Dona Glória tem a incumbência de zelar das bezerras e o senhor Ivandir dedica-se à agricultura e à produção de volumoso.
O sistema de criação Até 2012 o sistema de produção da fazenda era baseado no pastejo, na época do verão, e no confinamento, durante o inverno. A variação na produção dos animais nesses dois períodos levou a família a alternar o sistema. No verão, ocorria uma queda significativa da produção e, além disso, a diminuição dos índices reprodutivos. No início de 2013, os animais entraram no free stall, uma estrutura que levou anos para ser construída. Todo o recurso necessário para o investimento foi retirado da própria fazenda. Com o local e projeto definidos, ocorreram etapas de construção; inicialmente, uma pista de alimentação, para que os animais pudessem ser tratados na época do inverno. Ao final, foram produzidas 200 camas dentro do projeto. A mudança no sistema de produção melhorou a qualidade do leite, diminuiu gastos com medicamentos e, com a diminuição na perda de produção, o descarte de animais passou a ser menor. Manejo reprodutivo O trabalho era feito a cada 15 dias, mas, percebendo que estavam deixando de trabalhar muitos animais, a partir de 2015, passaram a realizá-lo semanalmente. O objetivo dessa mudança foi elevar a taxa de serviço, já que a detecção de animais em
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Paulo José Vasconcelos, representante Alta, entre os irmãos Cristian e Cristiano Ferreira
cio não era considerada muito boa. As quedas bruscas ocorriam em duas épocas do ano, novembro e fevereiro, quando todos estavam envolvidos com o plantio e a colheita de silagem. A reprodução realizada semanalmente facilitou a utilização de Protocolos (IATF) e de ressincronização dos animais, possibilitando a diminuição no intervalo entre partos e, consequentemente, nos Dias em Lactação (DEL). A ação proporcionou um incremento significativo na produção média dos animais. Além de mais bezerras nascidas, houve um crescimento mais acentuado do rebanho. Nas novilhas é utilizado sêmen sexado, no máximo duas vezes por animal. As que não ficam prenhes são inseminadas com sêmen convencional. O plano genético O primeiro acasalamento da fazenda foi feito em 2001. Hoje, cerca de 90% do rebanho é oriundo de genética Alta. Com o início do free stall, a preocupa-
ção maior foi com a permanência dos animais na fazenda. A busca se deu por animais que apresentavam maior vida produtiva, com bons úberes e boas pernas, pois o rebanho vem de um sistema de cruzamento absorvente. No ano passado, a atenção foi direcionada para a saúde, e neste ano decidiram manter esse foco, especialmente analisando as características funcionais dos animais. Parceria Alta O sucesso e o crescimento da fazenda só aconteceram devido à dedicação da família na atividade. Todos estão prontos para atender qualquer eventualidade. Juntamente com essa dedicação, par-
cerias foram formadas ao longo dos anos, possibilitando os bons números obtidos hoje. “A Alta para nós é uma parceria que gera resultados. Preocupa-se com o futuro, trazendo sempre inovações a serem aplicadas”, diz Cristian. “A cada visita, a equipe da Alta adiciona conhecimentos e traz soluções para questionamentos de manejo e do dia a dia da fazenda como um todo”, completa Cristiano. A Alta é a empresa que representa a fazenda. A equipe, liderada pelo gerente regional Belo Horizonte – Sul, Paulo José Moraes Vasconcelos, está sempre disposta a repassar conhecimentos e mostrar alterações positivas para o crescimento. O resultado é evidenciado em números, visto que hoje os animais de primeira cria são superiores em produção e em qualidade aos de segundo e de terceiro partos ou mais. “A região tem uma história de que a atividade leiteira não é rentável e que quem investe sempre tem uma segunda atividade para ‘sustentar’ o leite, mas isso pode ser desmitificado. A Fazenda Lagoinha é a prova disso. Posso afirmar que, com dedicação, conhecimento e vontade, conseguimos colher ótimos resultados”, finaliza Paulo José.
Sobre a Regional A regional BH-Sul é parceira da Alta há 17 anos. A equipe é composta por veterinários que prestam serviços na área de reprodução, nutrição, acasalamentos direcionados e manejo, auxiliando o produtor na atividade leiteira como um todo. O telefone para contato é (31) 3296-3073.
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ENTREVISTA
MELHORAMENTO GENÉTICO EM PAUTA Formado em Zootecnia pelas Faculdades Associadas de Uberaba (Fazu), Luiz Antônio Josahkian começou a trabalhar na Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) em 1984, como técnico de registro, assumindo, posteriormente, a chefia das chamadas “Provas Zootécnicas”, que envolviam a seleção para peso e leite das raças zebuínas. Desde o início, envolveu-se com o melhoramento genético e se tornou jurado efetivo das raças zebuínas, atuando algumas vezes no Brasil e no exterior. Especializou-se em Produção de Ruminantes pela Universidade Federal de Lavras (Ufla) quase na mesma época em que assumiu a superintendência técnica da ABCZ, cargo que ocupa até hoje. Ele também é responsável por ministrar a disciplina de Melhoramento Animal na Fazu. Atualmente, temos vários programas de melhoramento genético com a finalidade de identificar animais superiores. Com a sua experiência, o que podemos esperar para um futuro próximo? Os programas de melhoramento começaram a tomar forma efetivamente no país a partir da década de 1990. Em termos de melhoramento genético para bovinos, onde o intervalo entre gerações é longo (cerca de 4 a 5 anos), é um tempo relativamen58
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te curto para que eles tenham contribuído com todo o potencial que têm para modificar, para melhor, nossos níveis de produção. Entretanto, não há dúvidas de que a pecuária, sobretudo a de corte, mudou com a entrada em cena dos programas de melhoramento. Lembro-me mui-
“Procurar o animal ideal é quase o mesmo que procurar o Santo Graal ou uma agulha no palheiro, se preferirem. O que existe são animais adequados para cada sistema de produção, e sistemas de produção no Brasil mudam praticamente de fazenda para fazenda” to bem das primeiras vezes em que as hoje corriqueiras DEPs foram apresentadas. Havia um misto de incredulidade e encantamento por parte dos criadores porque eram muitas novidades e ainda tínhamos de lidar com
o caráter abstrato da genética – algo que você não vê a não ser pelos seus efeitos, os quais nem sempre são rapidamente percebidos. Penso que é essa fase de amadurecimento dos programas de melhoramento que estamos vivendo agora, não exatamente por parte de todos os programas, mas, o que é principal, por parte dos demandadores de genética. O mercado está mais capacitado a interpretar e usar as avaliações genéticas e isso gera um laço de retroalimentação para os programas – eles devem atender ao mercado, e não impor ao mercado o que querem ou podem oferecer. Possivelmente, estamos perto de um ponto de equilíbrio: programas maduros, eficientes e conectados com seus clientes que, por sua vez, sabem demandar e avaliar o que lhes é ofertado. Discute-se muito sobre o distanciamento de selecionadores animais para pista de criadores focados em características funcionais das raças por meio das avaliações genéticas. Como unir esses polos: pista de julgamentos e programas de melhoramento genético? Não existe animal ideal. O que existe são animais adequados para cada sistema de produção e os sistemas de produção no Brasil mudam praticamente de fazenda para fazenda. Partin-
do desse princípio, creio ser presunçoso para qualquer grupo de selecionador se intitular o melhor ou o mais adequado. A verdade não é absoluta em genética: o que funciona bem em um sistema de produção pode ser a pior solução para outro sistema e vice-versa. Respeitar a diversidade de abordagens seletivas tem me parecido, cada vez mais, a melhor e mais respeitosa postura. Outro fenômeno que se observa é a mitificação das DEPs. As DEPs (ou PTAs) são o que são por suas próprias definições: a melhor estimativa que podemos fazer para uma dada característica, em um dado momento, com um dado conjunto de dados. Elas não são oráculos infalíveis, não são exercícios de futurologia. São ferramentas que o selecionador tem que aprender a usar com critério e associadas a outras ferramentas que traduzem o que as DEPs não são capazes de medir. Neste ponto, entram exatamente os aspectos que são focados nas pistas: o biótipo, a funcionalidade, o vigor, as definições sexuais secundárias. Todos eles, quesitos para os quais não temos avaliações genéticas. Unir os dois polos, se é que eles existem de fato, seria um ganho para todos. A seleção seria mais completa. Quais características econômicas podem oferecer respostas mais rápidas com o melhoramento genético em zebuínos? Por princípio geral de melhoramento, seriam todas aquelas características que apresentem alta herdabilidade, um parâmetro de população que mede o
quanto da variação que nós observamos em uma dada característica é devida aos efeitos genéticos aditivos que, como o nome sugere, são acumulativos ao lon-
“DEPs não são oráculos infalíveis, não são exercícios de futurologia. São ferramentas que o selecionador tem que aprender a usar com critério e associadas a outras ferramentas” go das gerações. Nesse grupo, em geral, estão as características de crescimento, de ganho em peso, estrutura, dentre outras. Por outro lado, as características reprodutivas apresentam,
segundo a literatura, herdabilidades no máximo medianas, o que implicaria em dizer que elas não seriam importantes em um processo seletivo. Mas isso seria o pior dos erros. Características reprodutivas precisam ser incluídas permanentemente no critério de seleção e, mais ainda, liderar a lista de critérios. As razões são muito simples: ninguém seleciona o que não existe (se não nascer não existe) e, se a reprodução vai bem no rebanho, ela se torna um excelente indicador do chamado “fitness” ou valor adaptativo dos animais. A genômica está começando a ser mais conhecida e divulgada nas raças zebuínas, os resultados vão representar realmente uma revolução no melhoramento genético? Quais as ações da ABCZ neste sentido? PECUÁRIA EM ALTA
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ENTREVISTA
A genômica, desde a publicação do genoma humano, tem sido a grande fronteira do conhecimento que estamos tentando cruzar. A cada dia, surgem novidades e centenas de genes são identificados. Esse avanço, ao mesmo tempo que é muito bom, tem mostrado que a genética é mais complexa do que gostaríamos. Possivelmente, nenhum gene tem uma única ação, embora alguns deles possam ter ações muito expressivas. Mal abrimos o livro da vida e, entre abri-lo e ter competência para decifrar o “genetiquês” em todas as suas sutilezas e interações, vai levar um bom tempo. De qualquer forma, estamos no caminho. Em 2014, a ABCZ compôs um departamento de pesquisa, com profissionais especializados em melhoramento genético, análise de dados, estatística e bioinformática, que é responsável pelas avaliações genéticas do Programa de Melho-
ramento Genético de Zebuínos (PMGZ). Essa equipe, em parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV), tem o grande desafio de implementar a seleção genômica nas avaliações genéticas tradicionais. Entretanto, o custo do processo ainda é muito limitante para que se obtenham grandes conjuntos de dados.
“As centrais se tornam um elo fundamental da cadeia de produção. Cabe a elas multiplicar exponencialmente a genética de alguns animais e isso as tornam corresponsáveis pela evolução da pecuária” Qual o efeito do mérito genético na comercialização dos produtos (touros e matrizes), seja nas feiras ou nos leilões da Pró-Genética (PMGZ) ou mesmo nas vendas nas propriedades e demais eventos? Estamos vivenciando uma fase de amadurecimento e familiaridade dos produtores com os programas de melhoramento. A terminologia da área passou a ser incorporada rotineiramente nas transações comerciais, sejam de qual nível estivermos falando. Mesmo nas feiras ProGenética, voltadas para o micro e pequeno produtor rural, existe uma per-
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cepção de valor agregado para aqueles animais que apresentam méritos genéticos conhecidos e superiores. Isso é um ótimo sinal. Qual a importância das centrais de inseminação artificial no melhoramento genético bovino? Creio que entre os poucos consensos de literatura e de mercado, o reconhecimento de que o melhoramento é extremamente acelerado pelo uso de touros melhoradores é um deles. Nesse contexto, as centrais se tornam um elo fundamental da cadeia de produção. Cabe a elas multiplicar exponencialmente a genética de alguns animais e isso as tornam corresponsáveis pela evolução da pecuária. Sem dúvida, estão cumprindo bem o seu papel. A Alta bateu um recorde na pecuária, em 2014, comercializando em apenas um ano mais de 4 milhões de doses de sêmen. Para conseguir êxito nos resultados, está sempre ao lado dos programas de melhoramento genético e, também, de associações, como a ABCZ. Qual a sua avaliação da parceira da Alta com a ABCZ? A Alta tem sido nossa parceria em todas as iniciativas. A equipe da empresa é extremamente competente e participativa, aliás, uma característica comum ao segmento, o que mostra a preocupação com a profissionalização do setor. Não raro a Alta tem participado conosco na construção de novos projetos, novos desafios e é sempre produtivo ter ao nosso lado empresas amigas e competentes.
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